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História Registrada na Fundação Biblioteca Nacional (http://www.bn.br/portal/ )
Todos os direitos reservados a autora da obra.
SINOPSE: O HOMEM DOS MEUS LIVROS
Por Evelise Maciel
Apaixonada por romances eróticos a jovem Jules sempre sonhou em viver um
romance quente como os dos livros que lia, talvez por isso seus relacionamentos não fluiam
como ela esperava, talvez esperasse de mais por um homem que só existia em páginas
fictícias. Idealizava um homem que fosse inspirado nos seus personagens favoritos e isso
acabava atrapalhando a coisa toda. Mas o que Jules queria de verdade era encontrar alguém
que a surpreendesse, que a conquistasse de maneira inesperada, não apenas que usasse
métodos clichês de aproximação.
Tudo muda quando ela começa a receber e-mails misteriosos de um “suposto
adimirador” que a impressiona com as palavras e que faz promessas quentes do tipo que ela
sempre sonhou. E quando esse misterioso homem começa a encontrá-la em momentos
inesperados e a faz sentir ondas de desejo mesmo sem saber quem é o seu par perfeito? Se
render a um completo desconhecido e viver sua aventura literária, ou cair na realidade de
que isso pode ser muito arriscado?
AGRADECIMENTOS:
Gostaria de começar agradecendo a minha querida amiga Priscila Oliveira, que me
incentivou a escrever uma história completa. Graças a ela eu despertei o interesse de tentar colocar
em palavras um pouquinho da minha imaginação...
O Homem dos Meus Livros é um conto escrito especialmente para as meninas do Grupo
“Cantinho Dos Livros PDF” no Facebook. Vocês são maravilhosas, e a opinião de vocês sempre foi
muito importante para mim. Escrevi esse conto pensando em vocês, e no quanto sonhamos com
esses homens maravilhosos dos romances que lemos e compartilhamos no Cantinho.
Agradeço a Deus, por me permitir ter saúde e tempo, que apesar de corrido eu consigo
conciliar um pouquinho dele para me dedicar a ler e a escrever.
Espero que gostem da leitura ♥
O HOMEM DOS MEUS LIVROS
CAPÍTULO 1
Eu precisava correr para não chegar atrasada no trabalho, essa era a batalha diária e eu
sempre tive sorte de chegar no horário em que iniciava o expediente. Mania de tentar fazer muita coisa
em pouco tempo, era uma vida agitada mas eu gostava dela do jeitinho que estava.
Esta noite eu exagerei na leitura, fiquei até as três da manhã lendo aquele bendito livro, e não
consegui terminar de ler! Que frustrante não saber o final quando faltavam apenas alguns capítulos,
mas eu precisava dormir e descansar, o dia na revista era sempre agitado e ir trabalhar cheia de
olheiras e cara de derrotada não iria fazer bem para minha autoestima, deixei ele debaixo do
travesseiro e dormi profundamente exausta. Meu delicioso vício me tirava boas horas de sono, não
que eu esteja reclamando, eu amo ler romances eróticos!
Faltando dez minutos para as oito horas entrei correndo na Stanton Tower a tempo de
pegar um elevador prestes a fechar as portas, por sorte Sarah estava nele e segurou para que eu
entrasse.
 Aposto que ficou lendo até tarde, não foi Jules? - Sarah me conhecia como ninguém,
ela compartilhava do meu vício por livros eróticos, era tão bom ter com quem conversar a respeito dos
personagens dos meus sonhos.
 Culpa sua que me deu o livro de presente. Preciso saber mais sobre o romance de
Bennet e Chloe, eles estão cada vez mais próximos, além de um relacionamento puramente sexual.
 Cala essa boca! - surrurrou entre os dentes – você não pode sair falando esse tipo de
coisa em elevadores – ela olhava ao redor como tentando descobrir se as pessoas em volta ouviram o
que eu disse.
 Bobagem amiga, você faz tempestade em um copo d'água, onde estamos? Na era das
cavernas? Posso falar sobre sexo em qualquer lugar hoje em dia – debochei dela.
Um senhor que aparentava ter uns sessenta anos olhou para nós e sorriu. Corei.
O elevador estava cheio e as pessoas conversavam, dificilmente teriam prestado atenção
no que eu estava falando. A porta abriu e algumas pessoas começaram a sair e depois mais algumas
entraram antes da porta se fechar novamente. A sede da revista Glow ficava no décimo sétimo andar
da Torre Stanton, no coração de Manhattan, eu morava ali há cinco meses e estava adorando meu
estágio na revista Glow, uma revista em ascenção no mundo da moda.
O elevador havia atingido o limite de pessoas, o que eu considerava desconfortável,
alguém esbarrou no meu braço e acabei deixando cair minha pasta no chão. Abaixei para pegá-la e
percebi que meu livro havia escorregado para a parte de trás do elevador, teria que esperar esvaziar
um pouco para que pudesse pegá-lo.
 Você trouxe “Beautiful Bastard” para o trabalho? - Sarah parecia chocada.
 Calma Sarah, eu vou terminar de ler no horário de almoço, teremos duas horas livres
hoje, e pretendo sentar no Central Park, comer um cachorro quente e ler o restante do livro. - sorri.
Senti algo batendo de leve no meu pé, e me abaixei para ver que alguém tinha chutado o
livro em minha direção, tentei olhar para ver quem havia sido mas ninguém demonstrava reação
alguma então eu me abaixei para juntá-lo e o guardei em minha pasta novamente.
***
CAPÍTULO 2
Estávamos sentadas no gramado do Central Park, algumas pessoas faziam o mesmo que
nós, almoçando e descansando em seus horários de almoço e aproveitando a linda vista do parque.
Violet, Donna e Sarah estavam sentadas observando a movimentação no parque enquanto
saboreavam seu cachorro quente, eu já havia terminado o meu e estava deitada terminando de ler
meu livro.
Voltando para a sede da revista no final de nosso intervalo, conversávamos animadamente
dentro do elevador, esquecendo dos demais executivos que compartilhavam de nossa momentânea e
tagarela companhia.
 Não sei como você perde tempo lendo esse tipo de livro Jules – acusou Donna. Ela era
meio puritana e achava “pecaminoso” eu ler livros que descreviam cenas de sexo. - Eu jamais me
sujeitaria a um relacionamento com um homem como aquele do 50 tons de Cinza, por exemplo.
Notei alguns olhares para o nosso grupo, alguns executivos que estavam no elevador
ouviram a citação ao livro polêmico da E.L James.
 Bobagem. - Argumentei – São livros eróticos, e não é crime nenhum ler esse tipo de
coisa, já que na realidade faltam homens com Chistian Grey, o jeito é me contentar com os livros. Não
que eu curta aquela coisa toda, mas os personagens dos livros adultos são intensos e isso está
faltando no mercado. Até porque entre quatro paredes vale tudo e o relacionamento
dominador/subimissa se restringia apenas nos momentos intimos deles. Nem vou discutir isso com
você Donna.
 Jamais me submeteria ao que a tal da Anastasia aceitava do Christian, eu li os livros e fiquei
um pouco chocada. - argumentou Violet
 Falem baixo – ralhou Sarah. Ela também lia esse tipo de livro e adorava, mas era
tímida e morria de vergonha de tocar no assunto publicamente.
 Deixem de ser caretas. É um livro adulto e erótico, nem todos gostam desse tipo de
livro, eu particularmente adoro, li todos que foram lançados ultimamente. Uma pena eu morar em Nova
York e não ter um romance tipo esse dos livros, isso sim é o que me deixa frustrada. Onde já se viu,
tantos homens engravatados neste prédio e nenhum deles é um Gideon Cross.
As meninas começaram a rir, e eu me dei conta de que no elevador a maioria eram
homens engravatados, de repente a coisa tinha ficado quente ali dentro, e o décimo sétimo andar que
não chegava? Senti um dedo cutucar minhas costas e meu corpo ficou tenso. Me virei para ver quem
era e me deparei com o mesmo senhor que me fez corar logo cedo no elevador, ele me deu um sorriso
simpático.
 Se eu fosse uns trinta anos mais jovem, eu bem que toparia ser o homem dos seus
livros senhorita. Mas acredito que hoje seja tarde de mais já estou velho e comprometido com uma
linda senhora de cabelos grisalhos. - disse ele apontando a aliança dourada na mão esquerda,
indicando que era casado.
 Que pena! - fiz beicinho – Os bons partidos estão nos livros, ou estão casados, que
asar o meu. - sorri para ele.
Minhas amigas deram risadinhas do pequeno dialogo entre mim e o senhor simpático, e
finalmente a porta se abriu no décimo sétimo andar.
***
CAPÍTULO 3
O dia passou rápido e finalmente eu estava em casa, que alívio poder tirar aquele par de
salto alto e colocar minha pantufa de joaninhas. Preparei um delicioso banho na banheira e como era
sexta feira eu pretendia relaxar pelo menos uma hora no banho.
A semana foi longa e cheia de trabalho, consegui escrever dois artigos que foram
aprovados pela editora chefe e desta vez teria os dois publicados na mesma edição. Fiquei muito feliz
com essa conquista pois estagiárias quase não tinham chance de ter artigos publicados logo no início
do estágio, eu estava conseguindo pelo menos um artigo por mês, e nesta próxima edição eu
conquistei dois! Servi uma taça de vinho tinto suave, de uma marca barata e acendi velas perfumadas
no banheiro enquanto desfrutava do meu banho quente e degustava minha taça de vinho.
Nova York estava sendo um sonho realizado, eu era uma jovem recém-formada em
jornalismo, e havia conseguido um estágio na revista Glow, e depois de um período de seis meses
haveria a possibilidade de disputar uma vaga permanente na equipe. Consegui um bom apartamento,
presente de meus pais que tinham uma situação financeira estável, e guardaram dinheiro por anos
para bancar meus estudos, mas como sempre fui boa aluna consegui uma bolsa e então eles
continuaram guardando e me presentearam, me livrando do aluguel. Optei por morar sozinha, pois
gostava de ter a minha privacidade e de poder curtir meu momento na cidade que nunca dorme, meu
lar era meu momento, não queria dividí-lo com ninguém.
Saí do banho e coloquei um hobby de seda lilás, presente de aniversário de Sarah. Fui até
minha cama e liguei meu note book, precisava chegar meus e-mails. Algumas publicidades, e-mails do
trabalho, algumas mensagens carinhosas de minhas colegas de faculdade. Apaguei os que não me
interessavam, salvei os interessante e … Opa! Chegou mais um e-mail em minha caixa de entrada.
______________________________________________________________
De: Beautiful Bastard
Data: 23 de maio de 2013 20:30
Para: Jules Clarkson
Assunto: Srta. Atrevida
Boa noite Srta.Atrevida.
Sua conversinha no elevador foi realmente estimulante para os meus hormônios, graças a isso não
consegui pensar em outra coisa durante todo o dia a não ser em colocar meu pau dentro de você. Você tem uma boca
bem suja para esta carinha de anjo, mas isso não me incomoda nem um pouco, pelo contrário me deixa ainda mais
excitado.
Deveria prestar mais atenção nos engravatados do elevador, entre eles pode estar o homem dos seus
livros. Tenha uma boa noite, se toque pensando que poderia ser eu, vou sonhar com isso.
E obrigado por etiquetar seu livro com seu e-mail para contato caso o perdesse e alguém o encontrasse.
Muito inteligente de sua parte.
Sr. Engravatado do Elevador, seu Belo Bastardo.
_________________________________________________________________
OMG! Isso não estava acontecendo comigo!
Li e reli o e-mail umas vinte vezes tentando acreditar que eu realmente tinha recebido
aquilo. Só poderia ser a pessoa que empurrou o livro até meus pés naquela manhã no elevador. Será
que era aquele senhor que falou comigo? Ui, não! Que pensamento desagradável, além de ter idade
para ser meu avô, ele era casado e eu também não curtia homens tão mais velhos do que eu.
Tentei me lembrar de cada rosto dos homens no elevador, mas eu não era boa
fisionomista e também havia aprendido a ignorar as pessoas que eu encontrava todos os dias no
elevador da Torre Stanton, era tudo tão corrido, todo mundo tão sério e concentrado em suas próprias
vidas, não havia tempo para ser simpático com as 20 pessoas que completavam a lotação máxima do
elevador.
O que eu faço com isso? Excluo este e-mail e ignoro? Respondo? Ai que nervosismo. Se
eu contar para a Sarah ou a Donna, elas vão me chamar de malucas, Violet vai querer incentivar pois
ela adora ser cupido, mas e eu? O que eu realmente quero fazer?
Respiro fundo e tento descobrir quem é o dono do e-mail, mas o endereço não identificava
ninguém, muito provavelmente que a pessoa havia acabado de criar essa conta apenas para se
corresponder comigo, ou devia se tratar de um tarado que ficava enviando obcenidades para
mulheres. Mas ele estava no elevador, não devia ser qualquer pessoa, a Torre Stanton era um
ambiente empresarial de elite, quem me mandou este e-mail devia trabalhar em alguma das empresas
instaladas ali. Aqui estou eu tentando arrumar uma desculpa para ceder aquela coceirinha nos dedos e
responder ao e-mail misterioso, aquilo havia me deixado intrigada, e também excitada com a situação,
aquilo parecia perigoso, afinal eu não fazia ideia de quem se tratava, o que eu poderia responder?
Quer saber, se é para jogar, vou jogar direitinho! Se ele quer ser o homem dos meus livros,
vou fazer a coisa ficar mais interessante.
______________________________________________________________
De: Jules Clarkson
Data: 24 de maio de 2013 21:14
Para: Amante Meu
Assunto: Sr.Mistério
Boa noite Sr.Mistério,
Minha deusa interior deu pulinhos de cuiriosidade com o e-mail que recebi do senhor. Espero que você
não seja aquele simpático senhor do elevador, que além de ter idade para ser meu avô é casado. Se for o caso, este
será meu único e-mail, isso vale também caso você não seja este senhor mas esteja usando qualquer tipo de aliança
de compromisso, eu não me envolvo com homens comprometidos, só para deixar claro.
Foi você quem empurrou o livro para meus pés então, devo concluir. Deve estar desesperado por sexo
para me enviar um e-mail tão direto, embora sem identificação. Você é feio Sr.Mistério? Ou tudo isso é vontade de fazer
amor comigo? Devo ter medo?
Srta. Atrevida, Toda Sua (?)
______________________________________________________________
Cliquei em enviar e senti meu corpo estremecer, aquilo era loucura, como eu poderia
compactuar com algo tão absurdo? Que homem envia um e-mail dizendo que passou a tarde toda
pensando em colocar o pau dentro de alguém … Isso só acontecia nos livros, e bem, não era o que eu
queria? Que loucura... Passaram poucos minutos e minha caixa de entrada acusou um novo e-mail.
Tranquei a respiração na hora em que abri.
______________________________________________________________
De: Amante Desperto
Data: 24 de maio de 2013 21:20
Para: Jules Clarkson
Assunto: Não tema o que você mais deseja
Srta.Jules, vamos deixar uma coisa bem clara: Eu não faço amor, eu fodo com força.
Creio que você deve estar tão desesperada quanto eu por sexo, já que está me chamando de seu
amante, e assinando o e-mail dizendo/perguntando se é minha. Será minha em breve, quando nossos corpos se unirem
em um só, no que será o melhor sexo da sua vida, pode apostar. Não tenha medo de se arriscar nisso comigo, ambos
temos a ganhar, então a decisão é completamente sua. Não tenho nenhum tipo de compromisso romântico com
alguém, não sou do tipo que se envolve em um relacionamento sério, espero ter deixado isso bem claro.
Eu realmente gostaria que se tocasse pensando em mim, Srta. Atrevida. Estou imaginando isso agora.
Sr. Excitado do elevador, Um homem de Sorte.
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Uau, ele estava imaginando eu me masturbando pensando nele como o meu objeto de
prazer. O homem realmente sabia deixar uma mulher sem palavras. Mas aquele alarme me dizendo
que aquilo era encrenca não parava de apitar. Será que devo continuar com a brincadeira? Afinal,
estou falando intimidades com alguém que eu nem sequer faço ideia de quem seja.
______________________________________________________
De: Jules Clarkson
Data: 24 de maio de 2013 21:27
Para: Um Homem de sorte
Assunto: Entre o Agora e o Nunca
Eu realmente não deveria estar entrando nessa, um homem desconhecido falando coisas obcenas por e-
mail, sem se identificar, estou no escuro com você … Surpreenda-me Sr.Magnífico.
Não vou me tocar pensando em alguém que eu não faço ideia de quem seja. Toque-me você, Belo
Bastardo. Preciso ir dormir, tenha uma boa noite. Se toque pensando em mim, Sr. Mistério.
Srta. Caindo de sono.
_____________________________________________________________
Jurei a mim mesma que não responderia a nenhum outro e-mail por hoje, eu estava
exausta e precisava descansar, amanhã era sábado e eu não trabalho portanto poderia aproveitar meu
final de semana lendo um bom livro e quem sabe trocando e-mails com um certo Sr.Mistério.
A caixa de entrada acusou mais um e-mail e não resisti em ler.
_______________________________________________________________
De: Sr.Magnífico
Data: 24 de maio de 2013 21:32
Para: Jules Clarkson
Assunto: Tenha Uma Boa Noite
Vou tocá-la em breve anjo de boca suja, em lugares que farão você gritar de desejo e implorar por mais.
Você irá gozar em minha boca e logo depois vou comer você de costas para mim, e te fazer chorar de tanto prazer.
Confie, anjo.
E eu já estou me tocando imaginando a sua bocetinha toda molhadinha para mim. Durma bem, eu sei que
vou te fazer gozar apenas por sonhar comigo.
Insaciável Do Elevador.
________________________________________________________________
***
CAPÍTULO 4
E a noite foi conturbada com sonhos eróticos onde um homem de máscaras me algemava
na cama e sussurrava em meu ouvido sobre todas as maneiras que irira me foder. Acordei toda suada
e percebi que havia gozado apenas com aquele sonho enlouquecedor, o que aquele homem
misterioso estava fazendo comigo? Tomei uma ducha fria para me livrar de tudo o que permiti que o
homem sem rosto fizesse comigo naquele sonho. Vesti uma legging preta e minha camiseta do ACDC
e calcei um par de tênis de corrida, sequei os cabelos com o secador e depois os prendi em um rabo
de cavalo, coloquei os fones no ouvido e os conectei ao meu Ipod e desci para o Central Park ouvindo
minha playlist feita especialmente para as minhas corridas matinais.
Eu corria ao som de Because We Can, do Bon Jovi quando tropecei no cadarço do meu
tênis e me estatelei no chão, senti o tecido da minha legging se rasgando e a pele do meu joelho
sendo ferida, não bastasse o susto e o tombo inesperado, senti um corpo caindo em cima de mim por
trás, era pesado e para minha sorte duas mãos se apoiaram no chão impedindo que seu peso fosse
todo jogado contra mim, observei dois braços masculinos e fortes que forçavam para não me derrubar,
ele havia ferido as palmas das mãos com aquele movimento brusco. Senti o homem se levantar e
assim pude me virar para encará-lo. Minha Nossa Senhora Das Estagiárias Solteiras! Quem deus é
esse? Caído do Olimpo direto para cima de mim! Os cabelos negros e lisos, penteados para trás,
roçando em seu pescoço, o corte o deixava com aparência jovem e eu deduzi que ele devia estar na
casa dos trinta anos. Os olhos eram tão negros como seus cabelos e a pele era clara mas tinha um
leve bronzeado, devia ter 1,80 cm de altura pois eu me senti uma formiguinha acuada olhando para
um louvadeus prestes a me devorar. Ele era quente, ah sim, ele era muito quente. Ele deu um sorriso
sem graça e estendeu a mão para que eu me levantasse. Notei que sua mão estava com pequenas
escoriações e senti um aperto no coração.
 Você está bem? - ele perguntou com uma vóz rouca e grave
 S-sim … - respondi segurando sua mão, ele me puxou e em questão de segundos eu
estava de pé, suas mãos agora seguravam minha cintura delicadamente – Apenas uma legging
rasgada, dois joelhos ralados, um Ipod quebrado e um ego ferido – sorri envergonhada.
Ele deu uma gargalhada tão gostosa, soltando as mãos de minha cintura e mostrando
suas mãos feridas para mim.
 Acho que me machuquei um pouco também. Eu estava distraído e você caiu de
repente, não consegui evitar minha queda, quase machuquei você.
Porque eu estava desejando que ele realmente tivesse caído com tudo em cima de mim?
O que é isso? Estou me transformando em uma tarada compulsiva? “Sossegue esse rabo menina!
Não assuste o homem!” (minha deusa interior?)
 Por sorte estamos bem. - consegui dizer. - Eu moro aqui perto, você gostaria de lavar
esse ferimento e fazer um curativo nas mãos? Está sangrando um pouco.
Ele olhou para os ferimentos nas mãos como se aquilo não fosse nada de mais.
 Eu também moro aqui perto e vou passar em uma farmácia para desinfectar o
ferimento e fazer um curativo. Talvez você queira me acompanhar e cuidar do ferimento do seu joelho.
Como eu pude ser tão oferecida? Desde quando eu convido um homem estranho para ir
ao meu apartamento? Preciso me recompor, eu preciso sair dali, a beleza daquele homem estava me
deixando intimidada.
 Eu posso cuidar disso em casa mesmo, tenho kit de primeiros socorros. Peço mil
desculpas pelo incidente, por minha causa você acabou se machucando. - lamentei
 Eu também tive minha parcela de culpa senhorita ….
Seria uma brecha para eu dizer meu nome a ele? O que é que tem de mais em dizer meu
nome? Eu já havia convidado ele para ir ao meu apartamento mesmo.
 Jules. Me chamo Jules Clarkson.
 Eu também tive minha parcela de culpa, Srta.Clarkson. Não se desculpe.
Droga, será que ele não sabe que as regras de etiqueta o obriga a dizer seu nome, já que
eu lhe disse o meu? Eu devo estar fazendo papel de ridículo me derretendo por um desconhecido
depois de fazê-lo tropeçar em cima de mim. “Se situa Jules! Quando um deus grego desses vai se
interessar por uma desastrada como você?” Ah sim, eu também tinha uma deusa interior. No meu caso
ela estava mais para uma demônia interior. Mas ela estava certa, eu devia me colocar no devido lugar,
mas eu ainda poderia consertar tudo, ou estragar tudo de vez.
 Tudo bem então, seu moço. Preciso ir tratar dos meus ferimentos, e você dos seus.
Mais uma vez me desculpe. Agora eu preciso ir! - eu nem esperei que ele me respondesse, eu saí
correndo novamente como se não estivesse nenhum pouco dolorida da minha queda, o que era
mentira pois meu joelho estava ardendo e eu ainda forçava para não sair mancando na frente dele.
Joelhos e ego ferido, uma bela compahia para um final de semana.
***
CAPÍTULO 5
E o final de semana se resumiu a uma bela limpeza em minha casa, roupas lavadas,
guarda-roupas organizado e uma sessão de Grey's Anatomy acompanhada de uma bacia de pipoca
com calda de chocolate. Checava meus e-mails de meia em meia hora mas não recebi nenhum e-mail
do Belo Bastardo misterioso, isso me deixou chateada.
A semana de trabalho se iniciou e eu estava um pouco tensa, minha chefe marcou uma
pequena reunião para me perguntar se eu tinha interesse em uma vaga permanente na revista e isso
me deixou super animada. Ao menos minha carreira estava decolando como eu sempre quis, já que
minha vida amorosa era um desastre total! Eu já estava sem fazer sexo há oito meses, desde quando
ainda era uma estudante de jornalismo que tinha um casinho com um dos colegas de turma. Sem falar
na excitação que tomava conta de mim cada vez que eu pegava um elevador na Stanton Tower, meu
engravatado tarado não havia dado nenhum sinal de vida naquela segunda feira, e eu já estava me
perguntando se teria sido apenas uma brincadeira de uma de minhas amigas, apesar de duvidar que
elas seriam capazes de escrever aquelas coisas tão quentes.
Eram quase cinco da tarde quando um entregador deixa na recepção uma encomenda
para mim, Judith, a recepcionista liga para meu ramal me chamando pois eu teria que receber a
encomenda pessoalmente, meu corpo todo sentiu uma onda de calafrio, será que me havia dentro
daquele pacote? Era pequeno e estava embrulhado em um papel vermelho com coraçõezinhos
brancos, minhas amigas estavam tão ansiosas quanto eu para saber do que se tratava, eu fiquei com
receio de abrir na frente delas, já que não sabia o que poderia ser …
 Não sei se vou abrir agora, meninas. Vocês estão me deixando nervosa com essa
ansiedade toda, vão para os seus lugares e depois eu conto o que há dentro da caixinha.
Elas fizeram beicinho mas se renderam, sabiam que se não fizessem eu iria abrir o pacote
sozinha em casa, o que as deixaria ainda mais curiosas. Abro discretamente e retiro da pequena
caixinha um Ipod novinho em folha e um envelope. Mal pude acreditar, nem me recordava de ter
esquecido meu Ipod no parque, mas como ele descobriu onde eu trabalhava?
“ Um pequeno presente para me desculpar por tê-la atropelado no sábado, sei
que foi eu quem esmagou seu Ipod com as mãos, e você acabou esquecendo ele no
parque. Copiei sua playlist para o meu Ipod e tomei a liberdade de acrescentar
algumas músicas no seu, a propósito, você tem um ótimo gosto músical.
Espero que seu joelho esteja melhor...
Seu Moço”
Fala sério! O que está acontecendo com esses homens? Que mania é essa de não se
identificar mais? Será que eles pensam que isso faz parte do charme? Ô coisinha chata! Agora fiquei
bem confusa em relação ao deus grego do parque, como ele havia conseguido o endereço do meu
trabalho, eu não era tão previsível ao ponto de alguém olhar pra mim e pensar “Ela tem cara de
estagiária da Glow!” … Devo estar com alum tipo de imã impregnado no corpo, só estou atraindo
situações estranhas nessa última semana. Esses deuses gregos acham que porque seus mensageiros
encontram qualquer mortal, somos capazes de fazer o mesmo.
***
CAPÍTULO 6
As garotas ficaram enlouquecidas quando contei a elas sobre meu tombo no Central
Parque sábado e o presente do deus grego sem nome, elas fantasiaram inúmeras ocasiões de um
novo encontro entre nós dois, coisas de mulher, vocês sabem. Eu pensei em contar a elas sobre os e-
mails do tarado do elevador, mas achei melhor guardar este segredo, fiquei o dia todo em silêncio
cada vez que eu entrava no elevador, não queria falar nada que pudesse demonstrar minha imensa
curiosidade sobre a identidade do “meu” engravatado, mas não podia poupá-las do meu tropeço do
século no parque.
Estávamos em meu apartamento, fizemos uma pequena reunião de mulheres, meio que
de emergência já que elas estavam desesperadas para saber sobre o deus grego do parque. Violet lia
uma revista de fofoca local enquanto Donna e Sarah lavavam as louças. Eu como boa anfitriã, estava
sentada em um puff que havia colocado estratégicamente em minha cozinha para poder conversar
com as garotas.
 Esse homem definitivamente pode ter caído do céu também. - disse Violet enquanto
observava as páginas da sua revista.
 Quem? - dissemos em uníssono, Donna,Sarah e eu.
Violtet virou a página da revista em nossa direção e meu queixo caiu. Só podia ser
brincadeira! Meu deus grego desconhecido em uma revista de fofoca local?
 Minha Nossa Senhora das Estagiárias Solteiras! Esse é o homem que caiu em cima de
mim no parque!
As três me olharam e deram um grito histérico.
 O quê? Javier Stanton caiu em cima de você no parque? - Exclamou Violet
desdesperada – Acho que eu vou desmaiar de tanta inveja!
 Stanton? Da Stanton Tower? - perguntei incrédula e confusa.
 Das indústrias Stanton. A torre é apenas uma pecinha de lego comparada a todos os
empreendimentos que a família Stanton possui. - Donna era sempre bem informada sobre o mundo
nos negócios, afinal, era colunista da página de economia da revista Glow.
 Javier é o neto e único herdeiro de Jhonatan Stanton, o poderoso dono do edifício onde
fica a revista Glow, a filha dele, Samantha Stanton era mãe solteira, e faleceu a uns três anos, vítima
de câncer de mama. Javier era seu único filho. Pelo que diz aqui na revista, ele está de volta a Nova
York para começar a assumir algumas empresas da família, faz pouco mais de um mês que está de
volta a cidade. - Violet lia as informações na revista – Viveu na Australia por quase dez anos, está com
vinte e oito. E adivinha? S-O-L-T-E-I-R-O.
Mais gritinhos histéricos das três mulheres loucas que se dizem minhas amigas.
 Vocês acham que um cara todo poderozo desses vai me dar bola? Ele só estava sendo
gentil. O que é um Ipod para quem é dono de dezenas de empreendimentos milionários?
Sarah me fuzilou com o olhar, lá vinha bronca.
 Como você se diminui Jules! - ralhou- Você é uma linda jovem de vinte e quatro anos,
formada em jornalismo e tem um futuro brilhante pela frente. Tem um corpo de dar inveja a qualquer
supermodelo e os cabelos mais perfeitos que eu já vi na vida! Porque ele não se interessaria por
você? Só se ele fosse gay!
 Ele deve ser! - eu disse – ou é muito burro. Porque não me disse o seu nome quando
eu me apresentei a ele? E ainda assinou o bilhete com o apelido que dei a ele no sábado. Deve ser
seu jogo de gato e rato com as mulheres, elas devem implorar para saber o seu nome e ele fica
fazendo charme para que elas se rastejam a seus pés. Não vou cair nessa!
 Cale esta boca! - gritou Donna- o cara é o homem mais lindo que já vi na vida. Eu daria
para ele mesmo sem saber o seu nome.
Agora foi a minha vez de dar um gritinho histérico. Donna, a puritana me dizendo que daria
para um homem desconhecido? Agora sim estou impressionada.
 De qualquer forma, já sei o seu nome, mas pelo visto ele não quis que eu soubesse o
dele, deve ter alguma razão para isso. Quem sou eu para me meter onde não fui chamada? Ele me
deu um Ipod novo para pagar o que ele quebrou sem querer, está tudo certo agora. Ponto final.
Mas aquela dor de cotovelo por ter sido dispensada sem nem saber o nome do dito cujo,
foi bem dolorida. Javier Stanton …
 De qualquer maneira Stanton não cairia bem na minha Certidão de Casamento. Jules
Stanton, viu como soa? Não combina!
Todas caímos na risada.
***
CAPÍTULO 7
Alguns dias sem receber e-mails do meu misterioso tarado do elevador, eu já tinha dado o
acontecido por encerrado. O deus grego também era caso encerrado, na verdade não foi nem um
caso começado então eu não me iludiria com um herdeiro multimilionário e capa de revista, era
magnífico de mais e isso poderia ser perigoso. Homens assim deveriam ter defeitos obscuros, era
perfeição de mais em um único ser humano, ele poderia ter um pênis pequeno, ou ser gay, ou ser um
gay de pênis pequeno,,, Nada contra gays, só acho que o mercado já está bem defasado para termos
que disputar homens também com outros homens, agora em relação ao pênis pequeno isso sim eu
não vou negar, é um problema, e essa conversinha de que é pequeno mais é trabalhador é conversa
pra boi dormir! Nós mulheres gostamos de volume! Isso seria um defeito obscuro em um homem tão
perfeito como Javier Stanton.
O dia no trabalho foi longo e um pouco estressante. Eu mal conversei com as meninas,
exceto no horário do almoço onde lanchamos novamente no Central parque, deixei claro que o
assunto Javier Stanton estava proibido, eu não estava disposta a me alimentar de “e se” ou de “talvez”.
Conversas pessoais no elevador foram restringidas a pequenas palavras, eu já me sentia
desconfortável com a possibilidade de estar sendo vigiada, me segurava para não verificar o rosto de
cada homem que entrava no elevador e aquilo me deixou um pouco chateada, eu estava ficando
neurótica.
Fui para a casa e ao entrar no prédio o porteiro me chama para entregar uma encomenda
que foi deixada para mim. Gelei. O que seria desta vez? Agradeci a Peter (o porteiro) e logo subi para
meu apartamento.
“Quem mandaria uma encomenda para meu prédio, ao invés de minha caixa postal?”
Abri a pequena caixa e desta vez se tratava de um aparelho celular.
 Um BlackBerry – eu disse sorrindo para mim mesma. - Christian Grey resolveu mandar
um presentinho para mim foi?
Retirei do envelope cinza um pequeno cartão que dizia:
Laters Baby :*
Se eu tinha alguma dúvida de quem se tratava? Nenhuma! Mas porque ele me mandaria
um aparelho celular? E como sabia meu endereço? Bem, Christian Grey sempre sabia dos passos de
Anastasia Steele, o homem dos meus livros não seria diferente. Liguei o aparelho celular e assim que
ele iniciou começou a receber algumas mensagens, no total eram três.
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Use este aparelho apenas para se comunicar comigo por sms, não atenderei nenhuma ligação sua.
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O número que envio os sms para você é de um aparelho exclusivo para esta finalidade.
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Sentiu minha falta Srta. Atrevida?
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Ele sabia surpreender uma mulher, definitivamente. Quando me dei conta eu estava
sorrindo feito adolescente apaixonada. Não! Eu não sou tão idiota! Não estou apaixonada por um
tarado que nem sei quem é, mas estava excitada com aquele mistério todo. Eu queria jogar o jogo, e
queria saber até onde isso iria chegar. Espero que não acabe no necrotério como vítima de um serial
killer!
CAPÍTULO 8
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JULES: Não posso sentir falta de alguém que não conheço :*
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Sabe o que é ter fé, Srta. Atrevida?
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JULES: Assunto religioso agora? O que tem haver?
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Fé é quando você acredita em algo que não pode ver. Como o oxigênio, você não vê, mas sabe que
existe.
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JULES: Está me pedindo para ter fé em você?
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Estou pedindo que confie em mim, mesmo sem saber quem sou.
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Essa brincadeira não me leva a lugar algum.
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Vai levar, se confiar em mim. Acesse seu e-mail Jules, deixe o Black Berry para amanhã.
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Ele era um dominador até no sms, isso me assustava um pouco, nunca fiz nada de BDSM,
eu apenas lia nos livros e achava algumas coisas o máximo, mas senti um arrepio percorrer minha
espinha ao imaginar que ele poderia ter um gosto excêntrico para o sexo assim como os CEO's
dominadores que eu tanto adoro nos livros. Não sei se eu teria coragem.
Olha onde eu estava novamente? Me imaginando fazendo sexo com o homem sem rosto.
Liguei meu notebook e acessei minha conta de e-mail novamente, olhei os e-mails de
praxe e deixei para abrir o dele por último. Seria coincidência ele se comunicar comigo apenas na
sexta feira? Fazia apenas uma semana de seu primeiro e-mail.
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De: 50 tons
Data: 31 de maio de 2013 19:30
Para: Jules Clarkson
Assunto: Nosso objetivo é satisfazer
Não posso esperar mais para ter essa sua bocetinha molhada em minha boca. Tem que ser logo!
Você quer me dar esse prazer tanto quanto eu quero fodê-la, Srta.Atrevida?
Tenho certeza que na manhã de sábado você acordou com a calcinha encharcada de tanto sonhar comigo com meu
pau dentro de você, não negue.
Extremamente Excitado
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De: Jules Clarkson
Data: 31 de maio de 2013 19:35
Para: 50 tons
Assunto: Bem Profundo
Não diga nada que não possa cumprir, Sr.Magnífico. Você é realmente capaz de me fazer chorar de tanto prazer ao ter
sua boca em minha boceta? Sabe o que diz o ditado, quem muito fala pouco faz.
Extremamente Impaciente
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De: Sr.Magnífico
Data: 31 de maio de 2013 19:38
Para: Anjo de Boca Suja
Assunto: Mãos coçando
Não me provoque anjo, minha mão está coçando e se você estivesse em minha cama agora eu lhe daria umas boas
palmadas antes de fodê-la com força para você não esquecer que quem muito fala também pode fazer tudo o que diz.
Vou entender isso como um sim. E isso era tudo o que eu precisava.
Planejando nossa primeira foda.
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De: Jules Clarkson
Data: 31 de maio de 2013 19:40
Para: Um homem sob medida
Assunto: Irresistível
Tudo bem, eu sei que isto é loucura, mas eu estou nessa.
Amante Libertada
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De: Sr.Magnífico
Data: 31 de maio de 2013 19:44
Para: Botão de Ouro
Assunto: Boa noite.
E que nossa loucura seja perdoada, pois metade de mim é tesão, e a outra metade também.
Agora vá dormir. E não se toque … é uma ordem.
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Como se eu precisasse me tocar para sentir prazer, desde seu primeiro e-mail que
minhas noites são conturbadas com sonhos eróticos e eu acordo com a calcinha toda molhada.
Eu sei que estava me arriscando de mais com isso, mas quer saber? Foda-se, eu não
incentivaria ninguém a compactuar com isso, mas aquilo realmente estava acontecendo comigo e
eu estava muito afim de arriscar.
Mas para me prevenir, vou deixar uma carta escrita contando essa história desde o
começo, se acharem meu corpo numa sargeta ao menos vão saber que fui uma idiota e quem
sabe consigam descobrir quem foi que tramou isso contra mim.
“Você anda assistindo CSI Miami de mais, garota” disse a minha demônia interior.
***
CAPÍTULO 9
Acordando cedo para aproveitar meu sábado. Como de costume ultimamente, minha
calcinha estava arruinada e fui logo tomar um banho, coloquei uma legging, desta vez com estampa
animal print e uma camiseta rosa, meu tênis de corrida e deixei os cabelos soltos para secar
naturalmente enquanto eu caminhava pelo parque, assim que secassem eu os prenderia em um rabo
de cavalo rebelde. Não estava me importando muito com a minha aparência, eu não queria
impressionar ninguém e as probabilidades de eu encontrar um deus grego milionário novamente eram
bem nulas, e de qualquer maneira eu não me importaria em agradar alguém que não se importava em
dizer seu nome para mim. A sim, eu não esqueci isso ainda, afinal, eu sou o tipo de mulher que fica
martelando essas coisas pequenas na cabeça, atire a primeira pedrinha se você nunca fez isso.
Fui até a gaveta do meu quarto onde guardei a caixa com o meu novo Ipod, eu nem havia
tirado ele da caixinha ainda, apenas abri quando recebi mas nem sequer o tirei da caixa. Hoje ele me
seria útil, eu gostaria de ouvir minha playlist e também já iria conferir as músicas que Javier tomou a
liberdade de compartilhar comigo... Sim porque ele é do tipo que compartilha músicas mas não
compartilha seu nome (Sim, estou muito puta com isso rsrs).
Desci pelas escadas para ir me aquecendo e logo que cheguei na calçada já fui colocando
os fones no ouvido e ligando meu mp3. Droga! Havia apenas uma música na playlist. Babaca, apagou
minhas músicas e ainda colocou apenas uma! Obrigada deus grego de araque!
Apertei play e já as batinhas de uma música conhecida começou a tocar... Nossa! Jamais
pensei que ele ouviria esse tipo de música! Isso é música para garotas e não para deuses gregos!
Comecei a dar gargalhadas enquanto corria, ouvindo Call Me Maybe, da Carly R Jepsen tocar no meu
Ipod, a música que Javier havia tomado a liberdade de colocar na minha playlist enquanto roubava
minhas músicas do ACDC, Bon Jovi e The Rolling Stones que eu adorava ouvir enquanto fazia minha
corridinha nos sábados de manhã. O jeito foi fazer uma hora de corrida ouvindo a mesma música e
tentando pensar no porque um homem daquele tamanho, milionário e lindo de morrer ouvia Carly R
Jepen. Isso era muito gay! Gente, analisa! Na maioria dos livros as protagonistas tinham seus amigos
gays que eram lindos e maravilhosos e estavam ali para o que der e vier, Javier apareceu em minha
vida justamente quando o homem dos meus livros resolveu aparecer também, só podia ser um sinal
da padroeira das Estagiárias Solteiras, que eu não fazia ideia de que santa era! Além do homem dos
meus livros, eu também estava ganhando um amigo gay, como não percebi isso antes?
Continuei minha corrida pelo Central Park me sentindo mais leve e deixando de lado toda
a mágoa desnecessária que eu sentia por Javier, me sentia mais leve embora um pouco decepcionada
por ele ser homossexual, mas feliz por esse ser o motivo dele ter me rejeitado inicialmente. Eu nunca
havia sentido atração sexual por nenhum gay antes, será que depois que a gente descobre que o cara
também joga no nosso time essa atração toda vai embora? Por que seria triste sentir tesão por um
cara que não fica de pau duro quando vê uma mulher dando bola para ele.
Eu estava me comportando como um anjo de boca suja, mas eu nunca fui um anjo, eu
realmente nuca fui um anjo!
Parei para descansar em um banco e ao deixar meu Ipod no colo, notei que atrás dele
tinha algo escrito com caneta pilot preta, em letrinhas pequenas. C-h-o-q-u-e-i ! A vida estava me
pregando uma peça! Como eu não percebi que havia algo escrito no Ipod quando o tirei da caixa?
“Ai que burra, da zero pra ela!” disse minha demônia interior.
Essa era uma boa hora para ela ficar de bico calado.
***
CAPÍTULO 10
-Me fala logo o que está escrito nessa porra desse seu Ipod Jules Clarkson! - essa era
Donna gritando comigo assim que abri a porta do meu apartamento para ela, Sarah e Violet.
Elas ficaram putas da vida comigo quando eu liguei para elas dizendo que precisavam vir
até meu apartamento pois eu precisava mostrar algo para elas que Javier havia escito na parte de trás
do meu Ipod, eu sei que poderia ter falado para elas no telefone, mas daí eu digo: Qual seria a graça?
Bom mesmo é fazer um suspense! (eu sei que vocês também estão curiosas para saber o que foi que
ele escreveu rsrs). Expliquei toda a situação, desde quando percebi que só havia uma música até a
parte que concluí que ele era gay.
 Foi aí que eu li o que estava escrito na parte de trás do Ipod e entendi a razão da
música.
Mostrei para elas verem com os próprios olhos pois se eu contasse elas não iriam
acreditar, ou iriam querer ver pessoalmente, conheço minhas amigas, elas viriam ao meu apartamento
de qualquer maneira.
Hey, I just met you,
And this is crazy,
But here's my number,
So call me, maybe
555-555-555
Javier
(traduzindo)
Ei, acabei de te conhecer,
E isto é loucura,
Mas aqui está meu número,
Então me ligue talvez
555-555-555
Javier
Sarah deu um gritinho agudo que eu considerei irritante e desnecessário.
 E você achando que ele era gay! Você é pirada Jules! Deus não seria cruel a ponto de
permitir que um homem como Javier Stanton fosse gay!
 Ei Sarah! - levantei as duas mãos na defensiva – Foi mal, mas que ele foi estranho
desde o início ele foi.
 Ele é timido! É isso, e além do mais eu achei super fofo! - Violet se derretia.
 Eu confesso, achei fofo também – adimiti.- Mas é que eu não poderia imaginar que ele
fosse se interessar em uma desastrada que tropeça no cadarço do próprio tênis, e nós mal nos
falamos e eu já saí feito uma criança medrosa na primeira oportunidade.
Donna pegou meu celular de cima da mesa e o apontou para mim.
 Ligue para ele agora! Está esperando o quê?
E lá vem a maldita insegurança novamente, querendo vencer a batalha.
 Mas já se passou uma semana, eu acho que ele nem espera mais que eu ligue para
ele. Deveria ter percebido isso assim que recebi meu Ipod. - Lamentei.
 Não seja idiota – Violet agora falava sério – o cara te deu um Ipod novo, com uma
mensagem fofa, uma música fofa, de uma cantora fofa e ainda te deu o número do celular dele! Se
você não ligar, juro que eu vou agredir você!
Meu queixo caiu, as três mosqueteiras estavam uma do lado da outra, todas de frente para
mim, sérias e de braços cruzados, me fuzilando com o olhar.
 Ei! Tudo bem eu vou ligar, mas acho que posso fazer isso mais tarde! Ainda é demanhã
e eu acho que seria meio desesperado que eu ligasse para ele agora. Eu posso explicar que só retirei
o Ipod da caixa hoje cedo, e por isso não havia ligado antes.
Elas pareceram relaxar depois que eu justifiquei o porque não ligar agora.
 Tudo bem então, você pode ligar hoje a noite, quando chegar em casa do cinema. -
sugeriu Sarah.
 Que cinema? - que eu saiba eu não ia ao cinema.
 Vamos o cinema, estreou um filme ótimo e eu quero muito assistir e vocês como
minhas melhores amigas vão adiar qualquer tipo de compromisso e ir comigo, porque eu mereço
muito que vocês façam isso por mim.
 Você está na TPM – Donna acusou Sarah. - Você só fala desse jeito quando está perto
de ficar naqueles dias – agora era a minha vez- Vamos ao cinema com ela, ou ela vai jogar isso na
nossa cara o resto da semana. E quando você voltar, ligue para Javier, envie um sms, dê um sinal de
fumaça! Mas fale com ele, Jules.
 Tudo bem meninas, vocês venceram!
***
CAPÍTULO 11
Eram quatro horas da tarde quando marquei com as meninas, fui sozinha de carro
encontrar elas no Shopping, a sessão era as cinco e meia então deu tempo de espiar algumas vitrines
e até fazer umas comprinhas. Entramos em uma loja de lingeries e eu decidi comprar um conjunto de
cinta liga vermelho cheio de rendas e com detalhes bem provocantes. Nunca fui muito antenada em
lingeries sexies dessas com a cinta liga, mas assim que comecei a receber os e-mails misteriosos eu
realmente pensei muito nisso e essa foi minha primeira compra das muitas que eu pretendia fazer no
futuro.
Foi então que decidi. Essa história com o engravatado do elevador não podia continuar.
Javier havia me dado sinal verde de que estava interessado em mim e isso me agradou pois eu senti
uma atração forte por ele desde o início, e talvez acabasse dando certo com ele. Não que eu pensasse
que iriamos casar, viver feliz para sempre e ter cinco filhos, mas pelo menos poderíamos ter uma
chance de nos conhecer melhor e ver o que isso poderia nos proporcionar. Não seria justo com ele, e
nem comigo que eu continuasse trocando mensagens eróticas com um desconhecido enquanto me
envolvia romanticamente com ele. Assim que eu chegar em casa vou enviar um e-mail para o Sr. Seja
Lá Quem For e vou acabar com isso, deixar o Black Berry na portaria para que ele mandasse alguém
buscar e sossegar esse meu rabo safado.
 Vamos comprar as entradas para o cinema – ordenou Sarah
Ela estava muito mandona o dia todo, mas nós como suas amias sabíamos que a TPM
tinha sua parcela de culpa nisso.
O filme era maravilhoso mesmo. Robert Downey Jr. Estava lindo em mais um filme do Iron
Man e Gwyneth Paltrow arrazou nas cenas finais. Sarah era fascinada por filmes de super-heróis e o
Tony Stark era o seu favorito. Sempre que eu assistia a um filme eu tentava assemelhar o ator
principal a algum personagem de livro, nós discutiiamos isso na saída do cinema.
 O Robert daria um perfeito Professor Gabriel Emerson! - eu exclamei animada
 Verdade! - concordou Sarah
Violet e Donna se entreoalharam...
 Eu não faço ideia do que vocês estão falando – reclamou Violet
Eu e Sarah caímos na gargalhada.
Foi quando vi algo e aquilo serviu para tirar todo o bom humor estampado no meu rosto.
Saindo da sala de cinema estava Javier Stanton de braços dados com uma linda e estonteante loira,
eles estavam em uma conversa animada e sorriam para o outro com intimidade.
 Olhe Sarah – chamei ela – Gideon Cross e Eva Tramell em carne e osso.
 Onde isso? - me perguntou curiosa
Eu apontei discretamente pois os dois se aproximavam de onde estávamos, sempre
sorridentes e animados, senti meu estômago embrulhar com aquela cena.
 Mas que merda – sussurrou Sarah.
De repente senti seu olhar se cruzar com o meu e seu rosto ficou sério, aquele sorriso
descontraído se foi e notei uma expressão … Triste? Decepcionada?
Donna e Violet assistiam a cena em silêncio, como se o sonho delas acabasse de ter
virado pó. Elas me conheciam muito bem para saber que meu coração atrapalhado e inseguro estava
em frangalhos, jamais imaginei que doeria tanto ver o fim de algo que nem havia começado.
 Filho de uma puta, desgraçado. - sussurou Donna entre os dentes.
 Bastardo- disse Violet.
Assim que a loira poderosa se afastou dele para atender uma ligação no celular ele veio
em passos curtos se aproximando de mim, as meninas se afastaram discretamente para que ele
pudesse falar comigo a sós.
 Você não ligou – ele disse com a voz fraca
 Eu preciso ir embora daqui, adeus Seu Moço.
E assim como daquela vez no parque eu fugi novamente, segurando as lágrimas e uma
vontade imensa de falar uns palavrões.
***
CAPÍTULO 12
Domingo eu não estava para ninguém, eu estava com raiva, com mágoa, e também
irritada comigo por ser uma idota e ter deixado passar aquela mensagem no Ipod, perdi uma
oportunidade de finalmente conhecer um cara legal. Mas ele também foi rápido, se estivesse tão
interessado deveria ser um pouco mais direto sobre isso, e não ficar apenas com joguinhos.
Joguinhos? O que eu estava dizendo? Eu mesma estava fazendo um joguinho de sedução
com um desconhecido, pois era o que eu sempre havia fantasiado, e quando um cara lindo de morrer
apareceu com um joguinho super fofo, eu deixei passar despercebida pois estava envolvida de mais
em um joguinho sacana com um anônimo. Eu não sabia se tinha mais raiva dele por não ter esperado
que eu ligasse, ou de mim que não soube ler nas entrelinhas. Tarde de mais.
Minhas amigas ligaram o dia todo e me enviaram mensagens, eu respondi um sms para
cada uma dizendo que eu estava bem e que não se preocupassem, segunda feira eu estaria novinha
em folha, e muito perversa. Minha cabeça fervilhou em ideias e eu já ansiava pelo primeiro dia da
semana de trabalho, que geralmente era o mais chato.
Deixei o Black Berry desligado, eu não estava afim de joguinhos sacanas hoje. Nem abri
meu e-mail também. Coloquei minha roupa de corrida, legging e camiseta, meu tênis novo, este em
velcro, sem cadarços para tropeçar e prendi meu cabelo em um coque frouxo, um óculos escuros para
esconder os olhos vermelhos do choro (lastimável) e sem Ipod desta vez, eu só precisava espairecer
um pouco e caminhar me faria bem, iria fazer um trajeto diferente do que eu costumava fazer no
Central Park todo o final de semana, assim evitaria de esbarrar em um milionário qualquer, porque é
algo super casual hoje em dia você sair de casa e dar de cara com um CEO poderoso.
Em meia hora de caminha eu já havia bolado um pequeno plano atreviso para minha
segunda feira. Eu precisava de uma aventura, de algo para me fazer esquecer Javier e eu sabia quem
poderia fazer aquilo por mim, ao menos suas palavras diziam exatamente tudo o que eu queria que
fizesse comigo.
Hora de voltar para meu apartamento, eu assoviava distraída quando um casal que já não
me era estranho caminhava em minha direção aos risos. Mas que porcaria! Que tanto assunto os dois
teriam para rir tanto? Senti aquele embrulho no estômago voltar, a mesma sensação ruim que senti no
cinema ontem, aquela cena era tão desagradável aos meus olhos como quando eu vi na internet que
Henry Cavil estava de romance com aquela loirinha do The Big Bang Theory. Que inveja dessas loiras
sortudas. Entrei imediatamente em uma outra trilha para que eu não precisasse encará-los, óbvio que
ela não fazia ideia de quem eu era, mas era o olhar de Javier que eu não queria encontrar.
E segunda feira chegou e eu estava vestida para matar! Ou para arrazar, já que eu não me
sentia tão perigosamente assassina. Coloquei minha lingerie vermelha com a cinta liga, sapatos
vermelhos de salto alto e deixei meus lisos cabelos castanhos caírem perfeitamente nos ombros, fiz
uma leve maquiagem, nada de sombra escura, apenas um iluminador, rímel e um lápis suave marrom
nos olhos, na boca um batom vermelho escarlate que ganhei de presente no dia internacional da
mulher, da editora chefe da revista Glow, todas as funcionárias haviam ganhando esse batom de
presente e já haviam usado na revista, seria a primeira vez que eu iria extremamente arrumada para o
trabalho, mas como elas faziam isso todos os dias, não iriam me achar extravagante de mais. Me olhei
no espelho e me senti gostosa, estava apenas com a lingerie e os saltos vermelhos e senti minha
autoestima voltar com tudo. Coloquei um sobretudo preto, bem colado ao corpo, ele tinha botões
dourados discretos e uma cinta na cintura que dixava as curvas marcadas, eu estava me achando o
máximo. E iria trabalhar assim, apenas de lingerie e um sobretudo para disfarçar.
 De hoje não passa, Sr.Engravatado do elevador.
***
CAPÍTULO 13
 Uau! Você está uma delícia – disse Donna.
 Eu sempre disse que você era linda de mais – gabou-se Sarah
 BA-BAN-DO – Violet e sua mania de soletrar as sílabas.
A revista Glow só tinha funcionárias mulheres, esse era um dos diferenciais da revista,
minhas demais colegas nem repararam na minha mudança, mas minhas três melhores amigas e fãs
número um adoraram, e também sentiam-se na obrigação de colocar minha autoestima lá em cima,
depois do ocorrido fatídico no sábado.
 Obrigada meninas, eu estava precisando desse Up! Mas agora vamos trabalhar.
Assim que sentei em minha mesa, retirei o Black Berry da bolsa e o liguei. Assim que
reiniciou o celular, tinham duas sms na caixa de mensagem.
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Onde você está? Por quê não responde meu e-mail porra?
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Jura que quer fazer esse tipo de jogo? Você está merecendo umas boas palmadas nesse seu
traseiro redondo!
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Ai que meda! O anônimo revoltadinho porquê eu tenho uma vida e não estou disponível
para responder seus e-mails.
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Jules: Vá se foder! Ou melhor, venha me foder! Estou toda molhada, prontinha para você. Se não
for hoje, esqueça que eu existo. Cansei de palavras, quero ação. Hoje vou sair pelas escadas … Estou só de
lingerie :*
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E passei a tarde toda na ansiedade, mas decidida, se nada acontecesse eu iria parar com
essa loucura … Eu precisava estravasar, isso estava me corroendo por dentro.
A tarde passou rápida e eu enrolei no escriitório, para que as meninas fossem embora sem
mim, e então respirei fundo e fui pelas escadas.
Estava escuro e as lâmpadas se acendiam com um sensor e faziam um barulho que de
início me deixou assustada, eu estava me sentindo em um filme de serial killer, estava excitada e com
medo ao mesmo tempo, mas seria naquele dia que eu finalmente iria conhecer o Sr. Engravatado.
Continuei descendo pelas escadas e minha respiração foi ficando pesada, eu não olhava
para trás e também ia devagar, sem a menor pressa de chegar ao térreo e me decepcionar por não ter
encontrado ninguém. Eu não queria que fosse fora da Stanton Tower, eu considerava ali uma zona
segura. A verdade é que eu não imaginava que alguém faria da torre uma cena de crime.
De repente uma mão enorme com luvas pretas cobre minha boca e abafa um grito de
susto que estive prestes a soltar, ele era forte e com o outro braço me segurava firme junto a seu peito
que também parecia ser grande e forte.
 Eu disse que seria de costas baby. - susurrou baixinho em meu ouvido e deixou a mão
que cobria minha boca mais frouxa para não me machucar. - Você confia em mim? - ele falava apenas
com sussuros baixos e eu apenas assenti com a cabeça que sim, eu confiava nele.
 Eu vou soltar a mão de sua boca, não grite. Vou apenas usar uma algema de seda para
vendar os seus olhos e deixar sua boca livre para gemer gostoso cada vez que meu pau entrar duro e
fundo dentro de você.
Em seguida ele colocou um lenço macio de seda na frente dos meus olhos e fez um nó
apertado para que a venda não cedesse. Eu fiquei em silêncio.
 Você é um anjo de boca suja, Srta. Atrevida. Você lembra o que eu disse que ia fazer
com você? Me diga. - era uma ordem.
 Sim senhor – eu já estava me comportando como a submissa que eu imaginei que ele
desejaria encontrar.
 O que foi que eu disse que faria com você? - apenas susurros suaves em meus
ouvidos
 Me fazer gozar em sua boca e chorar de prazer – eu lhe disse rouca de tesão.
 É Isso que você quer, anjo? - ele susurrou enquanto puxava meus cabelos com força
para trás.
 Sim senhor – eu tremia em antecipação.
 Implore por isso, anjo de boca suja. - rosnou
 Anda logo com isso! - eu disse irritada – Não está vendo que estou toda molhada pra
você, caia de boca na minha boceta e me faça chorar de prazer. Preciso saber se foram apenas
palavras ou se essa sua língua sabe fazer direito.
Ele tirou meu sobretudo preto, eu ainda estava de costas para ele, encostada com o rosto
na parede, senti ele me puxar e me deitar na escada em cima do que concluí ser o meu sobretudo.
Joguei minha cabeça para trás em expectativa, ansiava por sua língua em meu sexo, eu já estava
desesperada pelo seu toque íntimo.
 Você está deliciosa Srta.Atrevida, essa lingerie caiu bem em você, mas vou rasgá-la
todinha e te comer aqui mesmo. - eram apenas sussuros baixinhos, roucos e cheio de desejo.
Senti sua mão puxar a cinta linga arrebentando-a, gemi baixinho. Logo depois senti seus
dentes puxarem a minha calcinha minúscula e roçar em meu sexo úmido, levantei minha pélvis
agoniada por seu toque, eu estava morrendo de tesão e ele estava sendo lentamente cruel. Senti a
renda fina se rasgando e logo em seguida senti um dedo entrando lá fundo, sem dó nem piedade, ele
não estava sendo gentil, mas eu estava adorando cada detalhe, gemi alto assim que senti seu dedo
entrar em mim enquanto ele fazia movimentos leves, tirando e colocando, a outra mão levantou meu
sutiã para cima e ele chupava meus mamilos, se revesando de um para o outro.[, enquant chupava um
ele massageava o outro com força e ali embaixo seu dedo trabalhando perfeitamente em pontos que
jamais pensei sentir prazer, ele parecia conhecer cada pedacinho de mim.
 Você é um nectar dos deuses... - ele disse assim que caiu de boca em minha boceta,
enfiando sua língua dentro de mim e eu senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, era a melhor
sensação que eu havia sentido lá embaixo. Esse homem sabia o que estava fazendo.
 Oh,,, Por favor, mais! - eu gemia e implorava, estava desesperada por cada toque.
Ele deu uma palmada forte em minha coxa e eu gritei de susto.
 Cale-se! Eu sei o que estou fazendo, e você ainda vai levar umas boas palmadas por
ser tão atrevida e respondona, antes de eu enfiar meu pau em você. Mas agora quero te fazer gozar
na minha boca.
E ele voltou a enfiar sua língua dentro de mim, tocando meu pontinho sensível e me
fazendo derreter, ele massageava meu clitóris e aquilo me deixava enloquecida, estar de olhos
vendados deixava tudo ainda mais excitante, eu estava quase chegando lá...
 Goze para mim, Jules – ele sussurou
Era o que estava faltando para que eu explodisse em extase, enquanto ele chupava minha
umidade, e eu gemia deixando aquela luxúria tomar conta de mim, e as lágrimas rolavam no meu rosto
com o melhor orgasmo que já tive em minha vida. Nenhum outro homem me fez gozar daquela
maneira me penetrando, como ele havia feito apenas com o sexo oral.
 Oh … Eu poderia fazer isso todos os dias sem me cansar. Você chupa tão gostoso.
Eu me sentia liberta com aquela onda de prazer proporcionada pelo melhor sexo oral que
já tive. Prendi minhas pernas em volta de seu pescoço o puxando para mais perto, eu queria repetir
aquilo novamente, mas ele se afastou de mim e me levantou.
 Agor a eu vou te foder de costas – sussurou novamente em meus ouvidos. Ele me
apoiou no corrimão da escada, estava gelado pois era de metal, me flexionou para frente e esticou
meus braços, amarrando com outro lenço de seda as minhas mãos ao corrimão. Minha bunda ficou
empinada para trás e eu temi pelo sexo anal, eu nunca havia feito e pelo que minhas amigas
contavam, a primeira vez era um pouco dolorosa, sserá que eu devia dizer isso a ele? “Quem está na
chuva é para se molhar, Jules” minha demônia interior intrometida disse.
Extremeci com uma forte palmada na minha bunda, com certeza ficaria marcada, as eu
não me importava, estava valendo a pena cada seundo.
 Você precisa aprender a controlar sua língua, anjo. E por isso está sendo punida. Agora
conte dez palmadas.
E ele foi dando cada palmada e eu contando, não sentia dor, apenas tesão, eu lia sempre
essas cenas de BDSM e me imaginava desafiando e dizendo que eu jamais me submeteria a isso, não
deixaria um homem me bater, mas cada palmada era excitante e eu sentia ondas de desejo
percorrendo meu corpo enquanto contava até dez. Finalmente ele terminou. O que viria agora?
 Agora eu vou foder você duro. Não se preocupe, hoje vou comer apenas a sua boceta,
faremos anal em uma outra ocasião.
Quando dei por mim eu percebi que havia relaxado mais o meu corpo e soltado a
respiração, mas eu não poderia de deixar de me prevenir.
 Você trouxe proteção? - perguntei num fio de voz
 É claro que sim anjo. Segurança em primeiro lugar.
Em seguida ouvi ele rasgando o plástico metálico e abrindo o zíper de sua calça, eu daria
tudo para ver aquela cena, queria ver sua ereção pulsando de desejo enquanto ele colocava a
camisinha, mas eu estava impedida de fazer qualquer movimentação. Senti suas mãos tocarem minha
cintura e em seguida ele estava metendo com força dentro de mim. Foi duro, fundo e agressivo.
 Porra! - gritei. - Que pau enorme!
Ele gemeu alto e ficou dentro de mim, me abraçando pela cintura.
 Como você é apertadinha Jules. Uma delícia essa sua bocetinha, meu pau se encaixa
perfeitamente dentro de você.
Em seguida ele deu mais uma estocada forte, e mais uma, e mais outra e eu estava a
beira de um colapso. Ele aumentou o ritmo enquando me fodia forte e gemia, mordia o lóbulo da minha
orelha e falava baixinho no meu ouvido:
 A boceta mais gostosa que eu já comi. Como você é perfeita!
Eu não tinha mais forças para falar, apenas gemia e soltava grunhidos sem sentidos a
cada estocada profunda, estava chegando ao êxtase, aquilo parecia irreal.
 Goze comigo Jules, agora!
E eu obedeci ao seu comando gozando loucamente enquanto ele relaxava seu corpo em
cima do meu …
 Caralho, o que foi isso? - ele disse descançando em cima de mim.
 Isso foi o melhor sexo da sua vida – respondi.
Ele deu uma risada áspera.
 Com certeza foi.
***
CAPÍTULO 14
 Vou te soltar – ele voltou a sussurrar em meu ouvido- Vista-se com os olhos ainda
vendados.
Ele me soltou devagar, mas antes disso deu uma mordida de leve em minha bunda, dei
um gritinho de prazer. Ele havia me deixado desmanchada, não saberia dizer se teria forças para me
manter em pé, o que havia acontecido naquela escadaria foi surreal. Assim que ele me soltou do
corrimão eu levei um choque de realidade: E se alguém nos pegasse ali? O que eu fiz com aquele
homem delicioso foi altamente arriscado, eu poderia ser demitida se alguém nos pegasse ali, quem
sabe até ir presa por atentado ao pudor. Eu havia perdido a razão, me deixar levar por um extinto
totalmente devasso e não pensei nas consequencias que poderiam acontecer caso nos flagrassem.
Como que adivinhando meus pensamentos, ele me disse:
 Tomei todas as providências necessárias para que ninguém nos interrompesse – ele
sussurava com seu hálito quente em meu ouvido enquanto mordiscava minha orelha e me segurava
pela cintura. Ele colocou uma chave em minha mão – Esta é uma chave mestra com a qual tranquei
todas as portas de acesso as escadarias, assim ninguém poderia ver nossa festinha. Fique com ela
para sair do prédio.
Como assim sair do prédio? Ele não iria se apresentar para mim?
 Me deixe chupar seu pau, por favor … - implorei
Ele me puxou mais firme contra sua ereção que estava evidente novamente, como se não
tivessemos feito nada a pouco mais de cinco minutos atrás. E eu já estava acesa novamente.
 Não – ele disse irritado. - Eu preciso ir agora, tenho negócios a resolver. Conte até vinte
antes de tirar sua venda dos olhos, e depois vá embora. Foi um prazer enorme fodê-la, anjo de boca
suja.
Em seguida eu senti ele se afastar de mim e ouvi seus passos descendo as escadas.
Fique irritada, chocada, e ao mesmo tempo sentia um vazio ao perder contato com aquele corpo
desconhecido. Contei mentalmente até vinte, sim, porque eu sou uma idiota e fiz questão de obedecer
a sua última ordem.
A sensação de prazer foi embora, fechei meu sobretudo me recompondo, peguei um
espelho na bolsa que estava jogada em um canto no chão e olhei para meu rosto, com exceção das
boxexas coradas e os cabelos pós foda, eu estava intacta, meu batom escarlate nem sequer estava
borrado e foi aí que me dei conta de que ele não me beijara. Que homem faz sexo sem beijar uma
mulher?
E então uma onda de ódio percorreu meu corpo. Apenas prostitutas faziam sexo sem
serem beijadas. Era assim que ele me via? Como uma puta barata? Que podia ser fodida de todas as
maneiras possíveis mas que não merecia a porra de um beijo na boca?
Coloquei a bolsa no ombro, eu estava tremendo de raiva, por ser idiota e ter cedido a um
desejo insano com um desconhecido no prédio em que eu trabalhava, ser tratada como uma
vagabunda qualquer e nem saber a identidade do bastardo que fez isso comigo. Lágrimas escorriam
pelo meu rosto, eu estava cega, me sentia suja e usada, e todo aquele prazer que havia me deixado
louca já não foi suficiente para abafar a onda de vergonha que eu estava sentindo por ter feito o que
eu fiz.
Assim que cheguei em casa, fui direto para o banho, eu precisava me lavar, me sentir
limpa, quem sabe assim eu teria aquela sensação de que tudo não passou de um sonho e que eu não
tive coragem de dar para um cara que eu nem faço ideia de quem seja. O maldito que me tratou como
uma vadia qualquer, me deixando de olhos vendados após um sexo daqueles. Espero que seu pau
amoleça e nunca mais se levante para mulher alguma ! Bastardo idiota!
As lágrimas não paravam de rolar em meu rosto, saí do banho e me enrolei num roupão
branco e coloquei a toalha de banho na cabeça. Fui até a cozinha para fazer um chá e dei um pulo
quando encontrei com Donna em pé, de braços cruzados e com um papel na mão, ela me olhava
como se eu fosse uma extraterreste. Puta que pariu! Eu estava encrencada!
 Pode me dizer que porra de carta é essa? Estou tentando decidir se você é pirada ou
suicida! Talvez os dois! - gritou amassando aquela carta idiota que eu havia escrito “por segurança”
caso o senhor engravatado fosse um Serial Killer.
 Quer saber, deixa isso pra lá. - eu disse sem emoção, não estava afim de entrar em
conflito por causa desse assunto, afinal eu já tive meu choque de realidade e não precisava de
ninguém me dizendo que eu não tinha noção do perigo e nem vergonha na cara.
Donna mudou a expressão de super irada para super preocupada, percebendo como eu
não estava bem, e as lágrimas que teimavam em cair.
 Me diga o que está acontecendo com você Jules. - Me abraçou forte.
***
CAPÍTULO 15
 Minha nossa! Isso não é de Deus amiga! Como você teve coragem?
 Cale essa boca Donna, não vê que eu já estou péssima o suficiente?
Contei toda a história sobre o cara do elevador, os e-mails e tudo o que havia acontecido
desde aquele dia que conversamos sobre os romances eróticos. Ela ficou horrorizada, chocada,
preocupada, riu comigo em algumas partes e chorou comigo quando eu já não conseguia me segurar,
era o que uma amiga devia fazer, os puxões de orelha também vieram mas eu estava frágil de mais e
nem me importei com eles, a dor que eu sentia era maior. Me dar conta do quão arriscado foi o que eu
fiz, me entregando de olhos fechados a alguém que não conheço, bem, eu já falei muito sobre isso.
Eu só queria esquecer, recomeçar.
-Desculpe Jules – me abraçou novamente. - E u só me preocupo, eu sei que você ama
seus livros, mas nem sempre tudo que acontece nos livros você pode levar para a vida real.
 E por me envolver com esse assunto, acabei deixando Javier passar pela minha vida
despercebido. Que idiota eu fui.
 Você fugiu dele duas vezes Jules, enquanto se arriscou com um desconhecido. Você foi
fodidamente corajosa ao encarar um sexo às escuras, mas foi covarde em não dizer a Javier que ele
era um filho da mãe por não ter esperado você ligar, entende isso?
 E por quê você acha que eu estou chorando feito uma adolescente boba?
Assim como Donna, Violet e Sarah tinham cópia da chave do meu apartamento, eu as
entreguei a uns dois meses. Eram minhas irmãs de coração e assim como elas, eu também tinha a
chave de cada uma delas, era nosso pacto de confiança. Donna disse que sabia que apesar de eu ir
toda arrumada para a Glow hoje, ela sentia que algo estava fora do normal, as meninas perceberam
isso também e combinaram que Donna viria até meu apartamento para ver se eu realmente estava tão
bem como aparentava.
 O que você vai fazer agora? Não pode continuar com isso Jules, não é saudável.
 Eu sei, eu sei. Donna, eu preciso ficar sozinha ok? Não se preocupe, vou ficar bem,
amanhã estarei novinha em folha, você sabe que eu vou sair dessa com um sorriso no rosto.
 Eu sei sim amiga. Até amanhã então. - ela me abraçou e foi embora.
E eu pretendia por em prática meu plano de seguir em frente longe de encrenca e longe de
qualquer tarado do elevador. Liguei meu notebook, e acessei minha conta de e-mail. Olhei para os
cinco e-mails com nomes de personagens de livros, um havia sido enviado ainda hoje, os outros
quatro estavam datados de sábado e domingo, quando não entrei na internet. Apaguei todos eles sem
ler, eu não queria correr o risco de estremecer na minha decisão, eu tinha que acabar logo com aquilo.
Cliquei em “escrever” e digitei um e-mail para o Sr. Babaca.
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De: Jules Clarkson
Data: 03 de abril de 2013 21:14
Para: Seja Lá Quem Você For
Assunto: Game Over
O jogo acabou para mim, Sr. Seja lá quem for.
O sexo foi o melhor que já tive e o prazer foi inigualável, mas existem critérios que para mim são mais importantes do
que o prazer carnal que uma boa foda pode me proporcionar. Ser tratada como uma vadia não é o que eu sonhava
quando queria uma aventura dos livros, eu posso ter adorado cada momento, mas eu realmente não vou continuar com
esse jogo.
Pensei que você iria se identificar e isso não aconteceu, mas talvez seja melhor assim. Isso me poupa a vergonha de
saber com quem eu fui capaz de cometer tamanha loucura e quem sabe eu me sinta menos culpada e menos
promíscua. Eu fiz parte desse jogo tanto quanto você mas eu não imaginava que isso poderia me ferir tão
profundamente como me feriu.
Foder com força pode ter sido maravilhoso, mas eu preciso de alguém que queria fazer amor comigo antes de qualquer
tipo de aventura erótica, e você não é essa pessoa.
Estou pedindo que não me retorne este e-mail, pois assim como os últimos que você me enviou eu os apagarei sem ler.
Seu Balck Berry estará com o porteiro do meu prédio, você pode pedir para alguém vir retirá-lo.
Espero realmente que não continue com essa brincadeira, e que respeite a minha decisão.
Adeus.
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Cliquei em enviar e lá se foi minha mensagem, diretamente para a caixa de entrada de
alguém que me veria todos os dias no elevador e eu jamais saberia de quem se trata. Melhor assim.
A primeira parte de um recomeço estava concluída, a próxima seria escrever um novo
artigo para a Revista Glow e enviar para minha editora chefe. Eu realmente estava inspirada e este
artigo seria minha libertação. Sem livros por um tempo, sem homens por um tempo, eu me dedicaria
exclusivamente a mim.
***
CAPÍTULO 16
Três semanas haviam se passado desde que enviei o último e-mail para o Sr. Engravatado
do Elevador. Nas primeiras noites meus sonhos eram conturbados com lembranças quentes daquele
dia nas escadas mas eu lutava com todas as forças para manter meu pensamento longe disso tudo.
Minhas amigas estavam sendo muito importantes, me ajudavam a me distrair e a me divertir, toda
noite inventávamos alguma coisa para fazer e aos poucos eu fui voltando a minha rotina normal.
Quanto ao Black Berry, eu o dei de presente para Peter, já que após uma semana do e-mail enviado
ninguém foi resgatar o aparelho.
Não recebi mais nenhum e-mail desconhecido, e eu já estava até mais tranquila no
elevador, mas jamais sozinha, Donna, Violet ou Sarah se revesavam para subir ou descer comigo.
Escadas nem pensar!
Meu trabalho na editora estava indo de vento e popa, minha editora chefe marcou uma
reunião comigo novamente e elogiou meu artigo, e me presenteou dizendo que seria matéria de capa
e que ela ficaria imensamente satisfeita de me ter como parte da equipe permanente da revista, me
oferecendo um cargo como colunista e também um salário muito satisfatório. Prometi analisar sua
proposta e que estava muito interessada em aceitá-la. Pensem em três amigas histéricas quando lhes
contei esta novidade? Sarah insistiu que deveríamos sair esta noite para comemorar e eu não recusei,
tamanha era a minha alegria.
Combinamos de ir em um barzinho tomar algumas tequilas e nos divertir um pouco com a
dança. Eu estava precisando espairecer e talvez uma noite badalada me proporcionaria isso.
 Quero te ver diva hoje hein? - disse Sarah para mim.
 E quando eu não estou diva? - brinquei
Violet gargalhou.
 É isso aí amiga! Quero te ver assim sempre!
 Vou me arrumar, encontro vocês as oito.
Me olhei no espelho e gostei muito do que vi, uma mulher linda e sofisticada, sensual mas
não vulgar, como estava na moda dizer. Coloquei um vestido tubinho preto de cetim e um colete de
pele cinza, desta vez fiz alguns caixinhos com o baby liss nas pontas dos meus cabelos escovados e
coloquei um par de argolas douradas volumosas, nos olhos uma sombra esfumada na cor chumbo, um
delineado bem marcado para causar um olhar intenso, rímel para dar volume nos cílios, pouquíssimo
blush e um batom rosa clarinho para pegar leve. Eu não usaria meu batom escarlate tão cedo. Usei
um par de salto alto rosa pink para quebrar os tons neutros e destacar com meu batom e estava pronta
para uma noite com as garotas da minha vida.
Peguei um taxi até o barzinho que combinamos de nos encontrar, elas já estavam me
aguardando em uma mesinha no canto próximo ao pequeno palco de karaokê. Droga, eu já estava
prevendo que elas me fariam cantar!
 Vocês são umas filhas da puta! - Eu exclamei.
 Ei, minha mãe não tem nenhuma culpa nisso, é tudo por minha conta mesmo! - disse
Violet. - Você vai cantar hoje, e eu já vim preparada para isso- disse ela tirando da bolsa duas bolinhas
de algodão e colocando no ouvido.
 Out! Você é má! - eu disse fingindo estar chateada.- Eu não canto tão mal.
-Definitivamente, você é ótima – me incentivou Sarah. - eu adoro quando você solta a voz
no Karaoke, é divertido!
 Eu também adoro – foi a vez de Donna me defender.
Me sentei e o garçom veio até nossa mesa, Donna pediu quatro doses de tequila, limão e
sal para acompanhar. Assim que o garçom trouxe as doses para nossa mesa, fizemos um brinde
animado.
 Pra cima! Pra Baixo! Pro Centro! Pra Dentro! - dissemos em uníssono e viramos o
copo! Em seguida o sal e o limão. Aquilo era muito bom!
 Vamos dançar! - Violet me puxou pelo braço e me levou para a pequena pista de
dança. Estava tocando a nova música da Miley Cyrus, We Can't Stop, e dançamos de olhos fechados
e curtindo a noite.
A rodada de Karaokê começou e ouvimos animadas algumas pessoas fazerem suas
apresentações. Até agora algumas pequenas vaias expulsavam os maus cantores do palco, mas
sempre com muito humor e no clima da brincadeira, as meninas estavam me empurrando para o palco
e eu fiquei nervosa de repente, com receio de ser vaiada ou algo do tipo, o Dj me ajudou a subir pois o
degrau era meio alto e de vestido eu não conseguiria sozinha.
 Que música você vai cantar? - perguntou o Dj assim que me colocou no chão.
 Call Me Maybe, da Carly – respondi para ele sorrindo.

Estava na hora de eu me libertar, e essa música não me assombraria mais.
- I threw a wish in the well, Don't ask me, I'll never tell, I looked to you as it fell,
And now you're in my way - comecei a cantar e olhoi sorrindo para três mulheres espantadas e de
queixo caindo na mesinha próxima ao pouco, as pessoas começaram a sorrir animadas, minha voz
não era tão ruim, e elas até foram se levantando aos poucos para dançar.
 Your stare was holdin',Ripped jeans, skin was showin', Hot night, wind was blowin',
Where you think you're going, baby?… - as pessoas estavam bem em frente ao palco e eu senti
alguém me encarando, assim que olhei em direção ao balcão eu senti os pelos de meus braços se
arrepiando com aquela visão grega rebelde. Uma mistura de Travis Maddox e Gideon Cross me fez
estremecer e quase me perder no Karaokê, mas eu me mantive firme e ainda assim consegui
sustentar meu olhar em cima daquele homem incrivelmente perfeito. Usava Jeans surrado e com
alguns rasgos discretos, uma camiseta branca com degote em V e um blazer preto, sapatos caros,
com certeza e os cabelos penteados para trás dando um ar de aristocrata europeu que me fez perder
o fôlego.
 Hey, I just met you, And this is crazy, But here's my number, So call me, maybe … - Eu
fechei os olhos para não perder a compostura e continuei dançando enquanto cantava aquela música
e me libertava … Estava sendo tão bom, as pessoas conheciam a letra e me ajudavam cantando em
coro e o bar estava todo animado. Minhas amigas já estavam na frente do palco dançando
alegremente e sorriam para mim.
A música acabou e eu ouvi aplausos que pareciam intermináveis, meu olhar foi em direção
ao balcão do bar, mas ele não estava mais lá. Sarah me chamou junto a elas na mesinha e eu fui
descer do palco assim que entreguei o microfone para o Dj, me aproximei dos degraus do palco senti
duas mãos enormes em minha cintura, me pegando no colo rapidamente e me colocando no chão.
Minhas mãos tocaram as suas delicadamente que continuavam em meus quadris. Não consegui evitar
um sorriso bobo. Era ele, eu sabia. Sempre foi ele. Não precisava conhecê-lo tão bem para saber que
o tempo todo era ele que eu procurava. Talvez a vida estivesse me dando uma nova chance.
 Hoje eu quem vou pegar o seu número. Assim posso te ligar sempre. - Ele sorriu, e seu
sorriso era o mais lindo que eu havia visto na vida.
 Javier … - sussurrei sem fôlego. Sorri tímida.
 Você canta muito bem mocinha. - disse gentilmente.
 O-obrigada. - eu gaguejei
CAPÍTULO 17
 Você está linda, se me permite dizer – ele era muito gentil, ou eu que estava babando por
ele?
 Você também está muito bonito. - Eu me atrevi a dizer.
Nossos diálogos eram resumidos a poucas palavras e então definitivamente aquilo era
começar do zero. Duas pessoas que queriam se conhecer, fazendo elogios uma a outra.
 Venha. - ele tomou minha mão na sua e foi me puxando para uma mesa mais reservada, eu
olhei para a mesa onde minhas amigas estavam e elas batiam palminhas de felicidade e sorriam de orelha
a orelha, isso era um bom sinal, elas achavam que eu estava fazendo a coisa certa.
-Sente-se querida- ele puxou a cadeira, como um perfeito cavalheiro, para que eu me sentasse.
Em seguida sentou -se de frente para mim, e puxou minhas mãos delicadamente e as manteve entre a s
suas.
 Tem algumas coisas que eu gostaria de conversar com você, Jules. Eu realmente gostaria
de conhecê-la melhor e espero que você pare de fugir ou diga que não está interessada e eu não tomarei
mais o seu tempo. - ele foi direto ao ponto. Como eu poderia dizer não a um homem desses?
 Sou toda ouvidos. - disse apenas. Eu não poderia esquecer a loira escandalosamente linda,
deveria perguntar sobre ela? Primeiro ouviria o que ele tinha a me dizer.
 A verdade é que eu gostaria de explicar sobre aquela moça com quem eu estava no
cinema. Eu tive a impressão de que você não quis conversar comigo por que me viu com ela. Certo?
 Não é meio óbvio? Eu não esperava vê-lo acompanhado depois do recado que você
escreveu para mim com o seu telefone. - Falei rapidamente, evidênciando o meu nervosismo. - Ela é sua
namorada?
 Por Deus, Não! Rachel tem apenas dezessete anos, é uma criança.
Agora sim eu estava perplexa, como um mulherão daquele poderia ser apenas uma
adolescente de dezessete anos? Se não era sua namorada, quem ela era?
 Rachel é da Australia, você não sabe, mas estou a poucos meses aqui em Nova York,
estive na Autralia nos últimos dez anos, e Rachel é filha de um de meus sócios, é minha afilhada. Temos
uma relação bastante amistosa, ela veio passar alguns dias de férias em Nova York e eu estava sendo seu
anfitrião, meu dever como padrinho. Tenho muito carinho por ela.
Ok, isso eu não esperava. Mas quando eu poderia concluir isso olhando apenas de longe? Não
queiram me julgar por concluir algo errado de uma situação ambígua. Todas nós mulheres fizemos isso,
algumas apenas enfrentam a situação, e algumas como eu, diz adeus e vai pra casa chorar.
 Agora é a sua vez – ele disse – Por quê você não me ligou?
Respirei fundo, já que estavámos sendo sinceros, eu contei.
 Eu ia ligar para você. Acontece que eu li o recado apenas no sábado pela manhã quando
tirei o Ipod da caixinha para ouvir música enquanto corria no parque. Só percebi que havia algo escrito logo
depois, quando eu sentei para descansar. Quando recebi a encomenda no meu trabalho eu não tirei ele da
caixa, li apenas o bilhete e me questionei porque você não havia assinado seu nome, concluí que era
porque eu não deveria ficar sabendo então eu não poderia fazer nada, não sabia quem você era.
 Me desculpe. - ele sorriu sem graça. Como um homem lindo daqueles exalando
masculinidade poderia estar tímido? Eu é quem deveria estar intimidada com a sua presença. - Eu acho que
minha tentativa de fazer algo romântico não saiu como eu havia planejado.
Oi? Você tentou ser romântico? OMG! Tem algo mais romântico do que um homem te dizer que
estava tentando ser romântico? Acho que vou me apaixonar!
 Eu... - fiquei sem palavras, aquilo estava acontecendo rápido, nos encontramos apenas
uma vez e depois de alguns pequenos desencontros aquilo estava acontecendo de verdade e eu mal podia
acreditar, não me preparei para um possível diálogo com Javier e estava totalmente despreparada.
 Não diga nada que não queira, eu não estou tentando pressionar você.
 Eu só não pensei que poderíamos estar tendo essa conversa, tudo estava conspirando para
que não nos aproximassemos, eu sei lá. Agora que estamos frente a frente eu estou com medo de me
comportar como uma boba, e de repente você perceba que não vale a pena perder tempo comigo.
“Você e essa sua mania irritante de ser insegura! Se é pra falar merda, não fala nada!”
Demônia Interior do Caralho se metendo mais uma vez onde não é chamada.
Javier ficou sério, eu sabia que tinha falado merda, mas era o que eu realmente estava
sentindo, poxa! Jovem, estagiária, classe média e algumas ambições, o que eu poderia oferecer a ele?
 Eu quero aproveitar meu tempo com você, Jules. Não vou sair perdendo no que diz respeito
a você, cada minuto aqui com você é um presente e não um desperdício. Me entenda, e pare de ser
insegura. - agora ele estava sorrindo – Você quer beber alguma coisa? Um vinho talvez?
 Eu acho melhor não, já tomei algumas doses de tequila e encarei um Karaokê, acho que
hoje foi emoção suficiente – sorri tímida.
 Como você é linda Jules, não me canso de olhar para você. Quando ouvi a música no
Karaokê e me virei para ver quem era, jamais pensei que pudesse ser você, então pensei que o acaso
estava nos dando uma nova chance e desta vez eu teria que fazer a coisa certa. Aqui estamos.
 Aqui estamos. - eu estava radiante diante dele, nossa, eu bem que era uma mulher de
sorte.
Olhei para a mesa onde minhas amigas estavam e não as vi, procurei com os olhos pelo bar e
não as encontrei.
 Minhas amigas foram embora sem mim, vou matá-las. - falei com humor.
 Deixe que eu levo você para casa, moramos em prédios vizinhos.
Disso eu também não sabia!
 Mesmo? Incrível! - eu estava feliz em ouvir aquilo? Pelo sorriso em meu rosto eu
demonstrava que estava mais do que feliz, estava esperançosa de que o veria mais vezes.
 Sim, eu a vi entrar no seu prédio no dia do parque, eu moro no prédio a esquerda do seu.
Vamos embora então. - ele sorria parecendo estar tão feliz quanto eu.
Ninguém me belisca porque meu sonho está perfeito, eu não posso acordar agora!
***
CAPÍTULO 18
Não haviamos nos beijado, ele me deixou em casa, foi gentil, carinhoso e disse que
tínhamos todo o tempo do mundo. Trocamos telefones oficialmente, e também e-mails, no carro
ficamos conversando por mais uma hora ou mais, o tempo pareceu parar por ali e eu mal acreditei que
estava realmente acontecendo. Ele tocava meu rosto, me olhava nos olhos enquanto conversávamos,
parecia se interessar por tudo que eu falava e o mesmo acontecia comigo. Por mais que eu sempre
sonhei com um homem que me jogasse contra a parede, que me mandasse calar a boca e ir direto
para a ação, ter um homem que sabe esperar pelo momento perfeito pode não ser tão monótono
assim, com Javier naquela noite eu aprendi que é possível sentir prazer apenas com um olhar, com
palavras doces e com uma simples conversa.
Os dias seguintes foram mais que perfeitos, eu acordava todos os dias com mensagens
carinhosas de bom dia, e assim era o meu dia quando eu não podia vê-lo, recebendo mensagens fofas
pelo celular e alguns e-mails que alegravam os meus dias. Nós haviamos desenvolvido uma relação
amigável e de muita cumplicidade, ainda não haviamos nos tocado com intimadade mas nossa relação
avançava de maneira adulta, madura, algo que eu jamais pensei que poderia ser possível já que uma
onda de eletricidade se formava em nossa volta sempre que estávamos juntos, podíamos sentir aquela
tensão sexual a nossa volta, mas era como se quiséssemos provar para nós mesmos que o que havia
entre nós era muito mais do que apenas uma atração física, que a atração não seria o ponto principal
no nosso relacionamento.
Minhas amigas estavam em extase com tudo isso, desde a noite do Karaokê elas
endeusaram Javier de tal forma que eu estava a ponto de sentir ciúmes dele com elas. Em algumas
ocasiões ele havia me encontrado no Central Park no horário de almoço e sentava conosco no
gramado comendo cachorro quente e falando sobre assuntos triviais, minhas amigas se derretiam a
cada palavra que Javier pronunciava, e eu continuava adimirando cada gesto seu, cada expressão do
seu rosto, ele era parte da minha vida agora, e aquilo estava sendo maravilhoso para mim. Essas duas
última semanas estavam sendo as mais perfeitas desde que eu chegara em Nova York e quem sabe
até da minha vida.
A revista com minha matéria na capa havia sido publicada e eu me senti muito orgulhosa
ao aceitar a oferta de trabalho que minha editora chefe propôs. Uma nova fase se iniciaria na minha
vida, e eu estava imensamente feliz com isso.
Para as coisas continuarem sendo perfeitas, Javier me enviou uma mengem perguntando
se poderia vir me buscar no trabalho no final do expediente para comemorar minha primeira matéria de
capa, eu aceitei embora fiquei com receio do que ele poderia ter pensado sobre meu artigo, já que foi
um assunto que nenhum namorado deixaria passar despercebido. A matéria havia sido titulada na
capa como “ A Idealização do Homem Perfeito”.
 Vocês vão sair hoje a noite? - perguntou Donna curiosa.
 Sim – respondi – ele virá me buscar no trabalho e depois vamos sair para comemorar a
matéria de capa.
 Vocês precisam transar logo – Violet sendo inconveniente. - Precisamos saber o quão
perfeito ele é, se é que você nos entende.
 Ah eu entendo vocês muito bem, suas safadinhas! Mas eu confesso que por mais que
meu corpo queima cada vez que ele toca em mim, eu acho que esse lance de segurar os hormônios
foi saudável para o nosso relacionamento.
 Vocês são exageradamente fofos – era a vez de Sarah Opinar.
Finalmente meu expediente acabou eu desci ás pressas para encontrar Javier que me
esperava em seu carro. DETALHE que eu não contei para vocês, mas ele dirigia um Audi R8, pensem
no meu desespero quando o vi pela primeira vez! Cenas de Christian Grey e Anastasia Steele
transando em um estacionamento durante o dia povoaram a minha mente. Sim, eu acho que sempre
vou assemelhar situações da minha realidade com situações que leio em livros, é meu vício e já
tornou-se algo tão automático.
Assim que ele me viu saiu do carro e foi abrir a porta do carona para que eu entrasse.
 Boa tarde minha linda. - era assim que ele estava me chamando desde a noite do
Karaokê, eu não estava reclamando!
 Boa tarde- retribuí o sorriso que ele me oferecia. Me beijou nas bochechas e me
abraçou forte e eu já senti meu corpo estremecer com aquela corrente elétrica que tomava conta
sempre que ele se aproximava de mim.
 Ouve um emprevisto em uma empresa do Grupo Stanton e eu vou precisar fazer uma
pequena viagem, é coisa de no máximo 3 dias, vou ter que ir para Phoenix ainda esta noite portanto
teremos pouco tempo junto hoje, sinto muito.
Fiquei triste com a notícia, estava me acostumando a sua presença costante, era quase
um vício tê-lo por perto, correr com ele aos sábados no Central Park, alguns almoços durante a
semana, conversas pelo telefone enquanto assistiamos aos mesmos seriados na TV, Javier me
mimava muito e eu estava totalmente mal acostumada. Ficar longe me traria uma sensação de vazio
embora fosse apenas três dias.
 Você tem seu trabalho, não quero ser um empecilho. Vá tranquilo e quando voltar
podemos nos ver novamente. Eu já havia comemorado esta matéria de capa no dia em que nos
encontramos no Karaokê, você foi meu presente, não preciso de mais nada.
Ele sorriu como um menino e aquilo aqueceu meu coração. Eu estava me apegando de
mais a Javier, as vezes sentia medo, sabe quando algo é realmente bom de mais para ser verdade?
 Obrigada por entender, minha linda. Mas eu tenho um convite para você. Sábado que
vem é o Baile de Máscara Anual que o Grupo Stanton organiza em prol de algumas entidades
beneficentes, meu avô oferece esse baile em sua mansão e eu gostaria que você fosse como minha
acompanhante. Posso providenciar um vestido e uma bela máscara para você.
 Oh, eu não preciso que me compre nada, posso providenciar isso tudo. Não quero dar
nenhum tipo de preocupação a você Javier.
 Eu sei minha querida, mas eu só quis impedir que você recusasse o convite alegando
que não teria trajes para esse tipo de evento. Quero muito que você vá, estou planejando uma
surpresa para você.
 Eu não sei se gosto de surpresas...
 Mas você vai gostar amor, confie em mim.
Impressão minha ou ele acabou de me chamar de AMOR? Meu coração disparou naquele
instante e eu fiquei sem palavras para responder, também tinha a parte na qual ele me pediu que
confiasse nele, a última vez que confiei em alguém eu acabei sozinha em uma escadaria, literalmente
fodida e sem ganhar um beijo na boca sequer. Mas uma coisa era certa: Javier não poderia pagar pelo
que outra pessoa fez a mim, ainda não haviamos nos beijado mas a situação era completamente
diferente.
Chegamos em frente ao meu apartamento, e ele parou o carro, saiu e abriu a porta para
mim. Um cavalheiro como sempre, assim que parei na calçada ele me puxou para um forte abraçoe eu
retribuí com a mesma intensidade. Ficamos ali apenas abraçados e senti seu hálito quente respirando
próximo ao meu ouvido, parecia uma sensação já conhecida.
 Serão os três dias mais longos da minha vida. - disse ele com uma voz triste. - Não sei
se vou poder te ligar pois estarei constantemente em algumas reuniões, mas mando um sms assim
que tiver em algum pequeno intervalo. Não se esqueça de mim ok? Nos veremos no sábado, no baile,
enviarei um motorista para buscá-la as oito da noite, eu chegarei um pouco em cima da hora mas vou
direto para o baile e nos encontraremos lá.
 Tudo bem. Eu vou sentir muito a sua falta …
Ele abraçou minha cintura com um braço e me segurou pela nuca com a outra mão,
aqueles olhos intensos tinham um brilho diferente no olhar, de desejo, de fome, mas antes de qualquer
coisa, um olhar terno e carinhoso. Era isso que me encantava naquele homem, como ele tinha esse
poder de ser tão sereno e tão excitante ao mesmo tempo.
 Antes de ir, preciso fazer um coisa que eu já deveria ter feito a algum tempo … - ele
disse colando seus lábios nos meus em um toque macio e calmo. Eu estava finalmente sendo beijada
por um deus grego chamado Javier Stanton.
Foi um beijo doce, delicado, seus lábios pressionando os meus e sua mão me apertando a
nuca para me manter próximo a ele. Os movimentos lentos de sua língua entrando em minha boca
fazia com que aquele beijo se tornasse eterno, eu não queria que acabasse nunca. Os movimentos
foram se intensificando, o abraço ficando mais apertado, sua língua explorando a minha com mais
avidez e eu retribuia cada movimento, queria sentir o sabor de sua língua, o gosto do seu beijo e eu
senti uma dor no peito assim que seus lábios descolaram do meu ofegantes. Ele lutava contra si
mesmo, não queria ceder seus impulsos e senti uma pontadinha de decepção por isso, eu queria fazer
amor com aquele homem mais do que qualquer outra coisa na vida.
 Sábado, eu tenho uma surpresa para você. Agora eu preciso ir, amor.
Assim que ele se foi, me dei conta de que eu estava perdidamente apaixonada por aquele
homem perfeito.
CAPÍTULO 18
E foram os três dias mais longos, realmente. O fato de saber que Javier estava longe de
mim, de Nova York, foi suficiente para me deixar uma pilha de nervos pelo resto da semana. Eu tinha
que trabalhar e ainda planejar o que usar nesse baile de máscaras, eu estava realmente nervosa.
Minhas amigas me acompanharam a uma loja de vestidos de gala e eu escolhi um vestido
púrpura simplesmente divino. Ele era longo, com um racho enorme que iniciava no começo das coxas
e ia até o chão, não era vulgar mas esbanjava sensualidade, as costas ficavam nuas e ele tinha uma
alça frente única que dava a volta no pescoço, o decote era sob medida e caía perfeitamente bem ao
meu colo, deixando os peitos firmes mas não muito a mostra. Os detalhes que deixavam o vestido
ainda mais perfeito eram as gotas de strass que haviam aleatóriamente por todo o tecido dando brilho
e glamour de maneira elegante e sem exagero. Me senti uma princesa moderna.
E finalmente era sábado e a ansiedade me atingiu assim que abri os olhos pela manhã,
uma corrida matinal ouvindo minha playlist no Ipod, logo depois um sms para Javier dizendo que eu
esperava ansiosamente por revê-lo, uma passada no salão de beleza para arrumar meu cabelo em um
lindo coque frouxo cheio de caixos perfeitos e volumosos e fazer uma maquiagem marcante nos olhos
já que minha máscara negra precisava de algo para chamar a atenção.
Eu estava linda, realmente eu estava me sentindo linda, minha máscara de veludo preto
com alguns detalhes em prata e algumas penas. Eu usava um longo brinco de prata com pequenos
brilhantes, eram herança de minha avó e eu ainda não tive a oportunidade de usá-los. Sapato preto
para deixar em evidência apenas o púrpura do meu vestido, um bracelete delicado também em prata e
no pescoço apenas uma gota de Channel nº5, assim como Marilyn Monroe, presente de minhas
amigas pela minha contratação oficial na revist Glow! Uma pequena Clucth em prata completava o
look e eu estava pronta para aquela noite com o meu príncipe.
Eram oito horas em ponto quando o interfone tocou, era Peter avisando que havia um
motorista a minha espera na entrada do prédio. Meu estômago se contraiu e eu me senti uma
adolescente indo para seu baile de formatura.
Assim que desci meu queixou quase caiu, mas mantive a compostura, um Bentley me
aguardava com um motorista devidamente trajado a minha espera com a porta aberta.
 Boa noite Srta.Clarkson.
 Boa noite, só não me diga que seu nome é Angus, por favor! - aquilo seria um choque
para mim, eu já vivia de mais com a cabeça nos livros.
O senhor me olhou intrigado, mas sorriu gentil.
 Me chamo Augusto, ao seu dispor Srta. Clarckson. Entre por favor, o Sr.Stanton espera
por você.
 Eu não sabia que ele já estava na cidade, ele disse que chegaria atrasado ao baile – eu
comentei entrando no carro.
 Me refiro Jhonatan Stanton, o avô do senhor Javier. Ele está ansioso para conhecê-la.
Ok, eu já estava nervosa o suficiente, agora já imaginava qual seria a surpresa de Javier,
ele me apresentaria oficialmente a seu avô.
Chegamos na entrada da mansão Stanton e eu fiquei adimirando a beleza daquele lugar,
era uma arquitetura antiga, inspirada no estilo Vitoriano, mas era muito bem preservada. Um portão
enorme de ferro se abria para entrarmos, e eu fiquei babando pelo lindo e enorme jardim que enfeitava
ainda mais aquela casa, me senti na Europa em um dos palácios da aristocracia inglesa. O Bentrey
parou em frente a uma escadaria generosa em frente a casa principal, e um homem todo de preto com
uma máscara azul marinho com detalhes dourados abriu a porta para mim e me ajudou a subir as
escadas.
 Então você é a famosa Jules Clarkson. - afirmou ele com um sorriso gentil. Reconheci
as feições de Jhonatan Stanton atrás daquela linda máscara. Ele sempre aparentou ser um senhor
gentil nas poucas vezes que o vi na Stanton Tower.
 Prazer em conhecê-lo oficialmente Sr.Stanton. - eu disse com um sorriso tímido, não
pensei que seria recepcionada pessoalmente pelo anfitrião da festa.
 Meu neto fala muito de você, fiquei curioso para conhecê-la, vejo que ele é um jovem
de muito bom gosto, além de linda você é muito simpática.
 Assim fico constrangida, Sr.Stanton … - eu disse ficando vermelha, por sorte minha
máscara camuflava a minha timidez.
 Me chame de Jhonatan, por favor. Agora eu preciso cumprimentar algumas pessoas,
terei que deixá-la sozinha por alguns instantes, mas sinta-se em casa Jules, em breve Javier estará
aqui para acompanhá-la.
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O homem dos meus livros evy maciel

  • 1. História Registrada na Fundação Biblioteca Nacional (http://www.bn.br/portal/ ) Todos os direitos reservados a autora da obra. SINOPSE: O HOMEM DOS MEUS LIVROS Por Evelise Maciel Apaixonada por romances eróticos a jovem Jules sempre sonhou em viver um romance quente como os dos livros que lia, talvez por isso seus relacionamentos não fluiam como ela esperava, talvez esperasse de mais por um homem que só existia em páginas fictícias. Idealizava um homem que fosse inspirado nos seus personagens favoritos e isso acabava atrapalhando a coisa toda. Mas o que Jules queria de verdade era encontrar alguém que a surpreendesse, que a conquistasse de maneira inesperada, não apenas que usasse métodos clichês de aproximação. Tudo muda quando ela começa a receber e-mails misteriosos de um “suposto adimirador” que a impressiona com as palavras e que faz promessas quentes do tipo que ela sempre sonhou. E quando esse misterioso homem começa a encontrá-la em momentos inesperados e a faz sentir ondas de desejo mesmo sem saber quem é o seu par perfeito? Se render a um completo desconhecido e viver sua aventura literária, ou cair na realidade de que isso pode ser muito arriscado?
  • 2. AGRADECIMENTOS: Gostaria de começar agradecendo a minha querida amiga Priscila Oliveira, que me incentivou a escrever uma história completa. Graças a ela eu despertei o interesse de tentar colocar em palavras um pouquinho da minha imaginação... O Homem dos Meus Livros é um conto escrito especialmente para as meninas do Grupo “Cantinho Dos Livros PDF” no Facebook. Vocês são maravilhosas, e a opinião de vocês sempre foi muito importante para mim. Escrevi esse conto pensando em vocês, e no quanto sonhamos com esses homens maravilhosos dos romances que lemos e compartilhamos no Cantinho. Agradeço a Deus, por me permitir ter saúde e tempo, que apesar de corrido eu consigo conciliar um pouquinho dele para me dedicar a ler e a escrever. Espero que gostem da leitura ♥
  • 3. O HOMEM DOS MEUS LIVROS CAPÍTULO 1 Eu precisava correr para não chegar atrasada no trabalho, essa era a batalha diária e eu sempre tive sorte de chegar no horário em que iniciava o expediente. Mania de tentar fazer muita coisa em pouco tempo, era uma vida agitada mas eu gostava dela do jeitinho que estava. Esta noite eu exagerei na leitura, fiquei até as três da manhã lendo aquele bendito livro, e não consegui terminar de ler! Que frustrante não saber o final quando faltavam apenas alguns capítulos, mas eu precisava dormir e descansar, o dia na revista era sempre agitado e ir trabalhar cheia de olheiras e cara de derrotada não iria fazer bem para minha autoestima, deixei ele debaixo do travesseiro e dormi profundamente exausta. Meu delicioso vício me tirava boas horas de sono, não que eu esteja reclamando, eu amo ler romances eróticos! Faltando dez minutos para as oito horas entrei correndo na Stanton Tower a tempo de pegar um elevador prestes a fechar as portas, por sorte Sarah estava nele e segurou para que eu entrasse.  Aposto que ficou lendo até tarde, não foi Jules? - Sarah me conhecia como ninguém, ela compartilhava do meu vício por livros eróticos, era tão bom ter com quem conversar a respeito dos personagens dos meus sonhos.  Culpa sua que me deu o livro de presente. Preciso saber mais sobre o romance de Bennet e Chloe, eles estão cada vez mais próximos, além de um relacionamento puramente sexual.  Cala essa boca! - surrurrou entre os dentes – você não pode sair falando esse tipo de coisa em elevadores – ela olhava ao redor como tentando descobrir se as pessoas em volta ouviram o que eu disse.  Bobagem amiga, você faz tempestade em um copo d'água, onde estamos? Na era das cavernas? Posso falar sobre sexo em qualquer lugar hoje em dia – debochei dela. Um senhor que aparentava ter uns sessenta anos olhou para nós e sorriu. Corei. O elevador estava cheio e as pessoas conversavam, dificilmente teriam prestado atenção no que eu estava falando. A porta abriu e algumas pessoas começaram a sair e depois mais algumas entraram antes da porta se fechar novamente. A sede da revista Glow ficava no décimo sétimo andar da Torre Stanton, no coração de Manhattan, eu morava ali há cinco meses e estava adorando meu estágio na revista Glow, uma revista em ascenção no mundo da moda. O elevador havia atingido o limite de pessoas, o que eu considerava desconfortável, alguém esbarrou no meu braço e acabei deixando cair minha pasta no chão. Abaixei para pegá-la e percebi que meu livro havia escorregado para a parte de trás do elevador, teria que esperar esvaziar um pouco para que pudesse pegá-lo.  Você trouxe “Beautiful Bastard” para o trabalho? - Sarah parecia chocada.  Calma Sarah, eu vou terminar de ler no horário de almoço, teremos duas horas livres hoje, e pretendo sentar no Central Park, comer um cachorro quente e ler o restante do livro. - sorri. Senti algo batendo de leve no meu pé, e me abaixei para ver que alguém tinha chutado o livro em minha direção, tentei olhar para ver quem havia sido mas ninguém demonstrava reação alguma então eu me abaixei para juntá-lo e o guardei em minha pasta novamente. ***
  • 4. CAPÍTULO 2 Estávamos sentadas no gramado do Central Park, algumas pessoas faziam o mesmo que nós, almoçando e descansando em seus horários de almoço e aproveitando a linda vista do parque. Violet, Donna e Sarah estavam sentadas observando a movimentação no parque enquanto saboreavam seu cachorro quente, eu já havia terminado o meu e estava deitada terminando de ler meu livro. Voltando para a sede da revista no final de nosso intervalo, conversávamos animadamente dentro do elevador, esquecendo dos demais executivos que compartilhavam de nossa momentânea e tagarela companhia.  Não sei como você perde tempo lendo esse tipo de livro Jules – acusou Donna. Ela era meio puritana e achava “pecaminoso” eu ler livros que descreviam cenas de sexo. - Eu jamais me sujeitaria a um relacionamento com um homem como aquele do 50 tons de Cinza, por exemplo. Notei alguns olhares para o nosso grupo, alguns executivos que estavam no elevador ouviram a citação ao livro polêmico da E.L James.  Bobagem. - Argumentei – São livros eróticos, e não é crime nenhum ler esse tipo de coisa, já que na realidade faltam homens com Chistian Grey, o jeito é me contentar com os livros. Não que eu curta aquela coisa toda, mas os personagens dos livros adultos são intensos e isso está faltando no mercado. Até porque entre quatro paredes vale tudo e o relacionamento dominador/subimissa se restringia apenas nos momentos intimos deles. Nem vou discutir isso com você Donna.  Jamais me submeteria ao que a tal da Anastasia aceitava do Christian, eu li os livros e fiquei um pouco chocada. - argumentou Violet  Falem baixo – ralhou Sarah. Ela também lia esse tipo de livro e adorava, mas era tímida e morria de vergonha de tocar no assunto publicamente.  Deixem de ser caretas. É um livro adulto e erótico, nem todos gostam desse tipo de livro, eu particularmente adoro, li todos que foram lançados ultimamente. Uma pena eu morar em Nova York e não ter um romance tipo esse dos livros, isso sim é o que me deixa frustrada. Onde já se viu, tantos homens engravatados neste prédio e nenhum deles é um Gideon Cross. As meninas começaram a rir, e eu me dei conta de que no elevador a maioria eram homens engravatados, de repente a coisa tinha ficado quente ali dentro, e o décimo sétimo andar que não chegava? Senti um dedo cutucar minhas costas e meu corpo ficou tenso. Me virei para ver quem era e me deparei com o mesmo senhor que me fez corar logo cedo no elevador, ele me deu um sorriso simpático.  Se eu fosse uns trinta anos mais jovem, eu bem que toparia ser o homem dos seus livros senhorita. Mas acredito que hoje seja tarde de mais já estou velho e comprometido com uma linda senhora de cabelos grisalhos. - disse ele apontando a aliança dourada na mão esquerda, indicando que era casado.  Que pena! - fiz beicinho – Os bons partidos estão nos livros, ou estão casados, que asar o meu. - sorri para ele. Minhas amigas deram risadinhas do pequeno dialogo entre mim e o senhor simpático, e finalmente a porta se abriu no décimo sétimo andar. ***
  • 5. CAPÍTULO 3 O dia passou rápido e finalmente eu estava em casa, que alívio poder tirar aquele par de salto alto e colocar minha pantufa de joaninhas. Preparei um delicioso banho na banheira e como era sexta feira eu pretendia relaxar pelo menos uma hora no banho. A semana foi longa e cheia de trabalho, consegui escrever dois artigos que foram aprovados pela editora chefe e desta vez teria os dois publicados na mesma edição. Fiquei muito feliz com essa conquista pois estagiárias quase não tinham chance de ter artigos publicados logo no início do estágio, eu estava conseguindo pelo menos um artigo por mês, e nesta próxima edição eu conquistei dois! Servi uma taça de vinho tinto suave, de uma marca barata e acendi velas perfumadas no banheiro enquanto desfrutava do meu banho quente e degustava minha taça de vinho. Nova York estava sendo um sonho realizado, eu era uma jovem recém-formada em jornalismo, e havia conseguido um estágio na revista Glow, e depois de um período de seis meses haveria a possibilidade de disputar uma vaga permanente na equipe. Consegui um bom apartamento, presente de meus pais que tinham uma situação financeira estável, e guardaram dinheiro por anos para bancar meus estudos, mas como sempre fui boa aluna consegui uma bolsa e então eles continuaram guardando e me presentearam, me livrando do aluguel. Optei por morar sozinha, pois gostava de ter a minha privacidade e de poder curtir meu momento na cidade que nunca dorme, meu lar era meu momento, não queria dividí-lo com ninguém. Saí do banho e coloquei um hobby de seda lilás, presente de aniversário de Sarah. Fui até minha cama e liguei meu note book, precisava chegar meus e-mails. Algumas publicidades, e-mails do trabalho, algumas mensagens carinhosas de minhas colegas de faculdade. Apaguei os que não me interessavam, salvei os interessante e … Opa! Chegou mais um e-mail em minha caixa de entrada. ______________________________________________________________ De: Beautiful Bastard Data: 23 de maio de 2013 20:30 Para: Jules Clarkson Assunto: Srta. Atrevida Boa noite Srta.Atrevida. Sua conversinha no elevador foi realmente estimulante para os meus hormônios, graças a isso não consegui pensar em outra coisa durante todo o dia a não ser em colocar meu pau dentro de você. Você tem uma boca bem suja para esta carinha de anjo, mas isso não me incomoda nem um pouco, pelo contrário me deixa ainda mais excitado. Deveria prestar mais atenção nos engravatados do elevador, entre eles pode estar o homem dos seus livros. Tenha uma boa noite, se toque pensando que poderia ser eu, vou sonhar com isso. E obrigado por etiquetar seu livro com seu e-mail para contato caso o perdesse e alguém o encontrasse. Muito inteligente de sua parte. Sr. Engravatado do Elevador, seu Belo Bastardo. _________________________________________________________________ OMG! Isso não estava acontecendo comigo! Li e reli o e-mail umas vinte vezes tentando acreditar que eu realmente tinha recebido aquilo. Só poderia ser a pessoa que empurrou o livro até meus pés naquela manhã no elevador. Será que era aquele senhor que falou comigo? Ui, não! Que pensamento desagradável, além de ter idade para ser meu avô, ele era casado e eu também não curtia homens tão mais velhos do que eu. Tentei me lembrar de cada rosto dos homens no elevador, mas eu não era boa fisionomista e também havia aprendido a ignorar as pessoas que eu encontrava todos os dias no elevador da Torre Stanton, era tudo tão corrido, todo mundo tão sério e concentrado em suas próprias
  • 6. vidas, não havia tempo para ser simpático com as 20 pessoas que completavam a lotação máxima do elevador. O que eu faço com isso? Excluo este e-mail e ignoro? Respondo? Ai que nervosismo. Se eu contar para a Sarah ou a Donna, elas vão me chamar de malucas, Violet vai querer incentivar pois ela adora ser cupido, mas e eu? O que eu realmente quero fazer? Respiro fundo e tento descobrir quem é o dono do e-mail, mas o endereço não identificava ninguém, muito provavelmente que a pessoa havia acabado de criar essa conta apenas para se corresponder comigo, ou devia se tratar de um tarado que ficava enviando obcenidades para mulheres. Mas ele estava no elevador, não devia ser qualquer pessoa, a Torre Stanton era um ambiente empresarial de elite, quem me mandou este e-mail devia trabalhar em alguma das empresas instaladas ali. Aqui estou eu tentando arrumar uma desculpa para ceder aquela coceirinha nos dedos e responder ao e-mail misterioso, aquilo havia me deixado intrigada, e também excitada com a situação, aquilo parecia perigoso, afinal eu não fazia ideia de quem se tratava, o que eu poderia responder? Quer saber, se é para jogar, vou jogar direitinho! Se ele quer ser o homem dos meus livros, vou fazer a coisa ficar mais interessante. ______________________________________________________________ De: Jules Clarkson Data: 24 de maio de 2013 21:14 Para: Amante Meu Assunto: Sr.Mistério Boa noite Sr.Mistério, Minha deusa interior deu pulinhos de cuiriosidade com o e-mail que recebi do senhor. Espero que você não seja aquele simpático senhor do elevador, que além de ter idade para ser meu avô é casado. Se for o caso, este será meu único e-mail, isso vale também caso você não seja este senhor mas esteja usando qualquer tipo de aliança de compromisso, eu não me envolvo com homens comprometidos, só para deixar claro. Foi você quem empurrou o livro para meus pés então, devo concluir. Deve estar desesperado por sexo para me enviar um e-mail tão direto, embora sem identificação. Você é feio Sr.Mistério? Ou tudo isso é vontade de fazer amor comigo? Devo ter medo? Srta. Atrevida, Toda Sua (?) ______________________________________________________________ Cliquei em enviar e senti meu corpo estremecer, aquilo era loucura, como eu poderia compactuar com algo tão absurdo? Que homem envia um e-mail dizendo que passou a tarde toda pensando em colocar o pau dentro de alguém … Isso só acontecia nos livros, e bem, não era o que eu queria? Que loucura... Passaram poucos minutos e minha caixa de entrada acusou um novo e-mail. Tranquei a respiração na hora em que abri. ______________________________________________________________ De: Amante Desperto Data: 24 de maio de 2013 21:20 Para: Jules Clarkson Assunto: Não tema o que você mais deseja Srta.Jules, vamos deixar uma coisa bem clara: Eu não faço amor, eu fodo com força. Creio que você deve estar tão desesperada quanto eu por sexo, já que está me chamando de seu amante, e assinando o e-mail dizendo/perguntando se é minha. Será minha em breve, quando nossos corpos se unirem em um só, no que será o melhor sexo da sua vida, pode apostar. Não tenha medo de se arriscar nisso comigo, ambos temos a ganhar, então a decisão é completamente sua. Não tenho nenhum tipo de compromisso romântico com alguém, não sou do tipo que se envolve em um relacionamento sério, espero ter deixado isso bem claro. Eu realmente gostaria que se tocasse pensando em mim, Srta. Atrevida. Estou imaginando isso agora. Sr. Excitado do elevador, Um homem de Sorte. ______________________________________________________________
  • 7. Uau, ele estava imaginando eu me masturbando pensando nele como o meu objeto de prazer. O homem realmente sabia deixar uma mulher sem palavras. Mas aquele alarme me dizendo que aquilo era encrenca não parava de apitar. Será que devo continuar com a brincadeira? Afinal, estou falando intimidades com alguém que eu nem sequer faço ideia de quem seja. ______________________________________________________ De: Jules Clarkson Data: 24 de maio de 2013 21:27 Para: Um Homem de sorte Assunto: Entre o Agora e o Nunca Eu realmente não deveria estar entrando nessa, um homem desconhecido falando coisas obcenas por e- mail, sem se identificar, estou no escuro com você … Surpreenda-me Sr.Magnífico. Não vou me tocar pensando em alguém que eu não faço ideia de quem seja. Toque-me você, Belo Bastardo. Preciso ir dormir, tenha uma boa noite. Se toque pensando em mim, Sr. Mistério. Srta. Caindo de sono. _____________________________________________________________ Jurei a mim mesma que não responderia a nenhum outro e-mail por hoje, eu estava exausta e precisava descansar, amanhã era sábado e eu não trabalho portanto poderia aproveitar meu final de semana lendo um bom livro e quem sabe trocando e-mails com um certo Sr.Mistério. A caixa de entrada acusou mais um e-mail e não resisti em ler. _______________________________________________________________ De: Sr.Magnífico Data: 24 de maio de 2013 21:32 Para: Jules Clarkson Assunto: Tenha Uma Boa Noite Vou tocá-la em breve anjo de boca suja, em lugares que farão você gritar de desejo e implorar por mais. Você irá gozar em minha boca e logo depois vou comer você de costas para mim, e te fazer chorar de tanto prazer. Confie, anjo. E eu já estou me tocando imaginando a sua bocetinha toda molhadinha para mim. Durma bem, eu sei que vou te fazer gozar apenas por sonhar comigo. Insaciável Do Elevador. ________________________________________________________________ ***
  • 8. CAPÍTULO 4 E a noite foi conturbada com sonhos eróticos onde um homem de máscaras me algemava na cama e sussurrava em meu ouvido sobre todas as maneiras que irira me foder. Acordei toda suada e percebi que havia gozado apenas com aquele sonho enlouquecedor, o que aquele homem misterioso estava fazendo comigo? Tomei uma ducha fria para me livrar de tudo o que permiti que o homem sem rosto fizesse comigo naquele sonho. Vesti uma legging preta e minha camiseta do ACDC e calcei um par de tênis de corrida, sequei os cabelos com o secador e depois os prendi em um rabo de cavalo, coloquei os fones no ouvido e os conectei ao meu Ipod e desci para o Central Park ouvindo minha playlist feita especialmente para as minhas corridas matinais. Eu corria ao som de Because We Can, do Bon Jovi quando tropecei no cadarço do meu tênis e me estatelei no chão, senti o tecido da minha legging se rasgando e a pele do meu joelho sendo ferida, não bastasse o susto e o tombo inesperado, senti um corpo caindo em cima de mim por trás, era pesado e para minha sorte duas mãos se apoiaram no chão impedindo que seu peso fosse todo jogado contra mim, observei dois braços masculinos e fortes que forçavam para não me derrubar, ele havia ferido as palmas das mãos com aquele movimento brusco. Senti o homem se levantar e assim pude me virar para encará-lo. Minha Nossa Senhora Das Estagiárias Solteiras! Quem deus é esse? Caído do Olimpo direto para cima de mim! Os cabelos negros e lisos, penteados para trás, roçando em seu pescoço, o corte o deixava com aparência jovem e eu deduzi que ele devia estar na casa dos trinta anos. Os olhos eram tão negros como seus cabelos e a pele era clara mas tinha um leve bronzeado, devia ter 1,80 cm de altura pois eu me senti uma formiguinha acuada olhando para um louvadeus prestes a me devorar. Ele era quente, ah sim, ele era muito quente. Ele deu um sorriso sem graça e estendeu a mão para que eu me levantasse. Notei que sua mão estava com pequenas escoriações e senti um aperto no coração.  Você está bem? - ele perguntou com uma vóz rouca e grave  S-sim … - respondi segurando sua mão, ele me puxou e em questão de segundos eu estava de pé, suas mãos agora seguravam minha cintura delicadamente – Apenas uma legging rasgada, dois joelhos ralados, um Ipod quebrado e um ego ferido – sorri envergonhada. Ele deu uma gargalhada tão gostosa, soltando as mãos de minha cintura e mostrando suas mãos feridas para mim.  Acho que me machuquei um pouco também. Eu estava distraído e você caiu de repente, não consegui evitar minha queda, quase machuquei você. Porque eu estava desejando que ele realmente tivesse caído com tudo em cima de mim? O que é isso? Estou me transformando em uma tarada compulsiva? “Sossegue esse rabo menina! Não assuste o homem!” (minha deusa interior?)  Por sorte estamos bem. - consegui dizer. - Eu moro aqui perto, você gostaria de lavar esse ferimento e fazer um curativo nas mãos? Está sangrando um pouco. Ele olhou para os ferimentos nas mãos como se aquilo não fosse nada de mais.  Eu também moro aqui perto e vou passar em uma farmácia para desinfectar o ferimento e fazer um curativo. Talvez você queira me acompanhar e cuidar do ferimento do seu joelho. Como eu pude ser tão oferecida? Desde quando eu convido um homem estranho para ir ao meu apartamento? Preciso me recompor, eu preciso sair dali, a beleza daquele homem estava me deixando intimidada.  Eu posso cuidar disso em casa mesmo, tenho kit de primeiros socorros. Peço mil
  • 9. desculpas pelo incidente, por minha causa você acabou se machucando. - lamentei  Eu também tive minha parcela de culpa senhorita …. Seria uma brecha para eu dizer meu nome a ele? O que é que tem de mais em dizer meu nome? Eu já havia convidado ele para ir ao meu apartamento mesmo.  Jules. Me chamo Jules Clarkson.  Eu também tive minha parcela de culpa, Srta.Clarkson. Não se desculpe. Droga, será que ele não sabe que as regras de etiqueta o obriga a dizer seu nome, já que eu lhe disse o meu? Eu devo estar fazendo papel de ridículo me derretendo por um desconhecido depois de fazê-lo tropeçar em cima de mim. “Se situa Jules! Quando um deus grego desses vai se interessar por uma desastrada como você?” Ah sim, eu também tinha uma deusa interior. No meu caso ela estava mais para uma demônia interior. Mas ela estava certa, eu devia me colocar no devido lugar, mas eu ainda poderia consertar tudo, ou estragar tudo de vez.  Tudo bem então, seu moço. Preciso ir tratar dos meus ferimentos, e você dos seus. Mais uma vez me desculpe. Agora eu preciso ir! - eu nem esperei que ele me respondesse, eu saí correndo novamente como se não estivesse nenhum pouco dolorida da minha queda, o que era mentira pois meu joelho estava ardendo e eu ainda forçava para não sair mancando na frente dele. Joelhos e ego ferido, uma bela compahia para um final de semana. ***
  • 10. CAPÍTULO 5 E o final de semana se resumiu a uma bela limpeza em minha casa, roupas lavadas, guarda-roupas organizado e uma sessão de Grey's Anatomy acompanhada de uma bacia de pipoca com calda de chocolate. Checava meus e-mails de meia em meia hora mas não recebi nenhum e-mail do Belo Bastardo misterioso, isso me deixou chateada. A semana de trabalho se iniciou e eu estava um pouco tensa, minha chefe marcou uma pequena reunião para me perguntar se eu tinha interesse em uma vaga permanente na revista e isso me deixou super animada. Ao menos minha carreira estava decolando como eu sempre quis, já que minha vida amorosa era um desastre total! Eu já estava sem fazer sexo há oito meses, desde quando ainda era uma estudante de jornalismo que tinha um casinho com um dos colegas de turma. Sem falar na excitação que tomava conta de mim cada vez que eu pegava um elevador na Stanton Tower, meu engravatado tarado não havia dado nenhum sinal de vida naquela segunda feira, e eu já estava me perguntando se teria sido apenas uma brincadeira de uma de minhas amigas, apesar de duvidar que elas seriam capazes de escrever aquelas coisas tão quentes. Eram quase cinco da tarde quando um entregador deixa na recepção uma encomenda para mim, Judith, a recepcionista liga para meu ramal me chamando pois eu teria que receber a encomenda pessoalmente, meu corpo todo sentiu uma onda de calafrio, será que me havia dentro daquele pacote? Era pequeno e estava embrulhado em um papel vermelho com coraçõezinhos brancos, minhas amigas estavam tão ansiosas quanto eu para saber do que se tratava, eu fiquei com receio de abrir na frente delas, já que não sabia o que poderia ser …  Não sei se vou abrir agora, meninas. Vocês estão me deixando nervosa com essa ansiedade toda, vão para os seus lugares e depois eu conto o que há dentro da caixinha. Elas fizeram beicinho mas se renderam, sabiam que se não fizessem eu iria abrir o pacote sozinha em casa, o que as deixaria ainda mais curiosas. Abro discretamente e retiro da pequena caixinha um Ipod novinho em folha e um envelope. Mal pude acreditar, nem me recordava de ter esquecido meu Ipod no parque, mas como ele descobriu onde eu trabalhava? “ Um pequeno presente para me desculpar por tê-la atropelado no sábado, sei que foi eu quem esmagou seu Ipod com as mãos, e você acabou esquecendo ele no parque. Copiei sua playlist para o meu Ipod e tomei a liberdade de acrescentar algumas músicas no seu, a propósito, você tem um ótimo gosto músical. Espero que seu joelho esteja melhor... Seu Moço” Fala sério! O que está acontecendo com esses homens? Que mania é essa de não se identificar mais? Será que eles pensam que isso faz parte do charme? Ô coisinha chata! Agora fiquei bem confusa em relação ao deus grego do parque, como ele havia conseguido o endereço do meu trabalho, eu não era tão previsível ao ponto de alguém olhar pra mim e pensar “Ela tem cara de estagiária da Glow!” … Devo estar com alum tipo de imã impregnado no corpo, só estou atraindo situações estranhas nessa última semana. Esses deuses gregos acham que porque seus mensageiros encontram qualquer mortal, somos capazes de fazer o mesmo. ***
  • 11. CAPÍTULO 6 As garotas ficaram enlouquecidas quando contei a elas sobre meu tombo no Central Parque sábado e o presente do deus grego sem nome, elas fantasiaram inúmeras ocasiões de um novo encontro entre nós dois, coisas de mulher, vocês sabem. Eu pensei em contar a elas sobre os e- mails do tarado do elevador, mas achei melhor guardar este segredo, fiquei o dia todo em silêncio cada vez que eu entrava no elevador, não queria falar nada que pudesse demonstrar minha imensa curiosidade sobre a identidade do “meu” engravatado, mas não podia poupá-las do meu tropeço do século no parque. Estávamos em meu apartamento, fizemos uma pequena reunião de mulheres, meio que de emergência já que elas estavam desesperadas para saber sobre o deus grego do parque. Violet lia uma revista de fofoca local enquanto Donna e Sarah lavavam as louças. Eu como boa anfitriã, estava sentada em um puff que havia colocado estratégicamente em minha cozinha para poder conversar com as garotas.  Esse homem definitivamente pode ter caído do céu também. - disse Violet enquanto observava as páginas da sua revista.  Quem? - dissemos em uníssono, Donna,Sarah e eu. Violtet virou a página da revista em nossa direção e meu queixo caiu. Só podia ser brincadeira! Meu deus grego desconhecido em uma revista de fofoca local?  Minha Nossa Senhora das Estagiárias Solteiras! Esse é o homem que caiu em cima de mim no parque! As três me olharam e deram um grito histérico.  O quê? Javier Stanton caiu em cima de você no parque? - Exclamou Violet desdesperada – Acho que eu vou desmaiar de tanta inveja!  Stanton? Da Stanton Tower? - perguntei incrédula e confusa.  Das indústrias Stanton. A torre é apenas uma pecinha de lego comparada a todos os empreendimentos que a família Stanton possui. - Donna era sempre bem informada sobre o mundo nos negócios, afinal, era colunista da página de economia da revista Glow.  Javier é o neto e único herdeiro de Jhonatan Stanton, o poderoso dono do edifício onde fica a revista Glow, a filha dele, Samantha Stanton era mãe solteira, e faleceu a uns três anos, vítima de câncer de mama. Javier era seu único filho. Pelo que diz aqui na revista, ele está de volta a Nova York para começar a assumir algumas empresas da família, faz pouco mais de um mês que está de volta a cidade. - Violet lia as informações na revista – Viveu na Australia por quase dez anos, está com vinte e oito. E adivinha? S-O-L-T-E-I-R-O. Mais gritinhos histéricos das três mulheres loucas que se dizem minhas amigas.  Vocês acham que um cara todo poderozo desses vai me dar bola? Ele só estava sendo gentil. O que é um Ipod para quem é dono de dezenas de empreendimentos milionários? Sarah me fuzilou com o olhar, lá vinha bronca.  Como você se diminui Jules! - ralhou- Você é uma linda jovem de vinte e quatro anos, formada em jornalismo e tem um futuro brilhante pela frente. Tem um corpo de dar inveja a qualquer supermodelo e os cabelos mais perfeitos que eu já vi na vida! Porque ele não se interessaria por
  • 12. você? Só se ele fosse gay!  Ele deve ser! - eu disse – ou é muito burro. Porque não me disse o seu nome quando eu me apresentei a ele? E ainda assinou o bilhete com o apelido que dei a ele no sábado. Deve ser seu jogo de gato e rato com as mulheres, elas devem implorar para saber o seu nome e ele fica fazendo charme para que elas se rastejam a seus pés. Não vou cair nessa!  Cale esta boca! - gritou Donna- o cara é o homem mais lindo que já vi na vida. Eu daria para ele mesmo sem saber o seu nome. Agora foi a minha vez de dar um gritinho histérico. Donna, a puritana me dizendo que daria para um homem desconhecido? Agora sim estou impressionada.  De qualquer forma, já sei o seu nome, mas pelo visto ele não quis que eu soubesse o dele, deve ter alguma razão para isso. Quem sou eu para me meter onde não fui chamada? Ele me deu um Ipod novo para pagar o que ele quebrou sem querer, está tudo certo agora. Ponto final. Mas aquela dor de cotovelo por ter sido dispensada sem nem saber o nome do dito cujo, foi bem dolorida. Javier Stanton …  De qualquer maneira Stanton não cairia bem na minha Certidão de Casamento. Jules Stanton, viu como soa? Não combina! Todas caímos na risada. ***
  • 13. CAPÍTULO 7 Alguns dias sem receber e-mails do meu misterioso tarado do elevador, eu já tinha dado o acontecido por encerrado. O deus grego também era caso encerrado, na verdade não foi nem um caso começado então eu não me iludiria com um herdeiro multimilionário e capa de revista, era magnífico de mais e isso poderia ser perigoso. Homens assim deveriam ter defeitos obscuros, era perfeição de mais em um único ser humano, ele poderia ter um pênis pequeno, ou ser gay, ou ser um gay de pênis pequeno,,, Nada contra gays, só acho que o mercado já está bem defasado para termos que disputar homens também com outros homens, agora em relação ao pênis pequeno isso sim eu não vou negar, é um problema, e essa conversinha de que é pequeno mais é trabalhador é conversa pra boi dormir! Nós mulheres gostamos de volume! Isso seria um defeito obscuro em um homem tão perfeito como Javier Stanton. O dia no trabalho foi longo e um pouco estressante. Eu mal conversei com as meninas, exceto no horário do almoço onde lanchamos novamente no Central parque, deixei claro que o assunto Javier Stanton estava proibido, eu não estava disposta a me alimentar de “e se” ou de “talvez”. Conversas pessoais no elevador foram restringidas a pequenas palavras, eu já me sentia desconfortável com a possibilidade de estar sendo vigiada, me segurava para não verificar o rosto de cada homem que entrava no elevador e aquilo me deixou um pouco chateada, eu estava ficando neurótica. Fui para a casa e ao entrar no prédio o porteiro me chama para entregar uma encomenda que foi deixada para mim. Gelei. O que seria desta vez? Agradeci a Peter (o porteiro) e logo subi para meu apartamento. “Quem mandaria uma encomenda para meu prédio, ao invés de minha caixa postal?” Abri a pequena caixa e desta vez se tratava de um aparelho celular.  Um BlackBerry – eu disse sorrindo para mim mesma. - Christian Grey resolveu mandar um presentinho para mim foi? Retirei do envelope cinza um pequeno cartão que dizia: Laters Baby :* Se eu tinha alguma dúvida de quem se tratava? Nenhuma! Mas porque ele me mandaria um aparelho celular? E como sabia meu endereço? Bem, Christian Grey sempre sabia dos passos de Anastasia Steele, o homem dos meus livros não seria diferente. Liguei o aparelho celular e assim que ele iniciou começou a receber algumas mensagens, no total eram três. _________________________________________________________________________ Use este aparelho apenas para se comunicar comigo por sms, não atenderei nenhuma ligação sua. _____________________________________________________________________________________ O número que envio os sms para você é de um aparelho exclusivo para esta finalidade. _________________________________________________________________________ Sentiu minha falta Srta. Atrevida? _____________________________________________________________________________________ Ele sabia surpreender uma mulher, definitivamente. Quando me dei conta eu estava sorrindo feito adolescente apaixonada. Não! Eu não sou tão idiota! Não estou apaixonada por um tarado que nem sei quem é, mas estava excitada com aquele mistério todo. Eu queria jogar o jogo, e queria saber até onde isso iria chegar. Espero que não acabe no necrotério como vítima de um serial killer!
  • 14. CAPÍTULO 8 _____________________________________________________________________________________ JULES: Não posso sentir falta de alguém que não conheço :* _____________________________________________________________________________________ Sabe o que é ter fé, Srta. Atrevida? _____________________________________________________________________________________ JULES: Assunto religioso agora? O que tem haver? _____________________________________________________________________________________ Fé é quando você acredita em algo que não pode ver. Como o oxigênio, você não vê, mas sabe que existe. _____________________________________________________________________________________ JULES: Está me pedindo para ter fé em você? _____________________________________________________________________________________ Estou pedindo que confie em mim, mesmo sem saber quem sou. _____________________________________________________________________________________ Essa brincadeira não me leva a lugar algum. _____________________________________________________________________________________ Vai levar, se confiar em mim. Acesse seu e-mail Jules, deixe o Black Berry para amanhã. _____________________________________________________________________________________ Ele era um dominador até no sms, isso me assustava um pouco, nunca fiz nada de BDSM, eu apenas lia nos livros e achava algumas coisas o máximo, mas senti um arrepio percorrer minha espinha ao imaginar que ele poderia ter um gosto excêntrico para o sexo assim como os CEO's dominadores que eu tanto adoro nos livros. Não sei se eu teria coragem. Olha onde eu estava novamente? Me imaginando fazendo sexo com o homem sem rosto. Liguei meu notebook e acessei minha conta de e-mail novamente, olhei os e-mails de praxe e deixei para abrir o dele por último. Seria coincidência ele se comunicar comigo apenas na sexta feira? Fazia apenas uma semana de seu primeiro e-mail. _________________________________________________________ De: 50 tons Data: 31 de maio de 2013 19:30 Para: Jules Clarkson Assunto: Nosso objetivo é satisfazer Não posso esperar mais para ter essa sua bocetinha molhada em minha boca. Tem que ser logo! Você quer me dar esse prazer tanto quanto eu quero fodê-la, Srta.Atrevida? Tenho certeza que na manhã de sábado você acordou com a calcinha encharcada de tanto sonhar comigo com meu pau dentro de você, não negue. Extremamente Excitado __________________________________________________________________ De: Jules Clarkson Data: 31 de maio de 2013 19:35 Para: 50 tons Assunto: Bem Profundo Não diga nada que não possa cumprir, Sr.Magnífico. Você é realmente capaz de me fazer chorar de tanto prazer ao ter sua boca em minha boceta? Sabe o que diz o ditado, quem muito fala pouco faz. Extremamente Impaciente
  • 15. __________________________________________________________________ De: Sr.Magnífico Data: 31 de maio de 2013 19:38 Para: Anjo de Boca Suja Assunto: Mãos coçando Não me provoque anjo, minha mão está coçando e se você estivesse em minha cama agora eu lhe daria umas boas palmadas antes de fodê-la com força para você não esquecer que quem muito fala também pode fazer tudo o que diz. Vou entender isso como um sim. E isso era tudo o que eu precisava. Planejando nossa primeira foda. ___________________________________________________________________ De: Jules Clarkson Data: 31 de maio de 2013 19:40 Para: Um homem sob medida Assunto: Irresistível Tudo bem, eu sei que isto é loucura, mas eu estou nessa. Amante Libertada ___________________________________________________________________ De: Sr.Magnífico Data: 31 de maio de 2013 19:44 Para: Botão de Ouro Assunto: Boa noite. E que nossa loucura seja perdoada, pois metade de mim é tesão, e a outra metade também. Agora vá dormir. E não se toque … é uma ordem. ___________________________________________________________________ Como se eu precisasse me tocar para sentir prazer, desde seu primeiro e-mail que minhas noites são conturbadas com sonhos eróticos e eu acordo com a calcinha toda molhada. Eu sei que estava me arriscando de mais com isso, mas quer saber? Foda-se, eu não incentivaria ninguém a compactuar com isso, mas aquilo realmente estava acontecendo comigo e eu estava muito afim de arriscar. Mas para me prevenir, vou deixar uma carta escrita contando essa história desde o começo, se acharem meu corpo numa sargeta ao menos vão saber que fui uma idiota e quem sabe consigam descobrir quem foi que tramou isso contra mim. “Você anda assistindo CSI Miami de mais, garota” disse a minha demônia interior. ***
  • 16. CAPÍTULO 9 Acordando cedo para aproveitar meu sábado. Como de costume ultimamente, minha calcinha estava arruinada e fui logo tomar um banho, coloquei uma legging, desta vez com estampa animal print e uma camiseta rosa, meu tênis de corrida e deixei os cabelos soltos para secar naturalmente enquanto eu caminhava pelo parque, assim que secassem eu os prenderia em um rabo de cavalo rebelde. Não estava me importando muito com a minha aparência, eu não queria impressionar ninguém e as probabilidades de eu encontrar um deus grego milionário novamente eram bem nulas, e de qualquer maneira eu não me importaria em agradar alguém que não se importava em dizer seu nome para mim. A sim, eu não esqueci isso ainda, afinal, eu sou o tipo de mulher que fica martelando essas coisas pequenas na cabeça, atire a primeira pedrinha se você nunca fez isso. Fui até a gaveta do meu quarto onde guardei a caixa com o meu novo Ipod, eu nem havia tirado ele da caixinha ainda, apenas abri quando recebi mas nem sequer o tirei da caixa. Hoje ele me seria útil, eu gostaria de ouvir minha playlist e também já iria conferir as músicas que Javier tomou a liberdade de compartilhar comigo... Sim porque ele é do tipo que compartilha músicas mas não compartilha seu nome (Sim, estou muito puta com isso rsrs). Desci pelas escadas para ir me aquecendo e logo que cheguei na calçada já fui colocando os fones no ouvido e ligando meu mp3. Droga! Havia apenas uma música na playlist. Babaca, apagou minhas músicas e ainda colocou apenas uma! Obrigada deus grego de araque! Apertei play e já as batinhas de uma música conhecida começou a tocar... Nossa! Jamais pensei que ele ouviria esse tipo de música! Isso é música para garotas e não para deuses gregos! Comecei a dar gargalhadas enquanto corria, ouvindo Call Me Maybe, da Carly R Jepsen tocar no meu Ipod, a música que Javier havia tomado a liberdade de colocar na minha playlist enquanto roubava minhas músicas do ACDC, Bon Jovi e The Rolling Stones que eu adorava ouvir enquanto fazia minha corridinha nos sábados de manhã. O jeito foi fazer uma hora de corrida ouvindo a mesma música e tentando pensar no porque um homem daquele tamanho, milionário e lindo de morrer ouvia Carly R Jepen. Isso era muito gay! Gente, analisa! Na maioria dos livros as protagonistas tinham seus amigos gays que eram lindos e maravilhosos e estavam ali para o que der e vier, Javier apareceu em minha vida justamente quando o homem dos meus livros resolveu aparecer também, só podia ser um sinal da padroeira das Estagiárias Solteiras, que eu não fazia ideia de que santa era! Além do homem dos meus livros, eu também estava ganhando um amigo gay, como não percebi isso antes? Continuei minha corrida pelo Central Park me sentindo mais leve e deixando de lado toda a mágoa desnecessária que eu sentia por Javier, me sentia mais leve embora um pouco decepcionada por ele ser homossexual, mas feliz por esse ser o motivo dele ter me rejeitado inicialmente. Eu nunca havia sentido atração sexual por nenhum gay antes, será que depois que a gente descobre que o cara também joga no nosso time essa atração toda vai embora? Por que seria triste sentir tesão por um cara que não fica de pau duro quando vê uma mulher dando bola para ele. Eu estava me comportando como um anjo de boca suja, mas eu nunca fui um anjo, eu realmente nuca fui um anjo! Parei para descansar em um banco e ao deixar meu Ipod no colo, notei que atrás dele tinha algo escrito com caneta pilot preta, em letrinhas pequenas. C-h-o-q-u-e-i ! A vida estava me pregando uma peça! Como eu não percebi que havia algo escrito no Ipod quando o tirei da caixa? “Ai que burra, da zero pra ela!” disse minha demônia interior. Essa era uma boa hora para ela ficar de bico calado. ***
  • 17. CAPÍTULO 10 -Me fala logo o que está escrito nessa porra desse seu Ipod Jules Clarkson! - essa era Donna gritando comigo assim que abri a porta do meu apartamento para ela, Sarah e Violet. Elas ficaram putas da vida comigo quando eu liguei para elas dizendo que precisavam vir até meu apartamento pois eu precisava mostrar algo para elas que Javier havia escito na parte de trás do meu Ipod, eu sei que poderia ter falado para elas no telefone, mas daí eu digo: Qual seria a graça? Bom mesmo é fazer um suspense! (eu sei que vocês também estão curiosas para saber o que foi que ele escreveu rsrs). Expliquei toda a situação, desde quando percebi que só havia uma música até a parte que concluí que ele era gay.  Foi aí que eu li o que estava escrito na parte de trás do Ipod e entendi a razão da música. Mostrei para elas verem com os próprios olhos pois se eu contasse elas não iriam acreditar, ou iriam querer ver pessoalmente, conheço minhas amigas, elas viriam ao meu apartamento de qualquer maneira. Hey, I just met you, And this is crazy, But here's my number, So call me, maybe 555-555-555 Javier (traduzindo) Ei, acabei de te conhecer, E isto é loucura, Mas aqui está meu número, Então me ligue talvez 555-555-555 Javier Sarah deu um gritinho agudo que eu considerei irritante e desnecessário.  E você achando que ele era gay! Você é pirada Jules! Deus não seria cruel a ponto de permitir que um homem como Javier Stanton fosse gay!  Ei Sarah! - levantei as duas mãos na defensiva – Foi mal, mas que ele foi estranho desde o início ele foi.  Ele é timido! É isso, e além do mais eu achei super fofo! - Violet se derretia.  Eu confesso, achei fofo também – adimiti.- Mas é que eu não poderia imaginar que ele
  • 18. fosse se interessar em uma desastrada que tropeça no cadarço do próprio tênis, e nós mal nos falamos e eu já saí feito uma criança medrosa na primeira oportunidade. Donna pegou meu celular de cima da mesa e o apontou para mim.  Ligue para ele agora! Está esperando o quê? E lá vem a maldita insegurança novamente, querendo vencer a batalha.  Mas já se passou uma semana, eu acho que ele nem espera mais que eu ligue para ele. Deveria ter percebido isso assim que recebi meu Ipod. - Lamentei.  Não seja idiota – Violet agora falava sério – o cara te deu um Ipod novo, com uma mensagem fofa, uma música fofa, de uma cantora fofa e ainda te deu o número do celular dele! Se você não ligar, juro que eu vou agredir você! Meu queixo caiu, as três mosqueteiras estavam uma do lado da outra, todas de frente para mim, sérias e de braços cruzados, me fuzilando com o olhar.  Ei! Tudo bem eu vou ligar, mas acho que posso fazer isso mais tarde! Ainda é demanhã e eu acho que seria meio desesperado que eu ligasse para ele agora. Eu posso explicar que só retirei o Ipod da caixa hoje cedo, e por isso não havia ligado antes. Elas pareceram relaxar depois que eu justifiquei o porque não ligar agora.  Tudo bem então, você pode ligar hoje a noite, quando chegar em casa do cinema. - sugeriu Sarah.  Que cinema? - que eu saiba eu não ia ao cinema.  Vamos o cinema, estreou um filme ótimo e eu quero muito assistir e vocês como minhas melhores amigas vão adiar qualquer tipo de compromisso e ir comigo, porque eu mereço muito que vocês façam isso por mim.  Você está na TPM – Donna acusou Sarah. - Você só fala desse jeito quando está perto de ficar naqueles dias – agora era a minha vez- Vamos ao cinema com ela, ou ela vai jogar isso na nossa cara o resto da semana. E quando você voltar, ligue para Javier, envie um sms, dê um sinal de fumaça! Mas fale com ele, Jules.  Tudo bem meninas, vocês venceram!
  • 19. *** CAPÍTULO 11 Eram quatro horas da tarde quando marquei com as meninas, fui sozinha de carro encontrar elas no Shopping, a sessão era as cinco e meia então deu tempo de espiar algumas vitrines e até fazer umas comprinhas. Entramos em uma loja de lingeries e eu decidi comprar um conjunto de cinta liga vermelho cheio de rendas e com detalhes bem provocantes. Nunca fui muito antenada em lingeries sexies dessas com a cinta liga, mas assim que comecei a receber os e-mails misteriosos eu realmente pensei muito nisso e essa foi minha primeira compra das muitas que eu pretendia fazer no futuro. Foi então que decidi. Essa história com o engravatado do elevador não podia continuar. Javier havia me dado sinal verde de que estava interessado em mim e isso me agradou pois eu senti uma atração forte por ele desde o início, e talvez acabasse dando certo com ele. Não que eu pensasse que iriamos casar, viver feliz para sempre e ter cinco filhos, mas pelo menos poderíamos ter uma chance de nos conhecer melhor e ver o que isso poderia nos proporcionar. Não seria justo com ele, e nem comigo que eu continuasse trocando mensagens eróticas com um desconhecido enquanto me envolvia romanticamente com ele. Assim que eu chegar em casa vou enviar um e-mail para o Sr. Seja Lá Quem For e vou acabar com isso, deixar o Black Berry na portaria para que ele mandasse alguém buscar e sossegar esse meu rabo safado.  Vamos comprar as entradas para o cinema – ordenou Sarah Ela estava muito mandona o dia todo, mas nós como suas amias sabíamos que a TPM tinha sua parcela de culpa nisso. O filme era maravilhoso mesmo. Robert Downey Jr. Estava lindo em mais um filme do Iron Man e Gwyneth Paltrow arrazou nas cenas finais. Sarah era fascinada por filmes de super-heróis e o Tony Stark era o seu favorito. Sempre que eu assistia a um filme eu tentava assemelhar o ator principal a algum personagem de livro, nós discutiiamos isso na saída do cinema.  O Robert daria um perfeito Professor Gabriel Emerson! - eu exclamei animada  Verdade! - concordou Sarah Violet e Donna se entreoalharam...  Eu não faço ideia do que vocês estão falando – reclamou Violet
  • 20. Eu e Sarah caímos na gargalhada. Foi quando vi algo e aquilo serviu para tirar todo o bom humor estampado no meu rosto. Saindo da sala de cinema estava Javier Stanton de braços dados com uma linda e estonteante loira, eles estavam em uma conversa animada e sorriam para o outro com intimidade.  Olhe Sarah – chamei ela – Gideon Cross e Eva Tramell em carne e osso.  Onde isso? - me perguntou curiosa Eu apontei discretamente pois os dois se aproximavam de onde estávamos, sempre sorridentes e animados, senti meu estômago embrulhar com aquela cena.  Mas que merda – sussurrou Sarah. De repente senti seu olhar se cruzar com o meu e seu rosto ficou sério, aquele sorriso descontraído se foi e notei uma expressão … Triste? Decepcionada? Donna e Violet assistiam a cena em silêncio, como se o sonho delas acabasse de ter virado pó. Elas me conheciam muito bem para saber que meu coração atrapalhado e inseguro estava em frangalhos, jamais imaginei que doeria tanto ver o fim de algo que nem havia começado.  Filho de uma puta, desgraçado. - sussurou Donna entre os dentes.  Bastardo- disse Violet. Assim que a loira poderosa se afastou dele para atender uma ligação no celular ele veio em passos curtos se aproximando de mim, as meninas se afastaram discretamente para que ele pudesse falar comigo a sós.  Você não ligou – ele disse com a voz fraca  Eu preciso ir embora daqui, adeus Seu Moço. E assim como daquela vez no parque eu fugi novamente, segurando as lágrimas e uma vontade imensa de falar uns palavrões. ***
  • 21. CAPÍTULO 12 Domingo eu não estava para ninguém, eu estava com raiva, com mágoa, e também irritada comigo por ser uma idota e ter deixado passar aquela mensagem no Ipod, perdi uma oportunidade de finalmente conhecer um cara legal. Mas ele também foi rápido, se estivesse tão interessado deveria ser um pouco mais direto sobre isso, e não ficar apenas com joguinhos. Joguinhos? O que eu estava dizendo? Eu mesma estava fazendo um joguinho de sedução com um desconhecido, pois era o que eu sempre havia fantasiado, e quando um cara lindo de morrer apareceu com um joguinho super fofo, eu deixei passar despercebida pois estava envolvida de mais em um joguinho sacana com um anônimo. Eu não sabia se tinha mais raiva dele por não ter esperado que eu ligasse, ou de mim que não soube ler nas entrelinhas. Tarde de mais. Minhas amigas ligaram o dia todo e me enviaram mensagens, eu respondi um sms para cada uma dizendo que eu estava bem e que não se preocupassem, segunda feira eu estaria novinha em folha, e muito perversa. Minha cabeça fervilhou em ideias e eu já ansiava pelo primeiro dia da semana de trabalho, que geralmente era o mais chato. Deixei o Black Berry desligado, eu não estava afim de joguinhos sacanas hoje. Nem abri meu e-mail também. Coloquei minha roupa de corrida, legging e camiseta, meu tênis novo, este em velcro, sem cadarços para tropeçar e prendi meu cabelo em um coque frouxo, um óculos escuros para esconder os olhos vermelhos do choro (lastimável) e sem Ipod desta vez, eu só precisava espairecer um pouco e caminhar me faria bem, iria fazer um trajeto diferente do que eu costumava fazer no Central Park todo o final de semana, assim evitaria de esbarrar em um milionário qualquer, porque é algo super casual hoje em dia você sair de casa e dar de cara com um CEO poderoso. Em meia hora de caminha eu já havia bolado um pequeno plano atreviso para minha segunda feira. Eu precisava de uma aventura, de algo para me fazer esquecer Javier e eu sabia quem poderia fazer aquilo por mim, ao menos suas palavras diziam exatamente tudo o que eu queria que fizesse comigo. Hora de voltar para meu apartamento, eu assoviava distraída quando um casal que já não me era estranho caminhava em minha direção aos risos. Mas que porcaria! Que tanto assunto os dois teriam para rir tanto? Senti aquele embrulho no estômago voltar, a mesma sensação ruim que senti no cinema ontem, aquela cena era tão desagradável aos meus olhos como quando eu vi na internet que Henry Cavil estava de romance com aquela loirinha do The Big Bang Theory. Que inveja dessas loiras sortudas. Entrei imediatamente em uma outra trilha para que eu não precisasse encará-los, óbvio que
  • 22. ela não fazia ideia de quem eu era, mas era o olhar de Javier que eu não queria encontrar. E segunda feira chegou e eu estava vestida para matar! Ou para arrazar, já que eu não me sentia tão perigosamente assassina. Coloquei minha lingerie vermelha com a cinta liga, sapatos vermelhos de salto alto e deixei meus lisos cabelos castanhos caírem perfeitamente nos ombros, fiz uma leve maquiagem, nada de sombra escura, apenas um iluminador, rímel e um lápis suave marrom nos olhos, na boca um batom vermelho escarlate que ganhei de presente no dia internacional da mulher, da editora chefe da revista Glow, todas as funcionárias haviam ganhando esse batom de presente e já haviam usado na revista, seria a primeira vez que eu iria extremamente arrumada para o trabalho, mas como elas faziam isso todos os dias, não iriam me achar extravagante de mais. Me olhei no espelho e me senti gostosa, estava apenas com a lingerie e os saltos vermelhos e senti minha autoestima voltar com tudo. Coloquei um sobretudo preto, bem colado ao corpo, ele tinha botões dourados discretos e uma cinta na cintura que dixava as curvas marcadas, eu estava me achando o máximo. E iria trabalhar assim, apenas de lingerie e um sobretudo para disfarçar.  De hoje não passa, Sr.Engravatado do elevador. ***
  • 23. CAPÍTULO 13  Uau! Você está uma delícia – disse Donna.  Eu sempre disse que você era linda de mais – gabou-se Sarah  BA-BAN-DO – Violet e sua mania de soletrar as sílabas. A revista Glow só tinha funcionárias mulheres, esse era um dos diferenciais da revista, minhas demais colegas nem repararam na minha mudança, mas minhas três melhores amigas e fãs número um adoraram, e também sentiam-se na obrigação de colocar minha autoestima lá em cima, depois do ocorrido fatídico no sábado.  Obrigada meninas, eu estava precisando desse Up! Mas agora vamos trabalhar. Assim que sentei em minha mesa, retirei o Black Berry da bolsa e o liguei. Assim que reiniciou o celular, tinham duas sms na caixa de mensagem. ___________________________________________________ Onde você está? Por quê não responde meu e-mail porra? ___________________________________________________ Jura que quer fazer esse tipo de jogo? Você está merecendo umas boas palmadas nesse seu traseiro redondo! ___________________________________________________ Ai que meda! O anônimo revoltadinho porquê eu tenho uma vida e não estou disponível para responder seus e-mails. ___________________________________________ Jules: Vá se foder! Ou melhor, venha me foder! Estou toda molhada, prontinha para você. Se não for hoje, esqueça que eu existo. Cansei de palavras, quero ação. Hoje vou sair pelas escadas … Estou só de lingerie :* _________________________________________________ E passei a tarde toda na ansiedade, mas decidida, se nada acontecesse eu iria parar com essa loucura … Eu precisava estravasar, isso estava me corroendo por dentro. A tarde passou rápida e eu enrolei no escriitório, para que as meninas fossem embora sem
  • 24. mim, e então respirei fundo e fui pelas escadas. Estava escuro e as lâmpadas se acendiam com um sensor e faziam um barulho que de início me deixou assustada, eu estava me sentindo em um filme de serial killer, estava excitada e com medo ao mesmo tempo, mas seria naquele dia que eu finalmente iria conhecer o Sr. Engravatado. Continuei descendo pelas escadas e minha respiração foi ficando pesada, eu não olhava para trás e também ia devagar, sem a menor pressa de chegar ao térreo e me decepcionar por não ter encontrado ninguém. Eu não queria que fosse fora da Stanton Tower, eu considerava ali uma zona segura. A verdade é que eu não imaginava que alguém faria da torre uma cena de crime. De repente uma mão enorme com luvas pretas cobre minha boca e abafa um grito de susto que estive prestes a soltar, ele era forte e com o outro braço me segurava firme junto a seu peito que também parecia ser grande e forte.  Eu disse que seria de costas baby. - susurrou baixinho em meu ouvido e deixou a mão que cobria minha boca mais frouxa para não me machucar. - Você confia em mim? - ele falava apenas com sussuros baixos e eu apenas assenti com a cabeça que sim, eu confiava nele.  Eu vou soltar a mão de sua boca, não grite. Vou apenas usar uma algema de seda para vendar os seus olhos e deixar sua boca livre para gemer gostoso cada vez que meu pau entrar duro e fundo dentro de você. Em seguida ele colocou um lenço macio de seda na frente dos meus olhos e fez um nó apertado para que a venda não cedesse. Eu fiquei em silêncio.  Você é um anjo de boca suja, Srta. Atrevida. Você lembra o que eu disse que ia fazer com você? Me diga. - era uma ordem.  Sim senhor – eu já estava me comportando como a submissa que eu imaginei que ele desejaria encontrar.  O que foi que eu disse que faria com você? - apenas susurros suaves em meus ouvidos  Me fazer gozar em sua boca e chorar de prazer – eu lhe disse rouca de tesão.  É Isso que você quer, anjo? - ele susurrou enquanto puxava meus cabelos com força para trás.  Sim senhor – eu tremia em antecipação.
  • 25.  Implore por isso, anjo de boca suja. - rosnou  Anda logo com isso! - eu disse irritada – Não está vendo que estou toda molhada pra você, caia de boca na minha boceta e me faça chorar de prazer. Preciso saber se foram apenas palavras ou se essa sua língua sabe fazer direito. Ele tirou meu sobretudo preto, eu ainda estava de costas para ele, encostada com o rosto na parede, senti ele me puxar e me deitar na escada em cima do que concluí ser o meu sobretudo. Joguei minha cabeça para trás em expectativa, ansiava por sua língua em meu sexo, eu já estava desesperada pelo seu toque íntimo.  Você está deliciosa Srta.Atrevida, essa lingerie caiu bem em você, mas vou rasgá-la todinha e te comer aqui mesmo. - eram apenas sussuros baixinhos, roucos e cheio de desejo. Senti sua mão puxar a cinta linga arrebentando-a, gemi baixinho. Logo depois senti seus dentes puxarem a minha calcinha minúscula e roçar em meu sexo úmido, levantei minha pélvis agoniada por seu toque, eu estava morrendo de tesão e ele estava sendo lentamente cruel. Senti a renda fina se rasgando e logo em seguida senti um dedo entrando lá fundo, sem dó nem piedade, ele não estava sendo gentil, mas eu estava adorando cada detalhe, gemi alto assim que senti seu dedo entrar em mim enquanto ele fazia movimentos leves, tirando e colocando, a outra mão levantou meu sutiã para cima e ele chupava meus mamilos, se revesando de um para o outro.[, enquant chupava um ele massageava o outro com força e ali embaixo seu dedo trabalhando perfeitamente em pontos que jamais pensei sentir prazer, ele parecia conhecer cada pedacinho de mim.  Você é um nectar dos deuses... - ele disse assim que caiu de boca em minha boceta, enfiando sua língua dentro de mim e eu senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, era a melhor sensação que eu havia sentido lá embaixo. Esse homem sabia o que estava fazendo.  Oh,,, Por favor, mais! - eu gemia e implorava, estava desesperada por cada toque. Ele deu uma palmada forte em minha coxa e eu gritei de susto.  Cale-se! Eu sei o que estou fazendo, e você ainda vai levar umas boas palmadas por ser tão atrevida e respondona, antes de eu enfiar meu pau em você. Mas agora quero te fazer gozar na minha boca. E ele voltou a enfiar sua língua dentro de mim, tocando meu pontinho sensível e me fazendo derreter, ele massageava meu clitóris e aquilo me deixava enloquecida, estar de olhos vendados deixava tudo ainda mais excitante, eu estava quase chegando lá...
  • 26.  Goze para mim, Jules – ele sussurou Era o que estava faltando para que eu explodisse em extase, enquanto ele chupava minha umidade, e eu gemia deixando aquela luxúria tomar conta de mim, e as lágrimas rolavam no meu rosto com o melhor orgasmo que já tive em minha vida. Nenhum outro homem me fez gozar daquela maneira me penetrando, como ele havia feito apenas com o sexo oral.  Oh … Eu poderia fazer isso todos os dias sem me cansar. Você chupa tão gostoso. Eu me sentia liberta com aquela onda de prazer proporcionada pelo melhor sexo oral que já tive. Prendi minhas pernas em volta de seu pescoço o puxando para mais perto, eu queria repetir aquilo novamente, mas ele se afastou de mim e me levantou.  Agor a eu vou te foder de costas – sussurou novamente em meus ouvidos. Ele me apoiou no corrimão da escada, estava gelado pois era de metal, me flexionou para frente e esticou meus braços, amarrando com outro lenço de seda as minhas mãos ao corrimão. Minha bunda ficou empinada para trás e eu temi pelo sexo anal, eu nunca havia feito e pelo que minhas amigas contavam, a primeira vez era um pouco dolorosa, sserá que eu devia dizer isso a ele? “Quem está na chuva é para se molhar, Jules” minha demônia interior intrometida disse. Extremeci com uma forte palmada na minha bunda, com certeza ficaria marcada, as eu não me importava, estava valendo a pena cada seundo.  Você precisa aprender a controlar sua língua, anjo. E por isso está sendo punida. Agora conte dez palmadas. E ele foi dando cada palmada e eu contando, não sentia dor, apenas tesão, eu lia sempre essas cenas de BDSM e me imaginava desafiando e dizendo que eu jamais me submeteria a isso, não deixaria um homem me bater, mas cada palmada era excitante e eu sentia ondas de desejo percorrendo meu corpo enquanto contava até dez. Finalmente ele terminou. O que viria agora?  Agora eu vou foder você duro. Não se preocupe, hoje vou comer apenas a sua boceta, faremos anal em uma outra ocasião. Quando dei por mim eu percebi que havia relaxado mais o meu corpo e soltado a respiração, mas eu não poderia de deixar de me prevenir.  Você trouxe proteção? - perguntei num fio de voz  É claro que sim anjo. Segurança em primeiro lugar.
  • 27. Em seguida ouvi ele rasgando o plástico metálico e abrindo o zíper de sua calça, eu daria tudo para ver aquela cena, queria ver sua ereção pulsando de desejo enquanto ele colocava a camisinha, mas eu estava impedida de fazer qualquer movimentação. Senti suas mãos tocarem minha cintura e em seguida ele estava metendo com força dentro de mim. Foi duro, fundo e agressivo.  Porra! - gritei. - Que pau enorme! Ele gemeu alto e ficou dentro de mim, me abraçando pela cintura.  Como você é apertadinha Jules. Uma delícia essa sua bocetinha, meu pau se encaixa perfeitamente dentro de você. Em seguida ele deu mais uma estocada forte, e mais uma, e mais outra e eu estava a beira de um colapso. Ele aumentou o ritmo enquando me fodia forte e gemia, mordia o lóbulo da minha orelha e falava baixinho no meu ouvido:  A boceta mais gostosa que eu já comi. Como você é perfeita! Eu não tinha mais forças para falar, apenas gemia e soltava grunhidos sem sentidos a cada estocada profunda, estava chegando ao êxtase, aquilo parecia irreal.  Goze comigo Jules, agora! E eu obedeci ao seu comando gozando loucamente enquanto ele relaxava seu corpo em cima do meu …  Caralho, o que foi isso? - ele disse descançando em cima de mim.  Isso foi o melhor sexo da sua vida – respondi. Ele deu uma risada áspera.  Com certeza foi. ***
  • 28. CAPÍTULO 14  Vou te soltar – ele voltou a sussurrar em meu ouvido- Vista-se com os olhos ainda vendados. Ele me soltou devagar, mas antes disso deu uma mordida de leve em minha bunda, dei um gritinho de prazer. Ele havia me deixado desmanchada, não saberia dizer se teria forças para me manter em pé, o que havia acontecido naquela escadaria foi surreal. Assim que ele me soltou do corrimão eu levei um choque de realidade: E se alguém nos pegasse ali? O que eu fiz com aquele homem delicioso foi altamente arriscado, eu poderia ser demitida se alguém nos pegasse ali, quem sabe até ir presa por atentado ao pudor. Eu havia perdido a razão, me deixar levar por um extinto totalmente devasso e não pensei nas consequencias que poderiam acontecer caso nos flagrassem. Como que adivinhando meus pensamentos, ele me disse:  Tomei todas as providências necessárias para que ninguém nos interrompesse – ele sussurava com seu hálito quente em meu ouvido enquanto mordiscava minha orelha e me segurava pela cintura. Ele colocou uma chave em minha mão – Esta é uma chave mestra com a qual tranquei todas as portas de acesso as escadarias, assim ninguém poderia ver nossa festinha. Fique com ela para sair do prédio. Como assim sair do prédio? Ele não iria se apresentar para mim?  Me deixe chupar seu pau, por favor … - implorei Ele me puxou mais firme contra sua ereção que estava evidente novamente, como se não tivessemos feito nada a pouco mais de cinco minutos atrás. E eu já estava acesa novamente.  Não – ele disse irritado. - Eu preciso ir agora, tenho negócios a resolver. Conte até vinte antes de tirar sua venda dos olhos, e depois vá embora. Foi um prazer enorme fodê-la, anjo de boca suja. Em seguida eu senti ele se afastar de mim e ouvi seus passos descendo as escadas. Fique irritada, chocada, e ao mesmo tempo sentia um vazio ao perder contato com aquele corpo desconhecido. Contei mentalmente até vinte, sim, porque eu sou uma idiota e fiz questão de obedecer a sua última ordem. A sensação de prazer foi embora, fechei meu sobretudo me recompondo, peguei um
  • 29. espelho na bolsa que estava jogada em um canto no chão e olhei para meu rosto, com exceção das boxexas coradas e os cabelos pós foda, eu estava intacta, meu batom escarlate nem sequer estava borrado e foi aí que me dei conta de que ele não me beijara. Que homem faz sexo sem beijar uma mulher? E então uma onda de ódio percorreu meu corpo. Apenas prostitutas faziam sexo sem serem beijadas. Era assim que ele me via? Como uma puta barata? Que podia ser fodida de todas as maneiras possíveis mas que não merecia a porra de um beijo na boca? Coloquei a bolsa no ombro, eu estava tremendo de raiva, por ser idiota e ter cedido a um desejo insano com um desconhecido no prédio em que eu trabalhava, ser tratada como uma vagabunda qualquer e nem saber a identidade do bastardo que fez isso comigo. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu estava cega, me sentia suja e usada, e todo aquele prazer que havia me deixado louca já não foi suficiente para abafar a onda de vergonha que eu estava sentindo por ter feito o que eu fiz. Assim que cheguei em casa, fui direto para o banho, eu precisava me lavar, me sentir limpa, quem sabe assim eu teria aquela sensação de que tudo não passou de um sonho e que eu não tive coragem de dar para um cara que eu nem faço ideia de quem seja. O maldito que me tratou como uma vadia qualquer, me deixando de olhos vendados após um sexo daqueles. Espero que seu pau amoleça e nunca mais se levante para mulher alguma ! Bastardo idiota! As lágrimas não paravam de rolar em meu rosto, saí do banho e me enrolei num roupão branco e coloquei a toalha de banho na cabeça. Fui até a cozinha para fazer um chá e dei um pulo quando encontrei com Donna em pé, de braços cruzados e com um papel na mão, ela me olhava como se eu fosse uma extraterreste. Puta que pariu! Eu estava encrencada!  Pode me dizer que porra de carta é essa? Estou tentando decidir se você é pirada ou suicida! Talvez os dois! - gritou amassando aquela carta idiota que eu havia escrito “por segurança” caso o senhor engravatado fosse um Serial Killer.  Quer saber, deixa isso pra lá. - eu disse sem emoção, não estava afim de entrar em conflito por causa desse assunto, afinal eu já tive meu choque de realidade e não precisava de ninguém me dizendo que eu não tinha noção do perigo e nem vergonha na cara. Donna mudou a expressão de super irada para super preocupada, percebendo como eu não estava bem, e as lágrimas que teimavam em cair.  Me diga o que está acontecendo com você Jules. - Me abraçou forte.
  • 30. *** CAPÍTULO 15  Minha nossa! Isso não é de Deus amiga! Como você teve coragem?  Cale essa boca Donna, não vê que eu já estou péssima o suficiente? Contei toda a história sobre o cara do elevador, os e-mails e tudo o que havia acontecido desde aquele dia que conversamos sobre os romances eróticos. Ela ficou horrorizada, chocada, preocupada, riu comigo em algumas partes e chorou comigo quando eu já não conseguia me segurar, era o que uma amiga devia fazer, os puxões de orelha também vieram mas eu estava frágil de mais e nem me importei com eles, a dor que eu sentia era maior. Me dar conta do quão arriscado foi o que eu fiz, me entregando de olhos fechados a alguém que não conheço, bem, eu já falei muito sobre isso. Eu só queria esquecer, recomeçar. -Desculpe Jules – me abraçou novamente. - E u só me preocupo, eu sei que você ama seus livros, mas nem sempre tudo que acontece nos livros você pode levar para a vida real.  E por me envolver com esse assunto, acabei deixando Javier passar pela minha vida despercebido. Que idiota eu fui.  Você fugiu dele duas vezes Jules, enquanto se arriscou com um desconhecido. Você foi fodidamente corajosa ao encarar um sexo às escuras, mas foi covarde em não dizer a Javier que ele era um filho da mãe por não ter esperado você ligar, entende isso?  E por quê você acha que eu estou chorando feito uma adolescente boba? Assim como Donna, Violet e Sarah tinham cópia da chave do meu apartamento, eu as entreguei a uns dois meses. Eram minhas irmãs de coração e assim como elas, eu também tinha a chave de cada uma delas, era nosso pacto de confiança. Donna disse que sabia que apesar de eu ir toda arrumada para a Glow hoje, ela sentia que algo estava fora do normal, as meninas perceberam isso também e combinaram que Donna viria até meu apartamento para ver se eu realmente estava tão bem como aparentava.  O que você vai fazer agora? Não pode continuar com isso Jules, não é saudável.
  • 31.  Eu sei, eu sei. Donna, eu preciso ficar sozinha ok? Não se preocupe, vou ficar bem, amanhã estarei novinha em folha, você sabe que eu vou sair dessa com um sorriso no rosto.  Eu sei sim amiga. Até amanhã então. - ela me abraçou e foi embora. E eu pretendia por em prática meu plano de seguir em frente longe de encrenca e longe de qualquer tarado do elevador. Liguei meu notebook, e acessei minha conta de e-mail. Olhei para os cinco e-mails com nomes de personagens de livros, um havia sido enviado ainda hoje, os outros quatro estavam datados de sábado e domingo, quando não entrei na internet. Apaguei todos eles sem ler, eu não queria correr o risco de estremecer na minha decisão, eu tinha que acabar logo com aquilo. Cliquei em “escrever” e digitei um e-mail para o Sr. Babaca. __________________________________________________________ De: Jules Clarkson Data: 03 de abril de 2013 21:14 Para: Seja Lá Quem Você For Assunto: Game Over O jogo acabou para mim, Sr. Seja lá quem for. O sexo foi o melhor que já tive e o prazer foi inigualável, mas existem critérios que para mim são mais importantes do que o prazer carnal que uma boa foda pode me proporcionar. Ser tratada como uma vadia não é o que eu sonhava quando queria uma aventura dos livros, eu posso ter adorado cada momento, mas eu realmente não vou continuar com esse jogo. Pensei que você iria se identificar e isso não aconteceu, mas talvez seja melhor assim. Isso me poupa a vergonha de saber com quem eu fui capaz de cometer tamanha loucura e quem sabe eu me sinta menos culpada e menos promíscua. Eu fiz parte desse jogo tanto quanto você mas eu não imaginava que isso poderia me ferir tão profundamente como me feriu. Foder com força pode ter sido maravilhoso, mas eu preciso de alguém que queria fazer amor comigo antes de qualquer tipo de aventura erótica, e você não é essa pessoa. Estou pedindo que não me retorne este e-mail, pois assim como os últimos que você me enviou eu os apagarei sem ler. Seu Balck Berry estará com o porteiro do meu prédio, você pode pedir para alguém vir retirá-lo. Espero realmente que não continue com essa brincadeira, e que respeite a minha decisão. Adeus. ______________________________________________________________________ Cliquei em enviar e lá se foi minha mensagem, diretamente para a caixa de entrada de alguém que me veria todos os dias no elevador e eu jamais saberia de quem se trata. Melhor assim. A primeira parte de um recomeço estava concluída, a próxima seria escrever um novo artigo para a Revista Glow e enviar para minha editora chefe. Eu realmente estava inspirada e este artigo seria minha libertação. Sem livros por um tempo, sem homens por um tempo, eu me dedicaria exclusivamente a mim.
  • 32. *** CAPÍTULO 16 Três semanas haviam se passado desde que enviei o último e-mail para o Sr. Engravatado do Elevador. Nas primeiras noites meus sonhos eram conturbados com lembranças quentes daquele dia nas escadas mas eu lutava com todas as forças para manter meu pensamento longe disso tudo. Minhas amigas estavam sendo muito importantes, me ajudavam a me distrair e a me divertir, toda noite inventávamos alguma coisa para fazer e aos poucos eu fui voltando a minha rotina normal. Quanto ao Black Berry, eu o dei de presente para Peter, já que após uma semana do e-mail enviado ninguém foi resgatar o aparelho. Não recebi mais nenhum e-mail desconhecido, e eu já estava até mais tranquila no elevador, mas jamais sozinha, Donna, Violet ou Sarah se revesavam para subir ou descer comigo. Escadas nem pensar! Meu trabalho na editora estava indo de vento e popa, minha editora chefe marcou uma reunião comigo novamente e elogiou meu artigo, e me presenteou dizendo que seria matéria de capa e que ela ficaria imensamente satisfeita de me ter como parte da equipe permanente da revista, me oferecendo um cargo como colunista e também um salário muito satisfatório. Prometi analisar sua proposta e que estava muito interessada em aceitá-la. Pensem em três amigas histéricas quando lhes contei esta novidade? Sarah insistiu que deveríamos sair esta noite para comemorar e eu não recusei, tamanha era a minha alegria. Combinamos de ir em um barzinho tomar algumas tequilas e nos divertir um pouco com a dança. Eu estava precisando espairecer e talvez uma noite badalada me proporcionaria isso.  Quero te ver diva hoje hein? - disse Sarah para mim.  E quando eu não estou diva? - brinquei Violet gargalhou.  É isso aí amiga! Quero te ver assim sempre!  Vou me arrumar, encontro vocês as oito. Me olhei no espelho e gostei muito do que vi, uma mulher linda e sofisticada, sensual mas não vulgar, como estava na moda dizer. Coloquei um vestido tubinho preto de cetim e um colete de pele cinza, desta vez fiz alguns caixinhos com o baby liss nas pontas dos meus cabelos escovados e
  • 33. coloquei um par de argolas douradas volumosas, nos olhos uma sombra esfumada na cor chumbo, um delineado bem marcado para causar um olhar intenso, rímel para dar volume nos cílios, pouquíssimo blush e um batom rosa clarinho para pegar leve. Eu não usaria meu batom escarlate tão cedo. Usei um par de salto alto rosa pink para quebrar os tons neutros e destacar com meu batom e estava pronta para uma noite com as garotas da minha vida. Peguei um taxi até o barzinho que combinamos de nos encontrar, elas já estavam me aguardando em uma mesinha no canto próximo ao pequeno palco de karaokê. Droga, eu já estava prevendo que elas me fariam cantar!  Vocês são umas filhas da puta! - Eu exclamei.  Ei, minha mãe não tem nenhuma culpa nisso, é tudo por minha conta mesmo! - disse Violet. - Você vai cantar hoje, e eu já vim preparada para isso- disse ela tirando da bolsa duas bolinhas de algodão e colocando no ouvido.  Out! Você é má! - eu disse fingindo estar chateada.- Eu não canto tão mal. -Definitivamente, você é ótima – me incentivou Sarah. - eu adoro quando você solta a voz no Karaoke, é divertido!  Eu também adoro – foi a vez de Donna me defender. Me sentei e o garçom veio até nossa mesa, Donna pediu quatro doses de tequila, limão e sal para acompanhar. Assim que o garçom trouxe as doses para nossa mesa, fizemos um brinde animado.  Pra cima! Pra Baixo! Pro Centro! Pra Dentro! - dissemos em uníssono e viramos o copo! Em seguida o sal e o limão. Aquilo era muito bom!  Vamos dançar! - Violet me puxou pelo braço e me levou para a pequena pista de dança. Estava tocando a nova música da Miley Cyrus, We Can't Stop, e dançamos de olhos fechados e curtindo a noite. A rodada de Karaokê começou e ouvimos animadas algumas pessoas fazerem suas apresentações. Até agora algumas pequenas vaias expulsavam os maus cantores do palco, mas sempre com muito humor e no clima da brincadeira, as meninas estavam me empurrando para o palco e eu fiquei nervosa de repente, com receio de ser vaiada ou algo do tipo, o Dj me ajudou a subir pois o degrau era meio alto e de vestido eu não conseguiria sozinha.  Que música você vai cantar? - perguntou o Dj assim que me colocou no chão.
  • 34.  Call Me Maybe, da Carly – respondi para ele sorrindo.  Estava na hora de eu me libertar, e essa música não me assombraria mais. - I threw a wish in the well, Don't ask me, I'll never tell, I looked to you as it fell, And now you're in my way - comecei a cantar e olhoi sorrindo para três mulheres espantadas e de queixo caindo na mesinha próxima ao pouco, as pessoas começaram a sorrir animadas, minha voz não era tão ruim, e elas até foram se levantando aos poucos para dançar.  Your stare was holdin',Ripped jeans, skin was showin', Hot night, wind was blowin', Where you think you're going, baby?… - as pessoas estavam bem em frente ao palco e eu senti alguém me encarando, assim que olhei em direção ao balcão eu senti os pelos de meus braços se arrepiando com aquela visão grega rebelde. Uma mistura de Travis Maddox e Gideon Cross me fez estremecer e quase me perder no Karaokê, mas eu me mantive firme e ainda assim consegui sustentar meu olhar em cima daquele homem incrivelmente perfeito. Usava Jeans surrado e com alguns rasgos discretos, uma camiseta branca com degote em V e um blazer preto, sapatos caros, com certeza e os cabelos penteados para trás dando um ar de aristocrata europeu que me fez perder o fôlego.  Hey, I just met you, And this is crazy, But here's my number, So call me, maybe … - Eu fechei os olhos para não perder a compostura e continuei dançando enquanto cantava aquela música e me libertava … Estava sendo tão bom, as pessoas conheciam a letra e me ajudavam cantando em coro e o bar estava todo animado. Minhas amigas já estavam na frente do palco dançando alegremente e sorriam para mim. A música acabou e eu ouvi aplausos que pareciam intermináveis, meu olhar foi em direção ao balcão do bar, mas ele não estava mais lá. Sarah me chamou junto a elas na mesinha e eu fui descer do palco assim que entreguei o microfone para o Dj, me aproximei dos degraus do palco senti duas mãos enormes em minha cintura, me pegando no colo rapidamente e me colocando no chão. Minhas mãos tocaram as suas delicadamente que continuavam em meus quadris. Não consegui evitar um sorriso bobo. Era ele, eu sabia. Sempre foi ele. Não precisava conhecê-lo tão bem para saber que o tempo todo era ele que eu procurava. Talvez a vida estivesse me dando uma nova chance.  Hoje eu quem vou pegar o seu número. Assim posso te ligar sempre. - Ele sorriu, e seu sorriso era o mais lindo que eu havia visto na vida.  Javier … - sussurrei sem fôlego. Sorri tímida.  Você canta muito bem mocinha. - disse gentilmente.  O-obrigada. - eu gaguejei
  • 35. CAPÍTULO 17  Você está linda, se me permite dizer – ele era muito gentil, ou eu que estava babando por ele?  Você também está muito bonito. - Eu me atrevi a dizer. Nossos diálogos eram resumidos a poucas palavras e então definitivamente aquilo era começar do zero. Duas pessoas que queriam se conhecer, fazendo elogios uma a outra.  Venha. - ele tomou minha mão na sua e foi me puxando para uma mesa mais reservada, eu olhei para a mesa onde minhas amigas estavam e elas batiam palminhas de felicidade e sorriam de orelha a orelha, isso era um bom sinal, elas achavam que eu estava fazendo a coisa certa. -Sente-se querida- ele puxou a cadeira, como um perfeito cavalheiro, para que eu me sentasse. Em seguida sentou -se de frente para mim, e puxou minhas mãos delicadamente e as manteve entre a s suas.  Tem algumas coisas que eu gostaria de conversar com você, Jules. Eu realmente gostaria de conhecê-la melhor e espero que você pare de fugir ou diga que não está interessada e eu não tomarei mais o seu tempo. - ele foi direto ao ponto. Como eu poderia dizer não a um homem desses?  Sou toda ouvidos. - disse apenas. Eu não poderia esquecer a loira escandalosamente linda, deveria perguntar sobre ela? Primeiro ouviria o que ele tinha a me dizer.  A verdade é que eu gostaria de explicar sobre aquela moça com quem eu estava no cinema. Eu tive a impressão de que você não quis conversar comigo por que me viu com ela. Certo?  Não é meio óbvio? Eu não esperava vê-lo acompanhado depois do recado que você escreveu para mim com o seu telefone. - Falei rapidamente, evidênciando o meu nervosismo. - Ela é sua namorada?  Por Deus, Não! Rachel tem apenas dezessete anos, é uma criança. Agora sim eu estava perplexa, como um mulherão daquele poderia ser apenas uma adolescente de dezessete anos? Se não era sua namorada, quem ela era?  Rachel é da Australia, você não sabe, mas estou a poucos meses aqui em Nova York, estive na Autralia nos últimos dez anos, e Rachel é filha de um de meus sócios, é minha afilhada. Temos
  • 36. uma relação bastante amistosa, ela veio passar alguns dias de férias em Nova York e eu estava sendo seu anfitrião, meu dever como padrinho. Tenho muito carinho por ela. Ok, isso eu não esperava. Mas quando eu poderia concluir isso olhando apenas de longe? Não queiram me julgar por concluir algo errado de uma situação ambígua. Todas nós mulheres fizemos isso, algumas apenas enfrentam a situação, e algumas como eu, diz adeus e vai pra casa chorar.  Agora é a sua vez – ele disse – Por quê você não me ligou? Respirei fundo, já que estavámos sendo sinceros, eu contei.  Eu ia ligar para você. Acontece que eu li o recado apenas no sábado pela manhã quando tirei o Ipod da caixinha para ouvir música enquanto corria no parque. Só percebi que havia algo escrito logo depois, quando eu sentei para descansar. Quando recebi a encomenda no meu trabalho eu não tirei ele da caixa, li apenas o bilhete e me questionei porque você não havia assinado seu nome, concluí que era porque eu não deveria ficar sabendo então eu não poderia fazer nada, não sabia quem você era.  Me desculpe. - ele sorriu sem graça. Como um homem lindo daqueles exalando masculinidade poderia estar tímido? Eu é quem deveria estar intimidada com a sua presença. - Eu acho que minha tentativa de fazer algo romântico não saiu como eu havia planejado. Oi? Você tentou ser romântico? OMG! Tem algo mais romântico do que um homem te dizer que estava tentando ser romântico? Acho que vou me apaixonar!  Eu... - fiquei sem palavras, aquilo estava acontecendo rápido, nos encontramos apenas uma vez e depois de alguns pequenos desencontros aquilo estava acontecendo de verdade e eu mal podia acreditar, não me preparei para um possível diálogo com Javier e estava totalmente despreparada.  Não diga nada que não queira, eu não estou tentando pressionar você.  Eu só não pensei que poderíamos estar tendo essa conversa, tudo estava conspirando para que não nos aproximassemos, eu sei lá. Agora que estamos frente a frente eu estou com medo de me comportar como uma boba, e de repente você perceba que não vale a pena perder tempo comigo. “Você e essa sua mania irritante de ser insegura! Se é pra falar merda, não fala nada!” Demônia Interior do Caralho se metendo mais uma vez onde não é chamada. Javier ficou sério, eu sabia que tinha falado merda, mas era o que eu realmente estava sentindo, poxa! Jovem, estagiária, classe média e algumas ambições, o que eu poderia oferecer a ele?
  • 37.  Eu quero aproveitar meu tempo com você, Jules. Não vou sair perdendo no que diz respeito a você, cada minuto aqui com você é um presente e não um desperdício. Me entenda, e pare de ser insegura. - agora ele estava sorrindo – Você quer beber alguma coisa? Um vinho talvez?  Eu acho melhor não, já tomei algumas doses de tequila e encarei um Karaokê, acho que hoje foi emoção suficiente – sorri tímida.  Como você é linda Jules, não me canso de olhar para você. Quando ouvi a música no Karaokê e me virei para ver quem era, jamais pensei que pudesse ser você, então pensei que o acaso estava nos dando uma nova chance e desta vez eu teria que fazer a coisa certa. Aqui estamos.  Aqui estamos. - eu estava radiante diante dele, nossa, eu bem que era uma mulher de sorte. Olhei para a mesa onde minhas amigas estavam e não as vi, procurei com os olhos pelo bar e não as encontrei.  Minhas amigas foram embora sem mim, vou matá-las. - falei com humor.  Deixe que eu levo você para casa, moramos em prédios vizinhos. Disso eu também não sabia!  Mesmo? Incrível! - eu estava feliz em ouvir aquilo? Pelo sorriso em meu rosto eu demonstrava que estava mais do que feliz, estava esperançosa de que o veria mais vezes.  Sim, eu a vi entrar no seu prédio no dia do parque, eu moro no prédio a esquerda do seu. Vamos embora então. - ele sorria parecendo estar tão feliz quanto eu. Ninguém me belisca porque meu sonho está perfeito, eu não posso acordar agora! ***
  • 38. CAPÍTULO 18 Não haviamos nos beijado, ele me deixou em casa, foi gentil, carinhoso e disse que tínhamos todo o tempo do mundo. Trocamos telefones oficialmente, e também e-mails, no carro ficamos conversando por mais uma hora ou mais, o tempo pareceu parar por ali e eu mal acreditei que estava realmente acontecendo. Ele tocava meu rosto, me olhava nos olhos enquanto conversávamos, parecia se interessar por tudo que eu falava e o mesmo acontecia comigo. Por mais que eu sempre sonhei com um homem que me jogasse contra a parede, que me mandasse calar a boca e ir direto para a ação, ter um homem que sabe esperar pelo momento perfeito pode não ser tão monótono assim, com Javier naquela noite eu aprendi que é possível sentir prazer apenas com um olhar, com palavras doces e com uma simples conversa. Os dias seguintes foram mais que perfeitos, eu acordava todos os dias com mensagens carinhosas de bom dia, e assim era o meu dia quando eu não podia vê-lo, recebendo mensagens fofas pelo celular e alguns e-mails que alegravam os meus dias. Nós haviamos desenvolvido uma relação amigável e de muita cumplicidade, ainda não haviamos nos tocado com intimadade mas nossa relação avançava de maneira adulta, madura, algo que eu jamais pensei que poderia ser possível já que uma onda de eletricidade se formava em nossa volta sempre que estávamos juntos, podíamos sentir aquela tensão sexual a nossa volta, mas era como se quiséssemos provar para nós mesmos que o que havia entre nós era muito mais do que apenas uma atração física, que a atração não seria o ponto principal no nosso relacionamento. Minhas amigas estavam em extase com tudo isso, desde a noite do Karaokê elas endeusaram Javier de tal forma que eu estava a ponto de sentir ciúmes dele com elas. Em algumas ocasiões ele havia me encontrado no Central Park no horário de almoço e sentava conosco no gramado comendo cachorro quente e falando sobre assuntos triviais, minhas amigas se derretiam a cada palavra que Javier pronunciava, e eu continuava adimirando cada gesto seu, cada expressão do seu rosto, ele era parte da minha vida agora, e aquilo estava sendo maravilhoso para mim. Essas duas última semanas estavam sendo as mais perfeitas desde que eu chegara em Nova York e quem sabe até da minha vida. A revista com minha matéria na capa havia sido publicada e eu me senti muito orgulhosa ao aceitar a oferta de trabalho que minha editora chefe propôs. Uma nova fase se iniciaria na minha vida, e eu estava imensamente feliz com isso. Para as coisas continuarem sendo perfeitas, Javier me enviou uma mengem perguntando se poderia vir me buscar no trabalho no final do expediente para comemorar minha primeira matéria de capa, eu aceitei embora fiquei com receio do que ele poderia ter pensado sobre meu artigo, já que foi
  • 39. um assunto que nenhum namorado deixaria passar despercebido. A matéria havia sido titulada na capa como “ A Idealização do Homem Perfeito”.  Vocês vão sair hoje a noite? - perguntou Donna curiosa.  Sim – respondi – ele virá me buscar no trabalho e depois vamos sair para comemorar a matéria de capa.  Vocês precisam transar logo – Violet sendo inconveniente. - Precisamos saber o quão perfeito ele é, se é que você nos entende.  Ah eu entendo vocês muito bem, suas safadinhas! Mas eu confesso que por mais que meu corpo queima cada vez que ele toca em mim, eu acho que esse lance de segurar os hormônios foi saudável para o nosso relacionamento.  Vocês são exageradamente fofos – era a vez de Sarah Opinar. Finalmente meu expediente acabou eu desci ás pressas para encontrar Javier que me esperava em seu carro. DETALHE que eu não contei para vocês, mas ele dirigia um Audi R8, pensem no meu desespero quando o vi pela primeira vez! Cenas de Christian Grey e Anastasia Steele transando em um estacionamento durante o dia povoaram a minha mente. Sim, eu acho que sempre vou assemelhar situações da minha realidade com situações que leio em livros, é meu vício e já tornou-se algo tão automático. Assim que ele me viu saiu do carro e foi abrir a porta do carona para que eu entrasse.  Boa tarde minha linda. - era assim que ele estava me chamando desde a noite do Karaokê, eu não estava reclamando!  Boa tarde- retribuí o sorriso que ele me oferecia. Me beijou nas bochechas e me abraçou forte e eu já senti meu corpo estremecer com aquela corrente elétrica que tomava conta sempre que ele se aproximava de mim.  Ouve um emprevisto em uma empresa do Grupo Stanton e eu vou precisar fazer uma pequena viagem, é coisa de no máximo 3 dias, vou ter que ir para Phoenix ainda esta noite portanto teremos pouco tempo junto hoje, sinto muito. Fiquei triste com a notícia, estava me acostumando a sua presença costante, era quase um vício tê-lo por perto, correr com ele aos sábados no Central Park, alguns almoços durante a semana, conversas pelo telefone enquanto assistiamos aos mesmos seriados na TV, Javier me
  • 40. mimava muito e eu estava totalmente mal acostumada. Ficar longe me traria uma sensação de vazio embora fosse apenas três dias.  Você tem seu trabalho, não quero ser um empecilho. Vá tranquilo e quando voltar podemos nos ver novamente. Eu já havia comemorado esta matéria de capa no dia em que nos encontramos no Karaokê, você foi meu presente, não preciso de mais nada. Ele sorriu como um menino e aquilo aqueceu meu coração. Eu estava me apegando de mais a Javier, as vezes sentia medo, sabe quando algo é realmente bom de mais para ser verdade?  Obrigada por entender, minha linda. Mas eu tenho um convite para você. Sábado que vem é o Baile de Máscara Anual que o Grupo Stanton organiza em prol de algumas entidades beneficentes, meu avô oferece esse baile em sua mansão e eu gostaria que você fosse como minha acompanhante. Posso providenciar um vestido e uma bela máscara para você.  Oh, eu não preciso que me compre nada, posso providenciar isso tudo. Não quero dar nenhum tipo de preocupação a você Javier.  Eu sei minha querida, mas eu só quis impedir que você recusasse o convite alegando que não teria trajes para esse tipo de evento. Quero muito que você vá, estou planejando uma surpresa para você.  Eu não sei se gosto de surpresas...  Mas você vai gostar amor, confie em mim. Impressão minha ou ele acabou de me chamar de AMOR? Meu coração disparou naquele instante e eu fiquei sem palavras para responder, também tinha a parte na qual ele me pediu que confiasse nele, a última vez que confiei em alguém eu acabei sozinha em uma escadaria, literalmente fodida e sem ganhar um beijo na boca sequer. Mas uma coisa era certa: Javier não poderia pagar pelo que outra pessoa fez a mim, ainda não haviamos nos beijado mas a situação era completamente diferente. Chegamos em frente ao meu apartamento, e ele parou o carro, saiu e abriu a porta para mim. Um cavalheiro como sempre, assim que parei na calçada ele me puxou para um forte abraçoe eu retribuí com a mesma intensidade. Ficamos ali apenas abraçados e senti seu hálito quente respirando próximo ao meu ouvido, parecia uma sensação já conhecida.  Serão os três dias mais longos da minha vida. - disse ele com uma voz triste. - Não sei se vou poder te ligar pois estarei constantemente em algumas reuniões, mas mando um sms assim
  • 41. que tiver em algum pequeno intervalo. Não se esqueça de mim ok? Nos veremos no sábado, no baile, enviarei um motorista para buscá-la as oito da noite, eu chegarei um pouco em cima da hora mas vou direto para o baile e nos encontraremos lá.  Tudo bem. Eu vou sentir muito a sua falta … Ele abraçou minha cintura com um braço e me segurou pela nuca com a outra mão, aqueles olhos intensos tinham um brilho diferente no olhar, de desejo, de fome, mas antes de qualquer coisa, um olhar terno e carinhoso. Era isso que me encantava naquele homem, como ele tinha esse poder de ser tão sereno e tão excitante ao mesmo tempo.  Antes de ir, preciso fazer um coisa que eu já deveria ter feito a algum tempo … - ele disse colando seus lábios nos meus em um toque macio e calmo. Eu estava finalmente sendo beijada por um deus grego chamado Javier Stanton. Foi um beijo doce, delicado, seus lábios pressionando os meus e sua mão me apertando a nuca para me manter próximo a ele. Os movimentos lentos de sua língua entrando em minha boca fazia com que aquele beijo se tornasse eterno, eu não queria que acabasse nunca. Os movimentos foram se intensificando, o abraço ficando mais apertado, sua língua explorando a minha com mais avidez e eu retribuia cada movimento, queria sentir o sabor de sua língua, o gosto do seu beijo e eu senti uma dor no peito assim que seus lábios descolaram do meu ofegantes. Ele lutava contra si mesmo, não queria ceder seus impulsos e senti uma pontadinha de decepção por isso, eu queria fazer amor com aquele homem mais do que qualquer outra coisa na vida.  Sábado, eu tenho uma surpresa para você. Agora eu preciso ir, amor. Assim que ele se foi, me dei conta de que eu estava perdidamente apaixonada por aquele homem perfeito.
  • 42. CAPÍTULO 18 E foram os três dias mais longos, realmente. O fato de saber que Javier estava longe de mim, de Nova York, foi suficiente para me deixar uma pilha de nervos pelo resto da semana. Eu tinha que trabalhar e ainda planejar o que usar nesse baile de máscaras, eu estava realmente nervosa. Minhas amigas me acompanharam a uma loja de vestidos de gala e eu escolhi um vestido púrpura simplesmente divino. Ele era longo, com um racho enorme que iniciava no começo das coxas e ia até o chão, não era vulgar mas esbanjava sensualidade, as costas ficavam nuas e ele tinha uma alça frente única que dava a volta no pescoço, o decote era sob medida e caía perfeitamente bem ao meu colo, deixando os peitos firmes mas não muito a mostra. Os detalhes que deixavam o vestido ainda mais perfeito eram as gotas de strass que haviam aleatóriamente por todo o tecido dando brilho e glamour de maneira elegante e sem exagero. Me senti uma princesa moderna. E finalmente era sábado e a ansiedade me atingiu assim que abri os olhos pela manhã, uma corrida matinal ouvindo minha playlist no Ipod, logo depois um sms para Javier dizendo que eu esperava ansiosamente por revê-lo, uma passada no salão de beleza para arrumar meu cabelo em um lindo coque frouxo cheio de caixos perfeitos e volumosos e fazer uma maquiagem marcante nos olhos já que minha máscara negra precisava de algo para chamar a atenção. Eu estava linda, realmente eu estava me sentindo linda, minha máscara de veludo preto com alguns detalhes em prata e algumas penas. Eu usava um longo brinco de prata com pequenos brilhantes, eram herança de minha avó e eu ainda não tive a oportunidade de usá-los. Sapato preto para deixar em evidência apenas o púrpura do meu vestido, um bracelete delicado também em prata e no pescoço apenas uma gota de Channel nº5, assim como Marilyn Monroe, presente de minhas amigas pela minha contratação oficial na revist Glow! Uma pequena Clucth em prata completava o look e eu estava pronta para aquela noite com o meu príncipe. Eram oito horas em ponto quando o interfone tocou, era Peter avisando que havia um motorista a minha espera na entrada do prédio. Meu estômago se contraiu e eu me senti uma adolescente indo para seu baile de formatura. Assim que desci meu queixou quase caiu, mas mantive a compostura, um Bentley me aguardava com um motorista devidamente trajado a minha espera com a porta aberta.  Boa noite Srta.Clarkson.  Boa noite, só não me diga que seu nome é Angus, por favor! - aquilo seria um choque
  • 43. para mim, eu já vivia de mais com a cabeça nos livros. O senhor me olhou intrigado, mas sorriu gentil.  Me chamo Augusto, ao seu dispor Srta. Clarckson. Entre por favor, o Sr.Stanton espera por você.  Eu não sabia que ele já estava na cidade, ele disse que chegaria atrasado ao baile – eu comentei entrando no carro.  Me refiro Jhonatan Stanton, o avô do senhor Javier. Ele está ansioso para conhecê-la. Ok, eu já estava nervosa o suficiente, agora já imaginava qual seria a surpresa de Javier, ele me apresentaria oficialmente a seu avô. Chegamos na entrada da mansão Stanton e eu fiquei adimirando a beleza daquele lugar, era uma arquitetura antiga, inspirada no estilo Vitoriano, mas era muito bem preservada. Um portão enorme de ferro se abria para entrarmos, e eu fiquei babando pelo lindo e enorme jardim que enfeitava ainda mais aquela casa, me senti na Europa em um dos palácios da aristocracia inglesa. O Bentrey parou em frente a uma escadaria generosa em frente a casa principal, e um homem todo de preto com uma máscara azul marinho com detalhes dourados abriu a porta para mim e me ajudou a subir as escadas.  Então você é a famosa Jules Clarkson. - afirmou ele com um sorriso gentil. Reconheci as feições de Jhonatan Stanton atrás daquela linda máscara. Ele sempre aparentou ser um senhor gentil nas poucas vezes que o vi na Stanton Tower.  Prazer em conhecê-lo oficialmente Sr.Stanton. - eu disse com um sorriso tímido, não pensei que seria recepcionada pessoalmente pelo anfitrião da festa.  Meu neto fala muito de você, fiquei curioso para conhecê-la, vejo que ele é um jovem de muito bom gosto, além de linda você é muito simpática.  Assim fico constrangida, Sr.Stanton … - eu disse ficando vermelha, por sorte minha máscara camuflava a minha timidez.  Me chame de Jhonatan, por favor. Agora eu preciso cumprimentar algumas pessoas, terei que deixá-la sozinha por alguns instantes, mas sinta-se em casa Jules, em breve Javier estará aqui para acompanhá-la.