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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 16 - Número 1 - 1º Semestre 2016
A HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE E SUA INTERFACE ENTRE PROCESSOS DE GESTÃO
EM SAÚDE PÚBLICA
Rubens Alex de Oliveira Menezes1
; Romulo Lima de Sousa2
; Ivanete Costa Amanajás3
; Brena Thays Amorim Menezes4
;
Flávio Henrique Ferreira Barbosa5
; Aline Siqueira de Miranda Campos6
RESUMO
A prestação dos serviços públicos em saúde vem ganhando avanços históricos no que se refere a sua
aplicabilidade a partir da valorização humana formada da relação entre profissionais de saúde e
usuários do Sistema Único de Saúde – (SUS). A relação estabelecida entre esse binômio torna-se
possível quando nutrida por uma gestão comprometida com uma saúde pública humanizada, onde
todos os seus processos apontam para a admissibilidade e compreensão do indivíduo em seu sentido
mais amplo, a saber, a sua dimensão biopsicossocial. Nesse sentido, o referido artigo tem como
objetivo discutir a humanização da saúde e sua interface entre os processos de gestão em saúde
pública, haja vista esta perspectiva possibilita uma gestão que atribua maior valor a dimensão
subjetiva e social às suas práticas de atenção à saúde. Inicialmente pretende-se suscitar os aspectos
históricos e conceituais da humanização. Em seguida analisá-la como sendo essencial nos processos
de gestão em saúde pública.
Palavras-chave: Humanização da Saúde, Gestão em Saúde Pública, Atenção à Saúde,
Biopsicossocial.
THE HUMANIZATION HEALTH AND ITS INTERFACE WITH MANAGEMENT
PROCESSES IN PUBLIC HEALTH
ABSTRACT
The provision of public health services has gained historical regarding its applicability from the
human appreciation of the relationship formed between health professionals and clients of Health
System advances - (SUS). The relationship between this binomial becomes possible when nurtured
by a committed management with a humanized public health, where all processes point to the
admissibility and understanding of the individual in its broadest sense, namely, their
biopsychosocial dimension. In this sense, this Article aims to discuss the humanization of health
and its interface with the management processes in public health, given this perspective enable
management to assign subjective and social dimensions of their practices health care higher value.
Initially we intend to raise the historical and conceptual aspects of humanization. Then analyze it as
essential management processes in public health.
Keywords: Humanization of Healthcare, Management in Public Health, Health Care,
Biopsychosocial
01
1 INTRODUÇÃO
A saúde pública passou e vem passando
por um processo de construção histórica no que
tange à atenção em saúde e os seus diversos
modelos de gestão. Numa contextualização
histórica, as ações antes intensificadas
precisavam passar pelo crivo do melhoramento,
tanto no que se referia às condições de trabalho
oferecidas aos profissionais de saúde, quanto à
necessidade de tornar o Sistema Único de Saúde
– (SUS) mais humanizado em sua
funcionalidade geral, o que vem tornando-se
possível a partir de um modelo de gestão em
saúde pública descentralizada, que incorpora em
suas práticas esta máxima, proporcionando
maiores e melhores resultados.
A busca pela humanização da saúde
enquanto tema a ser trabalhado neste estudo,
traz em seu bojo, a necessidade de uma gestão
em saúde pública que seja parte de cada
processo e sensível a realidade atravessada
pelos atores sociais, principais sujeitos dos
serviços de saúde ora prestados. Desse modo,
não basta a aplicabilidade de ações que
vislumbrem a relação doença-saúde, mas o
reconhecimento da saúde como sendo um
direito fundamental de cada cidadão, que
precisa de relações intensificadas quanto à
valorização do cuidado.
Esta relação não supõe ato de caridade
por parte de profissionais de saúde, mas, como
bem nos assevera João (2010), trata-se de “[...]
um encontro entre sujeitos, pessoas humanas,
que podem construir uma relação saudável,
compartilhando saber, poder e experiência
vivida” (2010, p. 13). É uma forma de suscitar
relações que vão além da simples ação do
cuidar, mas que transcendem esta ótica técnica,
passando a considerar de ambos os lados (tanto
os profissionais de saúde, quanto o cliente da
Rede SUS) a perspectiva mais completa do ser
humano.
A escolha e delimitação do tema como
sendo “a humanização da saúde e sua interface
com os processos de gestão em saúde pública”,
justifica-se pela importância e urgência de se
pensar um Sistema Único de Saúde – (SUS) que
privilegie um perfil de gestão que trate dos seus
processos em saúde, não como sendo meros
requisitos justapostos a partir da técnica e da
qualidade, mas de processos que vão muito
além, com ações que proporcionem o
estabelecimento da afetividade, da dignidade e
da humanidade.
Desse modo, o referido artigo buscou
como objetivo geral, analisar a humanização da
saúde a partir da influência de uma gestão em
saúde pública preocupada não apenas com o
perfeito funcionamento técnico das ações em
saúde em seus diversos setores e serviços, mas
também com a atenção mais humanizada ante os
seus principais sujeitos e beneficiários. Este
estudo procurou descrever as principais
características de um modelo de gestão em
saúde pública que permita que a humanização
da saúde seja uma realidade entre os principais
processos de gestão em saúde pública.
Esta pesquisa versa sobre a humanização
da saúde como um instrumento político
necessário na implementação de um Sistema
Único de Saúde comprometido com a
admissibilidade do indivíduo enquanto humano,
propondo não só uma atenção à saúde que
contemple a eficácia e eficiência, mas a
valorização do indivíduo em uma perspectiva
deveras abrangente. Desse modo, pode-se
perceber que a humanização da saúde interfere
positivamente nos processos de gestão em
saúde.
2 METODOLOGIA
A metodologia adotada na formulação do
trabalho foi baseada em pesquisas bibliográficas
através de consultas a livros, revistas e artigos
publicados. A pesquisa bibliográfica foi
desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros
e artigos científicos. A sua principal vantagem
reside no fato de permitir ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito
mais ampla do que aquela que poderia pesquisar
diretamente (GIL, 2002).
Esta pesquisa fundamenta-se sob a ótica
da Gestão em Saúde Pública, destacando
aspectos de um estudo sobre a Humanização da
Saúde e sua interface entre os processos de
Gestão em Saúde. Foi baseada no método
hipotético-dedutivo, e contou como categorias
de análise, requisitos históricos e
fundamentalmente de estudos adivindos de um
referencial teórico a partir de artigos científicos
e outros textos técnicos, proporcionando maior
embasamento quanto a problemática aqui
trabalhada.
Segundo Karl R. Popper “a ciência
começa e termina com problemas”. Por isso
desenvolveu um esquema: Problema, teoria-
tentativa, eliminação do erro, novos problemas.
Então, qualquer discussão científica deve
começar do principal Problema (P1), onde
haverá a busca de uma solução, para então
contemplar uma teoria provisória (TT) e esta
deve ser criticada para a eliminação dos erros
(EE) o que levará a novos Problemas (P2), desta
forma:“P1=TT =EE =P2” (POPPER, 2008,
p.186).
Baseado no esquema representado acima
se conclui que, depois de realizados os devidos
testes, se a suposição não resistir é porque não
está certa, então é preciso formar novas
suposições referentes a determinado problema
para resistirem aos testes e se tornarem
suposições admissíveis. Esse problema nos leva
ao processo de investigação, para sabermos o
que é válido ou não analisar, e essa análise é
baseada em suposições que ajudam na pesquisa
(SEVERINO, 2008).
O método hipotético-dedutivo possui as
seguintes etapas: 1) Colocação do problema:
realizar o reconhecimento dos fatos e a
descoberta e formulação do problema; 2)
Construção de um modelo teórico: ocorre a
seleção dos fatores pertinentes e a invenção das
hipóteses centrais e das suposições auxiliares; 3)
Dedução de consequências particulares: ocorre a
procura de suportes racionais e de suportes
empíricos; 4) Teste das hipóteses: realizasse o
esboço e a execução da prova, a elaboração dos
dados e a inferência da conclusão; 5) Adição ou
introdução das conclusões na teoria: etapa onde
os resultados da prova são comparados com as
predições e retrodições e, se necessário,
corrigidos. E nesta etapa que ocorre a sugestão
da realização de uma continuidade do trabalho
ou a procura de erros na realização de sua
execução (SEVERINO, 2008).
Uma grande vantagem do método
hipotético-dedutivo é que, uma vez seguidas de
forma criteriosa todas as etapas acima descritas,
se sua hipótese inicial não é corroborada, têm-se
argumentos científicos para criticar os
conhecimentos prévios existentes (teorias,
paradigmas) e assim contribuir, de forma eficaz,
para a geração de novos conhecimentos e para o
progresso da ciência (SEVERINO, 2008).
3 DISCUSSÃO
Para se falar em humanização da saúde,
cabe neste estudo, primeiramente elucidar o
conceito de humanização em sentido amplo,
bem como as principais características aplicadas
a esta palavra tão pequena mas de tamanho
significado, não obstante o seu surgimento de
maneira contextualizada na história. Para só a
partir de então, propôr discussões mais
profundas acerca do tema em tela enquanto
objeto maior deste estudo.
Quanto a compreensão mais geral da
palavra humanização, o Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa nos dispõe que
“humanização é o ato ou efeito de humanizar (-
se), de tornar (-se) benévolo ou mais sociável”
(2009, p. 1887). A própria estrutura etimológica
da palavra humanização ao dialogar conosco,
nos oferece o entendimento relacionado ao
próprio estado humano, sem levar em conta,
seus bons atos em relação a si próprio, e o
desenvolvimento da inter-relação com o outro.
Desse modo, a humanização figura como uma
“via de mão dupla”, que alcança tanto o “eu”
quanto o “tu”, o que significa dizer da
abrangência de todos.
Nesse sentido, a humanização ganha
dimensões muito mais abragentes quanto ao seu
conceito, aplicabilidade e alcance, sobretudo
quando externalizada em processos de gestão
em saúde. A humanização então deixa de ser
somente um modismo, para se tornar uma
prática constante. Segundo Rios (2009), ao
versar sobre a compreensão do conceito de
humanização nos diz que:
Embora o termo laico
“humanização” possa guardar em
si um traço maniqueísta, seu uso
histórico o consagra como aquele
que rememora movimentos de
recuperação de valores humanos
esquecidos ou solapados em
tempos de frouxidão ética. Em
nosso horizonte histórico, a
humanização desponta,
novamente, no momento em que
a sociedade pós-moderna passa
por uma revisão de valores e
atitudes (RIOS, 2009, p. 254).
Quanto a esta assertiva, vemos que a
sociedade vem deixando de ser uma sociedade
exclusivamente utilitarista, a preocupar-se com
as dinâmicas de interesses únicos e exclusivos, e
vem se reconstruindo e passando a ser uma
sociedade que passa a demonstrar um interesse
de mais sensibilidade com seus indivíduos. Algo
que se tinha perdido de vista ao longo da
história e que havia passado por uma profunda
deformação, agora é revisitado e melhorado em
função do humano. Ainda sobre o conceito de
humanização, João (2010) nos apresenta uma
grande lição:
O caminho da humanização
passa pelo reconhecimento do
que o outro tem a dizer. Sendo
este outro não necessariamente
os usuários dos serviços de
saúde, mas, também, os demais
profissionais e a própria
comunidade organizada. O
indivíduo refere-se a um estatuto
universal do ser humano: todos
somos igualmente indivíduos,
pois idealmente temos os
mesmos direitos e
responsabilidades.
Considerando o universo dos
serviços de saúde brasileiros,
pode-se dizer que a organização
do Sistema Único de Saúde
segue esta lógica. Por outro lado,
indo além desta concepção
formal e considerando cada ser
humano a partir de suas
circunstâncias específicas
(JOÃO, 2010, p. 14).
Desse modo, percebe-se que o conceito
de humanização passa por uma perspectiva
dialogal de aceitação, presente nas relações
estabelecidas entre os indivíduos,
independentemete se estes estejam ou não
inseridos no ambiente público de saúde
enquanto usuários ou não, lá estará presente a
humanização, de forma abrangente, global,
transcendendo a técnica e adimitindo cada
indivíduo como este o é: ser humano.
Quanto a isto, vemos que o indivíduo se
faz ao longo das experiências por ele vividas na
dinâmica social, e ressignificando o
conhecimento, sempre a partir da realidade
social, possibilitando a insurgência de novos
modelos de atenção à saúde e processos de
gestão, que por sua vez, passam a exigir a
atualização de estratégias históricas de
valorização e desenvolvimento da pessoa
humana.
Segundo João (2010), o caráter aplicado
à pessoa, não se refere em tentar fazê-la ser
humano, haja vista esta já o ser. Nessa
perspectiva, não caberia a protagonização da
humanização. No entanto, não é o que pretende
o autor, mas remeter-nos a ideia de que cada ser
humano deva ser considerado em sua
individualidade física e espiritual (o que na
atualidade se entende como sendo a perspectiva
biopsicossocial), e dotado de atributos como
racionalidade, autoconsciência, linguagem,
moralidade e capacidade de agir. Logo, pensar o
ser humano como sendo alguém desprovido de
tais atributos e características, seria como
desumanizar o ser humano. Daí a grande
relevância da esfera da humanização. Esta
contempla cada indivíduo em seus aspectos
mais abrangentes, possibilitando desse modo,
que suas relações sejam relações humanizadas.
Nesse contexto, é preciso estabelecer
uma relação entre humanizar e humanização.
Humanizar denota um sentido mais distributivo
dos benefícios necessários aos homens.
Segundo Oliveira, Collet e Viera (2006, p. 280):
[...] humanizar consiste
simplesmente canalizar tais
capacidades no sentido de
estender e distribuir, integral e
igualitariamente à humanidade
uma série de benefícios e
resultados considerados
propriedades sine qua non da
condição humana.
Diz-se dos benefícios necessários e
irremediáveis do ser humano, a saber, os
direitos compreendidos e vistos a partir da
habitação, da educação, da equidade, do acesso
ao emprego e a saúde.
Já a humanização tem a ver com a
necessidade que o ser humano tem de se inter-
relacionar com o outro através dos aspectos da
comunicação. Seria um momento de troca de
informações, experiências e admissibilidade do
outro sem nenhuma forma de autoafirmação. É
por esta razão que Oliveira, Collet e Viera (2006,
p. 281) nos diz que:
A humanização depende da
capacidade de falar e de ouvir,
pois as coisas do mundo só se
tornam humanas quando passam
pelo diálogo com os semelhantes,
ou seja, viabilizar nas relações e
interações humanas o diálogo,
não apenas como uma técnica de
comunicação verbal que possui
um objetivo pré-determinado,
mas sim como forma de conhecer
o outro, compreendê-lo e atingir
o estabelecimento de metas
conjuntas que possam propiciar o
bem-estar recíproco.
Daí, portanto, pode-se inferir que a
humanização carrega uma compreensão muito
mais abrangente das diversas práticas e ações
em saúde pública, não obstante a sua incisiva
influência nos diversos espaços e sujeitos, sejam
eles os próprios profissionais de saúde, sejam os
usuários do Sistema Único de Saúde – (SUS).
Desse modo, a comunicação especificada pelo o
autor, trata de um atributo necessário no
melhoramento e fortalecimento do modelo de
atenção à saúde que hoje se tem.
- A história da Humanização da Saúde
Brasileira
Estando de posse de diversos conceitos
sobre humanização, cabe agora percebermos
uma relação entre esta e a saúde, de modo a
entender em que momento da história da saúde
pública brasileira, começa-se perceber a
inserção política de uma saúde humanizada. Ou
em outros termos, qual a origem da
humanização da saúde. Para tanto, resta,
recorrermos a uma história que por sua vez está
intimamente ligada ao surgimento do próprio
SUS.
Assim como em todo e qualquer
movimento ou sistema, que para se desenvolver
passa por processos de constantes embates na
construção de avanços e benefícios coletivos,
assim foi com a saúde pública brasileira. Em seu
percurso histórico foi da criação a partir da
Constituição Federal de 1988, e a sua
regulamentação a partir da Lei Nº 8.080 de 19
de Setembro de 1990, a Lei Orgânica de Saúde
na qual são definidas suas diretrizes, objetivos e
forma de organização nas 3 esferas de governo:
Federal, Estadual e Municipal. Observa-se o
grande salto da saúde brasileira. Este momento
legitima o que nos anos seguintes entende-se
como sendo a gênese da humanização da saúde,
pois a Saúde Pública Brasileira passou a
aperfeiçoar suas diversas ações com o
surgimento do SUS, facilitando o acesso aos
seus usuários. Porém, é necessário descrever
como este processo se deu.
Historicamente falando, a humanização
não surge de forma descontextualizada, mas tem
sua gênese no movimento da Reforma Sanitária
que se deu nos anos 1980. Segundo Rios (2009),
as constantes lutas no cenário sociopolítico
desencadearam o som de inúmeras vozes que
desejaram se fazer ouvir em meio a ausência de
direitos nas diversas áreas, inclusive no campo
da saúde.
A partir da Reforma Sanitarista inicia-se
a concepção de um novo projeto que supõe a
valorização da saúde enquanto direito garantido
a todo o sujeito por parte do Estado. Agora, a
partir deste momento da história, temos um
Estado mais preocupado com as questões da
Saúde Pública. É o que nos assevera João
(2010), ao dizer que “[...] como direito de todo
cidadão a ser garantido pelo Estado, envolvendo
princípios, como a equidade do atendimento, a
integralidade da atenção e a participação social
do usuário, homem como totalidade, entendido
em sua inteireza biopsicossocial” (JOÃO, 2010,
p. 14).
O principal advento da valorização e
modificação da Saúde brasileira, como já visto,
é o surgimento e implementação do SUS,
Sistema que figura como sendo um divisor de
águas ao que se refere a atenção à saúde e o
melhoramento das diversas ações vistas neste
novo Sistema que surge, mas que se acumula
forças em torno desta discussão a partir de
outros institutos de notória relevância para a
humanização da saúde (MIRANDA, 2005).
Dentre os principais institutos destacam-
se a Carta ao Usuário (1999), Programa
Nacional de Avaliação dos Serviços
Hospitalares – PNASH (1999); Programa de
Acreditação Hospitalar (2001); Programa
Centros Colaboradores para a Qualidade e
Assistência Hospitalar (2000); Programa de
Modernização Gerencial dos Grandes
Estabelecimentos de Saúde (1999); Programa de
Humanização no Pré-Natal e Nascimento
(2000).
Norma de Atenção Humanizada de
Recém-Nascido de Baixo Peso – Método
Canguru (2000), e ainda, o Programa Nacional
de Humanização da Assistência Hospitalar -
(PNHAH) e Política Nacional de Humanização
da atenção e gestão no Sistema de Saúde
Humaniza SUS - (PNH), criados
respectivamente nos anos de 2002 e 2003,
dentre outros instrumentos que surgem com o
objetivo de fortalecer a Rede SUS. Como bem
versa Benevides e Passos (2005, p. 390):
Ainda que a palavra
humanização não apareça em
todos os Programas e ações e
que haja diferentes intenções e
focos entre eles, podemos
acompanhar uma tênue
relação que vai se
estabelecendo entre
humanização-qualidade na
atenção-satisfação do usuário.
O PNHAH contou em sua primeira etapa
com a realização de um Projeto-Piloto
implementado em dez hospitais distribuídos em
várias regiões do Brasil, situado em diferentes
realidades socioculturais, e que possuíam
diferentes portes, perfis de serviços e modelos
de gestão.
Sendo os principais objetivos deste
Projeto-Piloto: deflagrar um processo de
humanização dos serviços de forma vigorosa e
profunda, processo esse destinado a provocar
mudanças progressivas, sólidas e permanentes
na cultura de atendimento à saúde, em benefício
tanto dos usuários-clientes quanto dos
profissionais.
Além de produzir um conhecimento
específico acerca destas instituições, sob a ótica
da humanização do atendimento, de forma a
colher subsídios que favoreçam a disseminação
da experiência para os demais hospitais que
integram o serviço de saúde pública no Brasil.
Nesse contexto, a figura da Gestão em Saúde
Pública torna-se fundamental, pois como versa o
PNHAH (2001, p.12):
É fundamental a
sensibilização dos dirigentes
dos hospitais para a questão da
humanização e para o
desenvolvimento de um
modelo de gestão que reflita a
lógica do ideário deste
processo: cultura
organizacional pautada pelo
respeito, pela solidariedade,
pelo desenvolvimento da
autonomia e da cidadania dos
agentes envolvidos e dos
usuários.
No entanto, estes instrumentos não
seriam possíveis se a discussão não tivesse sido
primeiramente suscitada na 11ª Conferência
Nacional de Saúde, acontecida no ano 2000,
evento que carregou como título “Acesso,
qualidade e humanização da atenção à saúde
com controle social”. Este evento faz surgir
outras iniciativas como a Humanização do Parto
e da Saúde da Criança e iniciou suas ações em
hospitais com o intuito de criar comitês de
humanização voltados para a melhoria na
qualidade da atenção e, mais tarde, com foco
também no trabalhador. Segundo Pasche e
Passos (2008, p.92)
[...] com a Política Nacional de
Humanização (PNH), se
intensifica esta aposta na
humanização das práticas de
gestão e de atenção (nos modos
de gerir e nos modos de cuidar).
A PNH emerge, então, no cenário
da reforma sanitária brasileira,
que se constitui pari passu à
construção do campo da saúde
coletiva e das experiências de
humanização em curso no SUS,
às quais propõem mudanças em
seu sentido e forma de
organização.
Quanto a esta asseverativa, o que se
percebe é que com a Política Nacional de
fundamentalmente de estudos adivindos de um
referencial teórico a partir de artigos científicos
e outros textos técnicos, proporcionando maior
embasamento quanto a problemática aqui
trabalhada.
Segundo Karl R. Popper “a ciência
começa e termina com problemas”. Por isso
desenvolveu um esquema: Problema, teoria-
tentativa, eliminação do erro, novos problemas.
Então, qualquer discussão científica deve
começar do principal Problema (P1), onde
haverá a busca de uma solução, para então
contemplar uma teoria provisória (TT) e esta
deve ser criticada para a eliminação dos erros
(EE) o que levará a novos Problemas (P2), desta
forma:“P1=TT =EE =P2” (POPPER, 2008,
p.186).
Baseado no esquema representado acima
se conclui que, depois de realizados os devidos
testes, se a suposição não resistir é porque não
está certa, então é preciso formar novas
suposições referentes a determinado problema
para resistirem aos testes e se tornarem
suposições admissíveis. Esse problema nos leva
ao processo de investigação, para sabermos o
que é válido ou não analisar, e essa análise é
baseada em suposições que ajudam na pesquisa
(SEVERINO, 2008).
O método hipotético-dedutivo possui as
seguintes etapas: 1) Colocação do problema:
realizar o reconhecimento dos fatos e a
descoberta e formulação do problema; 2)
Construção de um modelo teórico: ocorre a
seleção dos fatores pertinentes e a invenção das
hipóteses centrais e das suposições auxiliares; 3)
Dedução de consequências particulares: ocorre a
procura de suportes racionais e de suportes
empíricos; 4) Teste das hipóteses: realizasse o
esboço e a execução da prova, a elaboração dos
dados e a inferência da conclusão; 5) Adição ou
introdução das conclusões na teoria: etapa onde
os resultados da prova são comparados com as
predições e retrodições e, se necessário,
corrigidos. E nesta etapa que ocorre a sugestão
da realização de uma continuidade do trabalho
ou a procura de erros na realização de sua
execução (SEVERINO, 2008).
Uma grande vantagem do método
hipotético-dedutivo é que, uma vez seguidas de
forma criteriosa todas as etapas acima descritas,
se sua hipótese inicial não é corroborada, têm-se
argumentos científicos para criticar os
conhecimentos prévios existentes (teorias,
paradigmas) e assim contribuir, de forma eficaz,
para a geração de novos conhecimentos e para o
progresso da ciência (SEVERINO, 2008).
3 DISCUSSÃO
Para se falar em humanização da saúde,
cabe neste estudo, primeiramente elucidar o
conceito de humanização em sentido amplo,
bem como as principais características aplicadas
a esta palavra tão pequena mas de tamanho
significado, não obstante o seu surgimento de
maneira contextualizada na história. Para só a
partir de então, propôr discussões mais
profundas acerca do tema em tela enquanto
objeto maior deste estudo.
Quanto a compreensão mais geral da
palavra humanização, o Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa nos dispõe que
“humanização é o ato ou efeito de humanizar (-
se), de tornar (-se) benévolo ou mais sociável”
(2009, p. 1887). A própria estrutura etimológica
da palavra humanização ao dialogar conosco,
nos oferece o entendimento relacionado ao
próprio estado humano, sem levar em conta,
seus bons atos em relação a si próprio, e o
desenvolvimento da inter-relação com o outro.
Desse modo, a humanização figura como uma
“via de mão dupla”, que alcança tanto o “eu”
quanto o “tu”, o que significa dizer da
abrangência de todos.
Nesse sentido, a humanização ganha
dimensões muito mais abragentes quanto ao seu
conceito, aplicabilidade e alcance, sobretudo
quando externalizada em processos de gestão
em saúde. A humanização então deixa de ser
somente um modismo, para se tornar uma
prática constante. Segundo Rios (2009), ao
versar sobre a compreensão do conceito de
humanização nos diz que:
Embora o termo laico
“humanização” possa guardar em
si um traço maniqueísta, seu uso
histórico o consagra como aquele
que rememora movimentos de
recuperação de valores humanos
esquecidos ou solapados em
tempos de frouxidão ética. Em
nosso horizonte histórico, a
humanização desponta,
elementos que tragam maior consistência as
ações em saúde, tudo por que hoje já se entende
a Gestão em Saúde Pública numa compreensão
mais abrangente em relação ao indivíduo
enquanto usuário do SUS, mas que ainda é visto
de maneira fragmentada por grande parte dos
profissionais que militam em suas funções na
saúde. Assim sendo, vemos que a Gestão em
Saúde não se constitui somente a luz da
institucionalização da saúde, mas tem um olhar
para o humano. De acordo com o que versa
Miranda (2005, p.84),
[...] a gestão governamental em
saúde é constituída a partir de
uma práxis social de âmbito
institucional, possuindo uma
natureza complexa e um caráter
polivalente (ético, político,
estratégico, técnico,
administrativo). Seus modos de
ser estão conformados em uma
dimensão política, a partir da
intermediação de interesses
distintos, das interações de poder
e de margens de autonomia;
constituídos a partir de ações
intencionais ou comportamentos
regrados de atores sociais;
expressos em distintas
racionalidades da ação;
desencadeados a partir de
decisões (formais e informais); e
consubstanciados em
combinações tecnológicas,
métodos, técnicas, instrumentos e
atividades intermediárias nos
sistemas institucionalizados de
ação.
Este conceito fala de gestão em saúde,
mas infelizmente em quase nada compreende ou
traduz a complexidade que é ter um Sistema de
Saúde embebido na humanização da saúde. Não
se trata somente em ter uma gestão que planeje
ou crie estratégias (isto é deveras importante em
ambientes em que se gere certo coletivo social),
mas uma gestão que perceba os seus usuários
como sendo mais do que clientes, como
humanos, para além da técnica, tratados por um
Sistema de Saúde humanizado.
E para se alcançar este patamar de
desenvolvimento, todos os processos de Gestão
em Saúde Pública devem seguir esta máxima de
valorização do humano, que considere o
universo plural da saúde coletiva, mas cada ser
humano em sua individualidade. Como nos
dizem Pasche e Passos (2008), ao demonstrar
que “O desafio é o de enfrentar o adoecimento e
o risco de adoecer em sujeitos histórico-sociais,
eles próprios entendidos como singularidades e
efeito de múltiplas determinações” (2008, p.
94).
Vemos que as práticas em saúde passam
a dar maior destaque aos sujeitos implicados no
processo de produção de saúde, tomá-los como
protagonistas e corresponsáveis neste processo
obriga-nos a valorizar a dimensão humana
intrínseca a todas as práticas de saúde. Desse
modo, o assunto humanização da atenção e da
gestão das práticas de saúde, deixará o campo
teórico e tornar-se-á uma realidade global da
práxis.
Neste cenário, o modelo retrógrado e
autoritário de gestão em Saúde Pública não cabe
mais, pois se deve também levar em
consideração que a sociedade goza de uma
característica mutacional, pois é formada por
pessoas com pontos de vista diversos que
mudam constantemente, logo, a tendência da
dinâmica dos diversos serviços públicos, como
no campo da saúde, é mudar.
- A Política Nacional de Humanização –
(PNH)
A Política Nacional de Humanização –
(PNH), instituída em 2003, trata-se do principal
instrumento na tarefa de humanização do SUS.
Ela oferece a Gestão em Saúde Pública
suficiente embasamento na implementação e
fortalecimento da Humanização da Saúde, dessa
maneira, esta Política pode ser vista como o
instrumento necessário para se fazer diversas
mudanças na saúde, haja vista a mesma, pontuar
de maneira específica os princípios norteadores
que devem ser observados pela Gestão em
Saúde no caso de se desejar mais atenção aos
diversos processos de saúde de forma
humanizada. Assim dispõe o PNH (2003):
- Valorização da dimensão subjetiva e social em
todas as práticas de atenção e gestão no SUS,
fortalecendo o compromisso com os direitos do
cidadão, destacando-se o respeito às questões de
gênero, etnia, raça, orientação sexual e às
populações específicas (índios, quilombolas,
ribeirinhos, assentados, etc.);
- Buscar contagiar trabalhadores, gestores e
usuários do SUS com as ideias e as diretrizes da
humanização e fortalecimento das iniciativas
existentes;
Fortalecimento do trabalho em equipe
multiprofissional, fomentando a
transversalidade e a grupalidade;
- Apoio à construção de redes cooperativas,
solidárias e comprometidas com a produção de
saúde e com a produção de sujeitos;
- Construção de autonomia e protagonismo de
sujeitos e coletivos implicados na rede do SUS,
corresponsabilizando esses sujeitos nos
processos de gestão e de atenção;
Fortalecimento do controle social com caráter
participativo em todas as instâncias gestoras do
SUS;
- Produzir conhecimento e desenvolver
tecnologias relacionais e de compartilhamento
das práticas de cuidado e de gestão em saúde;
- Compromisso com a democratização das
relações de trabalho e valorização dos
profissionais de saúde, estimulando processos
de educação permanente; - Aprimorar e
ofertar/divulgar estratégias e metodologias de
apoio a mudanças sustentáveis nos modelos de
atenção e de gestão em saúde;
- Implementar processos de acompanhamento e
avaliação na/da PNH, na perspectiva de
produção de conhecimento, incluindo
metodologias e informações para
aprimoramento da gestão, ressaltando análises
e saberes gerados no próprio processo de
construção de redes. Aponta-se, com isso,
para a valorização dos processos coletivos e
experiências exitosas, a serem colocadas em
situação de análise (fazendo e aprendendo a
partir da análise de experiências) (BRASIL,
2003, p. 5).
Vemos que a Política está posta, porém
até onde se conseguiu ser concretizada desde o
seu aparecimento e instituição? Percebe-se que
as relações sociais vistas neste universo do SUS,
têm sido relações marcadas por um
desequilíbrio do poder, desconsiderando assim,
a maioria dos interesses e desejos do outro.
Sendo assim, não se pode admitir a existência
da Humanização nesses espaços, pois todos
devem estar integrados, sejam profissionais ou
usuários (clientes), de forma em que as ações
convirjam para relações democratizadas.
Segundo Campos (2005, p. 299):
Humanização depende,
portanto, do
aperfeiçoamento do
sistema de gestão
compartilhada, de sua
extensão para cada
distrito, serviço e para as
relações cotidianas [...]
dirigidas a aumentar o
poder do doente ou da
população em geral
perante o poder e a
autoridade do saber e
das práticas sanitárias.
Porém não é o tom da maioria dos
processos de saúde, atitudes que por sua vez
ignoram todos os princípios norteadores da
humanização da saúde. As ações a serem
desenvolvidas a partir do PNH nos processos de
Gestão em Saúde, devem considerar um circuito
de mudanças nas áreas técnicas e de pessoas, ou
seja, as estruturas devem ser mudadas. Porém
quais os caminhos serem trilhados para essa
possível mudança. É o que Campos (2005) nos
responde, ao dizer que:
A reforma da atenção no
sentido de facilitar a
construção de vínculos entre
equipes e usuários, bem como
no de explicitar com clareza a
responsabilidade sanitária são
instrumentos poderosos para
mudança (2005, p. 400).
Portanto, está claro que a construção de
vínculos e a sua manutenção nos diversos
processos da Gestão em Saúde, possibilita a
Humanização da Saúde. É lógico que a
construção de vínculos figura como sendo
apenas um viés para se atingir este fim, temos
vários outros, que bem trabalhados podem
proporcionar incríveis resultados em níveis
qualitativos e quantitativos.
- Humanização na Gestão Hospitalar
O hospital da atualidade é uma
organização complexa, onde atividades
industriais se misturam à ciência e à tecnologia
de ponta, com o objetivo de atender à clientela
nas suas necessidades de saúde, sendo
indisponível que essa atenção seja oferecida em
um ambiente seguro. Existem limites para a
consecução da produtividade nos hospitais
através da tecnologia, equipamentos e
conhecimento técnico-científico; porém, quando
esses limites são atingidos, só há uma coisa a
fazer para melhorar-se no mercado investir na
humanização.
As atribuições de se oferecer bem-estar,
aconchego, conforto, estão relacionadas à
hospitalidade, pois é esta a responsável por tal
efeito, porque resgata as origens e a essência da
assistência hospitalar, como uma organização
acolhedora de pessoas que não estão
desfrutando de saúde.
Destacamos que a própria questão da
humanização de atendimento em saúde pode
estar relacionada ou ainda pode ser beneficiada
da inserção do conceito de hospitalidade. Não
estamos falando de luxo, mas de ambientes
onde haja:
– a preocupação em oferecer aos internados e
familiares espaço para uma convivência não
hostil com profissionais do hospital;
– oferecimento de vínculos com o “mundo” que
continua a “acontecer” fora das fronteiras do
hospital: notícias, contato com amigos. Como
exemplo: oferecimento de jornais, revistas,
televisão, entre outros;
– opção de cardápio;
– cuidados higiênicos: Ambiente bem cuidado
(cheiro, cores agradáveis, confortável, maciez,
aparência, respeito à privacidade);
– acolhimento: não se limita a um curso de
sorrisos, mas o desenvolvimento de atividades
comportamentais que estimulem e levem os
profissionais a repensarem e refletirem sobre
posturas e comportamentos respeitosos,
amistosos, não invasivos nem indiferentes;
– ambientação: cuidado com o paisagismo e uso
de cores, quadros e outros elementos
decorativos etc...
Apesar dos avanços acumulados, hoje, a
saúde pública ainda enfrenta fragmentação dos
processos de trabalho e das relações entre os
diferentes profissionais, fragmentação da rede
assistencial, precária interação nas equipes,
burocratização e verticalização do sistema,
baixo investimento na qualificação dos
trabalhadores, formação dos profissionais de
saúde distante do debate e da resultante de ações
consideradas desumanizadas na relação com os
usuários do serviço público de saúde. Hoje em
dia, com um pouco de criatividade, parcerias e
boa vontade dos colaboradores, é realmente
possível desenvolver esse serviço nas
instituições públicas de saúde. Por exemplo,
providenciando:
– cadeiras nas áreas de espera;
– redução de filas com marcação de consultas
nos postos de saúde ou por telefone;
– bancas móveis, para vender jornais e revistas
nos corredores.
– atividades como palestras, cursos rápidos
(ministrados pelos profissionais da instituição);
– aquisição de novos equipamentos médico-
hospitalares;
– abertura de novos serviços.
Tais benefícios, aparentemente simples,
trazem um reflexo muito grande na diminuição
da angústia e um aumento significativo na
humanização da instituição. Outras ações mais
complexas, também ajudariam na humanização
da saúde pública:
– contratação de profissionais suficientes para
atender à demanda da população;
– melhoria dos salários, das condições de
trabalho e da imagem do serviço público de
saúde junto à população.
Espera-se com a implantação desses
programas a oferta de um tratamento digno,
solidário e acolhedor por parte dos que atendem
o usuário não apenas como direito, mas como
etapa fundamental na conquista da cidadania.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Falar de humanização da saúde não se
mostra uma tarefa fácil, pois mesmo com todos
os institutos legais que garantem direitos,
mesmo com a existência de Programas,
documentos e Políticas que contemplam o
assunto, ainda assim, se percebe uma constante
resistência. Este processo não se solidificará (se
assim o for) facilmente, trata-se de um processo
demorado e extenso, tendo em vista sua
tamanha complexidade.
É preciso generalizar a humanização da
saúde, no sentido de desfragmentá-la, ou seja,
os diversos processos e ações em saúde devem
deixar de atuarem isoladamente, onde cada
frente desenvolve o seu ponto de vista da
humanização. O que se vê é que, torna-se mais
cômodo seguir o modo que está posto, do que
buscar modificá-lo em face de um modelo que
carregue uma teoria e prática que seja entendido
e efetivado por todos.
Quanto a humanização da saúde se
apresenta como um instrumento político
necessário na implementação de um Sistema
Único de Saúde comprometido com a
admissibilidade do indivíduo enquanto humano,
propondo não só uma atenção à saúde que
contemple a eficácia e eficiência, mas a
valorização do indivíduo, colaborando
positivamente nos processos de gestão em saúde
se comprova. No entanto, além da comprovação
da referida hipótese, sugiram outras
informações que apontam para a possível
substituição do atual modelo, em vista da
humanização da saúde.
Esta pesquisa, fundamentada em uma
literatura atual sobre gestão em saúde, ocupa um
lugar de extrema importância para o
fortalecimento das discussões em trono do tema
humanização da saúde. Não se trata somente de
mais um estudo sobre saúde, mas de um estudo
que pode contribuir na modificação da
consciência de indivíduos que figuram como
principais sujeitos deste universo chamado SUS.
Além de se mostrar ser de profunda
importância para a conscientização das equipes
gestoras de saúde, o referido estudo também se
mostra de grande relevância para a sociedade,
fim último de todos os processos de gestão em
saúde. Seu destaque consiste em propor
melhores condições de trabalho aos
profissionais de saúde, e em proporcionar
melhor acolhimento e atenção aos usuários da
Rede SUS, tudo a partir de um processo inter-
relacional, onde esses sujeitos admitem a
subjetividade um do outro.
Quanto sua relevância científica, esta
pesquisa se apresenta como mais uma opção de
consulta teórica, de modo a oferecer os
principais conceitos sobre os assuntos mais
importantes ora abordados, de apontar sugestões
que buscam solucionar os problemas que se
erguem em torno do assunto, além de corroborar
para o amadurecimento e popularização dessas
discussões, sobretudo junto aos profissionais de
saúde.
Portanto, o tema humanização da saúde,
deve ser tratado com bastante atenção por parte
da gestão em saúde. Compreender que toda a
funcionalidade do Sistema Único de Saúde –
(SUS) depende de uma política integrada,
genérica, entendida e vivenciada por todos é
prioritário. Não basta desenvolver uma prática
humanizada em saúde isoladamente, mas
convencionar que a humanização da saúde está
intimamente ligada aos processos de gestão em
saúde pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENEVIDES, Regina; PASSOS, Eduardo.
Humanização na Saúde: um novo modismo?
São Paulo, Campinas: Revista Interface –
Comunicação, Saúde e Educação, v. 9, n. 17, p.
389-406, mar/ago 2005.
BRASIL. Política Nacional de Humanização –
(PNH). Brasília: Ministério da Saúde – Núcleo
Técnico da Política Nacional de Humanização,
2003.
BRASIL. Programa Nacional de
Humanização da Assistência Hospitalar.
Brasília: Ministério da Saúde – Secretaria de
Assistência à Saúde, 2001.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa.
Humanização da Saúde: um projeto em defesa
da vida? São Paulo, Campinas: Revista Interface
– Comunicação, Saúde e Educação, v. 9, n. 17,
p. 389-406, mar/ago 2005.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos
de pesquisa. 4a ed. São Paulo: Atlas; 2002.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora
Objetiva, 2009.
JOÃO, Walter da Silva Jorge. Humanização da
Saúde. Artigo. Brasília: Pharmacia Brasileira,
julho/agosto, 2010, p. 13-14.
novamente, no momento em que
a sociedade pós-moderna passa
por uma revisão de valores e
atitudes (RIOS, 2009, p. 254).
Quanto a esta assertiva, vemos que a
sociedade vem deixando de ser uma sociedade
exclusivamente utilitarista, a preocupar-se com
as dinâmicas de interesses únicos e exclusivos, e
vem se reconstruindo e passando a ser uma
sociedade que passa a demonstrar um interesse
de mais sensibilidade com seus indivíduos. Algo
que se tinha perdido de vista ao longo da
história e que havia passado por uma profunda
deformação, agora é revisitado e melhorado em
função do humano. Ainda sobre o conceito de
humanização, João (2010) nos apresenta uma
grande lição:
O caminho da humanização
passa pelo reconhecimento do
que o outro tem a dizer. Sendo
este outro não necessariamente
os usuários dos serviços de
saúde, mas, também, os demais
profissionais e a própria
comunidade organizada. O
indivíduo refere-se a um estatuto
universal do ser humano: todos
somos igualmente indivíduos,
pois idealmente temos os
mesmos direitos e
responsabilidades.
Considerando o universo dos
serviços de saúde brasileiros,
pode-se dizer que a organização
do Sistema Único de Saúde
segue esta lógica. Por outro lado,
indo além desta concepção
formal e considerando cada ser
humano a partir de suas
circunstâncias específicas
(JOÃO, 2010, p. 14).
Desse modo, percebe-se que o conceito
de humanização passa por uma perspectiva
dialogal de aceitação, presente nas relações
estabelecidas entre os indivíduos,
independentemete se estes estejam ou não
inseridos no ambiente público de saúde
enquanto usuários ou não, lá estará presente a
humanização, de forma abrangente, global,
transcendendo a técnica e adimitindo cada
indivíduo como este o é: ser humano.
Quanto a isto, vemos que o indivíduo se
faz ao longo das experiências por ele vividas na
dinâmica social, e ressignificando o
conhecimento, sempre a partir da realidade
social, possibilitando a insurgência de novos
modelos de atenção à saúde e processos de
gestão, que por sua vez, passam a exigir a
atualização de estratégias históricas de
valorização e desenvolvimento da pessoa
humana.
Segundo João (2010), o caráter aplicado
à pessoa, não se refere em tentar fazê-la ser
humano, haja vista esta já o ser. Nessa
perspectiva, não caberia a protagonização da
humanização. No entanto, não é o que pretende
o autor, mas remeter-nos a ideia de que cada ser
humano deva ser considerado em sua
individualidade física e espiritual (o que na
atualidade se entende como sendo a perspectiva
biopsicossocial), e dotado de atributos como
racionalidade, autoconsciência, linguagem,
moralidade e capacidade de agir. Logo, pensar o
ser humano como sendo alguém desprovido de
tais atributos e características, seria como
desumanizar o ser humano. Daí a grande
relevância da esfera da humanização. Esta
contempla cada indivíduo em seus aspectos
mais abrangentes, possibilitando desse modo,
que suas relações sejam relações humanizadas.
Nesse contexto, é preciso estabelecer
uma relação entre humanizar e humanização.
Humanizar denota um sentido mais distributivo
dos benefícios necessários aos homens.
Segundo Oliveira, Collet e Viera (2006, p. 280):
[...] humanizar consiste
simplesmente canalizar tais
capacidades no sentido de
estender e distribuir, integral e
igualitariamente à humanidade
uma série de benefícios e
resultados considerados
propriedades sine qua non da
condição humana.
Diz-se dos benefícios necessários e
irremediáveis do ser humano, a saber, os
direitos compreendidos e vistos a partir da
habitação, da educação, da equidade, do acesso
ao emprego e a saúde.
Já a humanização tem a ver com a
necessidade que o ser humano tem de se inter-

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Artigo bioterra v16_n1_01

  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 16 - Número 1 - 1º Semestre 2016 A HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE E SUA INTERFACE ENTRE PROCESSOS DE GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA Rubens Alex de Oliveira Menezes1 ; Romulo Lima de Sousa2 ; Ivanete Costa Amanajás3 ; Brena Thays Amorim Menezes4 ; Flávio Henrique Ferreira Barbosa5 ; Aline Siqueira de Miranda Campos6 RESUMO A prestação dos serviços públicos em saúde vem ganhando avanços históricos no que se refere a sua aplicabilidade a partir da valorização humana formada da relação entre profissionais de saúde e usuários do Sistema Único de Saúde – (SUS). A relação estabelecida entre esse binômio torna-se possível quando nutrida por uma gestão comprometida com uma saúde pública humanizada, onde todos os seus processos apontam para a admissibilidade e compreensão do indivíduo em seu sentido mais amplo, a saber, a sua dimensão biopsicossocial. Nesse sentido, o referido artigo tem como objetivo discutir a humanização da saúde e sua interface entre os processos de gestão em saúde pública, haja vista esta perspectiva possibilita uma gestão que atribua maior valor a dimensão subjetiva e social às suas práticas de atenção à saúde. Inicialmente pretende-se suscitar os aspectos históricos e conceituais da humanização. Em seguida analisá-la como sendo essencial nos processos de gestão em saúde pública. Palavras-chave: Humanização da Saúde, Gestão em Saúde Pública, Atenção à Saúde, Biopsicossocial. THE HUMANIZATION HEALTH AND ITS INTERFACE WITH MANAGEMENT PROCESSES IN PUBLIC HEALTH ABSTRACT The provision of public health services has gained historical regarding its applicability from the human appreciation of the relationship formed between health professionals and clients of Health System advances - (SUS). The relationship between this binomial becomes possible when nurtured by a committed management with a humanized public health, where all processes point to the admissibility and understanding of the individual in its broadest sense, namely, their biopsychosocial dimension. In this sense, this Article aims to discuss the humanization of health and its interface with the management processes in public health, given this perspective enable management to assign subjective and social dimensions of their practices health care higher value. Initially we intend to raise the historical and conceptual aspects of humanization. Then analyze it as essential management processes in public health. Keywords: Humanization of Healthcare, Management in Public Health, Health Care, Biopsychosocial 01
  • 2. 1 INTRODUÇÃO A saúde pública passou e vem passando por um processo de construção histórica no que tange à atenção em saúde e os seus diversos modelos de gestão. Numa contextualização histórica, as ações antes intensificadas precisavam passar pelo crivo do melhoramento, tanto no que se referia às condições de trabalho oferecidas aos profissionais de saúde, quanto à necessidade de tornar o Sistema Único de Saúde – (SUS) mais humanizado em sua funcionalidade geral, o que vem tornando-se possível a partir de um modelo de gestão em saúde pública descentralizada, que incorpora em suas práticas esta máxima, proporcionando maiores e melhores resultados. A busca pela humanização da saúde enquanto tema a ser trabalhado neste estudo, traz em seu bojo, a necessidade de uma gestão em saúde pública que seja parte de cada processo e sensível a realidade atravessada pelos atores sociais, principais sujeitos dos serviços de saúde ora prestados. Desse modo, não basta a aplicabilidade de ações que vislumbrem a relação doença-saúde, mas o reconhecimento da saúde como sendo um direito fundamental de cada cidadão, que precisa de relações intensificadas quanto à valorização do cuidado. Esta relação não supõe ato de caridade por parte de profissionais de saúde, mas, como bem nos assevera João (2010), trata-se de “[...] um encontro entre sujeitos, pessoas humanas, que podem construir uma relação saudável, compartilhando saber, poder e experiência vivida” (2010, p. 13). É uma forma de suscitar relações que vão além da simples ação do cuidar, mas que transcendem esta ótica técnica, passando a considerar de ambos os lados (tanto os profissionais de saúde, quanto o cliente da Rede SUS) a perspectiva mais completa do ser humano. A escolha e delimitação do tema como sendo “a humanização da saúde e sua interface com os processos de gestão em saúde pública”, justifica-se pela importância e urgência de se pensar um Sistema Único de Saúde – (SUS) que privilegie um perfil de gestão que trate dos seus processos em saúde, não como sendo meros requisitos justapostos a partir da técnica e da qualidade, mas de processos que vão muito além, com ações que proporcionem o estabelecimento da afetividade, da dignidade e da humanidade. Desse modo, o referido artigo buscou como objetivo geral, analisar a humanização da saúde a partir da influência de uma gestão em saúde pública preocupada não apenas com o perfeito funcionamento técnico das ações em saúde em seus diversos setores e serviços, mas também com a atenção mais humanizada ante os seus principais sujeitos e beneficiários. Este estudo procurou descrever as principais características de um modelo de gestão em saúde pública que permita que a humanização da saúde seja uma realidade entre os principais processos de gestão em saúde pública. Esta pesquisa versa sobre a humanização da saúde como um instrumento político necessário na implementação de um Sistema Único de Saúde comprometido com a admissibilidade do indivíduo enquanto humano, propondo não só uma atenção à saúde que contemple a eficácia e eficiência, mas a valorização do indivíduo em uma perspectiva deveras abrangente. Desse modo, pode-se perceber que a humanização da saúde interfere positivamente nos processos de gestão em saúde. 2 METODOLOGIA A metodologia adotada na formulação do trabalho foi baseada em pesquisas bibliográficas através de consultas a livros, revistas e artigos publicados. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A sua principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2002). Esta pesquisa fundamenta-se sob a ótica da Gestão em Saúde Pública, destacando aspectos de um estudo sobre a Humanização da Saúde e sua interface entre os processos de Gestão em Saúde. Foi baseada no método hipotético-dedutivo, e contou como categorias de análise, requisitos históricos e
  • 3. fundamentalmente de estudos adivindos de um referencial teórico a partir de artigos científicos e outros textos técnicos, proporcionando maior embasamento quanto a problemática aqui trabalhada. Segundo Karl R. Popper “a ciência começa e termina com problemas”. Por isso desenvolveu um esquema: Problema, teoria- tentativa, eliminação do erro, novos problemas. Então, qualquer discussão científica deve começar do principal Problema (P1), onde haverá a busca de uma solução, para então contemplar uma teoria provisória (TT) e esta deve ser criticada para a eliminação dos erros (EE) o que levará a novos Problemas (P2), desta forma:“P1=TT =EE =P2” (POPPER, 2008, p.186). Baseado no esquema representado acima se conclui que, depois de realizados os devidos testes, se a suposição não resistir é porque não está certa, então é preciso formar novas suposições referentes a determinado problema para resistirem aos testes e se tornarem suposições admissíveis. Esse problema nos leva ao processo de investigação, para sabermos o que é válido ou não analisar, e essa análise é baseada em suposições que ajudam na pesquisa (SEVERINO, 2008). O método hipotético-dedutivo possui as seguintes etapas: 1) Colocação do problema: realizar o reconhecimento dos fatos e a descoberta e formulação do problema; 2) Construção de um modelo teórico: ocorre a seleção dos fatores pertinentes e a invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares; 3) Dedução de consequências particulares: ocorre a procura de suportes racionais e de suportes empíricos; 4) Teste das hipóteses: realizasse o esboço e a execução da prova, a elaboração dos dados e a inferência da conclusão; 5) Adição ou introdução das conclusões na teoria: etapa onde os resultados da prova são comparados com as predições e retrodições e, se necessário, corrigidos. E nesta etapa que ocorre a sugestão da realização de uma continuidade do trabalho ou a procura de erros na realização de sua execução (SEVERINO, 2008). Uma grande vantagem do método hipotético-dedutivo é que, uma vez seguidas de forma criteriosa todas as etapas acima descritas, se sua hipótese inicial não é corroborada, têm-se argumentos científicos para criticar os conhecimentos prévios existentes (teorias, paradigmas) e assim contribuir, de forma eficaz, para a geração de novos conhecimentos e para o progresso da ciência (SEVERINO, 2008). 3 DISCUSSÃO Para se falar em humanização da saúde, cabe neste estudo, primeiramente elucidar o conceito de humanização em sentido amplo, bem como as principais características aplicadas a esta palavra tão pequena mas de tamanho significado, não obstante o seu surgimento de maneira contextualizada na história. Para só a partir de então, propôr discussões mais profundas acerca do tema em tela enquanto objeto maior deste estudo. Quanto a compreensão mais geral da palavra humanização, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa nos dispõe que “humanização é o ato ou efeito de humanizar (- se), de tornar (-se) benévolo ou mais sociável” (2009, p. 1887). A própria estrutura etimológica da palavra humanização ao dialogar conosco, nos oferece o entendimento relacionado ao próprio estado humano, sem levar em conta, seus bons atos em relação a si próprio, e o desenvolvimento da inter-relação com o outro. Desse modo, a humanização figura como uma “via de mão dupla”, que alcança tanto o “eu” quanto o “tu”, o que significa dizer da abrangência de todos. Nesse sentido, a humanização ganha dimensões muito mais abragentes quanto ao seu conceito, aplicabilidade e alcance, sobretudo quando externalizada em processos de gestão em saúde. A humanização então deixa de ser somente um modismo, para se tornar uma prática constante. Segundo Rios (2009), ao versar sobre a compreensão do conceito de humanização nos diz que: Embora o termo laico “humanização” possa guardar em si um traço maniqueísta, seu uso histórico o consagra como aquele que rememora movimentos de recuperação de valores humanos esquecidos ou solapados em tempos de frouxidão ética. Em nosso horizonte histórico, a humanização desponta,
  • 4. novamente, no momento em que a sociedade pós-moderna passa por uma revisão de valores e atitudes (RIOS, 2009, p. 254). Quanto a esta assertiva, vemos que a sociedade vem deixando de ser uma sociedade exclusivamente utilitarista, a preocupar-se com as dinâmicas de interesses únicos e exclusivos, e vem se reconstruindo e passando a ser uma sociedade que passa a demonstrar um interesse de mais sensibilidade com seus indivíduos. Algo que se tinha perdido de vista ao longo da história e que havia passado por uma profunda deformação, agora é revisitado e melhorado em função do humano. Ainda sobre o conceito de humanização, João (2010) nos apresenta uma grande lição: O caminho da humanização passa pelo reconhecimento do que o outro tem a dizer. Sendo este outro não necessariamente os usuários dos serviços de saúde, mas, também, os demais profissionais e a própria comunidade organizada. O indivíduo refere-se a um estatuto universal do ser humano: todos somos igualmente indivíduos, pois idealmente temos os mesmos direitos e responsabilidades. Considerando o universo dos serviços de saúde brasileiros, pode-se dizer que a organização do Sistema Único de Saúde segue esta lógica. Por outro lado, indo além desta concepção formal e considerando cada ser humano a partir de suas circunstâncias específicas (JOÃO, 2010, p. 14). Desse modo, percebe-se que o conceito de humanização passa por uma perspectiva dialogal de aceitação, presente nas relações estabelecidas entre os indivíduos, independentemete se estes estejam ou não inseridos no ambiente público de saúde enquanto usuários ou não, lá estará presente a humanização, de forma abrangente, global, transcendendo a técnica e adimitindo cada indivíduo como este o é: ser humano. Quanto a isto, vemos que o indivíduo se faz ao longo das experiências por ele vividas na dinâmica social, e ressignificando o conhecimento, sempre a partir da realidade social, possibilitando a insurgência de novos modelos de atenção à saúde e processos de gestão, que por sua vez, passam a exigir a atualização de estratégias históricas de valorização e desenvolvimento da pessoa humana. Segundo João (2010), o caráter aplicado à pessoa, não se refere em tentar fazê-la ser humano, haja vista esta já o ser. Nessa perspectiva, não caberia a protagonização da humanização. No entanto, não é o que pretende o autor, mas remeter-nos a ideia de que cada ser humano deva ser considerado em sua individualidade física e espiritual (o que na atualidade se entende como sendo a perspectiva biopsicossocial), e dotado de atributos como racionalidade, autoconsciência, linguagem, moralidade e capacidade de agir. Logo, pensar o ser humano como sendo alguém desprovido de tais atributos e características, seria como desumanizar o ser humano. Daí a grande relevância da esfera da humanização. Esta contempla cada indivíduo em seus aspectos mais abrangentes, possibilitando desse modo, que suas relações sejam relações humanizadas. Nesse contexto, é preciso estabelecer uma relação entre humanizar e humanização. Humanizar denota um sentido mais distributivo dos benefícios necessários aos homens. Segundo Oliveira, Collet e Viera (2006, p. 280): [...] humanizar consiste simplesmente canalizar tais capacidades no sentido de estender e distribuir, integral e igualitariamente à humanidade uma série de benefícios e resultados considerados propriedades sine qua non da condição humana. Diz-se dos benefícios necessários e irremediáveis do ser humano, a saber, os direitos compreendidos e vistos a partir da habitação, da educação, da equidade, do acesso ao emprego e a saúde. Já a humanização tem a ver com a necessidade que o ser humano tem de se inter-
  • 5. relacionar com o outro através dos aspectos da comunicação. Seria um momento de troca de informações, experiências e admissibilidade do outro sem nenhuma forma de autoafirmação. É por esta razão que Oliveira, Collet e Viera (2006, p. 281) nos diz que: A humanização depende da capacidade de falar e de ouvir, pois as coisas do mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com os semelhantes, ou seja, viabilizar nas relações e interações humanas o diálogo, não apenas como uma técnica de comunicação verbal que possui um objetivo pré-determinado, mas sim como forma de conhecer o outro, compreendê-lo e atingir o estabelecimento de metas conjuntas que possam propiciar o bem-estar recíproco. Daí, portanto, pode-se inferir que a humanização carrega uma compreensão muito mais abrangente das diversas práticas e ações em saúde pública, não obstante a sua incisiva influência nos diversos espaços e sujeitos, sejam eles os próprios profissionais de saúde, sejam os usuários do Sistema Único de Saúde – (SUS). Desse modo, a comunicação especificada pelo o autor, trata de um atributo necessário no melhoramento e fortalecimento do modelo de atenção à saúde que hoje se tem. - A história da Humanização da Saúde Brasileira Estando de posse de diversos conceitos sobre humanização, cabe agora percebermos uma relação entre esta e a saúde, de modo a entender em que momento da história da saúde pública brasileira, começa-se perceber a inserção política de uma saúde humanizada. Ou em outros termos, qual a origem da humanização da saúde. Para tanto, resta, recorrermos a uma história que por sua vez está intimamente ligada ao surgimento do próprio SUS. Assim como em todo e qualquer movimento ou sistema, que para se desenvolver passa por processos de constantes embates na construção de avanços e benefícios coletivos, assim foi com a saúde pública brasileira. Em seu percurso histórico foi da criação a partir da Constituição Federal de 1988, e a sua regulamentação a partir da Lei Nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990, a Lei Orgânica de Saúde na qual são definidas suas diretrizes, objetivos e forma de organização nas 3 esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal. Observa-se o grande salto da saúde brasileira. Este momento legitima o que nos anos seguintes entende-se como sendo a gênese da humanização da saúde, pois a Saúde Pública Brasileira passou a aperfeiçoar suas diversas ações com o surgimento do SUS, facilitando o acesso aos seus usuários. Porém, é necessário descrever como este processo se deu. Historicamente falando, a humanização não surge de forma descontextualizada, mas tem sua gênese no movimento da Reforma Sanitária que se deu nos anos 1980. Segundo Rios (2009), as constantes lutas no cenário sociopolítico desencadearam o som de inúmeras vozes que desejaram se fazer ouvir em meio a ausência de direitos nas diversas áreas, inclusive no campo da saúde. A partir da Reforma Sanitarista inicia-se a concepção de um novo projeto que supõe a valorização da saúde enquanto direito garantido a todo o sujeito por parte do Estado. Agora, a partir deste momento da história, temos um Estado mais preocupado com as questões da Saúde Pública. É o que nos assevera João (2010), ao dizer que “[...] como direito de todo cidadão a ser garantido pelo Estado, envolvendo princípios, como a equidade do atendimento, a integralidade da atenção e a participação social do usuário, homem como totalidade, entendido em sua inteireza biopsicossocial” (JOÃO, 2010, p. 14). O principal advento da valorização e modificação da Saúde brasileira, como já visto, é o surgimento e implementação do SUS, Sistema que figura como sendo um divisor de águas ao que se refere a atenção à saúde e o melhoramento das diversas ações vistas neste novo Sistema que surge, mas que se acumula forças em torno desta discussão a partir de outros institutos de notória relevância para a humanização da saúde (MIRANDA, 2005). Dentre os principais institutos destacam- se a Carta ao Usuário (1999), Programa Nacional de Avaliação dos Serviços
  • 6. Hospitalares – PNASH (1999); Programa de Acreditação Hospitalar (2001); Programa Centros Colaboradores para a Qualidade e Assistência Hospitalar (2000); Programa de Modernização Gerencial dos Grandes Estabelecimentos de Saúde (1999); Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (2000). Norma de Atenção Humanizada de Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru (2000), e ainda, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar - (PNHAH) e Política Nacional de Humanização da atenção e gestão no Sistema de Saúde Humaniza SUS - (PNH), criados respectivamente nos anos de 2002 e 2003, dentre outros instrumentos que surgem com o objetivo de fortalecer a Rede SUS. Como bem versa Benevides e Passos (2005, p. 390): Ainda que a palavra humanização não apareça em todos os Programas e ações e que haja diferentes intenções e focos entre eles, podemos acompanhar uma tênue relação que vai se estabelecendo entre humanização-qualidade na atenção-satisfação do usuário. O PNHAH contou em sua primeira etapa com a realização de um Projeto-Piloto implementado em dez hospitais distribuídos em várias regiões do Brasil, situado em diferentes realidades socioculturais, e que possuíam diferentes portes, perfis de serviços e modelos de gestão. Sendo os principais objetivos deste Projeto-Piloto: deflagrar um processo de humanização dos serviços de forma vigorosa e profunda, processo esse destinado a provocar mudanças progressivas, sólidas e permanentes na cultura de atendimento à saúde, em benefício tanto dos usuários-clientes quanto dos profissionais. Além de produzir um conhecimento específico acerca destas instituições, sob a ótica da humanização do atendimento, de forma a colher subsídios que favoreçam a disseminação da experiência para os demais hospitais que integram o serviço de saúde pública no Brasil. Nesse contexto, a figura da Gestão em Saúde Pública torna-se fundamental, pois como versa o PNHAH (2001, p.12): É fundamental a sensibilização dos dirigentes dos hospitais para a questão da humanização e para o desenvolvimento de um modelo de gestão que reflita a lógica do ideário deste processo: cultura organizacional pautada pelo respeito, pela solidariedade, pelo desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos agentes envolvidos e dos usuários. No entanto, estes instrumentos não seriam possíveis se a discussão não tivesse sido primeiramente suscitada na 11ª Conferência Nacional de Saúde, acontecida no ano 2000, evento que carregou como título “Acesso, qualidade e humanização da atenção à saúde com controle social”. Este evento faz surgir outras iniciativas como a Humanização do Parto e da Saúde da Criança e iniciou suas ações em hospitais com o intuito de criar comitês de humanização voltados para a melhoria na qualidade da atenção e, mais tarde, com foco também no trabalhador. Segundo Pasche e Passos (2008, p.92) [...] com a Política Nacional de Humanização (PNH), se intensifica esta aposta na humanização das práticas de gestão e de atenção (nos modos de gerir e nos modos de cuidar). A PNH emerge, então, no cenário da reforma sanitária brasileira, que se constitui pari passu à construção do campo da saúde coletiva e das experiências de humanização em curso no SUS, às quais propõem mudanças em seu sentido e forma de organização. Quanto a esta asseverativa, o que se percebe é que com a Política Nacional de
  • 7. fundamentalmente de estudos adivindos de um referencial teórico a partir de artigos científicos e outros textos técnicos, proporcionando maior embasamento quanto a problemática aqui trabalhada. Segundo Karl R. Popper “a ciência começa e termina com problemas”. Por isso desenvolveu um esquema: Problema, teoria- tentativa, eliminação do erro, novos problemas. Então, qualquer discussão científica deve começar do principal Problema (P1), onde haverá a busca de uma solução, para então contemplar uma teoria provisória (TT) e esta deve ser criticada para a eliminação dos erros (EE) o que levará a novos Problemas (P2), desta forma:“P1=TT =EE =P2” (POPPER, 2008, p.186). Baseado no esquema representado acima se conclui que, depois de realizados os devidos testes, se a suposição não resistir é porque não está certa, então é preciso formar novas suposições referentes a determinado problema para resistirem aos testes e se tornarem suposições admissíveis. Esse problema nos leva ao processo de investigação, para sabermos o que é válido ou não analisar, e essa análise é baseada em suposições que ajudam na pesquisa (SEVERINO, 2008). O método hipotético-dedutivo possui as seguintes etapas: 1) Colocação do problema: realizar o reconhecimento dos fatos e a descoberta e formulação do problema; 2) Construção de um modelo teórico: ocorre a seleção dos fatores pertinentes e a invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares; 3) Dedução de consequências particulares: ocorre a procura de suportes racionais e de suportes empíricos; 4) Teste das hipóteses: realizasse o esboço e a execução da prova, a elaboração dos dados e a inferência da conclusão; 5) Adição ou introdução das conclusões na teoria: etapa onde os resultados da prova são comparados com as predições e retrodições e, se necessário, corrigidos. E nesta etapa que ocorre a sugestão da realização de uma continuidade do trabalho ou a procura de erros na realização de sua execução (SEVERINO, 2008). Uma grande vantagem do método hipotético-dedutivo é que, uma vez seguidas de forma criteriosa todas as etapas acima descritas, se sua hipótese inicial não é corroborada, têm-se argumentos científicos para criticar os conhecimentos prévios existentes (teorias, paradigmas) e assim contribuir, de forma eficaz, para a geração de novos conhecimentos e para o progresso da ciência (SEVERINO, 2008). 3 DISCUSSÃO Para se falar em humanização da saúde, cabe neste estudo, primeiramente elucidar o conceito de humanização em sentido amplo, bem como as principais características aplicadas a esta palavra tão pequena mas de tamanho significado, não obstante o seu surgimento de maneira contextualizada na história. Para só a partir de então, propôr discussões mais profundas acerca do tema em tela enquanto objeto maior deste estudo. Quanto a compreensão mais geral da palavra humanização, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa nos dispõe que “humanização é o ato ou efeito de humanizar (- se), de tornar (-se) benévolo ou mais sociável” (2009, p. 1887). A própria estrutura etimológica da palavra humanização ao dialogar conosco, nos oferece o entendimento relacionado ao próprio estado humano, sem levar em conta, seus bons atos em relação a si próprio, e o desenvolvimento da inter-relação com o outro. Desse modo, a humanização figura como uma “via de mão dupla”, que alcança tanto o “eu” quanto o “tu”, o que significa dizer da abrangência de todos. Nesse sentido, a humanização ganha dimensões muito mais abragentes quanto ao seu conceito, aplicabilidade e alcance, sobretudo quando externalizada em processos de gestão em saúde. A humanização então deixa de ser somente um modismo, para se tornar uma prática constante. Segundo Rios (2009), ao versar sobre a compreensão do conceito de humanização nos diz que: Embora o termo laico “humanização” possa guardar em si um traço maniqueísta, seu uso histórico o consagra como aquele que rememora movimentos de recuperação de valores humanos esquecidos ou solapados em tempos de frouxidão ética. Em nosso horizonte histórico, a humanização desponta,
  • 8. elementos que tragam maior consistência as ações em saúde, tudo por que hoje já se entende a Gestão em Saúde Pública numa compreensão mais abrangente em relação ao indivíduo enquanto usuário do SUS, mas que ainda é visto de maneira fragmentada por grande parte dos profissionais que militam em suas funções na saúde. Assim sendo, vemos que a Gestão em Saúde não se constitui somente a luz da institucionalização da saúde, mas tem um olhar para o humano. De acordo com o que versa Miranda (2005, p.84), [...] a gestão governamental em saúde é constituída a partir de uma práxis social de âmbito institucional, possuindo uma natureza complexa e um caráter polivalente (ético, político, estratégico, técnico, administrativo). Seus modos de ser estão conformados em uma dimensão política, a partir da intermediação de interesses distintos, das interações de poder e de margens de autonomia; constituídos a partir de ações intencionais ou comportamentos regrados de atores sociais; expressos em distintas racionalidades da ação; desencadeados a partir de decisões (formais e informais); e consubstanciados em combinações tecnológicas, métodos, técnicas, instrumentos e atividades intermediárias nos sistemas institucionalizados de ação. Este conceito fala de gestão em saúde, mas infelizmente em quase nada compreende ou traduz a complexidade que é ter um Sistema de Saúde embebido na humanização da saúde. Não se trata somente em ter uma gestão que planeje ou crie estratégias (isto é deveras importante em ambientes em que se gere certo coletivo social), mas uma gestão que perceba os seus usuários como sendo mais do que clientes, como humanos, para além da técnica, tratados por um Sistema de Saúde humanizado. E para se alcançar este patamar de desenvolvimento, todos os processos de Gestão em Saúde Pública devem seguir esta máxima de valorização do humano, que considere o universo plural da saúde coletiva, mas cada ser humano em sua individualidade. Como nos dizem Pasche e Passos (2008), ao demonstrar que “O desafio é o de enfrentar o adoecimento e o risco de adoecer em sujeitos histórico-sociais, eles próprios entendidos como singularidades e efeito de múltiplas determinações” (2008, p. 94). Vemos que as práticas em saúde passam a dar maior destaque aos sujeitos implicados no processo de produção de saúde, tomá-los como protagonistas e corresponsáveis neste processo obriga-nos a valorizar a dimensão humana intrínseca a todas as práticas de saúde. Desse modo, o assunto humanização da atenção e da gestão das práticas de saúde, deixará o campo teórico e tornar-se-á uma realidade global da práxis. Neste cenário, o modelo retrógrado e autoritário de gestão em Saúde Pública não cabe mais, pois se deve também levar em consideração que a sociedade goza de uma característica mutacional, pois é formada por pessoas com pontos de vista diversos que mudam constantemente, logo, a tendência da dinâmica dos diversos serviços públicos, como no campo da saúde, é mudar. - A Política Nacional de Humanização – (PNH) A Política Nacional de Humanização – (PNH), instituída em 2003, trata-se do principal instrumento na tarefa de humanização do SUS. Ela oferece a Gestão em Saúde Pública suficiente embasamento na implementação e fortalecimento da Humanização da Saúde, dessa maneira, esta Política pode ser vista como o instrumento necessário para se fazer diversas mudanças na saúde, haja vista a mesma, pontuar de maneira específica os princípios norteadores que devem ser observados pela Gestão em Saúde no caso de se desejar mais atenção aos diversos processos de saúde de forma humanizada. Assim dispõe o PNH (2003): - Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, orientação sexual e às
  • 9. populações específicas (índios, quilombolas, ribeirinhos, assentados, etc.); - Buscar contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com as ideias e as diretrizes da humanização e fortalecimento das iniciativas existentes; Fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a transversalidade e a grupalidade; - Apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de saúde e com a produção de sujeitos; - Construção de autonomia e protagonismo de sujeitos e coletivos implicados na rede do SUS, corresponsabilizando esses sujeitos nos processos de gestão e de atenção; Fortalecimento do controle social com caráter participativo em todas as instâncias gestoras do SUS; - Produzir conhecimento e desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de cuidado e de gestão em saúde; - Compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos profissionais de saúde, estimulando processos de educação permanente; - Aprimorar e ofertar/divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis nos modelos de atenção e de gestão em saúde; - Implementar processos de acompanhamento e avaliação na/da PNH, na perspectiva de produção de conhecimento, incluindo metodologias e informações para aprimoramento da gestão, ressaltando análises e saberes gerados no próprio processo de construção de redes. Aponta-se, com isso, para a valorização dos processos coletivos e experiências exitosas, a serem colocadas em situação de análise (fazendo e aprendendo a partir da análise de experiências) (BRASIL, 2003, p. 5). Vemos que a Política está posta, porém até onde se conseguiu ser concretizada desde o seu aparecimento e instituição? Percebe-se que as relações sociais vistas neste universo do SUS, têm sido relações marcadas por um desequilíbrio do poder, desconsiderando assim, a maioria dos interesses e desejos do outro. Sendo assim, não se pode admitir a existência da Humanização nesses espaços, pois todos devem estar integrados, sejam profissionais ou usuários (clientes), de forma em que as ações convirjam para relações democratizadas. Segundo Campos (2005, p. 299): Humanização depende, portanto, do aperfeiçoamento do sistema de gestão compartilhada, de sua extensão para cada distrito, serviço e para as relações cotidianas [...] dirigidas a aumentar o poder do doente ou da população em geral perante o poder e a autoridade do saber e das práticas sanitárias. Porém não é o tom da maioria dos processos de saúde, atitudes que por sua vez ignoram todos os princípios norteadores da humanização da saúde. As ações a serem desenvolvidas a partir do PNH nos processos de Gestão em Saúde, devem considerar um circuito de mudanças nas áreas técnicas e de pessoas, ou seja, as estruturas devem ser mudadas. Porém quais os caminhos serem trilhados para essa possível mudança. É o que Campos (2005) nos responde, ao dizer que: A reforma da atenção no sentido de facilitar a construção de vínculos entre equipes e usuários, bem como no de explicitar com clareza a responsabilidade sanitária são instrumentos poderosos para mudança (2005, p. 400). Portanto, está claro que a construção de vínculos e a sua manutenção nos diversos processos da Gestão em Saúde, possibilita a Humanização da Saúde. É lógico que a construção de vínculos figura como sendo apenas um viés para se atingir este fim, temos vários outros, que bem trabalhados podem proporcionar incríveis resultados em níveis qualitativos e quantitativos. - Humanização na Gestão Hospitalar
  • 10. O hospital da atualidade é uma organização complexa, onde atividades industriais se misturam à ciência e à tecnologia de ponta, com o objetivo de atender à clientela nas suas necessidades de saúde, sendo indisponível que essa atenção seja oferecida em um ambiente seguro. Existem limites para a consecução da produtividade nos hospitais através da tecnologia, equipamentos e conhecimento técnico-científico; porém, quando esses limites são atingidos, só há uma coisa a fazer para melhorar-se no mercado investir na humanização. As atribuições de se oferecer bem-estar, aconchego, conforto, estão relacionadas à hospitalidade, pois é esta a responsável por tal efeito, porque resgata as origens e a essência da assistência hospitalar, como uma organização acolhedora de pessoas que não estão desfrutando de saúde. Destacamos que a própria questão da humanização de atendimento em saúde pode estar relacionada ou ainda pode ser beneficiada da inserção do conceito de hospitalidade. Não estamos falando de luxo, mas de ambientes onde haja: – a preocupação em oferecer aos internados e familiares espaço para uma convivência não hostil com profissionais do hospital; – oferecimento de vínculos com o “mundo” que continua a “acontecer” fora das fronteiras do hospital: notícias, contato com amigos. Como exemplo: oferecimento de jornais, revistas, televisão, entre outros; – opção de cardápio; – cuidados higiênicos: Ambiente bem cuidado (cheiro, cores agradáveis, confortável, maciez, aparência, respeito à privacidade); – acolhimento: não se limita a um curso de sorrisos, mas o desenvolvimento de atividades comportamentais que estimulem e levem os profissionais a repensarem e refletirem sobre posturas e comportamentos respeitosos, amistosos, não invasivos nem indiferentes; – ambientação: cuidado com o paisagismo e uso de cores, quadros e outros elementos decorativos etc... Apesar dos avanços acumulados, hoje, a saúde pública ainda enfrenta fragmentação dos processos de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais, fragmentação da rede assistencial, precária interação nas equipes, burocratização e verticalização do sistema, baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, formação dos profissionais de saúde distante do debate e da resultante de ações consideradas desumanizadas na relação com os usuários do serviço público de saúde. Hoje em dia, com um pouco de criatividade, parcerias e boa vontade dos colaboradores, é realmente possível desenvolver esse serviço nas instituições públicas de saúde. Por exemplo, providenciando: – cadeiras nas áreas de espera; – redução de filas com marcação de consultas nos postos de saúde ou por telefone; – bancas móveis, para vender jornais e revistas nos corredores. – atividades como palestras, cursos rápidos (ministrados pelos profissionais da instituição); – aquisição de novos equipamentos médico- hospitalares; – abertura de novos serviços. Tais benefícios, aparentemente simples, trazem um reflexo muito grande na diminuição da angústia e um aumento significativo na humanização da instituição. Outras ações mais complexas, também ajudariam na humanização da saúde pública: – contratação de profissionais suficientes para atender à demanda da população; – melhoria dos salários, das condições de trabalho e da imagem do serviço público de saúde junto à população. Espera-se com a implantação desses programas a oferta de um tratamento digno, solidário e acolhedor por parte dos que atendem o usuário não apenas como direito, mas como etapa fundamental na conquista da cidadania. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Falar de humanização da saúde não se mostra uma tarefa fácil, pois mesmo com todos os institutos legais que garantem direitos, mesmo com a existência de Programas, documentos e Políticas que contemplam o assunto, ainda assim, se percebe uma constante resistência. Este processo não se solidificará (se assim o for) facilmente, trata-se de um processo demorado e extenso, tendo em vista sua tamanha complexidade.
  • 11. É preciso generalizar a humanização da saúde, no sentido de desfragmentá-la, ou seja, os diversos processos e ações em saúde devem deixar de atuarem isoladamente, onde cada frente desenvolve o seu ponto de vista da humanização. O que se vê é que, torna-se mais cômodo seguir o modo que está posto, do que buscar modificá-lo em face de um modelo que carregue uma teoria e prática que seja entendido e efetivado por todos. Quanto a humanização da saúde se apresenta como um instrumento político necessário na implementação de um Sistema Único de Saúde comprometido com a admissibilidade do indivíduo enquanto humano, propondo não só uma atenção à saúde que contemple a eficácia e eficiência, mas a valorização do indivíduo, colaborando positivamente nos processos de gestão em saúde se comprova. No entanto, além da comprovação da referida hipótese, sugiram outras informações que apontam para a possível substituição do atual modelo, em vista da humanização da saúde. Esta pesquisa, fundamentada em uma literatura atual sobre gestão em saúde, ocupa um lugar de extrema importância para o fortalecimento das discussões em trono do tema humanização da saúde. Não se trata somente de mais um estudo sobre saúde, mas de um estudo que pode contribuir na modificação da consciência de indivíduos que figuram como principais sujeitos deste universo chamado SUS. Além de se mostrar ser de profunda importância para a conscientização das equipes gestoras de saúde, o referido estudo também se mostra de grande relevância para a sociedade, fim último de todos os processos de gestão em saúde. Seu destaque consiste em propor melhores condições de trabalho aos profissionais de saúde, e em proporcionar melhor acolhimento e atenção aos usuários da Rede SUS, tudo a partir de um processo inter- relacional, onde esses sujeitos admitem a subjetividade um do outro. Quanto sua relevância científica, esta pesquisa se apresenta como mais uma opção de consulta teórica, de modo a oferecer os principais conceitos sobre os assuntos mais importantes ora abordados, de apontar sugestões que buscam solucionar os problemas que se erguem em torno do assunto, além de corroborar para o amadurecimento e popularização dessas discussões, sobretudo junto aos profissionais de saúde. Portanto, o tema humanização da saúde, deve ser tratado com bastante atenção por parte da gestão em saúde. Compreender que toda a funcionalidade do Sistema Único de Saúde – (SUS) depende de uma política integrada, genérica, entendida e vivenciada por todos é prioritário. Não basta desenvolver uma prática humanizada em saúde isoladamente, mas convencionar que a humanização da saúde está intimamente ligada aos processos de gestão em saúde pública. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVIDES, Regina; PASSOS, Eduardo. Humanização na Saúde: um novo modismo? São Paulo, Campinas: Revista Interface – Comunicação, Saúde e Educação, v. 9, n. 17, p. 389-406, mar/ago 2005. BRASIL. Política Nacional de Humanização – (PNH). Brasília: Ministério da Saúde – Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização, 2003. BRASIL. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde – Secretaria de Assistência à Saúde, 2001. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Humanização da Saúde: um projeto em defesa da vida? São Paulo, Campinas: Revista Interface – Comunicação, Saúde e Educação, v. 9, n. 17, p. 389-406, mar/ago 2005. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. São Paulo: Atlas; 2002. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009. JOÃO, Walter da Silva Jorge. Humanização da Saúde. Artigo. Brasília: Pharmacia Brasileira, julho/agosto, 2010, p. 13-14.
  • 12. novamente, no momento em que a sociedade pós-moderna passa por uma revisão de valores e atitudes (RIOS, 2009, p. 254). Quanto a esta assertiva, vemos que a sociedade vem deixando de ser uma sociedade exclusivamente utilitarista, a preocupar-se com as dinâmicas de interesses únicos e exclusivos, e vem se reconstruindo e passando a ser uma sociedade que passa a demonstrar um interesse de mais sensibilidade com seus indivíduos. Algo que se tinha perdido de vista ao longo da história e que havia passado por uma profunda deformação, agora é revisitado e melhorado em função do humano. Ainda sobre o conceito de humanização, João (2010) nos apresenta uma grande lição: O caminho da humanização passa pelo reconhecimento do que o outro tem a dizer. Sendo este outro não necessariamente os usuários dos serviços de saúde, mas, também, os demais profissionais e a própria comunidade organizada. O indivíduo refere-se a um estatuto universal do ser humano: todos somos igualmente indivíduos, pois idealmente temos os mesmos direitos e responsabilidades. Considerando o universo dos serviços de saúde brasileiros, pode-se dizer que a organização do Sistema Único de Saúde segue esta lógica. Por outro lado, indo além desta concepção formal e considerando cada ser humano a partir de suas circunstâncias específicas (JOÃO, 2010, p. 14). Desse modo, percebe-se que o conceito de humanização passa por uma perspectiva dialogal de aceitação, presente nas relações estabelecidas entre os indivíduos, independentemete se estes estejam ou não inseridos no ambiente público de saúde enquanto usuários ou não, lá estará presente a humanização, de forma abrangente, global, transcendendo a técnica e adimitindo cada indivíduo como este o é: ser humano. Quanto a isto, vemos que o indivíduo se faz ao longo das experiências por ele vividas na dinâmica social, e ressignificando o conhecimento, sempre a partir da realidade social, possibilitando a insurgência de novos modelos de atenção à saúde e processos de gestão, que por sua vez, passam a exigir a atualização de estratégias históricas de valorização e desenvolvimento da pessoa humana. Segundo João (2010), o caráter aplicado à pessoa, não se refere em tentar fazê-la ser humano, haja vista esta já o ser. Nessa perspectiva, não caberia a protagonização da humanização. No entanto, não é o que pretende o autor, mas remeter-nos a ideia de que cada ser humano deva ser considerado em sua individualidade física e espiritual (o que na atualidade se entende como sendo a perspectiva biopsicossocial), e dotado de atributos como racionalidade, autoconsciência, linguagem, moralidade e capacidade de agir. Logo, pensar o ser humano como sendo alguém desprovido de tais atributos e características, seria como desumanizar o ser humano. Daí a grande relevância da esfera da humanização. Esta contempla cada indivíduo em seus aspectos mais abrangentes, possibilitando desse modo, que suas relações sejam relações humanizadas. Nesse contexto, é preciso estabelecer uma relação entre humanizar e humanização. Humanizar denota um sentido mais distributivo dos benefícios necessários aos homens. Segundo Oliveira, Collet e Viera (2006, p. 280): [...] humanizar consiste simplesmente canalizar tais capacidades no sentido de estender e distribuir, integral e igualitariamente à humanidade uma série de benefícios e resultados considerados propriedades sine qua non da condição humana. Diz-se dos benefícios necessários e irremediáveis do ser humano, a saber, os direitos compreendidos e vistos a partir da habitação, da educação, da equidade, do acesso ao emprego e a saúde. Já a humanização tem a ver com a necessidade que o ser humano tem de se inter-