1. O documento apresenta uma análise econômico-financeira dos clubes de futebol brasileiros em 2017.
2. Em 2017, assim como em 2016, não houve mudanças significativas na estrutura do futebol brasileiro, com os clubes dependendo das mesmas fontes de receita e apresentando dívidas e investimentos similares.
3. Apesar do crescimento das receitas em 2017, impulsionado por alguns clubes específicos, os gastos e despesas também continuaram crescendo, com pouca geração de
3. 3
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
2017 | Nada de novo debaixo do Sol
O ano de 2017 no futebol brasileiro nos remete ao Rei Salomão.
Assim como o Sol se levanta e se põe, se levantando novamente no mesmo lugar; assim como o vento que sopra de um lado a
outro, dá voltas mas segue sempre seu curso, o futebol brasileiro não trouxe nada de novo em 2017. Mas esta falta de novidade
vem coberta por um manto de ilusionismo, que tenta nos fazer crer que há algo de bom. Mas não há nada de novo debaixo do Sol.
Tudo que vemos já existiu há muito tempo e vemos a cada ciclo.
Em 2016 vimos que o comportamento dos dirigentes de futebol é conhecido e se repete: mais dinheiro, mais gastos, nenhuma
preocupação com o futuro, o que vale é hoje. Em 2017 seguimos esta jornada, nos repetindo e andando em círculos.
Apesar das receitas crescerem, mesmo as recorrentes, ainda assim a origem desse crescimento veio de forma concentrada. Não
houve melhor desempenho da indústria do futebol mas sim de alguns players deste jogo. Seja na Venda de Atletas, na Publicidade
ou na Bilheteria, apenas alguns poucos foram responsáveis pelo crescimento. Estratégias individuais, objetivos específicos
catapultando os dados consolidados e trazendo uma ideia equivocada de que houve evolução. Palmeiras, Flamengo, São Paulo e
Grêmio se destacam.
Enquanto isso os custos e despesas continuaram crescendo e ocupando o salto de receitas. Investimentos gerais não mudaram
muito, nem as Dívidas. Mais receitas usadas para pagar as contas correntes, mas deixando as dívidas de lado, sem fazer reservas
para os dias mais difíceis que virão. Afinal, o Profut começará a vencer, as regras de distribuição de Direitos de TV mudarão, e isso
vai pressionar o fluxo de caixa dos clubes em 2019.
Mas a sensação é de que analisar o futebol brasileiro, com algumas raras exceções – que também são as de sempre – parece
como correr atrás do vento. Como está estruturado, o que é torto não pode ser endireitado, o que está faltando não pode ser
contado.
Por mais que se faça um esforço na tentativa de encontrar novidades e ar fresco, percebemos analisando os dados de 2017 que o
que foi voltou a ser, o que aconteceu agora ocorrerá de novo em seguida. Ainda dependeremos de vender atletas para fechar
nossas contas, e isto significa perder potenciais estrelas e destaques para nos reforçar com incertezas. Sem contar que
desestruturamos nossos times, e isto se traduz na tradicional imprevisibilidade do nosso campeonato, que muitos enxergam como
competitividade.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
2017 | Nada de novo debaixo do Sol
São dois anos de crescimento de receitas, por motivos diferentes, e ainda assim a estrutura do futebol foi incapaz de se organizar
de maneira estrutural. Ninguém se lembra do que se viveu no passado, não há recordações do que já aconteceu, e então tudo se
repete.
Não se trata de uma avaliação alarmista. Da mesma forma que nos repetimos, ao menos não nos deterioramos. Apenas não
aproveitamos mais uma oportunidade em lapidar o que é bruto e transformar em joia.
Os desafios a partir de 2018 serão grandes, e em 2019 a realidade será outra. Os Direitos de TV, que hoje são pagos em grande
parte ao longo do ano terão 30% pagos apenas ao final do campeonato, de acordo com a classificação final. Ou seja, o fluxo de
caixa dos clubes vai apertar. O Profut começa a vencer e vemos que muitos não terão capacidade de pagá-lo sem pressionar ainda
mais as finanças.
Então, remetemos novamente ao Rei Salomão, ao dizer que “se esforçou ao máximo para compreender a sabedoria, bem como a
loucura e a insensatez; contudo, aprendeu que isto também é correr atrás do vento”. E percebemos que sem uma mudança real e
estruturada, o futebol brasileiro será sempre assim: idas-e-vindas, para tudo permanecer como sempre.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sempre importante lembrar
Disclaimer
Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e
sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões.
O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística
sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.
Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme
dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que
disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.
Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com
base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das
movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o
fechamento do fluxo de caixa do período.
Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram
informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, inclusive entrevistas e matérias feitas com
Dirigentes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
2. Clubes | Análise Individual 49
2.1 | Alguns Conceitos Básicos
2.2 | América MG
2.3 | Atlético MG
2.4 | Atlético PR
2.5 | Avaí
2.6 | Bahia
2.7 | Botafogo
2,8 | Ceará
2.8 | Chapecoense
2.9 | Corinthians
2.10 | Coritiba
2.11 | Criciúma
2.12 | Cruzeiro
2.13 | Figueirense
2.14| Flamengo
2.15 | Fluminense
2.16 | Goiás
2.17 | Grêmio
2.18 | Internacional
2.19 | Paraná Clube
2.20| Palmeiras
2.21| Ponte Preta
2.22 | Santos
2.23 | São Paulo
2.24 | Sport
2.25 | Vasco da Gama
2.26 | Vitória
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51
57
63
69
75
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87
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99
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155
161
168
174
180
186
193
199
205
Sumário
1. Introdução 2
1.1 | 2016 | Nada de novo debaixo do Sol
1.2 | Disclaimer
1.3 | Nossos Critérios
1.4 | Receitas
1.5 | Receitas Operacionais
1.6 | Receitas | Tratamento a Valor Presente
1.7 | Receitas | TV, sempre ela
1.8 | Receitas | Crescimento
1,9 | Receitas | Recorrente
1.10 | Receitas| Direitos de TV
1.11 | Receitas | Direitos Federativos
1.12 | Receitas | Direitos Federativos
1.13 | Receitas | Publicidade
1.14 | Publicidade | Concentração
1.15| Publicidade | Detalhe por Clube
1.16 | Publicidade no Mundo
1.17 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor
1.18 | Receita da Bilheteria | Por Clube
1.19 | Sócio Torcedor | Relevância
1.20 | Receitas | Concentração
1.21 | Concentração | Top 5 faz diferença
1.22 | Custos, Despesas e EBITDA
1.23 | EBITDA | Efeito Palmeiras e Flamengo
1.24 | Comportamento do EBITDA Recorrente
1.25 | Investimentos
1.26 | Investimentos | Categorias de Base
1.27 | Investimentos | Origem do Dinheiro
1.28 | Dívidas
1.29 | Dívidas | So far. so good
1.30 | Dívidas | Alavancagem
1,31 | Profut | É possível pagá-lo?
1.32 | Dívidas: resumindo
1.33 | Fluxo de Caixa Livre
1.34 | Gastos Totais
1.35 | Geração de Caixa Livre
1.36 | Fluxo de Caixa Livre por Clube
1.37 | Fluxo de Caixa: a chave da análise
3
5
7
10
11
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45
46
3. Avaliação de Desempenho | Gráfico 211
4. Avaliação de Desempenho | Brasileirão 221
6. Futebol no Brasil x Europa 242
7. Conclusões 247
8. Escalação 249
9. Referência 251
4. Correlações entre Títulos e Finanças 228
5. Atualização: 2017 vs hoje 236
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras
Antes de iniciarmos a partida é importante deixarmos claro quais as regras do jogo. Se a regra é clara, não há discussão. Para isso
o primeiro passo é ajustar os balanços e torná-los comparáveis. lembrando sempre que os critérios de Contabilização e os Critérios
de Análise Econômico-Financeira não são e nem precisam ser os mesmos. Análise é justamente a maneira de interpretar os
conceitos contábeis. E esta explicação faz toda a diferença entre tabular dados e analisar.
RECEITAS | As Receitas Totais consideram tudo que é Operacional, ou seja, tudo que foi gerado no dia-a-dia do Clube e que tem
recorrência direta. Entretanto, fazemos uma segunda derivada, que é utilizar o conceito de Receita Recorrente, onde excluímos a
Venda de Atletas, pois apesar de ser operacional, é muito errática, e para fins de gestão deveria ser desconsiderada nos
orçamentos. Nas análises deste ano nos deparamos com algumas receitas que não são operacionais, como Perdão de Dívida e
Abatimento de Impostos. Estas e outras com mesma características foram deduzidas das Receitas Totais e Recorrentes. Outro
ajuste que fazemos nas receitas está relacionado à Venda de Atletas. Sempre que houver terceiro com parte do direito econômico
e comissão de negociação, deduzimos estes valores das Receitas com Venda de Atletas, justamente para apresentarmos o valor
que acaba no caixa do clube. Na prática a parte que pertence ao terceiro não é de propriedade do clube e só transita pelo
demonstrativo de resultados por determinação da FIFA. A as comissões também não são recursos do clube. Para fins de Geração
de Caixa esta alteração não tem impacto, mas para quem gosta de rankings isto mudo um tanto as relações.
LUVAS DE TV | São comuns, de certa forma Operacional, pois estão atreladas ao principal contrato dos clubes, mas não é
recorrente. Portanto, para fins de análise, consideramos como Não Operacional, o que as exclui do EBITDA.
AJUSTES DE MOVIMENTAÇÕES SEM EFEITO NO CAIXA | No balanço dos clubes há muitas movimentações que são
meramente contábeis, como o lançamento de Provisões para Contingências e correção de Impostos Parcelados/Profut. Fazemos
os ajustes e excluímos tanto das Despesas/Receitas Operacionais como das Receitas/Despesas Financeiras e lançamos para
Resultado Não Operacional.
GERAÇÃO DE CAIXA (EBITDA) | Usamos a expressão EBITDA (Earnings Before Interest, Depreciation and Amortization) par
definir o valor que sobra para o clube após pagar seus custos e despesas correntes. É o que se chama de Geração de Caixa, pois
após comprar matéria-prima, transformá-la e vendê-la, é quanto esta atividade de transformação gerou de valor. Na prática do
futebol, é quanto sobra de dinheiro para o clube pagar suas dívidas e fazer investimentos.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras
DÍVIDAS | Este é um item que costuma divergir do que outros analistas fazem. Conceitualmente restringimos a análise das Dívidas
aos 3 grupos que mais afetam o fluxo de caixa de um clube. Na prática, são as Dívidas que podem levar o Clube a dificuldades.
São elas: BANCÁRIAS: Dívidas com Bancos e Pessoas Físicas que cobram taxas similares; OPERACIONAIS: São os
Fornecedores, cujo maior parte vem de valores a pagar a Clubes pela aquisição de Atletas e Despesas Provisionadas, que são as
parcelas de salários e Encargos Sociais e Tributários a serem pagas no mês; IMPOSTOS: são os valores devidos de Impostos
tanto de curto prazo (parcelas que vencem no ano) como de longo prazo, equacionados ou não no Profut, e as Provisões para
Contingência de curto e longo prazos, visto que são potenciais problemas no futuro. Na conta de DÍVIDA TOTAL, excluímos
apenas a parcela de Disponibilidades (Caixa), pois os demais Ativos, por mais líquidos que possam ser, conceitualmente ainda
podem deixar de ser recebidos, enquanto a Dívida necessariamente deve ser paga. Mesmo a FIFA determinando sanções duras
contra clubes que não fazem seus pagamentos de aquisições de atletas de outros clubes, ainda assim optamos por não usar esta
conta deduzindo das Dívidas. Inclusive, o conceito mais comum de Dívida Líquida utilizado pelo mercado de capitais utiliza apenas
as contas de Bancos e Caixa, e varia conforme a indústria. O uso de todos os Ativos e Passivos, exceto Permanente traz para a
conta de dívida uma série de itens que nem sempre tem efeito caixa e são meros registros contábeis. Logo, a análise e segregação
entre o que impacta o caixa e o que não impacta nos dá uma visão mais realista de quanto os clubes devem.
INVESTIMENTOS | No balanço o Direito de Imagem está junto do valor dos Atletas o Direito de Imagem. Quando está informado,
excluímos do Permanente e lançamos no Realizável a Longo Prazo.
NCG (Necessidade de Capital de Giro) | São os financiamentos operacionais, e geralmente num clube de futebol eles “ajustam” as
receitas e os investimentos. Primeiro vamos pensar no impacto no caso das Receitas com Vendas de Atletas. Muitas vezes as
vendas são pagas à prazo. Pense no seguinte cenário: um atleta é vendido por 10, mas o valor será pago em 2 anos, sendo 5
agora e 5 no ano que vem. Nas receitas aparecerá 10 como venda de atletas, mas no fluxo de caixa aparecerá “-5”, que é uma
dedução da receita, pois o valor só entrará no caixa no próximo ano. No caso dos Investimentos em Compras de Atletas a ideia é a
mesma. O clube compra um atleta por 10 para ser pago em duas vezes, uma já e outra no ano seguinte. No fluxo de caixa
aparecerá “-10” como investimento (é uma saída de dinheiro do caixa do clube), mas na NCG aparecerá 5, que é a parcela a ser
paga no ano seguinte. Ou seja, o clube gastou efetivamente apenas 5 no ano, da mesma forma que entrou apenas 5 no caixa no
caso da venda. Isto é importante para ajustar e entender a dinâmica do fluxo de caixa dos clubes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nossos Critérios | Deixando as regras claras
BOA NOTÍCIA | Para 2018 os clubes deverão adotar um padrão único que foi desenvolvido pela APFUT – Autoridade Pública de
Governança do Futebol – em conjunto com especialistas contábeis e o Conselho federal de Contabilidade. Isto não reduzirá os
ajustes necessários para transformarmos um Demonstrativo Financeiro numa Análise Financeira, mas vai possibilitar melhor
compreensão dos números dos clubes.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
Receitas Operacionais
* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
De maneira geral 2017 foi um bom ano em termos de Receitas. Tanto as Totais, que incluem Venda de Atletas como
as Recorrentes, que excluem essas vendas, tiveram crescimento relevante, de 17% e 11% respectivamente.
Considerando um ano em que o PIB cresceu 1% e a inflação (IPCA) foi de 2,95%, estes valores são realmente
positivos. A partir das próximas páginas vamos detalhar este número bruto e verificar como ele foi formado, o que nos
dará uma visão mais clara sobre a consistência dele.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
Receitas | Tratamento a Valor Presente
* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Como sempre ressaltamos, a análise de qualquer série histórica relacionada a finanças requer tratamento considerando impactos
inflacionários, especialmente num país como o Brasil, que a despeito da forte redução após o Plano Real ainda é suscetível a movimentos de
elevação de preços vez ou outra. Nesta página observamos a evolução das Receitas Totais e Recorrentes tanto em termos nominais como
em termos reais (corrigidas pelo IPCA).
Primeiro aspecto positivo é que ambas as receitas cresceram acima da inflação pelo segundo ano consecutivo. Ou seja, de forma agregada a
indústria do futebol teve desempenho acima da média da economia como um todo.
Nas Receitas Totais o crescimento real foi de 13,3% enquanto nas Receitas Recorrentes este crescimento foi de 7,5%. Aqui já temos um
primeiro sinal: a venda de Atletas teve desempenho superior às demais linhas de receitas. Se tomarmos os anos de 2015 e 2016 vemos que
as duas formas de apurarmos receitas caminharam praticamente da mesma forma, o que mostra que o conjunto evoluiu de forma equivalente,
Em 2017, diferentemente, as Vendas de Atletas foram importante impulso ao crescimento. Mas é importante não perdermos de vista que a
despeito disso, as receitas se comportaram bem quando analisadas de forma agregada.
E como terá sido o desempenho isoladamente? Abre no lateral e segue a jogada.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Breakdown das Receitas Totais por Origem
Comportamento das Receitas por Origem
Receitas | TV, sempre ela.R$milhões
R$milhões
Analisando a evolução linha a linha percebemos claramente
o que foi comentado na página anterior: a Venda de Atletas
impulsionou consideravelmente as Receitas Totais,
crescendo 55% em relação a 2016, passando a ser a
segunda maior receita da indústria no ano passado.
Enquanto isso, o carro-chefe das receitas, os Direitos de TV
ficou praticamente estável, com crescimento de 3%, que
representa praticamente a recomposição inflacionária.
Depois do grande salto de 2016 (+32%), era natural esta
estabilização.
Observamos também um bom desempenho em todas as
demais linhas de receitas. Em Publicidade e Patrocínio
tivemos crescimento de 31%, enquanto na Bilheteria/Sócio
Torcedor o aumento foi de 21%.
Quem desempenhou de maneira bastante inferior, ainda que
tivesse crescimento, foram as receitas com Estádio, que
evoluíram 9%.
O detalhe da receita chamada de Outros é que sua
composição é bastante heterogênea, e vai de prêmios
recebidos por conquistas a receitas patrimoniais. Ou seja,
muito difícil de avaliar sua estrutura, mas positivamente o
comportamento tem sido de crescimento contínuo.
+3%
+55%
+27%
+11%
+9%
+21%
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Breakdown das Receitas Totais por Origem
Comportamento das Receitas por Origem
Receitas | Crescimento em diversas frentesR$milhões
R$milhões
Aprofundando um pouco mais o dado consolidado
vemos que a receita com Direitos de TV voltou aos
patamares históricos, ao retornar a 42% do total, depois
de ter subido a metade das receitas em 2016. Como
esta receita praticamente não se alterou em 2017 e as
demais cresceram bastante como vimos na página
anterior, era natural que tivesse reduzido sua
relevância, a despeito de ainda se manter a mais
importante para os clubes brasileiros. Nesse sentido, e
antecipando temas, veremos como esta receita é
relevante não apenas no Brasil, mas na maioria dos
clubes europeus.
E confirmando o destaque apontado anteriormente, a
Venda de Atletas representou 16% do total, enquanto as
demais pouco se alteraram proporcionalmente. Assim, é
possível dizer que a Venda de Atletas “roubou” espaço
da TV, o que não é exatamente positivo, à medida em
que esta receita é menos previsível e oscila muito de
clube a clube, o que numa análise consolidada acaba
mascarado.
Para melhorar o entendimento das Receitas vamos a
partir de agora analisá-las de maneira individual e
entender seus comportamentos.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas Brutas Recorrentes | R$ milhões Breakdown das Receitas Recorrentes
Receitas | Detalhes das Receitas Recorrentes
* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Aqui vamos iniciar analisando o comportamento das Receitas que são mais facilmente administráveis, as chamadas
Recorrentes. Analisaremos as Vendas de Atletas em outro momento. Reforçando o que sempre comentamos, estas
são as receitas em cima das quais os clubes tem alguma gestão e podem ser usadas para montar orçamentos
factíveis. É um equívoco comum dos clubes incluir venda de atletas nos orçamentos, como se fosse previsível esta
realização. Sem contar que deixa os clubes em situação mais delicada de negociação, à medida em que os
compradores sabem da necessidade dos vendedores.
Nos gráficos acima temos a evolução das Receitas Recorrentes agregadas da amostra em termos nominais e reais
(ajustadas pela inflação). Note que após 3 anos de estabilidade (2013, 2014 e 2015) houve início de uma
recuperação, com crescimentos robustos em 2016 (13%) por conta do aumento na receita com Direitos de TV e em
2017 (7%) baseado fortemente em Publicidade e Propaganda e Bilheteria/Sócio Torcedor, conforme mostra o gráfico
de Breakdown das Receitas Recorrentes. Neste gráfico temos a variação anual das receitas por origem, onde é
possível observar a dimensão das variações. Note também que em 2017 todas as receitas foram positivas, conforme
já apontado, mas aqui a dimensão fica bastante clara.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receita com Direitos de TV Evolução das Receitas | Nominal x Real
Receitas | Direitos de TV
A maior parte das receitas dos clubes brasileiros vem das vendas de Direitos de TV. Antes de avaliar a movimentação é importante salientar que estas receitas
são a soma das receitas de todos os campeonatos disputados ao longo do ano. Ou seja, é importante estar claro que não se trata apenas do Campeonato
Brasileiro. Aqui estão o Estadual, Copa do Brasil, Libertadores, Sulamericana e Brasileiro, que se divide entre TV Aberta, TV Paga e Pay-Per-View.
Naturalmente que a maior das receitas é a do Campeonato Brasileiro, estimada a partir de matérias divulgadas pela imprensa em algo como R$ 1,1 bilhão, o que
dá pouco mais da metade de todas as receitas com Direitos de TV. É só uma estimativa. Mas veja que as grandes variações são observadas justamente quando
os contratos do Campeonato Brasileiro são renovados, o que mostra a importância deste campeonato na divisão geral.
Entretanto, vemos dois picos claros, em 2012 e 2016, quando o novo modelo entrou em vigor e quando foi reajustado, ainda baseado no contrato original. Como
nos demais anos houve apenas correção inflacionária, isto significa que outros campeonatos e a maior adesão ao pay-per-view ajudaram a impulsionar esta
receita.
Mas a partir de 2019 haverá uma mudança importante na distribuição das receitas de TV Aberta. Se hoje elas são negociadas individualmente com cada clube, a
partir de 2019 serão distribuídas considerando o seguinte: 40%¨de forma igualitária entre os 20 clubes da Série A; 30% em função do desempenho no
campeonato (classificação, onde o campeão recebe mais); 30% pela presença ao vivo na TV (haverá equilíbrio de transmissões baseadas nas audiências
históricas e tamanho das torcidas) . Além de equilibrar as receitas, haverá uma mudança no fluxo de caixa. Hoje os clubes recebem o valor anual distribuído ao
longo do ano. A partir de 2019 os 30% de distribuição por desempenho serão pagos apenas ao final do campeonato, em Dezembro. Ou seja, os clubes perderão
parte do caixa que utilizam ao longo do campeonato, determinando que a gestão financeira seja ainda mais robusta e atenta.
R$milhões
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Efeito do Câmbio
Receitas | Venda de Direitos Federativos
A segunda maior fonte de receitas dos clubes Brasileiros em 2017 tem um
comportamento errático. Como qualquer produto de exportação, há forte
impacto do câmbio na conta, pois os negócios são feitos em Dólares e Euros
mas o que entra no caixa dos clubes são Reais. Logo, com a multa fixada em
moeda forte, desvalorizações cambiais são aliadas dos clubes de futebol, pois
os mesmos Euros significam mais Reais.
Houve aumento de 72% nas receitas em Dólares, o que significou 59% a mais
em Reais. Número realmente impressionante, o maior da série e
possivelmente o maior da história do futebol brasileiro.
Destaque de vendas novamente foi o São Paulo, que pelo segundo ano
consegue valores substancialmente acima de sua mediana. O Flamengo foi
destaque em 2017 por conta da venda de Vinícius Jr, e sua mediana é
bastante baixa porque não vinha sendo prática do clube realizar vendas de
atletas para os demais, exceto o Corinthians que teve em 2017 sua mediana,
os demais venderam bem acima.
Na análise da Geração de Caixa recorrente voltaremos a este tema. A forte
necessidade de venda de atletas gera impactos esportivos, pela troca
constante de elenco, mas um risco de gestão, pois os clubes que fazem em
demasia acabam reféns destas vendas e quando não acontecem, geram
buracos relevantes na sua gestão de fluxo de caixa.
R$milhões
Comparativo | 2017 x Mediana do Clube
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Venda de Direitos Federativos
Temos aqui o acumulado em dois períodos: de 2010 a 2016 e depois de 2010 a 2017, e que mostra não apenas quem são os
grandes vendedores de atletas, mas também como eles se comportaram em 2017.
O São Paulo continua sendo o maior vendedor de atletas do Brasil, e em 2017 ampliou a “vantagem” em relação ao Corinthians,
que permanece na segunda posição. Na sequência a novidade é que o Santos passou o Internacional, assim como Atlético Mineiro
ultrapassou o Cruzeiro. Além disso, um pouco mais adiante aparece o Flamengo, que não fazia parte da lista anteriormente.
Aqui não se trata de um ranking, e muito menos algo para celebrar. A venda de atletas se tornou parte do negócio, de maneira
equivocada. Cobre buracos no lugar de servir de fonte de recursos para novos investimentos. Esportivamente empobrece a
qualidade do espetáculo, pois os clubes vendem atletas que estão bem e são obrigados a contratar outros que são apostas,
demandam tempo de adaptação. No lugar de pensar este gráfico como um ranking, os clubes deveriam avaliar se esta é uma
prática efetiva ou apenas uma forma de enxugar gelo.
12 Maiores Vendedores | Acumulado 2010-2017
Em R$ milhões
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas em alta...
...mesmo em relação à inflação.
Receitas | PublicidadeR$milhões
Depois de 3 anos de estabilização em
termos nominais e queda em termos
reais, eis que as receitas com
Publicidade apresentaram crescimento
relevante em 2017: foram 27% em
termos nominais e 24% em termos
reais. Mas estamos falando de um
movimento agregado, pois somamos
aqui as receitas dos 27 clubes da
amostra. Mas será que este foi um
movimento generalizado, ou seja,
houve maior demanda pelo produto
futebol e isto gerou este aumento? Ou
temos apenas movimentos pontuais e
trabalhos mais vencedores de alguns
clubes?
Nas próximas páginas vamos abordar
este tema e ainda apresentar mais
sobre a relação entre Publicidade no
Futebol e Investimento Publicitário no
Brasil e nas principais ligas da Europa.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receitas | Publicidade: efeito concentrado
Nem tudo que reluz é ouro, nos lembra um velho dito popular. O crescimento de 31% nas Receitas com Publicidade, que representaram mais R$ 154 milhões
no dado consolidado, não foram exatamente uma mudança de visão sobre a indústria do futebol. Na prática o que observamos foi um aumento absolutamente
concentrado em 4 clubes, com outros 3 clubes se beneficiando em menor escala. Para os demais 18 clubes não houve incremento significativo e alguns até
perderam receita.
Palmeiras, Flamengo, São Paulo e Grêmio puxaram a fila e representaram 66% do aumento, ou R$ 101 milhões. Na sequência Santos, Corinthians e Botafogo
responderam por outros 21%, ou R$ 33 milhões. Juntos esses 7 clubes abocanharam novos R$ 134 milhões em receitas com publicidade. E isto, convenhamos,
não chega a ser um movimento estruturado, e sim ações pontuais com estes clubes. Vamos tentar entendê-las.
No Palmeiras, que investiu R$ 161 milhões na aquisição de atletas em 2017 os R$ 40 milhões adicionais vieram da Crefisa para ajudar nas contratações. Isto
representou 26% de todo o aumento observado nas receitas com publicidade. No caso do Flamengo houve efetivo aumento nas receitas, com agregação de
novos patrocinadores, o mesmo observado com o São Paulo e Grêmio. No caso do clube paulista a situação se reverteu de forma impressionante, uma vez que
no início do ano o clube havia perdido patrocínio master. O Grêmio surfou bem a onda do bom desempenho esportivo e da presença no Mundial.
Santos, Corinthians e Botafogo tiveram desempenho acima da média – o crescimento médio foi de R$ 6 milhões por clube – e trabalharam bem num cenário
adverso. Os demais 18 clubes não obtiveram o mesmo sucesso, reforçando o que foi dito inicialmente: não tivemos um incremento na indústria, mas sim
movimentos pontuais.
Em R$ milhões
Variação Anual
21. 21
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional
Receita de Publicidade por Torcedor | R$/Torcedor/Ano
Publicidade | Detalhe por Clube
Em 2017 vimos a repetição dos Top 5 com
Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e
Grêmio. Isto mostra que, de fato, estes 5 clubes
acabam se destacando em termos de
exposição, guardada a devida ressalva em
relação ao Palmeiras.
Aliás, o Palmeiras é um tema recorrente nos
debates relacionados ao tema Receitas com
Publicidade no Futebol Brasileiro. No gráfico
abaixo vemos que é inegável que as receitas
obtidas pelo Palmeiras estão acima do que se
observa em clubes com número semelhante de
torcida. Esta relação é algo que pode balizar a
capacidade de penetração da marca do clube,
junto a exposição e credibilidade, para ficar em
itens mais óbvios.
Entretanto, observamos também que Grêmio e
Botafogo conseguem valores que estão
proporcionalmente próximos aos do Palmeiras,
lastreados nos bons desempenhos e exposições
em 2017.
Fato é que a Crefisa injeta muito dinheiro no
Palmeiras e obtém retorno, sendo inclusive
patrocinador único da camisa. Lembramos
também que na composição das receitas ainda
há a parcela proveniente da fornecedora de
material esportivo. Esta, inclusive, é uma receita
que vai diminuir ao longo do tempo com a
mudança na postura comercial dos
fornecedores, que estão deixando de pagar
grandes somas sem vínculo com vendas e
passando a pagar apenas “comissões” de
venda.
Não conseguimos avaliar o retorno para a marca
Crefisa, mas empiricamente é inevitável
associá-la ao Palmeiras e ao Futebol.
* Milhões de torcedores apurados na pesquisa Datafolha 2018
R$ milhões
22. 22
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Tamanho do Mercado Publicitário Mercado Publicitário / PIB
Receita das Ligas/Clubes com Publicidade Receita de Publicidade do Futebol / Investimento Publicitário no País
Publicidade | Brasil e Mundo
Comparando o que se investe em Publicidade no Futebol Brasileiro com ligas européias observamos que estamos muito aquém em termos de
valores recebidos. Apesar do mercado publicitário brasileiro ser muito grande, maior que os europeus, o que é destinado ao futebol é uma
pequena fração. Houve um aumento em 2017, mas ainda mantendo o Brasil numa posição inferior aos demais. Veja que se chegássemos ao
percentual observado na França nossa receita com publicidade saltaria para algo como R$ 3,9 bilhões anuais.
Milhões de €
23. 23
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução das Receitas...
Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor
...e sua composição, em valores nominais.
R$ milhões
As receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor apresentaram crescimento importante em
2017: foram 22% em termos nominais e 18% em termos reais. Mais uma vez os Sócios
Torcedores representaram a maior parte dessas receitas. Vale lembrar que nessa
conta não incluímos as receitas com Bilheteria do Corinthians, pois estas estão
vinculadas às dívidas de seu estádio.
Ao lado temos a evolução histórica do público e renda do Campeonato Brasileiro.
Vemos que há pouca variação anual, e em 2017 a média de público foi 5% superior a
2016, enquanto o ticket médio real foi 6% menor. Assim, a renda média real foi 2%
menor em relação a 2016.
Se tomarmos o público de 2015 em relação a 2017 temos redução de 4,5%, mesmo
com o ticket médio caindo 16%. Ou seja, não basta preço menor do ingresso para atrair
público; é preciso mais que isso, e passa por qualidade e aumento de renda do
torcedor.
Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2016.
Público do Campeonato Brasileiro
24. 24
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Receita de Bilheteria | De onde veio o aumento
Assim como fizemos nas receitas com publicidade, vamos apurar de onde veio o aumento nas receitas com Bilheteria/Sócio Torcedor.
Novamente, precisamos avaliar se trata-se de um aumento generalizado ou apenas em alguns nomes. No gráfico acima temos uma escala
começando de quem teve o maior acréscimo para quem teve a maior queda.
O aumento total foi de R$ 128 milhões, sendo que as seis maiores variações representam 96% deste valor, uma vez que parte relevante dos
clubes teve queda de receitas. No caso do Flamengo o fato de jogar 3 finais e atuar boa parte do Campeonato Brasileiro num estádio menor,
conseguindo cobrar valores médios bem cima da média do campeonato, explica este crescimento. No Corinthians este número reflete a
parcela de sócios torcedores que não converteram suas mensalidades em ingresso. Ser Campeão Brasileiro ajudou a crescer este número.
O mesmo vale para o Grêmio e sua Libertadores. Já Palmeiras, Santos e Botafogo disputaram vários campeonatos, inclusive Libertadores, e
isto ajuda a crescer Bilheteria e Sócio Torcedor.
Na ponta oposta vemos Internacional (jogando Série B), São Paulo (chamando torcedor para lutar contra a Série B) e Atlético Mineiro
(desempenho bem inferior a 2016) com quedas relevantes.
R$milhões
Valores em R$ milhões
25. 25
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sócio Torcedor | Relevância
Aqui temos a relevância do Sócio Torcedor dentro das receitas com Bilheteria. Não houve grande alteração em relação aos anos
anteriores. Vemos, entretanto, que a grande maioria dos clubes se utiliza desta prática para garantir receitas, antecipando o fluxo de
caixa dos jogos.
Infelizmente alguns clubes não deixaram claro seus dados de sócios torcedores, por isso apresentam 100% de bilheteria, ou mesmo
não apresentaram informações detalhadas de bilheteria e não possuem informação.
Também cabe uma explicação sobre o conceito: não sabemos ao certo como os clubes apresentam a informação acima. Por exemplo,
não sabemos dizer se os sócios torcedores que converteram sua mensalidade em ingressos aparecem na lista acima como Sócios
Torcedores ou como Bilheteria. Se estiverem dentro de Bilheteria esta conta é ainda mais favorável aos programas. Trabalhamos tão
somente com o dado apresentado, mas fica a dúvida.
26. 26
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Concentração de Receitas Evolução da diferença entre os blocos
Evolução em base 100 das diferenças
Receitas | Concentração
Desde 2015 vemos crescer a concentração nos 5 maiores clubes
em receitas, que nem sempre são os mesmos (vide página
seguinte).
A despeito de todos os blocos crescerem, especialmente o bloco
das menores receitas – do 16º ao 28º - como a base inicial já era
descolada, os maiores estão cada vez maiores. E isto significa que
lhes sobra mais dinheiro em comparação com os demais clubes.
Mais dinheiro, se bem aplicado, forma equipes mais fortes e
competitivas.
No gráfico da Evolução das diferenças entre os blocos, logo acima,
mostramos que exceto por 2014 a diferença dos 5 maiores em
relação ao segundo bloco cresce consistentemente, gerando um
degrau inalcançável no médio prazo.
27. 27
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Concentração | Top 5 faz diferença
Na tabela acima temos a relação do Top 5 nos últimos 8 anos, comparando com os clubes que foram campeões brasileiros e da
Copa do Brasil.
Uma informação importante: o Fluminense campeão de 2010 e 2012 tinha parte de seu elenco custeado por um patrocinador e
estes valores não entravam no balanço do clube, distorcendo a informação de receita. É possível inferir que se os custos salarias
daqueles times fossem contabilizados como receitas de patrocínio o Fluminense estaria no Top 5.
O desempenho dos clubes mostra que é importante fazer parte do Top 5, pois isso traz uma vantagem competitiva. Desde 2014
o Campeão Brasileiro faz parte desse grupo. Naturalmente, em alguns casos o efeito pode ser contínuo, como mostra o Cruzeiro,
pois o título de 2013 o levou ao Top 5 em 2014, mantendo-se lá em 2015.
E esta relação mostra algo incontestável, que é a concentração financeira em 4 clubes. Em toda a série apresentada temos São
Paulo, Corinthians e Flamengo no Top 5, e desde 2015 vemos a presença robusta do Palmeiras. É um quarteto que se forma e
tem boas chances de se consolidar nesta posição nos próximos anos.
Clubes com as 5 Maiores Receitas do Futebol Brasileiro por ano
29. 29
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Custos, Despesas e o EBITDA | Recorrentes em QuedaEBITDAMargemEBITDACustosXReceitas
Analisando sob o ponto-de-vista consolidado, o desempenho de
custos e despesas foi bastante positivo em 2017. O crescimento
observado de 8% ficou abaixo da variação das receitas totais, o que
fez com que a Geração de Caixa consolidada (EBITDA) atingisse R$
1,09 bilhão em termos totais. Isto, sem dúvida alavancado pelo
expressivo volume de venda de atletas.
Quando analisamos em termos recorrentes, sem a venda de atletas,
o que temos é uma manutenção do volume absoluto de Geração de
Caixa (EBITDA), que saiu de R$ 272 milhões em 2016 (que seria R$
280 milhões corrigido pela inflação) para R$ 279 milhões em 2017.
Isto se reflete na Margem EBITDA, que é o quanto da receita se
transformou em Geração de Caixa. Em termos totais o número
cresceu de 19% para 23%, mas em termos recorrentes se manteve
estável em 7%.
Este comportamento mostra que, de maneira consolidada, os clubes
conseguiram gastar menos do que cresceram de receitas. Mas como
dados consolidados dão dimensões gerais e não específicas, vamos
a seguir analisar alguns efeitos que podem nos levar, novamente, a
avaliar se este foi um movimento generalizado ou específico de
algum clube.
30. 30
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
EBITDA Total
EBITDA| O Efeito de Flamengo e Palmeiras
Naturalmente, vamos repetir o exercício do ano passado e fazer as contas excluindo os dois clubes de melhor
desempenho da amostra, que são Flamengo e Palmeiras. Fazemos isto porque o desempenho deles é tão superior aos
demais que acabam por distorcer a amostra.
No primeiro gráfico vemos a relevância desses clubes na construção do EBITDA consolidado. Note que em 2015 eles
representaram 39% do EBITDA total, caíram para 33% em 2016 e voltaram a 38% em 2017.
Quando analisamos separadamente em termos de Receitas e Geração de Caixa (EBITDA), Palmeiras e Flamengo
representaram 22% das Receitas Totais em 2017, e 38% de Geração de Caixa, sendo que o Flamengo representou
praticamente ¼ de toda a geração de caixa do futebol brasileiro no ano passado.
Estes números comprovam a força financeira dos dois clubes, que os colocam em posição de destaque no confronto fora
de campo.
R$milhões
Palmeiras e Flamengo nas Receitas e EBITDA Totais
R$Milhões
31. 31
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Comportamento do EBITDA Recorrente | 2016/2017
O gráfico acima apresenta o EBITDA Recorrente dos clubes em 2016 e
2017. Claramente vemos que Palmeiras e Flamengo destoam dos
demais Clubes. Numericamente falando, em 2016 a geração de caixa
(EBITDA) dos clubes brasileiros excluindo Palmeiras e Flamengo seria
de R$ 62 milhões e em 2017 este número caiu para R$ 54 milhões.
É importante citar que em 2017 tivemos bons desempenhos, como
Cruzeiro, Atlético Mineiro, Botafogo, e outros muito ruins, como
Internacional, Vasco, Vitória e Figueirense. Isto significa que há clubes
que se recuperaram (Cruzeiro e Corinthians são exemplos), enquanto
outros sofreram muito (Vasco, Figueirense) e o Internacional
permaneceu muito mal.
EBITDA Recorrente sem Palmeiras e Flamengo
33. 33
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimentos contidos… ...e as categorias de base perdem espaço.
Investimentos
R$milhões
Os Investimentos Totais permaneceram estáveis em 2017, mesmo com o crescimento expressivo da geração de caixa total. Isto fez com que a
participação dos Investimentos na geração de caixa fosse reduzida de 110% em 2016 para 80% em 2017. Isto significa claramente que parte da
geração foi revertida para outras finalidades, como pagar dívidas, por exemplo.
Trata-se de uma mudança importante, que já havia sido vista em 2015. O que ocorre é que quando os clubes se veem com mais recursos em
mãos, como por exemplo em 2016 quando receberam valores expressivos de luvas pela renovação dos contratos de TV, aplicam boa parte para
investir. Efetivamente, a ação de 2017 foi positiva, mas precisa ser consistente.
Do total investido vemos que a estrutura vem recebendo menos recursos, assim como as Categorias de Base, e os valores tem sido direcionados
à Formação de Elenco profissional, com contratação de atletas já formados. Perceba que os investimentos em base são erráticos, e da mesma
forma que já atingiram 19% do total de investimentos em 2011, usualmente apresenta número em níveis próximos aos atuais.
A realidade do futebol brasileiro coloca em questão os investimentos em base, à medida em que os atletas saem cada vez mais cedo e são
substituídos por atletas já formados. Muitos desses atletas jovens possuem larga participação de terceiros em seus direitos, de forma que o clube
se transforma num mero incubador. O ciclo de formação, aproveitamento e venda está cada vez mais curto, a despeito de mais trazer mais valor
quando há venda. Ou seja, os mais jovens são mais caros, mas pouco atuam pelo clube formador.
34. 34
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimento por Clube | R$ milhões Últimos Anos na Base | 84% do Total
Investimentos | Categoria de Base
Reavaliamos nossa maneira de apresentar os Investimentos em Categoria de Base, adicionando à conta a parte dos
Custos que não é transferida para o Ativo Intangível. Ou seja, custos correntes que não são ativados. Infelizmente,
esta é mais uma informação difícil de ser apurada em todos os clubes, por que muitos não apresentam em detalhe o
que foi gasto corrente de base, lançando junto com os gastos correntes dos profissionais. Apenas 14 clubes da
amostra apresentaram estas informações. Desta forma, vemos que o que foi aportado na Base é maior que os valores
diretos, que estão demonstrados no fluxo de caixa dos clubes. Há uma parte de “investimentos na base” que são
custos diretos e, portanto, consomem EBITDA.
Assim, o número de 2017 salta de R$ 114,5 milhões para R$ 168,6 milhões, e certamente é maior que este, pois,
como dissemos há pouco, alguns clubes não detalham estes custos.
É um alento, pois vemos mais recursos direcionados ao tema, fundamental para a sustentabilidade do futuro dos
clubes.
2010 a 2017
2017
35. 35
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Investimentos | De onde vem o dinheiroSaldoAcumuladoVendas&ComprasFontesdoInvestimento
No gráfico de Fontes de Investimentos tentamos fazer uma
avaliação para rastrear de onde vem o dinheiro para fazer
investimentos. Naturalmente que dinheiro não tem carimbo, mas é
possível avaliar se os clubes, de maneira consolidada, usam
recursos próprios (geração de caixa) ou dívida para investir.
A leitura pode ser feita da seguinte forma, usando 2017 como
referência: da Geração de Caixa total (EBITDA) retiramos os
valores de Investimentos. No caso, sobram R$ 221 milhões. Além
disso, os clubes tiveram financiamentos operacionais (saldo entre o
que tem a pagar e a receber pela venda e compra de atletas) de
R$ 107 milhões, e a Dívida bancária foi reduzida em R$ 13
milhões. Ou seja, com o que o clube gerou e com o que teve de
prazo para pagar as aquisições, não foi preciso se endividar em
bancos para investir, o que é um sinal bastante positivo.
Na sequência temos uma comparação entre o que os clubes
obtiveram vendendo atletas e o que gastaram contratando. O
modelo ideal é que os clubes utilizem os recursos das vendas para
reformular o elenco e contratar. O que costuma ocorrer, na prática,
é que os clubes vendem mais do que contratam e usam o recurso
para bancar a operação e reduzir dívidas.
Tanto é que a cada ano o saldo direto entre venda e compra de
atletas profissionais só aumenta, mas a qualidade do jogo não
evolui dentro de campo.
R$ milhões
R$ milhões
R$ milhões
37. 37
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas x EBITDA
Dívidas
Evolução
Em 2017 tivemos crescimento de dívidas totais, mas
precisamos ter cuidado em relação a esta informação.
Primeiro, as dívidas com Impostos cresceram 2,5%
mas basicamente por correção de passivos de longo
prazo. Não foi crescimento porque os clubes
aumentaram suas dívidas ativamente, atrasando
impostos. O aumento se deu apenas porque os
valores foram corrigidos pela inflação para pagamento
futuro.
As Dívidas Operacionais cresceram em função dos
financiamentos às aquisições de atletas. Os clubes
contrataram à prazo e agora precisarão pagar.
Enquanto isso as Dívidas Bancárias sofreram redução.
Importante dizer que dentro dessas dívidas
consideramos dívidas de terceiros que tenham
características de bancárias. Por exemplo, se algum
sócio ou dirigente empresta dinheiro para o clube, esta
dívida está aqui, pois não fosse o dirigente o clube
teria que buscar esse recurso no mercado.
O comportamento geral quando comparado com a
geração de caixa (EBITDA) foi positivo, pois os clubes
aumentaram a geração sem aumentar as dívidas.
R$milhõesR$milhões
38. 38
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas | So far, so goodDívidasBancáriasDívidasOperacionaisImpostos
Não houve queda relevante das dívidas bancárias, que
continuam semelhantes a 2016 em termos de divisão
entre curto e longo prazo.
Nas dívidas operacionais vemos crescimento nas duas
componentes, seja pela aquisição (Fornecedores
financiando) seja porque houve algum aumento de custos
e isto impacta em mais salários e maior despesa
provisionada.
Nas dívidas com impostos nenhuma novidade, apenas a
correção das parcelas de longo prazo.
R$ milhões
R$ milhões
R$ milhões
39. 39
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívida Bancária / EBITDA Recorrente
Dívidas | Alavancagem
Relação com o EBITDA
A informação de dívida isoladamente não significa nada. Para a avaliação
correta é preciso compará-la a alguma coisa. Por exemplo, é melhor dever 500
recebendo 1.000 como salário ou dever 1 milhão recebendo 10 milhões? Mas
nos rankings fica pior colocado quem deve 1 milhão, quando a situação de
quem deve 500 é está numa situação mais difícil.
Nossa comparação é com o EBITDA (Geração de Caixa), porque é com este
valor, que vem das receitas menos os Custos e Despesas, que o clube terá que
fazer frente às suas dívidas. Nesse sentido, com o aumento da geração de caixa
em 2017 e a estabilidade das dívidas, a relação entre elas ficou melhor, saindo
de 8,1x em 2016 para 6,1x em 2017.
Ao lado vemos esta comparação entre as Dívidas Bancárias e o EBITDA por
clube. Em verde quem está numa relação saudável (menor que 4,0x), em cinza
quem está numa situação frágil mas contornável. Já em laranja a relação é ruim,
difícil de ser solucionada. E em vermelho estão os clubes que nem geração de
caixa (EBITDA) tiveram. Ou seja, faltou recurso na operação, e o ajuste
necessário será bastante duro..
A situação vem paulatinamente melhorando, mas está longe do ideal.
40. 40
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Hipótese Dá. Para Poucos.
PROFUT | É possível pagá-lo?
Aqui trouxemos um exercício comparando a parcela a pagar
do Profut, que inclui principal e juros, ao EBITDA
Recorrente dos Clubes em 2016 e 2017.
Esta conta leva em consideração o saldo de Dezembro/17,
parcelado em 18 anos, com correção pelo CDI estimado de
7% ao ano, e considerando juros sobre parcela. E para
tentar evitar movimentos pontuais, utilizamos a média de
EBITDA dos últimos 3 anos.
Assim sendo, alguns poucos clubes serão capazes de
pagar as parcelas do Profut se a situação se mantiver como
a apresentada. Apenas os marcados em “azul”* podem
dizer que possuem situação confortável. Os que não estão
marcados dependem de venda de Atleta para fechar a
conta, o que não é exatamente uma política saudável de
gestão. E os negativos precisam correr para se ajustar.
E dá tempo, pois até 2019 as parcelas serão menores que
estas apresentadas no exercício, pois parte foi transferida
para o final, justamente para dar tempo aos clubes de se
ajustarem.
Farão o ajuste ou seguirão contratando?
*Usamos como referência consumo de até 50% do EBITDA
como sendo aceitável.
Leitura
Exemplo: Botafogo = 0,90 => a geração de caixa cobre 90% da
parcela integral do Profut.
R$ milhões
41. 41
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Dívidas | Resumindo...
As Dívidas não chegam a ser um problema incontornável, mas precisam ser tratadas com mais atenção. Os clubes
perderam uma oportunidade de ouro de se organizarem, reduzirem passivos e pensarem no fluxo de caixa futuro, ao
não utilizarem a geração de caixa e as Luvas. As Dívidas Bancárias são aceitáveis para alguns, mas elevadas para
a maioria. Os Impostos estão alongados, mas como o volume é grande, é preciso preservar o fluxo de caixa para
pagá-los. E as Operacionais, especialmente Fornecedores, representam obrigação de hoje jogada para ser paga
amanhã. A conta chega. E os Clubes não entenderam, ou não querem entender.
Estabilidade, num ano em que houve mais uma vez geração de caixa relevante extraordinária, agora com venda de
atletas, é ruim. Insistimos: a conta vai chegar para a maioria.
43. 43
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
O que é?
Valores
Gastos Totais e Fluxo de Caixa Livre
Proporção
As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque
devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar
conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.
Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz
respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à
realidade do Futebol.
O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias
mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na
conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.
Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de
forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de
liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.
Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e
Despesas Financeiras. A partir de 2019, quando o Profut entrará em pagamento integral, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.
R$ milhões
Para estes cálculos excluímos os efeitos de NCG (financiamentos
operacionais), cujo conceito foi explicado no início do relatório.
Consideramos apenas os dados de decisão dos clubes, pois dar prazo
para receber uma venda ou conseguir prazo para pagar uma compra nem
sempre é uma decisão de clubes fragilizados financeiramente como os
Brasileiros.
44. 44
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Livre com Receita Total Fluxo de Caixa Livre com Receita Recorrente
Comportamento das Contas* – Variações Anuais
Geração de Caixa Livre
Avaliando o Fluxo de Caixa Livre, considerando as Receitas Totais,
vemos que o ano de 2017 mostra uma reversão da tendência que era a
de saldo negativo. As receitas ultrapassaram os custos gerais da
atividade.
Entretanto, observando apenas as Receitas Recorrentes, apesar da
melhora o saldo ainda continua negativo, o que confirma a enorme
dependência que os clubes tem da venda de atletas para fechar suas
contas.
Em termos de Receitas Totais o resultado positivo veio por conta da
redução das despesas financeiras e investimentos em base, em conjunto
com o bom aumento das receitas, conforme vemos no gráfico ao lado.
* Considerando Receitas Totais
R$ milhões R$ milhões
45. 45
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Livre por Clube
Aqui é importante analisarmos e apontarmos os destaques de 2017.
O Flamengo melhorou o que já era muito bom. Alguns clubes reverteram situação negativa de 2016, como Cruzeiro,
Botafogo, Fluminense e Grêmio. São Paulo e Corinthians melhoraram desempenho fraco de 2016.
Do lado oposto vemos Santos, Palmeiras, Figueirense e Sport inferiores a 2016, enquanto o Internacional permaneceu
numa situação bastante ruim.
R$ milhões
47. 47
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Exemplo: C.R. Flamengo
1
2
3
4
Uma das grandes dificuldades do gestor financeiro de
qualquer empresa é trabalhar o fluxo de caixa. De
maneira simplista, é a gestão de tudo que entra no
caixa com tudo que sai. As receitas e os pagamentos.
Num clube de futebol as receitas, como sempre
falamos, dividem-se em recorrentes (publicidade,
direitos de tv, bilheteria) e extraordinárias (venda de
atletas, luvas de tv).
Ao mesmo tempo os custos e despesas são os salários,
custos das partidas, das estruturas sociais e os
extraordinários são os investimentos, especialmente
aquisição de atletas.
Para o exercício de explicar a dinâmica e a dificuldade
na gestão do fluxo de caixa de um clube utilizamos os
dados do Flamengo, que trimestralmente divulga seus
demonstrativos financeiros.
Ao lado temos o desempenho trimestral, e a partir de
agora vamos analisar as principais movimentações,
anotadas em números. Os principais movimentos que
apontaremos serão nas Receitas (1), na Geração de
Caixa (2), NCG (3) e Investimentos em Atletas (4).
48. 48
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Exemplo: C.R. Flamengo
1
4
2
3
1. TOTAL DE VENDAS BRUTAS: note que as receitas
recorrentes giram entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões
trimestrais. Mas em Junho houve uma entrada substancial de
Venda de Atletas que levou as receitas a R$ 274 milhões
naquele trimestre. Este é o movimento usual, que para alguns
clubes pode ser no 2º trimestre e para outros no 3º trimestre,
dependendo de quando é vendido o atleta.
2. NCG (necessidade de Capital de Giro): aqui temos o
movimento no caixa das vendas e compras de atletas, com
seus pagamentos e recebimentos . Note que apesar de
registrar R$ 149 milhões em Venda de Atletas, esta conta de
NCG aponta redução de R$ 81 milhões, porque parte do valor
da venda será ainda recebida. De maneira bem simplista, é
como se deduzíssemos esses R$ 81 milhões dos R$ 149
milhões da venda. No 3º trimestre o clube já recebeu parte do
valor, pois entraram R$ 34 milhões. Ou seja, não é porque o
clube vendeu que o dinheiro entra na hora. Boa parte das
vendas tem seus pagamentos parcelados, assim como parte
das compras. O gestor financeiro precisa ajustar seus fluxos de
pagamento e recebimento considerando estas particularidades
temporais.
3. INVESTIMENTOS EM ATLETAS: note que no 2º trimestre, com
a venda relevante o clube também fez investimentos em
aquisições acima da média. Quando há disponibilidade há
chance de investir.
4. EBITDA (GERAÇÃO DE CAIXA): com vendas a geração de
caixa aumentou e com aquisições os custos aumentaram,
reduzindo a geração no 3º e 4º trimestres, vide aumento no
CMV (custos diretos).
Com tantas movimentações, o gestor financeiro precisa estar
atento à Geração de Caixa Líquida, que é o valor que lhe resta
para fazer investimentos em estrutura, mas especialmente para
pagar despesas financeiras e reduzir dívidas bancárias.
50. 50
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Alguns Conceitos Básicos
Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos
merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.
O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há
características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor
alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao
mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos
investimentos.
Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz
adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos
dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses
adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos
recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.
Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta
Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o
clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para
o futuro.
Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes,
amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não
transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na
verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a
análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários
para a performance do clube.
E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos
reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer
exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.
Então, vamos aos números.
52. 52
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 39 MM
Geração de Caixa
R$ 2 MM
Custo do Futebol
R$ 24 MM
Receitas menores em 2017 por conta de jogar a Série B (-
35%). Forte queda nos Direitos de TV, compensada em
parte pela venda de Atletas.
A série é curta mas percebe-se que flutua muito próxima
entre recorrente e total, pois o clube não é vendedor de
atletas de valor elevado.
Jogar a Série A é ótimo, veja que em 2016 o clube obteve
geração positiva em todas as linhas. Em 2017 a venda de
atletas ajudou a manter a geração de caixa total positiva,
pois o recorrente foi negativo.
O clube não mudou sua política de gastos com futebol,
mantendo os valores inalterados em 2016 e 2017. Explica
a pior geração de 2017.
53. 53
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
América Futebol Clube
Dívidas
O clube investe pouco, mesmo na base. Para disputar
a Série A em 2016 aplicou R$ 7 milhões, mas o elenco
de 2017 não teve investimentos relevantes.
Dívida Bancária inclui dívida com Terceiros. Esta foi
fortemente reduzida em 2017. A dívida total caiu em
função disso e da redução nos impostos. Entretanto,
notamos crescimento nas despesas com IRFF a
recolher que merecem atenção.
O fluxo de caixa mostra um clube que gera pouco
caixa quando está na Série B, investe pouco e
precisou de entradas de TV para ajudar a fechar as
contas.
54. 54
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
América Futebol Clube
Índice de Eficiência
Baseado no conceito de Custo Total, que inclui Custos e Despesas diretos, investimentos em elenco e base
e despesas financeiras, vemos que os valores de 2017 foram inferiores a 2016, e se próximos aos de 2015,
refletindo o fato do clube atuar na Série B.
Estes números, associados aso pontos obtidos, nos levam ao Índice de Eficiência, que em 2015 e 2017 foi
praticamente igual, e cujo resultado acabou positivo justamente pelo retorno à Série A nesses dois anos.
55. 55
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Efeito Iô-Iô
América Futebol Clube
O América é um clube de menor poderio financeiro e sofre os efeitos de ir-e-vir da Série A para a
Série B. Isto muda completamente a gestão financeira, pois o nível de receitas é menor, e o clube
precisa estar pronto a se ajustar em termos de custos e investimentos para estas situações.
O América faz o trabalho correto e trabalha um ano de cada vez. Depende muito de uma boa gestão
esportiva para se manter por mais tempo na Série A, o que lhe ajudaria a ter maior robustez
financeira.
56. 56
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
América Futebol Clube
Balanço auditado por Ovalle Leão Auditoria e Consultoria
SEM RESSALVAS
58. 58
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 290 MM
Geração de Caixa
R$ 52 MM
Custo do Futebol
R$ 154 MM
O Galo apresentou pequena redução nas receitas. Bilheteria
menor e menos vendas de atletas compensaram aumento
nos Direitos de TV, que devem conter luvas, mas não estão
destacadas.
A receita recorrente tem tendência uniforme de crescimento,
e o que varia fortemente são as vendas de atletas, fazendo a
receita total oscilar bastante. A diferença entre as linhas
mostra a dependência da venda de atletas.
Ano bastante bom para o clube. Mesmo com menos receitas,
custos ficaram estáveis e a composição foi, teoricamente,
mais forte em receitas recorrentes, vide aumento na geração
de caixa recorrente.
Custos com futebol cresceram, o que indica que houve
redução em outras linhas. Bom posicionamento em relação
ás receitas recorrentes, abaixo de 60% que é um número
bastante bom.
59. 59
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Clube Atlético Mineiro
Dívidas
O Atlético Mineiro reduziu fortemente os investimentos
em elenco, saindo de R$ 39 milhões para R$ 6 milhões.
A Base manteve-se praticamente estável, ainda
bastante baixa.
Dívida total em queda, puxada pela redução nos
Impostos, fruto de pagamento extraordinário. Demais
oscilando pouco, mas atenção às bancárias, elevadas
para o porte de EBITDA recorrente do clube (6,6x).
A partir do EBITDA o clube teve muitas saídas de caixa, seja
pelos ajustes de NCG, com redução de antecipações de tv e
ajustes nos contas a pagar e receber), e até pagamento de
impostos.
O destaque negativo é o elevado valor de despesas
financeiras, fruto da elevada dívida bancária do clube. Para
fechar as contas o clube teve que aumentar sua dívida, pois
o fluxo de caixa antes do pagamento de bancos foi
negativo. Não há segredo: a falta dinheiro na operação terá
que vir de algum lugar, e no caso do Galo a fonte são
bancos.
60. 60
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Clube Atlético Mineiro
Índice de Eficiência
Redução de Custos Totais, puxada pela redução nos investimentos em formação de elenco, enquanto
Custos e despesas permaneceram estáveis e apesar do aumento relevante de despesas financeiras.
Aplicados aos pontos conquistados, o Índice de Eficiência de 2017 ficou praticamente estável em relação a
2016, e com bom desempenho esportivo, o colocando na zona mais qualificada,
61. 61
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Em busca do equilíbrio distante
Clube Atlético Mineiro
O Atlético Mineiro é um clube que vive de altos e baixos financeiros. A situação geral é
desconfortável há algum tempo, mas o clube se vale de uma capacidade incomum em levantar
dinheiro no mercado financeiro para bancar seus sucessivos excessos, especialmente em
aquisições de atletas e consequentemente gastos na operação.
Em 2017 vimos um clube com redução de receitas, custos relativamente estáveis, mas que se viu
na necessidade de vender atletas e reduzir investimentos. Depois de algum tempo passou um ano
sem tanto brilho em campo mas com as contas mais estabilizadas. Ainda há muito a fazer para
atingir o equilíbrio. A dívida é elevada, os custos financeiros consomem boa parte do que o clube
gera de caixa, e isto reduz a capacidade de investimentos e pressiona a estrutura.
É fato que a estrutura vem evoluindo, com as receitas recorrentes crescendo consistentemente,
com os custos mais controlados, mas é pouco, pois a distância para o equilíbrio é longa.
É preciso mais. O clube se prepara para entrar numa empreitada que tem mais atrapalhado que
ajudado os clubes, que é construir seu estádio.
2017 viu a sangria apenas estancar. Mas pode ser o sinal da mudança.
62. 62
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Mineiro
Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes
64. 64
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Clube Atlético Paranaense
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 151 MM
Geração de Caixa
R$ 25 MM
Custo do Futebol
R$ 105 MM
Crescimento de apenas 3% nas receitas, com grande
estabilidade entre elas. Direitos de TV e Bilheteria/Sócio
Torcedor são as mais significativas.
Receitas andam muito próximas, mas mostra que o clube
tem uma certa necessidade de vender atletas, pois as
recorrentes vem consistentemente abaixo das totais.
O desempenho em 2017 foi levemente inferior a 2016,
mostrando certa estabilidade de gestão. A geração de caixa
recorrente foi positiva pelo segundo ano, mas pode ser
pouco para os desafios a seguir.
Os custos diretos com o futebol vem crescendo
nominalmente, mas estáveis em relação às receitas
recorrentes, o que é bastante positivo,
65. 65
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Clube Atlético Paranaense
Dívidas
Investimentos bastante módicos nos últimos dois anos,
ainda que me 2017 tenha subido de R$ 2 milhões para
R$ 7 milhões, somando-se Base com Elenco
Profissional.
Aqui o grande desafio do clube, pois há uma dívida
elevadíssima pela construção do estádio, toda bancada
pelo próprio clube, sem investidores. A relação é
altíssima e o fluxo de caixa atual não comporta o
pagamento.
O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado. Geração de caixa
positiva, contas operacionais comportadas, poucos
investimentos. Estranhamos o resultado financeiro positivo
com esta dívida, mas a auditoria nada aponta. Ainda houve
investimentos em estrutura. Com este fluxo não há como pagar
a dívida da Arena. O clube tem que encontrar fontes externas,
como a venda do potencial construtivo para fechar as contas
nos próximos anos.
66. 66
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Clube Atlético Paranaense
Índice de Eficiência
Os custos operacionais cresceram muito em 2016 e se mantiveram elevados em 2017. O maior responsável
foi o crescimento dos custos e despesas diretos, que cresceram consistentemente nesses dois anos. As
demais componentes não oscilaram tanto.
No Índice de Eficiência o que vemos foi um crescimento do custo por ponto, mas sem resultado esportivo
efetivo, diferente do que vimos em 2016.
67. 67
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Como será o amanhã?
Clube Atlético Paranaense
A situação geral do Atlético Paranaense está longe do confortável. A despeito de excelente estrutura,
com centro de treinamento e estádio modernos, boa gestão das categorias de base, o desempenho
esportivo tem sido apenas razoável e as pressões financeiras estão crescendo.
O time tem equilíbrio operacional compatível com seu porte, mas a elevada dívida do estádio gera
uma necessidade de sobra de caixa muito grande. Ainda há os títulos de potencial construtivo*
cedido pela Prefeitura de Curitiba a ser utilizado para ajudar neste pagamento, mas ainda assim é
necessário vender e encontrar demanda para eles. Sem isso sobra pouco das receitas para pagar
custos financeiros e dívida, e ainda manter elenco competitivo.
Há uma dúvida real sobre como o Atlético Paranaense sairá desta situação. A conferir.
* Títulos cedidos ao clube que servem para aumentar potencial construtivo de obras na cidade de Curitiba. O comprador tem
direito a construir área acima da lei de construção urbana e o Atlético tem cerca de R$ 160 milhões de títulos como estes para
ser vendido a incorporadores.
70. 70
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 55 MM
Geração de Caixa
R$ 15 MM
Custo do Futebol
R$ 31 MM
Forte crescimento de receitas em função do retorno à
Série A. As receitas com Direito de TV mudaram de
patamar e as receitas com Venda de Atletas também foram
elevadas.
O clube não é um grande vendedor de atletas como se vê
no comportamento das receitas totais e recorrentes.
Apenas em 2017 houve pequeno descolamento.
Em 2017 vimos ótimo desempenho do clube, com geração
de caixa positiva depois de anos no vermelho. O
crescimento de receitas foi utilizado de maneira comedida.
Veja que apesar do aumento nos custos diretos do futebol
esses ficaram bem abaixo das receitas, diferente dos anos
anteriores, onde o custo do futebol ficou estruturalmente
acima das receitas.
71. 71
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Avaí Futebol Clube
Dívidas
Clube que faz poucos investimentos diretos em
atletas, optando por ações de empréstimo ou uso
da base. São R$ 3 milhões em 2017 e R$ 2 milhões
em 2016. Tudo dentro das possibilidades.
Dívidas estáveis, basicamente com Impostos
renegociados e de longo prazo. O cuidado que o
clube precisa ter é com a manutenção da geração
de caixa capaz de pagar esta conta.
O fluxo de caixa foi equilibrado. A ótima geração
de caixa permitiu pagar todas as obrigações e
fazer alguns poucos investimentos. Tudo dentro
do que se espera numa gestão saudável.
72. 72
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Avaí Futebol Clube
Índice de Eficiência
Os custos operacionais cresceram para atender às demandas de atuar na Série A. Ainda assim, o Índice de
Eficiência de 2017 foi melhor que o de 2015, anos em que tiveram os mesmo desempenho ruim, retornando à
Série A. naturalmente que em 2016 o custo por ponto foi menor por jogar a Série B, e o acesso colocou o
clube num quadrante melhor.
73. 73
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
A realidade nua e crua
Avaí Futebol Clube
Não há como fugir à realidade de ser um clube regional: o objetivo é subir à Série A e
permanecer lá. O Avaí disputou em 2017 mas não se sustentou.
O ponto positivo foi ter se organizado de maneira a usar o aumento das receitas com TV para
manter a estrutura equilibrada.
Gestão organizada, que lida da maneira possível com suas características.
74. 74
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Avaí Futebol Clube
Balanço auditado por AudiBanco Auditores Independentes
SEM RESSALVAS
76. 76
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Esporte Clube Bahia
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 105 MM
Geração de Caixa
R$ (2) MM
Custo do Futebol
R$ 69 MM
Bom crescimento de receitas (+30%), baseado em Direitos
de TV e Bilheteria. Não é possível afirmar se há luvas nesta
conta de TV, que distorceria a comparação com outros
clubes.
Por alguns anos o clube dependeu mais da venda de
atletas, mas em 2016 e 2017 o clube atravessou sem a
necessidade de vender atletas. Positivamente as receitas
voltaram a crescer em 2017.
Negativamente o clube apresentou custos crescendo acima
das receitas líquidas (+25% dos custos contra +20% das
receitas líquidas). Resultado foi geração de caixa negativa,
e falaremos mais do efeito na próxima página.
Receitas de Futebol crescendo ano após ano, mas
especialmente nos dois últimos ficaram praticamente
estáveis em relação às receitas recorrentes, o que é
positivo.
77. 77
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Esporte Clube Bahia
Dívidas
Os dados não ficaram claros nem permitiram a
melhora avaliação sobre os investimentos do clube
em 2017. As análises não são conclusivas.
As dívidas permaneceram praticamente estáveis em
2017, concentradas em Impostos parcelados.
Entretanto, vimos o retorno das dívidas bancárias, o
que precisa ser monitorado.
O fluxo de caixa começa negativo, tem forte pressão
de NCG. Somando as despesas financeiras, o
buraco de caixa demandou a contratação de R$ 8
milhões junto a bancos, além do consumo de R$ 12
milhões do caixa formado ao longo de 2016. É
preciso atenção na gestão, para que não se crie um
buraco onde havia equilíbrio.
78. 78
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Esporte Clube Bahia
Índice de Eficiência
Os custos totais continuarem crescendo, baseados no aumento dos custos e despesas diretos, uma vez que
demais linhas de custos apresentaram queda.
O reflexo se dá no aumento dos custos por ponto ganho, que veio junto com um pior desempenho
esportivo, após dois anos de custos mais baixos e melhor desempenho.
79. 79
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sinal de alerta
Esporte Clube Bahia
O Bahia vinha de gestões equilibradas, mas em 2017 vimos uma mudança de tendência. Aumento
nos custos, aumento na dívida bancária, desempenho esportivo aquém do investimento geral.
Expectativa de que tenha sido um comportamento pontual e que o clube volte a manter os pés-no-
chão e o equilíbrio de gestão.
Ainda não é preocupante, mas tem um sinal de alerta ligado.
82. 82
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 196 MM
Geração de Caixa
R$ 34 MM
Custo do Futebol
R$ 102 MM
Receitas cresceram 40% em 2017. Aqui temos um ajuste,
retirando R$ 43 milhões que na verdade é um perdão de dívida,
e foi reclassificado. Destaques foram a TV e Outros, que tem as
premiações de Copa do Brasil e Libertadores, além da
Bilheteria.
Clube depende menos da venda de atletas desde 2015. Aliás,
depois 2015 as receitas vem crescendo e a participação na
Libertadores em 2017 ajudou no desempenho apresentado.
Quarto ano seguido com bom desempenho. Clube trabalha
equilibrado, gerando caixa e dentro de suas possibilidades.
O aumento dos custos foi comportado e na comparação com
as receitas ficou abaixo de 2016 (70% contra 54%). Gestão
pés-no-chão.
83. 83
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Botafogo de Futebol e Regatas
Dívidas
Em 2017 os investimentos ficaram semelhantes
aos de 2016, mesmo num ano em que disputou
Libertadores. Ou seja, bastante equilibrado,
Dívidas estáveis em 2017, apesar do aumento de
R$ 20 milhões nas dívidas bancárias. O problema
é o tamanho da dívida em relação á capacidade
de pagamento. Quando começar a vencer os
Impostos, pode haver dificuldades para o clube.
Fluxo de caixa bastante difícil. Boa geração de caixa,
crescendo, mas a variação de NCG – acreditamos em
baixo de adiantamentos usados no passado – e o
pagamento de R$ 28 milhões em impostos pressionaram
muito o clube. Além disso houve aumento de R$ 21
milhões no Imobilizado pela adição de um terreno. Fato é
que além do aumento na dívida bancária ainda tivemos a
entrada de R$ 40 milhões de luvas de TV. Ou seja, a
pressão já começou.
84. 84
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Botafogo de Futebol e Regatas
Índice de Eficiência
Os custos totais continuam crescendo, ainda que acompanhando as receitas. Para servir os desafios que se
aproximam o clube precisará de mais austeridade.
O reflexo se dá no Índice de Eficiência, que em 2017 foi pior e sem bom desempenho esportivo.
85. 85
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Nadando contra a corrente
Botafogo de Futebol e Regatas
Inegável o esforço da diretoria do Botafogo para colocar o clube nos trilhos. Gestão equilibrada,
controlada, buscando alternativas esportivas dentro da possibilidades financeiras. Programa de
Sócio Torcedor crescendo, e uma ginástica enorme para atravessar a correnteza.
Mas o futuro se aproxima e fica cada vez mais difícil imaginar como o clube fará para se livrar das
dificuldades e da pressão de caixa que se avizinha.
Em 2017 todas as fichas surgiram na mesa: pagamento elevado de impostos atrasados,
investimentos, compensação de adiantamentos realizados no passado. E o clube fechou as contas
com luvas de TV e dívida.
Quanto mais de esforço, sem ajuda externa de investidor, será necessário para equilibrar a vida?
86. 86
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Botafogo de Futebol e Regatas
Balanço auditado por BDO
SEM RESSALVAS / INCERTEZA SOBRE CONTINUIDADE
OPERACIONAL
88. 88
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Ceará Sporting Club
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 27 MM
Geração de Caixa
R$ (2) MM
Custo do Futebol
R$ 21 MM
Números estáveis, típicos de quem disputa
consistentemente a Série B. Pouca dependência da TV.
Série curta, mas em 2017 não vendeu atletas de forma
relevante, diferente dos anos anteriores.
Desempenho deficitária nos últimos 3 anos, com custos
acima das receitas.
Os custos diretos do futebol cresceram em 2017, mas
proporcionalmente às receitas foi inferior a 2016.
89. 89
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Ceará Sporting Club
Dívidas
Pela característica regional os
investimentos são compatíveis com seu
porte.
Dívida nominalmente baixa, concentrada
em impostos parcelados. Mas como não
gera caixa, depende de eventos externos
para reduzí-la.
Fluxo de caixa muito justo, que dependeu
de luvas da TV para fechar as contas em
2016 e 2017.
90. 90
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Ceará Sporting Club
Índice de Eficiência
Custos operacionais cresceram o que deve ter contribuído para levar o time à Série A em 2018.
O Índice de Eficiência foi bem, com baixo custo por ponto conquistado e bom desempenho esportivo.
91. 91
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Um dia de cada vez
Ceará Sporting Club
O Ceará é um clube regional, que tem disputado a Série B por muito tempo e retornou agora para
disputar a Série A. Os números modestos refletem isso, e em 2018 devemos ver dados diferentes.
Com mais receitas.
O que temos até agora será totalmente diferente ano que vem. Resta saber o que o clube fará com o
aumento de receitas. É sempre um dilema: gastar mais e tentar permanecer, ou gastar o necessário
e trabalhar com folga? Claro, o melhor é trabalhar com eficiência. Vamos ver como o Vovô se sairá.
94. 94
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 100 MM
Geração de Caixa
R$ 23 MM
Custo do Futebol
R$ 61 MM
Importante crescimento de 56% nas receitas, com bom
desempenho em todas as linhas, e destaque para Venda de
Atletas, Bilheteria/ Sócio Torcedor e Outras, que contém
premiações.
Crescimento consistente das receitas e apenas em 2017
houve presença mais sensível da venda de atletas.
Além de manter o equilíbrio o clube foi além e melhorou
substancialmente o desempenho, com excelente geração de
caixa.
Custos diretos do futebol cresceram, mas ficaram estáveis
em relação ás receitas recorrentes, o que foi bastante bom.
95. 95
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Associação Chapecoense de Futebol
Dívidas
Um dos efeitos do acidente foi a necessidade de
formar um novo elenco, e o clube acabou
investindo R$ 18 milhões, bem acima do usual.
O clube não tem dívidas bancárias e
proporcionalmente pouca dívida operacional e com
impostos. Muito bem gerida a Chape.
Fluxo de caixa bastante robusto. Ótima geração de
caixa, entrada de recursos via NCG (Operacionais), a
maior parte de recebimentos de valores gerados em
2016. Desta forma o clube encerrou 2017 com uma
importante posição de caixa a ser utilizada em 2018.
96. 96
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Associação Chapecoense de Futebol
Índice de Eficiência
Com o crescimento das receitas e a necessidade de formar novo elenco o clube apresentou forte
crescimento nos custos totais.
O Índice de Eficiência ficou mais elevado em 2017 mas com bom desempenho esportivo, quando comparado
a 2016, que teve mesmo desempenho mas custo por ponto menor.
97. 97
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fênix
Associação Chapecoense de Futebol
A Chapecoense é um fenômeno. Passou por uma tragédia inacreditável e ressurgiu com
competência e força. Gestão que passou de mãos e manteve mesmos conceitos de cuidado e
atenção com a formação do elenco. A torcida se aproximou ainda mais e reforçou seu amor, não a
um clube, mas a uma causa, um propósito.
Se alguém duvidada da capacidade da Chape, pode esquecer: veio para ficar, com cuidado na
gestão esportiva e financeira.
98. 98
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Associação Chapecoense de Futebol
Balanço auditado por RL Solutions
SEM RESSALVAS
100. 100
Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 345 MM
Geração de Caixa
R$ 75 MM
Custo do Futebol
R$ 189 MM
Crescimento de apenas 3% nas receitas, com destaque para
a queda na venda de atletas e aumento de Sócio Torcedor,
que é a parcela não convertida em ingressos.
O clube vende consistentemente atletas, como vemos na
comparação das receitas, e o desempenho vem sendo tímido
desde 2015. A falta de receita com Bilheteria é uma grande
problema para o clube.
Desempenho estável em 2017, mas melhorando em termos
de Geração de caixa recorrente. Mas a melhora pode ser
insuficiente para fazer frente às necessidades do clube.
Custos diretos do Futebol cresceram nominalmente mas em relação
às receitas apresentaram redução, de 69% para 64% O problema é
que o Futebol representa 75% dos custos e despesas totais. Ou
seja, há R$ 60 milhões aplicados em outras atividades do clube.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Sport Club Corinthians Paulista
Dívidas
Investimentos bem menores em 2017 em relação a
2016, mostrando a necessidade real de controle
de gastos.
As dívidas permaneceram estáveis em 2017, com redução das
bancárias e aumento das Operacionais, basicamente pela linha de
valores a pagar a clubes por contratações. Ainda tem reflexo de
contratações de 2016 nessa conta.
Não consideramos a dívida do estádio, que está em outro balanço não
divulgado.
Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa
geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e
pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as
despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo
o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões.
Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para
pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este
valor.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Sport Club Corinthians Paulista
Social x Futebol
Investimentos bem menores em 2017 em relação a
2016, mostrando a necessidade real de controle
de gastos.
Um dos temas que afetam a geração de caixa do clube é o déficit
operacional da parte Social. Nos últimos 2 anos e 3 meses o Futebol
bancou R$ 39 milhões de déficits operacionais, drenando recursos da
atividade profissional.
Fluxo de caixa bem complicado em 2017. Apesar da boa
geração de caixa o clube adiantou R$ 44 milhões de TV, e
pagou R$ 18 milhões em impostos atrasados. Além disso as
despesas financeiras se mantiveram elevadas. Apesar de tudo
o clube optou por reduzir a dívida bancária em R$ 41 milhões.
Um detalhe: o clube deveria ter repassado R$ 25 milhões para
pagar o estádio e isto não foi feito. Ou seja, ainda deve este
valor.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Sport Club Corinthians Paulista
Índice de Eficiência
Os custos totais caíram bastante em 2017, especialmente com a redução de investimentos, seja em elenco
como na base.
O resultado do Índice de Eficiência foi um clube campeão gastando menos que em 2015 (também campeão)
e que em 2016, quando nem chegou à Libertadores. O esportivo bem feito.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Na corda bamba
Sport Club Corinthians Paulista
O Corinthians foi campeão brasileiro duas vezes nos últimos 3 anos. É um exemplo de boa gestão
esportiva, montando elencos equilibrados e funcionais com pouco dinheiro. Pouco dinheiro? Não é
bem assim. Mas com menos dinheiro que seu potencial. Na verdade, o clube gasta R$ 60 milhões
em outras atividades que não o futebol, seja outros esportes, seja o social. Além disso, sem as
receitas de Bilheteria o clube perde potencialmente algo como R$ 70 milhões em receitas. E como
gasta muito e tem receitas limitadas, precisa de adiantamentos e até deixou de fazer aportes no
estádio. Ou seja, está trabalhando com todas as estratégias financeiras para fechar suas contas. E
claro, vendendo atletas consistentemente.
Há também o impacto dos custos do Social dentro da estrutura. O Social dá prejuízo
consistentemente e é coberto com recursos do Futebol.
Até quando será possível sem que isto impacte o esportivo? Esta é uma pergunta relevante.
Há muito que enxugar, há muito que organizar para que as contas do dia-a-dia e o estádio sejam
pagos. Aliás, a dívida do estádio nem está aqui, pois fica num balanço que não temos acesso. A
realidade pode ser ainda mais dura.
Como será o amanhã? Responda quem puder!
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Sport Club Corinthians Paulista
Balanço auditado por (não disponível)
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Corinthians divulga dados de Março/18
Corinthians | Evento subsequente
O Corinthians divulgou balancete de Março/18. Não
há grandes aberturas e detalhes, mas do que é
possível observar o clube continua com posição
semelhante a 2017, ou seja, o Futebol se sustenta
mas o Social drena caixa. As dívidas com
Fornecedores aumentaram, não pagaram a dívida
com o estádio e não houve saída relevante de caixa,
uma vez que não apontaram investimentos
relevantes, exceto por Despesas Financeiras de R$
10 milhões.
Teoricamente o clube apresenta equilíbrio, sem
considerar os repasses ao estádio. É onde mora o
risco.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 119 MM
Geração de Caixa
R$ 22 MM
Custo do Futebol
R$ 70 MM
Receitas cresceram 9% com destaque para a venda de
atletas, enquanto demais receitas oscilaram pouco.
As receitas oscilam bastante ao longo do tempo. O detalhe
é que as recorrentes caíram em relação a 2016 em termos
reais.
O desempenho total foi bom, mas em termos recorrentes
foi bastante justos, com o detalhe que vem caindo ano a
ano, se colocando numa rota difícil.
Os custos diretos do futebol cresceram acima da variação
da receita recorrente em 2017, o que mostra maior pressão,
acima de 2015.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Coritiba Football Club
Dívidas
O clube optou por manter os investimentos na
formação de atletas em detrimento de reforçar o
elenco com contratações.
A dívida total permaneceu estável, com destaque
positivo para redução na dívida bancária.
O fluxo de caixa de 2017 foi equilibrado, com geração
de caixa e entrada de caixa operacional, com
aumento de despesas provisionadas, que são
encargos trabalhistas a pagar. Ainda teve baixa de
adiantamentos de TV realizados e Impostos
atrasados.
Com isso ainda conseguiu reduzir dívidas bancárias
em R$ 10 milhões.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Evolução dos Custos Operacionais
Coritiba Football Club
Índice de Eficiência
Custos totais do futebol se mantiveram estáveis, mas quando analisamos sob a ótica do Índice de Eficiência
observamos que o Coritiba não vem com desempenhos esportivos animadores, culminando com o
rebaixamento em 2017, mesmo gastando mais por ponto conquistado. Ou, na verdade, acaba sendo um
reflexo da má campanha: gastou o mesmo nominalmente mas como conquistou menos pontos, mostrou a
ineficiência através do rebaixamento.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Momento de Reciclar
Coritiba Football Club
O Coritiba vem trabalhando no limite do desempenho esportivo e financeiro. O clube oscila demais
nas receitas, mas vem apresentando custos crescentes no futebol. Não está funcionando.
É preciso uma gestão mais centrada no controle dos custos e foco no desempenho esportivo. Em
2017 vimos um clube que passou o ano bastante justo financeiramente e em 2018 terá menos
recursos com redução na receita de TV. Momento propício para reciclar as estruturas e voltar forte
como um campeão brasileiro.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Coritiba Football Club
Balanço auditado por Petrea PDE Auditores
SEM RESSALVAS
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Criciúma Esporte Clube
EvoluçãodasReceitas
ComposiçãodasReceitasGeraçãodeCaixa(EBITDA)
CustosdoFutebol
2017
Receitas
R$ 17 MM
Geração de Caixa
R$ (4) MM
Custo do Futebol
R$ 17 MM
Clube regional que atua na Série B desde 2015, com
receitas típicas de clubes das divisões menores. Quando
vende atletas cresce, quando não vende recua.
O clube oscila bastante de acordo com a presença ou
não na série A. Note que a venda excepcional de atletas
em 2016 mudou o patamar das receitas totais, mas as
recorrentes vem sofrendo,
Desempenho bastante ruim pelo terceiros ano seguido,
com geração negativa de caixa.
O fato é que, a despeito da redução dos custos diretos
de futebol, eles ainda representam muito das receitas
recorrentes, cada ano mais módicas.
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Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2018
Fluxo de Caixa Investimentos
Criciúma Esporte Clube
Dívidas
O clube costuma investir mais consistentemente em
formação de atletas (base) e menos nas contratações,
postura bastante equilibrada pelo perfil do clube.
Positivamente trata-se de um clube sem dívidas
relevantes.
Fluxo bastante frágil, que se sustenta pela ajuda de
um patrono (Coligadas).