A tese sustentada ao longo do texto Robert Filmer e a emergência da filosofia liberal foi orientada do início ao fim pelo seguinte problema: se considerarmos os Dois tratados sobre o governo de John Locke como a primeira obra que elenca os princípios básicos daquilo que podemos denominar de filosofia liberal, quais foram as fontes que influenciaram o filósofo inglês na construção desta teoria? A explanação dessa resposta é perseguida no decorrer deste trabalho e segue da necessária decomposição do problema proposto. Em primeiro lugar, Locke não cita nenhuma tradição ou autores que exerceram influência direta na composição de suas principais obras políticas, mas faz um grande esforço para refutar um autor considerado de ocasião e pouco conhecido pelos seus contemporâneos, trata-se de Robert Filmer e sua démodé teoria patriarcal. Em segundo lugar, o estudo das obras de Filmer tem fornecido um amplo e detalhado contexto teórico cujos princípios e orientações muitas vezes supõem as teses de Locke e as antecipam em mais de cinquenta anos. Dessas duas constatações, levantamos a hipótese segundo a qual o segredo das influências da filosofia política de Locke pode ser descoberto pelas teorias e autores criticados por Filmer ao longo de suas obras. Além disso, é possível conjecturar que as obras de Filmer mapeiam e tentam refutar a emergência de certas ideias a quais, mais tarde reunidas pela pena de Locke, podem ser compreendidas como os germes da filosofia liberal. As páginas que seguem têm com objetivo demonstrar essa hipótese por meio da análise estratégica do pensamento político de Filmer e dos autores que ele ataca, para em seguida investigar os principais elementos da filosofia política de John Locke. Por meio desse percurso, pensamos poder demonstrar não somente as razões pelas quais Locke pode ser compreendido com um dos responsáveis por sistematizar o que denominamos de filosofia liberal, mas também estabelecer que os principais responsáveis pela difusão dessas ideias escreveram suas obras entre o final do século XVI e primeira metade do século XVII.
A tese sustentada ao longo do texto Robert Filmer e a emergência da filosofia liberal foi orientada do início ao fim pelo seguinte problema: se considerarmos os Dois tratados sobre o governo de John Locke como a primeira obra que elenca os princípios básicos daquilo que podemos denominar de filosofia liberal, quais foram as fontes que influenciaram o filósofo inglês na construção desta teoria? A explanação dessa resposta é perseguida no decorrer deste trabalho e segue da necessária decomposição do problema proposto. Em primeiro lugar, Locke não cita nenhuma tradição ou autores que exerceram influência direta na composição de suas principais obras políticas, mas faz um grande esforço para refutar um autor considerado de ocasião e pouco conhecido pelos seus contemporâneos, trata-se de Robert Filmer e sua démodé teoria patriarcal. Em segundo lugar, o estudo das obras de Filmer tem fornecido um amplo e detalhado contexto teórico cujos princípios e orientações muitas vezes supõem as teses de Locke e as antecipam em mais de cinquenta anos. Dessas duas constatações, levantamos a hipótese segundo a qual o segredo das influências da filosofia política de Locke pode ser descoberto pelas teorias e autores criticados por Filmer ao longo de suas obras. Além disso, é possível conjecturar que as obras de Filmer mapeiam e tentam refutar a emergência de certas ideias a quais, mais tarde reunidas pela pena de Locke, podem ser compreendidas como os germes da filosofia liberal. As páginas que seguem têm com objetivo demonstrar essa hipótese por meio da análise estratégica do pensamento político de Filmer e dos autores que ele ataca, para em seguida investigar os principais elementos da filosofia política de John Locke. Por meio desse percurso, pensamos poder demonstrar não somente as razões pelas quais Locke pode ser compreendido com um dos responsáveis por sistematizar o que denominamos de filosofia liberal, mas também estabelecer que os principais responsáveis pela difusão dessas ideias escreveram suas obras entre o final do século XVI e primeira metade do século XVII.
1. El Cargol
Fa uns anys, la meva dona i jo construírem una casa. No teníem
electricitat i per això utilitzàvem eines manuals. No disposàvem d'una gran
caixa d'eines. La nostra caixa contenia serres, una maça, cisells, un ribot i
alguns martells. A més, disposava d'una sèrie d'eines per a mesurar: una cinta
mètrica, un escaire, un nivell de bombolla i una plomada. Això era tot el que
ens calia. Si hagués vingut un fuster medieval li haurien resultat familiars la
majoria de les meves eines. Encara més, fins i tot un fuster de l'antiga Roma
hauria trobat poques sorpreses a la meva caixa d'eines. Tant les serres com els
martells (i els claus), els cisells, les trepadores i els escaires daten de l'edat del
bronze i dels primers temps de l'edat del ferro.
Molts tipus d'eines modernes s'originaren fins i tot abans, al neolític, fa
uns 8.000 anys. De fet, només hi ha una eina a la meva caixa que
desconcertaria un fuster romà o medieval: el meu tornavís. Entendrien el
significat dels cargols; després de tot va ser Arquímedes qui va inventar el torn
al segle III abans de Crist. Els cargols de l'antiguitat eren grans artefactes de
fusta que s'utilitzaven per a treure aigua. Un dels aparells més antics que va
utilitzar el cargol per a fer pressió va ser una premsa per a roba feta pels
romans. També s'utilitzaren les premses per a fer oli i vi. A l'Edat Mitja es va
aplicar el mateix principi del cargol a la impremta. Malgrat tot, es desconeixia el
cargol comú com a petit instrument d'unió i fixació.
Els cargols per a fusta (també es coneixen com a visos) es van originar
en algun moment del segle XVI. No se sap qui va inventar el tornavís manual,
però el cert és que no apareix a les caixes d'eines fins un cop passat l'any
1800. Els primers cargols eren força cars perquè calia fer-los acuradament a
mà i només s'utilitzaven per a articles de luxe com els rellotges. No va ser fins
el 1850 que no es va aprendre a fer visos en grans quantitats.
El cargol per a fusta va suposar un nou mètode d'unió, més durador que
els claus, que poden sortir-se si la fusta es resseca o s'expandeix (això justifica
la utilitat dels cargols en la construcció de vaixells). El vis junta perfectament les
peces que cal unir i és més fort i durador que els claus, les clavilles o les
grapes.
Però, el rei dels cargols és el cargol de precisió. El cargol mecànic va
representar un progrés tecnològic de proporcions èpiques. Aquest cargol va
2. permetre l'ajustatge precís d'instruments tan importants com els rellotges, els
microscopis, els telescopis, els sextants, els teodolits i els cronòmetres marins.
No és agosarat dir que els cargols ben cargolats van transformar el món. Sense
els cargols, camps sencers de la ciència no haurien pogut desenvolupar-se, la
navegació hauria continuat sent primitiva i no hauria estat possible el
desenvolupament del comerç marítim dels segles XVIII i XIX. Sense els cargols
no hi hauria eines i, per tant, tampoc productes industrials ni revolució
industrial.