SlideShare a Scribd company logo
1 of 20
Download to read offline
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
Artigo
O Impacto do Material Particulado na Qualidade do Ar
Brito, G. F. S.; Sodré, F. F.; Almeida, F. V.*
Rev. Virtual Quim., 2018, 10 (5), no prelo. Data de publicação na Web: 30 de outubro de 2018
http://rvq.sbq.org.br
Impact of Particulate Matter on Air Quality
Abstract: Particulate matter (PM) is a minor component of the atmosphere generated from
natural and anthropogenic sources, whose characteristics are reflected in its composition. The
PM particle size is related to the residence time in the atmosphere and the level of penetration
in the human respiratory system. The presence of certain elements and chemical substances in
the PM composition can be used as a tool to identify polluting sources. In addition, some of
these particles, such as black carbon and brown carbon, can directly interfere with climate
change by absorbing or reflecting the radiation in the atmosphere. Therefore, this review
article aims to discuss the importance of PM, including aspects of classification, occurrence,
sources, chemical composition, health and climatic effects.
Keywords: Atmosphere; particulate matter; sources; health; black carbon; brown carbon.
Resumo
O material particulado (MP) é um componente minoritário da atmosfera gerado a partir de
fontes naturais e antrópicas, cujas características se refletem na sua composição. O tamanho
das partículas do MP está relacionado ao tempo de residência na atmosfera e ao nível de
penetração no sistema respiratório humano. A presença de determinados elementos e
substâncias químicas na composição do MP pode ser utilizada como ferramenta na
identificação de fontes poluidoras. Além disso, algumas dessas partículas, como o black carbon
e o brown carbon, podem interferir diretamente nas mudanças climáticas, absorvendo ou
refletindo a radiação na atmosfera. Portanto, este trabalho de revisão tem como objetivo
discutir a importância do MP, incluindo os aspectos de classificação, ocorrência, fontes,
composição química, efeitos à saúde e os efeitos climáticos.
Palavras-chave: Atmosfera; material particulado; fontes; saúde; black carbon; brown carbon.
* Universidade de Brasília, Instituto de Química, Campus Darcy Ribeiro, CEP 70910-900,
Brasília-DF, Brasil.
fernandaalmeida@unb.br
DOI:
Volume 10, Número 5
Revista Virtual de Química
ISSN 1984-6835
Setembro-Outubro 2018
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
O Impacto do Material Particulado na Qualidade do Ar
Gabriel Ferreira da Silva Brito, Fernando Fabriz Sodré, Fernanda
Vasconcelos de Almeida*
Universidade de Brasília, Instituto de Química, Campus Darcy Ribeiro, CEP 70910-900, Brasília-
DF, Brasil.
* fernandaalmeida@unb.br
Recebido em 6 de abril de 2018. Aceito para publicação em 1 de outubro de 2018
1. Introdução
2. Ocorrência de MP Atmosférico
3. Classificação e Tipos de MP
3.1. Uso de MP como indicador de fontes de poluição
4. Efeitos à Saúde
5. O papel do MP no Clima
5.1. Balanço de energia radiativa: forçante radiativa
6. Conclusão
1. Introdução
Formada por um manto fino de gases
mantidos pela ação da gravidade, a
atmosfera terrestre é essencial para a
proteção do planeta frente ao ambiente
hostil do espaço exterior, absorvendo parte
da radiação emitida pelo sol, moderando a
temperatura e promovendo condições
propícias para a manutenção da vida na
Terra.1–3
A atmosfera é dividida em camadas
de acordo com as variações de temperatura
sob diferentes altitudes. Porém, somente a
troposfera mantém contato direto com a
superfície terrestre, sendo esta camada
responsável por 85 % de toda massa da
atmosfera. Além disso, é também na
troposfera onde ocorre a maioria dos
fenômenos responsáveis pela ciclagem
biogeoquímica de diversos elementos e
substâncias químicas,4,5
além de fenômenos
que governam as condições climáticas, tais
como a formação de nuvens, chuvas e
ventos.6
Os principais constituintes da atmosfera
são os gases nitrogênio (N2), oxigênio (O2), e
argônio (Ar). Com exceção do vapor de água,
cuja abundância na atmosfera depende de
aspectos regionais, as proporções dos gases
majoritários não apresentaram mudanças
significativas desde 1 bilhão de anos atrás até
o tempo presente.4,7,8
Por outro lado, grande
parte das variações na composição do ar se
dá nos componentes minoritários, tais como
o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4),
o ozônio (O3) e o material particulado (MP).
Embora minoritários, esses componentes
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
possuem funções bem definidas na
atmosfera, sendo que alterações em seus
níveis de concentração podem resultar em
efeitos adversos.4
Dentre os componentes minoritários, o
MP é aquele responsável pela formação do
aerossol. Originado tanto por fontes naturais
quanto antrópicas, é constituído por
partículas sólidas e/ou líquidas de diversos
tamanhos que se mantém suspensas no ar.
Na atmosfera, interfere na visibilidade, na
quantidade de radiação que chega ao solo e
na formação de nuvens, já que pode atuar
como núcleos de condensação da água.4
O
MP também está diretamente relacionado a
problemas de saúde em seres humanos,
principalmente aquele com partículas de
menores tamanho, podendo comprometer o
sistema respiratório e, em alguns casos,
atingir também o sistema circulatório.9
O objetivo deste trabalho de revisão é
discutir de forma abrangente os vários
aspectos do material particulado na
atmosfera, como fontes, composição
química, efeitos climáticos, efeitos à saúde,
tempo de vida, processos de formação, entre
outros. Apesar de existir vários artigos na
literatura nacional que citem o material
particulado no âmbito da química
atmosférica,1,10–14
nenhum deles se dedica
exclusivamente ao MP.
2. Ocorrência de MP Atmosférico
O MP pode ser emitido por fontes
primárias ou ser formado na atmosfera de
maneira secundária, ou seja, a partir de
reações com outros componentes
atmosféricos.5 O tamanho e a composição do
MP variam em função do tipo de fonte
emissora.15–19
Uma das maneiras de
classificar o MP baseia-se na estimativa do
tamanho das partículas. Para tanto,
considera-se que elas possuirão formato
esférico, sendo o diâmetro aerodinâmico (𝑑𝑎)
a unidade de medida de seu tamanho.9,15
A presença e o transporte do MP na
atmosfera relacionam-se diretamente ao
tamanho das partículas. Uma vez no ar,
partículas de maior tamanho assentam
rapidamente pela ação da força da gravidade
em um processo denominado deposição
seca.7
Portanto, quanto maior a dimensão da
partícula, menor será o seu tempo de
permanência na atmosfera, conforme mostra
a Tabela 1.
Tabela 1. Tempo para deposição de partículas por assentamento em condições de
proximidade da superfície terrestre. Adaptada de Jacobson7
da (µm) Tempo para deposição*
0,02 228 anos
0,1 36 anos
1 328 dias
10 3,6 dias
100 1,1 hora
1000 4 minutos
5000 1,8 minutos
* A uma altitude de 1 km
O assentamento de partículas
atmosféricas pode ser calculado levando-se
em consideração a Lei de Stokes, que fornece
informações sobre a movimentação de
objetos esféricos em um fluido de
viscosidade definida. Assim é possível
calcular a velocidade terminal de partículas
por meio de informações como o diâmetro
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
aerodinâmico, as densidades da partícula e
do ar, a viscosidade do meio, a aceleração da
gravidade e o fator de correção do arraste de
Stokes-Cunningham.8,20
Outro fenômeno que diminui o tempo de
meia vida de partículas na atmosfera é a
coagulação. Ao contrário do assentamento,
este fenômeno envolve a remoção de
partículas pequenas por meio da formação
de agregados de maior dimensão. A remoção
por coagulação é influenciada pelos
movimentos brownianos que promovem
condições para que ocorra o choque entre
partículas de dimensões coloidais com a
consequente formação de agregados.3,7,8
O processo de coagulação é mais eficiente
para partículas menores e pouco significante
para partículas com diâmetros superiores a
0,01 µm.8
Isso ocorre, pois partículas
pequenas possuem energia cinética menor
que partículas maiores a uma dada
temperatura.7
Dessa forma, o choque entre
as partículas menores, ocasionado pelos
movimentos brownianos, apresenta uma
menor chance de ricocheteio, o que provoca,
portanto, maiores taxas de coagulação nesta
faixa de tamanho.7,8
É possível estimar o tempo de meia vida
de partículas de tamanho reduzido por meio
de informações como o coeficiente de
difusão, a concentração de partículas, o
diâmetro aerodinâmico e o fator de correção
do arraste de Stokes-Cunningham.8
Considerando-se, então, os limites de
tamanho impostos pelo assentamento por
deposição seca e pela coagulação, somente
partículas dentro de uma faixa definida de
tamanho estarão efetivamente dispersas na
atmosfera.21
A Figura 1 mostra a variação do
tempo de residência de partículas
atmosféricas em função de seus diâmetros
aerodinâmicos.
Figura 1. Tempo de residência e formas de remoção de partículas na atmosfera. Adaptado de
VanLoon & Duffy8
Na Figura 1, a linha pontilhada azul indica
a faixa de tamanho que sofrerá remoção por
coagulação, enquanto que a linha pontilhada
laranja, à direita, representa a remoção das
partículas por assentamento.8
Observa-se
que há uma faixa de tamanho na qual as
partículas atmosféricas irão se acumular,
experimentando tempos de residência mais
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
longos, de sete a dez dias, já que os
movimentos brownianos e o assentamento
não serão significativos para a remoção.22
O
principal processo responsável por remover
da atmosfera estas partículas é a deposição
úmida.15
Eventos de chuva podem remover
partículas atmosféricas por meio de
processos denominados rainout e washout.
No primeiro, partículas irão enriquecer gotas
de nuvem pela formação de núcleos de
condensação ou pela incorporação de
partículas por movimentos brownianos ou
pelo gradiente de vapor de água.22
No
processo washout, partículas serão
capturadas por gotas de chuva a medida que
precipitam.
A formação de núcleos de condensação
também contribui para remover partículas
menores que 0,1 µm da atmosfera, já que
seus tamanhos podem ser aumentados pela
condensação tanto de vapores de água
quanto de outros vapores. Ainda, o tamanho
e a concentração do MP pode sofrer
influência de reações atmosféricas com
gases, e dos processos de advecção e
convecção.7
No primeiro caso, reações ácido-
base entre gases ou reações de gases com
partículas muito pequenas podem originar
partículas secundárias.3
Por outro lado, a
advecção e a convecção são processos de
transportes que estão relacionados às massas
das partículas. A advecção é o movimento
horizontal das partículas pelo vento,
enquanto a convecção acontece
predominantemente na direção vertical.7
A convecção ainda pode acontecer de
duas formas. A primeira, também chamada
de convecção forçada, é causada por meios
mecânicos, sendo responsável pelo
movimento ascendente ou descendente das
partículas. A segunda é denominada
convecção livre ou turbulência térmica, que
consiste na movimentação vertical das
partículas causadas por diferenças de
temperatura provocadas pelo aquecimento
de superfícies pelo sol.7
3. Classificação e Tipos de MP
Conforme mostra a Figura 1, o MP
atmosférico de menor dimensão possui 𝑑𝑎 de
cerca de 0,002 µm, enquanto que partículas
maiores atingirão cerca de 100 µm. Porém,
como mostrado anteriormente, tanto as
partículas menores que 0,1 µm quanto as
maiores que 50 µm serão pouco abundantes,
já que serão majoritariamente removidas por
coagulação e deposição seca,
respectivamente. De uma maneira mais
prática, partículas totais em suspensão (PTS)
são aquelas operacionalmente definidas pela
soma de todo o MP com diâmetro de até 50
µm.24
Embora a concentração de PTS na
atmosfera tenha seus limites máximos
permitidos definidos na Resolução 003/1990
do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), que dispõe sobre os padrões de
qualidade do ar no Brasil,24
a Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda que
faixas menores de tamanho de MP sejam
monitoradas, pois estão melhor relacionadas
com problemas de saúde.25
Dessa forma, outra notação amplamente
utilizada para a classificação do MP baseia-se
no uso de um subscrito numérico após o
acrônimo para se referir a partículas com 𝑑𝑎
inferiores a um determinado tamanho. Por
exemplo, um conjunto de partículas com
diâmetro inferior a 2,5 µm é chamado de
MP2,5, enquanto que o MP10 se refere às
partículas menores que 10 µm.15
A Figura 2
mostra a faixa de tamanho de diferentes
tipos de partículas bem como alguns critérios
de classificação do MP com base em seus
diâmetros aerodinâmicos.
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
Figura 2. Classificação por tamanho e composição do material particulado atmosférico em relação à sua fonte. Adaptada de Muhlfeld et al.26
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
Observa-se na Figura 2 uma grande
variedade de fontes de MP para a atmosfera,
tanto de origem natural quanto antrópica. O
MP produzido por fontes naturais, tais como
o spray marinho, poeira de solos, partículas
de erupções vulcânicas e de incêndios
naturais possui composição semelhante ao
material de origem. Materiais provenientes
da desagregação de rochas e solo, também
chamados de aerossóis geológicos, são
comumente ricos em minerais, matéria
orgânica e eventualmente, partículas
biológicas, como pólens, esporos, bactérias,
vírus e detritos de plantas.7
Além disso, o
smog fotoquímico, que pode ser definido
como uma mistura com propriedades
oxidantes de gases e aerossóis, alguns
emitidos diretamente para a atmosfera e
outros resultantes de reações fotoquímicas,
representa uma fração importante de MP na
atmosfera.27
Em áreas costeiras, processos físicos na
superfície do oceano, como o estourar de
bolhas produzidas pelas ondas e a remoção
de espumas nas cristas das ondas por ação de
vento, resultam na formação de partículas
grossas que constituem o chamado spray
marinho.28
Partículas finas também possuem
origem no oceano, a exemplo dos núcleos de
cloreto de sódio (NaCl). Também chamados
de núcleos de sal, essas partículas
representam a maior parte do MP
proveniente da ação dos ventos e da
evaporação das águas salgadas, além de
serem enriquecidos na atmosfera a partir da
desidratação de partículas do spray marinho.7
Incêndios e erupções vulcânicas também
produzem tanto partículas finas quanto
grossas, lançando na atmosfera uma mistura
de MP com composição química complexa.15
Nessa mistura estão presentes partículas
minerais derivadas de silicatos, porém
podem ser encontrados elementos como
sódio, cálcio, magnésio, potássio, alumínio,
ferro e cloreto.7
Além disso, gases sulforosos
como o dióxido de enxofre (SO2) e sulfeto de
carbonila (OCS), também são emitidos para a
atmosfera e são associados à formação de
partículas secundárias.7
Incêndios consistem
na queima da biomassa proveniente de
florestas, pastagens e terras agrícolas, sejam
de origem natural ou antrópica. Produzem
compostos orgânicos voláteis (COVs) e
partículas contendo inúmeros elementos e
substâncias, tais como amônio, sódio, cálcio,
magnésio, potássio, sulfato, nitrato, cloreto,
ferro e carbono em forma de fuligem.7
Além do lançamento de MP por processos
de combustão, algumas variedades de
plantas também emitem, como fruto de seus
processos fisiológicos, uma série de COVs
para a atmosfera.29
Por exemplo, como um
mecanismo de defesa contra ataques de
herbívoros, diversas plantas emitem uma
variedade de COVs que incluem ácidos
carboxílicos, aldeídos, cetonas, éteres,
ésteres, álcoois e terpenos.7,29
Esses terpenos
lançados em regiões de florestas coníferas
podem formar aerossóis, que
consequentemente influenciam a formação
de nuvens em épocas chuvosas30,31
e também
estão relacionados com a formação de smog
de origem natural.27
Fontes antrópicas de MP incluem desde a
moagem de pedras e o cultivo da terra, até
processos que envolvem combustão, tais
como a queima de combustíveis como
carvão, petróleo, gás natural, gasolina,
querosene, diesel e biomassa. A moagem de
pedras e cultivo da terra são responsáveis
pela introdução de partículas grossas na
atmosfera com composição química
semelhante aos solos e rochas que estão
sendo processados.7
Já a queima de
combustíveis fósseis promove a emissão de
partículas como os black carbon, materiais
orgânicos diversos, sulfatos, metais e cinzas
volantes.7
A fuligem e o sulfato contribuem
com partículas menores do que 1,0 µm,
enquanto cinzas volantes, produzidas a partir
da queima do carvão mineral em usinas
termelétricas, são maiores que 1,0 µm.7
Materiais orgânicos, como combustíveis não
queimados e hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs) podem ser encontrados
tanto em partículas grossas quanto finas.7,18
Outras fontes antrópicas, como a
fabricação de cimento, além de vários outros
tipos de emissões industriais também
contribuem para o lançamento de MP na
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
atmosfera. Por exemplo, as cinzas volantes
produzidas em processos industriais
geralmente contêm óxidos de ferro (Fe2O3 e
Fe3O4), alumínio (Al2O3) e silício (SiO2), além
de vários compostos de carbono com
diferentes graus de oxidação.7
Partículas
também podem ser emitidas para a
atmosfera pela erosão de pneus provocada
pelo atrito na interface pneu-estrada que
gera desgaste do material que o constitui,
liberando para o ar partículas com diâmetros
maiores do que 2,5 µm.7,32
Além das diversas fontes primárias de MP,
partículas secundárias podem ser formadas
na atmosfera a partir de emissões antrópicas.
A emissão de COVs pela queima de
combustíveis ou por emissões industriais,
além de emissões de sulfatos e nitratos
podem formar partículas secundárias na
atmosfera.33
3.1. Uso de MP como indicador de fontes
de poluição
Embora a classificação por tamanho seja a
mais amplamente utilizada para diferenciar o
MP, é importante notar que sua composição
pode variar grandemente em função de suas
origens.34
Assim, é possível estimar os
diferentes tipos de fontes de MP ao
identificar diferentes elementos e
substâncias químicas em sua composição.
Esse tipo de avaliação constitui uma
importante ferramenta para compreender o
impacto de diferentes fontes de emissão na
carga total de MP atmosférico. Porém, é
importante mencionar que estes traçadores
não são determinísticos, mas sim indicativos,
sendo que os resultados obtidos na
caracterização química do MP devem ser
avaliados concomitantemente ao
conhecimento do analista sobre os diferentes
tipos de fontes, de forma que as hipóteses
levantadas para cada região estudada sejam
consistentes.35–38
De origem orgânica ou inorgânica, as
espécies marcadoras possibilitam estimar,
além das fontes, dinâmicas relacionadas ao
transporte, destino e efeitos do MP.39,40
. Por
exemplo, os íons 𝐶𝑎2+
e 𝑀𝑔2+
são
frequentemente utilizados como marcadores
químicos da presença de aerossóis
atmosféricos derivados de processos físicos e
químicos de desagregação de rochas e
solos.16,34
Já os metais, quando presentes no
MP refletem principalmente, atividades
industriais, emissões pelo tráfego, além de
eventos menos frequentes como a queima de
fogos de artifício.34
O íon potássio (𝐾+
) é usualmente
empregado como indicador de queima de
biomassa, por ser um nutriente essencial ao
desenvolvimento de vegetais,35,41
enquanto
os íons sódio (𝑁𝑎+
) e cloreto (𝐶𝑙−
), são
indicadores comuns do spray marinho, sendo
mais frequentemente encontrados em MP de
regiões litorâneas.38
Além disso, os íons
nitrato (𝑁𝑂3
−
) e o sulfato (𝑆𝑂4
2−
) podem ser
utilizados para diferenciar fontes de
combustão, já que o primeiro é tipicamente
formado na atmosfera a partir de emissões
de óxidos de nitrogênio por combustão de
motores de veículos ou usinas elétricas,
enquanto que o sulfato é formado a partir da
oxidação de 𝑆𝑂2, também emitido por
combustão em usinas ou outras instalações
industriais.42
Compostos orgânicos presentes no MP
também constituem uma importante fonte
de informações.43,44
Hidrocarbonetos
alifáticos, como os n-alcanos, podem
apresentar abundâncias diferentes de acordo
com o tipo de fonte. Neste sentido, utiliza-se
o índice de preferência de carbono (CPI, do
inglês Carbon Preference Index) que consiste
na razão entre a soma de n-alcanos ímpares e
a soma de n-alcanos pares como parâmetro
para diferenciar fontes petrogênicas (CPI
próximo de 1) e contribuições biogênicas (CPI
acima de 3).17
Os HPAs também estão presentes em
praticamente todas as fontes de
combustão,19
sendo sempre emitidos como
uma mistura de diferentes substâncias.
Assim, as razões molares entre diferentes
HPAs podem indicar a existência de
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
diferentes fontes de emissão.45
Uma das
razões de diagnóstico mais utilizadas consiste
na formada entre HPAs de baixa massa molar
(LMW, do inglês light molecular weight), com
2 e 3 anéis aromáticos conjugados, e de
elevada massa molar (HMW, do inglês heavy
molecular weight) contendo HPAs de 4 a 6
anéis. Razões LMW/HMW menores que 1
indicam fontes pirogênicas, incluindo a
combustão incompleta de madeira e
combustíveis fósseis, enquanto que valores
maiores que 1 são indicativos de fontes
petrogênicas, incluindo lançamentos de óleos
e produtos à base de petróleo.46
A Tabela 2
apresenta uma série de outras razões, que
são amplamente utilizadas na literatura para
identificação de fontes de HPAs.
Tabela 2. Razões de diagnóstico de diferentes HPAs para identificação de fontes de MP
atmosférico
Razão Faixa inferior Faixa superior Referências
BaA/(BaA+CHR) <0,2 (fonte
petrogênica)
>0,35 (fonte pirogênica) 47–51
ANT/(ANT+PHE) <0,1 (fonte
petrogênica)
>0,1 (fonte pirogênica) 47–52
FLT/(FLT+PYR) <0,4 (fonte
petrogênica)
>0,4 (fonte pirogênica) 47–53
IPY/(IPY+BPE) <0,2 (fonte
petrogênica)
>0,2 (fonte pirogênica) 47,49–52
FLT/(FLT+PYR) 0,4-0,5 (Queima de
combustíveis fósseis
líquidos)
>0,5 (Queima de
grama/carvão/madeira)
47–53
IPY/(IPY+BPE) 0,2-0,5 (Queima de
combustíveis fósseis
líquidos)
>0,5 (Queima de
grama/carvão/madeira)
48–52
BaP/BPE <0,6 (Outras fontes) >0,6 (Tráfego) 49,50,54
BaA - benzo[a]antraceno; PHE - fenantreno; ANT - antraceno; CHR - criseno; FLT -
fluoranteno; PYR - pireno; IPY - indeno[1,2,3-cd]perileno; BPE - benzo[g,h,i]perileno; BaP -
benzo[a]pireno.
Observa-se na Tabela 2 que há razões de
diagnóstico responsáveis por identificar
fontes petrogênicas das pirogênicas, bem
como razões comumente empregadas para
diferenciar fontes pirogênicas associadas à
queima de combustíveis líquidos e sólidos.
Também é importante mencionar a razão
formada entre o benzo[a]pireno e o
benzo[g,h,i]perileno que se propõe a
classificar fontes de MP oriundas do tráfego.
Em estudo realizado por Cavalcante et
al.,55
foram investigados 16 HPAs presente
em PTS coletado da região metropolitana de
Fortaleza, no Ceará. Por meio de diferentes
razões de diagnóstico, os autores concluíram
que veículos leves são as principais fontes de
HPAs para as partículas avaliadas, enquanto
as emissões industriais apresentaram
contribuições modestas. Os autores também
propuseram uma avaliação de risco à saúde
humana sugerindo que locais com maior
tráfego apresentam maior risco. Em um
trabalho similar realizado por Franco et al.56
em Niterói (Rio de Janeiro), os autores
observaram que veículos movidos a diesel e
gasolina contribuíram majoritariamente para
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
a presença de PTS e MP10 na atmosfera. Os
autores ressaltaram ainda que o aumento da
frota de veículos na região poderia ser a
causa do aumento de mais de 350 % de HPAs
em PTS da região entre os anos de 2005 e
2012.
Pereira et al.,57
coletaram MP2,5 e MP10
durante um ano na capital do estado de São
Paulo com vistas a elucidar as fontes do MP
atmosférico. Por meio de razões de
diagnóstico envolvendo HPAs, os autores
evidenciaram forte contribuição de fontes
relacionadas ao tráfego e ressaltaram que a
queima de cana-de-açúcar, importante fonte
de MP no estado, não é a única fonte de
queima de biomassa na região.
Apesar da importância dos HPAs para
diagnosticar fontes, é importante mencionar
que tais substâncias constituem, em média,
somente cerca de 0,1 % do MP.45
Porém,
mesmo sendo componentes minoritários,
muitos deles são conhecidamente
cancerígenos sendo intimamente associados
à degradação da saúde humana. Por essa
razão, a contribuição de diferentes fontes de
MP constitui em importante ferramenta para
avaliação de riscos.45
4. Efeitos à Saúde
Segundo a OMS, os principais poluentes
atmosféricos utilizados como indicadores da
qualidade do ar são os gases monóxido de
carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2),
dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) e o
material particulado MP2,5 e MP10. Tais
poluentes foram selecionados como
parâmetros de qualidade do ar por serem
mais abundantes e por provocarem efeitos
adversos à saúde e ao ambiente.25
É notório que a capacidade de penetração
de MP no corpo humano, a partir das vias
aéreas, deverá ser maior quanto menor o for
diâmetro aerodinâmico. A Figura 3 mostra
um esquema representativo da penetração
de MP atmosférico em diferentes partes do
sistema respiratório humano.
O MP10 refere-se às partículas inaláveis,
uma vez que podem passar pelas cavidades
nasais e bucais e penetrar até a laringe. Já
partículas mais finas, como no MP2,5, podem
penetrar ainda mais fundo no sistema
respiratório atingindo os pulmões. Por este
motivo, são denominadas partículas
torácicas.18
Além do MP10 e MP2,5, pode-se também
quantificar partículas ainda menores, como
no MP1,0 e MP0,1. O MP1,0 compõe a fração
respirável, que pode atingir regiões ainda
mais profundas do sistema respiratório
chegando até os alvéolos pulmonares. Já as
partículas ultrafinas, o MP0,1, podem passar
dos alvéolos pulmonares e alcançar o sistema
circulatório.9
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
Figura 3. Regiões de deposição para partículas atmosféricas no sistema respiratório de acordo
com o diâmetro aerodinâmico. Adaptada de Guarieiro et al.18
O MP está amplamente associado a
efeitos adversos à saúde humana e
degradação do meio ambiente. De acordo
com estimativas feitas pela OMS, a poluição
atmosférica, causada por inúmeros
componentes, incluindo o MP, foi
responsável pela morte de 3,7 milhões de
pessoas ao redor do mundo em 2012.58
Um episódio simbólico, que se tornou
também um grande marco para a questão da
qualidade do ar, ocorreu no ano de 1952 em
Londres, na Inglaterra. No mês de dezembro,
a elevada queima de carvão e outros
materiais, juntamente com episódios
recorrentes de inversão térmica, dificultaram
a dispersão de MP e SO2 emitidos. Por esse
motivo, uma espessa nuvem de poluição
cobriu a cidade, dificultando a visibilidade e
afetando a saúde da população exposta. Este
evento atmosférico ficou conhecido como
smog, resultante da junção das palavras em
inglês smoke e fog, fumaça e neblina,
respectivamente. Este tipo de smog é hoje
conhecido como smog londrino e, ao
contrário do smog fotoquímico, possui
propriedades redutoras.7
O fato, também
ficou conhecido como “O Grande Nevoeiro”
(do inglês, Big Smoke) e foi responsável por
aproximadamente 12 mil mortes além de 100
mil doentes nos cinco dias de duração do
evento.59
Vários outros acontecimentos ganharam
repercussão tanto no Brasil quanto no
mundo. A região de Cubatão, situada no
litoral no estado de São Paulo, chegou a ser
considerada uma das cidades mais poluídas
do mundo no final da década de 70, sendo a
região chamada de “Vale da Morte”.60
Desde
o início do monitoramento da qualidade do
ar na cidade, à partir de 1981 até o ano de
1990, os padrões de qualidade estabelecidos
à época para o MP10 foram violados todos os
anos.60
Além disso, vários estudos na
literatura buscaram correlações positivas
entre o aumento do número de internações
por doenças respiratórias e cardiovasculares
e os níveis elevados de MP10, mesmo não
sendo a fração mais finamente dividida do
MP total .61–64
Na região metropolitana de São Paulo, os
níveis de vários poluentes atmosféricos
frequentemente violam os padrões de
qualidade do ar.65
Nesta região, Rodrigues et
al.66
propuseram quadros de mortalidade e
internação hospitalar para os anos de 2012 a
2030 a partir de cenários de poluição por
material particulado fino (MP2,5), tomando-se
como referência o ano de 2011. Estimaram,
no período, cerca de 246 mil óbitos
relacionados aos efeitos adversos causados
pela exposição ao MP2,5. Além disso,
previram mais de 950 mil internações para o
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
período, o que poderá levar a gastos
adicionais de cerca de 1,6 bilhão com
recursos destinados à saúde pública.
Um estudo realizado por Han et al.67
avaliou a média global de MP2,5 entre os anos
2000 e 2010. Além da média dos valores de
MP2,5 terem aumentado ao longo dos anos,
os autores também constataram que a saúde
humana foi potencialmente afetada.
Verificaram também que 30 % da população
global, ou seja, cerca de 1,94 bilhões de
pessoas, encontravam-se expostas a níveis de
MP2,5 acima do recomendado pela OMS no
ano de 2010. Os países que apresentaram os
maiores números de pessoas expostas foram
a China (962 milhões) e a Índia (543 milhões).
Como reflexo dessa elevada exposição, em
dezembro de 2016, a capital chinesa, Pequim,
além de outras 21 cidades entraram em
alerta vermelho após serem verificados níveis
de MP até seis vezes maiores que os
recomendados pela OMS. Além disso, a
população chinesa enfrentou, durante dias,
uma densa névoa que afetou bastante a
visibilidade em um episódio que ficou
conhecido como “Arpocalipse”.68
Já na Índia,
estima-se que cerca de 1,1 milhão de mortes
estão relacionadas aos elevados valores de
MP2,5.69
Apesar de diversos estudos da literatura
apontarem que partículas menores
apresentam maior potencial para causar
danos à saúde de seres humanos,70
o
monitoramento de MP geralmente restringe-
se aos parâmetros MP10, MP2,5 e PTS (cada
vez menos frequente). As partículas ultrafinas
(MP0,1), por exemplo, não são monitoradas e,
por contribuírem com cerca de 80 % do
número total de partículas no MP,71
constituem uma questão de preocupação
emergente em termos de saúde pública. A
agência de proteção ambiental norte-
americana, EPA (do inglês Environmental
Protection Agency), reconhece que a
ausência de uma rede nacional de
monitoramento de MP0,1 limita a realização
de estudos relacionados ao impacto dessas
partículas na saúde.70
Por outro lado, no
Brasil a legislação não contempla nem
mesmo o MP2,5,15
o que limita ainda mais a
realização de estudos que relacionem MP
fino e efeitos adversos à saúde.
5. O papel do MP no Clima
O MP também pode afetar o balanço de
energia radiativa da terra de acordo com a
sua composição, tamanho e morfologia.
Assim, podem influenciar a variação de
temperatura no planeta de forma direta ou
indireta, conforme é mostrado na Figura 4.
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
Figura 4. Principais fontes de MP atmosférico e seus possíveis efeitos sobre a dispersão de
radiações solares
O efeito direto das partículas atmosféricas
no clima consiste no espalhamento ou na
absorção da radiação solar que incide sobre
as partículas suspensas na atmosfera.72
Por
outro lado, de forma indireta, essas
partículas também atuam como núcleos de
condensação da água alterando assim o ciclo
de vida das nuvens.
As partículas com potencial para formar
gotas de chuva são denominadas núcleos de
condensação de nuvens (CCN, do inglês Cloud
Condensation Nuclei). Nas nuvens, quanto
maior o número de núcleos presentes, mais
gotas de pequena dimensão podem ser
formadas. Por outro lado, gotas maiores
serão formadas sob menor concentração de
núcleos. Dessa forma, nuvens com muitos
CCN apresentam área superficial elevada o
que resulta em uma reflexão da luz solar
incidente cerca de 30 % maior em
comparação às nuvens formadas por poucos,
porém maiores CCN.7
Além disso, nuvens
formadas por gotas muito pequenas terão
tempo de vida maior e, consequentemente,
capacidade de refletir a radiação vinda do sol
por um maior período de tempo.7
Partículas emitidas, tanto por fontes
naturais quanto antrópicas, podem atuar
como CCN, desde que tenham afinidade por
água. Desse modo, emissões antrópicas que
alteram as concentrações desses núcleos na
atmosfera têm potencial para afetar a
formação de nuvens e, consequentemente,
os padrões de chuva. Portanto, além de
alterações no clima, a emissão dessas
partículas pode causar alterações no ciclo
hidrológico e, por conseguinte, afetar a
distribuição e a disponibilidade de água.73
5.1. Balanço de energia radiativa:
forçante radiativa
O balanço de energia radiativa consiste
em um estado de equilíbrio onde parte da
radiação solar que atinge a Terra é devolvida
para o espaço como calor e parte é utilizada
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
em processos bióticos e abióticos. O efeito
estufa é um fruto deste balanço, uma vez que
parte da radiação reemitida pelo planeta
(radiação infravermelha) permanece na
troposfera pela ação de gases que a
absorvem e a redirecionam. A alteração do
balanço de energia radiativa geralmente
acontece quando a radiação reemitida pelo
planeta fica retida na troposfera além do
natural aumentando, consequentemente, a
temperatura do planeta. Por outro lado, este
balanço também pode ser alterado quando
parte da radiação emitida pelo sol é refletida
pela atmosfera sem atingir a superfície do
planeta. Neste caso, pode ocorrer uma
diminuição da temperatura.72,74–77
Gases e partículas presentes na atmosfera
possuem capacidade de alterar o fluxo
natural da radiação. Ou seja, suas
concentrações podem interferir tanto na
quantidade de radiação que chega ao
planeta, quanto naquela que é devolvida ao
espaço, alterando o balanço de energia
radiativa e provocando condições que levam
às mudanças do clima do planeta.72
Uma das maneiras de estudar o efeito de
poluentes atmosféricos sobre a variação da
temperatura terrestre consiste na
determinação da forçante radiativa (FR), ou
seja, a perturbação do balanço de energia
que entra e sai do planeta. Medida pela
potência radiativa sobre uma determinada
área (W m-2
), a FR mede a diferença nos
fluxos de radiação entre um estado de
referência, geralmente a condição observada
na era pré-industrial ou no ano de 1750, e de
um estado perturbado que pretende ser
avaliado.74,77
Quando a FR é positiva, haverá
tendência ao aquecimento do planeta,
enquanto que poluentes que apresentam FR
negativa contribuirão para seu resfriamento.
A Figura 5 mostra alguns componentes da
atmosfera capazes de alterar a forçante
radiativa do planeta.
Os MP são agentes forçantes de radiação
na atmosfera, ou seja, eles possuem
capacidade de interferir no balanço de
energia radiativa, seja de maneira direta ou
indireta. De modo geral, apresentam FR
líquida negativa, porém, considerando a
vasta composição química do MP, é esperado
que suas interações com a radiação também
variem de acordo com a composição. Dentre
os componentes do MP que se destacam
pelas suas propriedades radiativas, estão o
black carbon e alguns compostos de carbono
orgânico conhecidos como brown carbon.
O black carbon representa uma fração
minoritária do MP atmosférico, mas apesar
disso, é considerado forte absorvedor de
radiação, já que possui capacidade de
absorver em vários comprimentos de onda
do espectro eletromagnético, incluindo as
radiações solares que chegam na troposfera
e as radiações emitidas pelo planeta.7
Sua
presença no MP atmosférico está
principalmente relacionada à queima de
combustíveis fósseis em motores a
combustão, aproximadamente 90 % do black
carbon emitido está relacionado a queima de
diesel,78
e em menor proporção à queima de
biomassa.72
Embora o efeito do MP sobre a
FR seja negativo, o black carbon apresenta
efeito contrário, isto é, uma FR positiva.75,77
Ao contrário do black carbon, o brown
carbon absorve fortemente radiação
ultravioleta e parte da das radiações na
região do visível, mas não na região do
infravermelho.7
Apesar de também serem
gerados na queima de combustíveis fósseis,
sua principal fonte consiste na queima de
biomassa.79,80
A queima de biomassa
predominante em regiões rurais, por
exemplo, contribui com MP constituído por
cerca de 80 % de carbono orgânico, enquanto
que em áreas urbanas essa fração é muito
menor.72
Embora alguns componentes do
brown carbon possuam capacidade de
aquecer a atmosfera, tais como os compostos
orgânicos aromáticos em geral,7
outros
componentes levarão ao resfriamento, o que
resulta em uma FR líquida negativa.77
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
Figura 5. Fatores externos capazes de alterar o balanço climático do planeta. As caixas
representam estimativas realizadas com base em dados empíricos, enquanto que as barras
indicam estimativas guiadas por observações físicas diversas. Adaptado de Griggs et al.74
Na Figura 5, observa-se que tanto
partículas quanto gases possuem capacidade
de alterar a forçante radiativa do planeta.
Enquanto os gases apresentam elevado
tempo de residência na atmosfera, sendo
homogeneamente distribuídos causando
impactos climáticos globais e a longo prazo,75
o tempo de vida do black carbon e do brown
carbon é consideravelmente mais curto, na
faixa de dias a semanas.81
Assim, sua
presença na atmosfera terrestre é
heterogênea e resulta em impactos
climáticos regionais e a curto prazo.76,81–83
O
black carbon, devido ao curto tempo de
residência na atmosfera e a sua capacidade
de absorção da radiação solar, integra um
grupo de poluentes conhecidos como
poluentes climático de vida curta, do inglês
Short-Lived Climate Pollutants.81
Os gases do efeito estufa (GEE)
apresentam FR positiva e bastante elevada
em relação às forçantes observadas para os
tipos de partículas apresentados, que por sua
vez, apresentam comportamentos distintos
de acordo com a composição. Estima-se
ainda que o MP na atmosfera promova um
efeito indireto, também chamado de efeito
indireto dos aerossóis, que resulta em FR
negativa. Entretanto, o nível de
conhecimento científico nesta área ainda é
baixo em comparação àquele envolvendo os
GEE. Portanto, são necessários mais estudos
que busquem diagnosticar a presença e os
efeitos do MP sobre as variações de
temperatura na atmosfera.
6. Conclusão
O conhecimento sobre os processos
sofridos e mediados por materiais
particulados atmosféricos é o primeiro passo
para compreender de que forma suas
diferentes fontes de emissão podem afetar
aspectos tão distintos como a dinâmica da
atmosfera e a saúde humana. Enquanto que
a emissão de partículas de dimensões
nanométricas tem sido um aspecto
preocupante e emergente em termos do
agravamento da saúde humana e dos seres
vivos, parâmetros ainda pouco investigados
como o black carbon e o brown carbon
exercem efeitos importantes em termos do
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
balanço de energia do planeta. Em ambos os
casos, são necessários mais estudos de forma
a possibilitar ampla compreensão dos
fenômenos fisiológicos e atmosféricos
diretamente impactados pela presença de
MP.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de
Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF,
processos no
01930012102/2016 e no
0193001370/2016) e ao Instituto Nacional de
Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas
(INCTAA).
Referências Bibliográficas
1
Galembeck, E.; Costa, C. A evolução da
composição da atmosfera terrestre e das
formas de vida que habitam a Terra. Química
Nova na Escola 2016, 38, 318. [CrossRef]
2
Jardim, W. F. A evolução da atmosfera
terrestre. Química Nova na Escola 2001, 1, 5.
[Link]
3
Manahan, S. E.; Environmental Chemistry,
9a. ed, CRC Press: Boca Raton, 2009.
4
Rocha, J. C.; Rosa, A. H.; Cardoso, A. A.
Introducão à química Ambiental, 1a. ed,
Bookman: Porto Alegre, 2004.
5
Mozeto, A. A. Química Atmosférica: a
química sobre nossas cabeças. Química Nova
na Escola 2001, 1, 41. [Link]
6
Ayoade, J. O.; Introdução a climatologia
para os trópicos, 4a. ed, Bertrand Brasil: Rio
de Janeiro, 1996.
7
Jacobson, M. Z.; Air Pollution and Global
Warming: History, Science, and Solutions, 2a.
ed, Cambridge University Press: New York,
2012.
8
VanLoon, G. W.; Duffy, S. J.; Environmental
chemistry a global perspective, 1a. ed, Oxford
University Press: New York, 2000.
9
Kim, K.-H.; Kabir, E.; Kabir, S. A review on
the human health impact of airborne
particulate matter. Environment International
2015, 74, 136. [CrossRef]
10
Fagá, I.; Massaro, S.; Pitombo, L. R. M.
Compostos de Enxofre na Atmosfera -
Contribuição de Fontes Naturais e
Antropogênicas. Química Nova 1985, 8, 162.
[Link]
11
Martins, C. R.; Pereira, P. A. de P.; Lopes,
W. A.; Andrade, J. B. de Ciclos Globais de
Carbono, Nitrogênio e Enxofre : a
Importância na Química da Atmosfera.
Cadernos Temáticos de Química Nova na
Escola 2003, 5, 28. [Link]
12
Martins, C. R.; De Andrade, J. B. Química
atmosférica do enxofre (IV): Emissões,
reações em fase aquosa e impacto ambiental.
Química Nova 2002, 25, 259. [CrossRef]
13
Miguel, A. H. Poluição atmosférica urbana
no Brasil: uma visão geral. Química Nova
1992, 15, 118. [CrossRef] [PubMed]
14
Tolentino, M.; Rocha-Filho, R. C. A química
no efeito estufa. Química Nova 1998, 10.
[Link]
15
Baird, C.; Cann, M. Química Ambiental, 4a.
ed, Bookman: Porto Alegre, 2011.
16
Arsene, C.; Olariu, R. I.; Zarmpas, P.;
Kanakidou, M.; Mihalopoulos, N. Ion
composition of coarse and fine particles in
Iasi, north-eastern Romania: Implications for
aerosols chemistry in the area. Atmospheric
Environment 2011, 45, 906. [CrossRef]
17
Choi, N. R.; Lee, S. P.; Lee, J. Y.; Jung, C. H.;
Kim, Y. P. Speciation and source identification
of organic compounds in PM10 over Seoul,
South Korea. Chemosphere 2016, 144, 1589.
[CrossRef] [PubMed]
18
Guarieiro, L. L. N.; Vasconcellos, P. C.; Solci,
M. C. Air Pollutants from the Burning of Fossil
Fuels and Biofuels: A Brief Review. Revista
Virtual de Química 2011, 3, 434. [CrossRef]
19
Cass, G. R. Organic molecular tracers for
particulate air pollution sources. TrAC -
Trends in Analytical Chemistry 1998, 17, 356.
[CrossRef]
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
20
Cunningham, E. On the Velocity of Steady
Fall of Spherical Particles through Fluid
Medium. Proceedings of the Royal Society A
Mathematical, Physical and Engineering
Sciences 1910, 83, 357. [CrossRef] [PubMed]
21
Jaenicke, R. Natural Aerosols. Annals of the
New York Academy of Sciences 1980, 338,
317. [CrossRef]
22
Rodhe, H.; Grandell, J. On the removal time
of aerosol particles from the atmosphere by
precipitation scavenging. Tellus 1972, 24,
442. [CrossRef]
23
Qualidade do ar no estado de São Paulo
2016 CETESB: São Paulo, 2017. [Link]
24
Resolução CONAMA no
3 de 28 de junho de
1990 Diário Oficial da União, 1990. [Link]
25
Air quality guidelines for particulate
matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur
dioxide: global update 2005: summary of risk
assessment Geneva, 2006. [Link]
26
Muhlfeld, C.; Rothen-Rutishauser, B.;
Blank, F.; Vanhecke, D.; Ochs, M.; Gehr, P.
Interactions of nanoparticles with pulmonary
structures and cellular responses. American
Journal of Physiology Lung Cellular and
Molecular Physiology 2008, 294, L817.
[CrossRef] [PubMed]
27
Wong, T. Y. Smog induces oxidative stress
and microbiota disruption. Journal of Food
and Drug Analysis 2017, 25, 235. [CrossRef]
[PubMed]
28
Grythe, H.; Ström, J.; Krejci, R.; Quinn, P.;
Stohl, A. A review of sea-spray aerosol source
functions using a large global set of sea salt
aerosol concentration measurements.
Atmospheric Chemistry and Physics 2014, 14,
1277. [CrossRef]
29
Tavares, J. P. N. Interação entre a
vegetação e a atmosfera para formação de
nuvens e chuva na Amazônia: uma revisão.
Estudos Avançados 2012, 26, 219. [CrossRef]
30
Kavouras, I. G.; Mihalopoulos, N.;
Stephanou, E. G. Formation of atmospheric
particles from organic acids produced by
forests. Nature 1998, 395, 683. [CrossRef]
[PubMed]
31
Wang, J.; Krejci, R.; Giangrande, S.; Kuang,
C.; Barbosa, H. M. J.; Brito, J.; Carbone, S.;
Chi, X.; Comstock, J.; Ditas, F.; Lavric, J.;
Manninen, H. E.; Mei, F.; Moran-Zuloaga, D.;
Pöhlker, C.; Pöhlker, M. L.; Saturno, J.;
Schmid, B.; Souza, R. A. F.; Springston, S. R.;
Tomlinson, J. M.; Toto, T.; Walter, D.;
Wimmer, D.; Smith, J. N.; Kulmala, M.;
Machado, L. A. T.; Artaxo, P.; Andreae, M. O.;
Petäjä, T.; Martin, S. T. Amazon boundary
layer aerosol concentration sustained by
vertical transport during rainfall. Nature
2016, 539, 416. [CrossRef] [PubMed]
32
Harrison, R. M.; Jones, A. M.; Gietl, J.; Yin,
J.; Green, D. C. Estimation of the
contributions of brake dust, tire wear, and
resuspension to nonexhaust traffic particles
derived from atmospheric measurements.
Environmental Science & Technology 2012,
46, 6523. [CrossRef] [PubMed]
33
Priority Substances List Assessment Report:
Respirable Particulate Matter Less Than or
Equal to 10 Microns 2000. [Link]
34
Moreno, T.; Querol, X.; Alastuey, A.;
Gibbons, W. Identification of chemical tracers
in the characterisation and source
apportionment of inhalable inorganic
airborne particles: An overview. Biomarkers
2009, 14, 17. [CrossRef] [PubMed]
35
Allen, A. G.; Cardoso, A. A.; Wiatr, A. G.;
MacHado, C. M. D.; Paterlini, W. C.; Baker, J.
Influence of intensive agriculture on dry
deposition of aerosol nutrients. Journal of the
Brazilian Chemical Society 2010, 21, 87.
[CrossRef]
36
Godoy, M. L. D. P.; Godoy, J. M.; Roldão, L.
A.; Soluri, D. S.; Donagemma, R. a. Coarse and
fine aerosol source apportionment in Rio de
Janeiro, Brazil. Atmospheric Environment
2009, 43, 2366. [CrossRef]
37
Maenhaut, W.; Vermeylen, R.; Claeys, M.;
Vercauteren, J.; Roekens, E. Sources of the
PM10 aerosol in Flanders, Belgium, and re-
assessment of the contribution from wood
burning. Science of the Total Environment
2016, 562, 550. [CrossRef] [PubMed]
38
Viana, M.; Kuhlbusch, T. a J.; Querol, X.;
Alastuey, A.; Harrison, R. M.; Hopke, P. K.;
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
Winiwarter, W.; Vallius, M.; Szidat, S.; Prévôt,
a. S. H.; Hueglin, C.; Bloemen, H.; Wåhlin, P.;
Vecchi, R.; Miranda, a. I.; Kasper-Giebl, A.;
Maenhaut, W.; Hitzenberger, R. Source
apportionment of particulate matter in
Europe: A review of methods and results.
Journal of Aerosol Science 2008, 39, 827.
[CrossRef]
39
Almeida, S. M.; Pio, C. A.; Freitas, M. C.;
Reis, M. A.; Trancoso, M. A. Source
apportionment of fine and coarse particulate
matter in a sub-urban area at the Western
European Coast. Atmospheric Environment
2005, 39, 3127. [CrossRef]
40
Pokorná, P.; Hovorka, J.; Hopke, P. K.
Source apportionment of size resolved
particulate matter in European air pollution
hot spot. Science of the Total Environment
2015, 502, 5933. [CrossRef] [PubMed]
41
Da Rocha, G. O.; Allen, A. G.; Cardoso, A. A.
Influence of agricultural biomass burning on
aerosol size distribution and dry deposition in
southeastern Brazil. Environmental Science &
Technology 2005, 39, 5293. [CrossRef]
[PubMed]
42
Chan, E. A. W.; Gantt, B.; McDow, S. The
reduction of summer sulfate and switch from
summertime to wintertime
PM2.5concentration maxima in the United
States. Atmospheric Environment 2018, 175,
25. [CrossRef]
43
Alves, C. A.; Pio, C. A.; Duarte, A. G.
Particulate size distributed organic
compounds in a forest atmosphere.
Environmental Science & Technology 2000,
34, 4287. [CrossRef]
44
Kavouras, I. G.; Stephanou, E. G. Particle
size distribution of organic primary and
secondary aerosol constituents in urban,
background marine, and forest atmosphere.
Journal of Geophysical Research 2002, 107,
4069. [CrossRef]
45
Tobiszewski, M.; Namieśnik, J. PAH
diagnostic ratios for the identification of
pollution emission sources. Environmental
Pollution 2012, 162, 110. [CrossRef]
[PubMed]
46
Soclo, H. H.; Garrigues, P.; Ewald, M. Origin
of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in
coastal marine sediments: Case studies in
Cotonou (Benin) and Aquitaine (France)
Areas. Marine Pollution Bulletin 2000, 40,
387. [CrossRef] [PubMed]
47
Dvorská, A.; Lammel, G.; Klánová, J. Use of
diagnostic ratios for studying source
apportionment and reactivity of ambient
polycyclic aromatic hydrocarbons over
Central Europe. Atmospheric Environment
2011, 45, 420. [CrossRef]
48
Chen, S.; Wang, J.; Wang, T.; Wang, T.; Mai,
B.; Massey, S. L. Seasonal variations and
source apportionment of complex polycyclic
aromatic hydrocarbon mixtures in particulate
matter in an electronic waste and urban area
in South China. Science of the Total
Environment 2016, 573, 115. [CrossRef]
49
Katsoyiannis, A.; Sweetman, A. J.; Jones, K.
C. PAH molecular diagnostic ratios applied to
atmospheric sources: A critical evaluation
using two decades of source inventory and
air concentration data from the UK.
Environmental Science & Technology 2011,
45, 8897. [CrossRef] [PubMed]
50
Hu, R.; Liu, G.; Zhang, H.; Xue, H.; Wang, X.
Levels and Sources of PAHs in Air-borne
PM2.5 of Hefei City, China. Bullentin of
Environmental Contamination and Toxicology
2017, 98, 270. [CrossRef]
51
Yang, T.-T.; Hsu, C.-Y.; Chen, Y.-C.; Young,
L.-H.; Huang, C.-H.; Ku, C.-H. Characteristics,
Sources, and Health Risks of Atmospheric
PM2.5-Bound Polycyclic Aromatic
Hydrocarbons in Hsinchu, Taiwan. Aerosol
and Air Quality Research 2016, 563.
[CrossRef]
52
Yunker, M. B.; Macdonald, R. W.;
Vingarzan, R.; Mitchell, R. H.; Goyette, D.;
Sylvestre, S. PAHs in the Fraser River basin: A
critical appraisal of PAH ratios as indicators of
PAH source and composition. Organic
Geochemistry 2002, 33, 489. [CrossRef]
[PubMed]
53
Cazier, F.; Genevray, P.; Sichel, F.; Gualtieri,
M.; Shirali, P.; Courcot, D.; Billet, S. Fine and
Brito, G. F. S. et al.
Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000
ultra fine atmospheric particulate matter at a
multi-influenced urban site: Physicochemical
characterization, mutagenicity and
cytotoxicity. Environmental Pollution 2017,
221, 130. [CrossRef]
54
Pandey, P. K.; Patel, K. S.; Lenicek, J. A. N.
Polycyclic Aromatic Hydrocarbons: Need for
asseessment of Health Risks in India? Study
of An Urban-Industrial Location in India.
Environmental Monitoring and Assessment
1999, 59, 287. [CrossRef]
55
Cavalcante, R. M.; Rocha, C. A.; De
Santiago, Í. S.; Da Silva, T. F. A.; Cattony, C.
M.; Silva, M. V. C.; Silva, I. B.; Thiers, P. R. L.
Influence of urbanization on air quality based
on the occurrence of particle-associated
polycyclic aromatic hydrocarbons in a tropical
semiarid area (Fortaleza-CE, Brazil). Air
Quality, Atmosphere & Health 2017, 10, 437.
[CrossRef]
56
Franco, C. F. J.; Ochs, S. M.; Grotz, L. O.;
Furtado, L. A.; Netto, A. D. P. Simultaneous
evaluation of polycyclic aromatic
hydrocarbons and carbonyl compounds in
the atmosphere of Niteroi City, RJ, Brazil.
Atmospheric Environment 2015, 106, 24.
[CrossRef]
57
Martins Pereira, G.; Teinilä, K.; Custódio,
D.; Gomes Santos, A.; Xian, H.; Hillamo, R.;
Alves, C. A.; Bittencourt De Andrade, J.;
Olímpio Da Rocha, G.; Kumar, P.;
Balasubramanian, R.; De Fátima Andrade, M.;
Vasconcellos, P. D. C. Particulate pollutants in
the Brazilian city of São Paulo: 1-year
investigation for the chemical composition
and source apportionment. Atmospheric
Chemistry and Physic 2017, 17, 11943.
[CrossRef]
58
Burden of disease from Ambient Air
Pollution for 2012 Geneva, 2014. [Link]
59
Berend, I. T.; An Economic History of
Twentieth-Century Europe, 1a. ed, Cambridge
University Press: New York, 2006.
60
Alonso, C. D.; Godinho, R. A evolução da
qualidade do ar em Cubatão. Química Nova
1992, 15, 125. [Link]
61
Liehuit, M. van; Martens, P. Scenarios of
Vector-Borne Diseases and Heat Stress in
Europe. Epidemiology 2004, 15, 28.
[CrossRef]
62
Tayra, F.; Ribeiro, H.; Nardocci, A. de C.
Avaliação econômica dos custos da poluição
em cubatão - SP com base nos gastos com
saúde relacionados às doenças dos aparelhos
respiratório e circulatório. Saúde e Sociedade
2012, 21, 760. [CrossRef]
63
Jasinski, R.; Pereira, L. A. A.; Braga, A. L. F.
Air pollution and pediatric hospital
admissions due to respiratory diseases in
Cubatão, São Paulo State, Brazil, from 1997
to 2004. Cadernos de Saúde Pública 2011, 27,
2242. [CrossRef] [PubMed]
64
Nardocci, A. C.; Freitas, C. U. de; Ponce de
Leon, A. C. M.; Junger, W. L.; Gouveia, N. da
C. Poluição do ar e doenças respiratórias e
cardiovasculares: estudo de séries temporais
em Cubatão, São Paulo, Brasil. Cadernos de
Saúde Pública 2013, 29, 1867. [CrossRef]
[PubMed]
65
Andrade, M. de F.; Kumar, P.; de Freitas, E.
D.; Ynoue, R. Y.; Martins, J.; Martins, L. D.;
Nogueira, T.; Perez-Martinez, P.; de Miranda,
R. M.; Albuquerque, T.; Gonçalves, F. L. T.;
Oyama, B.; Zhang, Y. Air quality in the
megacity of São Paulo: Evolution over the last
30 years and future perspectives.
Atmospheric Environment 2017, 159, 66.
[CrossRef]
66
Rodrigues, C. G.; Vormittag, E. da M. P. A.;
Cavalcante, J. A.; Saldiva, P. H. N. Projeção da
mortalidade e internações hospitalares na
rede pública de saúde atribuíveis à poluição
atmosférica no Estado de São Paulo entre
2012 e 2030. Revista Brasileira de Estudos de
População 2015, 32, 489. [CrossRef].
67
Han, L.; Zhou, W.; Li, W.; Qian, Y. Global
population exposed to fine particulate
pollution by population increase and
pollution expansion. Air Quality, Atmosphere
& Health 2017, 1221. [CrossRef]
68
“Arpocalipse” na China: poluição coloca
meio bilhão de pessoas em alerta vermelho.
Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/internacio
nal-38393259> Acesso em 05 dezembro
2017.
Brito, G. F. S. et al.
000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX|
69
Índia iguala China em número de mortes
por poluição. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/sociedade/india-
iguala-china-em-numero-de-mortes-por-
poluicao-20925734> Acesso em 05 dezembro
2017.
70
Baldauf, R. W.; Devlin, R. B.; Gehr, P.;
Giannelli, R.; Hassett-Sipple, B.; Jung, H.;
Martini, G.; McDonald, J.; Sacks, J. D.; Walker,
K. Ultrafine particle metrics and research
considerations: Review of the 2015 UFP
workshop. International Journal of
Environmental Research and Public Health
2016, 13, 1. [CrossRef] [PubMed]
71
Reggente, M.; Peters, J.; Theunis, J.; Van
Poppel, M.; Rademaker, M.; De Baets, B.;
Kumar, P. A comparison of strategies for
estimation of ultrafine particle number
concentrations in urban air pollution
monitoring networks. Environmental
Pollution 2015, 199, 209. [CrossRef]
[PubMed]
72
Ambrizzi, T., Araujo, M.; Base científica das
mudanças climaticas: Volume 1 - Primeiro
relatório de avaliação nacional Rio de
Janeiro, 2014. [Link]
73
Caetano-Silva, L.; Allen, A. G.; Campos, M.
L. A. M.; Cardoso, A. A. Will It Rain? Activities
investigating aerosol hygroscopicity and
deliquescence. Journal of Chemical Education
2015, 92, 672. [CrossRef]
74
Griggs, D. J.; Noguer, M. Climate change
2001: The scientific basis. Contribution of
Working Group I to the Third Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on
Climate Change. Weather 2002, 57, 267.
[CrossRef] [PubMed]
75
U.S.EPA Report to Congress on Black
Carbon.; Departments of the Interior,
Environment, and Related Agencies
Appropriations Act 2010, 2012. [Link]
76
Artaxo, P.; Oliveira, P. H.; Lara, L. L.;
Pauliquevis, T. M.; Rizzo, L. V.; Junior, C. P.;
Paixão, M. A.; Longo, K. M.; Freitas, S. De;
Correia, A. L. Efeitos climáticos de partículas
de aerossóis biogênicos e emitidos em
queimadas na Amazônia. Revista Brasileira de
Meteorologia 2006, 21, 168. [Link]
77
Solomon, S.; Qin, D.; Chen, M. Z.; Marquis,
M.; Averyt, K. B.; Climate Change 2007: The
Physical Science Basis. Contribution of
working Group I to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernamental Panel on
Climate Change Cambridge University Press:
New York, 2007. [Link]
78
Miguel, A. H.; Kirchstetter, T. W.; Harley, R.
A.; Hering, S. V. On-road emissions of
particulate polycyclic aromatic hydrocarbons
and black carbon from gasoline and diesel
vehicles. Environmental Science & Technology
1998, 32, 450. [CrossRef]
79
Lack, D. A.; Langridge, J. M.; Bahreini, R.;
Cappa, C. D.; Middlebrook, A. M.; Schwarz, J.
P. Brown carbon and internal mixing in
biomass burning particles. Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United
States of America 2012, 109, 14802.
[CrossRef] [PubMed]
80
Sumlin, B. J.; Heinson, Y. W.; Shetty, N.;
Pandey, A.; Pattison, R. S.; Baker, S.; Hao, W.
M.; Chakrabarty, R. K. UV–Vis–IR spectral
complex refractive indices and optical
properties of brown carbon aerosol from
biomass burning. Journal of Quantitative
Spectroscopy and Radiative Transfer 2018,
206, 392. [CrossRef]
81
Pierrehumbert, R. T. Short-Lived Climate
Pollution. Annual Review of Earth and
Planetary Sciences 2014, 42, 341. [CrossRef]
82
Theotônio, P.; Artaxo, P.; Paulo Henrique,
O.; Paixão, M. O Papel Das Partículas De
Aerossol No Funcionamento Do Ecossistema
Amazônico. Mudanças climáticas/Artigos
2007, 48. [Link]
83
Feng, Y.; Ramanathan, V.; Kotamarthi, V. R.
Brown carbon: A significant atmospheric
absorber of solar radiation. Atmospheric
Chemistry and Physics 2013, 13, 8607.
[CrossRef]

More Related Content

Similar to Brito gabriel-rvq-no prelo

AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHERE
AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHEREAIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHERE
AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHEREOmokpariolaElshalom
 
How can we prvent chemical pollution
How can we prvent chemical pollutionHow can we prvent chemical pollution
How can we prvent chemical pollutionptv arasu
 
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIs
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIsAssess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIs
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIsAmbee
 
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdf
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdfAirflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdf
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdfYADIIRWANTO
 
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docx
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docxRequired ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docx
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docxsodhi3
 
The Oxygen Bottleneck for Technospheres
The Oxygen Bottleneck for TechnospheresThe Oxygen Bottleneck for Technospheres
The Oxygen Bottleneck for TechnospheresSérgio Sacani
 
Remote sensing
Remote sensingRemote sensing
Remote sensingvanquymt
 
A Good Climate For Clean Air Linkages Between Climate Change And Air Polluti...
A Good Climate For Clean Air  Linkages Between Climate Change And Air Polluti...A Good Climate For Clean Air  Linkages Between Climate Change And Air Polluti...
A Good Climate For Clean Air Linkages Between Climate Change And Air Polluti...Monica Waters
 
Kivekäs acp 2014 ship contribution to particle number (1)
Kivekäs acp 2014   ship contribution to particle number (1)Kivekäs acp 2014   ship contribution to particle number (1)
Kivekäs acp 2014 ship contribution to particle number (1)www.thiiink.com
 
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...Energy for One World
 
Final Year Project Report
Final Year Project ReportFinal Year Project Report
Final Year Project ReportSean Mc Garry
 
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...grssieee
 
Global environment concerns
Global environment concernsGlobal environment concerns
Global environment concernsSalman Jailani
 
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICY
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICYRELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICY
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICYPietro Pecchi
 
Introduction and significance of meteorology
Introduction and significance of meteorologyIntroduction and significance of meteorology
Introduction and significance of meteorologydhruvdhruv2021
 
Chapter 3 impact of air pollution
Chapter 3 impact of air pollutionChapter 3 impact of air pollution
Chapter 3 impact of air pollutionNoor Farahin
 

Similar to Brito gabriel-rvq-no prelo (20)

AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHERE
AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHEREAIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHERE
AIR POLLUTION DISPERSION MECHANISM IN THE TROPOSPHERE
 
How can we prvent chemical pollution
How can we prvent chemical pollutionHow can we prvent chemical pollution
How can we prvent chemical pollution
 
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIs
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIsAssess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIs
Assess and Forecast Air Pollution Using Environmental APIs
 
Atmospheric pollution
Atmospheric pollutionAtmospheric pollution
Atmospheric pollution
 
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdf
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdfAirflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdf
Airflow_Wels_Lefebvre_Robertson_Sponcomb.pdf
 
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docx
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docxRequired ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docx
Required ResourcesRequired Text1. Environmental Science E.docx
 
2015 Wyche et al ACP
2015 Wyche et al ACP2015 Wyche et al ACP
2015 Wyche et al ACP
 
The Oxygen Bottleneck for Technospheres
The Oxygen Bottleneck for TechnospheresThe Oxygen Bottleneck for Technospheres
The Oxygen Bottleneck for Technospheres
 
Remote sensing
Remote sensingRemote sensing
Remote sensing
 
A Good Climate For Clean Air Linkages Between Climate Change And Air Polluti...
A Good Climate For Clean Air  Linkages Between Climate Change And Air Polluti...A Good Climate For Clean Air  Linkages Between Climate Change And Air Polluti...
A Good Climate For Clean Air Linkages Between Climate Change And Air Polluti...
 
Kivekäs acp 2014 ship contribution to particle number (1)
Kivekäs acp 2014   ship contribution to particle number (1)Kivekäs acp 2014   ship contribution to particle number (1)
Kivekäs acp 2014 ship contribution to particle number (1)
 
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...
Science Publication: Many Risky Feedback Loops amplify the need for Climate A...
 
Final Year Project Report
Final Year Project ReportFinal Year Project Report
Final Year Project Report
 
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...
SOME STUDIES IN REGIONAL ENVIRONMENTAL AIR QUALITY MODELING, CLIMATE CHANGE A...
 
Global environment concerns
Global environment concernsGlobal environment concerns
Global environment concerns
 
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICY
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICYRELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICY
RELEVANCE OF HFCs AND OTHER SLCF GASES AND MAIN INTERNATIONAL REGULATION POLICY
 
Introduction and significance of meteorology
Introduction and significance of meteorologyIntroduction and significance of meteorology
Introduction and significance of meteorology
 
Air Pollution
Air PollutionAir Pollution
Air Pollution
 
C Fazio Portfolio
C Fazio PortfolioC Fazio Portfolio
C Fazio Portfolio
 
Chapter 3 impact of air pollution
Chapter 3 impact of air pollutionChapter 3 impact of air pollution
Chapter 3 impact of air pollution
 

Recently uploaded

VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...
VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...
VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...SUHANI PANDEY
 
Call On 6297143586 Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...
Call On 6297143586  Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...Call On 6297143586  Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...
Call On 6297143586 Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...tanu pandey
 
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance BookingCall Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Bookingroncy bisnoi
 
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Serviceranjana rawat
 
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Serviceranjana rawat
 
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000Sapana Sha
 
Contact Number Call Girls Service In Goa 9316020077 Goa Call Girls Service
Contact Number Call Girls Service In Goa  9316020077 Goa  Call Girls ServiceContact Number Call Girls Service In Goa  9316020077 Goa  Call Girls Service
Contact Number Call Girls Service In Goa 9316020077 Goa Call Girls Servicesexy call girls service in goa
 
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance BookingCall Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Bookingroncy bisnoi
 
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...Call Girls in Nagpur High Profile
 
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...ranjana rawat
 
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Serviceranjana rawat
 
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashik
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service NashikRussian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashik
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashikranjana rawat
 
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Serviceranjana rawat
 
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...Cluster TWEED
 
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...ranjana rawat
 
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur Escorts
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur EscortsCall Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur Escorts
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur EscortsCall Girls in Nagpur High Profile
 
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...SUHANI PANDEY
 
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth 6297143586 Call Hot Indi...
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth  6297143586 Call Hot Indi...Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth  6297143586 Call Hot Indi...
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth 6297143586 Call Hot Indi...Call Girls in Nagpur High Profile
 

Recently uploaded (20)

VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...
VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...
VVIP Pune Call Girls Moshi WhatSapp Number 8005736733 With Elite Staff And Re...
 
Call On 6297143586 Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...
Call On 6297143586  Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...Call On 6297143586  Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...
Call On 6297143586 Pimpri Chinchwad Call Girls In All Pune 24/7 Provide Call...
 
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance BookingCall Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Ramtek Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
 
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ZARA) Call Girls Talegaon Dabhade ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
 
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(DIYA) Call Girls Sinhagad Road ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
 
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000
Call Girls In Okhla DELHI ~9654467111~ Short 1500 Night 6000
 
Contact Number Call Girls Service In Goa 9316020077 Goa Call Girls Service
Contact Number Call Girls Service In Goa  9316020077 Goa  Call Girls ServiceContact Number Call Girls Service In Goa  9316020077 Goa  Call Girls Service
Contact Number Call Girls Service In Goa 9316020077 Goa Call Girls Service
 
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance BookingCall Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
Call Girls Budhwar Peth Call Me 7737669865 Budget Friendly No Advance Booking
 
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...
VVIP Pune Call Girls Koregaon Park (7001035870) Pune Escorts Nearby with Comp...
 
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...
The Most Attractive Pune Call Girls Shirwal 8250192130 Will You Miss This Cha...
 
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANAYA) Call Girls Hadapsar ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
 
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashik
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service NashikRussian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashik
Russian Call Girls Nashik Anjali 7001305949 Independent Escort Service Nashik
 
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
(ANIKA) Call Girls Wagholi ( 7001035870 ) HI-Fi Pune Escorts Service
 
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...
webinaire-green-mirror-episode-2-Smart contracts and virtual purchase agreeme...
 
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...
(NANDITA) Hadapsar Call Girls Just Call 7001035870 [ Cash on Delivery ] Pune ...
 
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur Escorts
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur EscortsCall Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur Escorts
Call Girl Nagpur Roshni Call 7001035870 Meet With Nagpur Escorts
 
Call Girls In Yamuna Vihar꧁❤ 🔝 9953056974🔝❤꧂ Escort ServiCe
Call Girls In Yamuna Vihar꧁❤ 🔝 9953056974🔝❤꧂ Escort ServiCeCall Girls In Yamuna Vihar꧁❤ 🔝 9953056974🔝❤꧂ Escort ServiCe
Call Girls In Yamuna Vihar꧁❤ 🔝 9953056974🔝❤꧂ Escort ServiCe
 
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...
VIP Model Call Girls Chakan ( Pune ) Call ON 8005736733 Starting From 5K to 2...
 
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth 6297143586 Call Hot Indi...
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth  6297143586 Call Hot Indi...Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth  6297143586 Call Hot Indi...
Booking open Available Pune Call Girls Budhwar Peth 6297143586 Call Hot Indi...
 
Green Banking
Green Banking Green Banking
Green Banking
 

Brito gabriel-rvq-no prelo

  • 1. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 Artigo O Impacto do Material Particulado na Qualidade do Ar Brito, G. F. S.; Sodré, F. F.; Almeida, F. V.* Rev. Virtual Quim., 2018, 10 (5), no prelo. Data de publicação na Web: 30 de outubro de 2018 http://rvq.sbq.org.br Impact of Particulate Matter on Air Quality Abstract: Particulate matter (PM) is a minor component of the atmosphere generated from natural and anthropogenic sources, whose characteristics are reflected in its composition. The PM particle size is related to the residence time in the atmosphere and the level of penetration in the human respiratory system. The presence of certain elements and chemical substances in the PM composition can be used as a tool to identify polluting sources. In addition, some of these particles, such as black carbon and brown carbon, can directly interfere with climate change by absorbing or reflecting the radiation in the atmosphere. Therefore, this review article aims to discuss the importance of PM, including aspects of classification, occurrence, sources, chemical composition, health and climatic effects. Keywords: Atmosphere; particulate matter; sources; health; black carbon; brown carbon. Resumo O material particulado (MP) é um componente minoritário da atmosfera gerado a partir de fontes naturais e antrópicas, cujas características se refletem na sua composição. O tamanho das partículas do MP está relacionado ao tempo de residência na atmosfera e ao nível de penetração no sistema respiratório humano. A presença de determinados elementos e substâncias químicas na composição do MP pode ser utilizada como ferramenta na identificação de fontes poluidoras. Além disso, algumas dessas partículas, como o black carbon e o brown carbon, podem interferir diretamente nas mudanças climáticas, absorvendo ou refletindo a radiação na atmosfera. Portanto, este trabalho de revisão tem como objetivo discutir a importância do MP, incluindo os aspectos de classificação, ocorrência, fontes, composição química, efeitos à saúde e os efeitos climáticos. Palavras-chave: Atmosfera; material particulado; fontes; saúde; black carbon; brown carbon. * Universidade de Brasília, Instituto de Química, Campus Darcy Ribeiro, CEP 70910-900, Brasília-DF, Brasil. fernandaalmeida@unb.br DOI:
  • 2. Volume 10, Número 5 Revista Virtual de Química ISSN 1984-6835 Setembro-Outubro 2018 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| O Impacto do Material Particulado na Qualidade do Ar Gabriel Ferreira da Silva Brito, Fernando Fabriz Sodré, Fernanda Vasconcelos de Almeida* Universidade de Brasília, Instituto de Química, Campus Darcy Ribeiro, CEP 70910-900, Brasília- DF, Brasil. * fernandaalmeida@unb.br Recebido em 6 de abril de 2018. Aceito para publicação em 1 de outubro de 2018 1. Introdução 2. Ocorrência de MP Atmosférico 3. Classificação e Tipos de MP 3.1. Uso de MP como indicador de fontes de poluição 4. Efeitos à Saúde 5. O papel do MP no Clima 5.1. Balanço de energia radiativa: forçante radiativa 6. Conclusão 1. Introdução Formada por um manto fino de gases mantidos pela ação da gravidade, a atmosfera terrestre é essencial para a proteção do planeta frente ao ambiente hostil do espaço exterior, absorvendo parte da radiação emitida pelo sol, moderando a temperatura e promovendo condições propícias para a manutenção da vida na Terra.1–3 A atmosfera é dividida em camadas de acordo com as variações de temperatura sob diferentes altitudes. Porém, somente a troposfera mantém contato direto com a superfície terrestre, sendo esta camada responsável por 85 % de toda massa da atmosfera. Além disso, é também na troposfera onde ocorre a maioria dos fenômenos responsáveis pela ciclagem biogeoquímica de diversos elementos e substâncias químicas,4,5 além de fenômenos que governam as condições climáticas, tais como a formação de nuvens, chuvas e ventos.6 Os principais constituintes da atmosfera são os gases nitrogênio (N2), oxigênio (O2), e argônio (Ar). Com exceção do vapor de água, cuja abundância na atmosfera depende de aspectos regionais, as proporções dos gases majoritários não apresentaram mudanças significativas desde 1 bilhão de anos atrás até o tempo presente.4,7,8 Por outro lado, grande parte das variações na composição do ar se dá nos componentes minoritários, tais como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o ozônio (O3) e o material particulado (MP). Embora minoritários, esses componentes
  • 3. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 possuem funções bem definidas na atmosfera, sendo que alterações em seus níveis de concentração podem resultar em efeitos adversos.4 Dentre os componentes minoritários, o MP é aquele responsável pela formação do aerossol. Originado tanto por fontes naturais quanto antrópicas, é constituído por partículas sólidas e/ou líquidas de diversos tamanhos que se mantém suspensas no ar. Na atmosfera, interfere na visibilidade, na quantidade de radiação que chega ao solo e na formação de nuvens, já que pode atuar como núcleos de condensação da água.4 O MP também está diretamente relacionado a problemas de saúde em seres humanos, principalmente aquele com partículas de menores tamanho, podendo comprometer o sistema respiratório e, em alguns casos, atingir também o sistema circulatório.9 O objetivo deste trabalho de revisão é discutir de forma abrangente os vários aspectos do material particulado na atmosfera, como fontes, composição química, efeitos climáticos, efeitos à saúde, tempo de vida, processos de formação, entre outros. Apesar de existir vários artigos na literatura nacional que citem o material particulado no âmbito da química atmosférica,1,10–14 nenhum deles se dedica exclusivamente ao MP. 2. Ocorrência de MP Atmosférico O MP pode ser emitido por fontes primárias ou ser formado na atmosfera de maneira secundária, ou seja, a partir de reações com outros componentes atmosféricos.5 O tamanho e a composição do MP variam em função do tipo de fonte emissora.15–19 Uma das maneiras de classificar o MP baseia-se na estimativa do tamanho das partículas. Para tanto, considera-se que elas possuirão formato esférico, sendo o diâmetro aerodinâmico (𝑑𝑎) a unidade de medida de seu tamanho.9,15 A presença e o transporte do MP na atmosfera relacionam-se diretamente ao tamanho das partículas. Uma vez no ar, partículas de maior tamanho assentam rapidamente pela ação da força da gravidade em um processo denominado deposição seca.7 Portanto, quanto maior a dimensão da partícula, menor será o seu tempo de permanência na atmosfera, conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1. Tempo para deposição de partículas por assentamento em condições de proximidade da superfície terrestre. Adaptada de Jacobson7 da (µm) Tempo para deposição* 0,02 228 anos 0,1 36 anos 1 328 dias 10 3,6 dias 100 1,1 hora 1000 4 minutos 5000 1,8 minutos * A uma altitude de 1 km O assentamento de partículas atmosféricas pode ser calculado levando-se em consideração a Lei de Stokes, que fornece informações sobre a movimentação de objetos esféricos em um fluido de viscosidade definida. Assim é possível calcular a velocidade terminal de partículas por meio de informações como o diâmetro
  • 4. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| aerodinâmico, as densidades da partícula e do ar, a viscosidade do meio, a aceleração da gravidade e o fator de correção do arraste de Stokes-Cunningham.8,20 Outro fenômeno que diminui o tempo de meia vida de partículas na atmosfera é a coagulação. Ao contrário do assentamento, este fenômeno envolve a remoção de partículas pequenas por meio da formação de agregados de maior dimensão. A remoção por coagulação é influenciada pelos movimentos brownianos que promovem condições para que ocorra o choque entre partículas de dimensões coloidais com a consequente formação de agregados.3,7,8 O processo de coagulação é mais eficiente para partículas menores e pouco significante para partículas com diâmetros superiores a 0,01 µm.8 Isso ocorre, pois partículas pequenas possuem energia cinética menor que partículas maiores a uma dada temperatura.7 Dessa forma, o choque entre as partículas menores, ocasionado pelos movimentos brownianos, apresenta uma menor chance de ricocheteio, o que provoca, portanto, maiores taxas de coagulação nesta faixa de tamanho.7,8 É possível estimar o tempo de meia vida de partículas de tamanho reduzido por meio de informações como o coeficiente de difusão, a concentração de partículas, o diâmetro aerodinâmico e o fator de correção do arraste de Stokes-Cunningham.8 Considerando-se, então, os limites de tamanho impostos pelo assentamento por deposição seca e pela coagulação, somente partículas dentro de uma faixa definida de tamanho estarão efetivamente dispersas na atmosfera.21 A Figura 1 mostra a variação do tempo de residência de partículas atmosféricas em função de seus diâmetros aerodinâmicos. Figura 1. Tempo de residência e formas de remoção de partículas na atmosfera. Adaptado de VanLoon & Duffy8 Na Figura 1, a linha pontilhada azul indica a faixa de tamanho que sofrerá remoção por coagulação, enquanto que a linha pontilhada laranja, à direita, representa a remoção das partículas por assentamento.8 Observa-se que há uma faixa de tamanho na qual as partículas atmosféricas irão se acumular, experimentando tempos de residência mais
  • 5. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 longos, de sete a dez dias, já que os movimentos brownianos e o assentamento não serão significativos para a remoção.22 O principal processo responsável por remover da atmosfera estas partículas é a deposição úmida.15 Eventos de chuva podem remover partículas atmosféricas por meio de processos denominados rainout e washout. No primeiro, partículas irão enriquecer gotas de nuvem pela formação de núcleos de condensação ou pela incorporação de partículas por movimentos brownianos ou pelo gradiente de vapor de água.22 No processo washout, partículas serão capturadas por gotas de chuva a medida que precipitam. A formação de núcleos de condensação também contribui para remover partículas menores que 0,1 µm da atmosfera, já que seus tamanhos podem ser aumentados pela condensação tanto de vapores de água quanto de outros vapores. Ainda, o tamanho e a concentração do MP pode sofrer influência de reações atmosféricas com gases, e dos processos de advecção e convecção.7 No primeiro caso, reações ácido- base entre gases ou reações de gases com partículas muito pequenas podem originar partículas secundárias.3 Por outro lado, a advecção e a convecção são processos de transportes que estão relacionados às massas das partículas. A advecção é o movimento horizontal das partículas pelo vento, enquanto a convecção acontece predominantemente na direção vertical.7 A convecção ainda pode acontecer de duas formas. A primeira, também chamada de convecção forçada, é causada por meios mecânicos, sendo responsável pelo movimento ascendente ou descendente das partículas. A segunda é denominada convecção livre ou turbulência térmica, que consiste na movimentação vertical das partículas causadas por diferenças de temperatura provocadas pelo aquecimento de superfícies pelo sol.7 3. Classificação e Tipos de MP Conforme mostra a Figura 1, o MP atmosférico de menor dimensão possui 𝑑𝑎 de cerca de 0,002 µm, enquanto que partículas maiores atingirão cerca de 100 µm. Porém, como mostrado anteriormente, tanto as partículas menores que 0,1 µm quanto as maiores que 50 µm serão pouco abundantes, já que serão majoritariamente removidas por coagulação e deposição seca, respectivamente. De uma maneira mais prática, partículas totais em suspensão (PTS) são aquelas operacionalmente definidas pela soma de todo o MP com diâmetro de até 50 µm.24 Embora a concentração de PTS na atmosfera tenha seus limites máximos permitidos definidos na Resolução 003/1990 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre os padrões de qualidade do ar no Brasil,24 a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que faixas menores de tamanho de MP sejam monitoradas, pois estão melhor relacionadas com problemas de saúde.25 Dessa forma, outra notação amplamente utilizada para a classificação do MP baseia-se no uso de um subscrito numérico após o acrônimo para se referir a partículas com 𝑑𝑎 inferiores a um determinado tamanho. Por exemplo, um conjunto de partículas com diâmetro inferior a 2,5 µm é chamado de MP2,5, enquanto que o MP10 se refere às partículas menores que 10 µm.15 A Figura 2 mostra a faixa de tamanho de diferentes tipos de partículas bem como alguns critérios de classificação do MP com base em seus diâmetros aerodinâmicos.
  • 6. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| Figura 2. Classificação por tamanho e composição do material particulado atmosférico em relação à sua fonte. Adaptada de Muhlfeld et al.26
  • 7. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 Observa-se na Figura 2 uma grande variedade de fontes de MP para a atmosfera, tanto de origem natural quanto antrópica. O MP produzido por fontes naturais, tais como o spray marinho, poeira de solos, partículas de erupções vulcânicas e de incêndios naturais possui composição semelhante ao material de origem. Materiais provenientes da desagregação de rochas e solo, também chamados de aerossóis geológicos, são comumente ricos em minerais, matéria orgânica e eventualmente, partículas biológicas, como pólens, esporos, bactérias, vírus e detritos de plantas.7 Além disso, o smog fotoquímico, que pode ser definido como uma mistura com propriedades oxidantes de gases e aerossóis, alguns emitidos diretamente para a atmosfera e outros resultantes de reações fotoquímicas, representa uma fração importante de MP na atmosfera.27 Em áreas costeiras, processos físicos na superfície do oceano, como o estourar de bolhas produzidas pelas ondas e a remoção de espumas nas cristas das ondas por ação de vento, resultam na formação de partículas grossas que constituem o chamado spray marinho.28 Partículas finas também possuem origem no oceano, a exemplo dos núcleos de cloreto de sódio (NaCl). Também chamados de núcleos de sal, essas partículas representam a maior parte do MP proveniente da ação dos ventos e da evaporação das águas salgadas, além de serem enriquecidos na atmosfera a partir da desidratação de partículas do spray marinho.7 Incêndios e erupções vulcânicas também produzem tanto partículas finas quanto grossas, lançando na atmosfera uma mistura de MP com composição química complexa.15 Nessa mistura estão presentes partículas minerais derivadas de silicatos, porém podem ser encontrados elementos como sódio, cálcio, magnésio, potássio, alumínio, ferro e cloreto.7 Além disso, gases sulforosos como o dióxido de enxofre (SO2) e sulfeto de carbonila (OCS), também são emitidos para a atmosfera e são associados à formação de partículas secundárias.7 Incêndios consistem na queima da biomassa proveniente de florestas, pastagens e terras agrícolas, sejam de origem natural ou antrópica. Produzem compostos orgânicos voláteis (COVs) e partículas contendo inúmeros elementos e substâncias, tais como amônio, sódio, cálcio, magnésio, potássio, sulfato, nitrato, cloreto, ferro e carbono em forma de fuligem.7 Além do lançamento de MP por processos de combustão, algumas variedades de plantas também emitem, como fruto de seus processos fisiológicos, uma série de COVs para a atmosfera.29 Por exemplo, como um mecanismo de defesa contra ataques de herbívoros, diversas plantas emitem uma variedade de COVs que incluem ácidos carboxílicos, aldeídos, cetonas, éteres, ésteres, álcoois e terpenos.7,29 Esses terpenos lançados em regiões de florestas coníferas podem formar aerossóis, que consequentemente influenciam a formação de nuvens em épocas chuvosas30,31 e também estão relacionados com a formação de smog de origem natural.27 Fontes antrópicas de MP incluem desde a moagem de pedras e o cultivo da terra, até processos que envolvem combustão, tais como a queima de combustíveis como carvão, petróleo, gás natural, gasolina, querosene, diesel e biomassa. A moagem de pedras e cultivo da terra são responsáveis pela introdução de partículas grossas na atmosfera com composição química semelhante aos solos e rochas que estão sendo processados.7 Já a queima de combustíveis fósseis promove a emissão de partículas como os black carbon, materiais orgânicos diversos, sulfatos, metais e cinzas volantes.7 A fuligem e o sulfato contribuem com partículas menores do que 1,0 µm, enquanto cinzas volantes, produzidas a partir da queima do carvão mineral em usinas termelétricas, são maiores que 1,0 µm.7 Materiais orgânicos, como combustíveis não queimados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) podem ser encontrados tanto em partículas grossas quanto finas.7,18 Outras fontes antrópicas, como a fabricação de cimento, além de vários outros tipos de emissões industriais também contribuem para o lançamento de MP na
  • 8. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| atmosfera. Por exemplo, as cinzas volantes produzidas em processos industriais geralmente contêm óxidos de ferro (Fe2O3 e Fe3O4), alumínio (Al2O3) e silício (SiO2), além de vários compostos de carbono com diferentes graus de oxidação.7 Partículas também podem ser emitidas para a atmosfera pela erosão de pneus provocada pelo atrito na interface pneu-estrada que gera desgaste do material que o constitui, liberando para o ar partículas com diâmetros maiores do que 2,5 µm.7,32 Além das diversas fontes primárias de MP, partículas secundárias podem ser formadas na atmosfera a partir de emissões antrópicas. A emissão de COVs pela queima de combustíveis ou por emissões industriais, além de emissões de sulfatos e nitratos podem formar partículas secundárias na atmosfera.33 3.1. Uso de MP como indicador de fontes de poluição Embora a classificação por tamanho seja a mais amplamente utilizada para diferenciar o MP, é importante notar que sua composição pode variar grandemente em função de suas origens.34 Assim, é possível estimar os diferentes tipos de fontes de MP ao identificar diferentes elementos e substâncias químicas em sua composição. Esse tipo de avaliação constitui uma importante ferramenta para compreender o impacto de diferentes fontes de emissão na carga total de MP atmosférico. Porém, é importante mencionar que estes traçadores não são determinísticos, mas sim indicativos, sendo que os resultados obtidos na caracterização química do MP devem ser avaliados concomitantemente ao conhecimento do analista sobre os diferentes tipos de fontes, de forma que as hipóteses levantadas para cada região estudada sejam consistentes.35–38 De origem orgânica ou inorgânica, as espécies marcadoras possibilitam estimar, além das fontes, dinâmicas relacionadas ao transporte, destino e efeitos do MP.39,40 . Por exemplo, os íons 𝐶𝑎2+ e 𝑀𝑔2+ são frequentemente utilizados como marcadores químicos da presença de aerossóis atmosféricos derivados de processos físicos e químicos de desagregação de rochas e solos.16,34 Já os metais, quando presentes no MP refletem principalmente, atividades industriais, emissões pelo tráfego, além de eventos menos frequentes como a queima de fogos de artifício.34 O íon potássio (𝐾+ ) é usualmente empregado como indicador de queima de biomassa, por ser um nutriente essencial ao desenvolvimento de vegetais,35,41 enquanto os íons sódio (𝑁𝑎+ ) e cloreto (𝐶𝑙− ), são indicadores comuns do spray marinho, sendo mais frequentemente encontrados em MP de regiões litorâneas.38 Além disso, os íons nitrato (𝑁𝑂3 − ) e o sulfato (𝑆𝑂4 2− ) podem ser utilizados para diferenciar fontes de combustão, já que o primeiro é tipicamente formado na atmosfera a partir de emissões de óxidos de nitrogênio por combustão de motores de veículos ou usinas elétricas, enquanto que o sulfato é formado a partir da oxidação de 𝑆𝑂2, também emitido por combustão em usinas ou outras instalações industriais.42 Compostos orgânicos presentes no MP também constituem uma importante fonte de informações.43,44 Hidrocarbonetos alifáticos, como os n-alcanos, podem apresentar abundâncias diferentes de acordo com o tipo de fonte. Neste sentido, utiliza-se o índice de preferência de carbono (CPI, do inglês Carbon Preference Index) que consiste na razão entre a soma de n-alcanos ímpares e a soma de n-alcanos pares como parâmetro para diferenciar fontes petrogênicas (CPI próximo de 1) e contribuições biogênicas (CPI acima de 3).17 Os HPAs também estão presentes em praticamente todas as fontes de combustão,19 sendo sempre emitidos como uma mistura de diferentes substâncias. Assim, as razões molares entre diferentes HPAs podem indicar a existência de
  • 9. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 diferentes fontes de emissão.45 Uma das razões de diagnóstico mais utilizadas consiste na formada entre HPAs de baixa massa molar (LMW, do inglês light molecular weight), com 2 e 3 anéis aromáticos conjugados, e de elevada massa molar (HMW, do inglês heavy molecular weight) contendo HPAs de 4 a 6 anéis. Razões LMW/HMW menores que 1 indicam fontes pirogênicas, incluindo a combustão incompleta de madeira e combustíveis fósseis, enquanto que valores maiores que 1 são indicativos de fontes petrogênicas, incluindo lançamentos de óleos e produtos à base de petróleo.46 A Tabela 2 apresenta uma série de outras razões, que são amplamente utilizadas na literatura para identificação de fontes de HPAs. Tabela 2. Razões de diagnóstico de diferentes HPAs para identificação de fontes de MP atmosférico Razão Faixa inferior Faixa superior Referências BaA/(BaA+CHR) <0,2 (fonte petrogênica) >0,35 (fonte pirogênica) 47–51 ANT/(ANT+PHE) <0,1 (fonte petrogênica) >0,1 (fonte pirogênica) 47–52 FLT/(FLT+PYR) <0,4 (fonte petrogênica) >0,4 (fonte pirogênica) 47–53 IPY/(IPY+BPE) <0,2 (fonte petrogênica) >0,2 (fonte pirogênica) 47,49–52 FLT/(FLT+PYR) 0,4-0,5 (Queima de combustíveis fósseis líquidos) >0,5 (Queima de grama/carvão/madeira) 47–53 IPY/(IPY+BPE) 0,2-0,5 (Queima de combustíveis fósseis líquidos) >0,5 (Queima de grama/carvão/madeira) 48–52 BaP/BPE <0,6 (Outras fontes) >0,6 (Tráfego) 49,50,54 BaA - benzo[a]antraceno; PHE - fenantreno; ANT - antraceno; CHR - criseno; FLT - fluoranteno; PYR - pireno; IPY - indeno[1,2,3-cd]perileno; BPE - benzo[g,h,i]perileno; BaP - benzo[a]pireno. Observa-se na Tabela 2 que há razões de diagnóstico responsáveis por identificar fontes petrogênicas das pirogênicas, bem como razões comumente empregadas para diferenciar fontes pirogênicas associadas à queima de combustíveis líquidos e sólidos. Também é importante mencionar a razão formada entre o benzo[a]pireno e o benzo[g,h,i]perileno que se propõe a classificar fontes de MP oriundas do tráfego. Em estudo realizado por Cavalcante et al.,55 foram investigados 16 HPAs presente em PTS coletado da região metropolitana de Fortaleza, no Ceará. Por meio de diferentes razões de diagnóstico, os autores concluíram que veículos leves são as principais fontes de HPAs para as partículas avaliadas, enquanto as emissões industriais apresentaram contribuições modestas. Os autores também propuseram uma avaliação de risco à saúde humana sugerindo que locais com maior tráfego apresentam maior risco. Em um trabalho similar realizado por Franco et al.56 em Niterói (Rio de Janeiro), os autores observaram que veículos movidos a diesel e gasolina contribuíram majoritariamente para
  • 10. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| a presença de PTS e MP10 na atmosfera. Os autores ressaltaram ainda que o aumento da frota de veículos na região poderia ser a causa do aumento de mais de 350 % de HPAs em PTS da região entre os anos de 2005 e 2012. Pereira et al.,57 coletaram MP2,5 e MP10 durante um ano na capital do estado de São Paulo com vistas a elucidar as fontes do MP atmosférico. Por meio de razões de diagnóstico envolvendo HPAs, os autores evidenciaram forte contribuição de fontes relacionadas ao tráfego e ressaltaram que a queima de cana-de-açúcar, importante fonte de MP no estado, não é a única fonte de queima de biomassa na região. Apesar da importância dos HPAs para diagnosticar fontes, é importante mencionar que tais substâncias constituem, em média, somente cerca de 0,1 % do MP.45 Porém, mesmo sendo componentes minoritários, muitos deles são conhecidamente cancerígenos sendo intimamente associados à degradação da saúde humana. Por essa razão, a contribuição de diferentes fontes de MP constitui em importante ferramenta para avaliação de riscos.45 4. Efeitos à Saúde Segundo a OMS, os principais poluentes atmosféricos utilizados como indicadores da qualidade do ar são os gases monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) e o material particulado MP2,5 e MP10. Tais poluentes foram selecionados como parâmetros de qualidade do ar por serem mais abundantes e por provocarem efeitos adversos à saúde e ao ambiente.25 É notório que a capacidade de penetração de MP no corpo humano, a partir das vias aéreas, deverá ser maior quanto menor o for diâmetro aerodinâmico. A Figura 3 mostra um esquema representativo da penetração de MP atmosférico em diferentes partes do sistema respiratório humano. O MP10 refere-se às partículas inaláveis, uma vez que podem passar pelas cavidades nasais e bucais e penetrar até a laringe. Já partículas mais finas, como no MP2,5, podem penetrar ainda mais fundo no sistema respiratório atingindo os pulmões. Por este motivo, são denominadas partículas torácicas.18 Além do MP10 e MP2,5, pode-se também quantificar partículas ainda menores, como no MP1,0 e MP0,1. O MP1,0 compõe a fração respirável, que pode atingir regiões ainda mais profundas do sistema respiratório chegando até os alvéolos pulmonares. Já as partículas ultrafinas, o MP0,1, podem passar dos alvéolos pulmonares e alcançar o sistema circulatório.9
  • 11. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 Figura 3. Regiões de deposição para partículas atmosféricas no sistema respiratório de acordo com o diâmetro aerodinâmico. Adaptada de Guarieiro et al.18 O MP está amplamente associado a efeitos adversos à saúde humana e degradação do meio ambiente. De acordo com estimativas feitas pela OMS, a poluição atmosférica, causada por inúmeros componentes, incluindo o MP, foi responsável pela morte de 3,7 milhões de pessoas ao redor do mundo em 2012.58 Um episódio simbólico, que se tornou também um grande marco para a questão da qualidade do ar, ocorreu no ano de 1952 em Londres, na Inglaterra. No mês de dezembro, a elevada queima de carvão e outros materiais, juntamente com episódios recorrentes de inversão térmica, dificultaram a dispersão de MP e SO2 emitidos. Por esse motivo, uma espessa nuvem de poluição cobriu a cidade, dificultando a visibilidade e afetando a saúde da população exposta. Este evento atmosférico ficou conhecido como smog, resultante da junção das palavras em inglês smoke e fog, fumaça e neblina, respectivamente. Este tipo de smog é hoje conhecido como smog londrino e, ao contrário do smog fotoquímico, possui propriedades redutoras.7 O fato, também ficou conhecido como “O Grande Nevoeiro” (do inglês, Big Smoke) e foi responsável por aproximadamente 12 mil mortes além de 100 mil doentes nos cinco dias de duração do evento.59 Vários outros acontecimentos ganharam repercussão tanto no Brasil quanto no mundo. A região de Cubatão, situada no litoral no estado de São Paulo, chegou a ser considerada uma das cidades mais poluídas do mundo no final da década de 70, sendo a região chamada de “Vale da Morte”.60 Desde o início do monitoramento da qualidade do ar na cidade, à partir de 1981 até o ano de 1990, os padrões de qualidade estabelecidos à época para o MP10 foram violados todos os anos.60 Além disso, vários estudos na literatura buscaram correlações positivas entre o aumento do número de internações por doenças respiratórias e cardiovasculares e os níveis elevados de MP10, mesmo não sendo a fração mais finamente dividida do MP total .61–64 Na região metropolitana de São Paulo, os níveis de vários poluentes atmosféricos frequentemente violam os padrões de qualidade do ar.65 Nesta região, Rodrigues et al.66 propuseram quadros de mortalidade e internação hospitalar para os anos de 2012 a 2030 a partir de cenários de poluição por material particulado fino (MP2,5), tomando-se como referência o ano de 2011. Estimaram, no período, cerca de 246 mil óbitos relacionados aos efeitos adversos causados pela exposição ao MP2,5. Além disso, previram mais de 950 mil internações para o
  • 12. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| período, o que poderá levar a gastos adicionais de cerca de 1,6 bilhão com recursos destinados à saúde pública. Um estudo realizado por Han et al.67 avaliou a média global de MP2,5 entre os anos 2000 e 2010. Além da média dos valores de MP2,5 terem aumentado ao longo dos anos, os autores também constataram que a saúde humana foi potencialmente afetada. Verificaram também que 30 % da população global, ou seja, cerca de 1,94 bilhões de pessoas, encontravam-se expostas a níveis de MP2,5 acima do recomendado pela OMS no ano de 2010. Os países que apresentaram os maiores números de pessoas expostas foram a China (962 milhões) e a Índia (543 milhões). Como reflexo dessa elevada exposição, em dezembro de 2016, a capital chinesa, Pequim, além de outras 21 cidades entraram em alerta vermelho após serem verificados níveis de MP até seis vezes maiores que os recomendados pela OMS. Além disso, a população chinesa enfrentou, durante dias, uma densa névoa que afetou bastante a visibilidade em um episódio que ficou conhecido como “Arpocalipse”.68 Já na Índia, estima-se que cerca de 1,1 milhão de mortes estão relacionadas aos elevados valores de MP2,5.69 Apesar de diversos estudos da literatura apontarem que partículas menores apresentam maior potencial para causar danos à saúde de seres humanos,70 o monitoramento de MP geralmente restringe- se aos parâmetros MP10, MP2,5 e PTS (cada vez menos frequente). As partículas ultrafinas (MP0,1), por exemplo, não são monitoradas e, por contribuírem com cerca de 80 % do número total de partículas no MP,71 constituem uma questão de preocupação emergente em termos de saúde pública. A agência de proteção ambiental norte- americana, EPA (do inglês Environmental Protection Agency), reconhece que a ausência de uma rede nacional de monitoramento de MP0,1 limita a realização de estudos relacionados ao impacto dessas partículas na saúde.70 Por outro lado, no Brasil a legislação não contempla nem mesmo o MP2,5,15 o que limita ainda mais a realização de estudos que relacionem MP fino e efeitos adversos à saúde. 5. O papel do MP no Clima O MP também pode afetar o balanço de energia radiativa da terra de acordo com a sua composição, tamanho e morfologia. Assim, podem influenciar a variação de temperatura no planeta de forma direta ou indireta, conforme é mostrado na Figura 4.
  • 13. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 Figura 4. Principais fontes de MP atmosférico e seus possíveis efeitos sobre a dispersão de radiações solares O efeito direto das partículas atmosféricas no clima consiste no espalhamento ou na absorção da radiação solar que incide sobre as partículas suspensas na atmosfera.72 Por outro lado, de forma indireta, essas partículas também atuam como núcleos de condensação da água alterando assim o ciclo de vida das nuvens. As partículas com potencial para formar gotas de chuva são denominadas núcleos de condensação de nuvens (CCN, do inglês Cloud Condensation Nuclei). Nas nuvens, quanto maior o número de núcleos presentes, mais gotas de pequena dimensão podem ser formadas. Por outro lado, gotas maiores serão formadas sob menor concentração de núcleos. Dessa forma, nuvens com muitos CCN apresentam área superficial elevada o que resulta em uma reflexão da luz solar incidente cerca de 30 % maior em comparação às nuvens formadas por poucos, porém maiores CCN.7 Além disso, nuvens formadas por gotas muito pequenas terão tempo de vida maior e, consequentemente, capacidade de refletir a radiação vinda do sol por um maior período de tempo.7 Partículas emitidas, tanto por fontes naturais quanto antrópicas, podem atuar como CCN, desde que tenham afinidade por água. Desse modo, emissões antrópicas que alteram as concentrações desses núcleos na atmosfera têm potencial para afetar a formação de nuvens e, consequentemente, os padrões de chuva. Portanto, além de alterações no clima, a emissão dessas partículas pode causar alterações no ciclo hidrológico e, por conseguinte, afetar a distribuição e a disponibilidade de água.73 5.1. Balanço de energia radiativa: forçante radiativa O balanço de energia radiativa consiste em um estado de equilíbrio onde parte da radiação solar que atinge a Terra é devolvida para o espaço como calor e parte é utilizada
  • 14. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| em processos bióticos e abióticos. O efeito estufa é um fruto deste balanço, uma vez que parte da radiação reemitida pelo planeta (radiação infravermelha) permanece na troposfera pela ação de gases que a absorvem e a redirecionam. A alteração do balanço de energia radiativa geralmente acontece quando a radiação reemitida pelo planeta fica retida na troposfera além do natural aumentando, consequentemente, a temperatura do planeta. Por outro lado, este balanço também pode ser alterado quando parte da radiação emitida pelo sol é refletida pela atmosfera sem atingir a superfície do planeta. Neste caso, pode ocorrer uma diminuição da temperatura.72,74–77 Gases e partículas presentes na atmosfera possuem capacidade de alterar o fluxo natural da radiação. Ou seja, suas concentrações podem interferir tanto na quantidade de radiação que chega ao planeta, quanto naquela que é devolvida ao espaço, alterando o balanço de energia radiativa e provocando condições que levam às mudanças do clima do planeta.72 Uma das maneiras de estudar o efeito de poluentes atmosféricos sobre a variação da temperatura terrestre consiste na determinação da forçante radiativa (FR), ou seja, a perturbação do balanço de energia que entra e sai do planeta. Medida pela potência radiativa sobre uma determinada área (W m-2 ), a FR mede a diferença nos fluxos de radiação entre um estado de referência, geralmente a condição observada na era pré-industrial ou no ano de 1750, e de um estado perturbado que pretende ser avaliado.74,77 Quando a FR é positiva, haverá tendência ao aquecimento do planeta, enquanto que poluentes que apresentam FR negativa contribuirão para seu resfriamento. A Figura 5 mostra alguns componentes da atmosfera capazes de alterar a forçante radiativa do planeta. Os MP são agentes forçantes de radiação na atmosfera, ou seja, eles possuem capacidade de interferir no balanço de energia radiativa, seja de maneira direta ou indireta. De modo geral, apresentam FR líquida negativa, porém, considerando a vasta composição química do MP, é esperado que suas interações com a radiação também variem de acordo com a composição. Dentre os componentes do MP que se destacam pelas suas propriedades radiativas, estão o black carbon e alguns compostos de carbono orgânico conhecidos como brown carbon. O black carbon representa uma fração minoritária do MP atmosférico, mas apesar disso, é considerado forte absorvedor de radiação, já que possui capacidade de absorver em vários comprimentos de onda do espectro eletromagnético, incluindo as radiações solares que chegam na troposfera e as radiações emitidas pelo planeta.7 Sua presença no MP atmosférico está principalmente relacionada à queima de combustíveis fósseis em motores a combustão, aproximadamente 90 % do black carbon emitido está relacionado a queima de diesel,78 e em menor proporção à queima de biomassa.72 Embora o efeito do MP sobre a FR seja negativo, o black carbon apresenta efeito contrário, isto é, uma FR positiva.75,77 Ao contrário do black carbon, o brown carbon absorve fortemente radiação ultravioleta e parte da das radiações na região do visível, mas não na região do infravermelho.7 Apesar de também serem gerados na queima de combustíveis fósseis, sua principal fonte consiste na queima de biomassa.79,80 A queima de biomassa predominante em regiões rurais, por exemplo, contribui com MP constituído por cerca de 80 % de carbono orgânico, enquanto que em áreas urbanas essa fração é muito menor.72 Embora alguns componentes do brown carbon possuam capacidade de aquecer a atmosfera, tais como os compostos orgânicos aromáticos em geral,7 outros componentes levarão ao resfriamento, o que resulta em uma FR líquida negativa.77
  • 15. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 Figura 5. Fatores externos capazes de alterar o balanço climático do planeta. As caixas representam estimativas realizadas com base em dados empíricos, enquanto que as barras indicam estimativas guiadas por observações físicas diversas. Adaptado de Griggs et al.74 Na Figura 5, observa-se que tanto partículas quanto gases possuem capacidade de alterar a forçante radiativa do planeta. Enquanto os gases apresentam elevado tempo de residência na atmosfera, sendo homogeneamente distribuídos causando impactos climáticos globais e a longo prazo,75 o tempo de vida do black carbon e do brown carbon é consideravelmente mais curto, na faixa de dias a semanas.81 Assim, sua presença na atmosfera terrestre é heterogênea e resulta em impactos climáticos regionais e a curto prazo.76,81–83 O black carbon, devido ao curto tempo de residência na atmosfera e a sua capacidade de absorção da radiação solar, integra um grupo de poluentes conhecidos como poluentes climático de vida curta, do inglês Short-Lived Climate Pollutants.81 Os gases do efeito estufa (GEE) apresentam FR positiva e bastante elevada em relação às forçantes observadas para os tipos de partículas apresentados, que por sua vez, apresentam comportamentos distintos de acordo com a composição. Estima-se ainda que o MP na atmosfera promova um efeito indireto, também chamado de efeito indireto dos aerossóis, que resulta em FR negativa. Entretanto, o nível de conhecimento científico nesta área ainda é baixo em comparação àquele envolvendo os GEE. Portanto, são necessários mais estudos que busquem diagnosticar a presença e os efeitos do MP sobre as variações de temperatura na atmosfera. 6. Conclusão O conhecimento sobre os processos sofridos e mediados por materiais particulados atmosféricos é o primeiro passo para compreender de que forma suas diferentes fontes de emissão podem afetar aspectos tão distintos como a dinâmica da atmosfera e a saúde humana. Enquanto que a emissão de partículas de dimensões nanométricas tem sido um aspecto preocupante e emergente em termos do agravamento da saúde humana e dos seres vivos, parâmetros ainda pouco investigados como o black carbon e o brown carbon exercem efeitos importantes em termos do
  • 16. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| balanço de energia do planeta. Em ambos os casos, são necessários mais estudos de forma a possibilitar ampla compreensão dos fenômenos fisiológicos e atmosféricos diretamente impactados pela presença de MP. Agradecimentos Os autores agradecem à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF, processos no 01930012102/2016 e no 0193001370/2016) e ao Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA). Referências Bibliográficas 1 Galembeck, E.; Costa, C. A evolução da composição da atmosfera terrestre e das formas de vida que habitam a Terra. Química Nova na Escola 2016, 38, 318. [CrossRef] 2 Jardim, W. F. A evolução da atmosfera terrestre. Química Nova na Escola 2001, 1, 5. [Link] 3 Manahan, S. E.; Environmental Chemistry, 9a. ed, CRC Press: Boca Raton, 2009. 4 Rocha, J. C.; Rosa, A. H.; Cardoso, A. A. Introducão à química Ambiental, 1a. ed, Bookman: Porto Alegre, 2004. 5 Mozeto, A. A. Química Atmosférica: a química sobre nossas cabeças. Química Nova na Escola 2001, 1, 41. [Link] 6 Ayoade, J. O.; Introdução a climatologia para os trópicos, 4a. ed, Bertrand Brasil: Rio de Janeiro, 1996. 7 Jacobson, M. Z.; Air Pollution and Global Warming: History, Science, and Solutions, 2a. ed, Cambridge University Press: New York, 2012. 8 VanLoon, G. W.; Duffy, S. J.; Environmental chemistry a global perspective, 1a. ed, Oxford University Press: New York, 2000. 9 Kim, K.-H.; Kabir, E.; Kabir, S. A review on the human health impact of airborne particulate matter. Environment International 2015, 74, 136. [CrossRef] 10 Fagá, I.; Massaro, S.; Pitombo, L. R. M. Compostos de Enxofre na Atmosfera - Contribuição de Fontes Naturais e Antropogênicas. Química Nova 1985, 8, 162. [Link] 11 Martins, C. R.; Pereira, P. A. de P.; Lopes, W. A.; Andrade, J. B. de Ciclos Globais de Carbono, Nitrogênio e Enxofre : a Importância na Química da Atmosfera. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola 2003, 5, 28. [Link] 12 Martins, C. R.; De Andrade, J. B. Química atmosférica do enxofre (IV): Emissões, reações em fase aquosa e impacto ambiental. Química Nova 2002, 25, 259. [CrossRef] 13 Miguel, A. H. Poluição atmosférica urbana no Brasil: uma visão geral. Química Nova 1992, 15, 118. [CrossRef] [PubMed] 14 Tolentino, M.; Rocha-Filho, R. C. A química no efeito estufa. Química Nova 1998, 10. [Link] 15 Baird, C.; Cann, M. Química Ambiental, 4a. ed, Bookman: Porto Alegre, 2011. 16 Arsene, C.; Olariu, R. I.; Zarmpas, P.; Kanakidou, M.; Mihalopoulos, N. Ion composition of coarse and fine particles in Iasi, north-eastern Romania: Implications for aerosols chemistry in the area. Atmospheric Environment 2011, 45, 906. [CrossRef] 17 Choi, N. R.; Lee, S. P.; Lee, J. Y.; Jung, C. H.; Kim, Y. P. Speciation and source identification of organic compounds in PM10 over Seoul, South Korea. Chemosphere 2016, 144, 1589. [CrossRef] [PubMed] 18 Guarieiro, L. L. N.; Vasconcellos, P. C.; Solci, M. C. Air Pollutants from the Burning of Fossil Fuels and Biofuels: A Brief Review. Revista Virtual de Química 2011, 3, 434. [CrossRef] 19 Cass, G. R. Organic molecular tracers for particulate air pollution sources. TrAC - Trends in Analytical Chemistry 1998, 17, 356. [CrossRef]
  • 17. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 20 Cunningham, E. On the Velocity of Steady Fall of Spherical Particles through Fluid Medium. Proceedings of the Royal Society A Mathematical, Physical and Engineering Sciences 1910, 83, 357. [CrossRef] [PubMed] 21 Jaenicke, R. Natural Aerosols. Annals of the New York Academy of Sciences 1980, 338, 317. [CrossRef] 22 Rodhe, H.; Grandell, J. On the removal time of aerosol particles from the atmosphere by precipitation scavenging. Tellus 1972, 24, 442. [CrossRef] 23 Qualidade do ar no estado de São Paulo 2016 CETESB: São Paulo, 2017. [Link] 24 Resolução CONAMA no 3 de 28 de junho de 1990 Diário Oficial da União, 1990. [Link] 25 Air quality guidelines for particulate matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur dioxide: global update 2005: summary of risk assessment Geneva, 2006. [Link] 26 Muhlfeld, C.; Rothen-Rutishauser, B.; Blank, F.; Vanhecke, D.; Ochs, M.; Gehr, P. Interactions of nanoparticles with pulmonary structures and cellular responses. American Journal of Physiology Lung Cellular and Molecular Physiology 2008, 294, L817. [CrossRef] [PubMed] 27 Wong, T. Y. Smog induces oxidative stress and microbiota disruption. Journal of Food and Drug Analysis 2017, 25, 235. [CrossRef] [PubMed] 28 Grythe, H.; Ström, J.; Krejci, R.; Quinn, P.; Stohl, A. A review of sea-spray aerosol source functions using a large global set of sea salt aerosol concentration measurements. Atmospheric Chemistry and Physics 2014, 14, 1277. [CrossRef] 29 Tavares, J. P. N. Interação entre a vegetação e a atmosfera para formação de nuvens e chuva na Amazônia: uma revisão. Estudos Avançados 2012, 26, 219. [CrossRef] 30 Kavouras, I. G.; Mihalopoulos, N.; Stephanou, E. G. Formation of atmospheric particles from organic acids produced by forests. Nature 1998, 395, 683. [CrossRef] [PubMed] 31 Wang, J.; Krejci, R.; Giangrande, S.; Kuang, C.; Barbosa, H. M. J.; Brito, J.; Carbone, S.; Chi, X.; Comstock, J.; Ditas, F.; Lavric, J.; Manninen, H. E.; Mei, F.; Moran-Zuloaga, D.; Pöhlker, C.; Pöhlker, M. L.; Saturno, J.; Schmid, B.; Souza, R. A. F.; Springston, S. R.; Tomlinson, J. M.; Toto, T.; Walter, D.; Wimmer, D.; Smith, J. N.; Kulmala, M.; Machado, L. A. T.; Artaxo, P.; Andreae, M. O.; Petäjä, T.; Martin, S. T. Amazon boundary layer aerosol concentration sustained by vertical transport during rainfall. Nature 2016, 539, 416. [CrossRef] [PubMed] 32 Harrison, R. M.; Jones, A. M.; Gietl, J.; Yin, J.; Green, D. C. Estimation of the contributions of brake dust, tire wear, and resuspension to nonexhaust traffic particles derived from atmospheric measurements. Environmental Science & Technology 2012, 46, 6523. [CrossRef] [PubMed] 33 Priority Substances List Assessment Report: Respirable Particulate Matter Less Than or Equal to 10 Microns 2000. [Link] 34 Moreno, T.; Querol, X.; Alastuey, A.; Gibbons, W. Identification of chemical tracers in the characterisation and source apportionment of inhalable inorganic airborne particles: An overview. Biomarkers 2009, 14, 17. [CrossRef] [PubMed] 35 Allen, A. G.; Cardoso, A. A.; Wiatr, A. G.; MacHado, C. M. D.; Paterlini, W. C.; Baker, J. Influence of intensive agriculture on dry deposition of aerosol nutrients. Journal of the Brazilian Chemical Society 2010, 21, 87. [CrossRef] 36 Godoy, M. L. D. P.; Godoy, J. M.; Roldão, L. A.; Soluri, D. S.; Donagemma, R. a. Coarse and fine aerosol source apportionment in Rio de Janeiro, Brazil. Atmospheric Environment 2009, 43, 2366. [CrossRef] 37 Maenhaut, W.; Vermeylen, R.; Claeys, M.; Vercauteren, J.; Roekens, E. Sources of the PM10 aerosol in Flanders, Belgium, and re- assessment of the contribution from wood burning. Science of the Total Environment 2016, 562, 550. [CrossRef] [PubMed] 38 Viana, M.; Kuhlbusch, T. a J.; Querol, X.; Alastuey, A.; Harrison, R. M.; Hopke, P. K.;
  • 18. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| Winiwarter, W.; Vallius, M.; Szidat, S.; Prévôt, a. S. H.; Hueglin, C.; Bloemen, H.; Wåhlin, P.; Vecchi, R.; Miranda, a. I.; Kasper-Giebl, A.; Maenhaut, W.; Hitzenberger, R. Source apportionment of particulate matter in Europe: A review of methods and results. Journal of Aerosol Science 2008, 39, 827. [CrossRef] 39 Almeida, S. M.; Pio, C. A.; Freitas, M. C.; Reis, M. A.; Trancoso, M. A. Source apportionment of fine and coarse particulate matter in a sub-urban area at the Western European Coast. Atmospheric Environment 2005, 39, 3127. [CrossRef] 40 Pokorná, P.; Hovorka, J.; Hopke, P. K. Source apportionment of size resolved particulate matter in European air pollution hot spot. Science of the Total Environment 2015, 502, 5933. [CrossRef] [PubMed] 41 Da Rocha, G. O.; Allen, A. G.; Cardoso, A. A. Influence of agricultural biomass burning on aerosol size distribution and dry deposition in southeastern Brazil. Environmental Science & Technology 2005, 39, 5293. [CrossRef] [PubMed] 42 Chan, E. A. W.; Gantt, B.; McDow, S. The reduction of summer sulfate and switch from summertime to wintertime PM2.5concentration maxima in the United States. Atmospheric Environment 2018, 175, 25. [CrossRef] 43 Alves, C. A.; Pio, C. A.; Duarte, A. G. Particulate size distributed organic compounds in a forest atmosphere. Environmental Science & Technology 2000, 34, 4287. [CrossRef] 44 Kavouras, I. G.; Stephanou, E. G. Particle size distribution of organic primary and secondary aerosol constituents in urban, background marine, and forest atmosphere. Journal of Geophysical Research 2002, 107, 4069. [CrossRef] 45 Tobiszewski, M.; Namieśnik, J. PAH diagnostic ratios for the identification of pollution emission sources. Environmental Pollution 2012, 162, 110. [CrossRef] [PubMed] 46 Soclo, H. H.; Garrigues, P.; Ewald, M. Origin of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in coastal marine sediments: Case studies in Cotonou (Benin) and Aquitaine (France) Areas. Marine Pollution Bulletin 2000, 40, 387. [CrossRef] [PubMed] 47 Dvorská, A.; Lammel, G.; Klánová, J. Use of diagnostic ratios for studying source apportionment and reactivity of ambient polycyclic aromatic hydrocarbons over Central Europe. Atmospheric Environment 2011, 45, 420. [CrossRef] 48 Chen, S.; Wang, J.; Wang, T.; Wang, T.; Mai, B.; Massey, S. L. Seasonal variations and source apportionment of complex polycyclic aromatic hydrocarbon mixtures in particulate matter in an electronic waste and urban area in South China. Science of the Total Environment 2016, 573, 115. [CrossRef] 49 Katsoyiannis, A.; Sweetman, A. J.; Jones, K. C. PAH molecular diagnostic ratios applied to atmospheric sources: A critical evaluation using two decades of source inventory and air concentration data from the UK. Environmental Science & Technology 2011, 45, 8897. [CrossRef] [PubMed] 50 Hu, R.; Liu, G.; Zhang, H.; Xue, H.; Wang, X. Levels and Sources of PAHs in Air-borne PM2.5 of Hefei City, China. Bullentin of Environmental Contamination and Toxicology 2017, 98, 270. [CrossRef] 51 Yang, T.-T.; Hsu, C.-Y.; Chen, Y.-C.; Young, L.-H.; Huang, C.-H.; Ku, C.-H. Characteristics, Sources, and Health Risks of Atmospheric PM2.5-Bound Polycyclic Aromatic Hydrocarbons in Hsinchu, Taiwan. Aerosol and Air Quality Research 2016, 563. [CrossRef] 52 Yunker, M. B.; Macdonald, R. W.; Vingarzan, R.; Mitchell, R. H.; Goyette, D.; Sylvestre, S. PAHs in the Fraser River basin: A critical appraisal of PAH ratios as indicators of PAH source and composition. Organic Geochemistry 2002, 33, 489. [CrossRef] [PubMed] 53 Cazier, F.; Genevray, P.; Sichel, F.; Gualtieri, M.; Shirali, P.; Courcot, D.; Billet, S. Fine and
  • 19. Brito, G. F. S. et al. Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |no prelo| 000 ultra fine atmospheric particulate matter at a multi-influenced urban site: Physicochemical characterization, mutagenicity and cytotoxicity. Environmental Pollution 2017, 221, 130. [CrossRef] 54 Pandey, P. K.; Patel, K. S.; Lenicek, J. A. N. Polycyclic Aromatic Hydrocarbons: Need for asseessment of Health Risks in India? Study of An Urban-Industrial Location in India. Environmental Monitoring and Assessment 1999, 59, 287. [CrossRef] 55 Cavalcante, R. M.; Rocha, C. A.; De Santiago, Í. S.; Da Silva, T. F. A.; Cattony, C. M.; Silva, M. V. C.; Silva, I. B.; Thiers, P. R. L. Influence of urbanization on air quality based on the occurrence of particle-associated polycyclic aromatic hydrocarbons in a tropical semiarid area (Fortaleza-CE, Brazil). Air Quality, Atmosphere & Health 2017, 10, 437. [CrossRef] 56 Franco, C. F. J.; Ochs, S. M.; Grotz, L. O.; Furtado, L. A.; Netto, A. D. P. Simultaneous evaluation of polycyclic aromatic hydrocarbons and carbonyl compounds in the atmosphere of Niteroi City, RJ, Brazil. Atmospheric Environment 2015, 106, 24. [CrossRef] 57 Martins Pereira, G.; Teinilä, K.; Custódio, D.; Gomes Santos, A.; Xian, H.; Hillamo, R.; Alves, C. A.; Bittencourt De Andrade, J.; Olímpio Da Rocha, G.; Kumar, P.; Balasubramanian, R.; De Fátima Andrade, M.; Vasconcellos, P. D. C. Particulate pollutants in the Brazilian city of São Paulo: 1-year investigation for the chemical composition and source apportionment. Atmospheric Chemistry and Physic 2017, 17, 11943. [CrossRef] 58 Burden of disease from Ambient Air Pollution for 2012 Geneva, 2014. [Link] 59 Berend, I. T.; An Economic History of Twentieth-Century Europe, 1a. ed, Cambridge University Press: New York, 2006. 60 Alonso, C. D.; Godinho, R. A evolução da qualidade do ar em Cubatão. Química Nova 1992, 15, 125. [Link] 61 Liehuit, M. van; Martens, P. Scenarios of Vector-Borne Diseases and Heat Stress in Europe. Epidemiology 2004, 15, 28. [CrossRef] 62 Tayra, F.; Ribeiro, H.; Nardocci, A. de C. Avaliação econômica dos custos da poluição em cubatão - SP com base nos gastos com saúde relacionados às doenças dos aparelhos respiratório e circulatório. Saúde e Sociedade 2012, 21, 760. [CrossRef] 63 Jasinski, R.; Pereira, L. A. A.; Braga, A. L. F. Air pollution and pediatric hospital admissions due to respiratory diseases in Cubatão, São Paulo State, Brazil, from 1997 to 2004. Cadernos de Saúde Pública 2011, 27, 2242. [CrossRef] [PubMed] 64 Nardocci, A. C.; Freitas, C. U. de; Ponce de Leon, A. C. M.; Junger, W. L.; Gouveia, N. da C. Poluição do ar e doenças respiratórias e cardiovasculares: estudo de séries temporais em Cubatão, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública 2013, 29, 1867. [CrossRef] [PubMed] 65 Andrade, M. de F.; Kumar, P.; de Freitas, E. D.; Ynoue, R. Y.; Martins, J.; Martins, L. D.; Nogueira, T.; Perez-Martinez, P.; de Miranda, R. M.; Albuquerque, T.; Gonçalves, F. L. T.; Oyama, B.; Zhang, Y. Air quality in the megacity of São Paulo: Evolution over the last 30 years and future perspectives. Atmospheric Environment 2017, 159, 66. [CrossRef] 66 Rodrigues, C. G.; Vormittag, E. da M. P. A.; Cavalcante, J. A.; Saldiva, P. H. N. Projeção da mortalidade e internações hospitalares na rede pública de saúde atribuíveis à poluição atmosférica no Estado de São Paulo entre 2012 e 2030. Revista Brasileira de Estudos de População 2015, 32, 489. [CrossRef]. 67 Han, L.; Zhou, W.; Li, W.; Qian, Y. Global population exposed to fine particulate pollution by population increase and pollution expansion. Air Quality, Atmosphere & Health 2017, 1221. [CrossRef] 68 “Arpocalipse” na China: poluição coloca meio bilhão de pessoas em alerta vermelho. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/internacio nal-38393259> Acesso em 05 dezembro 2017.
  • 20. Brito, G. F. S. et al. 000 Rev. Virtual Quim. |Vol 10| |No. 5| |XXX| 69 Índia iguala China em número de mortes por poluição. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/india- iguala-china-em-numero-de-mortes-por- poluicao-20925734> Acesso em 05 dezembro 2017. 70 Baldauf, R. W.; Devlin, R. B.; Gehr, P.; Giannelli, R.; Hassett-Sipple, B.; Jung, H.; Martini, G.; McDonald, J.; Sacks, J. D.; Walker, K. Ultrafine particle metrics and research considerations: Review of the 2015 UFP workshop. International Journal of Environmental Research and Public Health 2016, 13, 1. [CrossRef] [PubMed] 71 Reggente, M.; Peters, J.; Theunis, J.; Van Poppel, M.; Rademaker, M.; De Baets, B.; Kumar, P. A comparison of strategies for estimation of ultrafine particle number concentrations in urban air pollution monitoring networks. Environmental Pollution 2015, 199, 209. [CrossRef] [PubMed] 72 Ambrizzi, T., Araujo, M.; Base científica das mudanças climaticas: Volume 1 - Primeiro relatório de avaliação nacional Rio de Janeiro, 2014. [Link] 73 Caetano-Silva, L.; Allen, A. G.; Campos, M. L. A. M.; Cardoso, A. A. Will It Rain? Activities investigating aerosol hygroscopicity and deliquescence. Journal of Chemical Education 2015, 92, 672. [CrossRef] 74 Griggs, D. J.; Noguer, M. Climate change 2001: The scientific basis. Contribution of Working Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Weather 2002, 57, 267. [CrossRef] [PubMed] 75 U.S.EPA Report to Congress on Black Carbon.; Departments of the Interior, Environment, and Related Agencies Appropriations Act 2010, 2012. [Link] 76 Artaxo, P.; Oliveira, P. H.; Lara, L. L.; Pauliquevis, T. M.; Rizzo, L. V.; Junior, C. P.; Paixão, M. A.; Longo, K. M.; Freitas, S. De; Correia, A. L. Efeitos climáticos de partículas de aerossóis biogênicos e emitidos em queimadas na Amazônia. Revista Brasileira de Meteorologia 2006, 21, 168. [Link] 77 Solomon, S.; Qin, D.; Chen, M. Z.; Marquis, M.; Averyt, K. B.; Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernamental Panel on Climate Change Cambridge University Press: New York, 2007. [Link] 78 Miguel, A. H.; Kirchstetter, T. W.; Harley, R. A.; Hering, S. V. On-road emissions of particulate polycyclic aromatic hydrocarbons and black carbon from gasoline and diesel vehicles. Environmental Science & Technology 1998, 32, 450. [CrossRef] 79 Lack, D. A.; Langridge, J. M.; Bahreini, R.; Cappa, C. D.; Middlebrook, A. M.; Schwarz, J. P. Brown carbon and internal mixing in biomass burning particles. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 2012, 109, 14802. [CrossRef] [PubMed] 80 Sumlin, B. J.; Heinson, Y. W.; Shetty, N.; Pandey, A.; Pattison, R. S.; Baker, S.; Hao, W. M.; Chakrabarty, R. K. UV–Vis–IR spectral complex refractive indices and optical properties of brown carbon aerosol from biomass burning. Journal of Quantitative Spectroscopy and Radiative Transfer 2018, 206, 392. [CrossRef] 81 Pierrehumbert, R. T. Short-Lived Climate Pollution. Annual Review of Earth and Planetary Sciences 2014, 42, 341. [CrossRef] 82 Theotônio, P.; Artaxo, P.; Paulo Henrique, O.; Paixão, M. O Papel Das Partículas De Aerossol No Funcionamento Do Ecossistema Amazônico. Mudanças climáticas/Artigos 2007, 48. [Link] 83 Feng, Y.; Ramanathan, V.; Kotamarthi, V. R. Brown carbon: A significant atmospheric absorber of solar radiation. Atmospheric Chemistry and Physics 2013, 13, 8607. [CrossRef]