SlideShare a Scribd company logo
1 of 54
Download to read offline
NEUZA ITIOKA                                                         ABU Editora S.C.
                                                                     Caixa Postal 30505
                                                                   01000 - São Paulo - SP



ENCARNANDO
A PALAVRA
LIBERTADORA
   Um breve histórico da Aliança Bíblica Universitária do Brasil
ENCARNANDO A PALAVRA LIBERTADORA - 1ª EDIÇÃO                        Texto não submetido a correção ortográfica e lingüíntisca

Copyright © 1981, Neuza Itioka
Copyright © 1981, ABU Editora S.C.

Todos os direitos reservados pela
ABU Editora S.C.
Caixa Postal 30505
01000 - São Paulo - SP
1ª Edição: 1981




Texto idêntico ao livro da 1ª. edição; digitada, impressa e
distribuída pela Aliança Bíblica Universitária do Brasil — Região
Centro-Oeste — com permissão da ABU Editora S.C.
                                              Novembro de 1994




Digitação: Grupo-Base da ABU de Brasília
Coordenação: Carluci dos Santos
Editoração eletrônica: Timóteo Hiroki Kaji
ÍNDICE                                                 Treinando Também para Assessores
                                                       Veja só... É um Relatório
   APRESENTAÇÃO                                        Os Secundaristas se Movimentam
                                                       Eles se Foram, Deixando Saudades
   1. ANTES DE CHEGAR AO BRASIL                        Preparando o Sonhado Congresso Missionário
                                                       A Perspectiva da Saída de Neuza
   2. CHAMADOS A COMEÇAR (1957 a 1965)                 O Primeiro Congresso Missionário (Curitiba, 1976)
      O Campo e Robert Young                           Conclusão
      Ruth Siemens e o Nascimento da ABUB              Bases de Fé da Aliança Bíblica Universitária do Brasil
      O Ambiente Universitário                         Notas
                                                  1.
   3. CHAMADOS A ORGANIZAR (1966 a 1970)
      Enviando e Recebendo
      Planejando Treinamento
      Recrutando Novos Obreiros
      Estabelecendo Contatos
      Buscando Equilíbrio
      Colhendo Frutos

   4. CHAMADOS A DEFINIR
      Melhorando o Treinamento
      Enfrentando Problemas
      Recebendo Ajuda
      O IPL de Souzas
      Afiando Ferro com Ferro

   5. CHAMADOS A EXPANDIR
      Novos Modelos, Novos Administradores
      Uma Mulher na Secretaria
      Grupos Aqui e Acolá
      Eis-nos Aqui para o Ministério Estudantil
      Atividades Duplicadas
      A Pretensa Autoctonia
      Novos Ventos
      Literatura é Também um Ministério
APRESENTAÇÃO

     Quando deixei a Secretaria Executiva da Aliança Bíblica Universitária do
Brasil, depois de ter trabalhado dez anos no Movimento, me foi pedido
escrever um histórico do mesmo. Em 1976 tentei ensaiar alguma coisa
nesse sentido, e o material que produzi foi submetido à apreciação dos
obreiros no Curso de Assessores em Julho de 1977. Recebi muitas críticas,
observações e sugestões. Recentemente recebi o pedido de revisar aquele
material, em tempo para constituir leitura prévia para o Congresso de 1982
da ABUB. Dentro da pressão de tempo de um mês e meio, fui forçada a
trabalhar baseada naquele primeiro esboço. Mas usei muito mais os meus
relatórios mensais, semestrais e anuais, bem como, as minhas cartas aos
assessores, diretores e presidentes de grupos. Esse era o material de que
eu dispunha. Usei alguns trechos de Alcance, bem como de Entre-Nós,
boletins informativos da época.
     Ainda a recordação, a memória, desempenhou um papel importante na
consolidação de muitos fatos. Creio que, estando envolvida na obra
estudantil, é possível que eu tenha cometido justiças e injustiças com
respeito ao que vi, percebi, discerni e interpretei. Há muita emoção... pois eu
o vivi.
     Portanto, peço desculpas aos meus leitores por não poder oferecer algo
um pouco mais científico, ou objetivo, se assim podemos dizer.
     O que tentei colocar no papel é a história de algumas gerações de
estudantes que captaram uma visão de levar a mensagem de Jesus Cristo
na sua simplicidade aos colegas dentro da universidade. Não foi fácil. Muita
coisa foi feita na base do ensaio e do erro, mas com muita confiança em
Deus.
     Muita oração, muito entusiasmo, muitas lágrimas, muita alegria, muita
infantilidade...
     Mas o que constatamos é que Deus é fiel, apesar de tudo e de todos;
apesar da nossa fraqueza, da nossa pequenez, ele faz a sua obra e faz
questão de glorificar o seu Nome.
     Uma visão nos foi transmitida, e ficamos obcecados em passá-la à
frente. Oh! Santa Obsessão!
                                                                 Neuza Itioka


                                                                            1A    1B
1. ANTES DE CHEGAR AO BRASIL                                          sem ter sido reconhecido oficialmente pela Igreja Luterana e, por
                                                                      isso, teve de passar um tempo dentro da prisão. Mas ele foi um
    A Aliança Bíblica Universitária do Brasil é o resultado de        instrumento nas mãos de Deus para influenciar e forjar uma
esforços e da teimosia de um punhado de gente que captou uma          geração de evangélicos noruegueses, dentre eles homens como Ole
visão e que se dispôs a levá-la adiante. Essa visão poderia parecer   Hallesby, que marcou época no movimento evangélico estudantil
ilusória e impossível de ser realizada, mas brotava dos corações      com a sua vida, ensino e ministério. Ele patrocinou conferências
que estavam afinados com a própria paixão que estava no coração       internacionais que não apenas influenciaram a Europa, mas
de Deus: alcançar o mundo perdido com o seu amor, chamar os           também outras nações. O desenrolar delas culminou na reunião de
pagãos ao arrependimento, através de juventude estudantil.            Harvard, onde nasceu a Comunidade Internacional de Estudantes
    Poderíamos tomar como ponto de referência o fim do século         Evangélicos, em 19472.
XIX e o início deste século como o momento de início do                   Este movimento também é resultado de entrecruzamentos de
movimento dos estudantes na Inglaterra que deu origem à               diversos movimentos juvenis missionários como a Associação
Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, da qual faz       Cristã de Moços, o Movimento Estudantil Cristão e o Movimento
parte a Aliança Bíblica Universitária do Brasil. Como resultado do    Estudantil Voluntários, os quais apareceram nos fins do século
avivamento espiritual que sacudiu a Inglaterra nos anos de 1860 a     passado, como instrumentos de Deus para o crescimento e avanço
1880, e como fruto do ministério dinâmico do pastor anglicano         da igreja. E, com estes, não se pode deixar de citar a influência de
Charles Simeon, os universitários começaram a se reunir nas           homens como Dwight L. Moody, o famoso evangelista americano
dependências das escolas para estudar a Bíblia e levar adiante a      do século passado; John R. Mott, talvez a figura cristã mais
mensagem evangélica aos seus colegas. Esse trabalho se                influente neste período (1880-1930) pela sua atuação na ACM; e
desenvolveu de tal forma a se organizar com o nome de Cambridge       Robert Wilder, um grande apaixonado pela obra missionária, ativo
Inter-Collegiate Christian Union (CICCU), formado por estudantes,     no Movimento Estudantil Voluntários. Estes movimentos e pessoas
como diz o nome, da Universidade de Cambridge, Inglaterra1. .A        marcaram presença na formação da igreja protestante em nosso
data oficial do movimento, assim fundado, foi 1877.                   século, bem como na vida universitária dos discípulos espalhados
    Não podemos deixar de citar que, já antes da Reforma, o           em vários centros de estudos superiores3.
Espírito de Deus atuava de modo extraordinário no meio dos                O grupo de Cambridge, ou seja, a CICCU, se evidenciou, com
estudantes em Cambridge, em 1516. Naquela mesma universidade,         diversos grupos espalhados por toda a Inglaterra e outros países,
um grupo de estudantes liderados por Thomas Bilney, leu o Novo        mantendo a fidelidade às doutrinas básicas da Bíblia, quando o
Testamento e experimentou a conversão. Estes, mais tarde, tiveram     movimento nacional dos estudantes evangélicos, conhecidos como
o privilégio de dar as suas vidas como mártires pela fé evangélica,   Student Christian Movement, membro da Federação Mundial de
participando da Reforma da sua Igreja, na sua terra.                  Estudantes Cristãos, começou a demonstrar evidências do
    A Noruega foi um país escolhido por Deus para um                  abandono das convicções evangélicas: no eclesiástico e litúrgico
acontecimento evangélico nas universidades, como repercussão do       imitando o católico, e no intelectual, os protestantes liberais.
movimento pietista, gerado na Alemanha, de Hans Nielsen Hauge         Paulatinamente os conservadores estavam sendo afastados, a Bíblia
(1771-1824). Esse poderoso pregador expunha a Palavra de Deus         sendo substituída pela Teologia Moderna, a oração sendo
                                                                      substituída pela liturgia formalista e quase morta. A resistência de

                                                                2A    2B
Cambridge, onde os estudantes questionavam essas tendências do       admitirem que a visita de Guinness tenha sido uma faísca que deu
Student Christian Movement, já era articulada desde 1904. A          lugar ao incêndio no Canadá, eles sabiam que a Intervarsity
CICCU nunca esteve vinculada significativamente ao movimento         Christian Fellowship do Canadá era obra do Espírito Santo5.
nacional (SCM); com todos esses conflitos, o grupo de Cambridge          O movimento também se alastrou até os Estados Unidos com a
se separou do movimento nacional britânico.                          iniciativa de Stacey Woods que, obedecendo à visão missionária de
    Em meio à onda da teologia liberal, depois da primeira guerra    não se conformar com as fronteiras do país, começou o testemunho
mundial, não era fácil manter aquela posição tomada pela CICCU.      estudantil nas terras das universidades norte-americanas, desde
Fizeram-se várias tentativas para fazer filiar a CICCU ao            1939. A Intervarsity Christian Fellowship nos Estados Unidos
movimento nacional, mas a CICCU não cedeu e, depois de muitas        também não demorou para se formar e solidificar.
conversas e negociações, os representantes da CICCU fizeram uma          O movimento estudantil aparecia também na Alemanha, e os
pergunta direta e vital: “Considera a SCM o sangue de Jesus Cristo   grupos escandinavos mantinham o movimento estudantil vivo,
como o ponto central da nossa mensagem?” veio a resposta: “Não,      graças à fidelidade do movimento norueguês.
não é central, ainda que lidamos lugar em nosso ensino”. Disse           Pouco antes da II Grande Guerra estourar, realizou-se uma
Norman Grubb: “Esta resposta definiu a questão, por que então        conferência Internacional de Estudantes Evangélicos que vinham se
podemos lhes explicar que, para nós, o sangue expiatório de Jesus    repetindo desde 1934. E, em julho de 1939, em Cambridge,
Cristo é o coração da mensagem, e nunca poderíamos nos unir a        reuniram-se cerca de 800 estudantes representando 33 países, com
um movimento que lhe desse um lugar secundário4.                     o tema: “Cristo , a nossa liberdade”. Todos os presentes tinham
    O movimento de Cambridge (CICCU) permaneceu                      consciência da gravidade do momento que o mundo atravessava. .
intransigente nessas questões fundamentais e acabou atraindo para    Poucos dias depois a Guerra irrompeu, interrompendo as
a sua posição inúmeros grupos que estavam se decepcionando com       conferências anuais. Em 1946, a comissão organizadora da
o Student Christian Movement (SCM) e com a Federação Mundial         conferência se reuniu em Oxford, e verificou que o movimento
de Estudantes Cristãos, os quais cada vez mais perdiam a sua         havia surgido em vários países.
ênfase nas orações diárias, na conversão pessoal e no espírito           Conforme o movimento se alastrava me vários países, ele
missionário. Por outro lado, a CICCU acabou formando um              demonstrava as mesmas características de iniciativa estudantil e de
movimento nacional paralelo ao SCM, movimento esse que               rápido crescimento. Os missionários e líderes das igrejas
chamou Intervarsity Fellowship of Evangelical Unions, em 1928.       evangélicas da China, por exemplo, observavam, com surpresa
    A Intervarsity Fellowship of Evangelical Unions, fiel à sua      agradável, o surgimento e o crescimento da Intervarsity Christian
visão missionária, enviou Howard Guinness como primeiro              Fellowship da China. O Espírito de Deus movia em vários lugares,
missionário ao Canadá. Para comprar sua passagem, os estudantes      despertando estudantes universitários e professores para
ingleses levantaram uma oferta de amor vendendo livros e             estabelecerem o movimento estudantil.
bicicletas. No Canadá, Guinness verificou que de fato Deus havia         O tipo de organização dos movimentos varia de país a país. Não
preparado o seu caminho para a sua visita. A lenha estava            havia um molde rígido de organização que deveria ser copiado. A
empilhada, só faltava a faísca para ascender o fogo. Os grupos de    mensagem e os propósitos permaneciam os mesmos, mas os grupos
estudantes evangélicos desejosos de estudar a Bíblia surgiam nas     autônomos em cada país eram guiados por Deus para criar
universidades, da noite para o dia. Apesar dos estudantes ingleses

                                                               3A    3B
modelos e métodos de acordo com as circunstâncias e necessidades     2. CHAMADOS A COMEÇAR (1957 A 1965)
de seu país6.
    Voltando a Oxford, a comissão organizadora da conferência
internacional reuniu-se por um dia e avaliou a situação mundial      O CAMPO E ROBERT YOUNG
do movimento estudantil e a sua história. Nessa reunião aceitou o
convite norte-americano de se reunir em 1947 na Universidade de          O início da história da Aliança Bíblica Universitária do Brasil
Harvard, a fim de dar ao movimento internacional uma forma mais      está vinculada aos nomes de Robert Young, assessor da Intervarsity
permanente à que tinha até então. Assim diz Samuel Escobar: “No      Christian Fellowship dos Estados Unidos, que passou alguns anos
fim de agosto de 1947, na Universidade de Harvard, em                no Brasil, e de Ruth Siemens, que veio à nossa terra, inicialmente
Cambridge, Massachusetts, o acordo unânime das delegações            como professora da Escola Graduada de São Paulo, para ministrar
estudantis ali presentes foi o de prosseguir com a formação de uma   a americanos residentes nessa cidade. Já em 1956, a caminho da
Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, e assim se       primeira Assembléia Geral da Comunidade Internacional de
fez. Uma história de séculos de convicções e de iniciativa,          Estudantes Evangélicos (CIEE), em Glen Orchard, Ontário,
motivadas pelo desejo de anunciar a mensagem de Jesus Cristo e       Canadá, o conhecido evangélico suíço Dr. René Paché visitou,
vivê-las nas classes universitárias, convergia na formação da        juntamente com Robert Young, vários países sul-americanos,
Comunidade . A declaração, o propósito e as Bases de Fé,             incluindo o Brasil. No seu relatório René Poché comunicou a
aprovadas em Harvard, refletem a vontade expressa dos delegados      tremenda urgência de atender países da América do Sul, pelo vácuo
ali reunidos de não permitir que a falta de previsão ao forjar um    espiritual que havia se estabelecido nos meios intelectuais e, ao
Estatuto viesse a dar lugar aos desvios que sempre acontecem no      mesmo tempo, por ter verificado a grande fome espiritual dos
momento de cansaço das gerações”7.                                   universitários. Viu ainda o entusiasmo que os estudantes
                                                                     mostraram ao saber que o quadro espiritual poderia mudar. Parecia
                                                                     que as portas se abriam em todo lugar. Por onde o Dr. René e
                                                                     Robert Young iam, verificavam uma boa dose de sinais de
                                                                     iniciativa estudantil. O relatório de Paché e Young à Assembléia
                                                                     Geral fez com que aumentasse o interesse pelas terras sul-
                                                                     americanas, a intercessão por elas e o impulso missionário nas filas
                                                                     da CIEE.
                                                                         Robert Young `chegou ao Brasil em 1957, como assessor
                                                                     pioneiro, para despertar estudantes brasileiros para a visão e a
                                                                     tarefa de levar a mensagem de Jesus Cristo na Universidade. É
                                                                     interessante ler um trecho da carta escrita pelo próprio Robert
                                                                     Young, endereçada a Wayne Bragg em fevereiro de 1968:

                                                                             A história espiritual do que é hoje a Aliança Bíblica
                                                                          Universitária do Brasil começou na Califórnia, em 6 de

                                                               4A    4B
novembro de 1952. Há em minha Bíblia uma notinha ao lado                   estudantes que lhe pertencem uma visão simples e uma
de Josué 22:19, referindo-se a uma chamada e visão que                     mensagem básica: “Se você está nesta universidade pela
Deus me deu um dia: “Passai-vos para a terra da possessão                  vontade de Deus, então ela é um campo missionário e você
do Senhor...”. Quando o Espírito de Deus começou a                         é missionário dele aqui”. Os estudantes foram incentivados a
mostrar a várias pessoas que Ele estava prestes a iniciar um               se reunirem com seus amigos interessados e assim
trabalho bíblico entre os estudantes universitários da                     começaram os estudos bíblicos. “Cristo em Vós” talvez
América do Sul, essa terra não se referiu propriamente ao                  tenha sido o estudo que deu aos estudantes um princípio do
Brasil, mas aquele grande continente.                                      que significava andar com Deus. Assim, o que se poderia
    Um grupinho de estudantes de San Luis Obispo e de                      chamar de “primeiros grupos” foram os que se reuniram no
Santa Bárbara estivera reunido em uma montanha úmida e                     apartamento de Ruth Siemens, na Alameda Jaú, em São
chuvosa, com uma missionária inglesa que tinha passado                     Paulo; no Instituto Teológico da Aeronáutica, em São José
vários anos na China. Ela tinha baseado suas mensagens                     dos Campos; e em Aracaju, no Nordeste. O Rev. Walter
em Efésios 1:17-21: “O propósito da nossa chamada”, “As                    Kaschel e sua esposa estenderam o seu caloroso e
riquezas da nossa chamada” e “O poder da nossa                             entusiasta apelo para se começar um trabalho em Curitiba.
chamada”. Estávamos fascinados com um novo encontro                            Alguns dos estudantes que foram os “pioneiros “ nesses
com o Deus vivo e alguns de nós disseram: “Senhor, custe o                 primeiros grupos foram: Julieta e Wangles Breternitz e Lucas
que custar, quero que a Tua vontade se cumpra em minha                     Blanco de Oliveira, em São Paulo; Peter Bork, no ITA;
vida”. Depois de lutar com o Senhor em oração durante os                   Madalena Matos e Berenice de Oliveira, em Aracaju;
poucos dias que se seguiram, Deus me deu aquele                            Rosamaria Agayer Huber e Lydia Polech, em Curitiba. O
versículo em Josué e também em Gênesis 28:15 e Dt 31:6.                    primeiro acampamento estudantil no Brasil deu-se em
Renunciando à minha posição na Intervarsity dos Estados                    janeiro de 1958, nas montanhas frias e chuvosas de
Unidos no fim daquele ano acadêmico, fiz preparativos para                 Campos do Jordão. O preletor foi o Rev. Walter Kaschel, de
rumar para o sul... Costa Rica em 1953 e Universidade da                   Curitiba. Havia quinze estudantes. Ruth Siemens foi a “deã
Prata, em 1954.                                                            das moças”. Os rapazes dormiram numa garagem. Foi o
    Foi em outubro de 1954 que, pela primeira vez, tive o                  último acampamento em época de frio para o qual os
privilégio de pisar no solo do “país do futuro”. Estive em                 nordestinos foram convidados, porque os representantes de
Santos, em São Paulo, no Rio e em Recife. O primeiro                       Maceió quase morreram de frio naquelas noites! Como
cristão brasileiro que me encorajou a começar o trabalho                   resultado desse encontro o grupo de Curitiba começou a
estudantil no Brasil foi Dirk Van Eyeken. Encontramo-nos em                funcionar. Um retiro foi realizado naquele ano, e um
Schenestady (Nova York) e oramos pela sua terra natal.                     acampamento evangelístico foi feito com trinta e cinco
    Mais tarde, o professor Ross Douglas e sua esposa                      participantes, numa praia do Paraná. Mais tarde houve outro
foram convidados a vir lecionar em São Paulo. Ruth                         importante acampamento em Natal, para despertar interesse
Siemens, já uma pioneira fixa no Peru, foi chamada para o                  nos estudantes no Norte do país.
Brasil. E a minha própria volta, muito feliz, foi em 1 de maio                 No inverno de 1959, agosto, eu parti para Paris e para o
de 1956, saindo da cidade de Corumbá. Deus deu aos                         campo da IFES. Meu papel terminou aí. Embora eu tivesse

                                                                 5A   5B
passagem de Lisboa ao Rio, o Senhor me chamou de volta            ao trabalho iniciado. Era mais do que necessário uma orientação
      aos Estados Unidos para ficar com meus pais, que estavam          bíblica acadêmica da juventude universitária brasileira. A Palavra
      doentes. Embora Deus tenha dado uma visão e o gozo de             de Deus tinha que ser recolocada no seu devido lugar de autoridade
      alguns dos primeiros passos nessa querida terra, foi Ruth         para mudar vidas e mentes que tentavam pensar, com sinceros e
      Siemens quem regou o solo com suas abençoadas lágrimas,           honestos questionamentos.
      orações e amoroso interesse pela infinidade de estudantes             Ruth Siemens e o Nascimento da ABUB
      brasileiros”.                                                         Depois de um estágio no Peru, em 1958 chegou ao Brasil Ruth
                                                                        Siemens, como professora da Escola Graduada para colônia
    Os anos de implantação da ABU no Brasil, de 1957 a 1962,            americana. Em suas férias e fins de semana aproveitava o tempo
foram anos de expectativas, decepções e surpresas. Existia, em          vago para fazer viagens visitando os estudantes em diversas
nossa terra, um grupo chamado de Associação Cristã de                   cidades do Brasil. Nestas viagens ela chegou até Manaus, capital
Acadêmicos (ACA), vinculado ao Student Christian Movement já            do estado do Amazonas, num programa intenso de itinerância .
mencionado. Aparentemente os líderes desse movimento se                 Logo Ruth instalou em seu apartamento o seu “QG” da ABU, na
ressentiram com o aparecimento da Aliança Bíblica Universitária         esquina da Alameda Jaú com a rua Pamplona. E, nesse ano, foi
do Brasil. A presença da ABU foi interpretada como uma ameaça           organizado o primeiro acampamento oficial de âmbito nacional, em
à antiga organização. As atitudes de alguns líderes evangélicos da      Campos do Jordão, ao qual se referiu Robert Young em sua carta9.
época deram margem à interpretação de que o novo movimento                  Sítio das Figueiras, perto de São Paulo, sediou também um dos
estava chegando para combater a organização ecumênica dos               acampamentos mais importantes para o início do movimento
estudantes. Pela literatura que a ACA publicava na época, podemos       estudantil no Brasil. Sob a direção de Ruth, eram quarenta
notar muito de cunho evangélico nas suas páginas. Mas seguindo a        universitários e assessores internacionais, como Stacey Woods,
orientação que vinha da organização internacional, a Federação          primeiro Secretário Geral da Comunidade Internacional de
Mundial de Estudantes, com teologia declaradamente liberal, e           Estudantes Evangélicos; John White, médico psiquiatra,
seguindo a liderança de certas alas da igreja no Brasil, e no intuito   responsável pelo trabalho de coordenação dos grupos latino-
de contextualizar a teologia para o ambiente da revolução social e      americanos; Samuel Escobar , professor de letras e pedagogia,
política pela qual passava o Brasil, a ACA começou a mudar,             assessor da CIEE; e Robert Young, assessor da Intervarsity
tornando-se integrante daquilo que muitos sociólogos da época           Christian Fellowship dos Estados Unidos, emprestado ao Brasil10.
chamavam de processo revolucionário brasileiro8. Seria exagero              O Congresso de Cochabamba que se realizou na Bolívia,
dizer que uma geração de líderes da mocidade evangélica, sob a          naquela cidade, em 1958, foi um dos fatos importantes para o
influência daquela teologia, sucumbiu com a Revolução de 1964?          Movimento brasileiro, dando o sentido de que a obra iniciada não
A revista ecumênica “Testemonium”, publicação da própria                era algo isolado, mas sim parte de um corpo em formação na
Federação Mundial de Estudantes, comenta o fato com uma auto-           América Latina. Nesse congresso estiveram presentes dezessete
crítica e observação dos movimentos a ela afiliados.                    grupos estudantis, ainda que apenas o México se fizesse presente
    Para um contexto como este em ebulição, era evidente que o          como movimento nacional organizado. Nas palavras de Samuel
Espírito de Deus impulsionava os pioneiros do movimento                 Escobar, esse acontecimento histórico determinou uma nova etapa
estudantil vinculado à Comunidade (CIEE) para dar continuidade          histórica da CIEE, e foi importante em três sentidos: Primeiro, uma

                                                                  6A    6B
tomada de consciência de que Deus estava em ação na                  conheceu a IVCF nos EUA, que foram grandes incentivadores do
Universidade latino-americana como nunca antes. Segundo,             Movimento. Com o chamado de Robert Young para outros campos
transmitiu-se um ensino concentrado e germinador do que iria         estudantis da Europa, e Ruth Siemens tendo se integrado na equipe
contribuir poderosamente para criar todo um estilo de trabalho.      internacional da Comunidade, depois de ter passado um ano nos
Terceiro, de comum acordo com a Comunidade, visualizou-se uma        Estados Unidos, ela voltou em janeiro de 1961 como assessora de
estratégia continental11.                                            tempo integral para dar continuidade à obra do movimento
    Estavam presentes os pioneiros da obra estudantil na América     estudantil no Brasil. Nessa volta Ruth radicou-se no Rio de Janeiro
Latina: Robert Young, Ruth Siemens, Wayne Bragg (assessor da         e iniciou o grupo carioca. Como fruto de alguns anos de trabalho
Comunidade na área do Caribe) e diversos profissionais recém-        incansável dos assessores e como confirmação de que Deus estava
formados, ativos nos seus respectivos países, e estudantes           presente no meio universitário brasileiro, chamando um povo para
entusiasmados, muitos dos quais se vinculariam mais tarde ao         o testemunho estudantil, a ABUB se organizou como Movimento
ministério estudantil. Representaram o Brasil nesse Congresso,       Nacional em 1962. As dependências do Acampamento Palavra da
Lucas Blanco de Oliveira, advogado recém-formado de São Paulo        Vida sediaram, na semana santa daquele ano, entre os dias 19 e 21
e Lydia Polech, estudante de letras em Curitiba. Muitas cidades do   de abril, as delegações de 11 grupos da ABUB: Rio de Janeiro
Brasil receberam a visita dos assessores da época: Ruth Siemens e    representado por Inéia Pinheiro Santana, Betty Antunes de
Robert Young, mas deste o seu início o movimento brasileiro          Oliveira, Theodoro Gevert; Curitiba representado por Antônio
caracterizou-se pela iniciativa estudantil. Ruth Siemens comenta     Vigiano, Gunars Sprogis, Lydia Polech; Vitória representado por
que então os estudantes vinham aos acampamentos (realizados em       Hermes Peyneau, Rosa Laura Moreira, Regina Stange; Niterói
diversos lugares do Brasil) e voltavam às suas cidades               representado por Mírian Silveira, Delcy Francione de Abreu,
entusiasmados com a visão adquirida e tentavam reunir os seus        Delfio Brandão Zambrotti; Sorocaba representado por Paulo
colegas para iniciar grupos de ABU’s. Outros ainda, ouvindo          Hornos; São Paulo representado por Paulo Marcos de Campos
acerca do trabalho, tentavam fazer algo semelhante nas suas          Barreto, Nilo Roberto Janson, Janyr Boscatti; Belo Horizonte
cidades e escolas. A pedido do grupo de São Paulo, Lucas Blanco      representado por Homem Israel Ferreira, Nilse Menezes Lucas,
de Oliveira (Makenzie, Direito) e Peter Bork (ITA, Engenharia)       Maria Izabel Guimarães Faria; Goiânia representado por Josué José
viajaram até Goiânia para realizar a primeira reunião com os         Mota, Adélcio Lima; Juiz de Fora representado por Vasni Calixto
estudantes daquela cidade. Mais tarde um grupo de estudantes         Santana, Maria Matilde Mendes e Beatriz Gotardelo; São José dos
paulistas fez uma visita a Belo Horizonte para incentivar os         Campos representado por Ayrton de Mello Moreira e Samuel
estudantes mineiros a iniciar o grupo na cidade12.                   Konishi; Petropólis representado por Dirk Van Eyken; e vários
    Combinadas as viagens que os assessores faziam com os grupos     delegados observadores dentre eles, Ross Allan Douglas e Aline
incentivados pelas visitas dos estudantes, em breve houve um         Douglas, Julieta Breternitz e Wangles Breternitz, Peter Bork.
número razoável de pequenos núcleos de estudantes espalhados por         E assim começa a ata desse Congresso Nacional:
todo o Brasil, mas a maioria sem quase nenhuma orientação. Deus          “Aos dezenove dias do mês de abril de mil novecentos e
provia bons conselheiros em algumas cidades, como o Pr. Dionísio     sessenta e dois, `as dezessete horas e vinte minutos, no salão de
Pape na cidade de Fortaleza, e o Dr. Ross Douglas em São Paulo, e    culto do Acampamento Palavra da Vida, situado em Terra Preta,
pessoas, como a professora Euzi Moraes em Vitória-ES, que            município de Mairiporã, reune-se o Primeiro Congresso da Aliança

                                                               7A    7B
Bíblica Universitária do Brasil. Faz uso da palavra a senhorita Ruth     teológico que diluía as bases de fé e da conduta dos próprios
Siemens, secretária itinerante da ABU no Brasil, para dar                seminaristas. Na tentativa de colocar em ordem as escolas, alguns
orientação inicial sobre o que deverá tratar o Congresso; pede ela       alunos foram expulsos e professores demitidos. Colegas de longos
que se busque a presença de Deus e três orações são feitas. Fala o       anos de trabalho se separaram, criando mágoas e amarguras no
Senhor Samuel Escobar, demonstrando a sua alegria por ver o              meio do povo de Deus, criando grandes divisões em igrejas e
desenvolvimento da ABU no Brasil e apresentando uma palavra de           denominações.
estímulo...” (12)                                                            O cenário estudantil passava, no início de 60, por uma
    Nesse Congresso os delegados aprovaram os primeiros                  efervescência política muito grande. Havia uma preocupação do
estatutos da ABUB o seu Conselho Administrativo, que tinha a             meio estudantil de se conhecer melhor a realidade brasileira,
função de administrar o movimento. O Conselho Administrativo             expressão essa que estava entrando em moda no meio estudantil e
era composto por quatro profissionais de instrução superior, dentre      no meio dos intelectuais. O convite era de conhecer os problemas
os mais identificados com o trabalho geral da ABUB e eleitos pelo        sociais, econômicos e políticos da nação: nenhum estudante
Congresso, quatro universitários eleitos dentre os delegados das         poderia ficar alienado aos acontecimentos e à mudança pela qual
ABU’s locais e o Secretário Geral.                                       passava o Brasil. A consciência nacionalista estava sendo
    O Conselho Administrativo tinha a incumbência de organizar o         despertada e aguçada com a tomada de conhecimento da situação
programa financeiro, elaborar e aprovar o orçamento anual,               do país e com os ataques dos males do imperialismo norte-
organizar o programa de literatura, planejar o Congresso Anual,          americano. A ideologia reinante aceita por muitos estudantes era o
indicar o Secretário Geral e os secretários itinerantes, dentre outras   marxismo, que usava a bandeira da justiça social convocando os
responsabilidades.                                                       estudantes a lutarem pelos trabalhadores e camponeses. As
    Assim, o primeiro Conselho Administrativo da ABUB foi                faculdades e escolas superiores eram literalmente focos de agitação
constituído por Dirk Van Eyeken, Lucas Blanco de Oliveira,               estudantil e os universitários estavam sendo convocados a
Wangles Breternitz, Peter Bork e, representando os estudantes,           participar dos assuntos que interessavam à política nacional.
Antônio Vigiano (de Curitiba), Betty Antunes de Oliveira (do Rio             Nessa época, para se ter uma idéia de como iam as coisas, a
de Janeiro), Adélcio de Lima (de Goiânia) e Paulo Hornos (de             estudante Neuza Itioka descobriu, perplexa, que na seção de
Sorocaba).                                                               Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da
                                                                         Universidade de São Paulo (hoje Faculdade de Educação), quatro
O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO                                                 dos veteranos da escola que estavam militando no Partido
    Os anos 60 foram a década de divergências e de conflitos             Comunista tinham sido líderes de mocidades evangélicas. A
teológicos, que forçaram os seminários a adotar uma disciplina           perplexidade se transformou em peso, e o peso no chamado de
rígida para salvaguardar as suas instituições. Muitos tiveram que se     Deus para participar do movimento estudantil, e mais tarde para
posicionar diante de novos pensamentos e doutrinas, nem sempre           servir o reino de Deus através da assessoria da ABUB.
com as interpretações bíblicas e tradicionais. Muitas escolas                Somente alguns anos mais tarde ela compreenderia que os
tiveram que fechar as suas portas, pelos sérios problemas que os         jovens cristãos, mesmo tendo uma fraca formação bíblica, são
seminários tiveram que enfrentar, decorrentes do relativismo             bastantes sensíveis à questão da injustiça e da injustiça social, pois
                                                                         a questão social já é assunto apresentado pelos profetas do Velho

                                                                   8A    8B
Testamento, os quais na realidade são os verdadeiros arautos da               estimulada no mais das vezes por interesses subalternos e
justiça social. Este tema nunca é abordado, por exemplo, pelos                mesquinhas ambições pessoais. É isto que permitiu à
filósofos gregos, devido à sua cosmovisão de ver a sociedade                  reação encobrir os seus verdadeiros propósitos, e iludir boa
dividida em classes. Os profetas, ao contrário, transmitem a agonia           parte da opinião pública, com o pretexto de salvação do País
do coração de Deus, que não suporta o pecado e a injustiça contra             do caos que parecia iminente13.
qualquer criatura. A sensibilidade e a compaixão sem uma resposta
verdadeira, embasada na Palavra de Deus, podem levar o jovem                 A revolução de 1964 foi acompanhada de muito euforismo em
cristão a optar por uma outra alternativa: a de militância política      muitas igrejas, na sua grande maioria conservadora e bíblica, com a
com meios violentos, abandonando a fé e o seu compromisso com            convicção de que se salvou a nação de uma revolução que poderia
Jesus Cristo. (12)                                                       desembocar num tipo de totalitarismo de esquerda onde a Igreja de
    Os acontecimentos políticos que procedem a revolução de 1964         Jesus Cristo não poderia sobreviver nos moldes atuais. No meio do
estavam preocupando os líderes políticos e eclesiásticos do Brasil       povo evangélico havia um sentimento comum de que Deus, o
pelo tom demagógico com que eram desenvolvidos. Assim, na sua            Senhor, da mais uma oportunidade para a pregação livre do
avaliação, a própria esquerda criticou os fatos e o ambiente que         Evangelho. Mas a euforia não durou muito, pois a igreja evangélica
antecederam a Revolução de 64:                                           no Brasil começou a enfrentar, especialmente no meio da
                                                                         juventude, um tipo de reação a tudo que cheirava conservador. As
        Apesar, contudo, das circunstâncias altamente favoráveis         teologias que vieram de além mar, os pensamentos europeus e
     à maturação do processo revolucionário brasileiro, o que se         americanos que haviam penetrado nos meios brasileiros através dos
     tem visto, afora as agitações superficiais, por vezes               seminários e dos seus professores não iriam desaparecer de um dia
     aparatosas, mas sem nenhuma profundidade ou penetração              para o outro. A semente havia permanecido e o ecumenismo
     nos sentimentos e na vida da população, é a estagnação              acompanhado de ideologia marxista continuou influenciando
     daquele processo revolucionário. Ou, pior ainda, a sua              escolas de Teologia e, igrejas e, mui particularmente, a juventude.
     degenerescência para as piores formas de oportunismo,               Tudo o que tinha sabor de teologia conservadora14, no sentido de
     explorando as aspirações populares por reforma. Foi esse            defender os fundamentos bíblicos, estava sendo identificado com a
     espetáculo que proporcionou ao País o convulsionado                 força reacionária do País. Muitos poucos tinham a maturidade de
     governo deposto de 1º de abril. Muitos, na verdade quase            discernir as implicações políticas envolvidas em determinadas
     toda a esquerda brasileira, interpretaram aquele período            posições teológicas e facilmente e com muita irresponsabilidade
     malfadado como avanço revolucionário. Mas de fato ele para          rotulavam de reacionários e fundamentalistas aqueles que não
     nada serviu senão preparar o golpe de abril e o                     adotavam a postura de estar em oposição ao governo, e que não
     acastelamento no poder das mais retrógradas forças                  advogavam a teologia da moda. Neste contexto, os jovens crentes
     reacionárias. Isso porque deu a essas forças a justificativa        que sinceramente amavam a Deus, que tinham a sua fé pessoal e
     de que necessitavam: o alarme provocado pela desordem               uma vida devocional, por se precuparem com as questões sociais
     administrativa, implantada à sombra da inépcia                      eram taxados de liberais. Eles acabavam se radicalizando, nem
     governamental, aproveitada e explorada por agitação estéril         sempre encontrando aceitação e compreensão dos líderes, nem
     sem nenhuma penetração no sentimento popular, e

                                                                    9A   9B
obtendo respostas bíblicas para as suas questões. Era a               da Missão Universitária na cidade de São Paulo. Os quatro
radicalização para os dois extremos.                                  estudantes que representavam a Universidade de São Paulo, na
    Em meio a este clima, a Aliança Bíblica Universitária             Pedagogia, Matemática e Física, meio assustados e muito
prosseguia com os seus objetivos de alcançar os estudantes através    temerosos, porque tinham que sair do seu grupinho cômodo para
dos estudantes, pela Palavra de Deus. As atividades, os estudos       enfrentar a Universidade propriamente dita, tiveram que trabalhar
bíblicos e os acampamentos cresciam em todas as partes do Brasil.     entrando em contado com diversos grêmios e centros acadêmicos e
Em 1965 já havia 19 grupos espalhados em todo o Brasil. As            tomar todos os tipos de providências. Nestes eventos, o Dr. Ross
viagens de Ruth Siemens não eram suficientes para providenciar        Douglas deu grande apoio para o trabalho estudantil. Os volante de
adequada orientação para os novos grupos. Para poder prover           convite indicando os temas das conferências, o local e a data foram
literatura e material adequado de orientação ao Movimento, e          confeccionados e distribuídos maciçamente. Neste mister esses
visando também servir a igreja evangélica, formou-se a Junta          estudantes tiveram que fazer das “tripas o coração” para divulgar,
Editorial Cristã em 1962, composta da Missão Batista                  convidar os colegas, e vir de classe em classe para falar das
Conservadora e a ABUB. A Junta Editorial Cristã iniciou a             conferências. Os grêmios e os centros acadêmicos abriram as sua
publicação de um bom número de livros, com o trabalho                 portas para receber este professor da Suíça, doutor em educação
supervisionado pelo Dr. Russell Shedd. Em 1965, já tinham sido        pela Universidade de Zurich e pela Universidade de Chicago.
publicados o Novo Comentário Bíblico, e os livros Cristianismo            O conferencista falou em 11 faculdades na cidade de São Paulo,
Básico de John Stott; A Razão do Cristianismo, Cartas do Inferno,     trazendo ao público temas muito interessantes: O Conflito entre o
e Palestras que Impressionam, de C.S. Lewis.                          Humanismo e o Cristianismo na Vida de Pestallozzi, Niilismo na
    Também em 1965 o Brasil recebeu pela primeira vez a visita do     Filosofia de Nietzsche; Mecanização e Automação da Vida,
Dr. Hans Burki, então Secretário de Literatura da Comunidade          Educação como Investimento, Psicologia e a Realidade da Fé
Internacional de Estudantes Evangélicos e Secretário Geral do         Cristã, A Busca Humana por um Significado Permanente na Vida.
movimento estudantil suíço. Este percorreu com Ruth Siemens a         Nestas conferências colaboraram como intérpretes pessoas de
imensidão do Brasil, apresentando conferências em diversas            destaque no meio evangélico, tais como o Pr. Werner Kashel, em
universidades brasileiras. Cerca de doze cidades receberam a visita   São Paulo. Diante da demanda do trabalho estudantil no Brasil,
do Dr. Burki. Estas conferências nas faculdades tiveram o nome de     muitos nomes de profissionais ex-abeuenses foram consultados
Missão Universitária, pois foi um esforço especial e foi uma          para atuarem com obreiros, mas, diante da resposta negativa destes,
missão aos universitários. Geralmente as conferências poderiam ser    o Movimento encontrou no casal Carlos e Margaret Lachler
classificadas como pré-evangelísticas, tentando tratar de temas       corações sinceramente preocupados com os estudantes do Brasil.
bastante acadêmicos, mas incluindo sempre os pontos do                Tendo aceitado o convite de se tronarem assessores da ABUB, eles
Evangelho para despertar nos ouvintes o interesse pela mensagem       se instalaram numa cidade universitária, São José do Rio Preto, e
total do evangelho. O que aconteceu em São Paulo foi algo muito       se matricularam na Faculdade para se tornarem mais eficientes no
típico: a diretoria do grupo local era constituída apenas de três     ministério estudantil e se identificarem com a mentalidade
moças e um rapaz. Na realidade não havia muitos com quem              universitária. Todo o interior de São Paulo ficaria sob os seus
pudessem contar. A Secretária Geral Ruth Siemens pediu que o          cuidados. Tiveram eles calorosa receptividade no meio estudantil
grupo local se encarregasse da organização da conferência, ou seja,   paulista, e foram muito amados pelos abeuenses.

                                                               10A    10B
3. CHAMADOS A ORGANIZAR (1966 A 1970)                               Treinamento estava nas mãos de Ruth Siemens, com a ajuda do
                                                                    conselheiro Dr. Ross Douglas e Aline Douglas, sua esposa. Lá se
                                                                    encontravam os assessores Carlos e Margaret Lachler e Neuza
ENVIANDO E RECEBENDO                                                Itioka, recentemente admitida como assessora de tempo parcial.
                                                                    Neuza tinha sido presidente da ABU em São Paulo, era formada
    O ano de l966 foi um ano que pode ser considerado como o ano    em Teologia e cursava Pedagogia na Universidade de São Paulo.
marco para o movimento brasileiro. Neste ano a Comunidade           Paulo Medeiros, estudante de Teologia da Faculdade Teológica
(CIEE) organizou o seu Primeiro Seminário de Capacitação de         Batista do Sul, estava participando na qualidade do futuro assessor
Líderes Estudantis, com duração de 30 dias, em Lima, Peru.          da ABUB, para a região do Rio de Janeiro.
Estiveram nada menos que treze países representados por                 No meio da semana, quando o Treinamento estava a caminho,
delegados seminaristas. O Brasil enviou Ruth Siemens, como          Wayne Bragg, um dos pioneiros da Comunidade na área do Caribe,
assessora da Comunidade (CIEE) e Neuza Itioka, estudante que        chegou, aceitando o convite do Conselho Administrativo. Wayne
vinha participando há algum tempo do grupo da ABU em São            chegava ao Brasil, depois de ter gasto doze anos de sua vida no
Paulo. Este encontro proporcionou a visualização do movimento       ministério estudantil, em Porto Rico. Wayne, americano de origem,
no contexto latino-americano, em espírito de companheirismo e       com capacidade muito grande de se adaptar a novas situações,
oração, e a procura honesta do lugar da Comunidade dentro de        assimilou rapidamente os costumes brasileiros e discerniu com
várias correntes teológicas da época. Trinta dias de ensino, de     muita precisão o momento histórico da igreja Evangélica no Brasil,
oração em conjunto, convivência com assessores internacionais, o    para organizar a ABUB. Tinha uma certa genialidade
compartilhar com colegas de diversas nações latino-americanas       administrativa que se caracterizava no cuidado e na perfeição, até
acerca da alegria do testemunho estudantil, das lutas e das         nos pequenos detalhes.
dificuldades dos grupos de estudos bíblicos nas dependências das        Wayne assumiu o cargo de Secretário Executivo do movimento,
universidades, tudo isso desafiou as delegadas brasileiras a se     e a ABUB passou a ter o seu boletim de oração, o Ïntercessor”; o
dedicarem mais à obra estudantil, bem como deu a visão clara para   “Alcance”, boletim de informação com o objetivo de informar o
onde devia caminhar o movimento nacional. Neste ano também a        público evangélico acerca do que é a ABU, o que faz, o que estava
ABUB recebeu novamente o Dr. Hans Bürki, juntamente com sua         fazendo; um boletim interno para os estudantes, o “Entre Nós”. A
esposa, Dra. Agatha Bürki-Firenze, presidente internacional do      experiência de doze anos de assessoria deu a Wayne a facilidade de
trabalho de evangelização entre enfermeiras. Vinha ele com um       estabelecer novos modelos de treinamento para líderes: o Instituto
programa de treinamento de líderes , que foi realizado em Sacra     de Preparação de Líderes, onde os líderes de grupos locais
Família do Tinguá, no Rio de Janeiro.                               recebiam preparo para exercer liderança que pudesse dar
    Muitos líderes locais estiveram presentes de: Belém, Rio de     verdadeiros frutos, reproduzindo em outros estudantes a visão e a
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Petropólis, São José do Rio     paixão pelo testemunho estudantil. Com a chegada de Wayne, a
Preto, Curitiba. Foi na semana santa daquele ano, uma semana fria   equipe de assessores também se organizou para traçar planos e
e chuvosa, mas aquecida com a presença de Deus e com a visão de     estratégias para o movimento nacional. Na ocasião em que foi
que Deus queria que os estudantes brasileiros fizessem algo em      convocada a reunião de Estratégia da ABUB, em São Paulo, em
prol do Reino. A liderança da organização desse Programa de         julho do mesmo ano, mais um casal se integrou no quadro de

                                                             11A    11B
assessores: Dionísio Pape e sua esposa Elaine, que já vinham           dia de muito sol os participantes do IPL desceram à praia para
participando como conselheiros do grupo em Fortaleza.                  evangelizar os estudantes, jovens, adultos, quem estivesse por lá.
    Dionísio era pastor batista, conhecedor das terras brasileiras e   No meio daquela gente sofisticada, que ouvia os abeuenses
profundo amante do povo brasileiro. Tinha voltado ao Canadá, em        apresentando o Evangelho, muitos saíram de lá meneando a
gozo de férias, e aguardava do Senhor a indicação do novo campo,       cabeça, mas outros prestavam muito atenção, especialmente
quando chegou em suas mãos o convite da ABUB para se tronar            aqueles operários que tinham acabado de assistir a uma explosão
assessor do movimento. Dionísio foi designado como responsável         nas dependências da refinaria de Cubatão. Estes abriram o seu
pela obra estudantil no Nordeste. Ele fez da cidade do Recife o seu    coração para prestar atenção ao depoimento de estudantes e
“QG”para toda a região do Nordeste, e ainda pastoreava uma igreja      assessores que se misturavam no meio dos que ouviam para
de fala inglesa.                                                       compartilhar pessoalmente o Evangelho.
                                                                           Se o IPL, era organizado visando os líderes, o Curso de Férias
PLANEJANDO TREINAMENTO                                                 era outra modalidade para dar as primeiras informações aos
    O treinamento de estudantes teve um lugar prioritário na nova      estudantes que estariam entrando no movimento. Em julho daquele
da ABUB com Wayne Bragg: no início de l967 aconteceu o                 ano, no Rio de Janeiro, nas dependências do Seminário Teológico
primeiro Instituto de Preparação de Líderes em São Bernardo do         do Sul, foi realizado o Curso de Férias que congregou cerca de 90
Campo, nas dependências do Seminário Presbiteriano                     estudantes de todo o Brasil. René Padilha, Secretário Geral para a
Conservador, com a presença do Dr. Paul Little, então assessor da      América Latina da Comunidade (CIEE), deu a sua colaboração
IVCF e diretor de evangelização e Missões do movimento                 apresentando a Teologia da Igreja para os participantes; Dr. Russel
americano, e autor de diversos livros, entre eles Como                 Shedd apresentou os estudos expositivos da Primeira Epístola de
Compartilhar Sua Fé. Do Nordeste vieram quatro estudantes              Pedro e o Rev. Edézio Chequer, Pastor presbiteriano de Salvador,
escolhidos com muito carinho pelo assessor Dionísio Pape: Edward       apresentou estudos sobre a Realidade Brasileira e Universitária.
Robinson Cavalcanti (Direito), Elizabeth Coutinho de Barros            Para o Nordeste, o IPL realizado em Garanhuns em janeiro de l968
(Pedagogia), Isis Carneiro Leão (Letras), Bayard Amorim                foi de suma importância, pois foi neste encontro que a ABUB
(Arquitetura). Desta equipe três foram mais tarde assessores da        conseguiu conquistar corações apaixonados e comprometidos,
ABUB. Neste IPL estiveram presentes Uriel Heckert (Medicina) de        como Márcio Gueiros, e firmou o amor ao trabalho estudantil nos
Juiz de fora, Perrin Smith e Oswaldo Soares Pinto (Engenharia) de      corações de dezenas de estudantes do Nordeste. A visão da obra
Belo Horizonte; Walter Brepohl (Engenharia) de Curitiba; Ruth          foi transmitida para ser passada para outras gerações de estudantes.
Silveira (Pedagogia) do Rio de Janeiro, Raquel Miranda e Vera          O que caracterizou esse IPL não foi as preleções teologicamente
Cione (Pedagogia) de São Paulo, Tsutomu Imada (ITA) de São             profundas, mas as coisas bastante práticas, como o valor da hora
José dos Campos e Milton Andrade (Engenharia recém- formado),          devocional na vida dos estudantes, discípulos de Cristo na
entre outros. Muitos serviram por muito tempo o movimento              Universidade, o valor da comunhão em oração, e o método
estudantil como assessores, diretores e líderes de seus respectivos    indutivo de estudar a Bíblia, impressionando os estudantes que
grupos. Sob a direção e sugestão de Paul Little, foi organizado o      começaram a descobrir uma dimensão muito rica, até estão
“Fórum Aberto de Evangelização”, no Guarujá, num sábado. Num           desconhecida por eles. A simplicidade e a praticabilidade do
                                                                       método da ABU fascinavam os estudantes. Tanto os rapazes como

                                                                12A    12B
as moças, além de dividir em pequenos grupos de estudos bíblicos       continha momentos de trabalho para os próprios estudantes
para estudarem a Bíblia de maneira não tradicional, ainda              elaborarem guia de estudos bíblicos, muita oportunidade de
encontraram tempo para se reunir em quartos, cada qual nas suas        estudantes se expressarem nas confecções e no preparo de
alas para compartilhar e orar. Este foi o tempo em que muitas          materiais de orientação. E, num fim de semana, foi organizado um
coisas práticas aconteceram no sentido de resolver problemas           retiro na praia. No ministério do ensino participaram, além dos
pessoais e aprender a verificar como Deus age nas vidas dos            assessores da ABUB, Wayne Bragg, Dionísio Pape, Moisés Prisco
indivíduos e na vida dos grupos.                                       dos Santos e Neuza Itioka, o Dr. Nils Friberg, então professor da
    O IPL do NE deixou marcas nas vidas dos seus participantes,        Faculdade Teológica Batista de São Paulo e o Dr. Hans Bürki, que
mas o sul pode enviar apenas 10 estudantes que sobreviveram a um       voltava depois de três anos. Nils Friberg ficou com a área de
incêndio do ônibus na viagem, já quase dentro da cidade de             apologética da fé cristã, diante da ciência e da filosofia; o Dr.
Salvador. Os organizadores decidiram que outro IPL seria feito no      Bürki ficou com os estudos sobre a maturidade espiritual e com a
Sul para beneficiar outras regiões da ABUB.                            exposição de Gálatas. Na exposição de Gálatas o Dr. Bürki marcou
    A Fazenda Margarida, em Lapa, Paraná, sediou o Terceiro            muitas vidas referindo-se ao eu religioso. Ele enfatizou que, em
Instituto de Preparação de Líderes, em janeiro de l969, organizado     nome da religião, muitos cristãos estão vivendo a vida com Deus
com todo carinho, pelos assessores, debaixo da liderança de Wayne      na base do esforço próprio, da auto-determinação, da auto-
Bragg. Teve a duração de 17 dias, na tentativa de se fazer algo        dependência, da auto-suficiência, tomando o lugar de Deus,
quase que perfeito. O preparo para tal evento foi intenso no sentido   controlando todas as coisas, sem permitir que Deus atue em suas
de promover materiais para serem traduzidos, adaptados e escritos.     vidas; falando como se dependesse de Deus, mas negando o fato
Os assessores trabalharam na tradução, na datilografia, na             pela atitude diante dos homens, diante da obra e diante de Deus15.
mimeografia, na elaboração de estudos. Cada região lutou e se
esforçou para ter uma representação que expressasse a situação         RECRUTANDO NOVOS OBREIROS
local, mas nem todos os estudantes que deveriam estar presentes            Sob a administração de Wayne Bragg que recebeu o cargo de
puderam participar do IPL. Dentre vários estudantes presentes          Secretário Executivo, os obreiros foram distribuídos da seguinte
achavam-se os do Planalto Central, que estavam participando pela       forma: Ruth Siemens foi enviada para Curitiba, para fortalecer o
primeira vez, da cidade de Brasília: José Júlio dos Reis (Direito),    grupo local e se responsabilizar pela região Sul. Carlos Lachler e
Sérgio Neri da Mata (Economia), Vera (Psicologia); de São Paulo:       Margaret, sua esposa (ela se revelou grande pastora de estudantes)
Sara Hayashi (Letras), Saulo Silvério (Sociologia e Política), Mary    se firmaram no interior de São Paulo e começaram o discipulado
Cleme Suilvério (Serviço Social), de Curitiba: David Lipsi             com Moisés Prisco dos Santos, professor de Geologia que se
(Medicina), e Dieter Brepohl (Economia e Direito) participava pela     empolgava com a filosofia do movimento estudantil. Paulo
primeira vez de uma realização da ABUB.                                Medeiros foi designado para a região do Rio de Janeiro e Neuza
    Do Nordeste Dionísio Pape se fez acompanhar de Wilma               Itioka para São Paulo capital e o litoral paulista. Dionísio Pape
Lucena (Medicina) e Terezinha Lopes (profissional, advogada).          continuou responsável por todo o Nordeste, e já começava a treinar
Robinson Cavalcanti, que havia começado a assessoria no NE,            o estudante Robinson Cavalcanti, que se despontava como líder
estava em Guayaquil, Equador, participando do Terceiro Seminário       estudantil, na cidade do Recife.
de Capacitação de Líderes Estudantis. Neste IPL o programa

                                                                13A    13B
Wayne Bragg era um homem de grande capacidade criativa.           Canadá, e deixou Robinson Cavalcanti como Secretário Regional
Quando verificou a imensidão do Brasil e a dificuldade de vencer a    no Nordeste.
distância da comunicação, para cobrir de forma adequada todo             Com o desenvolvimento do número de grupos da ABU, com o
território nacional com pouquíssimos obreiros, instituiu o cargo de   aumento das regiões atingidas, a antiga estrutura administrativa que
assessor auxiliar. Convidou profissionais liberais e professores      vinha funcionando desde a organização da ABUB como
universitários, que estavam em contato com a ABU e com os             movimento nacional, em 1962, não era mais adequada. fazia-se
estudantes, para darem apoio, e colaborarem na transmissão da         necessário adotar uma nova estrutura; assim o Conselho
visão da obra, na abertura de suas casas para receber os estudantes   Administrativo foi substituído pelo Conselho Diretor, composto de
e pessoas que já estavam envolvidas no aconselhamento estudantil;     dois representantes de cada região (um estudante e um profissional)
enfim, foram convidados a prestar o serviço de assessoria aos         e de uma Diretoria, composta de estudantes e profissionais, na sua
grupos locais onde não havia assessores e onde não era possível       maioria residentes em São Paulo. A Diretoria teria que se reunir
atendimento por parte deles. Já no ano de 1968, alguns professores    mensalmente; o C.D., semestralmente, no interregno dos
universitários, como o professor Daison Olsany Silva, da              Congressos Nacionais, órgão supremo da ABUB.
Universidade Federal de Viçosa; o professor Descartes Teixeira, do
Instituto Técnico de Aeronáutica de São José dos Campos, foram        ESTABELECENDO CONTATOS
convidados para integrarem o quadro de assessores auxiliares.             Um dos objetivos do Secretário Executivo, nesses anos, foi de
Eram pessoas que dedicavam uma parte do seu tempo ao ministério       fazer conhecida a ABUB no mundo evangélico, e assim deu muita
estudantil, sem receberem do Movimento.                               importância aos contatos com as igrejas evangélicas. As visitas de
    Eram então vários tipos de assessores: assessor da Comunidade,    grupos da ABU, bem como de assessores às igrejas locais foram
como Wayne Bragg, e Ruth Siemens, que trabalhavam em tempo            incrementadas.
integral. Carlos Lachler e Margaret, e Dionísio Pape que eram             Por ocasião da Missão Universitária de Samuel Escobar,
assessores de tempo integral emprestados por missões estrangeiras,    realizada em 1968, os grupos da ABU se esforçaram por
e assessores nacionais de tempo parcial como Neuza Itioka e Paulo     apresentá-lo aos pastores de suas cidades: assim cada cidade
Medeiros (e mais tarde, Moisés Prisco dos Santos, e Robinson          organizou uma reunião para a qual foram convidados os pastores
Cavalcanti). Estes assessores viviam do salário provisto ou pela      para ouvirem o assessor estudantil da América Latina, alguém que
ABUB ou pelas suas missões, mas os assessores auxiliares              poderia lhes trazer uma resposta para as muitas perguntas que os
trabalhavam como voluntários.                                         líderes de igrejas tinham em mente. De acordo com Ruth Siemens,
    Novos assessores estavam despontando, mas outros estavam se       na época 80% dos jovens crentes que começavam a freqüentar a
despedindo da obra: Ruth Siemens no final de 1968 voltou para os      Universidade abandonavam a fé. No ano seguinte, em 1969, a
Estados Unidos, depois de ter dedicado uma década completa de         Missão Informadora do Brasil, entidade que coordena e facilita a
sua vida à obra universitária no Brasil. Carlos e Margaret Lachler    estada dos missionários, dando-lhes orientação, prestando-lhes
depois de quatro anos de ministério, foram passar um ano de férias    serviço de informação e organizando conferências para o
nos Estados Unidos, deixando um substituto treinado por eles, na      desenvolvimento deles, promoveu um Congresso cujo tema era
sua área. Dionísio Pape deixou o Brasil no final de 1970, indo ao     “Como Alcançar a Juventude para Cristo” e os preletores principais


                                                               14A    14B
foram Samuel Escobar e Joe Bayly, um antigo assessor da IVCF        Cavalcanti, que viria posteriormente para fundar oficialmente a
dos Estados Unidos. Foi uma oportunidade extraordinária de          ABU. De fato, Robinson veio, fundou o grupo e empossou a
contato, de fazer conhecida a ABUB também no meio dos               primeira diretoria da ABU - São Luis. A primeira presidente foi
missionários. Quase toda a equipe de assessores esteve presente:    uma estudante de Medicina, Euzi Fernandes, e Djalma Pereira foi o
Wayne Bragg, Carlos Lachler, Dionísio Pape e Neuza Itioka.          vice-presidente. Deste primeiro grupo participaram Saulo de Tarso
    O Congresso Latino-Americano de Evangelização, que mais         Batista, Joaquim Fortes e uma secundarista muito viva, Silêda
tarde ficou sendo conhecido por CLADE I, realizado em Bogotá,       Cavalcante. Saulo já conhecia a ABU através do grupo de Goiânia.
Colômbia, também contou com a presença de elementos da ABUB:        As reuniões na casa de Djalma atraíram muitos estudantes. No
Wayne Bragg esteve representando o Brasil, juntamente com Ruth      início nem todos compreendiam os propósitos do movimento, mas
Silveira, estudante de Pedagogia do Rio de Janeiro.                 houve muita oração para que o Espírito Santo fizesse a obra, e
    No meio da Universidade os grupos também estabeleciam           paulatinamente Deus foi amadurecendo o grupo. Djalma foi
contatos e organizavam os seus grupos de ABU’s.                     conhecido como o pai da ABU - São Luis16.
    Djalma Pereira, estudante de Economia, funcionário do               Em Campinas, São Paulo, o grupo de estudantes começou a se
Banespa, conheceu a ABU em Fortaleza, quando, naquela cidade,       reunir pela iniciativa de uma universitária que conheceu o
um estudante de Engenharia (Benício Orlando Saraiva Leão) estava    testemunho estudantil em São Paulo, e se dispôs a evangelizar os
a frente do trabalho, tentando levar o testemunho estudantil no     seus colegas na faculdade de Medicina.
meio dos seus colegas. Djalma viu muitas vezes Benício                  Juiz de Fora recebia a visita dos assessores; quando alguém
trabalhando sozinho, até mesmo colocando cartazes nos murais da     passava por Belo Horizonte ou Rio de Janeiro dava uma
faculdade. Mas ele era ainda da “festiva”, não estava bem           esticadinha até aquela cidade. Uriel Heckert e Joel Tibúrcio, dois
consciente dos propósitos da ABU.                                   estudantes de Medicina, continuavam levando avante a visão de
    Logo mais Djalma foi transferido para São Luis do Maranhão,     apresentar Jesus Cristo aos colegas, e realizavam reuniões de
em função do seu trabalho. Um dia apareceu na agência do banco      estudos bíblicos, bem como organizavam acampamentos.
em que trabalhava um inglês queimado de sol e empoeirado. Havia         Viçosa tem uma história linda. Quem participou intensamente
viajado mais de 20 horas pelas estradas para lá chegar, tendo um    do nascimento e assistiu às lutas que os estudantes da Universidade
nome em suas mãos: Djalma Pereira. Ele se apresentou como           Rural de Minas Gerais desenvolveram para estabelecer o grupo da
Dionísio Pape, pastor que trabalhava com a evangelização de         ABU, bem como a igreja evangélica local, a primeira da cidade, foi
estudantes, e disse desejar começar um grupo da ABU naquela         Ruth Siemens. Alguns estudantes começaram a se reunir com o
cidade. Dionísio nem tinha onde ficar naquela noite, mas a          propósito da evangelização estudantil, e não se satisfaziam com a
hospitalidade nordestina dos irmãos logo funcionou. Djalma          Universidade apenas. Começaram a pregar o evangelho para os
hospedou o assessor da ABU, e assim foi se identificando com os     habitantes da cidade. Os moços foram recebidos a pedrada,
propósitos do Movimento, encantado e apaixonado pela visão que      episódio muito comum nas páginas do pioneirismo evangélico17. O
lhe era transmitida. Visitaram todas as igrejas evangélicas da      grupo da ABU cresceu e a igreja também cresceu junto com os
cidade naquele fim de semana e Dionísio apresentou aos pastores     pioneiros José Cambraia, Juarez Bolsanelo, Américo Silva e uma
os objetivos da ABU. Antes de partir para Recife, Dionísio marcou   geração de professores universitários que fazem carreira hoje na
um encontro dos universitários da cidade com Robinson               Universidade Federal de Minas Gerais (a universidade foi

                                                             15A    15B
federalizada): Daison Olsany Silva, Osmar e Rolf Pushman,             e em Maceió, Aracaju, Terezina, Manaus e na cidade de Areia, na
George Kings de Morais. Mais tarde, todos eles ajudaram o             Paraíba.
Movimento, tendo no meio deles até assessores.                            No meio da aparente expansão, quem estava acompanhando o
    Neste período o Planalto Central foi atingido. Um profissional    desenvolvimento do grupo sentia que o trabalho era moroso. Nem
pós-graduado do ITA, que logo viria a ser um dos assessores           sempre o entusiasmo inicial persistia no grupo. A dificuldade de
auxiliares, o professor Descartes Teixeira, estava fazendo contatos   aglutinar os estudantes cristãos perseverantes no testemunho
com os estudantes na cidade de Brasília. Wayne Bragg e Moisés         estudantil era grande: eram dois, três, pouquíssimos a assumirem
Prisco dos Santos também viajaram para o planalto, visitando as       compromisso com Jesus Cristo na evangelização na Universidade.
cidades de Goiânia, Anápolis e Brasília. Como fruto dessas viagens        Muitos estudantes vinham e iam, mas os que permaneciam
três estudantes brasilienses foram ao IPL em 1969, e iniciaram o      eram poucos. E os que ficavam eram aqueles que fielmente
grupo da ABU na Capital Federal. Numa viagem posterior, Neuza         permaneciam no trabalho, convencidos do chamado de Deus. Bern
Itioka encontrou-se com a professora Lydia Polech, da                 Walter Glaser, Suely Moreno, Leda Assumpção, Tadayoshi Tiba,
Universidade de Goiás, uma das fundadoras da ABU Curitiba, e          Raquel Miranda, Paulo Ferreira, Jarbas Martins eram alguns dos
estabeleceu contato com uma nova geração de estudantes.               estudantes comprometidos em São Paulo que teimavam em levar a
    Os assessores eram incansáveis nas suas visitas e tentavam        visão recebida18. E, nesse ínterim, também Deus levantava homens
estabelecer contatos com estudantes e líderes de igrejas, mas onde    como Floyd Pierce, um dos anciãos da Igreja dos Irmãos em
havia iniciativa estudantil, o grupo vingava de maneira mais sadia.   Curitiba, para abrir a sua casa, receber os estudantes e promover
Assim Orlando Kalil, participando do Curso de Férias onde seu         estudos bíblicos. Confirmava-se mais e mais o ministério da
pastor Edézio Chequer fora preletor, voltou entusiasmado com a        família Douglas, radicada desde 1958 no Brasil, em São Paulo,
visão captada, e voltou à sua cidade de Salvador, Bahia, para         com sua casa sempre cheia de assessores, profissionais e
iniciar a obra da ABU.                                                estudantes: ora eram os profissionais convocados, ora a Diretoria,
    O grupo de São Paulo fazia viagens missionárias para Santos,      ora uma reunião com pessoas chaves do Movimento, ora recepção
São José dos Campos e Campinas, ora para estimular os estudantes      dos assessores internacionais. A casa deles era sempre aberta, com
a começarem a obra estudantil, ora para encorajar os grupos           a hospitalidade da dona Aline Douglas, que fazia a estada das
existentes.                                                           pessoas muito agradável. Quantas vezes a Kombi do Dr. Douglas,
    Com a saída de Ruth Siemens e Carlos Lachler o imenso             o único veículo da família, saía cheia de panelas, cobertores e
território de todo o Brasil menos o Norte e o Nordeste ficava na      bugigangas para um acampamento de universitários...
mão de três assessores. Havia grupos de ABU em Curitiba, São              Há muitos outros nomes, dezenas de pessoas que prestaram
Paulo, São José dos Campos, Campinas, São José do Rio7 Preto,         serviços a ABU, uma, duas, dezenas de vezes, para possibilitar o
Piracicaba, Araraquara, Botucatu, Bauru, Rio de Janeiro, Niterói,     crescimento do testemunho estudantil no Brasil. Não é possível
Petrópolis, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Viçosa, Goiânia,            mencionar todos esses nomes.
Anápolis e Brasília. Havia contatos, isto é, pessoas e estudante
tentando começar alguma coisa em Santos, Piracicaba, Pres.            BUSCANDO EQUILÍBRIO
Prudente, Ribeirão Preto e Lins no Estado de São Paulo; e Campos,
Volta Redonda no Rio de Janeiro; Londrina, no Estado do Paraná;

                                                               16A    16B
O período que se segue pode ser caracterizado como o período       ABU. Mas a orientação que os irmão da Comunidade davam ao
de uma busca por equilíbrio na Teologia Bíblica, diante do desafio     Movimento, através de Hans Burki, Samuel Escobar e René
que o mundo teológico oferecia e diante da exigência por um            Padilha, ajudava a ABUB a visualizar o que era ser seguidor de
posicionamento da igreja diante dos problemas sociais e políticos.     Jesus Cristo, dentro da confusão.
A igreja evangélica estava inquieta, e isso se patenteava pela             Os estudantes da ABU, os que sinceramente tentavam
efervescência por que passavam os seminários teológicos. Eles          evangelizar, bem como os assessores, tinham de enfrentar os
também refletiam o que acontecia no meio estudantil universitário:     estudantes “politizados” que não aceitavam nenhuma conversa a
repressão no meio estudantil, proibindo qualquer expressão e           não ser “diálogos com terminologia política”. Assim sendo o livro
manifestação pública em forma de passeatas ou de greves trouxe         Diálogo Entre Cristo e Marx, de Samuel Escobar, foi de grande
um clima de insegurança, não apenas aos estudantes politizados,        ajuda, no sentido de dar uma visão sintética da ideologia Marxista
mas também aos abeuenses que passavam a ter muita dificuldade          confrontada com o Cristianismo.
em manter o grupo de estudos bíblicos. Os pouquíssimos grupos              Foram de valor inestimável as Missões Universitárias com
dentro das faculdades deixaram de funcionar e muitos abeuenses         conferências organizadas em diversas faculdades, versando temas
eram chamados a tomar posição e participar de alguma forma na          como Marxismo e Cristianismo, Impossibilidade da Liberdade
vida de política estudantil.                                           Humana, Decadência da Religião. A convivência com homens
    Os estudantes de teologia também se sentiam chamados a             como Samuel Escobar, com o seu dom de mestre, ouvindo-o em
participar dessa situação, com o constante apelo da teologia da        suas conferências e vendo-o expor o Evangelho, a partir de
moda. O ambiente dos seminários teológicos e o comportamento           assuntos pertinentes a época e do interesse geral dos estudantes,
de seus estudantes passavam por rápidas mudanças. O rapaz              faziam com que os abeuenses se fortalecessem em sua fé, perdendo
consagrado de ontem, que lia diversas vezes a Bíblia toda, hoje        um pouco do complexo de minoria e da timidez na evangelização
havia se tornado contestador das estruturas e autoridades              que caracterizavam muitos dos comprometidos com a ABU. A
eclesiásticas, das denominações e do próprio sistema vigente, e        orientação que os líderes estudantis receberam, tanto a nível
“marxizavam”. Dentro desse ambiente a ABU era questionada na           nacional com a nível continental, foi a razão de não sucumbirem
sua posição teológica e ideológica. O equilíbrio era algo difícil      diante dos desafios e demandas apresentadas na época.
diante daquela situação. A tentação de se radicalizar a direita ou à       Os seminários de Capacitação de Líderes Estudantis que a
esquerda era grande. A ABUB era, como Movimento, chamada de            Comunidade (CIEE) organizava, ano após ano, (1966, 1967, 1969)
“liberal” pelos irmãos mais conservadores, e pelos que                 influenciavam diretamente o andamento da ABUB. Os assessores
professavam o liberalismo teológico da época era chamada de            recebiam treinamento em Lima, juntos de colegas da América
“fundamentalista”19. E muitos dos assessores estavam conscientes       Latina.
de que tinham de escolher o caminho do meio, não por ser meio...           Com a revolução de 1964, muitas das organizações que
mas pelo caminho que Jesus Cristo havia palmilhado, não se             atuavam no meio da juventude, bem como no meio das igrejas
identificando com as correntes dos ventos que sopravam, mas            evangélicas, deixaram de atuar, especificamente as do Concílio
buscando o Reino que irá subsistir eternamente. Não pretendiam         Mundial de Igrejas e suas diversas agências. Mas muitas cabeças
ser diferentes por ser diferentes, pois a tentação do momento era de   pensantes e a liderança dos jovens estavam sob a influência da
se identificar com alguma coisa aparentemente mais forte do que a      União Latino-Americana de Juventude Evangélica que logo mudou

                                                                17A    17B
o seu nome para União Latino Americana de Juventude                      que vinha de fora. Chocante e alarmante para muitos membros da
Ecumênica, bem como da União Brasileira de Juventude                     igreja, doloroso para os líderes, peso a ser compartilhado por todo
Ecumênica. As igrejas evangélicas lutavam para procurar sua              o verdadeiro Corpo de Cristo.
identidade, tentando se definir diante do ecumenismo que vinha de            No cenário internacional, a Teologia declarava “a morte de
Genebra.                                                                 Deus” através do bispo John A. T. Robinson, trazendo
    Os assessores eram desafiados a orar de joelhos diante das           interpretações e conseqüências funestas para a igreja evangélica,
dificuldades e tinham de se preparar intelectualmente e                  por um lado. Por outro lado inaugurava-se na Califórnia a “Era
teologicamente, além de terem de se informar da situação política e      Satânica” com Anton LaVey. O mundo preparava-se para receber a
teológica da juventude evangélica e universitária da época. A            invasão de outras tendências muito diferentes das acostumadas a
pressão sobre os assessores sobre o que se deve atualizar diante de      assistir. Depois dos movimentos políticos de estudantes que
inúmeras correntes teológicas era tão grande que por vezes se            assolaram as universidades, começava a despontar aqui e ali o
tornava opressão e fardo pesado a ser carregado.                         hipismo e as drogas, como contestação ao que estava estabelecido,
     O ambiente universitário era lavado pelas ideologias. Um            e as portas se abriam para o misticismo e o satanismo declarado20.
jovem ao ingressar na faculdade passava necessariamente pela
lavagem cerebral do tipo político-ideológico. Dia e noite, noite e       COLHENDO FRUTOS
dia, o assunto que se discutia na Universidade era ideologia, justiça        Em meio à pressão e luta havia frutos aqui e acolá...
social, política estudantil, política operária, mudança de estruturas.       Em Belo Horizonte, um estudante de Medicina, Credival Silva
A Igreja Católica, através de sua pastoral, criava grupos como a         Carvalho, filho de lar evangélico, participava do grêmio estudantil
“Juventude Universitária Católica”(JUC), para orientar os                como tesoureiro, e vinha sendo trabalhado com estudos e
universitários católicos; a Juventude Estudantil Católica (JEC),         doutrinamento ideológico. Mas o Espírito de Deus estava se
para orientar secundaristas; e a Juventude Operária Católica (JOC),      movendo e começou a inquietá-lo, a partir de um acontecimento: a
para ajudar os trabalhadores. Mas nesse período pós-64 esses             invasão da Checoslováquia pelo exército Russo (primavera de
grupos se transformaram em partidos políticos e começaram a              1968). Quando se questionava diante desses acontecimentos,
funcionar clandestinamente, influenciando grandemente a vida             recebeu um convite de Samuel Marques, colega de escola, para
universitária. Moços e moças um pouco mais vivos eram                    participar do grupo da ABU de Belo Horizonte. Naquele dia quem
requisitados a participar dos pequenos grupos de estudos e eram          falava e dasafiava os universitários com a mensagem do Evangelho
intensamente trabalhados com a ideologia socialista. Belo                era o jovem pastor Wadislau Gomes Martins, que na sua juventude
Horizonte era palco de coisas contraditórias: um dia o púlpito da        também havia abraçado a ideologia marxista e militado no partido,
Igreja Metodista Central amanheceu pichado. As mesmas frases de          mas que, encontrando-se com Jesus Cristo vivo, havia se tornado
contestação que se liam em vários muros das cidades estavam              discípulo do Nazareno. O pastor Wadislau chamou os estudantes
desenhadas nas paredes que rodeavam o púlpito, com frases e              de covardes, naquela tarde. Disse-lhe que muitos deles estavam
slogan políticos contra pastores, bispos e missionários da               dispostos a se aventurar com as ideologias, com as drogas e com o
denominação. Os seus autores eram membros da juventude da                sexo, mas que ninguém estava disposto a se aventurar com Jesus
própria igreja. Isso é apenas um pequeno exemplo de como os              Cristo. Credival disse consigo mesmo: “Covarde, não vou ser. Vou
jovens estavam suscetíveis a toda modalidade de comportamento

                                                                  18A    18B
me aventurar com Jesus Cristo”. E a sua aventura continua até         Horizonte, onde muitos estudantes foram atingidos: espíritas,
hoje, nos sertões da Amazônia, com médico missionário.                drogados, crentes igrejeiros passaram por experiências de real
    O grupo de Belo Horizonte havia recebido um impulso muito         conversão.
grande quando duas irmãs, Dilza e Dalva Siqueira Brito,                   Numa das viagens de Hans Burki pelas cidades do Brasil,
decidiram-se a fazer algo para o Senhor, na universidade. Dilza era   apresentando conferências em Missão Universitária, em 1965 ele
estudante de Serviço Social e Dalva era ainda estudante colegial.     chegou até a faculdade de Teologia de São Leopoldo, onde teve a
As duas se puseram de joelhos certa noite e oraram: “Senhor, se tu    oportunidade de falar aos estudantes daquela entidade. Naquele
queres que façamos algo na Universidade, usa-nos através da ABU;      ano, um estudante seminarista viajou mais de 20 horas para ouvir
do contrário, nada queremos”. Assim, algo novo estava                 mais vezes o professor suíço, quando em São Paulo, apresentou
acontecendo naquele grupo que há tempo não via mais vibração          várias outras conferências e foi preletor de um retiro para
nem entusiasmo. Dilza e Alva Coutinho, profissional formada em        estudantes.
Assistência Social, as duas ficavam sentadas na lanchonete perto da       Os anos se passaram, e em 1969 provavelmente muitos poucos
escola para conversar e planejar coisas para o grupo. Assim           se lembravam da passagem daquele professor suíço, pois São
surgiam idéias, e tinham oportunidade de orar pelo Movimento.         Leopoldo então era muito diferente. A geração de estudantes havia
Credival Silva Carvalho chegou ao grupo quando a ABU-Belo             passado e fora substituída por uma outra.
Horizonte estava começando a se despertar.                                Arzemiro Hoffman, estudante de segundo ano, estava meio
    Veio ele com perguntas tais como: “Não entendo por que os         insatisfeito com sua vida. Cursava uma escola para formar pastores
cristãos não podem ser cristãos as 24 horas do dia”. Um outro         e teólogos, mas algo lhe faltava. Resolveu um dia jejuar e
estudante que apareceu no grupo de BH foi Ageu Heringer Lisboa.       desapareceu do “Morro dos Espelhos”, como era conhecido o local
Ele também passava por uma experiência de conversão à fé cristã,      onde ficava o seminário teológico.
abandonando a ideologia que havia abraçado como alternativa de            Alguns dos colegas mais íntimos e chegados, como Valdir
sua vida. O processo começou quando ele ainda estava na               Steuernagel, Renatus Porath, Arno Paganelli, percebendo a
clandestinidade política, lendo um livro de um teórico marxista,      ausência do colega, quiseram saber por onde Arzemiro andara. Na
para ser melhor naquilo que ele se propusera a ser. Mas Deus          realidade ele não queria responder às perguntas que lhe faziam,
começava a tocar em seu coração e, no meio de um turbilhão de         mas intimidado a confessar, expôs a razão da sua ausência: a busca
dúvidas, Ageu detectou que havia subido num pedestal de               de algo mais profundo, uma vida mais perto de Deus. Com
ideologia e não queria descer de lá. Com coragem, porém, aceitou      surpresa Arzemiro ouviu seus inquiridores responderem: “Mas, é
o desafio que vinha em forma de uma voz interna, e abandonou o        isto que também procuramos”. Deste incidente nasceu a Ação
seu orgulho, descendo de onde estava para fazer passar a sua          Bíblica Universitária de São Leopoldo. (ABU de São Leopoldo). O
ideologia por um crivo da crítica. Verificou que ela não resistia à   objetivo era de se reunirem periodicamente, em oração e estudo
crítica... e, daí para voltar à fé que os seus pais lhe haviam        bíblico, e aprofundar na fé. Os estudantes de teologia precisavam
transmitido desde criança, passou por lutas, mas veio ao encontro     formar tal grupo?
do único e verdadeiro caminho para Deus: Jesus Cristo.                    Mais tarde o grupo tomou conhecimento, numa revista, da
    Um recém-convertido entusiasmado pode revolucionar um             existência da Studenten Mission in Deutschland (SMD), na
grupo de cristãos tímidos. Foi mais ou menos assim em Belo            Alemanha, que é a ABUB de lá. Os seminaristas resolveram

                                                               19A    19B
escrever para a SMD pedindo auxílio e orientação para a ação        4. CHAMADOS A SERVIR
cristã dentro da faculdade. Estabeleceu-se a comunicação
Alemanha-São Leopoldo, Alemanha-São Paulo (ABUB) e Wayne
Bragg, como Secretário Executivo, recebeu uma carta, informando     MELHORANDO O TREINAMENTO
existir esse grupo no Sul. Mais do que depressa o Secretário
Executivo foi estabelecer contado com a ABU de São Leopoldo.            Em Petrópolis, num sítio encrustado numa das montanhas da
Este grupo teve um papel importante na história da ABUB, pois os    Serra da Mantiqueira, com muita beleza natural e muita ordem e
seus frutos, de pastores assessores, e de estudantes que vieram a   limpeza que os proprietários tentaram manter, realizou-se o IPL de
participar no ministério da obra estudantil, são inúmeros. Esses    1970, com a duração de 21 dias. Lá estava reunida toda a família da
frutos também têm servido como fermento para benefício da Igreja    ABU, os assessores e os líderes estudantis. De acordo com
Luterana.                                                           Robinson Cavalcanti, este foi um dos melhores Institutos de
                                                                    Preparação de Líderes. Mais uma vez, o espírito de perfeição do
                                                                    Secretário Executivo Wayne Bragg funcionou para planejar o
                                                                    evento nos seus mínimos detalhes. O Dr. Bürki novamente veio
                                                                    colaborar neste IPL. O Dr. James Mannoia, reitor da Faculdade de
                                                                    Teologia Metodista Livre, contribuiu com algumas palestras sobre
                                                                    filosofia e teologia.
                                                                        As palestras do Dr. Bürki não consistiam de informações
                                                                    intelectualizadas, mas atingiam o âmago da vida dos estudantes,
                                                                    quebrando estruturas mentais, costumes adquiridos na tradição
                                                                    evangélica, atingindo o coração dos estudantes e, sendo assim, nem
                                                                    sempre o grupo estava preparado para receber tudo o que tentava
                                                                    transmitir. Mas ainda que os resultados não tenham sido imediatos,
                                                                    os participantes levaram a sério os estudos, que marcaram muitas
                                                                    vidas: de assessores, de estudantes e de profissionais.
                                                                        Ficou na história de muitas vidas o dia do silêncio. Trinta e
                                                                    tantos participantes do IPL tiveram que ficar a sós, em silêncio, não
                                                                    tendo nada a seu lado, quer seja livro, rádio ... apenas um caderno e
                                                                    uma Bíblia eram os seus companheiros naquele dia que para muita
                                                                    gente parecia não acabar. A experiência foi inédita, porque muitos
                                                                    tinham medo de ficar a sós, medo de se conhecer, de se ver, de se
                                                                    ouvir. Mas a graça foi maior do que o medo e o perfeito amor
                                                                    lançou fora o temor e todos voltaram à sede central um pouco mais
                                                                    integrados. Alguns ficam nas matas da serra, outros escalaram o
                                                                    monte e lá ouviram Deus chamá-los para o ministério. Um deles

                                                             20A    20B
foi Dieter Brephol, compartilhando que Deus havia falado com ele,        história nas fileiras da ABUB. O curso de Férias em Goiânia,
separando-o para o ministério.                                           programado para meados de fevereiro, no acampamento Boa
    Dentre vários líderes estudantis estava presente Elezabeth           Esperança, foi o cenário para receber esta gente nova. O curso
Coutinho de Barros, estudante de pedagogia de Recife. Neste IPL          estava sendo planejado desde outubro de 1969, quando Neuza
ela decidiu entrar no ministério estudantil, sentindo o chamado de       Itioka viajou para o Planalto Central. Entre muitos contatos
Deus para começar a assessoria no Recife, ajudando Robinson              estabelecidos, quem de fato ajudou, abrindo as portas da sua casa e
Cavalcanti, que já atuava no campo. Orlando Kalil esteve com sua         fazendo contato com políticos da cidade, falando com pastores e
esposa, recém-casados ainda. No IPL ele decidiu também tornar-se         missionários, para tornar possível a realização do Curso, foi a
assessor de tempo parcial . A Ação Bíblica Universitária de São          estudante de Pedagogia Duse de Abreu Moura.
Paulo estava presente na pessoa de Valdir Steuernagel, que tomou             O Dr. Russel Shedd estaria nesse Curso, como um dos
conhecimento da filosofia e da estratégia do Movimento estudantil        preletores, e Wayne Bragg, apesar de ter pedido demissão da
no Brasil, pela primeira vez.                                            secretaria, com viagem marcada para julho do mesmo ano, ainda
    Dieter Brephol, Érica Schellin, Walter Glaser, jarbas Venâncio       estaria para dar a sua mão. A presença de Robinson Cavalcanti
Martins, Robert Liang Koo, Carlota Smith, Raquiel Miranda, Mary          estava sendo insistentemente requerida. Pela misericórdia de Deus,
Elizabeth C. Oliveira, Selva Leo Ribeiro, Luiza e Sara Hayashi,          e como resultado de cartas e mais cartas trocadas (cinco), e com a
entre outros, lá também estiveram. Num fim de semana, bem no             verba providenciada para viajar de avião, Robinson esteve no
meio do IPL, foi convocado o Congresso nacional da ABUB,                 Curso para falar sobre Brasil, Universidade e Evangelização. O Dr.
naquele sítio de Petrópolis. Alegrias, vitórias ao lado de tristezas e   Russel Shedd abordou o tema Cristologia; os estudos bíblicos,
oportunidade de avaliação ... assim foi o Congresso de 1970.             treinando dirigentes, supervisionando os grupos de estudos, ficou
    Por um lado o ingresso oficial do Dr. Diniz Prado de Azambuja        com Neuza Itioka. A filosofia do movimento foi abordado por três
Neto como presidente do movimento nacional trouxe alegria a              assessores.
muita gente. Alguém comentou com muita satisfação:                           No final do Curso, muito abençoado, o Dr. Shedd disse: “Se
“Agradecemos a Deus por um homem tão maduro como o Dr.                   não fosse aquela noite, este curso seria como qualquer outro”. O
Azambuja, que aceitou a presidência da ABUB”. O nome dele já             que aconteceu naquela noite? Durante o correr do Curso, Robinson
tinha sido apresentado pelos delegados do Nordeste numa                  Cavalcanti falou sobre a formação religiosa do Brasil e denunciou
oportunidade anterior, pois o Dr. Diniz desenvolveu por muito            o espiritismo como mistura de parapsicologia, demonismo e
tempo o seu pastorado na cidade de Recife, ao lado de exercer a          fraude. Ele estava falando não apenas baseado no seu
função de arquiteto.                                                     conhecimento livresco, mas conhecendo profundamente os males
    O que causou um pouco de tristeza a todos os congressistas foi       do espiritismo, pois toda a sua família era espírita. Hoje toda a
a saída de Wayne Bragg para os Estados Unidos. O Secretário              família do Robinson é convertida a Jesus Cristo. Dois dias depois
Executivo pediu demissão da ABUB, para se ausentar por alguns            dele começar a tratar do assunto, o ambiente do Curso começou a
anos, porque pretendia tirar o mestrado e o doutorado em                 ficar oprimido. Na realidade ninguém sabia o que estava
Aconselhamento Espiritual21.                                             acontecendo: havia depressão, risos incontroláveis no meio de
    Para esta mesma época, começo de 70, Deus estava planejando          estudantes e um sono perturbador. Estava-se a ponto de ter de
o surgimento de uma nova geração de estudantes que iria fazer

                                                                  21A    21B
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB
A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB

More Related Content

What's hot

имена Бога.pptx
имена Бога.pptxимена Бога.pptx
имена Бога.pptxssuser639b72
 
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3Adam Hiola
 
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12Jim Wright
 
SDA Bible doctrines class experience of salvation
SDA Bible doctrines class experience of salvationSDA Bible doctrines class experience of salvation
SDA Bible doctrines class experience of salvationNeil Wilson Aritonang
 
ESPÍRITO SANTO Diferença entre Sinis e Dons
ESPÍRITO SANTO  Diferença entre Sinis e Dons ESPÍRITO SANTO  Diferença entre Sinis e Dons
ESPÍRITO SANTO Diferença entre Sinis e Dons MINISTERIO IPCA.
 
Introduction to john gospel
Introduction to john gospelIntroduction to john gospel
Introduction to john gospelSSMC
 
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptx
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptxLição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptx
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptxCelso Napoleon
 
Dirancang bagi kemuliaan
Dirancang bagi kemuliaanDirancang bagi kemuliaan
Dirancang bagi kemuliaanslametwiyono
 
A teologia de satanás nos últimos dias
A teologia de satanás nos últimos diasA teologia de satanás nos últimos dias
A teologia de satanás nos últimos diasEduardo Sousa Gomes
 
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022David Syahputra
 
Session 07 New Testament Overview - Gospel of Luke
Session 07 New Testament Overview - Gospel of LukeSession 07 New Testament Overview - Gospel of Luke
Session 07 New Testament Overview - Gospel of LukeJohn Brooks
 
Jesus no permite el divorcio by eliud gamez
Jesus no permite el divorcio  by eliud gamezJesus no permite el divorcio  by eliud gamez
Jesus no permite el divorcio by eliud gamezEliud Gamez Gomez
 
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percaya
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percayaSalib Kristus - Makna salib bagi orang yang percaya
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percayaAlex Tampubolon
 
Kuasa kebangkitan kristus
Kuasa kebangkitan kristusKuasa kebangkitan kristus
Kuasa kebangkitan kristusTogar Sianturi
 

What's hot (20)

имена Бога.pptx
имена Бога.pptxимена Бога.pptx
имена Бога.pptx
 
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3
Sekolah Sabat - Triwulan 3 2023 - Pelajaran 3
 
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12
Understanding The Seven Motivational Gifts in Romans 12
 
Karakter Yesus
Karakter YesusKarakter Yesus
Karakter Yesus
 
SDA Bible doctrines class experience of salvation
SDA Bible doctrines class experience of salvationSDA Bible doctrines class experience of salvation
SDA Bible doctrines class experience of salvation
 
ESPÍRITO SANTO Diferença entre Sinis e Dons
ESPÍRITO SANTO  Diferença entre Sinis e Dons ESPÍRITO SANTO  Diferença entre Sinis e Dons
ESPÍRITO SANTO Diferença entre Sinis e Dons
 
Introduction to john gospel
Introduction to john gospelIntroduction to john gospel
Introduction to john gospel
 
Bible Truths - Prophecy of Daniel and Revelation - Cleansing the Temple #16
Bible Truths - Prophecy of Daniel and Revelation - Cleansing the Temple #16Bible Truths - Prophecy of Daniel and Revelation - Cleansing the Temple #16
Bible Truths - Prophecy of Daniel and Revelation - Cleansing the Temple #16
 
Who is Jesus, CHRISTOLOGY
Who is Jesus, CHRISTOLOGYWho is Jesus, CHRISTOLOGY
Who is Jesus, CHRISTOLOGY
 
Luke
LukeLuke
Luke
 
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptx
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptxLição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptx
Lição 10 - A renovação Cotidiana do Homem Interior.pptx
 
Dirancang bagi kemuliaan
Dirancang bagi kemuliaanDirancang bagi kemuliaan
Dirancang bagi kemuliaan
 
A teologia de satanás nos últimos dias
A teologia de satanás nos últimos diasA teologia de satanás nos últimos dias
A teologia de satanás nos últimos dias
 
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022
Pelajaran sekolah sabat ke-2 triwulan I 2022
 
Session 07 New Testament Overview - Gospel of Luke
Session 07 New Testament Overview - Gospel of LukeSession 07 New Testament Overview - Gospel of Luke
Session 07 New Testament Overview - Gospel of Luke
 
Jesus no permite el divorcio by eliud gamez
Jesus no permite el divorcio  by eliud gamezJesus no permite el divorcio  by eliud gamez
Jesus no permite el divorcio by eliud gamez
 
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percaya
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percayaSalib Kristus - Makna salib bagi orang yang percaya
Salib Kristus - Makna salib bagi orang yang percaya
 
Gospel of mark presentation
Gospel of mark presentationGospel of mark presentation
Gospel of mark presentation
 
Kuasa kebangkitan kristus
Kuasa kebangkitan kristusKuasa kebangkitan kristus
Kuasa kebangkitan kristus
 
The Five-fold Ministry (english)
The Five-fold Ministry (english)The Five-fold Ministry (english)
The Five-fold Ministry (english)
 

Viewers also liked

O poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
O poder de Jesus sobre a natureza e os demôniosO poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
O poder de Jesus sobre a natureza e os demôniosMoisés Sampaio
 
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionales
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionalesTrucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionales
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionaleswebsa100
 
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEOwebsa100
 
8 errores que están matando tu plan de contenidos
8 errores que están matando tu plan de contenidos 8 errores que están matando tu plan de contenidos
8 errores que están matando tu plan de contenidos websa100
 
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWords
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWordsCómo salir en Google el primero gracias a AdWords
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWordswebsa100
 
Diapositivas las finanzas personales
Diapositivas las finanzas personalesDiapositivas las finanzas personales
Diapositivas las finanzas personalesBethel Quintero
 

Viewers also liked (7)

O poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
O poder de Jesus sobre a natureza e os demôniosO poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
O poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
 
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionales
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionalesTrucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionales
Trucos LinkedIn para ser un crack en la red de los profesionales
 
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO
8 aspectos imprescindibles de un análisis SEO
 
8 errores que están matando tu plan de contenidos
8 errores que están matando tu plan de contenidos 8 errores que están matando tu plan de contenidos
8 errores que están matando tu plan de contenidos
 
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWords
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWordsCómo salir en Google el primero gracias a AdWords
Cómo salir en Google el primero gracias a AdWords
 
Economia socialista
Economia socialistaEconomia socialista
Economia socialista
 
Diapositivas las finanzas personales
Diapositivas las finanzas personalesDiapositivas las finanzas personales
Diapositivas las finanzas personales
 

Similar to A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB

PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptx
PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptxPG-Na História do Adventismo-Cap6.pptx
PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptxNitsnPsevdonim
 
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptx
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptxA importância da Escola Bíblica Dominical.pptx
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptxssuseref4c9d
 
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-choantonio ferreira
 
oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-choantonio ferreira
 
História das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxHistória das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxandreisantos7
 
História das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxHistória das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxandreisantos7
 
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01Leandro Barbosa
 
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...Mônica Schlickmann
 
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1001 apostila catecismo alvaro negromonte 1
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1MariGiopato
 
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADE
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADEAs CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADE
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADEPaulo David
 
2010 02 28 revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)
2010 02 28   revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)2010 02 28   revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)
2010 02 28 revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)Paulo Dias Nogueira
 
Liderança missional e igreja missional
Liderança missional e igreja missionalLiderança missional e igreja missional
Liderança missional e igreja missionalArturo Menesses
 
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOSEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOCaio César
 
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MA
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MAInstituições Religiosas de Bom Jardim - MA
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MAAdilson P Motta Motta
 
História da Igreja Presbiteriana do Brasil
História da Igreja Presbiteriana do BrasilHistória da Igreja Presbiteriana do Brasil
História da Igreja Presbiteriana do BrasilAlberto Simonton
 

Similar to A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB (20)

PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptx
PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptxPG-Na História do Adventismo-Cap6.pptx
PG-Na História do Adventismo-Cap6.pptx
 
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptx
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptxA importância da Escola Bíblica Dominical.pptx
A importância da Escola Bíblica Dominical.pptx
 
Dia Nacional da Escola Dominical
Dia Nacional da Escola DominicalDia Nacional da Escola Dominical
Dia Nacional da Escola Dominical
 
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
13385058 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
 
oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
 oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
oracao-a-chave-do-avivamento-paul-yonggi-cho
 
História das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxHistória das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xx
 
História das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xxHistória das missões na igreja brasileira do século xx
História das missões na igreja brasileira do século xx
 
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01
Discipuladoibbp 110320130926-phpapp01
 
Apresentação historia da ebd
Apresentação historia da ebdApresentação historia da ebd
Apresentação historia da ebd
 
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...
Assembleia de-deus-origem-implantac3a7c3a3o-e-militc3a2ncia-1911-1946-por-ged...
 
AGENDA INSTITUCIONAL
AGENDA INSTITUCIONALAGENDA INSTITUCIONAL
AGENDA INSTITUCIONAL
 
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1001 apostila catecismo alvaro negromonte 1
001 apostila catecismo alvaro negromonte 1
 
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADE
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADEAs CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADE
As CEBs - A HISTÓRIA & A ATUALIDADE
 
2010 02 28 revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)
2010 02 28   revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)2010 02 28   revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)
2010 02 28 revitalização - ação docente e comunicação (jpeg)
 
Liderança missional e igreja missional
Liderança missional e igreja missionalLiderança missional e igreja missional
Liderança missional e igreja missional
 
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOSEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
 
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MA
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MAInstituições Religiosas de Bom Jardim - MA
Instituições Religiosas de Bom Jardim - MA
 
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdfAvivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
 
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdfAvivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
Avivamento-Martyn-Lloyd-Jones.pdf
 
História da Igreja Presbiteriana do Brasil
História da Igreja Presbiteriana do BrasilHistória da Igreja Presbiteriana do Brasil
História da Igreja Presbiteriana do Brasil
 

More from Eduardo Carneiro

Plano de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)
Plano  de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)Plano  de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)
Plano de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)Eduardo Carneiro
 
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...Eduardo Carneiro
 
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958Eduardo Carneiro
 
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro
1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiroEduardo Carneiro
 
A importância da história para a formação do economista
A importância da história para a formação do economistaA importância da história para a formação do economista
A importância da história para a formação do economistaEduardo Carneiro
 
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)Eduardo Carneiro
 
introdução à história econômica para economistas
  introdução à história econômica para economistas  introdução à história econômica para economistas
introdução à história econômica para economistasEduardo Carneiro
 
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2014
1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.20141. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2014
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2014Eduardo Carneiro
 
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)Eduardo Carneiro
 
A dívida pública em debate. (livro)
A dívida pública em debate. (livro)A dívida pública em debate. (livro)
A dívida pública em debate. (livro)Eduardo Carneiro
 
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...Eduardo Carneiro
 
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…Eduardo Carneiro
 
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...Eduardo Carneiro
 
GOYCOCHEA. Plácido de Castro na História do Acre
GOYCOCHEA. Plácido de Castro  na História do AcreGOYCOCHEA. Plácido de Castro  na História do Acre
GOYCOCHEA. Plácido de Castro na História do AcreEduardo Carneiro
 
Cenários do acre versão final
Cenários do acre   versão finalCenários do acre   versão final
Cenários do acre versão finalEduardo Carneiro
 
(Agro)pecuária no acre corrigido
(Agro)pecuária no acre   corrigido(Agro)pecuária no acre   corrigido
(Agro)pecuária no acre corrigidoEduardo Carneiro
 
resumo - segundo ciclo da borracha - acre
resumo - segundo ciclo  da borracha - acreresumo - segundo ciclo  da borracha - acre
resumo - segundo ciclo da borracha - acreEduardo Carneiro
 
Evolução pol¡tica do acre ii corrigido
Evolução pol¡tica do acre  ii corrigidoEvolução pol¡tica do acre  ii corrigido
Evolução pol¡tica do acre ii corrigidoEduardo Carneiro
 

More from Eduardo Carneiro (20)

Plano de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)
Plano  de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)Plano  de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)
Plano de curso. história econmia, política, social (ciências sociais. 2016)
 
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...
LIVRO: Amazônia, Limites & Fronteiras (Brasil, Bolívia e Peru): uma história ...
 
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958
Castello branco. acreania (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) 1958
 
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro
1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2015. eduardo carneiro
 
A importância da história para a formação do economista
A importância da história para a formação do economistaA importância da história para a formação do economista
A importância da história para a formação do economista
 
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)
Introdução à história econômica para economistas (Parte 2)
 
introdução à história econômica para economistas
  introdução à história econômica para economistas  introdução à história econômica para economistas
introdução à história econômica para economistas
 
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2014
1. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.20141. plano de curso   história econômica ii. 1º sem.2014
1. plano de curso história econômica ii. 1º sem.2014
 
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)
Eduardo carneiro. plano curso. história do brasil (ciencias sociais)
 
A dívida pública em debate. (livro)
A dívida pública em debate. (livro)A dívida pública em debate. (livro)
A dívida pública em debate. (livro)
 
2, a armadilha da dívida
2, a armadilha da dívida2, a armadilha da dívida
2, a armadilha da dívida
 
Revolta da vacinaj
Revolta da vacinajRevolta da vacinaj
Revolta da vacinaj
 
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (Por Edu...
 
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…
A Inserção feminina na Polícia Militar do Acre: 20 anos de história. (…
 
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...
NASCIMENTO, Jozafá. A imprensa acreana na batalha por hegemonia: estratégias ...
 
GOYCOCHEA. Plácido de Castro na História do Acre
GOYCOCHEA. Plácido de Castro  na História do AcreGOYCOCHEA. Plácido de Castro  na História do Acre
GOYCOCHEA. Plácido de Castro na História do Acre
 
Cenários do acre versão final
Cenários do acre   versão finalCenários do acre   versão final
Cenários do acre versão final
 
(Agro)pecuária no acre corrigido
(Agro)pecuária no acre   corrigido(Agro)pecuária no acre   corrigido
(Agro)pecuária no acre corrigido
 
resumo - segundo ciclo da borracha - acre
resumo - segundo ciclo  da borracha - acreresumo - segundo ciclo  da borracha - acre
resumo - segundo ciclo da borracha - acre
 
Evolução pol¡tica do acre ii corrigido
Evolução pol¡tica do acre  ii corrigidoEvolução pol¡tica do acre  ii corrigido
Evolução pol¡tica do acre ii corrigido
 

Recently uploaded

Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdfBlendaLima1
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......suporte24hcamin
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 

Recently uploaded (20)

Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
3-Livro-Festa-no-céu-Angela-Lago.pdf-·-versão-1.pdf
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......Introdução a Caminhada do Interior......
Introdução a Caminhada do Interior......
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 

A origem do movimento estudantil evangélico e a fundação da ABUB

  • 1. NEUZA ITIOKA ABU Editora S.C. Caixa Postal 30505 01000 - São Paulo - SP ENCARNANDO A PALAVRA LIBERTADORA Um breve histórico da Aliança Bíblica Universitária do Brasil
  • 2. ENCARNANDO A PALAVRA LIBERTADORA - 1ª EDIÇÃO Texto não submetido a correção ortográfica e lingüíntisca Copyright © 1981, Neuza Itioka Copyright © 1981, ABU Editora S.C. Todos os direitos reservados pela ABU Editora S.C. Caixa Postal 30505 01000 - São Paulo - SP 1ª Edição: 1981 Texto idêntico ao livro da 1ª. edição; digitada, impressa e distribuída pela Aliança Bíblica Universitária do Brasil — Região Centro-Oeste — com permissão da ABU Editora S.C. Novembro de 1994 Digitação: Grupo-Base da ABU de Brasília Coordenação: Carluci dos Santos Editoração eletrônica: Timóteo Hiroki Kaji
  • 3. ÍNDICE Treinando Também para Assessores Veja só... É um Relatório APRESENTAÇÃO Os Secundaristas se Movimentam Eles se Foram, Deixando Saudades 1. ANTES DE CHEGAR AO BRASIL Preparando o Sonhado Congresso Missionário A Perspectiva da Saída de Neuza 2. CHAMADOS A COMEÇAR (1957 a 1965) O Primeiro Congresso Missionário (Curitiba, 1976) O Campo e Robert Young Conclusão Ruth Siemens e o Nascimento da ABUB Bases de Fé da Aliança Bíblica Universitária do Brasil O Ambiente Universitário Notas 1. 3. CHAMADOS A ORGANIZAR (1966 a 1970) Enviando e Recebendo Planejando Treinamento Recrutando Novos Obreiros Estabelecendo Contatos Buscando Equilíbrio Colhendo Frutos 4. CHAMADOS A DEFINIR Melhorando o Treinamento Enfrentando Problemas Recebendo Ajuda O IPL de Souzas Afiando Ferro com Ferro 5. CHAMADOS A EXPANDIR Novos Modelos, Novos Administradores Uma Mulher na Secretaria Grupos Aqui e Acolá Eis-nos Aqui para o Ministério Estudantil Atividades Duplicadas A Pretensa Autoctonia Novos Ventos Literatura é Também um Ministério
  • 4. APRESENTAÇÃO Quando deixei a Secretaria Executiva da Aliança Bíblica Universitária do Brasil, depois de ter trabalhado dez anos no Movimento, me foi pedido escrever um histórico do mesmo. Em 1976 tentei ensaiar alguma coisa nesse sentido, e o material que produzi foi submetido à apreciação dos obreiros no Curso de Assessores em Julho de 1977. Recebi muitas críticas, observações e sugestões. Recentemente recebi o pedido de revisar aquele material, em tempo para constituir leitura prévia para o Congresso de 1982 da ABUB. Dentro da pressão de tempo de um mês e meio, fui forçada a trabalhar baseada naquele primeiro esboço. Mas usei muito mais os meus relatórios mensais, semestrais e anuais, bem como, as minhas cartas aos assessores, diretores e presidentes de grupos. Esse era o material de que eu dispunha. Usei alguns trechos de Alcance, bem como de Entre-Nós, boletins informativos da época. Ainda a recordação, a memória, desempenhou um papel importante na consolidação de muitos fatos. Creio que, estando envolvida na obra estudantil, é possível que eu tenha cometido justiças e injustiças com respeito ao que vi, percebi, discerni e interpretei. Há muita emoção... pois eu o vivi. Portanto, peço desculpas aos meus leitores por não poder oferecer algo um pouco mais científico, ou objetivo, se assim podemos dizer. O que tentei colocar no papel é a história de algumas gerações de estudantes que captaram uma visão de levar a mensagem de Jesus Cristo na sua simplicidade aos colegas dentro da universidade. Não foi fácil. Muita coisa foi feita na base do ensaio e do erro, mas com muita confiança em Deus. Muita oração, muito entusiasmo, muitas lágrimas, muita alegria, muita infantilidade... Mas o que constatamos é que Deus é fiel, apesar de tudo e de todos; apesar da nossa fraqueza, da nossa pequenez, ele faz a sua obra e faz questão de glorificar o seu Nome. Uma visão nos foi transmitida, e ficamos obcecados em passá-la à frente. Oh! Santa Obsessão! Neuza Itioka 1A 1B
  • 5. 1. ANTES DE CHEGAR AO BRASIL sem ter sido reconhecido oficialmente pela Igreja Luterana e, por isso, teve de passar um tempo dentro da prisão. Mas ele foi um A Aliança Bíblica Universitária do Brasil é o resultado de instrumento nas mãos de Deus para influenciar e forjar uma esforços e da teimosia de um punhado de gente que captou uma geração de evangélicos noruegueses, dentre eles homens como Ole visão e que se dispôs a levá-la adiante. Essa visão poderia parecer Hallesby, que marcou época no movimento evangélico estudantil ilusória e impossível de ser realizada, mas brotava dos corações com a sua vida, ensino e ministério. Ele patrocinou conferências que estavam afinados com a própria paixão que estava no coração internacionais que não apenas influenciaram a Europa, mas de Deus: alcançar o mundo perdido com o seu amor, chamar os também outras nações. O desenrolar delas culminou na reunião de pagãos ao arrependimento, através de juventude estudantil. Harvard, onde nasceu a Comunidade Internacional de Estudantes Poderíamos tomar como ponto de referência o fim do século Evangélicos, em 19472. XIX e o início deste século como o momento de início do Este movimento também é resultado de entrecruzamentos de movimento dos estudantes na Inglaterra que deu origem à diversos movimentos juvenis missionários como a Associação Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, da qual faz Cristã de Moços, o Movimento Estudantil Cristão e o Movimento parte a Aliança Bíblica Universitária do Brasil. Como resultado do Estudantil Voluntários, os quais apareceram nos fins do século avivamento espiritual que sacudiu a Inglaterra nos anos de 1860 a passado, como instrumentos de Deus para o crescimento e avanço 1880, e como fruto do ministério dinâmico do pastor anglicano da igreja. E, com estes, não se pode deixar de citar a influência de Charles Simeon, os universitários começaram a se reunir nas homens como Dwight L. Moody, o famoso evangelista americano dependências das escolas para estudar a Bíblia e levar adiante a do século passado; John R. Mott, talvez a figura cristã mais mensagem evangélica aos seus colegas. Esse trabalho se influente neste período (1880-1930) pela sua atuação na ACM; e desenvolveu de tal forma a se organizar com o nome de Cambridge Robert Wilder, um grande apaixonado pela obra missionária, ativo Inter-Collegiate Christian Union (CICCU), formado por estudantes, no Movimento Estudantil Voluntários. Estes movimentos e pessoas como diz o nome, da Universidade de Cambridge, Inglaterra1. .A marcaram presença na formação da igreja protestante em nosso data oficial do movimento, assim fundado, foi 1877. século, bem como na vida universitária dos discípulos espalhados Não podemos deixar de citar que, já antes da Reforma, o em vários centros de estudos superiores3. Espírito de Deus atuava de modo extraordinário no meio dos O grupo de Cambridge, ou seja, a CICCU, se evidenciou, com estudantes em Cambridge, em 1516. Naquela mesma universidade, diversos grupos espalhados por toda a Inglaterra e outros países, um grupo de estudantes liderados por Thomas Bilney, leu o Novo mantendo a fidelidade às doutrinas básicas da Bíblia, quando o Testamento e experimentou a conversão. Estes, mais tarde, tiveram movimento nacional dos estudantes evangélicos, conhecidos como o privilégio de dar as suas vidas como mártires pela fé evangélica, Student Christian Movement, membro da Federação Mundial de participando da Reforma da sua Igreja, na sua terra. Estudantes Cristãos, começou a demonstrar evidências do A Noruega foi um país escolhido por Deus para um abandono das convicções evangélicas: no eclesiástico e litúrgico acontecimento evangélico nas universidades, como repercussão do imitando o católico, e no intelectual, os protestantes liberais. movimento pietista, gerado na Alemanha, de Hans Nielsen Hauge Paulatinamente os conservadores estavam sendo afastados, a Bíblia (1771-1824). Esse poderoso pregador expunha a Palavra de Deus sendo substituída pela Teologia Moderna, a oração sendo substituída pela liturgia formalista e quase morta. A resistência de 2A 2B
  • 6. Cambridge, onde os estudantes questionavam essas tendências do admitirem que a visita de Guinness tenha sido uma faísca que deu Student Christian Movement, já era articulada desde 1904. A lugar ao incêndio no Canadá, eles sabiam que a Intervarsity CICCU nunca esteve vinculada significativamente ao movimento Christian Fellowship do Canadá era obra do Espírito Santo5. nacional (SCM); com todos esses conflitos, o grupo de Cambridge O movimento também se alastrou até os Estados Unidos com a se separou do movimento nacional britânico. iniciativa de Stacey Woods que, obedecendo à visão missionária de Em meio à onda da teologia liberal, depois da primeira guerra não se conformar com as fronteiras do país, começou o testemunho mundial, não era fácil manter aquela posição tomada pela CICCU. estudantil nas terras das universidades norte-americanas, desde Fizeram-se várias tentativas para fazer filiar a CICCU ao 1939. A Intervarsity Christian Fellowship nos Estados Unidos movimento nacional, mas a CICCU não cedeu e, depois de muitas também não demorou para se formar e solidificar. conversas e negociações, os representantes da CICCU fizeram uma O movimento estudantil aparecia também na Alemanha, e os pergunta direta e vital: “Considera a SCM o sangue de Jesus Cristo grupos escandinavos mantinham o movimento estudantil vivo, como o ponto central da nossa mensagem?” veio a resposta: “Não, graças à fidelidade do movimento norueguês. não é central, ainda que lidamos lugar em nosso ensino”. Disse Pouco antes da II Grande Guerra estourar, realizou-se uma Norman Grubb: “Esta resposta definiu a questão, por que então conferência Internacional de Estudantes Evangélicos que vinham se podemos lhes explicar que, para nós, o sangue expiatório de Jesus repetindo desde 1934. E, em julho de 1939, em Cambridge, Cristo é o coração da mensagem, e nunca poderíamos nos unir a reuniram-se cerca de 800 estudantes representando 33 países, com um movimento que lhe desse um lugar secundário4. o tema: “Cristo , a nossa liberdade”. Todos os presentes tinham O movimento de Cambridge (CICCU) permaneceu consciência da gravidade do momento que o mundo atravessava. . intransigente nessas questões fundamentais e acabou atraindo para Poucos dias depois a Guerra irrompeu, interrompendo as a sua posição inúmeros grupos que estavam se decepcionando com conferências anuais. Em 1946, a comissão organizadora da o Student Christian Movement (SCM) e com a Federação Mundial conferência se reuniu em Oxford, e verificou que o movimento de Estudantes Cristãos, os quais cada vez mais perdiam a sua havia surgido em vários países. ênfase nas orações diárias, na conversão pessoal e no espírito Conforme o movimento se alastrava me vários países, ele missionário. Por outro lado, a CICCU acabou formando um demonstrava as mesmas características de iniciativa estudantil e de movimento nacional paralelo ao SCM, movimento esse que rápido crescimento. Os missionários e líderes das igrejas chamou Intervarsity Fellowship of Evangelical Unions, em 1928. evangélicas da China, por exemplo, observavam, com surpresa A Intervarsity Fellowship of Evangelical Unions, fiel à sua agradável, o surgimento e o crescimento da Intervarsity Christian visão missionária, enviou Howard Guinness como primeiro Fellowship da China. O Espírito de Deus movia em vários lugares, missionário ao Canadá. Para comprar sua passagem, os estudantes despertando estudantes universitários e professores para ingleses levantaram uma oferta de amor vendendo livros e estabelecerem o movimento estudantil. bicicletas. No Canadá, Guinness verificou que de fato Deus havia O tipo de organização dos movimentos varia de país a país. Não preparado o seu caminho para a sua visita. A lenha estava havia um molde rígido de organização que deveria ser copiado. A empilhada, só faltava a faísca para ascender o fogo. Os grupos de mensagem e os propósitos permaneciam os mesmos, mas os grupos estudantes evangélicos desejosos de estudar a Bíblia surgiam nas autônomos em cada país eram guiados por Deus para criar universidades, da noite para o dia. Apesar dos estudantes ingleses 3A 3B
  • 7. modelos e métodos de acordo com as circunstâncias e necessidades 2. CHAMADOS A COMEÇAR (1957 A 1965) de seu país6. Voltando a Oxford, a comissão organizadora da conferência internacional reuniu-se por um dia e avaliou a situação mundial O CAMPO E ROBERT YOUNG do movimento estudantil e a sua história. Nessa reunião aceitou o convite norte-americano de se reunir em 1947 na Universidade de O início da história da Aliança Bíblica Universitária do Brasil Harvard, a fim de dar ao movimento internacional uma forma mais está vinculada aos nomes de Robert Young, assessor da Intervarsity permanente à que tinha até então. Assim diz Samuel Escobar: “No Christian Fellowship dos Estados Unidos, que passou alguns anos fim de agosto de 1947, na Universidade de Harvard, em no Brasil, e de Ruth Siemens, que veio à nossa terra, inicialmente Cambridge, Massachusetts, o acordo unânime das delegações como professora da Escola Graduada de São Paulo, para ministrar estudantis ali presentes foi o de prosseguir com a formação de uma a americanos residentes nessa cidade. Já em 1956, a caminho da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, e assim se primeira Assembléia Geral da Comunidade Internacional de fez. Uma história de séculos de convicções e de iniciativa, Estudantes Evangélicos (CIEE), em Glen Orchard, Ontário, motivadas pelo desejo de anunciar a mensagem de Jesus Cristo e Canadá, o conhecido evangélico suíço Dr. René Paché visitou, vivê-las nas classes universitárias, convergia na formação da juntamente com Robert Young, vários países sul-americanos, Comunidade . A declaração, o propósito e as Bases de Fé, incluindo o Brasil. No seu relatório René Poché comunicou a aprovadas em Harvard, refletem a vontade expressa dos delegados tremenda urgência de atender países da América do Sul, pelo vácuo ali reunidos de não permitir que a falta de previsão ao forjar um espiritual que havia se estabelecido nos meios intelectuais e, ao Estatuto viesse a dar lugar aos desvios que sempre acontecem no mesmo tempo, por ter verificado a grande fome espiritual dos momento de cansaço das gerações”7. universitários. Viu ainda o entusiasmo que os estudantes mostraram ao saber que o quadro espiritual poderia mudar. Parecia que as portas se abriam em todo lugar. Por onde o Dr. René e Robert Young iam, verificavam uma boa dose de sinais de iniciativa estudantil. O relatório de Paché e Young à Assembléia Geral fez com que aumentasse o interesse pelas terras sul- americanas, a intercessão por elas e o impulso missionário nas filas da CIEE. Robert Young `chegou ao Brasil em 1957, como assessor pioneiro, para despertar estudantes brasileiros para a visão e a tarefa de levar a mensagem de Jesus Cristo na Universidade. É interessante ler um trecho da carta escrita pelo próprio Robert Young, endereçada a Wayne Bragg em fevereiro de 1968: A história espiritual do que é hoje a Aliança Bíblica Universitária do Brasil começou na Califórnia, em 6 de 4A 4B
  • 8. novembro de 1952. Há em minha Bíblia uma notinha ao lado estudantes que lhe pertencem uma visão simples e uma de Josué 22:19, referindo-se a uma chamada e visão que mensagem básica: “Se você está nesta universidade pela Deus me deu um dia: “Passai-vos para a terra da possessão vontade de Deus, então ela é um campo missionário e você do Senhor...”. Quando o Espírito de Deus começou a é missionário dele aqui”. Os estudantes foram incentivados a mostrar a várias pessoas que Ele estava prestes a iniciar um se reunirem com seus amigos interessados e assim trabalho bíblico entre os estudantes universitários da começaram os estudos bíblicos. “Cristo em Vós” talvez América do Sul, essa terra não se referiu propriamente ao tenha sido o estudo que deu aos estudantes um princípio do Brasil, mas aquele grande continente. que significava andar com Deus. Assim, o que se poderia Um grupinho de estudantes de San Luis Obispo e de chamar de “primeiros grupos” foram os que se reuniram no Santa Bárbara estivera reunido em uma montanha úmida e apartamento de Ruth Siemens, na Alameda Jaú, em São chuvosa, com uma missionária inglesa que tinha passado Paulo; no Instituto Teológico da Aeronáutica, em São José vários anos na China. Ela tinha baseado suas mensagens dos Campos; e em Aracaju, no Nordeste. O Rev. Walter em Efésios 1:17-21: “O propósito da nossa chamada”, “As Kaschel e sua esposa estenderam o seu caloroso e riquezas da nossa chamada” e “O poder da nossa entusiasta apelo para se começar um trabalho em Curitiba. chamada”. Estávamos fascinados com um novo encontro Alguns dos estudantes que foram os “pioneiros “ nesses com o Deus vivo e alguns de nós disseram: “Senhor, custe o primeiros grupos foram: Julieta e Wangles Breternitz e Lucas que custar, quero que a Tua vontade se cumpra em minha Blanco de Oliveira, em São Paulo; Peter Bork, no ITA; vida”. Depois de lutar com o Senhor em oração durante os Madalena Matos e Berenice de Oliveira, em Aracaju; poucos dias que se seguiram, Deus me deu aquele Rosamaria Agayer Huber e Lydia Polech, em Curitiba. O versículo em Josué e também em Gênesis 28:15 e Dt 31:6. primeiro acampamento estudantil no Brasil deu-se em Renunciando à minha posição na Intervarsity dos Estados janeiro de 1958, nas montanhas frias e chuvosas de Unidos no fim daquele ano acadêmico, fiz preparativos para Campos do Jordão. O preletor foi o Rev. Walter Kaschel, de rumar para o sul... Costa Rica em 1953 e Universidade da Curitiba. Havia quinze estudantes. Ruth Siemens foi a “deã Prata, em 1954. das moças”. Os rapazes dormiram numa garagem. Foi o Foi em outubro de 1954 que, pela primeira vez, tive o último acampamento em época de frio para o qual os privilégio de pisar no solo do “país do futuro”. Estive em nordestinos foram convidados, porque os representantes de Santos, em São Paulo, no Rio e em Recife. O primeiro Maceió quase morreram de frio naquelas noites! Como cristão brasileiro que me encorajou a começar o trabalho resultado desse encontro o grupo de Curitiba começou a estudantil no Brasil foi Dirk Van Eyeken. Encontramo-nos em funcionar. Um retiro foi realizado naquele ano, e um Schenestady (Nova York) e oramos pela sua terra natal. acampamento evangelístico foi feito com trinta e cinco Mais tarde, o professor Ross Douglas e sua esposa participantes, numa praia do Paraná. Mais tarde houve outro foram convidados a vir lecionar em São Paulo. Ruth importante acampamento em Natal, para despertar interesse Siemens, já uma pioneira fixa no Peru, foi chamada para o nos estudantes no Norte do país. Brasil. E a minha própria volta, muito feliz, foi em 1 de maio No inverno de 1959, agosto, eu parti para Paris e para o de 1956, saindo da cidade de Corumbá. Deus deu aos campo da IFES. Meu papel terminou aí. Embora eu tivesse 5A 5B
  • 9. passagem de Lisboa ao Rio, o Senhor me chamou de volta ao trabalho iniciado. Era mais do que necessário uma orientação aos Estados Unidos para ficar com meus pais, que estavam bíblica acadêmica da juventude universitária brasileira. A Palavra doentes. Embora Deus tenha dado uma visão e o gozo de de Deus tinha que ser recolocada no seu devido lugar de autoridade alguns dos primeiros passos nessa querida terra, foi Ruth para mudar vidas e mentes que tentavam pensar, com sinceros e Siemens quem regou o solo com suas abençoadas lágrimas, honestos questionamentos. orações e amoroso interesse pela infinidade de estudantes Ruth Siemens e o Nascimento da ABUB brasileiros”. Depois de um estágio no Peru, em 1958 chegou ao Brasil Ruth Siemens, como professora da Escola Graduada para colônia Os anos de implantação da ABU no Brasil, de 1957 a 1962, americana. Em suas férias e fins de semana aproveitava o tempo foram anos de expectativas, decepções e surpresas. Existia, em vago para fazer viagens visitando os estudantes em diversas nossa terra, um grupo chamado de Associação Cristã de cidades do Brasil. Nestas viagens ela chegou até Manaus, capital Acadêmicos (ACA), vinculado ao Student Christian Movement já do estado do Amazonas, num programa intenso de itinerância . mencionado. Aparentemente os líderes desse movimento se Logo Ruth instalou em seu apartamento o seu “QG” da ABU, na ressentiram com o aparecimento da Aliança Bíblica Universitária esquina da Alameda Jaú com a rua Pamplona. E, nesse ano, foi do Brasil. A presença da ABU foi interpretada como uma ameaça organizado o primeiro acampamento oficial de âmbito nacional, em à antiga organização. As atitudes de alguns líderes evangélicos da Campos do Jordão, ao qual se referiu Robert Young em sua carta9. época deram margem à interpretação de que o novo movimento Sítio das Figueiras, perto de São Paulo, sediou também um dos estava chegando para combater a organização ecumênica dos acampamentos mais importantes para o início do movimento estudantes. Pela literatura que a ACA publicava na época, podemos estudantil no Brasil. Sob a direção de Ruth, eram quarenta notar muito de cunho evangélico nas suas páginas. Mas seguindo a universitários e assessores internacionais, como Stacey Woods, orientação que vinha da organização internacional, a Federação primeiro Secretário Geral da Comunidade Internacional de Mundial de Estudantes, com teologia declaradamente liberal, e Estudantes Evangélicos; John White, médico psiquiatra, seguindo a liderança de certas alas da igreja no Brasil, e no intuito responsável pelo trabalho de coordenação dos grupos latino- de contextualizar a teologia para o ambiente da revolução social e americanos; Samuel Escobar , professor de letras e pedagogia, política pela qual passava o Brasil, a ACA começou a mudar, assessor da CIEE; e Robert Young, assessor da Intervarsity tornando-se integrante daquilo que muitos sociólogos da época Christian Fellowship dos Estados Unidos, emprestado ao Brasil10. chamavam de processo revolucionário brasileiro8. Seria exagero O Congresso de Cochabamba que se realizou na Bolívia, dizer que uma geração de líderes da mocidade evangélica, sob a naquela cidade, em 1958, foi um dos fatos importantes para o influência daquela teologia, sucumbiu com a Revolução de 1964? Movimento brasileiro, dando o sentido de que a obra iniciada não A revista ecumênica “Testemonium”, publicação da própria era algo isolado, mas sim parte de um corpo em formação na Federação Mundial de Estudantes, comenta o fato com uma auto- América Latina. Nesse congresso estiveram presentes dezessete crítica e observação dos movimentos a ela afiliados. grupos estudantis, ainda que apenas o México se fizesse presente Para um contexto como este em ebulição, era evidente que o como movimento nacional organizado. Nas palavras de Samuel Espírito de Deus impulsionava os pioneiros do movimento Escobar, esse acontecimento histórico determinou uma nova etapa estudantil vinculado à Comunidade (CIEE) para dar continuidade histórica da CIEE, e foi importante em três sentidos: Primeiro, uma 6A 6B
  • 10. tomada de consciência de que Deus estava em ação na conheceu a IVCF nos EUA, que foram grandes incentivadores do Universidade latino-americana como nunca antes. Segundo, Movimento. Com o chamado de Robert Young para outros campos transmitiu-se um ensino concentrado e germinador do que iria estudantis da Europa, e Ruth Siemens tendo se integrado na equipe contribuir poderosamente para criar todo um estilo de trabalho. internacional da Comunidade, depois de ter passado um ano nos Terceiro, de comum acordo com a Comunidade, visualizou-se uma Estados Unidos, ela voltou em janeiro de 1961 como assessora de estratégia continental11. tempo integral para dar continuidade à obra do movimento Estavam presentes os pioneiros da obra estudantil na América estudantil no Brasil. Nessa volta Ruth radicou-se no Rio de Janeiro Latina: Robert Young, Ruth Siemens, Wayne Bragg (assessor da e iniciou o grupo carioca. Como fruto de alguns anos de trabalho Comunidade na área do Caribe) e diversos profissionais recém- incansável dos assessores e como confirmação de que Deus estava formados, ativos nos seus respectivos países, e estudantes presente no meio universitário brasileiro, chamando um povo para entusiasmados, muitos dos quais se vinculariam mais tarde ao o testemunho estudantil, a ABUB se organizou como Movimento ministério estudantil. Representaram o Brasil nesse Congresso, Nacional em 1962. As dependências do Acampamento Palavra da Lucas Blanco de Oliveira, advogado recém-formado de São Paulo Vida sediaram, na semana santa daquele ano, entre os dias 19 e 21 e Lydia Polech, estudante de letras em Curitiba. Muitas cidades do de abril, as delegações de 11 grupos da ABUB: Rio de Janeiro Brasil receberam a visita dos assessores da época: Ruth Siemens e representado por Inéia Pinheiro Santana, Betty Antunes de Robert Young, mas deste o seu início o movimento brasileiro Oliveira, Theodoro Gevert; Curitiba representado por Antônio caracterizou-se pela iniciativa estudantil. Ruth Siemens comenta Vigiano, Gunars Sprogis, Lydia Polech; Vitória representado por que então os estudantes vinham aos acampamentos (realizados em Hermes Peyneau, Rosa Laura Moreira, Regina Stange; Niterói diversos lugares do Brasil) e voltavam às suas cidades representado por Mírian Silveira, Delcy Francione de Abreu, entusiasmados com a visão adquirida e tentavam reunir os seus Delfio Brandão Zambrotti; Sorocaba representado por Paulo colegas para iniciar grupos de ABU’s. Outros ainda, ouvindo Hornos; São Paulo representado por Paulo Marcos de Campos acerca do trabalho, tentavam fazer algo semelhante nas suas Barreto, Nilo Roberto Janson, Janyr Boscatti; Belo Horizonte cidades e escolas. A pedido do grupo de São Paulo, Lucas Blanco representado por Homem Israel Ferreira, Nilse Menezes Lucas, de Oliveira (Makenzie, Direito) e Peter Bork (ITA, Engenharia) Maria Izabel Guimarães Faria; Goiânia representado por Josué José viajaram até Goiânia para realizar a primeira reunião com os Mota, Adélcio Lima; Juiz de Fora representado por Vasni Calixto estudantes daquela cidade. Mais tarde um grupo de estudantes Santana, Maria Matilde Mendes e Beatriz Gotardelo; São José dos paulistas fez uma visita a Belo Horizonte para incentivar os Campos representado por Ayrton de Mello Moreira e Samuel estudantes mineiros a iniciar o grupo na cidade12. Konishi; Petropólis representado por Dirk Van Eyken; e vários Combinadas as viagens que os assessores faziam com os grupos delegados observadores dentre eles, Ross Allan Douglas e Aline incentivados pelas visitas dos estudantes, em breve houve um Douglas, Julieta Breternitz e Wangles Breternitz, Peter Bork. número razoável de pequenos núcleos de estudantes espalhados por E assim começa a ata desse Congresso Nacional: todo o Brasil, mas a maioria sem quase nenhuma orientação. Deus “Aos dezenove dias do mês de abril de mil novecentos e provia bons conselheiros em algumas cidades, como o Pr. Dionísio sessenta e dois, `as dezessete horas e vinte minutos, no salão de Pape na cidade de Fortaleza, e o Dr. Ross Douglas em São Paulo, e culto do Acampamento Palavra da Vida, situado em Terra Preta, pessoas, como a professora Euzi Moraes em Vitória-ES, que município de Mairiporã, reune-se o Primeiro Congresso da Aliança 7A 7B
  • 11. Bíblica Universitária do Brasil. Faz uso da palavra a senhorita Ruth teológico que diluía as bases de fé e da conduta dos próprios Siemens, secretária itinerante da ABU no Brasil, para dar seminaristas. Na tentativa de colocar em ordem as escolas, alguns orientação inicial sobre o que deverá tratar o Congresso; pede ela alunos foram expulsos e professores demitidos. Colegas de longos que se busque a presença de Deus e três orações são feitas. Fala o anos de trabalho se separaram, criando mágoas e amarguras no Senhor Samuel Escobar, demonstrando a sua alegria por ver o meio do povo de Deus, criando grandes divisões em igrejas e desenvolvimento da ABU no Brasil e apresentando uma palavra de denominações. estímulo...” (12) O cenário estudantil passava, no início de 60, por uma Nesse Congresso os delegados aprovaram os primeiros efervescência política muito grande. Havia uma preocupação do estatutos da ABUB o seu Conselho Administrativo, que tinha a meio estudantil de se conhecer melhor a realidade brasileira, função de administrar o movimento. O Conselho Administrativo expressão essa que estava entrando em moda no meio estudantil e era composto por quatro profissionais de instrução superior, dentre no meio dos intelectuais. O convite era de conhecer os problemas os mais identificados com o trabalho geral da ABUB e eleitos pelo sociais, econômicos e políticos da nação: nenhum estudante Congresso, quatro universitários eleitos dentre os delegados das poderia ficar alienado aos acontecimentos e à mudança pela qual ABU’s locais e o Secretário Geral. passava o Brasil. A consciência nacionalista estava sendo O Conselho Administrativo tinha a incumbência de organizar o despertada e aguçada com a tomada de conhecimento da situação programa financeiro, elaborar e aprovar o orçamento anual, do país e com os ataques dos males do imperialismo norte- organizar o programa de literatura, planejar o Congresso Anual, americano. A ideologia reinante aceita por muitos estudantes era o indicar o Secretário Geral e os secretários itinerantes, dentre outras marxismo, que usava a bandeira da justiça social convocando os responsabilidades. estudantes a lutarem pelos trabalhadores e camponeses. As Assim, o primeiro Conselho Administrativo da ABUB foi faculdades e escolas superiores eram literalmente focos de agitação constituído por Dirk Van Eyeken, Lucas Blanco de Oliveira, estudantil e os universitários estavam sendo convocados a Wangles Breternitz, Peter Bork e, representando os estudantes, participar dos assuntos que interessavam à política nacional. Antônio Vigiano (de Curitiba), Betty Antunes de Oliveira (do Rio Nessa época, para se ter uma idéia de como iam as coisas, a de Janeiro), Adélcio de Lima (de Goiânia) e Paulo Hornos (de estudante Neuza Itioka descobriu, perplexa, que na seção de Sorocaba). Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade de São Paulo (hoje Faculdade de Educação), quatro O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO dos veteranos da escola que estavam militando no Partido Os anos 60 foram a década de divergências e de conflitos Comunista tinham sido líderes de mocidades evangélicas. A teológicos, que forçaram os seminários a adotar uma disciplina perplexidade se transformou em peso, e o peso no chamado de rígida para salvaguardar as suas instituições. Muitos tiveram que se Deus para participar do movimento estudantil, e mais tarde para posicionar diante de novos pensamentos e doutrinas, nem sempre servir o reino de Deus através da assessoria da ABUB. com as interpretações bíblicas e tradicionais. Muitas escolas Somente alguns anos mais tarde ela compreenderia que os tiveram que fechar as suas portas, pelos sérios problemas que os jovens cristãos, mesmo tendo uma fraca formação bíblica, são seminários tiveram que enfrentar, decorrentes do relativismo bastantes sensíveis à questão da injustiça e da injustiça social, pois a questão social já é assunto apresentado pelos profetas do Velho 8A 8B
  • 12. Testamento, os quais na realidade são os verdadeiros arautos da estimulada no mais das vezes por interesses subalternos e justiça social. Este tema nunca é abordado, por exemplo, pelos mesquinhas ambições pessoais. É isto que permitiu à filósofos gregos, devido à sua cosmovisão de ver a sociedade reação encobrir os seus verdadeiros propósitos, e iludir boa dividida em classes. Os profetas, ao contrário, transmitem a agonia parte da opinião pública, com o pretexto de salvação do País do coração de Deus, que não suporta o pecado e a injustiça contra do caos que parecia iminente13. qualquer criatura. A sensibilidade e a compaixão sem uma resposta verdadeira, embasada na Palavra de Deus, podem levar o jovem A revolução de 1964 foi acompanhada de muito euforismo em cristão a optar por uma outra alternativa: a de militância política muitas igrejas, na sua grande maioria conservadora e bíblica, com a com meios violentos, abandonando a fé e o seu compromisso com convicção de que se salvou a nação de uma revolução que poderia Jesus Cristo. (12) desembocar num tipo de totalitarismo de esquerda onde a Igreja de Os acontecimentos políticos que procedem a revolução de 1964 Jesus Cristo não poderia sobreviver nos moldes atuais. No meio do estavam preocupando os líderes políticos e eclesiásticos do Brasil povo evangélico havia um sentimento comum de que Deus, o pelo tom demagógico com que eram desenvolvidos. Assim, na sua Senhor, da mais uma oportunidade para a pregação livre do avaliação, a própria esquerda criticou os fatos e o ambiente que Evangelho. Mas a euforia não durou muito, pois a igreja evangélica antecederam a Revolução de 64: no Brasil começou a enfrentar, especialmente no meio da juventude, um tipo de reação a tudo que cheirava conservador. As Apesar, contudo, das circunstâncias altamente favoráveis teologias que vieram de além mar, os pensamentos europeus e à maturação do processo revolucionário brasileiro, o que se americanos que haviam penetrado nos meios brasileiros através dos tem visto, afora as agitações superficiais, por vezes seminários e dos seus professores não iriam desaparecer de um dia aparatosas, mas sem nenhuma profundidade ou penetração para o outro. A semente havia permanecido e o ecumenismo nos sentimentos e na vida da população, é a estagnação acompanhado de ideologia marxista continuou influenciando daquele processo revolucionário. Ou, pior ainda, a sua escolas de Teologia e, igrejas e, mui particularmente, a juventude. degenerescência para as piores formas de oportunismo, Tudo o que tinha sabor de teologia conservadora14, no sentido de explorando as aspirações populares por reforma. Foi esse defender os fundamentos bíblicos, estava sendo identificado com a espetáculo que proporcionou ao País o convulsionado força reacionária do País. Muitos poucos tinham a maturidade de governo deposto de 1º de abril. Muitos, na verdade quase discernir as implicações políticas envolvidas em determinadas toda a esquerda brasileira, interpretaram aquele período posições teológicas e facilmente e com muita irresponsabilidade malfadado como avanço revolucionário. Mas de fato ele para rotulavam de reacionários e fundamentalistas aqueles que não nada serviu senão preparar o golpe de abril e o adotavam a postura de estar em oposição ao governo, e que não acastelamento no poder das mais retrógradas forças advogavam a teologia da moda. Neste contexto, os jovens crentes reacionárias. Isso porque deu a essas forças a justificativa que sinceramente amavam a Deus, que tinham a sua fé pessoal e de que necessitavam: o alarme provocado pela desordem uma vida devocional, por se precuparem com as questões sociais administrativa, implantada à sombra da inépcia eram taxados de liberais. Eles acabavam se radicalizando, nem governamental, aproveitada e explorada por agitação estéril sempre encontrando aceitação e compreensão dos líderes, nem sem nenhuma penetração no sentimento popular, e 9A 9B
  • 13. obtendo respostas bíblicas para as suas questões. Era a da Missão Universitária na cidade de São Paulo. Os quatro radicalização para os dois extremos. estudantes que representavam a Universidade de São Paulo, na Em meio a este clima, a Aliança Bíblica Universitária Pedagogia, Matemática e Física, meio assustados e muito prosseguia com os seus objetivos de alcançar os estudantes através temerosos, porque tinham que sair do seu grupinho cômodo para dos estudantes, pela Palavra de Deus. As atividades, os estudos enfrentar a Universidade propriamente dita, tiveram que trabalhar bíblicos e os acampamentos cresciam em todas as partes do Brasil. entrando em contado com diversos grêmios e centros acadêmicos e Em 1965 já havia 19 grupos espalhados em todo o Brasil. As tomar todos os tipos de providências. Nestes eventos, o Dr. Ross viagens de Ruth Siemens não eram suficientes para providenciar Douglas deu grande apoio para o trabalho estudantil. Os volante de adequada orientação para os novos grupos. Para poder prover convite indicando os temas das conferências, o local e a data foram literatura e material adequado de orientação ao Movimento, e confeccionados e distribuídos maciçamente. Neste mister esses visando também servir a igreja evangélica, formou-se a Junta estudantes tiveram que fazer das “tripas o coração” para divulgar, Editorial Cristã em 1962, composta da Missão Batista convidar os colegas, e vir de classe em classe para falar das Conservadora e a ABUB. A Junta Editorial Cristã iniciou a conferências. Os grêmios e os centros acadêmicos abriram as sua publicação de um bom número de livros, com o trabalho portas para receber este professor da Suíça, doutor em educação supervisionado pelo Dr. Russell Shedd. Em 1965, já tinham sido pela Universidade de Zurich e pela Universidade de Chicago. publicados o Novo Comentário Bíblico, e os livros Cristianismo O conferencista falou em 11 faculdades na cidade de São Paulo, Básico de John Stott; A Razão do Cristianismo, Cartas do Inferno, trazendo ao público temas muito interessantes: O Conflito entre o e Palestras que Impressionam, de C.S. Lewis. Humanismo e o Cristianismo na Vida de Pestallozzi, Niilismo na Também em 1965 o Brasil recebeu pela primeira vez a visita do Filosofia de Nietzsche; Mecanização e Automação da Vida, Dr. Hans Burki, então Secretário de Literatura da Comunidade Educação como Investimento, Psicologia e a Realidade da Fé Internacional de Estudantes Evangélicos e Secretário Geral do Cristã, A Busca Humana por um Significado Permanente na Vida. movimento estudantil suíço. Este percorreu com Ruth Siemens a Nestas conferências colaboraram como intérpretes pessoas de imensidão do Brasil, apresentando conferências em diversas destaque no meio evangélico, tais como o Pr. Werner Kashel, em universidades brasileiras. Cerca de doze cidades receberam a visita São Paulo. Diante da demanda do trabalho estudantil no Brasil, do Dr. Burki. Estas conferências nas faculdades tiveram o nome de muitos nomes de profissionais ex-abeuenses foram consultados Missão Universitária, pois foi um esforço especial e foi uma para atuarem com obreiros, mas, diante da resposta negativa destes, missão aos universitários. Geralmente as conferências poderiam ser o Movimento encontrou no casal Carlos e Margaret Lachler classificadas como pré-evangelísticas, tentando tratar de temas corações sinceramente preocupados com os estudantes do Brasil. bastante acadêmicos, mas incluindo sempre os pontos do Tendo aceitado o convite de se tronarem assessores da ABUB, eles Evangelho para despertar nos ouvintes o interesse pela mensagem se instalaram numa cidade universitária, São José do Rio Preto, e total do evangelho. O que aconteceu em São Paulo foi algo muito se matricularam na Faculdade para se tornarem mais eficientes no típico: a diretoria do grupo local era constituída apenas de três ministério estudantil e se identificarem com a mentalidade moças e um rapaz. Na realidade não havia muitos com quem universitária. Todo o interior de São Paulo ficaria sob os seus pudessem contar. A Secretária Geral Ruth Siemens pediu que o cuidados. Tiveram eles calorosa receptividade no meio estudantil grupo local se encarregasse da organização da conferência, ou seja, paulista, e foram muito amados pelos abeuenses. 10A 10B
  • 14. 3. CHAMADOS A ORGANIZAR (1966 A 1970) Treinamento estava nas mãos de Ruth Siemens, com a ajuda do conselheiro Dr. Ross Douglas e Aline Douglas, sua esposa. Lá se encontravam os assessores Carlos e Margaret Lachler e Neuza ENVIANDO E RECEBENDO Itioka, recentemente admitida como assessora de tempo parcial. Neuza tinha sido presidente da ABU em São Paulo, era formada O ano de l966 foi um ano que pode ser considerado como o ano em Teologia e cursava Pedagogia na Universidade de São Paulo. marco para o movimento brasileiro. Neste ano a Comunidade Paulo Medeiros, estudante de Teologia da Faculdade Teológica (CIEE) organizou o seu Primeiro Seminário de Capacitação de Batista do Sul, estava participando na qualidade do futuro assessor Líderes Estudantis, com duração de 30 dias, em Lima, Peru. da ABUB, para a região do Rio de Janeiro. Estiveram nada menos que treze países representados por No meio da semana, quando o Treinamento estava a caminho, delegados seminaristas. O Brasil enviou Ruth Siemens, como Wayne Bragg, um dos pioneiros da Comunidade na área do Caribe, assessora da Comunidade (CIEE) e Neuza Itioka, estudante que chegou, aceitando o convite do Conselho Administrativo. Wayne vinha participando há algum tempo do grupo da ABU em São chegava ao Brasil, depois de ter gasto doze anos de sua vida no Paulo. Este encontro proporcionou a visualização do movimento ministério estudantil, em Porto Rico. Wayne, americano de origem, no contexto latino-americano, em espírito de companheirismo e com capacidade muito grande de se adaptar a novas situações, oração, e a procura honesta do lugar da Comunidade dentro de assimilou rapidamente os costumes brasileiros e discerniu com várias correntes teológicas da época. Trinta dias de ensino, de muita precisão o momento histórico da igreja Evangélica no Brasil, oração em conjunto, convivência com assessores internacionais, o para organizar a ABUB. Tinha uma certa genialidade compartilhar com colegas de diversas nações latino-americanas administrativa que se caracterizava no cuidado e na perfeição, até acerca da alegria do testemunho estudantil, das lutas e das nos pequenos detalhes. dificuldades dos grupos de estudos bíblicos nas dependências das Wayne assumiu o cargo de Secretário Executivo do movimento, universidades, tudo isso desafiou as delegadas brasileiras a se e a ABUB passou a ter o seu boletim de oração, o Ïntercessor”; o dedicarem mais à obra estudantil, bem como deu a visão clara para “Alcance”, boletim de informação com o objetivo de informar o onde devia caminhar o movimento nacional. Neste ano também a público evangélico acerca do que é a ABU, o que faz, o que estava ABUB recebeu novamente o Dr. Hans Bürki, juntamente com sua fazendo; um boletim interno para os estudantes, o “Entre Nós”. A esposa, Dra. Agatha Bürki-Firenze, presidente internacional do experiência de doze anos de assessoria deu a Wayne a facilidade de trabalho de evangelização entre enfermeiras. Vinha ele com um estabelecer novos modelos de treinamento para líderes: o Instituto programa de treinamento de líderes , que foi realizado em Sacra de Preparação de Líderes, onde os líderes de grupos locais Família do Tinguá, no Rio de Janeiro. recebiam preparo para exercer liderança que pudesse dar Muitos líderes locais estiveram presentes de: Belém, Rio de verdadeiros frutos, reproduzindo em outros estudantes a visão e a Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Petropólis, São José do Rio paixão pelo testemunho estudantil. Com a chegada de Wayne, a Preto, Curitiba. Foi na semana santa daquele ano, uma semana fria equipe de assessores também se organizou para traçar planos e e chuvosa, mas aquecida com a presença de Deus e com a visão de estratégias para o movimento nacional. Na ocasião em que foi que Deus queria que os estudantes brasileiros fizessem algo em convocada a reunião de Estratégia da ABUB, em São Paulo, em prol do Reino. A liderança da organização desse Programa de julho do mesmo ano, mais um casal se integrou no quadro de 11A 11B
  • 15. assessores: Dionísio Pape e sua esposa Elaine, que já vinham dia de muito sol os participantes do IPL desceram à praia para participando como conselheiros do grupo em Fortaleza. evangelizar os estudantes, jovens, adultos, quem estivesse por lá. Dionísio era pastor batista, conhecedor das terras brasileiras e No meio daquela gente sofisticada, que ouvia os abeuenses profundo amante do povo brasileiro. Tinha voltado ao Canadá, em apresentando o Evangelho, muitos saíram de lá meneando a gozo de férias, e aguardava do Senhor a indicação do novo campo, cabeça, mas outros prestavam muito atenção, especialmente quando chegou em suas mãos o convite da ABUB para se tronar aqueles operários que tinham acabado de assistir a uma explosão assessor do movimento. Dionísio foi designado como responsável nas dependências da refinaria de Cubatão. Estes abriram o seu pela obra estudantil no Nordeste. Ele fez da cidade do Recife o seu coração para prestar atenção ao depoimento de estudantes e “QG”para toda a região do Nordeste, e ainda pastoreava uma igreja assessores que se misturavam no meio dos que ouviam para de fala inglesa. compartilhar pessoalmente o Evangelho. Se o IPL, era organizado visando os líderes, o Curso de Férias PLANEJANDO TREINAMENTO era outra modalidade para dar as primeiras informações aos O treinamento de estudantes teve um lugar prioritário na nova estudantes que estariam entrando no movimento. Em julho daquele da ABUB com Wayne Bragg: no início de l967 aconteceu o ano, no Rio de Janeiro, nas dependências do Seminário Teológico primeiro Instituto de Preparação de Líderes em São Bernardo do do Sul, foi realizado o Curso de Férias que congregou cerca de 90 Campo, nas dependências do Seminário Presbiteriano estudantes de todo o Brasil. René Padilha, Secretário Geral para a Conservador, com a presença do Dr. Paul Little, então assessor da América Latina da Comunidade (CIEE), deu a sua colaboração IVCF e diretor de evangelização e Missões do movimento apresentando a Teologia da Igreja para os participantes; Dr. Russel americano, e autor de diversos livros, entre eles Como Shedd apresentou os estudos expositivos da Primeira Epístola de Compartilhar Sua Fé. Do Nordeste vieram quatro estudantes Pedro e o Rev. Edézio Chequer, Pastor presbiteriano de Salvador, escolhidos com muito carinho pelo assessor Dionísio Pape: Edward apresentou estudos sobre a Realidade Brasileira e Universitária. Robinson Cavalcanti (Direito), Elizabeth Coutinho de Barros Para o Nordeste, o IPL realizado em Garanhuns em janeiro de l968 (Pedagogia), Isis Carneiro Leão (Letras), Bayard Amorim foi de suma importância, pois foi neste encontro que a ABUB (Arquitetura). Desta equipe três foram mais tarde assessores da conseguiu conquistar corações apaixonados e comprometidos, ABUB. Neste IPL estiveram presentes Uriel Heckert (Medicina) de como Márcio Gueiros, e firmou o amor ao trabalho estudantil nos Juiz de fora, Perrin Smith e Oswaldo Soares Pinto (Engenharia) de corações de dezenas de estudantes do Nordeste. A visão da obra Belo Horizonte; Walter Brepohl (Engenharia) de Curitiba; Ruth foi transmitida para ser passada para outras gerações de estudantes. Silveira (Pedagogia) do Rio de Janeiro, Raquel Miranda e Vera O que caracterizou esse IPL não foi as preleções teologicamente Cione (Pedagogia) de São Paulo, Tsutomu Imada (ITA) de São profundas, mas as coisas bastante práticas, como o valor da hora José dos Campos e Milton Andrade (Engenharia recém- formado), devocional na vida dos estudantes, discípulos de Cristo na entre outros. Muitos serviram por muito tempo o movimento Universidade, o valor da comunhão em oração, e o método estudantil como assessores, diretores e líderes de seus respectivos indutivo de estudar a Bíblia, impressionando os estudantes que grupos. Sob a direção e sugestão de Paul Little, foi organizado o começaram a descobrir uma dimensão muito rica, até estão “Fórum Aberto de Evangelização”, no Guarujá, num sábado. Num desconhecida por eles. A simplicidade e a praticabilidade do método da ABU fascinavam os estudantes. Tanto os rapazes como 12A 12B
  • 16. as moças, além de dividir em pequenos grupos de estudos bíblicos continha momentos de trabalho para os próprios estudantes para estudarem a Bíblia de maneira não tradicional, ainda elaborarem guia de estudos bíblicos, muita oportunidade de encontraram tempo para se reunir em quartos, cada qual nas suas estudantes se expressarem nas confecções e no preparo de alas para compartilhar e orar. Este foi o tempo em que muitas materiais de orientação. E, num fim de semana, foi organizado um coisas práticas aconteceram no sentido de resolver problemas retiro na praia. No ministério do ensino participaram, além dos pessoais e aprender a verificar como Deus age nas vidas dos assessores da ABUB, Wayne Bragg, Dionísio Pape, Moisés Prisco indivíduos e na vida dos grupos. dos Santos e Neuza Itioka, o Dr. Nils Friberg, então professor da O IPL do NE deixou marcas nas vidas dos seus participantes, Faculdade Teológica Batista de São Paulo e o Dr. Hans Bürki, que mas o sul pode enviar apenas 10 estudantes que sobreviveram a um voltava depois de três anos. Nils Friberg ficou com a área de incêndio do ônibus na viagem, já quase dentro da cidade de apologética da fé cristã, diante da ciência e da filosofia; o Dr. Salvador. Os organizadores decidiram que outro IPL seria feito no Bürki ficou com os estudos sobre a maturidade espiritual e com a Sul para beneficiar outras regiões da ABUB. exposição de Gálatas. Na exposição de Gálatas o Dr. Bürki marcou A Fazenda Margarida, em Lapa, Paraná, sediou o Terceiro muitas vidas referindo-se ao eu religioso. Ele enfatizou que, em Instituto de Preparação de Líderes, em janeiro de l969, organizado nome da religião, muitos cristãos estão vivendo a vida com Deus com todo carinho, pelos assessores, debaixo da liderança de Wayne na base do esforço próprio, da auto-determinação, da auto- Bragg. Teve a duração de 17 dias, na tentativa de se fazer algo dependência, da auto-suficiência, tomando o lugar de Deus, quase que perfeito. O preparo para tal evento foi intenso no sentido controlando todas as coisas, sem permitir que Deus atue em suas de promover materiais para serem traduzidos, adaptados e escritos. vidas; falando como se dependesse de Deus, mas negando o fato Os assessores trabalharam na tradução, na datilografia, na pela atitude diante dos homens, diante da obra e diante de Deus15. mimeografia, na elaboração de estudos. Cada região lutou e se esforçou para ter uma representação que expressasse a situação RECRUTANDO NOVOS OBREIROS local, mas nem todos os estudantes que deveriam estar presentes Sob a administração de Wayne Bragg que recebeu o cargo de puderam participar do IPL. Dentre vários estudantes presentes Secretário Executivo, os obreiros foram distribuídos da seguinte achavam-se os do Planalto Central, que estavam participando pela forma: Ruth Siemens foi enviada para Curitiba, para fortalecer o primeira vez, da cidade de Brasília: José Júlio dos Reis (Direito), grupo local e se responsabilizar pela região Sul. Carlos Lachler e Sérgio Neri da Mata (Economia), Vera (Psicologia); de São Paulo: Margaret, sua esposa (ela se revelou grande pastora de estudantes) Sara Hayashi (Letras), Saulo Silvério (Sociologia e Política), Mary se firmaram no interior de São Paulo e começaram o discipulado Cleme Suilvério (Serviço Social), de Curitiba: David Lipsi com Moisés Prisco dos Santos, professor de Geologia que se (Medicina), e Dieter Brepohl (Economia e Direito) participava pela empolgava com a filosofia do movimento estudantil. Paulo primeira vez de uma realização da ABUB. Medeiros foi designado para a região do Rio de Janeiro e Neuza Do Nordeste Dionísio Pape se fez acompanhar de Wilma Itioka para São Paulo capital e o litoral paulista. Dionísio Pape Lucena (Medicina) e Terezinha Lopes (profissional, advogada). continuou responsável por todo o Nordeste, e já começava a treinar Robinson Cavalcanti, que havia começado a assessoria no NE, o estudante Robinson Cavalcanti, que se despontava como líder estava em Guayaquil, Equador, participando do Terceiro Seminário estudantil, na cidade do Recife. de Capacitação de Líderes Estudantis. Neste IPL o programa 13A 13B
  • 17. Wayne Bragg era um homem de grande capacidade criativa. Canadá, e deixou Robinson Cavalcanti como Secretário Regional Quando verificou a imensidão do Brasil e a dificuldade de vencer a no Nordeste. distância da comunicação, para cobrir de forma adequada todo Com o desenvolvimento do número de grupos da ABU, com o território nacional com pouquíssimos obreiros, instituiu o cargo de aumento das regiões atingidas, a antiga estrutura administrativa que assessor auxiliar. Convidou profissionais liberais e professores vinha funcionando desde a organização da ABUB como universitários, que estavam em contato com a ABU e com os movimento nacional, em 1962, não era mais adequada. fazia-se estudantes, para darem apoio, e colaborarem na transmissão da necessário adotar uma nova estrutura; assim o Conselho visão da obra, na abertura de suas casas para receber os estudantes Administrativo foi substituído pelo Conselho Diretor, composto de e pessoas que já estavam envolvidas no aconselhamento estudantil; dois representantes de cada região (um estudante e um profissional) enfim, foram convidados a prestar o serviço de assessoria aos e de uma Diretoria, composta de estudantes e profissionais, na sua grupos locais onde não havia assessores e onde não era possível maioria residentes em São Paulo. A Diretoria teria que se reunir atendimento por parte deles. Já no ano de 1968, alguns professores mensalmente; o C.D., semestralmente, no interregno dos universitários, como o professor Daison Olsany Silva, da Congressos Nacionais, órgão supremo da ABUB. Universidade Federal de Viçosa; o professor Descartes Teixeira, do Instituto Técnico de Aeronáutica de São José dos Campos, foram ESTABELECENDO CONTATOS convidados para integrarem o quadro de assessores auxiliares. Um dos objetivos do Secretário Executivo, nesses anos, foi de Eram pessoas que dedicavam uma parte do seu tempo ao ministério fazer conhecida a ABUB no mundo evangélico, e assim deu muita estudantil, sem receberem do Movimento. importância aos contatos com as igrejas evangélicas. As visitas de Eram então vários tipos de assessores: assessor da Comunidade, grupos da ABU, bem como de assessores às igrejas locais foram como Wayne Bragg, e Ruth Siemens, que trabalhavam em tempo incrementadas. integral. Carlos Lachler e Margaret, e Dionísio Pape que eram Por ocasião da Missão Universitária de Samuel Escobar, assessores de tempo integral emprestados por missões estrangeiras, realizada em 1968, os grupos da ABU se esforçaram por e assessores nacionais de tempo parcial como Neuza Itioka e Paulo apresentá-lo aos pastores de suas cidades: assim cada cidade Medeiros (e mais tarde, Moisés Prisco dos Santos, e Robinson organizou uma reunião para a qual foram convidados os pastores Cavalcanti). Estes assessores viviam do salário provisto ou pela para ouvirem o assessor estudantil da América Latina, alguém que ABUB ou pelas suas missões, mas os assessores auxiliares poderia lhes trazer uma resposta para as muitas perguntas que os trabalhavam como voluntários. líderes de igrejas tinham em mente. De acordo com Ruth Siemens, Novos assessores estavam despontando, mas outros estavam se na época 80% dos jovens crentes que começavam a freqüentar a despedindo da obra: Ruth Siemens no final de 1968 voltou para os Universidade abandonavam a fé. No ano seguinte, em 1969, a Estados Unidos, depois de ter dedicado uma década completa de Missão Informadora do Brasil, entidade que coordena e facilita a sua vida à obra universitária no Brasil. Carlos e Margaret Lachler estada dos missionários, dando-lhes orientação, prestando-lhes depois de quatro anos de ministério, foram passar um ano de férias serviço de informação e organizando conferências para o nos Estados Unidos, deixando um substituto treinado por eles, na desenvolvimento deles, promoveu um Congresso cujo tema era sua área. Dionísio Pape deixou o Brasil no final de 1970, indo ao “Como Alcançar a Juventude para Cristo” e os preletores principais 14A 14B
  • 18. foram Samuel Escobar e Joe Bayly, um antigo assessor da IVCF Cavalcanti, que viria posteriormente para fundar oficialmente a dos Estados Unidos. Foi uma oportunidade extraordinária de ABU. De fato, Robinson veio, fundou o grupo e empossou a contato, de fazer conhecida a ABUB também no meio dos primeira diretoria da ABU - São Luis. A primeira presidente foi missionários. Quase toda a equipe de assessores esteve presente: uma estudante de Medicina, Euzi Fernandes, e Djalma Pereira foi o Wayne Bragg, Carlos Lachler, Dionísio Pape e Neuza Itioka. vice-presidente. Deste primeiro grupo participaram Saulo de Tarso O Congresso Latino-Americano de Evangelização, que mais Batista, Joaquim Fortes e uma secundarista muito viva, Silêda tarde ficou sendo conhecido por CLADE I, realizado em Bogotá, Cavalcante. Saulo já conhecia a ABU através do grupo de Goiânia. Colômbia, também contou com a presença de elementos da ABUB: As reuniões na casa de Djalma atraíram muitos estudantes. No Wayne Bragg esteve representando o Brasil, juntamente com Ruth início nem todos compreendiam os propósitos do movimento, mas Silveira, estudante de Pedagogia do Rio de Janeiro. houve muita oração para que o Espírito Santo fizesse a obra, e No meio da Universidade os grupos também estabeleciam paulatinamente Deus foi amadurecendo o grupo. Djalma foi contatos e organizavam os seus grupos de ABU’s. conhecido como o pai da ABU - São Luis16. Djalma Pereira, estudante de Economia, funcionário do Em Campinas, São Paulo, o grupo de estudantes começou a se Banespa, conheceu a ABU em Fortaleza, quando, naquela cidade, reunir pela iniciativa de uma universitária que conheceu o um estudante de Engenharia (Benício Orlando Saraiva Leão) estava testemunho estudantil em São Paulo, e se dispôs a evangelizar os a frente do trabalho, tentando levar o testemunho estudantil no seus colegas na faculdade de Medicina. meio dos seus colegas. Djalma viu muitas vezes Benício Juiz de Fora recebia a visita dos assessores; quando alguém trabalhando sozinho, até mesmo colocando cartazes nos murais da passava por Belo Horizonte ou Rio de Janeiro dava uma faculdade. Mas ele era ainda da “festiva”, não estava bem esticadinha até aquela cidade. Uriel Heckert e Joel Tibúrcio, dois consciente dos propósitos da ABU. estudantes de Medicina, continuavam levando avante a visão de Logo mais Djalma foi transferido para São Luis do Maranhão, apresentar Jesus Cristo aos colegas, e realizavam reuniões de em função do seu trabalho. Um dia apareceu na agência do banco estudos bíblicos, bem como organizavam acampamentos. em que trabalhava um inglês queimado de sol e empoeirado. Havia Viçosa tem uma história linda. Quem participou intensamente viajado mais de 20 horas pelas estradas para lá chegar, tendo um do nascimento e assistiu às lutas que os estudantes da Universidade nome em suas mãos: Djalma Pereira. Ele se apresentou como Rural de Minas Gerais desenvolveram para estabelecer o grupo da Dionísio Pape, pastor que trabalhava com a evangelização de ABU, bem como a igreja evangélica local, a primeira da cidade, foi estudantes, e disse desejar começar um grupo da ABU naquela Ruth Siemens. Alguns estudantes começaram a se reunir com o cidade. Dionísio nem tinha onde ficar naquela noite, mas a propósito da evangelização estudantil, e não se satisfaziam com a hospitalidade nordestina dos irmãos logo funcionou. Djalma Universidade apenas. Começaram a pregar o evangelho para os hospedou o assessor da ABU, e assim foi se identificando com os habitantes da cidade. Os moços foram recebidos a pedrada, propósitos do Movimento, encantado e apaixonado pela visão que episódio muito comum nas páginas do pioneirismo evangélico17. O lhe era transmitida. Visitaram todas as igrejas evangélicas da grupo da ABU cresceu e a igreja também cresceu junto com os cidade naquele fim de semana e Dionísio apresentou aos pastores pioneiros José Cambraia, Juarez Bolsanelo, Américo Silva e uma os objetivos da ABU. Antes de partir para Recife, Dionísio marcou geração de professores universitários que fazem carreira hoje na um encontro dos universitários da cidade com Robinson Universidade Federal de Minas Gerais (a universidade foi 15A 15B
  • 19. federalizada): Daison Olsany Silva, Osmar e Rolf Pushman, e em Maceió, Aracaju, Terezina, Manaus e na cidade de Areia, na George Kings de Morais. Mais tarde, todos eles ajudaram o Paraíba. Movimento, tendo no meio deles até assessores. No meio da aparente expansão, quem estava acompanhando o Neste período o Planalto Central foi atingido. Um profissional desenvolvimento do grupo sentia que o trabalho era moroso. Nem pós-graduado do ITA, que logo viria a ser um dos assessores sempre o entusiasmo inicial persistia no grupo. A dificuldade de auxiliares, o professor Descartes Teixeira, estava fazendo contatos aglutinar os estudantes cristãos perseverantes no testemunho com os estudantes na cidade de Brasília. Wayne Bragg e Moisés estudantil era grande: eram dois, três, pouquíssimos a assumirem Prisco dos Santos também viajaram para o planalto, visitando as compromisso com Jesus Cristo na evangelização na Universidade. cidades de Goiânia, Anápolis e Brasília. Como fruto dessas viagens Muitos estudantes vinham e iam, mas os que permaneciam três estudantes brasilienses foram ao IPL em 1969, e iniciaram o eram poucos. E os que ficavam eram aqueles que fielmente grupo da ABU na Capital Federal. Numa viagem posterior, Neuza permaneciam no trabalho, convencidos do chamado de Deus. Bern Itioka encontrou-se com a professora Lydia Polech, da Walter Glaser, Suely Moreno, Leda Assumpção, Tadayoshi Tiba, Universidade de Goiás, uma das fundadoras da ABU Curitiba, e Raquel Miranda, Paulo Ferreira, Jarbas Martins eram alguns dos estabeleceu contato com uma nova geração de estudantes. estudantes comprometidos em São Paulo que teimavam em levar a Os assessores eram incansáveis nas suas visitas e tentavam visão recebida18. E, nesse ínterim, também Deus levantava homens estabelecer contatos com estudantes e líderes de igrejas, mas onde como Floyd Pierce, um dos anciãos da Igreja dos Irmãos em havia iniciativa estudantil, o grupo vingava de maneira mais sadia. Curitiba, para abrir a sua casa, receber os estudantes e promover Assim Orlando Kalil, participando do Curso de Férias onde seu estudos bíblicos. Confirmava-se mais e mais o ministério da pastor Edézio Chequer fora preletor, voltou entusiasmado com a família Douglas, radicada desde 1958 no Brasil, em São Paulo, visão captada, e voltou à sua cidade de Salvador, Bahia, para com sua casa sempre cheia de assessores, profissionais e iniciar a obra da ABU. estudantes: ora eram os profissionais convocados, ora a Diretoria, O grupo de São Paulo fazia viagens missionárias para Santos, ora uma reunião com pessoas chaves do Movimento, ora recepção São José dos Campos e Campinas, ora para estimular os estudantes dos assessores internacionais. A casa deles era sempre aberta, com a começarem a obra estudantil, ora para encorajar os grupos a hospitalidade da dona Aline Douglas, que fazia a estada das existentes. pessoas muito agradável. Quantas vezes a Kombi do Dr. Douglas, Com a saída de Ruth Siemens e Carlos Lachler o imenso o único veículo da família, saía cheia de panelas, cobertores e território de todo o Brasil menos o Norte e o Nordeste ficava na bugigangas para um acampamento de universitários... mão de três assessores. Havia grupos de ABU em Curitiba, São Há muitos outros nomes, dezenas de pessoas que prestaram Paulo, São José dos Campos, Campinas, São José do Rio7 Preto, serviços a ABU, uma, duas, dezenas de vezes, para possibilitar o Piracicaba, Araraquara, Botucatu, Bauru, Rio de Janeiro, Niterói, crescimento do testemunho estudantil no Brasil. Não é possível Petrópolis, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Viçosa, Goiânia, mencionar todos esses nomes. Anápolis e Brasília. Havia contatos, isto é, pessoas e estudante tentando começar alguma coisa em Santos, Piracicaba, Pres. BUSCANDO EQUILÍBRIO Prudente, Ribeirão Preto e Lins no Estado de São Paulo; e Campos, Volta Redonda no Rio de Janeiro; Londrina, no Estado do Paraná; 16A 16B
  • 20. O período que se segue pode ser caracterizado como o período ABU. Mas a orientação que os irmão da Comunidade davam ao de uma busca por equilíbrio na Teologia Bíblica, diante do desafio Movimento, através de Hans Burki, Samuel Escobar e René que o mundo teológico oferecia e diante da exigência por um Padilha, ajudava a ABUB a visualizar o que era ser seguidor de posicionamento da igreja diante dos problemas sociais e políticos. Jesus Cristo, dentro da confusão. A igreja evangélica estava inquieta, e isso se patenteava pela Os estudantes da ABU, os que sinceramente tentavam efervescência por que passavam os seminários teológicos. Eles evangelizar, bem como os assessores, tinham de enfrentar os também refletiam o que acontecia no meio estudantil universitário: estudantes “politizados” que não aceitavam nenhuma conversa a repressão no meio estudantil, proibindo qualquer expressão e não ser “diálogos com terminologia política”. Assim sendo o livro manifestação pública em forma de passeatas ou de greves trouxe Diálogo Entre Cristo e Marx, de Samuel Escobar, foi de grande um clima de insegurança, não apenas aos estudantes politizados, ajuda, no sentido de dar uma visão sintética da ideologia Marxista mas também aos abeuenses que passavam a ter muita dificuldade confrontada com o Cristianismo. em manter o grupo de estudos bíblicos. Os pouquíssimos grupos Foram de valor inestimável as Missões Universitárias com dentro das faculdades deixaram de funcionar e muitos abeuenses conferências organizadas em diversas faculdades, versando temas eram chamados a tomar posição e participar de alguma forma na como Marxismo e Cristianismo, Impossibilidade da Liberdade vida de política estudantil. Humana, Decadência da Religião. A convivência com homens Os estudantes de teologia também se sentiam chamados a como Samuel Escobar, com o seu dom de mestre, ouvindo-o em participar dessa situação, com o constante apelo da teologia da suas conferências e vendo-o expor o Evangelho, a partir de moda. O ambiente dos seminários teológicos e o comportamento assuntos pertinentes a época e do interesse geral dos estudantes, de seus estudantes passavam por rápidas mudanças. O rapaz faziam com que os abeuenses se fortalecessem em sua fé, perdendo consagrado de ontem, que lia diversas vezes a Bíblia toda, hoje um pouco do complexo de minoria e da timidez na evangelização havia se tornado contestador das estruturas e autoridades que caracterizavam muitos dos comprometidos com a ABU. A eclesiásticas, das denominações e do próprio sistema vigente, e orientação que os líderes estudantis receberam, tanto a nível “marxizavam”. Dentro desse ambiente a ABU era questionada na nacional com a nível continental, foi a razão de não sucumbirem sua posição teológica e ideológica. O equilíbrio era algo difícil diante dos desafios e demandas apresentadas na época. diante daquela situação. A tentação de se radicalizar a direita ou à Os seminários de Capacitação de Líderes Estudantis que a esquerda era grande. A ABUB era, como Movimento, chamada de Comunidade (CIEE) organizava, ano após ano, (1966, 1967, 1969) “liberal” pelos irmãos mais conservadores, e pelos que influenciavam diretamente o andamento da ABUB. Os assessores professavam o liberalismo teológico da época era chamada de recebiam treinamento em Lima, juntos de colegas da América “fundamentalista”19. E muitos dos assessores estavam conscientes Latina. de que tinham de escolher o caminho do meio, não por ser meio... Com a revolução de 1964, muitas das organizações que mas pelo caminho que Jesus Cristo havia palmilhado, não se atuavam no meio da juventude, bem como no meio das igrejas identificando com as correntes dos ventos que sopravam, mas evangélicas, deixaram de atuar, especificamente as do Concílio buscando o Reino que irá subsistir eternamente. Não pretendiam Mundial de Igrejas e suas diversas agências. Mas muitas cabeças ser diferentes por ser diferentes, pois a tentação do momento era de pensantes e a liderança dos jovens estavam sob a influência da se identificar com alguma coisa aparentemente mais forte do que a União Latino-Americana de Juventude Evangélica que logo mudou 17A 17B
  • 21. o seu nome para União Latino Americana de Juventude que vinha de fora. Chocante e alarmante para muitos membros da Ecumênica, bem como da União Brasileira de Juventude igreja, doloroso para os líderes, peso a ser compartilhado por todo Ecumênica. As igrejas evangélicas lutavam para procurar sua o verdadeiro Corpo de Cristo. identidade, tentando se definir diante do ecumenismo que vinha de No cenário internacional, a Teologia declarava “a morte de Genebra. Deus” através do bispo John A. T. Robinson, trazendo Os assessores eram desafiados a orar de joelhos diante das interpretações e conseqüências funestas para a igreja evangélica, dificuldades e tinham de se preparar intelectualmente e por um lado. Por outro lado inaugurava-se na Califórnia a “Era teologicamente, além de terem de se informar da situação política e Satânica” com Anton LaVey. O mundo preparava-se para receber a teológica da juventude evangélica e universitária da época. A invasão de outras tendências muito diferentes das acostumadas a pressão sobre os assessores sobre o que se deve atualizar diante de assistir. Depois dos movimentos políticos de estudantes que inúmeras correntes teológicas era tão grande que por vezes se assolaram as universidades, começava a despontar aqui e ali o tornava opressão e fardo pesado a ser carregado. hipismo e as drogas, como contestação ao que estava estabelecido, O ambiente universitário era lavado pelas ideologias. Um e as portas se abriam para o misticismo e o satanismo declarado20. jovem ao ingressar na faculdade passava necessariamente pela lavagem cerebral do tipo político-ideológico. Dia e noite, noite e COLHENDO FRUTOS dia, o assunto que se discutia na Universidade era ideologia, justiça Em meio à pressão e luta havia frutos aqui e acolá... social, política estudantil, política operária, mudança de estruturas. Em Belo Horizonte, um estudante de Medicina, Credival Silva A Igreja Católica, através de sua pastoral, criava grupos como a Carvalho, filho de lar evangélico, participava do grêmio estudantil “Juventude Universitária Católica”(JUC), para orientar os como tesoureiro, e vinha sendo trabalhado com estudos e universitários católicos; a Juventude Estudantil Católica (JEC), doutrinamento ideológico. Mas o Espírito de Deus estava se para orientar secundaristas; e a Juventude Operária Católica (JOC), movendo e começou a inquietá-lo, a partir de um acontecimento: a para ajudar os trabalhadores. Mas nesse período pós-64 esses invasão da Checoslováquia pelo exército Russo (primavera de grupos se transformaram em partidos políticos e começaram a 1968). Quando se questionava diante desses acontecimentos, funcionar clandestinamente, influenciando grandemente a vida recebeu um convite de Samuel Marques, colega de escola, para universitária. Moços e moças um pouco mais vivos eram participar do grupo da ABU de Belo Horizonte. Naquele dia quem requisitados a participar dos pequenos grupos de estudos e eram falava e dasafiava os universitários com a mensagem do Evangelho intensamente trabalhados com a ideologia socialista. Belo era o jovem pastor Wadislau Gomes Martins, que na sua juventude Horizonte era palco de coisas contraditórias: um dia o púlpito da também havia abraçado a ideologia marxista e militado no partido, Igreja Metodista Central amanheceu pichado. As mesmas frases de mas que, encontrando-se com Jesus Cristo vivo, havia se tornado contestação que se liam em vários muros das cidades estavam discípulo do Nazareno. O pastor Wadislau chamou os estudantes desenhadas nas paredes que rodeavam o púlpito, com frases e de covardes, naquela tarde. Disse-lhe que muitos deles estavam slogan políticos contra pastores, bispos e missionários da dispostos a se aventurar com as ideologias, com as drogas e com o denominação. Os seus autores eram membros da juventude da sexo, mas que ninguém estava disposto a se aventurar com Jesus própria igreja. Isso é apenas um pequeno exemplo de como os Cristo. Credival disse consigo mesmo: “Covarde, não vou ser. Vou jovens estavam suscetíveis a toda modalidade de comportamento 18A 18B
  • 22. me aventurar com Jesus Cristo”. E a sua aventura continua até Horizonte, onde muitos estudantes foram atingidos: espíritas, hoje, nos sertões da Amazônia, com médico missionário. drogados, crentes igrejeiros passaram por experiências de real O grupo de Belo Horizonte havia recebido um impulso muito conversão. grande quando duas irmãs, Dilza e Dalva Siqueira Brito, Numa das viagens de Hans Burki pelas cidades do Brasil, decidiram-se a fazer algo para o Senhor, na universidade. Dilza era apresentando conferências em Missão Universitária, em 1965 ele estudante de Serviço Social e Dalva era ainda estudante colegial. chegou até a faculdade de Teologia de São Leopoldo, onde teve a As duas se puseram de joelhos certa noite e oraram: “Senhor, se tu oportunidade de falar aos estudantes daquela entidade. Naquele queres que façamos algo na Universidade, usa-nos através da ABU; ano, um estudante seminarista viajou mais de 20 horas para ouvir do contrário, nada queremos”. Assim, algo novo estava mais vezes o professor suíço, quando em São Paulo, apresentou acontecendo naquele grupo que há tempo não via mais vibração várias outras conferências e foi preletor de um retiro para nem entusiasmo. Dilza e Alva Coutinho, profissional formada em estudantes. Assistência Social, as duas ficavam sentadas na lanchonete perto da Os anos se passaram, e em 1969 provavelmente muitos poucos escola para conversar e planejar coisas para o grupo. Assim se lembravam da passagem daquele professor suíço, pois São surgiam idéias, e tinham oportunidade de orar pelo Movimento. Leopoldo então era muito diferente. A geração de estudantes havia Credival Silva Carvalho chegou ao grupo quando a ABU-Belo passado e fora substituída por uma outra. Horizonte estava começando a se despertar. Arzemiro Hoffman, estudante de segundo ano, estava meio Veio ele com perguntas tais como: “Não entendo por que os insatisfeito com sua vida. Cursava uma escola para formar pastores cristãos não podem ser cristãos as 24 horas do dia”. Um outro e teólogos, mas algo lhe faltava. Resolveu um dia jejuar e estudante que apareceu no grupo de BH foi Ageu Heringer Lisboa. desapareceu do “Morro dos Espelhos”, como era conhecido o local Ele também passava por uma experiência de conversão à fé cristã, onde ficava o seminário teológico. abandonando a ideologia que havia abraçado como alternativa de Alguns dos colegas mais íntimos e chegados, como Valdir sua vida. O processo começou quando ele ainda estava na Steuernagel, Renatus Porath, Arno Paganelli, percebendo a clandestinidade política, lendo um livro de um teórico marxista, ausência do colega, quiseram saber por onde Arzemiro andara. Na para ser melhor naquilo que ele se propusera a ser. Mas Deus realidade ele não queria responder às perguntas que lhe faziam, começava a tocar em seu coração e, no meio de um turbilhão de mas intimidado a confessar, expôs a razão da sua ausência: a busca dúvidas, Ageu detectou que havia subido num pedestal de de algo mais profundo, uma vida mais perto de Deus. Com ideologia e não queria descer de lá. Com coragem, porém, aceitou surpresa Arzemiro ouviu seus inquiridores responderem: “Mas, é o desafio que vinha em forma de uma voz interna, e abandonou o isto que também procuramos”. Deste incidente nasceu a Ação seu orgulho, descendo de onde estava para fazer passar a sua Bíblica Universitária de São Leopoldo. (ABU de São Leopoldo). O ideologia por um crivo da crítica. Verificou que ela não resistia à objetivo era de se reunirem periodicamente, em oração e estudo crítica... e, daí para voltar à fé que os seus pais lhe haviam bíblico, e aprofundar na fé. Os estudantes de teologia precisavam transmitido desde criança, passou por lutas, mas veio ao encontro formar tal grupo? do único e verdadeiro caminho para Deus: Jesus Cristo. Mais tarde o grupo tomou conhecimento, numa revista, da Um recém-convertido entusiasmado pode revolucionar um existência da Studenten Mission in Deutschland (SMD), na grupo de cristãos tímidos. Foi mais ou menos assim em Belo Alemanha, que é a ABUB de lá. Os seminaristas resolveram 19A 19B
  • 23. escrever para a SMD pedindo auxílio e orientação para a ação 4. CHAMADOS A SERVIR cristã dentro da faculdade. Estabeleceu-se a comunicação Alemanha-São Leopoldo, Alemanha-São Paulo (ABUB) e Wayne Bragg, como Secretário Executivo, recebeu uma carta, informando MELHORANDO O TREINAMENTO existir esse grupo no Sul. Mais do que depressa o Secretário Executivo foi estabelecer contado com a ABU de São Leopoldo. Em Petrópolis, num sítio encrustado numa das montanhas da Este grupo teve um papel importante na história da ABUB, pois os Serra da Mantiqueira, com muita beleza natural e muita ordem e seus frutos, de pastores assessores, e de estudantes que vieram a limpeza que os proprietários tentaram manter, realizou-se o IPL de participar no ministério da obra estudantil, são inúmeros. Esses 1970, com a duração de 21 dias. Lá estava reunida toda a família da frutos também têm servido como fermento para benefício da Igreja ABU, os assessores e os líderes estudantis. De acordo com Luterana. Robinson Cavalcanti, este foi um dos melhores Institutos de Preparação de Líderes. Mais uma vez, o espírito de perfeição do Secretário Executivo Wayne Bragg funcionou para planejar o evento nos seus mínimos detalhes. O Dr. Bürki novamente veio colaborar neste IPL. O Dr. James Mannoia, reitor da Faculdade de Teologia Metodista Livre, contribuiu com algumas palestras sobre filosofia e teologia. As palestras do Dr. Bürki não consistiam de informações intelectualizadas, mas atingiam o âmago da vida dos estudantes, quebrando estruturas mentais, costumes adquiridos na tradição evangélica, atingindo o coração dos estudantes e, sendo assim, nem sempre o grupo estava preparado para receber tudo o que tentava transmitir. Mas ainda que os resultados não tenham sido imediatos, os participantes levaram a sério os estudos, que marcaram muitas vidas: de assessores, de estudantes e de profissionais. Ficou na história de muitas vidas o dia do silêncio. Trinta e tantos participantes do IPL tiveram que ficar a sós, em silêncio, não tendo nada a seu lado, quer seja livro, rádio ... apenas um caderno e uma Bíblia eram os seus companheiros naquele dia que para muita gente parecia não acabar. A experiência foi inédita, porque muitos tinham medo de ficar a sós, medo de se conhecer, de se ver, de se ouvir. Mas a graça foi maior do que o medo e o perfeito amor lançou fora o temor e todos voltaram à sede central um pouco mais integrados. Alguns ficam nas matas da serra, outros escalaram o monte e lá ouviram Deus chamá-los para o ministério. Um deles 20A 20B
  • 24. foi Dieter Brephol, compartilhando que Deus havia falado com ele, história nas fileiras da ABUB. O curso de Férias em Goiânia, separando-o para o ministério. programado para meados de fevereiro, no acampamento Boa Dentre vários líderes estudantis estava presente Elezabeth Esperança, foi o cenário para receber esta gente nova. O curso Coutinho de Barros, estudante de pedagogia de Recife. Neste IPL estava sendo planejado desde outubro de 1969, quando Neuza ela decidiu entrar no ministério estudantil, sentindo o chamado de Itioka viajou para o Planalto Central. Entre muitos contatos Deus para começar a assessoria no Recife, ajudando Robinson estabelecidos, quem de fato ajudou, abrindo as portas da sua casa e Cavalcanti, que já atuava no campo. Orlando Kalil esteve com sua fazendo contato com políticos da cidade, falando com pastores e esposa, recém-casados ainda. No IPL ele decidiu também tornar-se missionários, para tornar possível a realização do Curso, foi a assessor de tempo parcial . A Ação Bíblica Universitária de São estudante de Pedagogia Duse de Abreu Moura. Paulo estava presente na pessoa de Valdir Steuernagel, que tomou O Dr. Russel Shedd estaria nesse Curso, como um dos conhecimento da filosofia e da estratégia do Movimento estudantil preletores, e Wayne Bragg, apesar de ter pedido demissão da no Brasil, pela primeira vez. secretaria, com viagem marcada para julho do mesmo ano, ainda Dieter Brephol, Érica Schellin, Walter Glaser, jarbas Venâncio estaria para dar a sua mão. A presença de Robinson Cavalcanti Martins, Robert Liang Koo, Carlota Smith, Raquiel Miranda, Mary estava sendo insistentemente requerida. Pela misericórdia de Deus, Elizabeth C. Oliveira, Selva Leo Ribeiro, Luiza e Sara Hayashi, e como resultado de cartas e mais cartas trocadas (cinco), e com a entre outros, lá também estiveram. Num fim de semana, bem no verba providenciada para viajar de avião, Robinson esteve no meio do IPL, foi convocado o Congresso nacional da ABUB, Curso para falar sobre Brasil, Universidade e Evangelização. O Dr. naquele sítio de Petrópolis. Alegrias, vitórias ao lado de tristezas e Russel Shedd abordou o tema Cristologia; os estudos bíblicos, oportunidade de avaliação ... assim foi o Congresso de 1970. treinando dirigentes, supervisionando os grupos de estudos, ficou Por um lado o ingresso oficial do Dr. Diniz Prado de Azambuja com Neuza Itioka. A filosofia do movimento foi abordado por três Neto como presidente do movimento nacional trouxe alegria a assessores. muita gente. Alguém comentou com muita satisfação: No final do Curso, muito abençoado, o Dr. Shedd disse: “Se “Agradecemos a Deus por um homem tão maduro como o Dr. não fosse aquela noite, este curso seria como qualquer outro”. O Azambuja, que aceitou a presidência da ABUB”. O nome dele já que aconteceu naquela noite? Durante o correr do Curso, Robinson tinha sido apresentado pelos delegados do Nordeste numa Cavalcanti falou sobre a formação religiosa do Brasil e denunciou oportunidade anterior, pois o Dr. Diniz desenvolveu por muito o espiritismo como mistura de parapsicologia, demonismo e tempo o seu pastorado na cidade de Recife, ao lado de exercer a fraude. Ele estava falando não apenas baseado no seu função de arquiteto. conhecimento livresco, mas conhecendo profundamente os males O que causou um pouco de tristeza a todos os congressistas foi do espiritismo, pois toda a sua família era espírita. Hoje toda a a saída de Wayne Bragg para os Estados Unidos. O Secretário família do Robinson é convertida a Jesus Cristo. Dois dias depois Executivo pediu demissão da ABUB, para se ausentar por alguns dele começar a tratar do assunto, o ambiente do Curso começou a anos, porque pretendia tirar o mestrado e o doutorado em ficar oprimido. Na realidade ninguém sabia o que estava Aconselhamento Espiritual21. acontecendo: havia depressão, risos incontroláveis no meio de Para esta mesma época, começo de 70, Deus estava planejando estudantes e um sono perturbador. Estava-se a ponto de ter de o surgimento de uma nova geração de estudantes que iria fazer 21A 21B