O documento resume a parábola do bom samaritano contada por Jesus. Nela, um sacerdote e um levita ignoram um homem ferido na estrada, enquanto um samaritano, odiado pelos judeus, cuida dele. O texto analisa o contexto histórico e cultural e como a parábola ensina a amar o próximo independente de sua origem.
1. Estudo PGs 16/09/2015
Tema: As parábolas do Mestre
Estudo 13: A parábola do bom samaritano
O ensino
Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó,
quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas,
espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o
homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao
lugar e o viu, passou pelo outro lado.
Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem
e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas,
derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal,
levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários
ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as
despesas que você tiver’.
"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos
dos assaltantes? "
"Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei.
Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo".
Lucas 10:30-37
Entendendo a parábola
A parábola do bom samaritano é uma das mais conhecidas parábolas bíblicas,
possuindo inúmeras nuances que a tornam uma das mais ricas proferidas por
Jesus em sua jornada terrena.
A parábola apresenta um contraste de posturas entre um sacerdote, um levita e
um samaritano, quando encontram na estrada um homem à beira da morte.
Esta compreensão é importante para o texto, pois a Lei judaica afirmava que
aquele que tocasse em um cadáver tornava-se cerimonialmente impuro (Nm.
19.11).
A parábola em si não parece ser uma mera ilustração, mas sim um fato
presenciado por Jesus em vida. A estrada entre Jerusalém e Jericó era
bastante utilizada, e Jericó era uma cidade sacerdotal, o que faz com que o
trânsito de religiosos por ela fosse comum. Por ser uma região desértica e uma
estrada longa (cerca de 30 kms), havia várias hospedarias no caminho, para
receber os viajantes.
A estrada era conhecida por ser perigosa. Após o término da reforma do
Templo de Jerusalém, Herodes mandou embora cerca de 40 mil trabalhadores.
2. Muitos deles, sem condições de vida, fugiram para as montanhas e vales no
entorno de Jerusalém, onde passaram a vida assaltando os viajantes incautos.
Fica claro, então, que a história teria uma ressonância imediata com os seus
ouvintes. Personagens, geografia e postura seriam de fácil reconhecimento por
parte de seus ouvintes e foram muito bem usados por Jesus para passar seu
ensinamento sobre como uma pessoa deve agir em uma situação como a
ilustrada.
O ensinamento de Jesus se refere ao tema do amor ao próximo (Lc. 10.25-29).
Ao ser questionado por um perito na Lei sobre como herdar a vida eterna,
Jesus disse que ele precisava amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo
como a si mesmo. Quando indagado sobre quem seria seu próximo, Jesus,
então, apresenta a parábola, fazendo um contraste entre os religiosos judaicos
e o homem samaritano.
Um fato que precisa ser compreendido sobre o texto é como o povo da Judeia
desprezava os moradores de Samaria. Após a queda do Reino do Norte de
Israel em 722 a.C. pelas mãos do império assírio, o rei Sargão II decidiu povoar
a região de Samaria, parte do Reino do Norte mais próxima da fronteira com o
Reino do Sul e onde ficava a capital homônima do antigo Reino, com assírios e
pessoas conquistadas de outros povos. A miscigenação entre os povos
israelita e assírio gerou a comunidade dos samaritanos, desprezada pelos
judeus por serem um sinal vivo da consumação da ira divina sobre os seus
antepassados idólatras.
Por conta do ódio entre os dois povos (ao ponto dos judeus que iam para a
Galileia geralmente passarem por fora da região de Samaria, fazendo um
percurso mais longo), seria natural se esperar que o samaritano desprezasse o
homem ferido, morador de Jerusalém, centro da religiosidade judaica e de
onde vinha o desprezo contra seu povo. Porém, Jesus apresenta um cenário
onde é justamente o samaritano que salva e cuida do homem ferido, enquanto
os religiosos judaicos, conterrâneos do homem e representantes de Deus entre
seu povo, resolvem ignorar o homem.
Parece claro que Jesus usa a história para ilustrar algumas verdades. Primeiro,
que o amor ao próximo deve ser uma atitude universal, independente da
origem social ou religiosa da pessoa. Segundo, que o amor ao próximo não
deve ser colocado em segundo plano frente aos nossos próprios interesses. E
terceiro, que precisamos agir com o próximo da mesma forma como nós
gostaríamos que agissem conosco.
A parábola em nossas vidas
1. Você faz acepção de pessoas? Pense na crise dos imigrantes da Síria.
Passou por sua cabeça, em algum momento, que eles merecem o que
enfrentam por serem muçulmanos, ou que não devemos aceita-los entre
nós pela forma como muitos extremistas e países islâmicos tratam os
cristãos? Jesus nos ensina a fazer o bem e amparar a pessoa,
independente de seu passado, sua origem social ou sua crença.
3. 2. Você tem pensando primeiro em você, antes dos outros? No relato
de Jesus, fica claro que o sacerdote e o levita não pararam porque não
queriam passar pelo inconveniente de terem que se purificar
posteriormente (sete dias, segundo Nm. 19.12), caso o homem
falecesse em seus braços. Por vezes, na hora de ajudarmos o próximo,
na hora de contribuir para o Reino de Deus com nossas vidas e
recursos, priorizamos nosso conforto e bem estar e nos esquecemos
das vidas maltratadas pelo pecado e pelo Diabo lá fora. Como você tem
se posicionado quando confrontado pela necessidade de agir pelos
feridos e perdidos deste mundo?
3. Você age com o próximo da mesma forma como gostaria que
agissem com você? O levita e o sacerdote não tiveram a sensibilidade
de perceber que, caso estivessem na situação do samaritano, iriam
querer que algum transeunte os ajudasse, ainda que isso causasse
algum tipo de transtorno na sua vida. Uma das grandes lições de Jesus
neste texto é que devemos nos colocar no lugar do outro e pensar se
estamos agindo com ele da forma como gostaríamos que agissem
conosco. Isso serve para as grandes e as pequenas coisas da vida:
Desde o acidente na estrada que vemos, mas não reportamos ou
auxiliamos, até a forma de tratar o colega de trabalho ou nossos
familiares em casa quando alguma coisa sai errado. Sempre que formos
confrontados com a possibilidade de agir em favor de alguém ou lidar
com alguma situação desconfortável ou delicada, precisamos pensar se
estamos agindo com o próximo da mesma forma como gostaríamos que
agissem conosco. Este é o padrão de conduta que Jesus nos ensina e
apresenta na parábola.
Próximo estudo: A parábola do administrador desonesto (Lc. 16.1-8)