2. Psicanálise: Breve colocação da questão
AA ppssiiccaannáálliissee tteemm uma proeminência na cultura ddee
nnoossssaa ssoocciieeddaaddee..
IInnvveennttaaddaa nnoo ffiinnaall ddoo SSéécc.. XXIIXX,, aa ppssiiccaannáálliissee ccoommoo
eessccoollaa ddee ppeennssaammeennttoo qquuee aalliiaa uumm ssaabbeerr ccllíínniiccoo aa
uummaa tteeoorriiaa ee aa uumm mmoovviimmeennttoo iinnssttiittuucciioonnaall.. EEssttáá
iimmppllaannttaaddaa eemm vváárriiooss ppaaíísseess..
OO ppaaííss qquuee mmaaiiss ppoossssuuii ppssiiccaannaalliissttaass ppoorr hhaabbiittaannttee
éé aa FFrraannççaa,, sseegguuiiddaa ppeellaa AArrggeennttiinnaa,, aa SSuuííççaa,, ooss
EEssttaaddooss UUnniiddooss ee oo BBrraassiill..
NNoo BBrraassiill,, eemm 11992277,, DDuurrvvaall MMaarrccoonnddeess ttoommoouu
aa iinniicciiaattiivvaa ddee ffuunnddaarr uummaa SSoocciieeddaaddee BBrraassiilleeiirraa
ddee PPssiiccaannáálliissee qquuee ffooii,, sseemm ddúúvviiddaa nneennhhuummaa,, aa
pprriimmeeiirraa iinnssttiittuuiiççããoo ppssiiccaannaallííttiiccaa ccrriiaaddaa nnaa
AAmméérriiccaa LLaattiinnaa..
3. A psicanálise desenvolveu do trabalho intenso com
indivíduos e, por sua vez, foi aplicada a eles.
Representa um exemplo de uma teoria
psicodinâmica da personalidade
O comportamento humano é o resultado de
um complexo jogo de forças
O comportamento é visto como resultado de
luta entre motivos, impulsos, necessidades e
conflitos.
Freud desenvolveu a primeira teoria sistemática da
personalidade, e em muitos aspectos todos os
teóricos subseqüentes apresentaram reações à
sua posição.
4. A produção mais original de Freud é o
conceito de inconsciente, que vai resultar
no reconhecimento de uma clivagem do
psiquismo.
““O inconsciente éé eessssee ccaappííttuulloo ddaa mmiinnhhaa
hhiissttóórriiaa qquuee éé mmaarrccaaddoo ppoorr uumm bbrraannccoo oouu
ooccuuppaaddoo ppoorr uummaa mmeennttiirraa:: éé oo ccaappííttuulloo
cceennssuurraaddoo.. MMaass aa vveerrddaaddee ppooddee sseerr
rreeeennccoonnttrraaddaa; oo mmaaiiss ddaass vveezzeess eellaa jjáá eessttáá
eessccrriittaa eemm aallgguumm lluuggaarr..”” ((LLAACCAANN,,
11999966//11999988,, pp.. 226600))
5. A necessidade do conceito de inconsciente surge no
cenário psicopatológico em virtude do confronto com
uma série de fenômenos que ultrapassam o imediato
da consciência (como p. ex., a sugestão hipnótica)
A tentativa de descrição desses fenômenos levaram
Freud a propor a existência de uma atividade mental
inconsciente.
As ddeessccoobbeerrttaass ddee FFrreeuudd iinnaauugguurraamm uumm nnoovvoo
ccaammppoo ddoo ssaabbeerr..
Para Freud, a Psicanálise, vai se constituir na
terceira grande ferida narcísica sofrida pelo saber
ocidental, derrubando a razão e a consciência do
lugar sagrado em que se encontravam.
10. A característica principal da psicanálise é tratar através
da fala (Talking Cure), e unicamente através da fala, as
“doenças da alma”, excluindo de sua técnica qualquer
outra forma de intervenção.
Em relação às outras psicoterapias também
fundamentadas no tratamento pela fala a psicanálise se
diferencia por ser a única a recorrer:
(1) exclusivamente ao sistema de pensamento
freudiano
1. orientar-se por uma concepção do psiquismo em que
entram em jogo as definições freudianas do inconsciente
e da sexualidade.
(2) empregar uma técnica de tratamento e de
transformação baseada na transferência,
A psicanálise é e sempre será uma transferência a
Freud. A teoria freudiana constitui-se no alicerce
fundamental desse campo de estudo teórico.
16. NNaasscciimmeennttoo eemm 66 ddee mmaaiioo ddee 11885566
SSeeuuss ppaaiiss eerraamm jjuuddeeuuss
AAooss 44 aannooss,, sseeuu ppaaii,, ccoommeerrcciiaannttee ddee llããss,, aarrrruuiinnaaddoo
ppoorr uummaa ccrriissee eeccoonnôômmiiccaa,, mmuuddoouu--ssee ppaarraa VViieennaa
Tropas Nazistas
marchando em Viena
EEmm VViieennaa FFrreeuudd rreecceebbeeuu ttooddaa
aa ssuuaa eedduuccaaççããoo ee lláá vviivveeuu aattéé ooss
8822 aannooss ddee iiddaaddee
FFooii oobbrriiggaaddoo aa ssaaiirr ddee VViieennaa
eemm 11993388 ppeellaa aammeeaaççaa ddoo
nnaazziissmmoo,, qquuee ddeessddee 11993333
qquueeiimmaavvaa ssuuaa oobbrraass..
Freud lutou por muitos anos
contra um câncer na boca e
morreu por eutanásia em 23 de
setembro de 1939 em Londres.
17. Em 1873, Freud ingressou na universidade e diz ter
experimentado desapontamentos consideráveis:
“Antes de tudo, verifiquei que se esperava que eu me
sentisse inferior e estranho porque era judeu. Recusei-me
de maneira absoluta a fazer a primeira dessas coisas.
Jamais fui capaz de compreender por que devo sentir-me
envergonhado da minha ascendência ou, como as pessoas
começavam a dizer, da minha ‘raça’.”
Em 1876 ingressa no laboratório de fisiologia de Ernst
Brücke onde diz ter encontrado tranqüilidade e
satisfação plena.
Em 1882, abandona o laboratório de fisiologia e
ingressa no Hospital Geral como assistente
clínico.
Promovido a médico estagiário ou interno, Freud
trabalhou em vários departamentos do hospital
Meynert propôs a Freud que ele devia dedicar-se
inteiramente à anatomia do cérebro e prometeu
passar a ele suas atividades como conferencista
20. Tornou-se aluno [élève] na
Salpêtrière
Ofereceu-se para traduzir as
conferências de Charcot
para o alemão e passa a
tomar parte integral em tudo
que se passava na clínica
O que mais impressionou
Freud foram as
investigações de Charcot
acerca da histeria.
Estas investigações
contrapunha-se aos
conceitos médicos correntes
no final do século XIX.
21.
22. Cena 1 – O grande Meynert
Não existe doença sem uma etiologia orgânica
Diagnóstico diferencial:
Flexibilidade X rigidez
Nenhuma reação X Contração da pupila
Objetivo dos sintomas:
Chamar atenção
Causar comoção, pena
Fugir das responsabilidades
Conclusão:
Histeria = mentira
Fingimento
Encenação
“não há terapia para isso”
23. Histeria da antiguidade à Medicina tradicional sec. XIX
Histeria = Hister (grego) = Útero “coisa de mulher”
“Mas, meu caro senhor, como pode dizer tal tolice?
Hysteron (sic) significa o útero. Assim como pode um
homem ser histérico?”
““O útero, ccoonncceebbiiddoo ddeessddee aa AAnnttiigguuiiddaaddee ccoommoo uumm
aanniimmaall nnoo iinntteerriioorr ddoo ccoorrppoo ddaa mmuullhheerr,, éé aannddaarriillhhoo ee
vvoorraazz,, áávviiddoo ee ppaasssseeaaddoorr,, ccaappaazz ddee ttrraassllaaddaarr--ssee ppeelloo
ccoorrppoo ee aappooiiaarr--ssee eemm ddiiffeerreenntteess óórrggããooss,, pprroovvooccaannddoo
ddooeennççaass ddee ssuuffooccaaççããoo.. OO úútteerroo aannddaarriillhhoo ddeessllooccaa--ssee
qquuaannddoo ccaarreennttee,, iinnssaattiissffeeiittoo ppoorr ffaallttaa ddee rreellaaççõõeess
sseexxuuaaiiss oouu ppeellaa eesstteerriilliiddaaddee.. ...... JJuussttiiffiiccaamm--ssee aass
tteerraappêêuuttiiccaass iinnddiiccaaddaass:: cchheeiirroo ddee ppeerrffuummee ffuummiiggaaddoorr
nnaa pprrooxxiimmiiddaaddee ddaa vvuullvvaa ee cchheeiirrooss ffééttiiddooss pprróóxxiimmooss
ddaass nnaarriinnaass,, qquuee iinndduuzzeemm aa mmaattrriizz aa rreettoorrnnaarr aaoo sseeuu
lluuggaarr..””
24. As investigações de charcot sobre a histeria
impressionaram Freud:
“Ele provara, por exemplo, a autenticidade das
manifestações histéricas e de sua obediência a leis, a
ocorrência freqüente de histeria em homens, a
produção de paralisias e contraturas histéricas por
sugestão hipnótica e o fato de que tais produtos
artificiais revelam, até em seus menores detalhes, as
mesmas características que os acessos espontâneos,
que eram muitas vezes provocados traumaticamente.”
A importância das idéias para a determinação
deste sintomas (a etiologia “ideogênica”) o que
fomenta o direito a um estudo psicológico deste
distúrbio.
27. Cena 2 – A lição de Charcot
A histeria viola os princípios médico de que todos
os sintomas devem ser de ordem orgânica.
A histeria é uma doença mental
A sugestão hipnótica prova uma divisão da mente
A histeria se deve a um trauma psicológico
O sintoma resulta de uma idéia presa na mente do
paciente
Um sintoma característico é que o paciente não se
lembra de nada do trauma
O hipnotismo é uma simulação que reproduz o
estado mental semelhante ao que o sintoma foi
concebido
Ao acordar do hipnotismo os pacientes não se
lembram de nada, voltam ao estado anterior
31. A Concepção Freudiana sobre a Ciência
Teoria e Métodos de Pesquisa
Freud se comprometeu com uma perspectiva
científica na tentativa de conhecimento.
Treinado em técnicas médicas no laboratório de
fisiologia e anatomia patológica, Freud achava que
a tarefa científica consiste na observação e na
formulação de hipóteses que conduzem à ordenar
e elucidar os fenômenos.
“O início real da atividade científica consiste em
descrever os fenômenos e posteriormente agrupá-los,
classificá-los e correlacioná-los. Mesmo no estágio da
descrição não é possível evitar aplicar-se certas idéias
abstratas ao material em mãos...” (Freud, 1925)
32. “ …Quando, certa vez, me dispus a fazer-lhe perguntas
sobre esse ponto e argumentar que isso contrariava a
teoria da hemianopsia, ele saiu-se com este excelente
comentário: “La théorie c’est bon; mais ça n’empêche
pa d’exister”.”
“Aprendi a controlar as tendências especulativas e a
seguir o conselho não esquecido de meu mestre,
Charcot: olhar as mesmas coisas repetidas vezes até
que elas comecem a falar por si mesmas.
As observações de Freud basearam-se em grande
parte na análise de seus pacientes e, de um modo
geral, ele não fez uso de tentativas para verificar
em laboratório os princípios psicanalíticos.
Rozenweig escreveu a Freud para relatar seus estudos
experimentais sobre os conceitos psicanalíticos de repressão,
Freud lhe respondeu que os conceitos psicanalíticos basearam-se
na riqueza de observações clínicas fidedignas e por isso não
necessitavam de verificação experimental independente.