A Ponta do Iceberg: Big Data e a Revolução Informacional
Na Revolução Industrial, a humanidade substituiu o trabalho artesanal de fabricação de bens físicos por máquinas, mudando completamente a sociedade e efetivamente criando o mundo moderno. Estamos vivendo agora o princípio de uma nova revolução, aonde estamos colocando máquinas para produzir bens de informação. Venha descobrir como o Big Data é apenas a ponta do iceberg dessa revilução, e como as mudanças e transformações que estão se iniciando hoje vão transformar o mundo.
Thoran Rodrigues
CEO da Big Data Corp.
Thoran tem 14 anos de experiência no mercado de tecnologia. Em 2011 fundou a BigData Corp, uma empresa especializada em projetos de Big Data e na automação de processos de informação.
Informação – Hoje em dia, todo mundo fala de informação: data-driven companies, data scientists, data isso-ou-aquilo. Falamos muito também sobre os “knowledge workers”, trabalhadores que são, em sua essência, consumidores e produtores de informação. Mas o que exatamente é informação.
Informação é mais do que simplesmente dados. Informação é a codificação da maneira como as coisas estão estruturadas e organizadas, e é a diferença entre esse carro…
…e esse. Embora as matérias primas sejam a mesma, o formato é completamente diferente. Por que um carro novo vale muito, e um carro batido não vale nada? Se os materiais são os mesmos, por que o valor é diferente? Porque os materiais estão organizados de forma diferente. O conteúdo informacional do carro novo e do carro batido são completamente diferentes. Podemos olhar também para o elemento funcional. Por que uma Ferrari vale mais do que um fusca? A funcionalidade é a mesma: nos levar de um lado para o outro. Novamente, a diferença está no conteúdo informacional: o design, e outros elementos culturais.
Podemos pensar também além dos carros. O nosso próprio DNA é um exemplo clássico da diferença que o conteúdo informacional traz. Cada um de nós é composto dos mesmos materiais básicos, das mesmas células e elementos atômicos. O que muda é a organização desses elementos, expressa através do nosso DNA e da nossa cultura. E é essa organização que agrega (ou subtrai) valor de cada um de nós.
E qual a diferença de Big Data para “Só Data”? A diferença está nos Vs:
- Volume (óbvio)
- Variedade (que representa a diversidade dos elementos de informação que estamos trabalhando)
- Velocidade (a velocidade com que os dados mudam, ou com que novos dados são agregados, ou com a qual você tem que tratar a informação)
- Valor!!! Aqui temos o elemento mais importante, o valor potencial da informação. Muitas vezes um problema “só data” apresenta oportunidades de Big Data pois uma análise diferente pode descobrir novo valor dentro do conjunto de dados.
Por tudo que falamos de informação e “data-driven companies”, as empresas hoje são muito mais manufaturas de informação do que fábricas. O nosso trabalho com a informação hoje é extremamente artesanal, dependendo inclusive de funcionários altamente especializados. Num universo de Big Data, no entanto, o trabalho manual com a informação traz dois grandes problemas.
O primeiro é o problema do volume e da complexidade. O volume de dados disponível hoje é grande demais e complexo demais para pessoas tratarem, por melhores e mais inteligentes que essas pessoas sejam. Depender de pessoas, hoje, significa perder oportunidades (e dinheiro).
O segundo problema é o “problema do Guarda-Chuva”, que se divide em dois:
Diferente do que poderíamos pensar simplesmente olhando para os dados, as pessoas levarem guarda-chuva para a rua não faz chover, do mesmo jeito que beber água não mata: correlação não implica em causalidade. No entanto, nosso cérebro tende a pensar “contando histórias”, buscando relações de causalidade nas correlações para fazer sentido do mundo. Para os nossos ancestrais, era um skill fundamental; hoje em dia, é um problema.
O número de correlações espúrias aumenta exponencialmente com o volume de dados que estamos observando. Isso significa que, quando lidamos com Big Data, assumir conclusões erradas é muito fácil.
Por isso, estamos em um momento de revolução. Não uma revolução dos dados, mas uma revolução informacional, uma revolução na maneira como consumimos e produzimos informação, ou bens de informação.
Não é a primeira revolução pela qual passamos, e não será a última. Um bom modelo de comparação é a Revolucão Industrial. Na revolução industrial, automatizamos a produção de bens físicos (ou materiais), e isso nos trouxe a sociedade que temos hoje. Nessa nova revolução, aonde vamos parar?
A base de qualquer revolução é a automação. A automação traz eficiência e escala aos processos, nos permitindo gerar mais produtos (e consumir mais matéria prima). A base da automação são as máquinas. Se na revolução industrial tínhamos máquinas físicas, nessa nova revolução quais são as nossas máquinas?
A computação na nuvem fornece a base para as novas máquinas. Ela oferece o poder computacional praticamente sem limites na ponta dos dedos de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo (com acesso a internet).
Para uma revolução informacional, máquinas de informação. Nossas máquinas são o software e os algoritmos. Software capaz de gerar automaticamente produtos de informação, sejam esses produtos quais forem.
Como em qualquer revolução, vamos passar por momentos de conflito:
Conflito entre os trabalhadores manuais que vão perder seus empregos e os produtores das máquinas
Conflito com os artesãos, que sempre irão falar que seu trabalho é melhor e mais precioso do que o que qualquer máquina pode fazer
Conflitos sociais conforme o mundo aonde vivemos se altera
A nova economia não é mais uma economia da informação, mas da desinformação, ou das perguntas. O funcionário com mais valor é aquele capaz de fazer perguntas interessantes, de pensar “por que não”. Quando podemos gerar as respostas automaticamente, o bem mais precioso não é a informação, mas sim a pergunta certa.
Temos uma oportunidade incrível. Se “perdemos o bonde” da revolução industrial, podemos nos inserir plenamente nessa nova revolução, mudando completamente a posição do próprio país no mundo.