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COMPARATIVO <> MANOBRAS CONTÁBEIS 
SUPERÁVIT PRIMÁRIO 
Superávit Primário nada mais é do que o dinheiro que o governo consegue 
economizar. É aquilo que ele gasta em despesas que não financeiras a menos do que 
arrecada, e esse saldo é usado para pagar juros da dívida pública. Trata-se de um dado 
importante, pois dá uma medida sobre o risco de o governo dar calote na dívida ou não. 
No Brasil, alcançar Superávits Primários elevados virou sinônimo de 
responsabilidade dos governantes desde a crise do final do ano de 1990. 
O retrospecto de bons resultados nessa área anima os investidores 
internacionais a trazer dinheiro para cá. Mas um dilema assalta a área econômica desde 
então: quanto mais o governo investe, maior é o Superávit Primário. Isso porque os 
investimentos são contados com as despesas. 
Para amenizar o conflito, a atual legislação permite que alguns investimentos, 
como os do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, não sejam contados como 
despesa. Assim, o Superávit Primário ganhou duas novas classificações: o resultado 
“cheio”, sem desconto, ou o “abatido”. 
É o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, 
exceto juros da dívida pública. Por isso ele é conhecido como a economia para pagar os 
juros. Para explicar como funcionam as contas do governo, o G1 traça uma comparação 
com o orçamento e os gastos de um brasileiro. 
José 
José, 42 anos, é casado e tem dois filhos. Contador, ele mora em uma casa alugada, paga prestação 
do carro e tem uma empregada para ajudar no trabalho doméstico. 
Governo 
O governo, com 192 anos de independência, arrecadou mais de R$ 1 trilhão em 2013, mas fechou o 
ano com dívida de mais de R$ 2 trilhões. 
José recebe seu salário em dia, uma vez por mês.
No caso do governo, esse salário é a sua arrecadação, que vem dos impostos e outras receitas, como 
privatizações. 
José tem despesas com o aluguel da casa, o supermercado, a empregada e a escola do filho, por 
exemplo. 
As despesas são com os funcionários públicos, educação, saúde e previdência, entre outras . 
Se José consegue, com o salário que recebe todo mês, pagar suas despesas daquele período (exceto 
dívidas) e ainda sobra um pouco, significa que houve superávit primário. 
No caso do governo, se o resultado do que ele arrecadou com impostos, menos suas despesas 
principais, com educação, por exemplo, der positivo, significa que houve superávit primário. 
A consequência disso para o José é que ele terá uma imagem de bom pagador no mercado, já que suas 
contas mostram equilíbrio, e conseguirá obter empréstimos e fazer compras a prazo, por exemplo.
Para o mercado financeiro internacional, manter as contas públicas em ordem indica que o país tem 
capacidade de pagar o que deve, ou seja, tem menos risco de crédito e, portanto, poderá ser um bom 
destino para capitais internacionais. Sua dívida é confiável. 
Se José teve despesas extras e acabou gastando mais do que recebeu no mês, significa que houve 
déficit primário. 
No caso do governo, se gastar mais do que arrecadou, também será registrado déficit primário. 
José também tem um empréstimo no banco que tomou para financiar a compra de um carro. 
No caso do setor público, quando precisa de dinheiro para financiar seus gastos, porque a arrecadação 
não foi suficiente, ele costuma emitir títulos públicos que são vendidos no mercado – são os 
empréstimos que o governo ‘pega’ no mercado. 
Se no final do mês, José, cujas contas tiveram superávit primário, pagou suas despesas fixas e, com o 
dinheiro que sobrou, pagou os juros e mais uma parte do seu empréstimo, significa que houve 
superávit nominal. Ou seja, o montante total do que deve para o banco diminuiu. 
Superávit nominal é quando o governo faz superávit primário, paga os juros da dívida e ainda tem um 
resultado positivo, uma “sobra”, que é usada para reduzir sua dívida pública, ou como chamam os 
economistas, o “estoque” de sua dívida.
Se sobrar dinheiro, José consegue fazer planos para, por exemplo, investir na troca da sua geladeira e 
do seu fogão no próximo mês. 
No caso do governo, será possível gastar mais em áreas que precisem de investimento ou reduzir 
impostos para dar mais competitividade à economia sem desequilibrar as contas. 
Se José pagou suas contas em dia, mas teve um superávit primário pequeno e, por isso, só conseguiu 
pagar apenas parte dos juros do seu empréstimo com o banco, sem chance de quitar um tanto da sua 
dívida, significa que: houve déficit nominal. 
No caso do governo brasileiro, há um déficit histórico, porque seu superávit primário, quando 
comparado com o PIB (soma das riquezas do país), é baixo e os juros, que corrigem o valor da sua 
dívida, são altos. Por isso, o governo não consegue pagar todo o juro, muito menos abater o valor de 
sua dívida. 
MANOBRAS CONTÁBEIS 
Com os gastos em alta, o governo usa artifícios - todos legais - para atingir a meta de 
superávit. 
2009 - R$ 8,9 - Bilhões - DEPÓSITOS JUDICIAIS <> A União considerou na conta R$ 8,9 bilhões recebidos a 
mais em depósitos judiciais antigos 
R$ 3,5 - bilhões - BNDES <> Outros R$ 3,5 bilhões vieram do BNDES, que comprou da União dividendos que ela teria 
direito a receber da Petrobras 
2010 - R$ 31,9 - bilhões - PETROBRAS <> Em uma operação que envolveu a injeção de recursos na Petrobras em 
troca de pagamento pela cessão onerosa de barris de petróleo a que a União teria direito, o governo ficou com uma "sobra" de R$ 
31,9 bilhões para o superávit primário.
2012 - R$ 12,6 - bilhões - BNDES <> O BNDES foi autorizado a comprar ações da Petrobras que faziam parte das 
aplicações do Fundo Soberano. Essas ações foram repassadas ao Tesouro Nacional, que se desfez deles por R$ 8,84 bilhões – dinheiro 
que engordou o superávit. Junto com outras operações parecidas, a manobra rendeu R$ 12,6 bilhões. 
R$ 7 - bilhões - BNDES <> A Caixa Econômica Federal e o BNDES pagaram dividendos (parte do lucro que é distribuída 
aos acionistas), em valor, somado, de R$ 7 bilhões. Mas o BNDES continuou recebendo empréstimos do Tesouro Nacional. 
2013 - R$ 22 - bilhões – REFIS <> Foi reaberto o prazo do Refil, programa de parcelamento de dívidas das empresas 
com o governo, que rendeu quase R$ 22 bilhões aos cofres públicos. A medida foi feita contra a vontade da Receita Federal. 
R$ 22 - bilhões - CONCESSÕES <> O governo também contou com os valores recebidos pelas concessões, 
principalmente do Campo de Libra, que somaram pelo menos R$ 22 bilhões. 
SUPERÁVIT DOS PAÍSES 
Veja o resultado do superávit de países pelo mundo, em relação ao PIB (em %). 
Texto: Anay Cury e Alexandro Martel lo 
Fontes: Fel ipe Salto, das Tendências Consultoria; Carlos Stempniewski, das Faculdades Rio Branco, Gabriel Leal de Barros , da FGV, e 
Rodrigo Zeidan, da Fundação Dom Cabral 
Edição: Laura Naime (Conteúdo) e Leo Aragão (Arte) 
Infografia: Daniel Roda, Dalton Soares e Elvi s Martuchel l i 
Desenvolvedores: Thiago Bi ttencourt e Rogério Banquieri

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Comparativo manobras contábeis superávit primário

  • 1. COMPARATIVO <> MANOBRAS CONTÁBEIS SUPERÁVIT PRIMÁRIO Superávit Primário nada mais é do que o dinheiro que o governo consegue economizar. É aquilo que ele gasta em despesas que não financeiras a menos do que arrecada, e esse saldo é usado para pagar juros da dívida pública. Trata-se de um dado importante, pois dá uma medida sobre o risco de o governo dar calote na dívida ou não. No Brasil, alcançar Superávits Primários elevados virou sinônimo de responsabilidade dos governantes desde a crise do final do ano de 1990. O retrospecto de bons resultados nessa área anima os investidores internacionais a trazer dinheiro para cá. Mas um dilema assalta a área econômica desde então: quanto mais o governo investe, maior é o Superávit Primário. Isso porque os investimentos são contados com as despesas. Para amenizar o conflito, a atual legislação permite que alguns investimentos, como os do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, não sejam contados como despesa. Assim, o Superávit Primário ganhou duas novas classificações: o resultado “cheio”, sem desconto, ou o “abatido”. É o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, exceto juros da dívida pública. Por isso ele é conhecido como a economia para pagar os juros. Para explicar como funcionam as contas do governo, o G1 traça uma comparação com o orçamento e os gastos de um brasileiro. José José, 42 anos, é casado e tem dois filhos. Contador, ele mora em uma casa alugada, paga prestação do carro e tem uma empregada para ajudar no trabalho doméstico. Governo O governo, com 192 anos de independência, arrecadou mais de R$ 1 trilhão em 2013, mas fechou o ano com dívida de mais de R$ 2 trilhões. José recebe seu salário em dia, uma vez por mês.
  • 2. No caso do governo, esse salário é a sua arrecadação, que vem dos impostos e outras receitas, como privatizações. José tem despesas com o aluguel da casa, o supermercado, a empregada e a escola do filho, por exemplo. As despesas são com os funcionários públicos, educação, saúde e previdência, entre outras . Se José consegue, com o salário que recebe todo mês, pagar suas despesas daquele período (exceto dívidas) e ainda sobra um pouco, significa que houve superávit primário. No caso do governo, se o resultado do que ele arrecadou com impostos, menos suas despesas principais, com educação, por exemplo, der positivo, significa que houve superávit primário. A consequência disso para o José é que ele terá uma imagem de bom pagador no mercado, já que suas contas mostram equilíbrio, e conseguirá obter empréstimos e fazer compras a prazo, por exemplo.
  • 3. Para o mercado financeiro internacional, manter as contas públicas em ordem indica que o país tem capacidade de pagar o que deve, ou seja, tem menos risco de crédito e, portanto, poderá ser um bom destino para capitais internacionais. Sua dívida é confiável. Se José teve despesas extras e acabou gastando mais do que recebeu no mês, significa que houve déficit primário. No caso do governo, se gastar mais do que arrecadou, também será registrado déficit primário. José também tem um empréstimo no banco que tomou para financiar a compra de um carro. No caso do setor público, quando precisa de dinheiro para financiar seus gastos, porque a arrecadação não foi suficiente, ele costuma emitir títulos públicos que são vendidos no mercado – são os empréstimos que o governo ‘pega’ no mercado. Se no final do mês, José, cujas contas tiveram superávit primário, pagou suas despesas fixas e, com o dinheiro que sobrou, pagou os juros e mais uma parte do seu empréstimo, significa que houve superávit nominal. Ou seja, o montante total do que deve para o banco diminuiu. Superávit nominal é quando o governo faz superávit primário, paga os juros da dívida e ainda tem um resultado positivo, uma “sobra”, que é usada para reduzir sua dívida pública, ou como chamam os economistas, o “estoque” de sua dívida.
  • 4. Se sobrar dinheiro, José consegue fazer planos para, por exemplo, investir na troca da sua geladeira e do seu fogão no próximo mês. No caso do governo, será possível gastar mais em áreas que precisem de investimento ou reduzir impostos para dar mais competitividade à economia sem desequilibrar as contas. Se José pagou suas contas em dia, mas teve um superávit primário pequeno e, por isso, só conseguiu pagar apenas parte dos juros do seu empréstimo com o banco, sem chance de quitar um tanto da sua dívida, significa que: houve déficit nominal. No caso do governo brasileiro, há um déficit histórico, porque seu superávit primário, quando comparado com o PIB (soma das riquezas do país), é baixo e os juros, que corrigem o valor da sua dívida, são altos. Por isso, o governo não consegue pagar todo o juro, muito menos abater o valor de sua dívida. MANOBRAS CONTÁBEIS Com os gastos em alta, o governo usa artifícios - todos legais - para atingir a meta de superávit. 2009 - R$ 8,9 - Bilhões - DEPÓSITOS JUDICIAIS <> A União considerou na conta R$ 8,9 bilhões recebidos a mais em depósitos judiciais antigos R$ 3,5 - bilhões - BNDES <> Outros R$ 3,5 bilhões vieram do BNDES, que comprou da União dividendos que ela teria direito a receber da Petrobras 2010 - R$ 31,9 - bilhões - PETROBRAS <> Em uma operação que envolveu a injeção de recursos na Petrobras em troca de pagamento pela cessão onerosa de barris de petróleo a que a União teria direito, o governo ficou com uma "sobra" de R$ 31,9 bilhões para o superávit primário.
  • 5. 2012 - R$ 12,6 - bilhões - BNDES <> O BNDES foi autorizado a comprar ações da Petrobras que faziam parte das aplicações do Fundo Soberano. Essas ações foram repassadas ao Tesouro Nacional, que se desfez deles por R$ 8,84 bilhões – dinheiro que engordou o superávit. Junto com outras operações parecidas, a manobra rendeu R$ 12,6 bilhões. R$ 7 - bilhões - BNDES <> A Caixa Econômica Federal e o BNDES pagaram dividendos (parte do lucro que é distribuída aos acionistas), em valor, somado, de R$ 7 bilhões. Mas o BNDES continuou recebendo empréstimos do Tesouro Nacional. 2013 - R$ 22 - bilhões – REFIS <> Foi reaberto o prazo do Refil, programa de parcelamento de dívidas das empresas com o governo, que rendeu quase R$ 22 bilhões aos cofres públicos. A medida foi feita contra a vontade da Receita Federal. R$ 22 - bilhões - CONCESSÕES <> O governo também contou com os valores recebidos pelas concessões, principalmente do Campo de Libra, que somaram pelo menos R$ 22 bilhões. SUPERÁVIT DOS PAÍSES Veja o resultado do superávit de países pelo mundo, em relação ao PIB (em %). Texto: Anay Cury e Alexandro Martel lo Fontes: Fel ipe Salto, das Tendências Consultoria; Carlos Stempniewski, das Faculdades Rio Branco, Gabriel Leal de Barros , da FGV, e Rodrigo Zeidan, da Fundação Dom Cabral Edição: Laura Naime (Conteúdo) e Leo Aragão (Arte) Infografia: Daniel Roda, Dalton Soares e Elvi s Martuchel l i Desenvolvedores: Thiago Bi ttencourt e Rogério Banquieri