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No 81 – Julho de 2001

                                                                                                       ESPECIAL




       CONSELHOS DE SAÚDE
        E CONTROLE SOCIAL
                                           é ainda um grande desafio. Os Conse-            A idéia ganhou corpo quando se
                                           lhos de Saúde ainda não estão implan-      viu, nos grupos de trabalho e na plená-
                                           tados em todo o País e muitos dos que      ria da Conferência, que uma das princi-
                                           já existem têm encontrado dificuldades     pais demandas dos delegados era
                                           para exercerem satisfatoriamente seu       justamente por mais informação e me-
                                           papel. As maiores dificuldades estão re-   lhor capacitação, ferramentas indispen-
                                           lacionadas ao aprendizado necessário       sáveis para que conselheiros municipais
                                           para o pleno exercício da democracia,      e estaduais de saúde exerçam seu tra-
                                           da cidadania, da participação e do con-    balho com eficiência.
                                           trole social.                                   Esta publicação do Radis tem como
                                                Se considerarmos o Conselho de        base o texto das cartilhas e pretende
                                           Saúde como um importante espaço pú-        servir de subsídio para conselheiros e
                                           blico de Controle Social, é necessário     todos os que participam do processo de
                                           fortalecer a sociedade organizada, ex-     construção de uma saúde pública de
                                           pressa pelos Movimentos Sociais e Or-      qualidade. O essencial, no entanto, é
                                           ganizações Não Governamentais (ONGs),      que o leitor – conselheiro ou não – pos-



N
          a luta pela democratização do    para que, nos Conselhos, os Conselhei-     sa refletir sobre cada uma das questões
          País, o Movimento Sanitário      ros representem de fato a sociedade que    apresentadas, adaptando-as ao seu mu-
          Brasileiro, representando a      lhes dá sustentação. Para que isso ocor-   nicípio, e compreender a importância
          força de organização da soci-    ra, a palavra chave passa a ser            de sua participação.
edade civil na área da saúde, teve pa-     capacitação.
pel fundamental na construção do                O tema desta Súmula Especial sur-
projeto de saúde pública que resultou      giu durante a 11a Conferência Nacional
na implantação de um sistema de saú-       de Saúde, realizada em Brasília em de-
de – o SUS -, cujo objetivo é garantir a   zembro de 2000, quando a equipe do
toda a população uma saúde de quali-       Radis visitou o espaço destinado à Se-
dade em todos os seus níveis. Mais do      cretaria Estadual de Saúde de Mato Gros-
que isso, o movimento garantiu a cria-     so (SES-MT) e percebeu a necessidade
ção dos Conselhos de Saúde, nos quais      de dar um caráter nacional a uma inici-
a população tem direito de fiscalizar as   ativa desenvolvida naquele Estado: a
ações do Estado em relação à elabora-      publicação de duas cartilhas sobre os
ção, controle e fiscalização das políti-   conceitos e a estrutura de funcionamen-
cas de saúde.                              to do Sistema Único de Saúde (SUS) no
     Entre a elaboração de um projeto      Brasil, instrumentos importantes para
e sua efetivação existe, no entanto, uma   o treinamento de mais de 700 conse-
grande distância. Operacionalizar o SUS    lheiros, em 114 municípios do estado.
INTRODUÇÃO




                       Sistema Único
                          de Saúde
                             O que é? Como funciona?



O      SUS é a união de todas
      as ações e serviços de
saúde públicos e privados
                                                                                                            A descentralização per-
                                                                                                       mite a divisão de responsa-
                                                                                                       bilidades entre os governos
contratados para garantir a                                                                            federal, estadual e municipal,
todos os cidadãos brasileiros                                                                          representado por níveis de
(universalidade) acesso à                                                                              gestão distintos. Segundo a
promoção da saúde, preven-                                                                             Norma Operacional Básica do
ção de doenças e assistência                                                                           SUS de1996 (NOB/SUS núme-
médica (integralidade). Pre-                                                                           ro 01/96), os estados podem
visto na Constituição Fede-                                                                            estar em gestão Avançada ou
ral de 88 (art.196) e                                                                                  Plena do Sistema de Saúde,
regulamentado pela Lei Orgâ-                                                                           e os municípios em gestão
nica da Saúde (Lei nº                                                                                  Plena de Atenção Básica ou
8080/90 e Lei nº 8142/91),                                                                             em Plena do Sistema Muni-
é uma rede hierar-quizada,                                                                             cipal. A Atenção Básica
regionalizada e descentrali-                                                                           constitui as ações que es-
zada sob o comando único                                                                               tão no primeiro nível no
em cada nível de governo –                                                                             sistema de saúde e inclui
federal, estadual e munici-                                                                            promoção, prevenção, tra-
pal. Gerido pelo poder pú-                                                                             tamento e reabilitação.
b l ic o e f i na nc ia d o c o m                                                                           Há algumas exigências
recursos da união, estados                                                                             para a habilitação nestas
e mu n ic í p io s, i nc o r p o ra                                                                    gestões: os municípios pre-
também o controle social,                                                                              cisam comprovar a existên-
mediante a participação da            todas as suas dimensões e o        COMO É ORGANIZADO?            cia de um Plano Municipal
população nos Conselhos de            Sistema Unificado e Descentra-        O SUS organiza-se de       de Saúde, um Fundo Muni-
Saúde e Conferências de Saú-          lizado de Saúde – SUDS, criado   modo a aproveitar ao máxi-      cipal de Saúde, capacidade
de em seus diferentes níveis          em 1987, foi implementado        mo os recursos existentes.      para gerir as ações, exercer
de organização. O SUS substi-         pelo antigo INAMPS em asso-      Uma das iniciativas é o Con-    o controle dos serviços e pos-
tuiu, na área da saúde, o sis-        ciação com o Ministério da       sórcio Intermunicipal de Saú-   suir um Conselho Municipal
tema do antigo Instituto de           Saúde para aumentar o repas-     de, onde diversos municípios    de saúde atuante, entre ou-
Assistência Médica e Previdên-        se de recursos para Estados e    juntos assumem a prestação      tras. Os estados precisam
cia Social, o direito à saúde em      Municípios.                      de um serviço.                  também que 80% de seus

Página 2                                                        Julho de 2001                                               Súmula 81
municípios estejam em algum        ferentes níveis de governo,         SUS: 85% CONSIDERAM                  CONTROLE SOCIAL
tipo de enquadramento ou que       o SUS prevê comissões entre          ATENDIMENTO BOM OU                 A Constituição garante
os já enquadrados representem      estados e seus municípios (Co-             EXCELENTE               em seu artigo 6º “a saúde, a
60% de sua população.              missões Intergestoras Bipartite        Os brasileiros estão mui-   educação, o trabalho, o lazer,
      As ações e serviços abran-   – CIB) e entre União, estados     to mais satisfeitos com os       a segurança, a previdência
gidos pelo SUS vão desde a pro-    e municípios (Comissão            hospitais brasileiros do que     social, a proteção à mater-
moção da saúde, estimulando        Intergestora Tripartite – CIT),   se pode imaginar. Pesquisa       nidade, a assistência aos de-
hábitos mais saudáveis, preven-    que reúnem-se regularmente.       feita pelo Ministério da Saú-    samparados”, como direitos
ção de doenças, por meio de ati-                                     de a partir da resposta de 110   sociais. “Mas temos hoje ser-
vidade de educação em saúde,               PROBLEMAS                 mil usuários do Sistema Úni-     viços de rico para rico e ser-
vacinação em massa até a pres-          O sucesso da implanta-       co de Saúde (SUS) mostra que     viços de pobres para pobres”,
tação de assistência médica –      ção ainda encontra barreiras      85% dos entrevistados con-       afirmou a Professora da UFRJ,
consultas, exames, fornecimen-     na cultura política brasilei-     sideram excelente ou bom o       Laura Tavares, durante a 11ª
to de medicamentos básicos.        ra. Uma das conseqüências         atendimento oferecido pelos      Conferência Nacional de Saú-
                                   está no percentual do PIB         hospitais vinculados ao SUS;     de, realizada em dezembro de
    COMO É FINANCIADO?             destinado ao setor: apenas        11% classificaram como re-       2000.
       A maior parte do finan-     2,10%. O Conselho Nacional        gular; 2% como ruim; e 2%             A representante dos usu-
ciamento do SUS provém de          de Saúde aponta que a arre-       como péssimo.                    ários, Maria Betânia Ávila, con-
contribuições sociais de em-       cadação da União cresceu               Os estados com maiores      corda com este diagnóstico:
pregados e empregadores,           80% entre 1995 e 1999. Se a       índices de satisfação são, na    "Ser usuário do SUS ainda está
r e c u r s o s do F u n do d e    proporcionalidade de distri-      ordem decrescente de satis-      associado a uma desigualda-
Mobilização Social e, mais         buição das receitas tivesse       fação: São Paulo, Rio Grande     de de classe. Ainda está as-
recentemente, de recursos          sido mantida, o orçamento da      do Sul, Minas gerais, Paraná     sociado à aspiração de possuir
da Contribuição Provisória         saúde teria chegado a 38 bi-      e Goiás. Dentre as cidades,      outro meio de acesso à saú-
sobre Movimentação Finan-          lhões em 2000, em vez dos         as mais satisfeitas são:         de. Esse é um caminho peri-
ceira (CPMF), arrecadados          22 bilhões observados.            Florianópolis, Porto Alegre,     goso, já que o sistema de
pela União.                                                          Curitiba, São Paulo e Belo       saúde privado não tem ofere-
       O total de recursos para             HISTÓRICO                horizonte.                       cido serviços para cidadãos,
assistência à saúde é trans-             "Apesar de você, ama-            A pesquisa mostra que       mas para consumidores".
ferido pela União a municí-        nhã há de ser outro dia." Foi     pacientes estão satisfeitos           O controle social – um
pios diretamente do Fundo          com essas palavras que, na                                         dos fatores mais importantes
Nacional de Saúde para os          década de 70, Chico Buarque                                          para o sucesso na implan-
Fundos Municipais de saúde.        burlou a severa 'lei do silên-                                           tação do SUS – é a ca-
A União também repassa re-         cio' e mandou um recado à                                                 pacida de      que      a
cursos diretamente do Fun-         Ditadura Militar. O regime foi                                             sociedade civil tem
do Nacional de Saúde para os       responsável por um modelo                                                   de interferir na ges-
Fundos Estaduais. Todas es-        de desenvolvimento no setor                                                 tão pública, colo-
sas transferências estão limi-     de saúde pública que benefi-                                                 cando as ações do
tadas a tetos financeiros          ciava apenas as pessoas                                                      Estado na direção
calculados considerando-se a       inseridas no mercado de tra-                                       dos interesses da comunida-
população de cada unidade          balho. O Movimento Sanitá-                                         de. Representando a Central
da Federação e, principal-         rio foi uma das iniciativas da                                     Única dos Trabalhadores
mente, a extensão e comple-        sociedade em defesa da de-                                         (CUT), Mônica Valente, na
xidade da rede de serviços         mocratização desse sistema,                                        mesma Conferência, ressal-
(leia mais na pág. 10).            tendo um papel fundamental                                         tando a importância da par-
                                   na construção de um projeto                                        ticipação de todos os setores
   COMO É GERENCIADO ?             de saúde pública que resul-                                        da sociedade no processo,
     O comando único em            tou na implantação do SUS.                                         disse: ”O que temos acompa-
cada nível de governo serve        O processo de descentra-                                           nhado em inúmeras cidades
para estabelecer a responsa-       lização do Sistema de Saúde       principalmente com o aten-       onde busca-se implantar o
bilidade pelas ações em uma        Brasileiro teve início na dé-     dimento médico. A equipe         SUS é que, quanto menor o
determinada base territorial       cada de 80, sendo legitima-       médica recebeu nota média        controle social, pior tem
ou hierarquia da atenção à         do pela Constituição Federal      de 8,3 (numa escala de zero      sido sua implantação. E não
saúde, para que não haja           de 88, e seu sucesso depen-       a dez), nota média mais alta     há controle social – logo
superposição de esforços e         de diretamente da ação con-       entre os ítens da pesquisa.;     não há SUS – se ele não
conflitos de poder. Para su-       junta do Estado e da              A mais baixa ficou com as        atingir os fundos e o orça-
perar conflitos entre os di-       sociedade civil.                  instalações físicas, 7,7.        mento da saúde”.

Súmula 81                                                     Julho de 2001                                                   Página 3
CONTROLE SOCIAL




 Conselhos de Saúde
                           Espaços de participação social

O     Conselho Nacional de Saú
     de – CNS – é um espaço de
participação social na adminis-
                                  trinta dias após sua aprovação
                                  pelo Plenário. As votações são
                                  apuradas pela contagem de
                                                                    federadas, e os próprios conse-
                                                                    lhos apuram sua paridade, regu-
                                                                    laridade das reuniões e controle
                                                                                                        envolvam áreas como alimenta-
                                                                                                        ção, nutrição, saneamento e
                                                                                                        meio ambiente, entre outras.
tração do Sistema Público e       votos a favor, contra e absten-   social. De acordo com o site do          Os grupos de trabalho são
atua no controle da execução      ções, mediante manifestação       Conselho Nacional de Saúde          criados pelo Plenário com o
da política de saúde estabele-    expressa de cada conselheiro,     (http://www.saude.gov.br),          objetivo de articular progra-
cendo estratégias de coorde-      ficando excluída a possibilida-   estima-se hoje que existam cer-     mas de saúde. Saneamento,
nação e gestão do SUS. É uma      de de votação secreta. O Con-     ca de 4 mil Conselhos Munici-       meio ambiente, alimentação e
atividade não remune-                                                        pais de Saúde, dos quais   nutrição estão entre os temas
rada e aberta à parti-                                                       mil ainda com compo-       abordados. As comissões e gru-
cipação da sociedade.                                                        sição e funcionamento      pos de trabalho são dirigidos
Baseado na Constitui-                                                        precários, o que resulta   por um Coordenador designa-
ção Federal, na Lei Or-                                                      uma estimativa por vol-    do pelo Plenário do Conselho
gânica da Saúde (Lei                                                         ta de 45 mil conselhei-    Nacional de Saúde. A Secretaria
nº 8.080/90) e na Lei                                                        ros de saúde nas três      Executiva é a unidade de apoio
nº 8.142/90, o Conselho                                                      esferas do governo.        ao funcionamento do Conselho
consolida o controle so-                                                                                de Saúde. Subordinada ao Ple-
cial, por intermédio dos                                                           ESTRUTURA            nário do Conselho, sua função é
Conselhos Estaduais e                                                              O Conselho Naci-     secretariar as reuniões, divulgar
Municipais.                                                                  onal de Saúde é com-       as deliberações e manter inter-
      O CNS é uma ins-                                                       posto pelo Plenário,       câmbio com as unidades do Sis-
tância coletiva, com                                                         comissões e grupos de      tema Único de Saúde.
poder de decisão. Liga-                                                      trabalho e Secretaria
do ao Poder executivo,                                                       Executiva. Os atos são
é composto por 50% de                                                        ho mologados pelo
usuários, 25% de tra-                                                        chefe do poder execu-
balhadores de saúde e                                                        tivo local ou por secre-
25% de prestadores de                                                        tários Estadua is e
serviços. Representan-                                                       Municipais.
tes do Governo, profis-                                                            O Plenário é um
s io na i s de s a ú de e                                                    fórum de deliberações
usuários estão entre os                                                      votadas em reuniões
participantes e o nú-                                                        mensais. Baseado em
mero de conselheiros                                                         um regimento interno, é
varia entre 10 e 20                                                          composto por conse-
membros. O presidente é elei-     selho conta ainda com o apoio     lheiros com mandato de dois
to entre os membros e a re-       administrativo do Governo na      anos. São funções dos conselhei-
pre se nta ç ã o de p e nde da    estrutura e funcionamento, ga-    ros: representação dos interes-
realidade existente em cada       rantindo-lhes a dotação orça-     ses específicos de seu segmento
área, preservando-se o princí-    mentária.                         social ou governamental e de           CONSELHOS ESTADUAIS
pio da paridade em relação aos          O desenvolvimento do con-   formulação e deliberação cole-               E MUNICIPAIS
usuários, e começam com a         trole social no SUS através dos   tiva no órgão colegiado, pelo de         Os Conselhos estaduais são
presença mínima da metade         Conselhos começa a transparecer   posicionamento a favor dos in-      compostos por representantes do
mais um de seus membros.          com a implementação na Norma      teresses da população usuária do    Governo Federal, (indicados pelo
Cada membro terá direito a um     Operacional Básica, a NOB-93,     Sistema Único de saúde.             Ministro de Estado da Saúde e
voto. As resoluções serão ho-     que sistematiza melhor o pro-           As Comissões, constituí-      outros Ministérios), representan-
mologadas pelo Ministro de        cesso de descentralização.        das por força da lei 8080/90,       tes da Secretaria de Saúde do Es-
Estado da Saúde e publicadas      Acelera-se a criação dos Con-     têm por finalidade articular        tado, das Secretarias Municipais
no Diário Oficial da União        selhos de Saúde, completando-     políticas e programas de interes-   de Saúde, dos trabalhadores da
(D.O.U.) no prazo máximo de       os em todas as unidades           se para saúde cujas execuções       área de saúde e prestadores de


Página 4                                                     Julho de 2001                                                     Súmula 81
serviço de saúde, sen-
do 50% de entidades
                                                 esfera local. Recu-
                                                 peramos uma visão
                                                                               ria do fundo de Saúde, acom-
                                                                               panhando a movimentação
                                                                                                                  Formando
filantrópicas e 50%
de entidades não fi-
                                                 comunitária, onde
                                                 pessoas e famílias
                                                                               dos recursos.                     conselheiros
                                                                            ! Opinar sobre a criação de
lantrópicas. A efetiva                           passam a ser co-                                                    O Programa de Apoio ao
                                                                              novos cursos superiores na
participação do usu-                             responsáveis por                                             Fortalecimento do Controle So-
                                                                              área de saúde, em articu-
ário depende da                                  sua saúde e bem                                              cial no Sus foi criado a partir
                                                                              lação com o Ministério da
mobilização das enti-                            estar. Instituir um                                          de uma parceria entre a Secre-
                                                                              Educação e do Desporto.
dades representativas                            poder local como                                             taria de Gestão de Investimen-
da sociedade em de-                              sistema organizado                                           tos em Saúde do Ministério da
                                                                               NA PONTA DA LÍNGUA
fesa do SUS e da saú-                            de consensos da                                              Saúde (SIS/MS), o Conselho
                                                                                 Leis e resoluções que todo
de pública, propondo                             sociedade civil                                              Nacional de Saúde (CSN) e o
                                                                            conselheiro deve conhecer:
caminhos e soluções,                             num espaço limita-                                           Ministério público (MP). Seu
qualificando-se para                             do implica altera-
                                                                            ! Lei 8080, de19/set/1990         objetivo é a capacitação de
elegerem seus repre-                             ções no sistema de                                           cerca de 43 mil conselheiros
                                                                              A lei regula as ações, a or-
sentantes.                                       organização da in-                                           de saúde em todo o país e a
                                                                              ganização e o funcionamen-
      O Conselho Mu-                             formação, reforço                                            formação, em Direito Sanitá-
                                                                              to dos serviços de saúde em
nicipal de Saúde é                               da capacidade ad-                                            rio, de aproximadamente 1300
                                                                              todo país.
um órgão colegiado,                              ministrativa e um                                            membros do Ministérios Públi-
vinculado à Secreta-                             amplo trabalho de
                                                                            ! Lei 8142, de dez/90             co. Para obter mais informa-
ria Municipal e faz                              formação na comu-                                            ç õ e s s o b re o p ro g ra ma ,
                                                                              A lei dispõe sobre a partici-
parte dos mecanis-                               nidade sobre as                                              consulte:
                                                                              pação da comunidade na
mos criados pelo                                 leis e a participa-
                                                                              gestão do SUS, a alocação
SUS para garantir o                              ção no Sistema Pú-
                                                                              de recursos financeiros na          CONSELHO NACIONAL
controle social do                               blico de Saúde.
                                                                              área da saúde, a estrutura         DE SAÚDE / MINISTÉRIO
Sistema de Saúde
                                                                              dos Conselhos e das Confe-               DA SAÚDE
nos municípios. A formulação              ATRIBUIÇÕES DOS
                                                                              rências de Saúde.
de estratégias para elaboração        CONSELHOS DE SAÚDE                                                      Esplanada dos Ministérios
de planos de saúde e o con-         ! Estabelecer estratégias e                                               Bloco G – Ed. Anexo – Ala B –
                                                                            ! Resolução do Conselho
trole das políticas definidas         mecanismos de coordena-                                                 1º andar Salas 130/ 136
                                                                              Nacional de Saúde nº 33,
estão entre as atribuições mais       ção e gestão do SUS, ar-                                                70058-900 – Brasília – DF
                                                                              de 23/dez/92
importantes do conselho. Para         t i c u l a n do - s e c o m o s                                        Fone: 61 – 315-2051
                                                                              Sobre os Conselhos Estadu-
que se possa cumprir o que a          demais colegiados em ní-                                                Fax: 61 – 315-1472
                                                                              ais e Municipais de Saúde.
lei determina, o Conselho deve        vel nacional, estadual e                                                e-mail: cns@saude.gov.br
exercer o controle social do          municipal.                            ! Resolução do Conselho
SUS fiscalizando, planejando e
                                    ! Traçar diretrizes de elabo-             Nacional de Saúde nº 52,          MINISTÉRIO DA SAÚDE /
controlando os recursos desti-
                                      ração e aprovar os planos               de 6/ maio/93                    SECRETARIA DE GESTÃO DE
nados à área de Saúde no or-
                                      de saúde, adequando-se                  Sobre o fórum de negocia-        INVESTIMENTOS EM SAÚDE
ç a me nt o do Mu n ic í p io . O
                                      aos demais colegiados em                ção entre empregadores e
Conselho deve ainda fiscalizar                                                                                Esplanada dos Ministérios
                                      nível nacional, estadual e              trabalhadores do SUS.
o Fundo Municipal de Saúde e                                                                                  Bloco G – Ed. Sede – 8º andar
propor o Plano Municipal de           municipal.                                                              Sala 823
                                                                            ! Decreto nº 1232, de
Saúde na Lei de Diretrizes Or-      ! Propor a adoção de critéri-                                             70058-900 – Brasília – DF
                                                                              30/ago/94
çamentárias.                          os que definam qualidade                                                Fone: 61 – 315-2574
                                                                              Trata das formas de repas-
      Os Conselhos Municipais         e melhor resolução do sis-                                              Fax: 61 – 223-0799
                                                                              se de recursos do Fundo Na-
possuem estrutura semelhante à        tema de saúde.                          cional de Saúde para os
dos Conselhos estaduais e os
                                    ! Examinar propostas e de-                fundos de saúde dos esta-
usuários têm representação se-
                                      núncias, responder a con-               dos, municípios e Distrito
melhante em ambos. Os usuári-
                                      s u l t a s s o b re a s s u nt o s     Federal.
os do Sistema são representados
por entidades congregadas de          pertinentes a ações e ser-
sindicatos de trabalhadores ur-       viços de saúde, bem como                       Saiba mais:
banos e rurais, movimentos co-        apreciar recursos a respei-           http://www.saude.rj.gov.br/
munitários organizados na             t o de de l i b e ra ç õ e s do
área da saúde, conselhos co-          colegiado.                            http://www.saude.gov.br/
munitários e associações de         ! Fiscalizar a movimentação             http://www.conasems.com.br
moradores, entre outras. Atu-         de recursos repassados ao
almente, entende-se que a                                                   http://www.mcanet.com.br/
                                      Fundo de Saúde.                       cmsf/index2.html
cidadania não reside mais na
simples escolha de dirigentes       ! Estimular a participação              http://www.pms.ba.gov.br/
pelo voto e sim na possibilidade      social no controle da ad-             smec
de colocar nos fóruns de deci-        ministração do SUS.
sões estes novos sujeitos.                                                  http://www.prodam.sp.gov.br/
                                    ! Propor critérios para execu-          sms/instituc/c_conselho.htm
      Nota-se que essa partici-
                                      ção financeira e orçamentá-
pação está sendo produzida na


Súmula 81                                                           Julho de 2001                                                     Página 5
INFORMAÇÃO EM SAÚDE




                              Informação
                              Onde buscar? Como utilizar?
A   lém de acompanhar e ava-
    liar as ações que o Estado
executa na área da saúde, um
                                   próximo possível da realida-
                                   de do município.
                                                                               estar corretos. Disparidades
                                                                               ou erros encontrados nos sis-
                                                                               temas de informação devem
                                                                                                                   portanto, o primeiro passo
                                                                                                                   no planejamento das ações
                                                                                                                   de Atenção Básica. É preciso
Conselho também tem o po-                O QUE É NECESSÁRIO                    ser comunicados e corrigidos,       buscar nos sistemas de infor-
der de, identificando as carên-                   SABER?                       pois além de prejudicarem as        mação o número de famílias,
cias de seu município, definir,            Através da consulta ao              ações municipais afetam nega-       de moradores, como estão
juntamente com a equipe de         sistema de informação de seu                tivamente as ações de âmbito        distribuídos bairros e comu-
gestão governamental, que          município, uma pessoa deve                  estadual. Os Conselhos também       nidades, onde ocorrem doen-
ações devem ser desenvolvi-        ser capaz de obter dados tan-               podem enviar dados à Secre-         ças específicas e como estão
das prioritariamente.              to de caráter geral (população              taria de Saúde, que se encar-       organizados os serviços de
                                   e como ela está constituída                 regará de investigá-los.            atenção à saúde no local.
       A INFORMAÇÃO                quanto a idade, sexo, esco-                                                     Além disso, é preciso conhe-
       COMO RECURSO                laridade, renda e condições                   DA INFORMAÇÃO À AÇÃO              cer as pessoas e o jeito de
      Para que as decisões se-     de habitação, atividades eco-                  – A ATENÇÃO BÁSICA –             ser da comunidade.
jam tomadas de forma consci-       nômicas, se existe água tra-                      Falar em Atenção Básica é          Dois programas, de ca-
ente e o controle dessas ações     tada e re de de esgoto)                     falar de ações cujo objetivo é      ráter municipal, foram cria-
seja feito com eficácia, é ne-     quanto específicos da área de               melhorar a saúde das pessoas pela   dos pelo Ministério da
cessário que tanto as secreta-     saúde (doenças mais fre-                    promoção (condição de lazer, sa-    Saúde para
rias de saúde quanto os            qüentes ou mais perigosas,                  neamento, educação), prevenção      servirem
conselheiros tenham acesso à       recursos financeiros disponí-               (vacinação, aleitamento mater-
informação de qualidade e ple-     veis, quantidade de profissi-               no), tratamento e reabilitação.
namente confiável.                 onais atuando na área,                      Estas ações precisam ser plane-
      Por essa razão, todo mu-     número de postos, centros de                jadas em estreita sintonia com
nicípio deve ter um Sistema de     saúde, leitos e hospitais no                a realidade da população a que
Informação capaz de coletar,       município).                                 se destinam, para terem bons
para depois organizar e                    Pa re c e d i f í c i l o b t e r   resultados. Por esse motivo,
redistribuir de forma clara, da-   tantas informações, mas                     com a descentra-lização da saú-
dos que permitam o melhor di-      não é, pois todas elas po-                  de, o município, através do Sis-
agnóstico possível da área de      dem ser encontradas na Pre-                 tema Municipal de Saúde – SMS,
saúde. Os sistemas de informa-     f e i t u ra M u n ic i p a l , q u e       acaba sendo o principal res-
ção servem, portanto, de refe-     reúne também dados ofere-                   ponsável pela organização
rência para a Secretaria           cidos por vários outros ór-                 deste nível de atenção.
Municipal de Saúde identificar     g ã o s, c o mo o I B G E e o                      A idéia por trás da
    os principais problemas e      Ministério da Saúde. Exis-                  Atenção Básica é que,
      planejar as ações de saú-    tem ainda vários sistemas                   em matéria de saúde,
      de, dizendo como, quan-      desenvolvidos pelo SUS,                     prevenir as doenças é
do, com quem, com que recursos     que também podem ser con-                   sempre mais seguro e mais
elas serão realizadas e que me-    s u l t a do s p e l a I n t e r n e t      econômico e é certo que, se a
canismos de controle e avalia-     (www.datasus.gov.br), bem                   Atenção Básica estiver bem or-
ção serão utilizados para saber    como redes de informação                    ganizada, cerca de 90% dos pro-
se deram certo ou não.             de caráter nacional.                        blemas de saúde da população
      Um Plano de Saúde, en-                O que se deve ter sem-             estarão resolvidos.
tão, nada mais é do que o re-      pre em mente é que, por se-
sultado do planejamento            rem importantes ferramentas                     O PRIMEIRO PASSO
daquilo que foi feito num de-      de trabalho para a gestão da                     Obter informações que
terminado período e, para ser      saúde, os dados precisam re-                possibilitem o conhecimen-
eficiente, deve estar o mais       fletir a realidade, precisam                to profundo do município é,


Página 6                                                               Julho de 2001                                                   Súmula 81
de modelo de Atenção Bási-       de atenção à saúde e está
ca. O primeiro deles, surgido    sendo posto em prática por
em 1991, é o Programa de         cerca de 1.300 dos 5.507 mu-
                                                                                 ALGUNS DOS SISTEMAS E REDES
Agentes Comunitários de          nicípios do país.                                DE INFORMAÇÃO DISPONÍVEIS
Saúde (PACS), no qual mora-             No programa, equipes
dores das próprias comunida-     constituídas por médicos,                     Todos os sistemas e redes apresentados podem ser facil-
des são seleciona dos e          enfermeiros, auxiliares de               mente acessados pelo site do Ministério da Saúde
treinados para, através de vi-   enfermagem e agentes co-                 (www.saúde.gov.br), na seção ‘Informações em Saúde’. As in-
                                                                          formações também podem ser obtidas diretamente nas prefei-
sitas domiciliares, levantar     munitários de saúde, ficam               turas municipais, estando acessíveis a todo cidadão brasileiro.
dados sobre condições de         responsáveis por visitar re-
vida da população da área        gularmente entre 600 e 900               ! SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos)
                                                                          Informa o número de nascidos vivos, as características da mãe, do
onde atuam e orientar sobre      famílias de uma determina-               parto e da criança ao nascer. Faz parte do cálculo da taxa de mor-
questões relacionadas à saú-     da comunidade. Durante as                talidade infantil, cujo denominador é o número de nascidos vivos.
de. O segundo, cujas primei-     visitas, é feito atendimen-
                                                                          ! SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação)
ras equipes foram formadas       to médico, quando necessá-               Informa quais as doenças de notificação (diarréias, dengue,
em 1994, é o Programa Saú-       rio, e levantamento de da-               malária, meningite etc) que estão ocorrendo, qual a idade e sexo
de da Família (PSF).             dos sociais, demográficos e              das pessoas e em que localidade estão acontecendo.
                                 epide-miológicos, Além dis-              ! SISVAN (Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e
    UMA EXPERIÊNCIA              so, são identificadas doen-              Nutricional)
       PROMISSORA                ças e situações de risco à               Informa as características das crianças, na faixa etária de 0 a 5
    O Programa de Saúde da       saúde às quais está expos-               anos e das gestantes, identificando, inclusive, o número de ges-
                                                                          tantes desnutridas.
Família, considerado modelo      ta a população atendida
  de Atenção Básica, surgiu      para que equipe e comuni-                ! SIAB (Sistema de Informações de Atenção Básica)
     com o propósito de          da de p o s s a m t ra ç a r, e m        Informa, na área dos programa ‘Agentes Comunitários de Saúde’
                                                                          e ‘Saúde da Família’, o número de nascidos vivos, número de
         substituir o modelo     conjunto, estratégias para               crianças menores de dois anos pesadas e vacinadas, as gestantes
                 tradicional     a solução dos problemas.                 cadastradas, número de hipertensos, diabéticos, hansenianos e
                                 Isso significa um trabalho               tuberculosos, o número de visitas domiciliares, internações do-
                                 global, que trata a família              miciliares e o número de consultas realizadas por médicos e en-
                                 como um todo e não de for-               fermeiros.
                                 ma fragmentada (separando                ! SIA/SUS (Sistema de Informações Ambulatoriais)
                                 crianças, idosos e gestan-               Informa a capacidade instalada do seu município, isto é, o nú-
                                 tes) e observa atentamen-                meros de postos de saúde, policlínicas, maternidades, pronto-
                                                                          socorros, consultórios médicos e odontológicos, entre outros.
                                 te o modo de vida dos mo-                Informa também a produção ambulatorial, ou seja, os procedi-
                                 r a d o re s da c a s a e s u a s        mentos realizados.
                                      relações com o ambien-
                                                                          ! SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares)
                                         te para propor ações             Informa o número de hospitais existentes, sua capacidade em
                                         educativas que melho-            números de leitos, o tempo médio de permanência do paciente
                                         rem as condições de              no hospital, quantos são públicos ou credenciados ao SUS. É o
                                        vida no local.                    sistema que processa as Autorizações de Internações Hospitalares
                                             Existem muitas for-          (AIH´s), disponibilizando informações sobre os recursos destina-
                                                                          dos a cada hospital que integra o SUS, as principais causas de
                                       mas de os municípios               internação (parto normal, insuficiência cardíaca, cesarianas etc).
                                       tratarem a Atenção Bá-
                                       sica. O importante é               ! SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade)
                                                                          Informa o número de óbitos ocorridos no município e no Estado,
                                       q u e o s C o ns e l ho s de       a causa determinante da morte, por idade, sexo e localidade.
                                      Saúde têm o poder de                Subsidia o cálculo da taxa de mortalidade infantil, mortalidade
                                    exigir dos gestores a cri-            materna, entre outros.
                                 ação de programas que te-                ! RIPSA (Rede Interagencial de Informações para a Saúde)
                                 n h a m e s t e o b j e t i v o . No     Disponibiliza dados básicos, indicadores e análises de situação
                                 caso do PSF e do PACS, é pre-            sobre as condições de saúde e suas tendências no país, para
                                 ciso entrar em contato com               melhorar a capacidade de formulação, coordenação, gestão e
                                                                          operacionalização de políticas e ações públicas dirigidas à quali-
                                 a Secretaria Estadual de Saú-
                                                                          dade de saúde e de vida da população.
                                 de, lembrando que o Minis-
                                 tério da Saúde faz ainda um              ! RNIS (Rede Nacional de Informações em Saúde)
                                                                          Integrada na Internet, promove acesso e intercâmbio de infor-
                                   repasse de recursos, a títu-           mações em Saúde para gestão, planejamento e pesquisa para
                                     lo de incentivo, para os             gestores, agentes e usuários do SUS. (www.rnis.saude.gov.br)
                                       municípios que implan-
                                       tam os programas.

Súmula 81                                                       Julho de 2001                                                         Página 7
AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE




                    Gestão do SUS
                        Responsabilidade dos municípios

A     Legislação Federal e Es
    tadual do SUS estabelece,
no Art. 196: “A saúde é direi-
                                   mentares e ambientais a fim
                                   de prevenir o aparecimento de
                                   doenças ou quaisquer outros
                                                                     e ndemias e as ações
                                                                     educativas que visam contro-
                                                                     lar a qualidade de produtos
                                                                                                       operação técnica e financeira
                                                                                                       da União e dos estados, carac-
                                                                                                       terizando um processo de
to de todos e dever do Estado,     danos à saúde. Para tal, con-     e serviços, especialmente de      transformação profunda no
garantido mediante políticas       tam com a atuação da Vigilân-     alimentos, de serviços de         qual se desloca o poder – que
sociais e econômicas que vi-       cia Sanitária e Epidemiológica    saúde e da água para consu-       representa a gestão, as atri-
sem à redução do risco de do-      em conjunto com outros ór-        mo, proporcionando à popu-        buições e decisões – para um
ença e de outros agravos e ao      gãos governamentais como          lação uma vida saudável e         nível mais local do Sistema.
acesso universal e igualitário     Secretarias de Educação, Meio     livre de doenças.
às ações e serviços para sua       Ambiente e Fundação Nacional                                              EXIGÊNCIAS DA LEI
promoção, proteção e recupe-       de Saúde.                                 GESTÃO PLENA                    A NOB 96 estabelece um
ração”. Aos municípios cabe o                                             Para que o Município pos-    objetivo claramente definido:
cumprimento desta e de todas              AS SECRETARIAS             sa fazer a organização do Sis-    “Promover e consolidar o ple-
as leis aprovadas. Inseridos na         Segundo a Legislação, é      tema de Saúde, precisa            no exercício, por parte do po-
proposta da Atenção Básica,        da competência das Secretari-     habilitar-se na Gestão Plena da   der público municipal e do
todos os municípios devem          as de Vigilância Sanitária pla-   Atenção Básica segundo a Nor-     Distrito Federal, da função de
promover condições de saúde,       nejar ações capazes de            ma Operacional Básica –           gestor da atenção à saúde de
                                   eliminar, diminuir ou prevenir    NOB 96. Esta vem tratar,                   seus municípios”. Des-
                                     riscos à saúde e intervir nos   entre vários itens re-                      ta forma, um municí-
                                        problemas sanitários de-     ferentes à saúde,                            p io   e nc o nt ra - s e
                                          correntes do meio am-                                                   habilitado qua ndo
                                            biente, da produção e                                                 os compromissos
                                            circulação de bens e                                                 assumidos por parte
                                         da prestação de                                                       do gestor perante os
                                   serviços de interesse                                                    outros gestores e peran-
                                   da saúde. Às Secretarias de                                           te a população são cumpri-
                                   Vigilância Epidemiológica                                           dos segundo as exigências da
                                   competem atenção                                                    lei do SUS, ou seja, de criar
                                   e conhecime nto                                                     e fazer funcionar o Conselho
                                   para deter ou pre-                                                  e o Fundo Municipal de Saú-
                                   venir quaisquer mudanças                                            de e de elaborar o Plano Mu-
                                   nos fatores determinantes e                                         nicipal de Saúde.
                                   condicionantes de saúde indi-                                             No Estado do Rio de Ja-
                                   vidual ou coletiva, com a fi-                                       neiro, por exemplo, dos 91
                                   nalidade de recomendar e                                            municípios, 79% estão habi-
                                   adotar medidas de prevenção                                         litados em uma das modali-
lazer, saneamento, oferecer        e controle das enfermidades.                                        dades de gestão, denominada
tratamento médico e hospita-            Devidamente capacitados                                        Plena da Atenção Básica —
lar, organizar estratégias de      e organizados, os municípios                                        GPAB, e 21%, na Gestão Plena
vacinação, aleitamento mater-      devem ainda investigar os ca-     das obrigações do gestor mu-      do Sistema — GPS, já preco-
no, entre outras medidas.          sos de doenças de notificação     nicipal, dos requisitos básicos   nizados pela NOB 96, sendo
     Cientes de que são de re-     compulsória, como a dengue,       para as modalidades de gestão     que 71% da população está
levância pública as ações e ser-   e implementar procedimentos       e das prerrogativas que facili-   concentrada em municípios ha-
viços de saúde, as cidades têm     que venham interromper a ca-      tam o seu desempenho. A par-      bilitados nesta última modali-
a responsabilidade de atuar        deia de transmissão. Outros       tir daí, o gestor municipal       dade de gestão, o que
junto aos grupos e fatores de      procedimentos a serem im-         poderá, assim, prover a aten-     corresponde a cerca de 10 mi-
risco comportamentais, ali-        plantados são o controle de       ção à saúde, com a devida co-     lhões de habitantes.


Página 8                                                      Julho de 2001                                                     Súmula 81
Análise de planejamento na saúde
                                                                                                             onde aparecem, com as pesso-

     O QUE UM CONSELHEIRO MUNICIPAL
                                                                        O   s Conselhos de Saúde, se
                                                                            jam estaduais, municipais
                                                                        ou do Distrito Federal, podem
                                                                                                             as que estão sendo atingidas.
                                                                                                             É preciso também que se co-
                                                                                                             nheça quais são os recursos fi-
         DE SAÚDE PRECISA SABER?                                        atuar na formulação e contro-
                                                                                                             nanceiros, humanos e físicos
                                                                        le da execução da política de
                                                                        saúde, incluídos seus aspectos       previstos para combater deter-
         Quem nunca precisou de uma simples consulta médica ou                                               minados problemas.
   mesmo de uma internação? Por isso, os Conselhos Municipais           econômicos, financeiros e de
                                                                        gerência, traçar diretrizes de             No exercício de uma de
   de Saúde se organizam de forma a conferir e exigir dos municí-                                            suas atribuições, que é “fisca-
   pios o cumprimento de suas responsabilidades, ou seja, de criar      elaboração e aprovar os pla-
                                                                        nos de saúde. Devem ainda            lizar e acompanhar o desenvol-
   planos de saúde que atendam às necessidades do indivíduo e
                                                                        propor a adoção de critérios         vimento das ações e serviços
   da sua família. Desta forma, precisam tomar conhecimento so-
   bre o que está sendo feito ou planejado, garantindo a qualida-       que definam qualidade e me-          de saúde”, os conselheiros pre-
   de no sistema. Todo Conselheiro de Saúde precisa saber:              lhor resolução do sistema de         cisam visitar com freqüência
                                                                        saúde, entre outras recomen-         os serviços de saúde, pois só
   1 – Se todos os bairros de seu município possuem serviço de                                               assim poderão atestar se es-
       Atenção Básica funcionando de forma satisfatória;                dações do Conselho Nacional
                                                                        de Saúde, com base na Consti-        tes funcionam ou não e se es-
   2 – Quais são as ações e serviços de Atenção Básica à saúde          tuição Federal, na Lei Orgâni-       tão atendendo realmente à
       que estão sendo desenvolvidos;                                   ca da Saúde (Lei nº 8.080/90)        população. Para completar sua
   3 – Se existe Programa de Agentes Comunitários de Saúde              e na Lei nº 8.142/90. Para           ação, é necessário que conhe-
       implantado e que parcela da população abrange;                   que isso se cumpra, é neces-         çam as lideranças e organiza-
                                                                        sário planejamento e análise         ções populares, avaliem
   4 – Se existe o Programa de Saúde da Família implantado e                                                 periodicamente os indicadores
       qual a cobertura;                                                constante.
                                                                             Um bom planejamento re-                     da Atenção Básica
   5 – Se a população tem acesso aos exames necessários na              quer preparação, interação en-                    priorizados pelo
       rotina da Atenção Básica;                                        t re g r u p o s q u e t e n h a m                município, peçam à
   4 – Quais são os serviços de urgência e emergência disponí-          interesses diversos, organi-                    Secretaria Municipal
       veis e as principais dificuldades de acesso aos serviços         zação de ações e aspectos de                   de Saúde dados refe-
       mais complexos;                                                  comunicação e conhecimen-                     rentes às ações reali-
                                                                        to da realidade de um ou                       zadas, utilizem as
   5 – O número de unidades de saúde e sua localização no mu-                                                           informações recebi-
       nicípio, sejam policlínicas, postos, centros de saúde, uni-      mais assuntos. Tendo
                                                                        estes pressupostos em                            das que venham su-
       dades de coleta de transfusão de sangue, unidades de                                                               gerir modificações e
       reabilitação e fisioterapia, unidades de odontologia, hos-       mente, os conselheiros
                                                                                                                           alterações e apre-
       pitais ou laboratórios;
                                                                                                                            sentem idéias e
   6 – O número de profissionais de saúde por especialização;                                                                propostas.
   7 – O número de leitos por clínica, tanto médica, pediátrica,
       cirúrgica e obstétrica, que o município tem disponível
       para o Sistema Único de Saúde – SUS;
   8 – Se os serviços estão devidamente organizados;
   9 – Quem autoriza e controla as internações e se existe cen-
       tral de marcação de consultas, exames e internações;
   10 – De que maneira está organizada a distribuição de medica-
        mentos no município;                                                                                                   Em suma, a
                                                                                                                          garantia da quali-
   11 – De que maneira a população avalia a qualidade dos servi-                                                          dade no sistema
        ços de saúde, tanto ambulatoriais quanto hospitalares;          devem se manter
                                                                        sempre informa-                                   de saúde requer,
   12 – Se a Vigilância Sanitária está implantada e atuante;            dos sobre como a                                  entre vários ou-
   13 – De que maneira o município encaminha a sua população            saúde está sendo                                  t ros fatores, a
        para os municípios de referência quando necessita de al-        organizada no seu                                 participação efe-
        gum serviço não disponível, seja rotineiro ou não;              município.                                        tiva dos Conse-
                                                                             É preciso, para isto, fa-       lheiros de Saúde, que precisam
   14 – E se existe alguma ação diferenciada na região ou plano                                              definir:
        de saúde criado pelo próprio município.                         zer um levantamento dos pla-
                                                                        nos de saúde que chegam ao           1. As prioridades da popula-
        Em busca de um sistema eficiente, muitos municípios têm         Conselho e identificar os pro-          ção;
   se organizado através de equipes especializadas na Atenção           blemas apresentados e se es-         2. Como e quando fazer um
   Básica, implantando os programas modelos do Ministério da            tão relacionados com as causas          planejamento;
   Saúde – “Saúde da Família” e “Agentes Comunitários da Saúde”.        pelas quais os indivíduos ado-       3. Como controlar e avaliar os
                                                                        ecem e morrem, com os locais            serviços de saúde.


Súmula 81                                                        Julho de 2001                                                       Página 9
ORÇAMENTO MUNICIPAL




                                               Recursos
                                        De onde vêm? Para onde vão?

O     orçamento municipal pre-
      tende mostrar de onde pro-
vêm e para onde serão designa-
                                     1. Em que, para que e por que
                                        se pretende gastar determi-
                                        nada quantia?
                                                                          de Diretrizes Orçamentárias –
                                                                          LDO – contém regras para a ela-
                                                                          boração do orçamento que deve
                                                                                                               Ministério da Saúde aproximada-
                                                                                                               mente R$ 2.200,00 por agente/
                                                                                                               ano para que possa garantir o
dos os recursos da saúde por         2. Que segmentos da saúde uti-       ser produzido pelo Poder Execu-      salário do funcionário designa-
meio da participação de todos           lizarão o dinheiro disponível?    tivo a partir de abril do primeiro   do para a função. Já para cada
os segmentos da sociedade. Po-       3. De que maneira o município        ano e encaminhado até final de       equipe do Programa de Saúde da
demos defini-lo como um proces-         obterá os devidos recursos?       junho ao Poder Legislativo para      Família, o município recebe mais
so pelo qual se elabora, se                                               que possa ser aprovado. Através      ou menos R$ 36.000,00 por ano.
expressa, se aprova, se executa e          Esta elaboração somente        da LDO, são garantidos os recur-     Para a compra de remédio, este
se avalia o nível de cumprimento     pode acontecer, desnecessário        sos necessários para o desenvol-     recebe R$ 2,00 por ano para cada
do programa do governo para cada     dizer, mediante respaldo legal.      vimento das ações de saúde. Já       indivíduo. Se o município apre-
período orçamentário.                                                     os orçamentos anuais são ela-        sentar um plano para o combate
      Esta atuação tem como                PLANOS E MEDIDAS               borados pelo Poder Executivo a       à desnutrição, receberá em mé-
objetivo garantir o cumprimen-               DE ORÇAMENTO                 partir de julho e encaminhados       dia R$ 180,00 por ano para cada
to das ações e serviços que aten-          Segundo a Constituição         ao Poder Legislativo até o final     criança desnutrida. Por fim, para
dam às necessidades da               Brasileira, o Poder Executivo        do mês de setembro, que deve         o incentivo à vigilância sanitá-
população. Desta forma, qual-        deve elaborar leis para o Plano      aprová-los até o final da primeira   ria básica, o município recebe
quer cidadão pode ter acesso a       Plurianual, as Diretrizes Orça-      quinzena de dezembro.                R$ 0,25 por habitante/mês.
ele e, se for preciso, questioná-    mentárias e os Orçamentos anu-                                                  O Ministério destina, ain-
lo junto aos órgãos responsáveis.    ais, que são subsídios para que             DE ONDE PROVÊM                da, verba para custear assis-
      Para não deixar nenhuma        os municípios possam efetuar o          OS RECURSOS DA SAÚDE              tência especializada (como
dúvida pairar no ar quanto aos       planejamento e execução do seu             Para atender a todas as ne-    internações em hospitais mu-
gastos do município, sobretudo       orçamento.                            cessidades de saúde da popula-      nicipais próprios), exames de
em relação à saúde, o prefeito                                                 ção e tentar cumprir com        laboratório, de Raio X, Ultra-
de Icapuí, cidade localizada no                                                  suas obrigações, os mu-       sonografia e consultas e também
litoral de Aracati – CE, optou por                                                  nicípios recebem men-      para convênios voltados para in-
uma alternativa                                                                      salmente do Governo       vestimentos, reformas, constru-
inusitada e                                                                          Federal uma quantia       ções e combate às doenças mais
                                                                                    fixa para a Atenção Bá-    comuns na região – a exemplo
                                                                                    sica (o Piso da Aten-      da dengue e da malária – ou mes-
                                                                                      ção Básica – PAB),       mo para acordos de cooperação,
                                                                                       que representa em       integração e intercâmbio cien-
                                                                                       torno de R$ 10,00       tífico e tecnológico.
                                                                                      por habitante ao ano.          Vale ressaltar que os recur-
                                                                              O PAB fixo é pago por meio       sos liberados aos municípios
criativa: pintou o                                                          do Fundo Municipal de Saúde.       para ações da saúde são retira-
orçamento no muro                                                               O PAB reúne todo o dinhei-     dos dos impostos que a popula-
da sua casa. Esta ação,                                                   ro da saúde em um só lugar e         ção paga e das compras
possível em uma cidade que                                                tem que estar previsto, sobre-       efetuadas, já que em todos os
abriga quase 17 mil habitantes,                                           tudo, no Plano de Saúde. Para        produtos e serviços são taxados
onde a maioria circula pelo mes-                                          garantir ainda o uso adequado        impostos. Arrecada-se, por
mo espaço e passa quase sem-                                              do piso, a gestão municipal pre-     exemplo, dos impostos tributá-
pre em frente à residência do                                             cisa efetuar a prestação de con-     rios, como o Imposto Predial e
prefeito, se tornaria inviável em                                         tas e apresentar o relatório de      Territorial Urbano – IPTU, o Im-
municípios mais populosos. No              O Plano Plurianual – PP –      gestão com a aprovação do Con-       posto sobre Serviços – ISS, o
entanto, todos eles devem apre-      contém informações sobre obras       selho de Saúde.                      Imposto sobre a Propriedade de
sentar seus orçamentos e torná-      e demais investimentos que se-             Há ainda um valor repas-       Veículos Automotores – IPVA e
los acessíveis à população.          rão realizados. Este tem durabi-     sado pelo governo que varia se-      o Imposto sobre Circulação de
      Como toda ação pública, tal    lidade de quatro anos e deve ser     gundo algumas necessidades do        Mercadorias e Serviços – ICMS. Há
iniciativa precisa de um detalha-    elaborado logo no primeiro ano       município, denominado como           ainda a tributação sobre transfe-
do planejamento antes de ser         da gestão, para ser executado        PAB variável. Em caso de ter na      rências de fundos monetários e
executado. Devem ser levanta-        nos três anos seguintes até o pri-   cidade agente comunitário con-       pagamento de cotas únicas, en-
das questões como:                   meiro ano da nova gestão. A Lei      tratado, o município recebe do       tre outros similares.


Página 10                                                          Julho de 2001                                                      Súmula 81
11A CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE




               A sociedade e os Conselhos
                                           Críticas e Sugestões
                                      ! Instaurar novos instrumentos
L   ogo na apresentação desta
    Súmula, dissemos que existe
uma grande distância entre pro-
                                        de controle social do tipo
                                        ouvidorias ou “Disque-SUS”,
                                                                           sejam criados periodicamente cur-
                                                                           sos de formação de conselheiros.
                                                                           O esclarecimento da população,
                                                                                                                 1. Que cada conselho tenha seu
                                                                                                                    próprio veículo de comunica-
                                                                                                                    ção, com suporte técnico ga-
jeto e realidade, distância esta        para receber e tratar de denún-    por meio de cartilhas e campa-           rantido pelos gestores, e um
que só pode ser vencida com mui-        cias de cidadãos sobre os ser-     nhas nacionais, sobre o papel, as        computador ligado à Internet,
ta reflexão, com a participação         viços de saúde;                    funções e as ações dos Conselhos         para a constituição de uma
de todos e com controle social                                             de Saúde foi considerado funda-          rede acessível a todos;
efetivo. O relatório final da 11a     ! Aperfeiçoar leis e regulamentos    mental para seu fortalecimento
Conferência Nacional de Saúde,          referentes ao controle social.     e para a possibilidade de             2. Que a mídia, inclusive a gran-
realizada em dezembro de 2000,                                             transformá-los no elemento de            de imprensa, seja usada inten-
na qual estiveram presentes cer-            Outro ponto importante foi     ligação ideal entre o cidadão e o        sivamente para a valorização
ca de 2500 delegados de todo o        o reconhecimento da necessida-       Ministério Público, no que diz res-      do controle social junto à so-
país, ressalta os avanços alcan-      de de maior capacitação para os      peito por um lado ao recebimento         ciedade;
çados desde o início da implan-       conselheiros e até mesmo para        de denúncias dos usuários e por ou-
tação do SUS sem, no entanto,         usuários do SUS, com ênfase no       tro ao encaminhamento de ações        3. Que sejam criados canais per-
deixar de apontar as deficiências     controle social e na participação    e serviços junto à sociedade.            manentes de comunicação en-
que ainda precisam ser superadas.     cidadã. A idéia é que, a partir da         Também ficou explícita a           tre os Conselhos e o Ministério
      Diversas propostas foram fei-   articulação entre a Universidade,    demanda nas áreas de comunica-           Público.
tas com o objetivo de melhorar a      os serviços de saúde, as Secreta-    ção e informação. Neste âmbito,
qualidade e ampliar a extensão do     rias de Saúde e outros segmentos                  há três sugestões               O relatório também mostra
controle social, tais como:           sociais, e com o uso                                      principais:      que é preciso fortalecer as ações e
                                      das TVs educativas                                                         serviços de atenção básica para que
! Aumentar a representatividade       e da educação à                                                            eles sirvam de porta de entrada do
  dos conselheiros, criando me-       distância,                                                                 sistema de saúde. A grande crítica
  canismos que garantam que                                                                                      é sobre a descontinuidade desses
  suas ações nos conselhos es-                                                                                    programas em função da mudan-
  tejam de acordo com a vonta-                                                                                      ça de gestores, gerando conse-
  de da coletividade que eles                                                                                         qüentemente a reivindicação
  representam;                                                                                                          por mecanismos que garan-
                                                                                                                         tam a continuidade de
! Criar Conselhos Municipais e                                                                                           projetos que tragam bene-
  Estaduais de Cidadania, inte-                                                                                         fícios comprovados à popu-
  grados por representantes dos                                                                                        lação.
  diferentes conselhos que tra-                                                                                              O relatório da 11a Con-
  tam de políticas sociais;                                                                                           ferência Nacional de Saúde
                                                                                                                     está disponível na íntegra em:
! Observar a obrigatoriedade da                                                                                      www.datasus.gov.br/cns.
  existência de Conselhos
  Gestores em todas as unidades
  e serviços de Saúde;

! Implantar efetivamente os Or-
  çamentos Participativos,
  como forma de au-
  mentar a
  discussão
  das políticas
  públicas;




Súmula 81                                                           Julho de 2001                                                         Página 11
TEMA ASSEMBLÉIA                               EXPEDIENTE
                                                                               MUNDIAL DE SAÚDE
                  Aos leitores                                             A    próxima publicação temática
                                                                                do Programa Radis, prevista
                                                                                                                  SÚMULA é um órgão oficial da Fun-
                                                                                                                  dação Oswaldo Cruz, editado pelo
                                                                                                                  Programa Radis (Reunião, Análise e
      Esta edição especial da        to junto às mais variadas áreas,      para o mês de setembro, reporta-       Difusão de Informação sobre Saúde),
Súmula marca uma mudança pro-        além de dinamizar a cobertura         rá as discussões e propostas da 54a    da Escola Nacional de Saúde Pública
                                                                           Assembléia Mundial de Saúde, pro-      (Ensp).
funda no Radis, na sua forma de      dos eventos que elegia como im-
                                                                           movida pela Organização Mundial
organização interna, na sua ca-      portantes para seus leitores.                                                Periodicidade: bimestral
                                                                           de Saúde (OMS) e realizada em
pacidade de traduzir as iniciati-          Agradeço profundamente ao                                              Tiragem: 42 mil exemplares
                                                                           maio deste ano. Partindo dos gran-
vas e demandas vinculadas ao         conjunto de dirigentes da Ensp e                                             Assinatura: Grátis, em conjunto com
                                                                           des eixos temáticos da Assembléia
sistema de saúde e às crescentes     da Fiocruz que confiaram a mim                                                   as revistas TEMA e DADOS.
                                                                           (alimentação de lactantes, desnu-
necessidades da população. Mu-       a coordenação desta equipe por                                               Presidente da Fiocruz: Paulo Buss
                                                                           trição, combate à aids e outras do-
danças que trarão ganhos enor-       tantos anos, aos amigos e com-        enças sexualmente transmissíveis,      Diretor da Ensp: Jorge Bermudez
mes para seus leitores.              panheiros da Fiocruz que nunca        luta contra o tabagismo, alerta
      Em 19 anos de existência,      faltaram com seu estímulo, críti-     mundial acerca de epidemias,           PROGRAMA RADIS
o Radis passou por importan-         cas e sugestões; aos nossos lei-      acesso a medicamentos e outros),       Coordenador: Rogério Lannes Rocha
tes transformações, que busca-       tores que em tantas oportunida-       a Tema delineará as relações com       Editor: Caco Xavier
vam acompanhar a conjuntura          des e embates nos fizeram respi-      a realidade nacional, atendendo à
do País e do setor saúde em          rar fundo e continuar este traba-                                            Redação: Ana Beatriz de Noronha,
                                                                           crescente necessidade de uma vi-          Daniela Sophia e Katia Machado
particular. Como instituições        lho e à equipe que tive a oportu-     são panorâmica, precisa e crítica         (reportagem e redação), Aristides
umbilicalmente ligadas à saúde       nidade de coordenar, sem a qual       acerca da qualidade de vida e saú-        Dutra (projeto gráfico) e Valéria
e à melhoria das condições de        nada disso teria sido realizado.      de dos brasileiros.                       Monteiro
vida de nossa população, a Esco-           Estou descobrindo agora                                                Administração: Teresa Oliveira, Luis
la Nacional de Saúde Pública e a     que mais difícil que decidir sair                                               Otávio e Vanessa Santos
Fiocruz procuraram sempre fazer      do Radis está sendo conseguir me                                             Endereço: Av. Brasil, 4036 / sala 515
do Radis um veículo não apenas       despedir. Há uma parábola que            ENCONTRO NACIONAL                      – CEP 21040-361 – Manguinhos
de criação de consciência para       fala da existência de pessoas que       DE EDUCAÇÃO POPULAR                     – Rio de Janeiro. Telefax (021)
mudanças, mas fundamentalmen-        se encontram em determinado                                                     260-7979
                                                                                   E SAÚDE
te um instrumento capaz de re-       momento da vida, se identificam                                              E-Mail: radis@ensp.fiocruz.br
conhecer e dar voz à sociedade
organizada e aos atores sociais
que passaram a gerenciar o sis-
                                     profundamente e depois se sepa-
                                     ram. Quando há esta grande iden-
                                     tificação, entretanto, diz a pará-
                                                                           A    Rede de Educação Popular e
                                                                               Saúde (Elos/Fiocruz) está pla-
                                                                           nejando com muito carinho o II
                                                                                                                  Esta SÚMULA Especial foi produzida
                                                                                                                  baseada nos textos das duas Cartilhas
                                                                                                                  de Conselheiros(as) de Saúde,
tema de saúde do País.               bola que estas pessoas estão se-      Encontro Nacional, que se realiza      publicadas pela Secretaria de Esta-
      É com um sentimento de         paradas só aparentemente. A           em Brasília, de 6 a 9 de agosto. O     do de Saúde de Mato Grosso/Con-
orgulho por ter conseguido con-      integração entre elas, o carinho,     Encontro, que acontece em con-         selho Estadual de Saúde, como
                                                                           junto com o II Seminário sobre         parte do Projeto de Capacitação de
tribuir com todo este processo que   o respeito, a admiração, a troca                                             Conselheiros(as) de Saúde e Soci-
pela primeira vez nestas páginas     de valores de um e de outro, en-      Educação e Saúde no Contexto da        edade Civil Organizada. O projeto
me permito escrever na primeira      fim, o que um aprende com o           Promoção da Saúde, tem como            foi realizado em conjunto com o Gru-
pessoa do singular, na medida em     outro, acaba fazendo com que          objetivos mapear os caminhos e         po de Saúde Popular (GSP) e com o
que vivo esta mudança no mes-        parte de cada um siga com o ou-       perspectivas para o campo da edu-      apoio do Instituto de Saúde Coletiva
                                                                           cação e saúde, discutindo práti-       (ISC-UFMT); Instituto Pastoral de
mo momento em que deixo de ser       tro para sempre. Logo, a separa-                                             Educação e Saúde Popular (IPESP);
um membro desta equipe. Estou        ção é apenas aparente, pois os        cas e teorias nos movimentos po-       Fundação de Saúde de Cuiabá (FUSC);
deixando a Coordenação e a Edi-      dois estão um com o outro para        pulares e nos espaços da saúde .       Conselhos de Secretários Municipais
ção do Radis para assumir novas      o resto de suas vidas, levando              O Radis estará lá, participan-   de Saúde - MT (COSEMS). Secretário
                                                                           do do Encontro e realizando co-        de Saúde de Mato Grosso: Júlio
tarefas na Vice-Presidência de De-   consigo justamente o que o ou-                                               Muller; Presidente do Grupo de Saú-
senvolvimento Institucional, In-     tro tem de melhor.                    bertura jornalística.
                                                                                                                  de Popular (GSP): Erivã Garcia
formação e Comunicação da Fun-             Esta parábola me serve de             Mais informações sobre o En-     Velasco.
dação Oswaldo Cruz, convocado        consolo e alivia a perda de sair do   contro pelo fax: (61)2747022 ou
para contribuir no conjunto de       Radis e deixar o convívio diário      por e-mail: coletiva@unb.br.
atividades da Fiocruz na área da     com quem fica. Saio com a sensa-
informação e da comunicação.         ção de estar deixando um pouco                    MESTRADO E DOUTORADO
Sair do Radis é uma decisão mui-     de mim por aqui e carregando co-                    EM SAÚDE PÚBLICA
to difícil de ser tomada.            migo o que vivi e aprendi no Radis,
      Para quem passa 14 anos        representado por tudo o que cons-        A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) já está divulgando
como repórter, redator, editor e     truímos como equipe, como pro-           seus programas de mestrado e doutorado em Saúde Pública para o
Coordenador deste Programa é         fissionais, como servidores públi-       ano que vem. As inscrições poderão ser efetuadas de 20 de agosto
mais difícil ainda. Nestes anos,     cos e, mais que tudo, como cida-         a 5 de outubro de 2001. Mais informações sobre os cursos: Secre-
o Radis alterou sua linguagem,       dãos. Precisa falar mais?                taria Acadêmica da Ensp/Fiocruz, rua Leopoldo Bulhões, 1480,
redesenhou sua equipe para dar                                                sala 317, Rio de Janeiro, RJ. CEP 21041-210.
conta do desafio de traduzir para    Álvaro Nascimento
a sociedade as especificidades das                                                            Ligação gratuita: 0800-230085
questões que cercam o setor saú-     EX-COORDENADOR E EDITOR                                  Tel.: (21) 2598-2557; Fax: (21) 2598-2727
de, informatizou suas instalações,   DO PROGRAMA RADIS/ENSP/FIOCRUZ                           E-mail: seca@ensp.fiocruz.br
cresceu em credibilidade e respei-   (alvaro@presidência.fiocruz.br)                FIOCRUZ
                                                                                              Home page: http://www.ensp.fiocruz.br


Página 12                                                           Julho de 2001                                                           Súmula 81

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  • 1. No 81 – Julho de 2001 ESPECIAL CONSELHOS DE SAÚDE E CONTROLE SOCIAL é ainda um grande desafio. Os Conse- A idéia ganhou corpo quando se lhos de Saúde ainda não estão implan- viu, nos grupos de trabalho e na plená- tados em todo o País e muitos dos que ria da Conferência, que uma das princi- já existem têm encontrado dificuldades pais demandas dos delegados era para exercerem satisfatoriamente seu justamente por mais informação e me- papel. As maiores dificuldades estão re- lhor capacitação, ferramentas indispen- lacionadas ao aprendizado necessário sáveis para que conselheiros municipais para o pleno exercício da democracia, e estaduais de saúde exerçam seu tra- da cidadania, da participação e do con- balho com eficiência. trole social. Esta publicação do Radis tem como Se considerarmos o Conselho de base o texto das cartilhas e pretende Saúde como um importante espaço pú- servir de subsídio para conselheiros e blico de Controle Social, é necessário todos os que participam do processo de fortalecer a sociedade organizada, ex- construção de uma saúde pública de pressa pelos Movimentos Sociais e Or- qualidade. O essencial, no entanto, é ganizações Não Governamentais (ONGs), que o leitor – conselheiro ou não – pos- N a luta pela democratização do para que, nos Conselhos, os Conselhei- sa refletir sobre cada uma das questões País, o Movimento Sanitário ros representem de fato a sociedade que apresentadas, adaptando-as ao seu mu- Brasileiro, representando a lhes dá sustentação. Para que isso ocor- nicípio, e compreender a importância força de organização da soci- ra, a palavra chave passa a ser de sua participação. edade civil na área da saúde, teve pa- capacitação. pel fundamental na construção do O tema desta Súmula Especial sur- projeto de saúde pública que resultou giu durante a 11a Conferência Nacional na implantação de um sistema de saú- de Saúde, realizada em Brasília em de- de – o SUS -, cujo objetivo é garantir a zembro de 2000, quando a equipe do toda a população uma saúde de quali- Radis visitou o espaço destinado à Se- dade em todos os seus níveis. Mais do cretaria Estadual de Saúde de Mato Gros- que isso, o movimento garantiu a cria- so (SES-MT) e percebeu a necessidade ção dos Conselhos de Saúde, nos quais de dar um caráter nacional a uma inici- a população tem direito de fiscalizar as ativa desenvolvida naquele Estado: a ações do Estado em relação à elabora- publicação de duas cartilhas sobre os ção, controle e fiscalização das políti- conceitos e a estrutura de funcionamen- cas de saúde. to do Sistema Único de Saúde (SUS) no Entre a elaboração de um projeto Brasil, instrumentos importantes para e sua efetivação existe, no entanto, uma o treinamento de mais de 700 conse- grande distância. Operacionalizar o SUS lheiros, em 114 municípios do estado.
  • 2. INTRODUÇÃO Sistema Único de Saúde O que é? Como funciona? O SUS é a união de todas as ações e serviços de saúde públicos e privados A descentralização per- mite a divisão de responsa- bilidades entre os governos contratados para garantir a federal, estadual e municipal, todos os cidadãos brasileiros representado por níveis de (universalidade) acesso à gestão distintos. Segundo a promoção da saúde, preven- Norma Operacional Básica do ção de doenças e assistência SUS de1996 (NOB/SUS núme- médica (integralidade). Pre- ro 01/96), os estados podem visto na Constituição Fede- estar em gestão Avançada ou ral de 88 (art.196) e Plena do Sistema de Saúde, regulamentado pela Lei Orgâ- e os municípios em gestão nica da Saúde (Lei nº Plena de Atenção Básica ou 8080/90 e Lei nº 8142/91), em Plena do Sistema Muni- é uma rede hierar-quizada, cipal. A Atenção Básica regionalizada e descentrali- constitui as ações que es- zada sob o comando único tão no primeiro nível no em cada nível de governo – sistema de saúde e inclui federal, estadual e munici- promoção, prevenção, tra- pal. Gerido pelo poder pú- tamento e reabilitação. b l ic o e f i na nc ia d o c o m Há algumas exigências recursos da união, estados para a habilitação nestas e mu n ic í p io s, i nc o r p o ra gestões: os municípios pre- também o controle social, cisam comprovar a existên- mediante a participação da todas as suas dimensões e o COMO É ORGANIZADO? cia de um Plano Municipal população nos Conselhos de Sistema Unificado e Descentra- O SUS organiza-se de de Saúde, um Fundo Muni- Saúde e Conferências de Saú- lizado de Saúde – SUDS, criado modo a aproveitar ao máxi- cipal de Saúde, capacidade de em seus diferentes níveis em 1987, foi implementado mo os recursos existentes. para gerir as ações, exercer de organização. O SUS substi- pelo antigo INAMPS em asso- Uma das iniciativas é o Con- o controle dos serviços e pos- tuiu, na área da saúde, o sis- ciação com o Ministério da sórcio Intermunicipal de Saú- suir um Conselho Municipal tema do antigo Instituto de Saúde para aumentar o repas- de, onde diversos municípios de saúde atuante, entre ou- Assistência Médica e Previdên- se de recursos para Estados e juntos assumem a prestação tras. Os estados precisam cia Social, o direito à saúde em Municípios. de um serviço. também que 80% de seus Página 2 Julho de 2001 Súmula 81
  • 3. municípios estejam em algum ferentes níveis de governo, SUS: 85% CONSIDERAM CONTROLE SOCIAL tipo de enquadramento ou que o SUS prevê comissões entre ATENDIMENTO BOM OU A Constituição garante os já enquadrados representem estados e seus municípios (Co- EXCELENTE em seu artigo 6º “a saúde, a 60% de sua população. missões Intergestoras Bipartite Os brasileiros estão mui- educação, o trabalho, o lazer, As ações e serviços abran- – CIB) e entre União, estados to mais satisfeitos com os a segurança, a previdência gidos pelo SUS vão desde a pro- e municípios (Comissão hospitais brasileiros do que social, a proteção à mater- moção da saúde, estimulando Intergestora Tripartite – CIT), se pode imaginar. Pesquisa nidade, a assistência aos de- hábitos mais saudáveis, preven- que reúnem-se regularmente. feita pelo Ministério da Saú- samparados”, como direitos ção de doenças, por meio de ati- de a partir da resposta de 110 sociais. “Mas temos hoje ser- vidade de educação em saúde, PROBLEMAS mil usuários do Sistema Úni- viços de rico para rico e ser- vacinação em massa até a pres- O sucesso da implanta- co de Saúde (SUS) mostra que viços de pobres para pobres”, tação de assistência médica – ção ainda encontra barreiras 85% dos entrevistados con- afirmou a Professora da UFRJ, consultas, exames, fornecimen- na cultura política brasilei- sideram excelente ou bom o Laura Tavares, durante a 11ª to de medicamentos básicos. ra. Uma das conseqüências atendimento oferecido pelos Conferência Nacional de Saú- está no percentual do PIB hospitais vinculados ao SUS; de, realizada em dezembro de COMO É FINANCIADO? destinado ao setor: apenas 11% classificaram como re- 2000. A maior parte do finan- 2,10%. O Conselho Nacional gular; 2% como ruim; e 2% A representante dos usu- ciamento do SUS provém de de Saúde aponta que a arre- como péssimo. ários, Maria Betânia Ávila, con- contribuições sociais de em- cadação da União cresceu Os estados com maiores corda com este diagnóstico: pregados e empregadores, 80% entre 1995 e 1999. Se a índices de satisfação são, na "Ser usuário do SUS ainda está r e c u r s o s do F u n do d e proporcionalidade de distri- ordem decrescente de satis- associado a uma desigualda- Mobilização Social e, mais buição das receitas tivesse fação: São Paulo, Rio Grande de de classe. Ainda está as- recentemente, de recursos sido mantida, o orçamento da do Sul, Minas gerais, Paraná sociado à aspiração de possuir da Contribuição Provisória saúde teria chegado a 38 bi- e Goiás. Dentre as cidades, outro meio de acesso à saú- sobre Movimentação Finan- lhões em 2000, em vez dos as mais satisfeitas são: de. Esse é um caminho peri- ceira (CPMF), arrecadados 22 bilhões observados. Florianópolis, Porto Alegre, goso, já que o sistema de pela União. Curitiba, São Paulo e Belo saúde privado não tem ofere- O total de recursos para HISTÓRICO horizonte. cido serviços para cidadãos, assistência à saúde é trans- "Apesar de você, ama- A pesquisa mostra que mas para consumidores". ferido pela União a municí- nhã há de ser outro dia." Foi pacientes estão satisfeitos O controle social – um pios diretamente do Fundo com essas palavras que, na dos fatores mais importantes Nacional de Saúde para os década de 70, Chico Buarque para o sucesso na implan- Fundos Municipais de saúde. burlou a severa 'lei do silên- tação do SUS – é a ca- A União também repassa re- cio' e mandou um recado à pacida de que a cursos diretamente do Fun- Ditadura Militar. O regime foi sociedade civil tem do Nacional de Saúde para os responsável por um modelo de interferir na ges- Fundos Estaduais. Todas es- de desenvolvimento no setor tão pública, colo- sas transferências estão limi- de saúde pública que benefi- cando as ações do tadas a tetos financeiros ciava apenas as pessoas Estado na direção calculados considerando-se a inseridas no mercado de tra- dos interesses da comunida- população de cada unidade balho. O Movimento Sanitá- de. Representando a Central da Federação e, principal- rio foi uma das iniciativas da Única dos Trabalhadores mente, a extensão e comple- sociedade em defesa da de- (CUT), Mônica Valente, na xidade da rede de serviços mocratização desse sistema, mesma Conferência, ressal- (leia mais na pág. 10). tendo um papel fundamental tando a importância da par- na construção de um projeto ticipação de todos os setores COMO É GERENCIADO ? de saúde pública que resul- da sociedade no processo, O comando único em tou na implantação do SUS. disse: ”O que temos acompa- cada nível de governo serve O processo de descentra- nhado em inúmeras cidades para estabelecer a responsa- lização do Sistema de Saúde principalmente com o aten- onde busca-se implantar o bilidade pelas ações em uma Brasileiro teve início na dé- dimento médico. A equipe SUS é que, quanto menor o determinada base territorial cada de 80, sendo legitima- médica recebeu nota média controle social, pior tem ou hierarquia da atenção à do pela Constituição Federal de 8,3 (numa escala de zero sido sua implantação. E não saúde, para que não haja de 88, e seu sucesso depen- a dez), nota média mais alta há controle social – logo superposição de esforços e de diretamente da ação con- entre os ítens da pesquisa.; não há SUS – se ele não conflitos de poder. Para su- junta do Estado e da A mais baixa ficou com as atingir os fundos e o orça- perar conflitos entre os di- sociedade civil. instalações físicas, 7,7. mento da saúde”. Súmula 81 Julho de 2001 Página 3
  • 4. CONTROLE SOCIAL Conselhos de Saúde Espaços de participação social O Conselho Nacional de Saú de – CNS – é um espaço de participação social na adminis- trinta dias após sua aprovação pelo Plenário. As votações são apuradas pela contagem de federadas, e os próprios conse- lhos apuram sua paridade, regu- laridade das reuniões e controle envolvam áreas como alimenta- ção, nutrição, saneamento e meio ambiente, entre outras. tração do Sistema Público e votos a favor, contra e absten- social. De acordo com o site do Os grupos de trabalho são atua no controle da execução ções, mediante manifestação Conselho Nacional de Saúde criados pelo Plenário com o da política de saúde estabele- expressa de cada conselheiro, (http://www.saude.gov.br), objetivo de articular progra- cendo estratégias de coorde- ficando excluída a possibilida- estima-se hoje que existam cer- mas de saúde. Saneamento, nação e gestão do SUS. É uma de de votação secreta. O Con- ca de 4 mil Conselhos Munici- meio ambiente, alimentação e atividade não remune- pais de Saúde, dos quais nutrição estão entre os temas rada e aberta à parti- mil ainda com compo- abordados. As comissões e gru- cipação da sociedade. sição e funcionamento pos de trabalho são dirigidos Baseado na Constitui- precários, o que resulta por um Coordenador designa- ção Federal, na Lei Or- uma estimativa por vol- do pelo Plenário do Conselho gânica da Saúde (Lei ta de 45 mil conselhei- Nacional de Saúde. A Secretaria nº 8.080/90) e na Lei ros de saúde nas três Executiva é a unidade de apoio nº 8.142/90, o Conselho esferas do governo. ao funcionamento do Conselho consolida o controle so- de Saúde. Subordinada ao Ple- cial, por intermédio dos ESTRUTURA nário do Conselho, sua função é Conselhos Estaduais e O Conselho Naci- secretariar as reuniões, divulgar Municipais. onal de Saúde é com- as deliberações e manter inter- O CNS é uma ins- posto pelo Plenário, câmbio com as unidades do Sis- tância coletiva, com comissões e grupos de tema Único de Saúde. poder de decisão. Liga- trabalho e Secretaria do ao Poder executivo, Executiva. Os atos são é composto por 50% de ho mologados pelo usuários, 25% de tra- chefe do poder execu- balhadores de saúde e tivo local ou por secre- 25% de prestadores de tários Estadua is e serviços. Representan- Municipais. tes do Governo, profis- O Plenário é um s io na i s de s a ú de e fórum de deliberações usuários estão entre os votadas em reuniões participantes e o nú- mensais. Baseado em mero de conselheiros um regimento interno, é varia entre 10 e 20 composto por conse- membros. O presidente é elei- selho conta ainda com o apoio lheiros com mandato de dois to entre os membros e a re- administrativo do Governo na anos. São funções dos conselhei- pre se nta ç ã o de p e nde da estrutura e funcionamento, ga- ros: representação dos interes- realidade existente em cada rantindo-lhes a dotação orça- ses específicos de seu segmento área, preservando-se o princí- mentária. social ou governamental e de CONSELHOS ESTADUAIS pio da paridade em relação aos O desenvolvimento do con- formulação e deliberação cole- E MUNICIPAIS usuários, e começam com a trole social no SUS através dos tiva no órgão colegiado, pelo de Os Conselhos estaduais são presença mínima da metade Conselhos começa a transparecer posicionamento a favor dos in- compostos por representantes do mais um de seus membros. com a implementação na Norma teresses da população usuária do Governo Federal, (indicados pelo Cada membro terá direito a um Operacional Básica, a NOB-93, Sistema Único de saúde. Ministro de Estado da Saúde e voto. As resoluções serão ho- que sistematiza melhor o pro- As Comissões, constituí- outros Ministérios), representan- mologadas pelo Ministro de cesso de descentralização. das por força da lei 8080/90, tes da Secretaria de Saúde do Es- Estado da Saúde e publicadas Acelera-se a criação dos Con- têm por finalidade articular tado, das Secretarias Municipais no Diário Oficial da União selhos de Saúde, completando- políticas e programas de interes- de Saúde, dos trabalhadores da (D.O.U.) no prazo máximo de os em todas as unidades se para saúde cujas execuções área de saúde e prestadores de Página 4 Julho de 2001 Súmula 81
  • 5. serviço de saúde, sen- do 50% de entidades esfera local. Recu- peramos uma visão ria do fundo de Saúde, acom- panhando a movimentação Formando filantrópicas e 50% de entidades não fi- comunitária, onde pessoas e famílias dos recursos. conselheiros ! Opinar sobre a criação de lantrópicas. A efetiva passam a ser co- O Programa de Apoio ao novos cursos superiores na participação do usu- responsáveis por Fortalecimento do Controle So- área de saúde, em articu- ário depende da sua saúde e bem cial no Sus foi criado a partir lação com o Ministério da mobilização das enti- estar. Instituir um de uma parceria entre a Secre- Educação e do Desporto. dades representativas poder local como taria de Gestão de Investimen- da sociedade em de- sistema organizado tos em Saúde do Ministério da NA PONTA DA LÍNGUA fesa do SUS e da saú- de consensos da Saúde (SIS/MS), o Conselho Leis e resoluções que todo de pública, propondo sociedade civil Nacional de Saúde (CSN) e o conselheiro deve conhecer: caminhos e soluções, num espaço limita- Ministério público (MP). Seu qualificando-se para do implica altera- ! Lei 8080, de19/set/1990 objetivo é a capacitação de elegerem seus repre- ções no sistema de cerca de 43 mil conselheiros A lei regula as ações, a or- sentantes. organização da in- de saúde em todo o país e a ganização e o funcionamen- O Conselho Mu- formação, reforço formação, em Direito Sanitá- to dos serviços de saúde em nicipal de Saúde é da capacidade ad- rio, de aproximadamente 1300 todo país. um órgão colegiado, ministrativa e um membros do Ministérios Públi- vinculado à Secreta- amplo trabalho de ! Lei 8142, de dez/90 co. Para obter mais informa- ria Municipal e faz formação na comu- ç õ e s s o b re o p ro g ra ma , A lei dispõe sobre a partici- parte dos mecanis- nidade sobre as consulte: pação da comunidade na mos criados pelo leis e a participa- gestão do SUS, a alocação SUS para garantir o ção no Sistema Pú- de recursos financeiros na CONSELHO NACIONAL controle social do blico de Saúde. área da saúde, a estrutura DE SAÚDE / MINISTÉRIO Sistema de Saúde dos Conselhos e das Confe- DA SAÚDE nos municípios. A formulação ATRIBUIÇÕES DOS rências de Saúde. de estratégias para elaboração CONSELHOS DE SAÚDE Esplanada dos Ministérios de planos de saúde e o con- ! Estabelecer estratégias e Bloco G – Ed. Anexo – Ala B – ! Resolução do Conselho trole das políticas definidas mecanismos de coordena- 1º andar Salas 130/ 136 Nacional de Saúde nº 33, estão entre as atribuições mais ção e gestão do SUS, ar- 70058-900 – Brasília – DF de 23/dez/92 importantes do conselho. Para t i c u l a n do - s e c o m o s Fone: 61 – 315-2051 Sobre os Conselhos Estadu- que se possa cumprir o que a demais colegiados em ní- Fax: 61 – 315-1472 ais e Municipais de Saúde. lei determina, o Conselho deve vel nacional, estadual e e-mail: cns@saude.gov.br exercer o controle social do municipal. ! Resolução do Conselho SUS fiscalizando, planejando e ! Traçar diretrizes de elabo- Nacional de Saúde nº 52, MINISTÉRIO DA SAÚDE / controlando os recursos desti- ração e aprovar os planos de 6/ maio/93 SECRETARIA DE GESTÃO DE nados à área de Saúde no or- de saúde, adequando-se Sobre o fórum de negocia- INVESTIMENTOS EM SAÚDE ç a me nt o do Mu n ic í p io . O aos demais colegiados em ção entre empregadores e Conselho deve ainda fiscalizar Esplanada dos Ministérios nível nacional, estadual e trabalhadores do SUS. o Fundo Municipal de Saúde e Bloco G – Ed. Sede – 8º andar propor o Plano Municipal de municipal. Sala 823 ! Decreto nº 1232, de Saúde na Lei de Diretrizes Or- ! Propor a adoção de critéri- 70058-900 – Brasília – DF 30/ago/94 çamentárias. os que definam qualidade Fone: 61 – 315-2574 Trata das formas de repas- Os Conselhos Municipais e melhor resolução do sis- Fax: 61 – 223-0799 se de recursos do Fundo Na- possuem estrutura semelhante à tema de saúde. cional de Saúde para os dos Conselhos estaduais e os ! Examinar propostas e de- fundos de saúde dos esta- usuários têm representação se- núncias, responder a con- dos, municípios e Distrito melhante em ambos. Os usuári- s u l t a s s o b re a s s u nt o s Federal. os do Sistema são representados por entidades congregadas de pertinentes a ações e ser- sindicatos de trabalhadores ur- viços de saúde, bem como Saiba mais: banos e rurais, movimentos co- apreciar recursos a respei- http://www.saude.rj.gov.br/ munitários organizados na t o de de l i b e ra ç õ e s do área da saúde, conselhos co- colegiado. http://www.saude.gov.br/ munitários e associações de ! Fiscalizar a movimentação http://www.conasems.com.br moradores, entre outras. Atu- de recursos repassados ao almente, entende-se que a http://www.mcanet.com.br/ Fundo de Saúde. cmsf/index2.html cidadania não reside mais na simples escolha de dirigentes ! Estimular a participação http://www.pms.ba.gov.br/ pelo voto e sim na possibilidade social no controle da ad- smec de colocar nos fóruns de deci- ministração do SUS. sões estes novos sujeitos. http://www.prodam.sp.gov.br/ ! Propor critérios para execu- sms/instituc/c_conselho.htm Nota-se que essa partici- ção financeira e orçamentá- pação está sendo produzida na Súmula 81 Julho de 2001 Página 5
  • 6. INFORMAÇÃO EM SAÚDE Informação Onde buscar? Como utilizar? A lém de acompanhar e ava- liar as ações que o Estado executa na área da saúde, um próximo possível da realida- de do município. estar corretos. Disparidades ou erros encontrados nos sis- temas de informação devem portanto, o primeiro passo no planejamento das ações de Atenção Básica. É preciso Conselho também tem o po- O QUE É NECESSÁRIO ser comunicados e corrigidos, buscar nos sistemas de infor- der de, identificando as carên- SABER? pois além de prejudicarem as mação o número de famílias, cias de seu município, definir, Através da consulta ao ações municipais afetam nega- de moradores, como estão juntamente com a equipe de sistema de informação de seu tivamente as ações de âmbito distribuídos bairros e comu- gestão governamental, que município, uma pessoa deve estadual. Os Conselhos também nidades, onde ocorrem doen- ações devem ser desenvolvi- ser capaz de obter dados tan- podem enviar dados à Secre- ças específicas e como estão das prioritariamente. to de caráter geral (população taria de Saúde, que se encar- organizados os serviços de e como ela está constituída regará de investigá-los. atenção à saúde no local. A INFORMAÇÃO quanto a idade, sexo, esco- Além disso, é preciso conhe- COMO RECURSO laridade, renda e condições DA INFORMAÇÃO À AÇÃO cer as pessoas e o jeito de Para que as decisões se- de habitação, atividades eco- – A ATENÇÃO BÁSICA – ser da comunidade. jam tomadas de forma consci- nômicas, se existe água tra- Falar em Atenção Básica é Dois programas, de ca- ente e o controle dessas ações tada e re de de esgoto) falar de ações cujo objetivo é ráter municipal, foram cria- seja feito com eficácia, é ne- quanto específicos da área de melhorar a saúde das pessoas pela dos pelo Ministério da cessário que tanto as secreta- saúde (doenças mais fre- promoção (condição de lazer, sa- Saúde para rias de saúde quanto os qüentes ou mais perigosas, neamento, educação), prevenção servirem conselheiros tenham acesso à recursos financeiros disponí- (vacinação, aleitamento mater- informação de qualidade e ple- veis, quantidade de profissi- no), tratamento e reabilitação. namente confiável. onais atuando na área, Estas ações precisam ser plane- Por essa razão, todo mu- número de postos, centros de jadas em estreita sintonia com nicípio deve ter um Sistema de saúde, leitos e hospitais no a realidade da população a que Informação capaz de coletar, município). se destinam, para terem bons para depois organizar e Pa re c e d i f í c i l o b t e r resultados. Por esse motivo, redistribuir de forma clara, da- tantas informações, mas com a descentra-lização da saú- dos que permitam o melhor di- não é, pois todas elas po- de, o município, através do Sis- agnóstico possível da área de dem ser encontradas na Pre- tema Municipal de Saúde – SMS, saúde. Os sistemas de informa- f e i t u ra M u n ic i p a l , q u e acaba sendo o principal res- ção servem, portanto, de refe- reúne também dados ofere- ponsável pela organização rência para a Secretaria cidos por vários outros ór- deste nível de atenção. Municipal de Saúde identificar g ã o s, c o mo o I B G E e o A idéia por trás da os principais problemas e Ministério da Saúde. Exis- Atenção Básica é que, planejar as ações de saú- tem ainda vários sistemas em matéria de saúde, de, dizendo como, quan- desenvolvidos pelo SUS, prevenir as doenças é do, com quem, com que recursos que também podem ser con- sempre mais seguro e mais elas serão realizadas e que me- s u l t a do s p e l a I n t e r n e t econômico e é certo que, se a canismos de controle e avalia- (www.datasus.gov.br), bem Atenção Básica estiver bem or- ção serão utilizados para saber como redes de informação ganizada, cerca de 90% dos pro- se deram certo ou não. de caráter nacional. blemas de saúde da população Um Plano de Saúde, en- O que se deve ter sem- estarão resolvidos. tão, nada mais é do que o re- pre em mente é que, por se- sultado do planejamento rem importantes ferramentas O PRIMEIRO PASSO daquilo que foi feito num de- de trabalho para a gestão da Obter informações que terminado período e, para ser saúde, os dados precisam re- possibilitem o conhecimen- eficiente, deve estar o mais fletir a realidade, precisam to profundo do município é, Página 6 Julho de 2001 Súmula 81
  • 7. de modelo de Atenção Bási- de atenção à saúde e está ca. O primeiro deles, surgido sendo posto em prática por em 1991, é o Programa de cerca de 1.300 dos 5.507 mu- ALGUNS DOS SISTEMAS E REDES Agentes Comunitários de nicípios do país. DE INFORMAÇÃO DISPONÍVEIS Saúde (PACS), no qual mora- No programa, equipes dores das próprias comunida- constituídas por médicos, Todos os sistemas e redes apresentados podem ser facil- des são seleciona dos e enfermeiros, auxiliares de mente acessados pelo site do Ministério da Saúde treinados para, através de vi- enfermagem e agentes co- (www.saúde.gov.br), na seção ‘Informações em Saúde’. As in- formações também podem ser obtidas diretamente nas prefei- sitas domiciliares, levantar munitários de saúde, ficam turas municipais, estando acessíveis a todo cidadão brasileiro. dados sobre condições de responsáveis por visitar re- vida da população da área gularmente entre 600 e 900 ! SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) Informa o número de nascidos vivos, as características da mãe, do onde atuam e orientar sobre famílias de uma determina- parto e da criança ao nascer. Faz parte do cálculo da taxa de mor- questões relacionadas à saú- da comunidade. Durante as talidade infantil, cujo denominador é o número de nascidos vivos. de. O segundo, cujas primei- visitas, é feito atendimen- ! SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) ras equipes foram formadas to médico, quando necessá- Informa quais as doenças de notificação (diarréias, dengue, em 1994, é o Programa Saú- rio, e levantamento de da- malária, meningite etc) que estão ocorrendo, qual a idade e sexo de da Família (PSF). dos sociais, demográficos e das pessoas e em que localidade estão acontecendo. epide-miológicos, Além dis- ! SISVAN (Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e UMA EXPERIÊNCIA so, são identificadas doen- Nutricional) PROMISSORA ças e situações de risco à Informa as características das crianças, na faixa etária de 0 a 5 O Programa de Saúde da saúde às quais está expos- anos e das gestantes, identificando, inclusive, o número de ges- tantes desnutridas. Família, considerado modelo ta a população atendida de Atenção Básica, surgiu para que equipe e comuni- ! SIAB (Sistema de Informações de Atenção Básica) com o propósito de da de p o s s a m t ra ç a r, e m Informa, na área dos programa ‘Agentes Comunitários de Saúde’ e ‘Saúde da Família’, o número de nascidos vivos, número de substituir o modelo conjunto, estratégias para crianças menores de dois anos pesadas e vacinadas, as gestantes tradicional a solução dos problemas. cadastradas, número de hipertensos, diabéticos, hansenianos e Isso significa um trabalho tuberculosos, o número de visitas domiciliares, internações do- global, que trata a família miciliares e o número de consultas realizadas por médicos e en- como um todo e não de for- fermeiros. ma fragmentada (separando ! SIA/SUS (Sistema de Informações Ambulatoriais) crianças, idosos e gestan- Informa a capacidade instalada do seu município, isto é, o nú- tes) e observa atentamen- meros de postos de saúde, policlínicas, maternidades, pronto- socorros, consultórios médicos e odontológicos, entre outros. te o modo de vida dos mo- Informa também a produção ambulatorial, ou seja, os procedi- r a d o re s da c a s a e s u a s mentos realizados. relações com o ambien- ! SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares) te para propor ações Informa o número de hospitais existentes, sua capacidade em educativas que melho- números de leitos, o tempo médio de permanência do paciente rem as condições de no hospital, quantos são públicos ou credenciados ao SUS. É o vida no local. sistema que processa as Autorizações de Internações Hospitalares Existem muitas for- (AIH´s), disponibilizando informações sobre os recursos destina- dos a cada hospital que integra o SUS, as principais causas de mas de os municípios internação (parto normal, insuficiência cardíaca, cesarianas etc). tratarem a Atenção Bá- sica. O importante é ! SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) Informa o número de óbitos ocorridos no município e no Estado, q u e o s C o ns e l ho s de a causa determinante da morte, por idade, sexo e localidade. Saúde têm o poder de Subsidia o cálculo da taxa de mortalidade infantil, mortalidade exigir dos gestores a cri- materna, entre outros. ação de programas que te- ! RIPSA (Rede Interagencial de Informações para a Saúde) n h a m e s t e o b j e t i v o . No Disponibiliza dados básicos, indicadores e análises de situação caso do PSF e do PACS, é pre- sobre as condições de saúde e suas tendências no país, para ciso entrar em contato com melhorar a capacidade de formulação, coordenação, gestão e operacionalização de políticas e ações públicas dirigidas à quali- a Secretaria Estadual de Saú- dade de saúde e de vida da população. de, lembrando que o Minis- tério da Saúde faz ainda um ! RNIS (Rede Nacional de Informações em Saúde) Integrada na Internet, promove acesso e intercâmbio de infor- repasse de recursos, a títu- mações em Saúde para gestão, planejamento e pesquisa para lo de incentivo, para os gestores, agentes e usuários do SUS. (www.rnis.saude.gov.br) municípios que implan- tam os programas. Súmula 81 Julho de 2001 Página 7
  • 8. AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE Gestão do SUS Responsabilidade dos municípios A Legislação Federal e Es tadual do SUS estabelece, no Art. 196: “A saúde é direi- mentares e ambientais a fim de prevenir o aparecimento de doenças ou quaisquer outros e ndemias e as ações educativas que visam contro- lar a qualidade de produtos operação técnica e financeira da União e dos estados, carac- terizando um processo de to de todos e dever do Estado, danos à saúde. Para tal, con- e serviços, especialmente de transformação profunda no garantido mediante políticas tam com a atuação da Vigilân- alimentos, de serviços de qual se desloca o poder – que sociais e econômicas que vi- cia Sanitária e Epidemiológica saúde e da água para consu- representa a gestão, as atri- sem à redução do risco de do- em conjunto com outros ór- mo, proporcionando à popu- buições e decisões – para um ença e de outros agravos e ao gãos governamentais como lação uma vida saudável e nível mais local do Sistema. acesso universal e igualitário Secretarias de Educação, Meio livre de doenças. às ações e serviços para sua Ambiente e Fundação Nacional EXIGÊNCIAS DA LEI promoção, proteção e recupe- de Saúde. GESTÃO PLENA A NOB 96 estabelece um ração”. Aos municípios cabe o Para que o Município pos- objetivo claramente definido: cumprimento desta e de todas AS SECRETARIAS sa fazer a organização do Sis- “Promover e consolidar o ple- as leis aprovadas. Inseridos na Segundo a Legislação, é tema de Saúde, precisa no exercício, por parte do po- proposta da Atenção Básica, da competência das Secretari- habilitar-se na Gestão Plena da der público municipal e do todos os municípios devem as de Vigilância Sanitária pla- Atenção Básica segundo a Nor- Distrito Federal, da função de promover condições de saúde, nejar ações capazes de ma Operacional Básica – gestor da atenção à saúde de eliminar, diminuir ou prevenir NOB 96. Esta vem tratar, seus municípios”. Des- riscos à saúde e intervir nos entre vários itens re- ta forma, um municí- problemas sanitários de- ferentes à saúde, p io e nc o nt ra - s e correntes do meio am- habilitado qua ndo biente, da produção e os compromissos circulação de bens e assumidos por parte da prestação de do gestor perante os serviços de interesse outros gestores e peran- da saúde. Às Secretarias de te a população são cumpri- Vigilância Epidemiológica dos segundo as exigências da competem atenção lei do SUS, ou seja, de criar e conhecime nto e fazer funcionar o Conselho para deter ou pre- e o Fundo Municipal de Saú- venir quaisquer mudanças de e de elaborar o Plano Mu- nos fatores determinantes e nicipal de Saúde. condicionantes de saúde indi- No Estado do Rio de Ja- vidual ou coletiva, com a fi- neiro, por exemplo, dos 91 nalidade de recomendar e municípios, 79% estão habi- adotar medidas de prevenção litados em uma das modali- lazer, saneamento, oferecer e controle das enfermidades. dades de gestão, denominada tratamento médico e hospita- Devidamente capacitados Plena da Atenção Básica — lar, organizar estratégias de e organizados, os municípios GPAB, e 21%, na Gestão Plena vacinação, aleitamento mater- devem ainda investigar os ca- das obrigações do gestor mu- do Sistema — GPS, já preco- no, entre outras medidas. sos de doenças de notificação nicipal, dos requisitos básicos nizados pela NOB 96, sendo Cientes de que são de re- compulsória, como a dengue, para as modalidades de gestão que 71% da população está levância pública as ações e ser- e implementar procedimentos e das prerrogativas que facili- concentrada em municípios ha- viços de saúde, as cidades têm que venham interromper a ca- tam o seu desempenho. A par- bilitados nesta última modali- a responsabilidade de atuar deia de transmissão. Outros tir daí, o gestor municipal dade de gestão, o que junto aos grupos e fatores de procedimentos a serem im- poderá, assim, prover a aten- corresponde a cerca de 10 mi- risco comportamentais, ali- plantados são o controle de ção à saúde, com a devida co- lhões de habitantes. Página 8 Julho de 2001 Súmula 81
  • 9. Análise de planejamento na saúde onde aparecem, com as pesso- O QUE UM CONSELHEIRO MUNICIPAL O s Conselhos de Saúde, se jam estaduais, municipais ou do Distrito Federal, podem as que estão sendo atingidas. É preciso também que se co- nheça quais são os recursos fi- DE SAÚDE PRECISA SABER? atuar na formulação e contro- nanceiros, humanos e físicos le da execução da política de saúde, incluídos seus aspectos previstos para combater deter- Quem nunca precisou de uma simples consulta médica ou minados problemas. mesmo de uma internação? Por isso, os Conselhos Municipais econômicos, financeiros e de gerência, traçar diretrizes de No exercício de uma de de Saúde se organizam de forma a conferir e exigir dos municí- suas atribuições, que é “fisca- pios o cumprimento de suas responsabilidades, ou seja, de criar elaboração e aprovar os pla- nos de saúde. Devem ainda lizar e acompanhar o desenvol- planos de saúde que atendam às necessidades do indivíduo e propor a adoção de critérios vimento das ações e serviços da sua família. Desta forma, precisam tomar conhecimento so- bre o que está sendo feito ou planejado, garantindo a qualida- que definam qualidade e me- de saúde”, os conselheiros pre- de no sistema. Todo Conselheiro de Saúde precisa saber: lhor resolução do sistema de cisam visitar com freqüência saúde, entre outras recomen- os serviços de saúde, pois só 1 – Se todos os bairros de seu município possuem serviço de assim poderão atestar se es- Atenção Básica funcionando de forma satisfatória; dações do Conselho Nacional de Saúde, com base na Consti- tes funcionam ou não e se es- 2 – Quais são as ações e serviços de Atenção Básica à saúde tuição Federal, na Lei Orgâni- tão atendendo realmente à que estão sendo desenvolvidos; ca da Saúde (Lei nº 8.080/90) população. Para completar sua 3 – Se existe Programa de Agentes Comunitários de Saúde e na Lei nº 8.142/90. Para ação, é necessário que conhe- implantado e que parcela da população abrange; que isso se cumpra, é neces- çam as lideranças e organiza- sário planejamento e análise ções populares, avaliem 4 – Se existe o Programa de Saúde da Família implantado e periodicamente os indicadores qual a cobertura; constante. Um bom planejamento re- da Atenção Básica 5 – Se a população tem acesso aos exames necessários na quer preparação, interação en- priorizados pelo rotina da Atenção Básica; t re g r u p o s q u e t e n h a m município, peçam à 4 – Quais são os serviços de urgência e emergência disponí- interesses diversos, organi- Secretaria Municipal veis e as principais dificuldades de acesso aos serviços zação de ações e aspectos de de Saúde dados refe- mais complexos; comunicação e conhecimen- rentes às ações reali- to da realidade de um ou zadas, utilizem as 5 – O número de unidades de saúde e sua localização no mu- informações recebi- nicípio, sejam policlínicas, postos, centros de saúde, uni- mais assuntos. Tendo estes pressupostos em das que venham su- dades de coleta de transfusão de sangue, unidades de gerir modificações e reabilitação e fisioterapia, unidades de odontologia, hos- mente, os conselheiros alterações e apre- pitais ou laboratórios; sentem idéias e 6 – O número de profissionais de saúde por especialização; propostas. 7 – O número de leitos por clínica, tanto médica, pediátrica, cirúrgica e obstétrica, que o município tem disponível para o Sistema Único de Saúde – SUS; 8 – Se os serviços estão devidamente organizados; 9 – Quem autoriza e controla as internações e se existe cen- tral de marcação de consultas, exames e internações; 10 – De que maneira está organizada a distribuição de medica- mentos no município; Em suma, a garantia da quali- 11 – De que maneira a população avalia a qualidade dos servi- dade no sistema ços de saúde, tanto ambulatoriais quanto hospitalares; devem se manter sempre informa- de saúde requer, 12 – Se a Vigilância Sanitária está implantada e atuante; dos sobre como a entre vários ou- 13 – De que maneira o município encaminha a sua população saúde está sendo t ros fatores, a para os municípios de referência quando necessita de al- organizada no seu participação efe- gum serviço não disponível, seja rotineiro ou não; município. tiva dos Conse- É preciso, para isto, fa- lheiros de Saúde, que precisam 14 – E se existe alguma ação diferenciada na região ou plano definir: de saúde criado pelo próprio município. zer um levantamento dos pla- nos de saúde que chegam ao 1. As prioridades da popula- Em busca de um sistema eficiente, muitos municípios têm Conselho e identificar os pro- ção; se organizado através de equipes especializadas na Atenção blemas apresentados e se es- 2. Como e quando fazer um Básica, implantando os programas modelos do Ministério da tão relacionados com as causas planejamento; Saúde – “Saúde da Família” e “Agentes Comunitários da Saúde”. pelas quais os indivíduos ado- 3. Como controlar e avaliar os ecem e morrem, com os locais serviços de saúde. Súmula 81 Julho de 2001 Página 9
  • 10. ORÇAMENTO MUNICIPAL Recursos De onde vêm? Para onde vão? O orçamento municipal pre- tende mostrar de onde pro- vêm e para onde serão designa- 1. Em que, para que e por que se pretende gastar determi- nada quantia? de Diretrizes Orçamentárias – LDO – contém regras para a ela- boração do orçamento que deve Ministério da Saúde aproximada- mente R$ 2.200,00 por agente/ ano para que possa garantir o dos os recursos da saúde por 2. Que segmentos da saúde uti- ser produzido pelo Poder Execu- salário do funcionário designa- meio da participação de todos lizarão o dinheiro disponível? tivo a partir de abril do primeiro do para a função. Já para cada os segmentos da sociedade. Po- 3. De que maneira o município ano e encaminhado até final de equipe do Programa de Saúde da demos defini-lo como um proces- obterá os devidos recursos? junho ao Poder Legislativo para Família, o município recebe mais so pelo qual se elabora, se que possa ser aprovado. Através ou menos R$ 36.000,00 por ano. expressa, se aprova, se executa e Esta elaboração somente da LDO, são garantidos os recur- Para a compra de remédio, este se avalia o nível de cumprimento pode acontecer, desnecessário sos necessários para o desenvol- recebe R$ 2,00 por ano para cada do programa do governo para cada dizer, mediante respaldo legal. vimento das ações de saúde. Já indivíduo. Se o município apre- período orçamentário. os orçamentos anuais são ela- sentar um plano para o combate Esta atuação tem como PLANOS E MEDIDAS borados pelo Poder Executivo a à desnutrição, receberá em mé- objetivo garantir o cumprimen- DE ORÇAMENTO partir de julho e encaminhados dia R$ 180,00 por ano para cada to das ações e serviços que aten- Segundo a Constituição ao Poder Legislativo até o final criança desnutrida. Por fim, para dam às necessidades da Brasileira, o Poder Executivo do mês de setembro, que deve o incentivo à vigilância sanitá- população. Desta forma, qual- deve elaborar leis para o Plano aprová-los até o final da primeira ria básica, o município recebe quer cidadão pode ter acesso a Plurianual, as Diretrizes Orça- quinzena de dezembro. R$ 0,25 por habitante/mês. ele e, se for preciso, questioná- mentárias e os Orçamentos anu- O Ministério destina, ain- lo junto aos órgãos responsáveis. ais, que são subsídios para que DE ONDE PROVÊM da, verba para custear assis- Para não deixar nenhuma os municípios possam efetuar o OS RECURSOS DA SAÚDE tência especializada (como dúvida pairar no ar quanto aos planejamento e execução do seu Para atender a todas as ne- internações em hospitais mu- gastos do município, sobretudo orçamento. cessidades de saúde da popula- nicipais próprios), exames de em relação à saúde, o prefeito ção e tentar cumprir com laboratório, de Raio X, Ultra- de Icapuí, cidade localizada no suas obrigações, os mu- sonografia e consultas e também litoral de Aracati – CE, optou por nicípios recebem men- para convênios voltados para in- uma alternativa salmente do Governo vestimentos, reformas, constru- inusitada e Federal uma quantia ções e combate às doenças mais fixa para a Atenção Bá- comuns na região – a exemplo sica (o Piso da Aten- da dengue e da malária – ou mes- ção Básica – PAB), mo para acordos de cooperação, que representa em integração e intercâmbio cien- torno de R$ 10,00 tífico e tecnológico. por habitante ao ano. Vale ressaltar que os recur- O PAB fixo é pago por meio sos liberados aos municípios criativa: pintou o do Fundo Municipal de Saúde. para ações da saúde são retira- orçamento no muro O PAB reúne todo o dinhei- dos dos impostos que a popula- da sua casa. Esta ação, ro da saúde em um só lugar e ção paga e das compras possível em uma cidade que tem que estar previsto, sobre- efetuadas, já que em todos os abriga quase 17 mil habitantes, tudo, no Plano de Saúde. Para produtos e serviços são taxados onde a maioria circula pelo mes- garantir ainda o uso adequado impostos. Arrecada-se, por mo espaço e passa quase sem- do piso, a gestão municipal pre- exemplo, dos impostos tributá- pre em frente à residência do cisa efetuar a prestação de con- rios, como o Imposto Predial e prefeito, se tornaria inviável em tas e apresentar o relatório de Territorial Urbano – IPTU, o Im- municípios mais populosos. No O Plano Plurianual – PP – gestão com a aprovação do Con- posto sobre Serviços – ISS, o entanto, todos eles devem apre- contém informações sobre obras selho de Saúde. Imposto sobre a Propriedade de sentar seus orçamentos e torná- e demais investimentos que se- Há ainda um valor repas- Veículos Automotores – IPVA e los acessíveis à população. rão realizados. Este tem durabi- sado pelo governo que varia se- o Imposto sobre Circulação de Como toda ação pública, tal lidade de quatro anos e deve ser gundo algumas necessidades do Mercadorias e Serviços – ICMS. Há iniciativa precisa de um detalha- elaborado logo no primeiro ano município, denominado como ainda a tributação sobre transfe- do planejamento antes de ser da gestão, para ser executado PAB variável. Em caso de ter na rências de fundos monetários e executado. Devem ser levanta- nos três anos seguintes até o pri- cidade agente comunitário con- pagamento de cotas únicas, en- das questões como: meiro ano da nova gestão. A Lei tratado, o município recebe do tre outros similares. Página 10 Julho de 2001 Súmula 81
  • 11. 11A CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE A sociedade e os Conselhos Críticas e Sugestões ! Instaurar novos instrumentos L ogo na apresentação desta Súmula, dissemos que existe uma grande distância entre pro- de controle social do tipo ouvidorias ou “Disque-SUS”, sejam criados periodicamente cur- sos de formação de conselheiros. O esclarecimento da população, 1. Que cada conselho tenha seu próprio veículo de comunica- ção, com suporte técnico ga- jeto e realidade, distância esta para receber e tratar de denún- por meio de cartilhas e campa- rantido pelos gestores, e um que só pode ser vencida com mui- cias de cidadãos sobre os ser- nhas nacionais, sobre o papel, as computador ligado à Internet, ta reflexão, com a participação viços de saúde; funções e as ações dos Conselhos para a constituição de uma de todos e com controle social de Saúde foi considerado funda- rede acessível a todos; efetivo. O relatório final da 11a ! Aperfeiçoar leis e regulamentos mental para seu fortalecimento Conferência Nacional de Saúde, referentes ao controle social. e para a possibilidade de 2. Que a mídia, inclusive a gran- realizada em dezembro de 2000, transformá-los no elemento de de imprensa, seja usada inten- na qual estiveram presentes cer- Outro ponto importante foi ligação ideal entre o cidadão e o sivamente para a valorização ca de 2500 delegados de todo o o reconhecimento da necessida- Ministério Público, no que diz res- do controle social junto à so- país, ressalta os avanços alcan- de de maior capacitação para os peito por um lado ao recebimento ciedade; çados desde o início da implan- conselheiros e até mesmo para de denúncias dos usuários e por ou- tação do SUS sem, no entanto, usuários do SUS, com ênfase no tro ao encaminhamento de ações 3. Que sejam criados canais per- deixar de apontar as deficiências controle social e na participação e serviços junto à sociedade. manentes de comunicação en- que ainda precisam ser superadas. cidadã. A idéia é que, a partir da Também ficou explícita a tre os Conselhos e o Ministério Diversas propostas foram fei- articulação entre a Universidade, demanda nas áreas de comunica- Público. tas com o objetivo de melhorar a os serviços de saúde, as Secreta- ção e informação. Neste âmbito, qualidade e ampliar a extensão do rias de Saúde e outros segmentos há três sugestões O relatório também mostra controle social, tais como: sociais, e com o uso principais: que é preciso fortalecer as ações e das TVs educativas serviços de atenção básica para que ! Aumentar a representatividade e da educação à eles sirvam de porta de entrada do dos conselheiros, criando me- distância, sistema de saúde. A grande crítica canismos que garantam que é sobre a descontinuidade desses suas ações nos conselhos es- programas em função da mudan- tejam de acordo com a vonta- ça de gestores, gerando conse- de da coletividade que eles qüentemente a reivindicação representam; por mecanismos que garan- tam a continuidade de ! Criar Conselhos Municipais e projetos que tragam bene- Estaduais de Cidadania, inte- fícios comprovados à popu- grados por representantes dos lação. diferentes conselhos que tra- O relatório da 11a Con- tam de políticas sociais; ferência Nacional de Saúde está disponível na íntegra em: ! Observar a obrigatoriedade da www.datasus.gov.br/cns. existência de Conselhos Gestores em todas as unidades e serviços de Saúde; ! Implantar efetivamente os Or- çamentos Participativos, como forma de au- mentar a discussão das políticas públicas; Súmula 81 Julho de 2001 Página 11
  • 12. TEMA ASSEMBLÉIA EXPEDIENTE MUNDIAL DE SAÚDE Aos leitores A próxima publicação temática do Programa Radis, prevista SÚMULA é um órgão oficial da Fun- dação Oswaldo Cruz, editado pelo Programa Radis (Reunião, Análise e Esta edição especial da to junto às mais variadas áreas, para o mês de setembro, reporta- Difusão de Informação sobre Saúde), Súmula marca uma mudança pro- além de dinamizar a cobertura rá as discussões e propostas da 54a da Escola Nacional de Saúde Pública Assembléia Mundial de Saúde, pro- (Ensp). funda no Radis, na sua forma de dos eventos que elegia como im- movida pela Organização Mundial organização interna, na sua ca- portantes para seus leitores. Periodicidade: bimestral de Saúde (OMS) e realizada em pacidade de traduzir as iniciati- Agradeço profundamente ao Tiragem: 42 mil exemplares maio deste ano. Partindo dos gran- vas e demandas vinculadas ao conjunto de dirigentes da Ensp e Assinatura: Grátis, em conjunto com des eixos temáticos da Assembléia sistema de saúde e às crescentes da Fiocruz que confiaram a mim as revistas TEMA e DADOS. (alimentação de lactantes, desnu- necessidades da população. Mu- a coordenação desta equipe por Presidente da Fiocruz: Paulo Buss trição, combate à aids e outras do- danças que trarão ganhos enor- tantos anos, aos amigos e com- enças sexualmente transmissíveis, Diretor da Ensp: Jorge Bermudez mes para seus leitores. panheiros da Fiocruz que nunca luta contra o tabagismo, alerta Em 19 anos de existência, faltaram com seu estímulo, críti- mundial acerca de epidemias, PROGRAMA RADIS o Radis passou por importan- cas e sugestões; aos nossos lei- acesso a medicamentos e outros), Coordenador: Rogério Lannes Rocha tes transformações, que busca- tores que em tantas oportunida- a Tema delineará as relações com Editor: Caco Xavier vam acompanhar a conjuntura des e embates nos fizeram respi- a realidade nacional, atendendo à do País e do setor saúde em rar fundo e continuar este traba- Redação: Ana Beatriz de Noronha, crescente necessidade de uma vi- Daniela Sophia e Katia Machado particular. Como instituições lho e à equipe que tive a oportu- são panorâmica, precisa e crítica (reportagem e redação), Aristides umbilicalmente ligadas à saúde nidade de coordenar, sem a qual acerca da qualidade de vida e saú- Dutra (projeto gráfico) e Valéria e à melhoria das condições de nada disso teria sido realizado. de dos brasileiros. Monteiro vida de nossa população, a Esco- Estou descobrindo agora Administração: Teresa Oliveira, Luis la Nacional de Saúde Pública e a que mais difícil que decidir sair Otávio e Vanessa Santos Fiocruz procuraram sempre fazer do Radis está sendo conseguir me Endereço: Av. Brasil, 4036 / sala 515 do Radis um veículo não apenas despedir. Há uma parábola que ENCONTRO NACIONAL – CEP 21040-361 – Manguinhos de criação de consciência para fala da existência de pessoas que DE EDUCAÇÃO POPULAR – Rio de Janeiro. Telefax (021) mudanças, mas fundamentalmen- se encontram em determinado 260-7979 E SAÚDE te um instrumento capaz de re- momento da vida, se identificam E-Mail: radis@ensp.fiocruz.br conhecer e dar voz à sociedade organizada e aos atores sociais que passaram a gerenciar o sis- profundamente e depois se sepa- ram. Quando há esta grande iden- tificação, entretanto, diz a pará- A Rede de Educação Popular e Saúde (Elos/Fiocruz) está pla- nejando com muito carinho o II Esta SÚMULA Especial foi produzida baseada nos textos das duas Cartilhas de Conselheiros(as) de Saúde, tema de saúde do País. bola que estas pessoas estão se- Encontro Nacional, que se realiza publicadas pela Secretaria de Esta- É com um sentimento de paradas só aparentemente. A em Brasília, de 6 a 9 de agosto. O do de Saúde de Mato Grosso/Con- orgulho por ter conseguido con- integração entre elas, o carinho, Encontro, que acontece em con- selho Estadual de Saúde, como junto com o II Seminário sobre parte do Projeto de Capacitação de tribuir com todo este processo que o respeito, a admiração, a troca Conselheiros(as) de Saúde e Soci- pela primeira vez nestas páginas de valores de um e de outro, en- Educação e Saúde no Contexto da edade Civil Organizada. O projeto me permito escrever na primeira fim, o que um aprende com o Promoção da Saúde, tem como foi realizado em conjunto com o Gru- pessoa do singular, na medida em outro, acaba fazendo com que objetivos mapear os caminhos e po de Saúde Popular (GSP) e com o que vivo esta mudança no mes- parte de cada um siga com o ou- perspectivas para o campo da edu- apoio do Instituto de Saúde Coletiva cação e saúde, discutindo práti- (ISC-UFMT); Instituto Pastoral de mo momento em que deixo de ser tro para sempre. Logo, a separa- Educação e Saúde Popular (IPESP); um membro desta equipe. Estou ção é apenas aparente, pois os cas e teorias nos movimentos po- Fundação de Saúde de Cuiabá (FUSC); deixando a Coordenação e a Edi- dois estão um com o outro para pulares e nos espaços da saúde . Conselhos de Secretários Municipais ção do Radis para assumir novas o resto de suas vidas, levando O Radis estará lá, participan- de Saúde - MT (COSEMS). Secretário do do Encontro e realizando co- de Saúde de Mato Grosso: Júlio tarefas na Vice-Presidência de De- consigo justamente o que o ou- Muller; Presidente do Grupo de Saú- senvolvimento Institucional, In- tro tem de melhor. bertura jornalística. de Popular (GSP): Erivã Garcia formação e Comunicação da Fun- Esta parábola me serve de Mais informações sobre o En- Velasco. dação Oswaldo Cruz, convocado consolo e alivia a perda de sair do contro pelo fax: (61)2747022 ou para contribuir no conjunto de Radis e deixar o convívio diário por e-mail: coletiva@unb.br. atividades da Fiocruz na área da com quem fica. Saio com a sensa- informação e da comunicação. ção de estar deixando um pouco MESTRADO E DOUTORADO Sair do Radis é uma decisão mui- de mim por aqui e carregando co- EM SAÚDE PÚBLICA to difícil de ser tomada. migo o que vivi e aprendi no Radis, Para quem passa 14 anos representado por tudo o que cons- A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) já está divulgando como repórter, redator, editor e truímos como equipe, como pro- seus programas de mestrado e doutorado em Saúde Pública para o Coordenador deste Programa é fissionais, como servidores públi- ano que vem. As inscrições poderão ser efetuadas de 20 de agosto mais difícil ainda. Nestes anos, cos e, mais que tudo, como cida- a 5 de outubro de 2001. Mais informações sobre os cursos: Secre- o Radis alterou sua linguagem, dãos. Precisa falar mais? taria Acadêmica da Ensp/Fiocruz, rua Leopoldo Bulhões, 1480, redesenhou sua equipe para dar sala 317, Rio de Janeiro, RJ. CEP 21041-210. conta do desafio de traduzir para Álvaro Nascimento a sociedade as especificidades das Ligação gratuita: 0800-230085 questões que cercam o setor saú- EX-COORDENADOR E EDITOR Tel.: (21) 2598-2557; Fax: (21) 2598-2727 de, informatizou suas instalações, DO PROGRAMA RADIS/ENSP/FIOCRUZ E-mail: seca@ensp.fiocruz.br cresceu em credibilidade e respei- (alvaro@presidência.fiocruz.br) FIOCRUZ Home page: http://www.ensp.fiocruz.br Página 12 Julho de 2001 Súmula 81