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Villar, O. e Balancin, O.                                             Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37

   EFEITO DA PRECIPITAÇÃO DE CEMENTITA NA FORMAÇÃO DE CONTORNOS DE
       ALTO ÂNGULO E REFINO DE GRÃO FERRÍTICO EM AÇO BAIXO CARBONO

                                       Otavio Villar da Silva Neto1, Oscar Balancin2
               12
                 Departamento de Engenharia de Materiais - Universidade Federal de São Carlos, SP, Brasil.

                                                   pvillar@iris.ufscar.br

Recebido 05 Outubro, 2007. Aceitado 10 de Dezembro, 2007
Publicado em línea 19 Dezembro, 2007.

RESUMO
Atualmente, têm-se destinado grandes esforços para obter aços com grãos ultrafinos através de rotas industrialmente
viáveis. Estes esforços são justificados pela redução dos custos com a adição de elementos de liga e com a melhora das
propriedades dos aços estruturais comuns. No entanto, obter aços com grãos ultrafinos e microestrutura estável representa
uma difícil tarefa, pois existe uma forte tendência para o crescimento dos grãos. Isto torna algumas microestruturas de grãos
finos inerentemente instáveis, o que faz necessário promover mecanismos que restrinjam o movimento dos contornos de
grão. Partículas de cementita finamente dispersas auxiliam na estabilização e homogeneização da microestrutura. Neste
trabalho, investigou-se a influência da precipitação de cementita no refino da microestrutura e na geração de contornos de
alto ângulo, durante o processamento de dois aços; um 0,16C (Cosar) e outro de ultra-baixo carbono (IF). A deformação
subcrítica foi imposta mediante ensaios de torção em amostras previamente temperadas e revenidas. A técnica de EBSD foi
utilizada para medir o ângulo de desorientação entre os grãos gerados. Foi evidenciado que a precipitação de cementita e a
recristalização dinâmica da ferrita são responsáveis pela formação de contornos de alto ângulo, bem como pelo intenso
refino de grão durante a deformação subcrítica. A comparação dos resultados de deformação dos dois aços permitiu
verificar a influência das partículas de cementita precipitadas durante o processamento. A precipitação de cementita e a
recristalização dinâmica da ferrita mostraram-se responsáveis pela formação dos contornos de alto ângulo e pelo intenso
refino dos grãos durante a deformação subcrítica.

Palavras-chave: grãos ultrafinos; cementita; torção a morno; ebsd; processamento subcrítico.

ABSTRACT
Nowadays, great efforts have been destining to obtain steels with ultrafine grains through viable industrially routes. These
efforts are justified by costs reduction with the alloy elements and the improvement properties from plain carbon steels,
which increase the aggregated value and its commercial range application. However, to obtain ultrafine grains steels with
stable microstructure represents a hard task, owing a strong tendency for grains growth. For this reason, some fine grains
microstructures are inherently unstable which turns necessary to promote mechanisms that restrict grain boundaries
movement to stabilize these microstructures. The cementite particles precipitation during the thermomechanical processing
can produce a stable and homogeneous microstructure. In this work, the influence of cementite precipitation in
microstructure refinement of a low carbon steel, as well, the high angle boundaries generation during the warm processing
were investigated. During the accomplishment of this work, two steels were used; a 0,16C steel (Cosar) and another of
ultra-low carbon (IF), as reference. The subcritic field deformation in quenched and tempered samples was previously
imposed by torsion test. The use of the EBSD (Electron Backscattering Diffraction) technique enabled the attainment of
data related to the misorientation amongst grains and/or sub-grains after isothermals torsion test.

INTRODUÇÃO                                                        exemplo. Em geral, os procedimentos utilizados para
                                                                  adequar esses materiais a solicitações mais drásticas
Os aços com baixo carbono e baixa liga são as ligas de
                                                                  envolvem a adição de elementos de ligas e a aplicação de
aço com menor custo e maior volume de produção
                                                                  tratamentos térmicos, como é feito com aços estruturais,
industrial. Esses materiais têm uma vasta gama de
                                                                  aços ferramenta, aços inoxidáveis e demais aços ligados.
aplicações, mas sempre limitados a solicitações em que
                                                                  A adição de elementos de liga exige processos de
não são exigidos altos níveis de resistência mecânica,
                                                                  fabricação com maior densidade tecnológica e eleva o
resistência ao calor ou a meios químicos agressivos, por


                                                                                                                          31
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custo desses materiais. Uma outra forma de aumentar a            martensita e com a eliminação dos contornos de baixo
resistência mecânica sem fragilizar as ligas metálicas é o       ângulo entre ripas. Após longos tempos de revenimento a
refino da microestrutura; os contornos de grãos atuam            matriz ferrítica tem a sua subestrutura de discordâncias
como barreiras ao deslizamento de discordâncias e ao             recuperada. Outros fenômenos são bem conhecidos, tal
processo de maclagem que operam dentro dos grãos.                como o fato de que o aumento da energia livre com a
Apoiados em fenômenos e mecanismos recentemente                  formação de uma subestrutura de discordâncias em um
descobertos, como a formação de subgrão/grão por                 aço deformado acelera as transformações controladas por
deformações     severas     à   temperatura    ambiente,     a   difusão [3]. E que as transformações (dinâmicas) que
transformação     dinâmica      de    fase    induzida     por   ocorrem durante a deformação plástica são aceleradas
deformação, a recristalização dinâmica contínua da               com o aumento da energia armazenada com a
ferrita em altas temperaturas, vários pesquisadores têm          deformação [4]. Assim, pode-se esperar que a aplicação
investigado nos últimos anos a formação de grãos                 de grandes deformações a morno em uma estrutura não
ultrafinos na ferrita em aços carbono baixa-liga.                estável acelere os mecanismos de transformação,
Dentre outras, uma das possíveis rotas de processamento          conduzindo o material a um estado de equilíbrio mais
que permite alcançar esta meta é o trabalho a morno. Esta        estável.
técnica possui melhor precisão dimensional que o                 Dois caminhos distintos podem ser seguidos para a
trabalho a quente, a oxidação superficial é moderada e há        produção de cementita em aços estruturais; partindo do
melhoria nas características mecânicas do material,              recozimento de uma estrutura perlítica deformada ou
permitindo que em alguns casos as etapas de usinagem e           promovendo o revenimento de uma microestrutura
tratamentos térmicos posteriores sejam suprimidas.               martensítica. Nos dois casos, a cinética de precipitação
Contudo, o processamento a morno requer maior                    de cementita é bastante similar, ambos dependem da
conhecimento dos processos de conformação e do                   supersaturação   de   carbono    e   da   densidade   de
comportamento dos materiais, visto que estas operações           discordâncias. No entanto, para trabalhar com aços com
induzem maiores esforços mecânicos e freqüentemente              baixos teores de carbono resta apenas o segundo caminho
são realizadas em estruturas instáveis [1].                      a ser seguido. No processamento termomecânico, a
Durante o reaquecimento dentro do domínio ferrítico de           microestrutura supersaturada de carbono irá precipitar
amostras   de   aços      carbono    temperadas   ocorre     a   partículas de cementita tanto durante o revenimento
transformação da estrutura martensítica em uma matriz            (aquecimento), quanto na etapa de deformação [5-6].
ferrítica com partículas de cementita finamente dispersas.       Devido à baixa energia de formação da cementita e à
Esta transformação se dá em três estágios distintos [2]: (i)     energia de interação existente entre a cementita e as
inicialmente tem-se a formação de carbonetos de                  discordâncias (~0,5 eV), a precipitação da cementita é
transição – carbonetos epsilon ou eta - e o decréscimo do        favorecida pela interação com as tensões internas geradas
teor de carbono da matriz martensítica para valores              pelas discordâncias [5]. A elevada densidade de
próximos a 0,25. (ii) a transformação da austenita retida        discordância oriunda da têmpera é determinante para a
em ferrita e cementita, e (iii) a transformação dos              precipitação de carboneto durante o revenimento. Com o
carbonetos de transição e da martensita de baixo carbono         reaquecimento durante o revenimento e a aplicação da
em ferrita e cementita. Durante essas transformações,            deformação, o carbono da microestrutura supersaturada
tem-se um decréscimo na densidade de discordâncias               irá difundir para as discordâncias e precipitarão nos
com o rearranjo das discordâncias dentro das ripas de            contornos de grão da ferrita, que acima de 500oC já


                                                                                                                       32
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começou a recristalizar. Competitivamente, partículas                   transformação de fase α→γ (Ae1).
menores precipitam no interior dos grãos ferríticos. Com                Os ensaios de torção a morno, em amostras previamente
o com o decorrer do tempo de revenimento, os                            revenidas, tiveram a finalidade de conduzir o aço Cosar a
carbonetos precipitados nos contornos recristalizados irão              uma matriz ferrítica com partículas de cementita. Durante
coalescer e atuarão como barreiras para a movimentação                  a etapa experimental foram almejados dois quesitos
de discordâncias ancorando o crescimento destes                         básicos: (i) o condicionamento da microestrutura de
contornos [6-7].                                                        partida; adequada para promover a formação de grãos
Para que ocorra grande refino na microestrutura, deve-se                ultrafinos e (ii) o desenvolvimento de uma microestrutura
aumentar os sítios preferenciais de nucleação da ferrita,               inicial que pudesse ser submetida a grandes deformações
os quais são sensivelmente maximizados com os defeitos                  sem falhar.
produzidos durante a deformação. Grandes deformações                    O condicionamento microestrutural foi realizado através
criam um estado complexo de defeitos cristalinos, os                    dos tratamentos térmicos de têmpera e revenimento,
quais aumentam a densidade de discordâncias de forma a                  gerando uma microestrutura composta por uma matriz
favorecer a nucleação de novos grãos. Assim, tanto a                    ferrítica com esferóides de cementita. Amostras do
deformação plástica pesada como as altas taxas de                       aço Cosar foram austenitizadas a 900oC, por 0,5H, e em
deformação promovem aumentos na quantidade de                           seguida resfriadas bruscamente em água. O tratamento de
defeitos e bandas de deformação, os quais contribuem                    esferoidização das partículas de cementita foi realizado
para ocorrência da recristalização dinâmica e para                      com o reaquecimento das amostras em à temperatura de
formação     da     ferrita       ultrafina   [8].   Diante   destes    685oC, logo abaixo de Ae1, por 1,0H, sendo em seguida
fenômenos, espera-se que a recristalização dinâmica                     resfriadas ao ar. Após este tratamento térmico, o material
contínua refine a microestrutura e as partículas finamente              foi deformado por torção na temperatura de revenimento
dispersas exercem o efeito de ancoramento dos contornos                 (685oC). Antes da deformação, as amostras foram
de grão [9-10].                                                         reaquecidas e mantidas na temperatura do ensaio por
                                                                        15 minutos.
MATERIAIS E MÉTODOS                                                     As amostras foram submetidas a uma seqüência de

Dois    diferentes       aços         foram      investigados      no   deformação      isotérmica    interrompida,    na   qual    a

desenvolvimento deste trabalho; o aço comercial baixo                   quantidade de deformação experimentada foi de 1,0, 2,0,

carbono baixa liga denominado Cosar (0,16C 1,34Mn) e                    3,0, 4,0 e 5,0. Após a aplicação de cada deformação pré-

um aço ultrabaixo carbono (0,003C 0,13Mn), IF                           estabelecida,   os   corpos    de   prova     tiveram   suas

(Interstitial Free) – usado como referência.                            microestruturas congeladas, por meio de injeção de água

Os materiais foram deformados a morno por uma                           no interior do tubo de quartzo. Com objetivo de mostrar a

máquina de torção equipada com forno aquecido por luz                   influência das partículas de cementita no refino de grão

infravermelha. Antes dos ensaios de torção, as amostras                 ferrítico, a evolução da estrutura de deformação do

foram    tratadas      termicamente.          Visando      obter    a   aço IF foi comparada com a do aço Cosar, ambos foram

precipitação de um volume significativo de cementita e,                 deformados nas mesmas condições de ensaio, com

ao mesmo tempo evitando entrar no campo intercrítico,                   0,1 s-1.

tanto o condicionamento microestrutural quanto os                       As análises microestruturais foram realizadas através de

ensaios de torção foram realizados em uma temperatura                   microscopias ótica e eletrônica. Através de microscopia

subcrítica   próxima          à    temperatura       de   início   de   ótica, com o auxílio de um sistema de análise de imagens


                                                                                                                                   33
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analySIS     PRO      3.1.   A   técnica   EBSD   (Electron                        250

                                                                                   225
Backscattering Diffraction) foi utilizada para obter dados                         200


relativos à desorientação entre grãos e/ou subgrãos. As                            175




                                                                    Tensão [MPa]
                                                                                   150

imagens de elétrons secundários foram obtidas a partir de                          125
                                                                                                                         -1
                                                                                                                 0,1 s
                                                                                   100
um MEV da marca Philips, modelo XL30-FEG (30KV)                                    75
                                                                                                                     ε=1
                                                                                                                     ε=2
                                                                                                                     ε=3
acoplado a um sistema de EBSD da marca TSL, modelo                                 50
                                                                                                                     ε=4
                                                                                   25                                ε=5

MSC 2200.                                                                           0
                                                                                         0,0   0,5   1,0   1,5     2,0            2,5   3,0    3,5   4,0   4,5   5,0

                                                                                                                   Defromação

                                                                                                                     (a)
RESULTADOS E DISCUSÃO
O comportamento mecânico do aço Cosar foi verificado
com os resultados da torção subcrítica (685oC)
apresentados na Figura 1, onde são apresentadas as
curvas de escoamento plástico referentes às deformações
verdadeiras experimentadas pelo material.
As curvas de escoamento mostram que a tensão alcança
um máximo logo no início do carregamento e decresce
continuamente para um estado estacionário. Esta forma
de   curva     é     característica   da   deformação    de                                                          (b)
microestruturas não estáveis; conforme a estrutura tende      Fig. 1. (a) Curvas de escoamento: deformação isotérmica
                                                               com interrupções pré-estabelecidas em ε = 1,0 , ε = 2,0 ,
para um estado de equilíbrio mais estável o nível de
                                                                ε = 3,0 , ε = 4,0 e ε = 5,0 . – (b) Fotomicrografias ótica:
tensão decresce. Corroborando com esta interpretação,                                    .
                                                                ε = 5,0 , ε = 0,1 s −1 , a 685°C, após revenimento – grãos
vê-se que o nível de tensão decresce com o aumento do         ultra-finos com tamanho médio de 1,28μm – aço Cosar.
tempo de revenimento. Também, pode ser visto na
Figura 1a que a quantidade de deformação que o material       Após o condicionamento microestrutural a microestrutura

suportou até que ocorresse a fratura se alterou com o         de partida, apresentada em 2a, mostrou-se composta por

nível de tensão; a ductilidade aumenta com o decréscimo       bainita e precipitados finos de cementita, além de grãos

do nível de tensão, e conseqüentemente com o tempo de         formados durante o revenimento. Com o início da

revenimento.       Após o material experimentar         uma   deformação,                        iniciou-se                   a         formação           de          grãos

deformação total de 5,0 sua microestrutura final passou       recristalizados com contornos pouco definidos, como

por um expressivo processo de refino de grão. A               pode ser notado em 2b. Após                                     ε = 3,0 ,       os contornos de grão

Figura 1b mostra uma microestrutura resultante da             apresentam-se mais definidos e precipitados maiores,
deformação a morno, a qual consiste de grãos                  Figura 2c. Em 2d, prosseguindo com o aumento de
homogêneos e equiaxiais com tamanho médio de grão             deformação, os precipitados confirmam a tendência de
igual a 1,28μm.                                               coalescimento e os grãos com tamanho médio próximo a
A evolução da microestrutura de deformação é ilustrada        1μm possuem contornos bem definidos. Com o
na Figura 2, que mostra as imagens das microestruturas        incremento da deformação no aço Cosar ocorreu um
resultantes do condicionamento microestrutural e do           aumentou gradativo na quantidade de contornos de alto
processamento termomecânico.                                  ângulo. Após ε = 3,0 , a quantidade de contornos de alto
                                                              ângulo mostrou-se estável.


                                                                                                                                                                         34
Villar, O. e Balancin, O.                                           Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37




                             (a)                                                         (b)




                             (c)                                                         (d)
                                                                        .
        Figura 2. Fotomicrografias de MEV – aço Cosar deformado com ε = 0,1s −1 , a 685°C, após revenimento – (a)
                                   sem deformação, (b) ε = 1,0 , (c) ε = 3,0 e (d) ε = 5,0 .




                     (a)                      (b)                                (c)                                (d)
   Figura 3. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b) e (d) mapas de código de cores e
                fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço Cosar: (a) e (b) ε = 0,0 ; (c) e (d) ε = 4,0 .




                                                                                                                          35
Villar, O. e Balancin, O.                                           Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37

A Figura 3 mostra resultados obtidos através de EBSD,                                                                       100


onde em 3a pode ser observada a microestrutura de                                                                            90

                                                                                                                             80




                                                                                             Contornos de alto ângulo [%]
partida, sem deformação, com mais de 40% de contornos                                                                        70

                                                                                                                             60


de baixo     ângulo.   Em 3c,    ε = 4,0 ,   nota-se uma                                                                     50

                                                                                                                             40


microestrutura com grande quantidade de contornos de                                                                         30

                                                                                                                             20


alto ângulo (~75%).                                                                                                          10

                                                                                                                              0


A Figura 4a evidencia a evolução da proporção de alto
                                                                                                                                  0         1         2              3          4          5              6
                                                                                                                                                          Deformação Total


ângulo com a quantidade de deformação, onde é                                                                                                                 (a)
observado o patamar próximo a 75%, após ε = 3,0 . Os                                 240




ensaios do aço IF, que tem microestrutura isenta de                                  200




precipitados, tiveram a finalidade de comprovar o estado
                                                                                     160




                                                                      Tensão [M a]
                                                                               P
                                                                                     120

metaestável gerado durante a etapa de condicionamento
                                                                                     80

microestrutural do aço Cosar. A Figura 4b mostra as                                                                                                   0,1s
                                                                                                                                                         Cosar
                                                                                                                                                                -1



                                                                                     40
                                                                                                                                                         IF

curvas obtidas com os dois aços. A curva IF não                                       0
                                                                                           0,0                               0,5      1,0       1,5       2,0        2,5    3,0      3,5            4,0        4,5   5,0

apresenta pico de tensões e, assim, não havendo queda de                                                                                                   Deformação


tensão após o máximo, sugerindo que não ocorre                                                                                                                (b)
recristalização dinâmica descontínua no aço IF. A                                                                           100

                                                                                                                            90

Figura 4c apresenta a evolução da proporção de                                                                              80


                                                                                             Contornos de alto ângulo [%]
                                                                                                                            70

contornos de alto ângulo com a deformação, ambos                                                                            60

                                                                                                                            50

resultados foram obtidos através de EBSD. Estes                                                                             40

                                                                                                                            30
resultados mostram que a geração de contornos de alto                                                                       20



ângulo é influenciada pela presença de partículas de
                                                                                                                            10

                                                                                                                              0
                                                                                                                                  0    2         4        6          8     10       12         14         16

cementita. Diferentemente do aço Cosar, a microestrutura                                                                                                  Deformação Total



do IF apresentou uma redução na quantidade de alto                                                                                                            (c)
                                                                     Figura 4. Ângulo de desorientação (%) versus
ângulo com o aumento de deformação. A Figura 5 mostra                                        .
                                                                 quantidade de deformação ( ε = 0,1s −1 ): (a) Cosar e (c) IF;
imagens obtidas a partir dos ensaios interrompidos em            (b) Curvas de escoamento plástico dos aços Cosar e IF.
amostras do aço IF.




     Figura 5. Mapas de EBSD: (a) e (b) mapas de orientação em contraste de Euller - fração de contornos de baixo e
                 alto ângulo; (c) mapa de código de cores e - – aço IF, (a) sem deformação; (b) ε = 10,0 .

                                                                                                                                                                                                                           36
Villar, O. e Balancin, O.                                         Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37

CONCLUSÕES                                                      [7] Hao    X.J.    et   al.   (2001)   “Deformation   and
                                                                    dissolution of spheroidal cementite in eutectoid
   A precipitação de Fe3C e a recristalização dinâmica da
                                                                    steel by heavy cold rolling” Materials Science and
ferrita são responsáveis pela formação de contornos de
                                                                    Technology 17:1347-1352.
alto ângulo, bem como pelo intenso refino de grão
                                                                [8] Huang Y.D. et al. (2003) “Formation of ultrafine
durante a deformação a morno;
                                                                    grained ferrite in low carbon steel by heavy
   As partículas de cementita interferiram no processo
                                                                    deformation in ferrite or dual phase region” J.
de rotação dos subgrãos e inibiram o crescimento dos
                                                                    Materials Processing Technology 134:19-25.
grãos formados;
                                                                [9] Silva Neto O.V., Balancin O. (2004) “Deformação
   A quantidade de contornos de alto ângulo (~40%)
                                                                    a morno no campo subcrítico e refino de grão de
gerada durante a deformação da microestrutura isenta de
                                                                    um aço 0,16C” Proceed. CONAMET/SAM’04.
precipitados (IF), evidenciou a importância das partículas
                                                                [10] Silva Neto O.V., Balancin O. (2005) “Ultrafine
de cementita e da fina microestrutura de partida do aço
                                                                    ferrite obtainment in a low carbon steel at
Cosar, o qual apresentou mais de 70% de contornos de
                                                                    sub-critical   temperature     through   hot   torsion
alto ângulo após ε = 2 .
                                                                                                             th
                                                                    deformation and tempering” Proceed. 8 CIASEM.

REFERÊNCIAS

 [1] Oliveira M.A.F., Jorge Jr.A.M., Balancin O. (2004)
      “Influence of strain-induced nucleation on the
      kinetics of phase transformation in a forging steel
      during warm working” Scripta Mat. 50:1157-1162.
 [2] Krauss G., (1990) Principles of Heat Treatment of
      Steel, Ohio, ASM International, pp.110-115.
 [3] Manohar P.A., Chandra T., Kilmore C.R. (1996)
      “Continuous cooling transformation behaviour of
      microalloyed steels containing Ti, Nb, Mn and
      Mo” ISIJ Int. 36:1486-1493.
 [4] Niikura M. et al. (2001) “New concepts for ultra
      refinement of grain size in super metal project” J.
      Materials Processing Technology 117:341-346.
 [5] Shin D.H., Kim Y.–S., Lavernia J. (2001)
      “Formation of fine cementite precipitates by static
      annealing    of      equal-channel   angular   pressed
      low-carbon steels” Acta Mater. 48:2387-2393.
 [6] Shin D.H., Park K.-T., Kim Y.-S. (2001)
      “Microstructural stability of ultrafine grained low-
      carbon steel containing vanadium fabricated by
      intense   plastic     straining”   Metall.   and   Mat.
      Transactions 32A:2373-2381.


                                                                                                                       37

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Acta microscopica 2007_silva netoov

  • 1. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 EFEITO DA PRECIPITAÇÃO DE CEMENTITA NA FORMAÇÃO DE CONTORNOS DE ALTO ÂNGULO E REFINO DE GRÃO FERRÍTICO EM AÇO BAIXO CARBONO Otavio Villar da Silva Neto1, Oscar Balancin2 12 Departamento de Engenharia de Materiais - Universidade Federal de São Carlos, SP, Brasil. pvillar@iris.ufscar.br Recebido 05 Outubro, 2007. Aceitado 10 de Dezembro, 2007 Publicado em línea 19 Dezembro, 2007. RESUMO Atualmente, têm-se destinado grandes esforços para obter aços com grãos ultrafinos através de rotas industrialmente viáveis. Estes esforços são justificados pela redução dos custos com a adição de elementos de liga e com a melhora das propriedades dos aços estruturais comuns. No entanto, obter aços com grãos ultrafinos e microestrutura estável representa uma difícil tarefa, pois existe uma forte tendência para o crescimento dos grãos. Isto torna algumas microestruturas de grãos finos inerentemente instáveis, o que faz necessário promover mecanismos que restrinjam o movimento dos contornos de grão. Partículas de cementita finamente dispersas auxiliam na estabilização e homogeneização da microestrutura. Neste trabalho, investigou-se a influência da precipitação de cementita no refino da microestrutura e na geração de contornos de alto ângulo, durante o processamento de dois aços; um 0,16C (Cosar) e outro de ultra-baixo carbono (IF). A deformação subcrítica foi imposta mediante ensaios de torção em amostras previamente temperadas e revenidas. A técnica de EBSD foi utilizada para medir o ângulo de desorientação entre os grãos gerados. Foi evidenciado que a precipitação de cementita e a recristalização dinâmica da ferrita são responsáveis pela formação de contornos de alto ângulo, bem como pelo intenso refino de grão durante a deformação subcrítica. A comparação dos resultados de deformação dos dois aços permitiu verificar a influência das partículas de cementita precipitadas durante o processamento. A precipitação de cementita e a recristalização dinâmica da ferrita mostraram-se responsáveis pela formação dos contornos de alto ângulo e pelo intenso refino dos grãos durante a deformação subcrítica. Palavras-chave: grãos ultrafinos; cementita; torção a morno; ebsd; processamento subcrítico. ABSTRACT Nowadays, great efforts have been destining to obtain steels with ultrafine grains through viable industrially routes. These efforts are justified by costs reduction with the alloy elements and the improvement properties from plain carbon steels, which increase the aggregated value and its commercial range application. However, to obtain ultrafine grains steels with stable microstructure represents a hard task, owing a strong tendency for grains growth. For this reason, some fine grains microstructures are inherently unstable which turns necessary to promote mechanisms that restrict grain boundaries movement to stabilize these microstructures. The cementite particles precipitation during the thermomechanical processing can produce a stable and homogeneous microstructure. In this work, the influence of cementite precipitation in microstructure refinement of a low carbon steel, as well, the high angle boundaries generation during the warm processing were investigated. During the accomplishment of this work, two steels were used; a 0,16C steel (Cosar) and another of ultra-low carbon (IF), as reference. The subcritic field deformation in quenched and tempered samples was previously imposed by torsion test. The use of the EBSD (Electron Backscattering Diffraction) technique enabled the attainment of data related to the misorientation amongst grains and/or sub-grains after isothermals torsion test. INTRODUÇÃO exemplo. Em geral, os procedimentos utilizados para adequar esses materiais a solicitações mais drásticas Os aços com baixo carbono e baixa liga são as ligas de envolvem a adição de elementos de ligas e a aplicação de aço com menor custo e maior volume de produção tratamentos térmicos, como é feito com aços estruturais, industrial. Esses materiais têm uma vasta gama de aços ferramenta, aços inoxidáveis e demais aços ligados. aplicações, mas sempre limitados a solicitações em que A adição de elementos de liga exige processos de não são exigidos altos níveis de resistência mecânica, fabricação com maior densidade tecnológica e eleva o resistência ao calor ou a meios químicos agressivos, por 31
  • 2. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 custo desses materiais. Uma outra forma de aumentar a martensita e com a eliminação dos contornos de baixo resistência mecânica sem fragilizar as ligas metálicas é o ângulo entre ripas. Após longos tempos de revenimento a refino da microestrutura; os contornos de grãos atuam matriz ferrítica tem a sua subestrutura de discordâncias como barreiras ao deslizamento de discordâncias e ao recuperada. Outros fenômenos são bem conhecidos, tal processo de maclagem que operam dentro dos grãos. como o fato de que o aumento da energia livre com a Apoiados em fenômenos e mecanismos recentemente formação de uma subestrutura de discordâncias em um descobertos, como a formação de subgrão/grão por aço deformado acelera as transformações controladas por deformações severas à temperatura ambiente, a difusão [3]. E que as transformações (dinâmicas) que transformação dinâmica de fase induzida por ocorrem durante a deformação plástica são aceleradas deformação, a recristalização dinâmica contínua da com o aumento da energia armazenada com a ferrita em altas temperaturas, vários pesquisadores têm deformação [4]. Assim, pode-se esperar que a aplicação investigado nos últimos anos a formação de grãos de grandes deformações a morno em uma estrutura não ultrafinos na ferrita em aços carbono baixa-liga. estável acelere os mecanismos de transformação, Dentre outras, uma das possíveis rotas de processamento conduzindo o material a um estado de equilíbrio mais que permite alcançar esta meta é o trabalho a morno. Esta estável. técnica possui melhor precisão dimensional que o Dois caminhos distintos podem ser seguidos para a trabalho a quente, a oxidação superficial é moderada e há produção de cementita em aços estruturais; partindo do melhoria nas características mecânicas do material, recozimento de uma estrutura perlítica deformada ou permitindo que em alguns casos as etapas de usinagem e promovendo o revenimento de uma microestrutura tratamentos térmicos posteriores sejam suprimidas. martensítica. Nos dois casos, a cinética de precipitação Contudo, o processamento a morno requer maior de cementita é bastante similar, ambos dependem da conhecimento dos processos de conformação e do supersaturação de carbono e da densidade de comportamento dos materiais, visto que estas operações discordâncias. No entanto, para trabalhar com aços com induzem maiores esforços mecânicos e freqüentemente baixos teores de carbono resta apenas o segundo caminho são realizadas em estruturas instáveis [1]. a ser seguido. No processamento termomecânico, a Durante o reaquecimento dentro do domínio ferrítico de microestrutura supersaturada de carbono irá precipitar amostras de aços carbono temperadas ocorre a partículas de cementita tanto durante o revenimento transformação da estrutura martensítica em uma matriz (aquecimento), quanto na etapa de deformação [5-6]. ferrítica com partículas de cementita finamente dispersas. Devido à baixa energia de formação da cementita e à Esta transformação se dá em três estágios distintos [2]: (i) energia de interação existente entre a cementita e as inicialmente tem-se a formação de carbonetos de discordâncias (~0,5 eV), a precipitação da cementita é transição – carbonetos epsilon ou eta - e o decréscimo do favorecida pela interação com as tensões internas geradas teor de carbono da matriz martensítica para valores pelas discordâncias [5]. A elevada densidade de próximos a 0,25. (ii) a transformação da austenita retida discordância oriunda da têmpera é determinante para a em ferrita e cementita, e (iii) a transformação dos precipitação de carboneto durante o revenimento. Com o carbonetos de transição e da martensita de baixo carbono reaquecimento durante o revenimento e a aplicação da em ferrita e cementita. Durante essas transformações, deformação, o carbono da microestrutura supersaturada tem-se um decréscimo na densidade de discordâncias irá difundir para as discordâncias e precipitarão nos com o rearranjo das discordâncias dentro das ripas de contornos de grão da ferrita, que acima de 500oC já 32
  • 3. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 começou a recristalizar. Competitivamente, partículas transformação de fase α→γ (Ae1). menores precipitam no interior dos grãos ferríticos. Com Os ensaios de torção a morno, em amostras previamente o com o decorrer do tempo de revenimento, os revenidas, tiveram a finalidade de conduzir o aço Cosar a carbonetos precipitados nos contornos recristalizados irão uma matriz ferrítica com partículas de cementita. Durante coalescer e atuarão como barreiras para a movimentação a etapa experimental foram almejados dois quesitos de discordâncias ancorando o crescimento destes básicos: (i) o condicionamento da microestrutura de contornos [6-7]. partida; adequada para promover a formação de grãos Para que ocorra grande refino na microestrutura, deve-se ultrafinos e (ii) o desenvolvimento de uma microestrutura aumentar os sítios preferenciais de nucleação da ferrita, inicial que pudesse ser submetida a grandes deformações os quais são sensivelmente maximizados com os defeitos sem falhar. produzidos durante a deformação. Grandes deformações O condicionamento microestrutural foi realizado através criam um estado complexo de defeitos cristalinos, os dos tratamentos térmicos de têmpera e revenimento, quais aumentam a densidade de discordâncias de forma a gerando uma microestrutura composta por uma matriz favorecer a nucleação de novos grãos. Assim, tanto a ferrítica com esferóides de cementita. Amostras do deformação plástica pesada como as altas taxas de aço Cosar foram austenitizadas a 900oC, por 0,5H, e em deformação promovem aumentos na quantidade de seguida resfriadas bruscamente em água. O tratamento de defeitos e bandas de deformação, os quais contribuem esferoidização das partículas de cementita foi realizado para ocorrência da recristalização dinâmica e para com o reaquecimento das amostras em à temperatura de formação da ferrita ultrafina [8]. Diante destes 685oC, logo abaixo de Ae1, por 1,0H, sendo em seguida fenômenos, espera-se que a recristalização dinâmica resfriadas ao ar. Após este tratamento térmico, o material contínua refine a microestrutura e as partículas finamente foi deformado por torção na temperatura de revenimento dispersas exercem o efeito de ancoramento dos contornos (685oC). Antes da deformação, as amostras foram de grão [9-10]. reaquecidas e mantidas na temperatura do ensaio por 15 minutos. MATERIAIS E MÉTODOS As amostras foram submetidas a uma seqüência de Dois diferentes aços foram investigados no deformação isotérmica interrompida, na qual a desenvolvimento deste trabalho; o aço comercial baixo quantidade de deformação experimentada foi de 1,0, 2,0, carbono baixa liga denominado Cosar (0,16C 1,34Mn) e 3,0, 4,0 e 5,0. Após a aplicação de cada deformação pré- um aço ultrabaixo carbono (0,003C 0,13Mn), IF estabelecida, os corpos de prova tiveram suas (Interstitial Free) – usado como referência. microestruturas congeladas, por meio de injeção de água Os materiais foram deformados a morno por uma no interior do tubo de quartzo. Com objetivo de mostrar a máquina de torção equipada com forno aquecido por luz influência das partículas de cementita no refino de grão infravermelha. Antes dos ensaios de torção, as amostras ferrítico, a evolução da estrutura de deformação do foram tratadas termicamente. Visando obter a aço IF foi comparada com a do aço Cosar, ambos foram precipitação de um volume significativo de cementita e, deformados nas mesmas condições de ensaio, com ao mesmo tempo evitando entrar no campo intercrítico, 0,1 s-1. tanto o condicionamento microestrutural quanto os As análises microestruturais foram realizadas através de ensaios de torção foram realizados em uma temperatura microscopias ótica e eletrônica. Através de microscopia subcrítica próxima à temperatura de início de ótica, com o auxílio de um sistema de análise de imagens 33
  • 4. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 analySIS PRO 3.1. A técnica EBSD (Electron 250 225 Backscattering Diffraction) foi utilizada para obter dados 200 relativos à desorientação entre grãos e/ou subgrãos. As 175 Tensão [MPa] 150 imagens de elétrons secundários foram obtidas a partir de 125 -1 0,1 s 100 um MEV da marca Philips, modelo XL30-FEG (30KV) 75 ε=1 ε=2 ε=3 acoplado a um sistema de EBSD da marca TSL, modelo 50 ε=4 25 ε=5 MSC 2200. 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Defromação (a) RESULTADOS E DISCUSÃO O comportamento mecânico do aço Cosar foi verificado com os resultados da torção subcrítica (685oC) apresentados na Figura 1, onde são apresentadas as curvas de escoamento plástico referentes às deformações verdadeiras experimentadas pelo material. As curvas de escoamento mostram que a tensão alcança um máximo logo no início do carregamento e decresce continuamente para um estado estacionário. Esta forma de curva é característica da deformação de (b) microestruturas não estáveis; conforme a estrutura tende Fig. 1. (a) Curvas de escoamento: deformação isotérmica com interrupções pré-estabelecidas em ε = 1,0 , ε = 2,0 , para um estado de equilíbrio mais estável o nível de ε = 3,0 , ε = 4,0 e ε = 5,0 . – (b) Fotomicrografias ótica: tensão decresce. Corroborando com esta interpretação, . ε = 5,0 , ε = 0,1 s −1 , a 685°C, após revenimento – grãos vê-se que o nível de tensão decresce com o aumento do ultra-finos com tamanho médio de 1,28μm – aço Cosar. tempo de revenimento. Também, pode ser visto na Figura 1a que a quantidade de deformação que o material Após o condicionamento microestrutural a microestrutura suportou até que ocorresse a fratura se alterou com o de partida, apresentada em 2a, mostrou-se composta por nível de tensão; a ductilidade aumenta com o decréscimo bainita e precipitados finos de cementita, além de grãos do nível de tensão, e conseqüentemente com o tempo de formados durante o revenimento. Com o início da revenimento. Após o material experimentar uma deformação, iniciou-se a formação de grãos deformação total de 5,0 sua microestrutura final passou recristalizados com contornos pouco definidos, como por um expressivo processo de refino de grão. A pode ser notado em 2b. Após ε = 3,0 , os contornos de grão Figura 1b mostra uma microestrutura resultante da apresentam-se mais definidos e precipitados maiores, deformação a morno, a qual consiste de grãos Figura 2c. Em 2d, prosseguindo com o aumento de homogêneos e equiaxiais com tamanho médio de grão deformação, os precipitados confirmam a tendência de igual a 1,28μm. coalescimento e os grãos com tamanho médio próximo a A evolução da microestrutura de deformação é ilustrada 1μm possuem contornos bem definidos. Com o na Figura 2, que mostra as imagens das microestruturas incremento da deformação no aço Cosar ocorreu um resultantes do condicionamento microestrutural e do aumentou gradativo na quantidade de contornos de alto processamento termomecânico. ângulo. Após ε = 3,0 , a quantidade de contornos de alto ângulo mostrou-se estável. 34
  • 5. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 (a) (b) (c) (d) . Figura 2. Fotomicrografias de MEV – aço Cosar deformado com ε = 0,1s −1 , a 685°C, após revenimento – (a) sem deformação, (b) ε = 1,0 , (c) ε = 3,0 e (d) ε = 5,0 . (a) (b) (c) (d) Figura 3. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b) e (d) mapas de código de cores e fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço Cosar: (a) e (b) ε = 0,0 ; (c) e (d) ε = 4,0 . 35
  • 6. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 A Figura 3 mostra resultados obtidos através de EBSD, 100 onde em 3a pode ser observada a microestrutura de 90 80 Contornos de alto ângulo [%] partida, sem deformação, com mais de 40% de contornos 70 60 de baixo ângulo. Em 3c, ε = 4,0 , nota-se uma 50 40 microestrutura com grande quantidade de contornos de 30 20 alto ângulo (~75%). 10 0 A Figura 4a evidencia a evolução da proporção de alto 0 1 2 3 4 5 6 Deformação Total ângulo com a quantidade de deformação, onde é (a) observado o patamar próximo a 75%, após ε = 3,0 . Os 240 ensaios do aço IF, que tem microestrutura isenta de 200 precipitados, tiveram a finalidade de comprovar o estado 160 Tensão [M a] P 120 metaestável gerado durante a etapa de condicionamento 80 microestrutural do aço Cosar. A Figura 4b mostra as 0,1s Cosar -1 40 IF curvas obtidas com os dois aços. A curva IF não 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 apresenta pico de tensões e, assim, não havendo queda de Deformação tensão após o máximo, sugerindo que não ocorre (b) recristalização dinâmica descontínua no aço IF. A 100 90 Figura 4c apresenta a evolução da proporção de 80 Contornos de alto ângulo [%] 70 contornos de alto ângulo com a deformação, ambos 60 50 resultados foram obtidos através de EBSD. Estes 40 30 resultados mostram que a geração de contornos de alto 20 ângulo é influenciada pela presença de partículas de 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 cementita. Diferentemente do aço Cosar, a microestrutura Deformação Total do IF apresentou uma redução na quantidade de alto (c) Figura 4. Ângulo de desorientação (%) versus ângulo com o aumento de deformação. A Figura 5 mostra . quantidade de deformação ( ε = 0,1s −1 ): (a) Cosar e (c) IF; imagens obtidas a partir dos ensaios interrompidos em (b) Curvas de escoamento plástico dos aços Cosar e IF. amostras do aço IF. Figura 5. Mapas de EBSD: (a) e (b) mapas de orientação em contraste de Euller - fração de contornos de baixo e alto ângulo; (c) mapa de código de cores e - – aço IF, (a) sem deformação; (b) ε = 10,0 . 36
  • 7. Villar, O. e Balancin, O. Acta Microscopica Vol. 16, No. 1–2, 2007, pp. 31–37 CONCLUSÕES [7] Hao X.J. et al. (2001) “Deformation and dissolution of spheroidal cementite in eutectoid A precipitação de Fe3C e a recristalização dinâmica da steel by heavy cold rolling” Materials Science and ferrita são responsáveis pela formação de contornos de Technology 17:1347-1352. alto ângulo, bem como pelo intenso refino de grão [8] Huang Y.D. et al. (2003) “Formation of ultrafine durante a deformação a morno; grained ferrite in low carbon steel by heavy As partículas de cementita interferiram no processo deformation in ferrite or dual phase region” J. de rotação dos subgrãos e inibiram o crescimento dos Materials Processing Technology 134:19-25. grãos formados; [9] Silva Neto O.V., Balancin O. (2004) “Deformação A quantidade de contornos de alto ângulo (~40%) a morno no campo subcrítico e refino de grão de gerada durante a deformação da microestrutura isenta de um aço 0,16C” Proceed. CONAMET/SAM’04. precipitados (IF), evidenciou a importância das partículas [10] Silva Neto O.V., Balancin O. (2005) “Ultrafine de cementita e da fina microestrutura de partida do aço ferrite obtainment in a low carbon steel at Cosar, o qual apresentou mais de 70% de contornos de sub-critical temperature through hot torsion alto ângulo após ε = 2 . th deformation and tempering” Proceed. 8 CIASEM. REFERÊNCIAS [1] Oliveira M.A.F., Jorge Jr.A.M., Balancin O. (2004) “Influence of strain-induced nucleation on the kinetics of phase transformation in a forging steel during warm working” Scripta Mat. 50:1157-1162. [2] Krauss G., (1990) Principles of Heat Treatment of Steel, Ohio, ASM International, pp.110-115. [3] Manohar P.A., Chandra T., Kilmore C.R. (1996) “Continuous cooling transformation behaviour of microalloyed steels containing Ti, Nb, Mn and Mo” ISIJ Int. 36:1486-1493. [4] Niikura M. et al. (2001) “New concepts for ultra refinement of grain size in super metal project” J. Materials Processing Technology 117:341-346. [5] Shin D.H., Kim Y.–S., Lavernia J. (2001) “Formation of fine cementite precipitates by static annealing of equal-channel angular pressed low-carbon steels” Acta Mater. 48:2387-2393. [6] Shin D.H., Park K.-T., Kim Y.-S. (2001) “Microstructural stability of ultrafine grained low- carbon steel containing vanadium fabricated by intense plastic straining” Metall. and Mat. Transactions 32A:2373-2381. 37