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Cefaléias Primárias
1. 2021/1-INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOR (ELETIVA
III)
Cefaléias primárias
Carlos Darcy Alves Bersot
Título Superior em Anestesiologia-SBA
Responsável pelo Centro de Ensino e Treinamento HFLagoa
Médico Anestesiologista do Hospital Federal da Lagoa-SUS
Professor Ciências da Dor UNFAA
2. ● Reconhecer os tipos de cefaléia
● Identificar as causas que levam a ocorrência
de determinados tipos de cefaléia.
● Compreender a neurofisiologia desta
específica sensação somática.
9. TIPOS DE CEFALEIA
PRIMÁRIA
Enxaqueca
Enxaqueca
sem aura
Enxaqueca
com aura
Cefaleia
tensional
Cefaleia
tensional,
episódica
Cefaleia
tensional,
crônica
Cefaleia
em salvas
Cefaleia
em salvas,
episódica
Cefaleia
em salvas,
crônica
10.
11.
12.
13. FATORES DESENCADEANTES
CRISES DE ENXAQUECA
PRÓDROMO AURA DOR
✔Unilateral fronto-
temporal
✔Intensidade
moderada a forte
✔ Caráter pulsátil
✔Piora com atividade
física
✔ Geralmente matutina
✔ Duração 4 a 72 horas
✔ Até 48 hs antes ✔ Dura menos
da crise 60% dos de uma
pacientes hora, geralment
e, antecede as
crises
SINTOMAS
ASSOCIADOS
PÓSDROMO
31. CEFALEIAS
PRIMÁRIAS
ENXAQUECA TENSIONAL SALVAS
Prevalência 10% 30 A 78% Rara
População ♀3:1♂ Pico 30 a 50
anos
♀1,2:1♂ Pico 30
a 40 anos
♀1:6♂ Pico 20 a
30 anos
História Familiar Sim Não Não
Fatores
Precipitantes
Clima, estresse,
alimentos, álcool, pré-
mestrual
Estresse Álcool (70%)
Dor Frontotemporal
Unilateral
Pulsátil
Moderada a grave
4 a 72 horas
Manhã ou tarde
Bilateral
Opressiva
Leve a moderada
30 min-7 dias
Final da tarde
Periorbital
Unilateral
Em facadas
Insuportável
15-180 min
Noturna
32. Figura 1 – Áreas de cefaléias resultantes de diferentes causas
33.
34. “Cefaleia é todo processo doloroso
referido no seguimento cefálico, o
qual pode originar-se em qualquer
das estruturas faciais ou cranianas”.
NITRINE, R. A Neurologia que todo Médico deve saber. 2. ed.
008.
35. INTRODUÇÃO
◻ A cefaleia é o sintoma mais referido pelos
pacientes na prática clínica;
◻ Estima-se que 80% indivíduos
apresentarão, ao menos uma vez ao ano,
um episódio de cefaleia, sendo que metade
deste número, apresentarão ao menos dois;
◻ O sexo feminino em geral é o mais acometido.
36. BASES
ANATÔMICAS
◻ Dois são os mecanismos básicos envolvidos
na produção das cefaleias:
◻ 1. Deslocamento, tração, distensão, irritação
ou inflamação das estruturas sensíveis à dor:
todas as estruturas faciais, o couro cabeludo,
o periósteo, os vasos sanguíneos EC, as A.a
do círculo de Willis, os grandes seios venosos
IC, a parte basal da dura-máter e os N.n
sensitivos;
◻ 2. Vasodilatação.
37. CEFALEIAS PRIMÁRIAS
Trata-se de cefaleia crônica, de
apresentação episódica ou contínua e
de natureza disfuncional, o que significa
a não participação de processos
estruturais na etiologia da dor.
38. ENXAQUECA
◻ Trata-se de uma reação neurovascular, que se
exterioriza, clinicamente, por episódios recorrentes de
cefaleia e manifestações associadas e que,
geralmente, dependem da presença de fatores
desencadeantes;
◻ Estima-se que 12% da população sofra de
enxaqueca;
◻ Predomina no sexo feminino na proporção de 3:1;
◻ A enxaqueca sem aura corresponde a 80% das
enxaquecas, já a com aura 10 a 15%;
◻ Na maioria dos casos a primeira manifestação ocorre
antes do 20 anos.
39. FATORES
DESENCADEANTES
◻ Problemas emocionais;
◻ Jejum prolongado;
◻ Alterações no ciclo sono-vigília;
◻ Ciclo hormonal;
◻ Alterações do humor;
◻ Atividades físicas;
◻ Ingestão de bebidas alcoólicas;
◻ Ingestão de determinados alimentos;
◻ Exposição a estímulos luminosos intensos e/ou
intermitentes.
40. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
◻ Pelo menos cinco crises que cumpram os seguintes
critérios:
◻ 1. Duas das características seguintes:
🞑 Localização unilateral;
🞑 Pulsátil;
🞑 De intensidade moderada a severa;
🞑 Agravada (ou causando privação da) atividade
física.
◻ 2. Pelo menos um dos sintomas ou sinais seguintes:
🞑 Náuseas e/ou vômitos;
🞑 Fotofobia e fonofobia.
41. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
◻ Enxaqueca sem aura:
🞑 Tem início com dor holo ou hemicraniana;
🞑 A dor predomina nas regiões frontal, temporal e
occipital;
🞑 No período de estado da crise a dor é de grande
intensidade, latejante, podendo ser acompanhada
fotofobia, fonofobia, osmofobia e náseas;
🞑 Nessa fase é exacerbada por esforços físicos e a
tendência do paciente é procurar um ambiente
escuro e silencioso;
🞑 Podem ocorrer vômitos ao final da fase álgica.
42. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
◻ Enxaqueca com aura:
🞑 A aura pode traduzir-se por manifestações
visuais, sensitivas, motoras ou afásicas;
🞑 A aura mais comum é a visual: escotomas
(flashes de luz, bolas coloridas, linhas em
ziguezague), quadrantanopsias ou hemianopsias;
🞑 Os distúrbios sensitivos geralmente manifestam-
se como parestesias unilaterais;
🞑 Outras manifestações: hemiparesia, afasia,
vertigem e diplopia.
43. CEFALEIA TENSIONAL
◻ Também denominada cefaleia da contração muscular e
cefaleia psicogênica;
◻ É a forma clínica mais comum de cefaleia, podendo
estar presente em até 40% da população, geralmente
com incidência igual em ambos os sexos;
◻ Está relacionada a contração muscular prolongada da
musculatura da cabeça e do pescoço;
◻ A localização geralmente é suboccipital;
◻ Aparece geralmente a partir da 2ª ou 3ª década de vida;
◻ É desencadeada principalmente por fatores emocionais
e o stress cotidiano.
44. CLASSIFICAÇÃO
◻ Cefaleia tensional episódica: ocorre em menos de
15 dias por mês;
◻ Cefaleia tensional crônica: ocorre em pelo menos
15 dias por mês, com uma média que atinja pelo
menos 180 dias por ano.
45. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
◻ A dor geralmente é caracterizada como “peso” ou
“aperto”, contínua e não pulsátil;
◻ Variável em frequência, duração e intensidade, sendo
na maioria das vezes de fraca a moderada;
◻ As localizações mais comuns são occipital,
subocciopital, frontal, temporal e periorbitária;
◻ Ausência de náuseas e/ou vômitos. Pode associar-se
a fotofobia ou a fonofobia, mas não a ambos;
◻ Raramente as crises impossibilitam a realização das
atividades diárias.
46. CEFALEIA EM
SALVAS
◻ Por muito tempo conhecida como cefaleia
histamínica;
◻ É de menor aparecimento na prática clínica;
◻ Relaciona-se com períodos de dor intensa e contínua,
atribuídos a disfunções autonômicas.
◻ Predomina no sexo masculino 6:1;
◻ Na forma episódica ocorrem pelo menos duas salvas,
em um período de 7 dias a 1 ano, separadas por
remissão de, pelo menos, 30 dias;
◻ Na forma crônica os períodos de remissão são
menores que 30 dias.
47. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
◻ As crises dor são de início súbito, sua
intensidade excruciante, explosiva e de
caráter pulsátil, unilaterais e sempre do
mesmo lado;
◻ O quadro álgico localiza-se no globo ocular ou
ao seu redor;
◻ Geralmente vem acompanhado de
lacrimejamento, congestão ocular e nasal;
◻ As crises duram de 20 minutos a 2 horas.
48. TRATAMENTO EM LINHAS
GERAIS
◻ Medidas gerais:
🞑 Tranquilizar o doente;
🞑 Aconselhar a reconhecer e evitar os fatores
desencadeantes;
🞑 Aconselhar a terapêuticas apropriada;
🞑 Evitar a automedicação e abuso de
medicamentos.
S
49. TRATAMENTO EM LINHAS
GERAIS
◻ Medidas não farmacológicas:
🞑 Na enxaqueca: técnicas de relaxamento e
técnicas de bio-feedback;
🞑 Na cefaleia tensional: fisioterapia, acupuntura,
psicoterapia;
🞑 Na cefaleia em salvas: cirurgia (termocoagulação
do gânglio Gasser, secção da raiz oftálmica do
nervo trigêmeo;
50. TRATAMENTO EM LINHAS
GERAIS
◻ Medidas farmacológicas sintomáticas:
🞑 Na enxaqueca: analgésicos e AINEs, triptanos ou
ergotamínicos, corticosteróides e sedativos.
Acompanhados de antieméticos;
🞑 Na cefaleia tensional: analgésicos, AINEs,
miorrelaxantes;
🞑 Na cefaleia em salvas: oxigenoterapia,
sumatriptano, ergotamina, lidocaína intranasal a
4%.
51. TRATAMENTO EM LINHAS
GERAIS
◻ Medidas farmacológicas preventivas:
🞑 Na enxaqueca: B-bloqueadores, bloqueadores
dos canais de cálcio (Flunarizina/Verapamil),
antidepressivos, antiepiléticos (Valproato de
sódio/divalproato de sódio e topiramato),
antiserotonínicos (ciproheptadina), AINEs;
🞑 Na cefaleia tensional: antidepressivos tricíclicos;
🞑 Na cefaleia em salvas: Ergotamina, Verapamil,
Líteo, Corticosteroides (forma episódica),
Valproato de sódio.