2. ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS
TEORIAS DO CONHECIMENTO:
O EMPIRISMO DE HUME
FILOSOFIA 11.º ano
Os diversos tipos de conhecimento
3. O problema da indução
Como procuramos conhecer o mundo?
Mediante raciocínios indutivos que se baseiam na relação de causa e
efeito.
Como esta relação não tem objetividade, os raciocínios indutivos não
nos darão conhecimentos sobre o mundo dos factos.
Vamos ver porquê.
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O problema da indução
4. «O calor é a causa da dilatação dos corpos» é uma proposição que
podemos traduzir assim: «Todos os corpos dilatam por causa do calor» e
«Podemos prever que o calor vai dilatar certos corpos».
No primeiro caso, efetuamos uma generalização.
No segundo, uma previsão.
Assim, as relações causais consistem em grande parte em inferências
indutivas. Estas levam-nos para lá da experiência imediata porque
nenhuma impressão podemos ter que ultrapasse o que observamos ou
o que observámos.
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O problema da indução
O problema da indução
5. Que crença está na base das inferência indutivas?
A crença de que a natureza se comporta sempre da mesma maneira,
que o futuro repete o passado. A esta crença dá Hume o nome de
Princípio da Uniformidade da Natureza.
Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução.
Será possível justificá-la?
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O problema da indução
O problema da indução
6. Raciocínio indutivo
Até agora o Sol sempre se ergueu.
Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Estamos a supor que a natureza se comporta sempre do mesmo modo.
A verdade da conclusão depende de uma outra verdade: que a
natureza se comporta de modo uniforme.
Mas será que podemos provar que o Princípio da Uniformidade da
Natureza é verdadeiro?
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O problema da indução
O problema da indução
7. Raciocínio indutivo
Até agora o Sol sempre se ergueu.
Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Baseados em repetidas experiências passadas em que assistimos
sempre ao nascimento do Sol, concluímos que no futuro assim será.
É assim que procuramos justificar a crença na uniformidade da natureza.
Mas há aqui um problema. Qual?
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O problema da indução
O problema da indução
8. Raciocínio indutivo
Até agora, o Sol sempre se ergueu.
O Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Logo, a natureza é uniforme.
O problema é que recorremos a um raciocínio indutivo para justificar a
crença na verdade das inferências indutivas.
Isso é falacioso.
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O problema da indução
O problema da indução
9. O princípio da uniformidade da natureza é a base dos nossos
raciocínios indutivos. Contudo, para o justificarmos, recorremos a um
raciocínio indutivo. Cometemos a falácia da petição de princípio porque
queremos justificar a indução, mas a única resposta que encontramos é
que a indução justifica a indução.
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O problema da indução
O problema da indução
10. Outra explicação
Até agora, sempre que aconteceu um determinado aumento de
temperatura, um corpo dilatou.
O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se sempre
do mesmo modo).
Logo, o próximo corpo que vier a ser submetido a um determinado
aumento de temperatura irá dilatar.
A verdade da conclusão depende da verdade da segunda premissa.
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O problema da indução
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11. Outra explicação
O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se
sempre do mesmo modo).
Será que podemos provar que esta proposição é verdadeira?
Para o tentar, recorremos ao seguinte raciocínio.
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
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O problema da indução
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12. Outra explicação
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
Há aqui um problema lógico grave.
Provar que a natureza é uniforme é condição para justificar a verdade
das conclusões dos nossos raciocínios indutivos.
Mas justificamos a indução recorrendo a um raciocínio indutivo. Isto é
raciocinar em círculo. Falácia.
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O problema da indução
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13. Outra explicação
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
O princípio que subjaz aos nossos raciocínios indutivos – a ideia de que
a natureza se comporta sempre do mesmo modo – é justificado
mediante um raciocínio indutivo. A indução justifica a própria indução.
Falácia da petição de princípio: usámos como prova o que se queria
provar.
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O problema da indução
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14. Outra explicação
As relações causais e as inferências indutivas nas quais o nosso
conhecimento do mundo se baseia pressupõem a crença na
regularidade da natureza.
Sendo esta injustificável, temos de concluir que o conhecimento do
mundo não é possível no sentido em que não podemos justificar as
nossas crenças acerca dele. O modo como pensamos que o mundo
funciona pode não ser o modo como este realmente funciona.
Apesar do hábito, de até agora não termos sido desmentidos e de ser
útil pensar assim.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
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