SlideShare a Scribd company logo
1 of 12
Antiguidade
 Surdo (não eram seres humanos competentes);
 Idéia negativa;
 Não dár par;
 Não possuíam pensamento nem linguagem;
 Marginalização;
 Recuperação (dar fala a eles);
 Não podiam casar nem herdar os bens da família;
 Eram percebidos com piedade e compaixão, como
pessoas castigadas pelos deuses ou como pessoas
enfeitiçadas que deveriam ser abandonadas ou
sacrificadas.
Os Surdos no Egito
No Egito, os surdos eram adorados como deuses.
Os egípcios acreditavam que os surdos transmitiam
mensagens secretas dos deuses ao Faraó, que sua vez as
transmitia ao povo.
Assim, os surdos serviam de mediadores entre os deuses
e os Faraós. Era uma forma destes imporem o seu poder
ao povo, legitimado por pessoas especiais que tinham
ligação aos deuses.
Por os surdos serem vistos como seres estranhos com
uma forma diferente de comunicar, o povo egípcio
temia-os e respeitava-os.
Os Surdos na Palestina
Em 1000 a.C. surgem as principais referências aos surdos na
História judicial, com a Lei Hebraica (Talmude), distinguindo:
 Os que são surdos e mudos;
 Os que são só surdos;
 Os que são os mudos.
Consoante a categoria a que pertenciam, tinham direitos e
restrições específicas, nomeadamente, limitações relacionadas
com a posse de propriedades e o casamento.
Mais tarde, os romanos adotaram esta lei.
Estas leis protegiam as pessoas surdas de serem amaldiçoadas,
mas, por outro lado, impediam-nas de participar de uma
forma plena nos rituais judaicos.
Os Surdos na Grécia
Para os gregos, os surdos não eram seres competentes pois
defendiam que o pensamento só se desenvolvia com linguagem
e para eles só a fala desenvolvia a linguagem.
Desta forma, os surdos não recebiam educação: Aristóteles,
em 355 a.C. defendeu que aqueles que nasciam surdos, por
não terem linguagem, eram incapazes de raciocinar.
Consideravam as pessoas surdas que não tinham linguagem
como não-humanas, no entanto, se perdiam a audição, mais
tarde, já faziam parte da sociedade.
Eram consideradas pessoas sem direitos porque não eram
úteis à cidade (pólis) e, muitas vezes, condenavam-nas à
morte. Eram marginalizadas, juntamente com os doentes e
os débeis mentais.
O ideal dos gregos era atingir a perfeição física e
intelectual, pelo que alguém sem audição era considerado
um ser imperfeito.
No entanto o filósofo Sócrates, em 360 a.C., considerou
que era lógico e aceitável os surdos comunicarem
naturalmente usando as mãos, a cabeça e outras partes do
corpo, por estarem privados da audição.
Os Surdos na Roma
Os romanos foram muitos influenciados pelos gregos, por
isso, a sua posição em relação aos surdos era idêntica.
Também viam o surdo como um ser imperfeito e indigno
de pertencer a sociedade.
Lançavam as crianças surdas, possivelmente, apenas as
pobres, ao rio Tibre, ao cuidado das Ninfas.
Lucrécio escreveu um poema, na sua obra Natureza das
Coisas (cerca de 30 a.C.), dizendo que os surdos não
podiam ser instruídos, nem a sua inteligência ensinada.
Plínio, na sua História Natural (70 a.C.), refere-se a
Quintus Pedius, um artista surdo, muito talentoso, filho
de um cônsul romano.
Pedius necessitou de uma autorização
especial do imperador César Augusto
para desempenhar a sua profissão.
Pedius era o primeiro artista surdo
que se conseguiu sobreviver,
Integrando na sociedade.
Em 529 d.C., o imperador Justiniano criou uma lei que
impossibilitava os surdos de possuir propriedades e
impedia-os de celebrar contratos e redigir testamentos.
A lei chamada de Código Justiniano, influenciado pelo
Talmude, distingue cincos categorias diferentes de surdos.
 Os que nasciam surdos e mudos;
 Os que ficavam surdos e mudos em vida;
 Os que nasciam surdos, mas não ficavam mudos;
 Os que ficavam surdos em vida sem perder a fala;
 Os que eram só mudos.
Na sociedade romana, os que nasciam surdos e mudos não
tinham direitos nem obrigações.
Não podiam possuir propriedades, nem celebrar contratos.
Como não podiam possuir terras nem títulos, as heranças
a que tinham direito passavam para os seus parentes mais
próximos.
No entanto, os surdos que falavam tinham direitos legais.
Podiam ter propriedades, casar e redigir testamentos.
A capacidade da fala era, portanto, decisiva para o
enquadramento legal das pessoas surdas.
Os Surdos na Constantinopla
Em Constantinopla, os surdos teriam os mesmos
impedimentos legais de Roma, pelo Código Justiniano, que
iriam acompanhar os surdos por muitos séculos.
Durante o império otomano, o nome da capital do império
de Constantinopla volta a mudar para Bizâncio. E o
destino dos surdos passou a ser determinado pela vontade
do sultão.
Na maioria das vezes, os surdos prestavam serviço na corte
interior, servindo de pagens às mulheres.
Como não ouviam, eram explorados e assim aceites pela
sociedade. Alguns surdos serviam, também, como mimos
para entretenimento
do sultão.

More Related Content

What's hot

L ingua, linguagem e fonologia 2011
L ingua, linguagem e fonologia 2011L ingua, linguagem e fonologia 2011
L ingua, linguagem e fonologia 2011
Karen Araki
 
As raízes da cultura surda
As raízes da cultura surda As raízes da cultura surda
As raízes da cultura surda
Cláudia Pereira
 
Cultura e identidade surda
Cultura e identidade surdaCultura e identidade surda
Cultura e identidade surda
Valdemar Júnior
 
Aula de meio de transporte em libras
Aula de meio de transporte em librasAula de meio de transporte em libras
Aula de meio de transporte em libras
Bárbara Franceschin
 
Que língua é essa
Que língua é essaQue língua é essa
Que língua é essa
marciaorion
 

What's hot (20)

História da educação de surdos e educação de
História da educação de surdos e educação deHistória da educação de surdos e educação de
História da educação de surdos e educação de
 
Apresentação sobre profissional surdo
Apresentação sobre profissional surdoApresentação sobre profissional surdo
Apresentação sobre profissional surdo
 
L ingua, linguagem e fonologia 2011
L ingua, linguagem e fonologia 2011L ingua, linguagem e fonologia 2011
L ingua, linguagem e fonologia 2011
 
LIBRAS AULA 12: Aspectos Linguísticos da língua de sinais – Morfologia
LIBRAS AULA 12: Aspectos Linguísticos da língua de sinais – Morfologia LIBRAS AULA 12: Aspectos Linguísticos da língua de sinais – Morfologia
LIBRAS AULA 12: Aspectos Linguísticos da língua de sinais – Morfologia
 
Parte 1 - Retrospectiva História da surdez.pptx
Parte 1 - Retrospectiva História da surdez.pptxParte 1 - Retrospectiva História da surdez.pptx
Parte 1 - Retrospectiva História da surdez.pptx
 
Aulas 5 e 6
Aulas 5 e 6Aulas 5 e 6
Aulas 5 e 6
 
LIBRAS AULA 3: Primeiros estudos, Mitos, Concepções
LIBRAS AULA 3: Primeiros estudos, Mitos, Concepções LIBRAS AULA 3: Primeiros estudos, Mitos, Concepções
LIBRAS AULA 3: Primeiros estudos, Mitos, Concepções
 
As raízes da cultura surda
As raízes da cultura surda As raízes da cultura surda
As raízes da cultura surda
 
Hes2
Hes2Hes2
Hes2
 
5 Parâmetros da libras
5 Parâmetros da libras5 Parâmetros da libras
5 Parâmetros da libras
 
Cultura e identidade surda
Cultura e identidade surdaCultura e identidade surda
Cultura e identidade surda
 
Aula de LIBRAS - Inicial
Aula de LIBRAS - InicialAula de LIBRAS - Inicial
Aula de LIBRAS - Inicial
 
Colóquio sobre os surdos
Colóquio sobre os surdosColóquio sobre os surdos
Colóquio sobre os surdos
 
Aula de meio de transporte em libras
Aula de meio de transporte em librasAula de meio de transporte em libras
Aula de meio de transporte em libras
 
A linha do tempo aula 01
A linha do tempo aula 01A linha do tempo aula 01
A linha do tempo aula 01
 
História dos Surdos
História dos SurdosHistória dos Surdos
História dos Surdos
 
LIBRAS AULA 2: As línguas de sinais: sua importância para os Surdos
LIBRAS AULA 2: As línguas de sinais: sua importância para os SurdosLIBRAS AULA 2: As línguas de sinais: sua importância para os Surdos
LIBRAS AULA 2: As línguas de sinais: sua importância para os Surdos
 
2. Alfabeto manual
2. Alfabeto manual2. Alfabeto manual
2. Alfabeto manual
 
Que língua é essa
Que língua é essaQue língua é essa
Que língua é essa
 
LIBRAS AULA 11: Aspectos Linguísticos da língua de sinais - Aspectos fonológicos
LIBRAS AULA 11: Aspectos Linguísticos da língua de sinais - Aspectos fonológicosLIBRAS AULA 11: Aspectos Linguísticos da língua de sinais - Aspectos fonológicos
LIBRAS AULA 11: Aspectos Linguísticos da língua de sinais - Aspectos fonológicos
 

Viewers also liked

Abade ambroise sicard
Abade ambroise sicardAbade ambroise sicard
Abade ambroise sicard
Isabel Morais
 
HES I - Actividades 4
HES I - Actividades 4HES I - Actividades 4
HES I - Actividades 4
micaze1976
 
Tesis strobel 2008
Tesis strobel 2008Tesis strobel 2008
Tesis strobel 2008
Mônica Leal
 
Thomas hopkins gallaudet presentation
Thomas hopkins gallaudet presentationThomas hopkins gallaudet presentation
Thomas hopkins gallaudet presentation
reysbm
 
História dos Surdos
História dos SurdosHistória dos Surdos
História dos Surdos
joaoribau
 

Viewers also liked (15)

Leo, puto jantar
Leo, puto jantarLeo, puto jantar
Leo, puto jantar
 
Hes7 12
Hes7 12Hes7 12
Hes7 12
 
Abade ambroise sicard
Abade ambroise sicardAbade ambroise sicard
Abade ambroise sicard
 
HES I - Actividades 4
HES I - Actividades 4HES I - Actividades 4
HES I - Actividades 4
 
Hes
HesHes
Hes
 
Tesis strobel 2008
Tesis strobel 2008Tesis strobel 2008
Tesis strobel 2008
 
Terminologia
TerminologiaTerminologia
Terminologia
 
Como se Tornar um Paraquedista - Curso ASL de Paraquedismo – Accelerated Stat...
Como se Tornar um Paraquedista - Curso ASL de Paraquedismo – Accelerated Stat...Como se Tornar um Paraquedista - Curso ASL de Paraquedismo – Accelerated Stat...
Como se Tornar um Paraquedista - Curso ASL de Paraquedismo – Accelerated Stat...
 
Thomas hopkins gallaudet presentation
Thomas hopkins gallaudet presentationThomas hopkins gallaudet presentation
Thomas hopkins gallaudet presentation
 
Leo rua
Leo ruaLeo rua
Leo rua
 
História dos Surdos
História dos SurdosHistória dos Surdos
História dos Surdos
 
História dos surdos e oralismo
História dos surdos e oralismoHistória dos surdos e oralismo
História dos surdos e oralismo
 
Slides. libras.
Slides. libras.Slides. libras.
Slides. libras.
 
3 Things Every Sales Team Needs to Be Thinking About in 2017
3 Things Every Sales Team Needs to Be Thinking About in 20173 Things Every Sales Team Needs to Be Thinking About in 2017
3 Things Every Sales Team Needs to Be Thinking About in 2017
 
How to Become a Thought Leader in Your Niche
How to Become a Thought Leader in Your NicheHow to Become a Thought Leader in Your Niche
How to Become a Thought Leader in Your Niche
 

Similar to Hesi aps (1)

Actividade 4 HES
Actividade  4 HESActividade  4 HES
Actividade 4 HES
guestd0b7ad
 
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_ivAtividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
Paula Aparecida Alves
 
Historia do direito 05 set 2012
Historia do direito   05 set 2012Historia do direito   05 set 2012
Historia do direito 05 set 2012
gabriela_eiras
 
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidadeA pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
Rhaíssa Andrade
 
Historia5 identidade cultural
Historia5 identidade culturalHistoria5 identidade cultural
Historia5 identidade cultural
hsurdez
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
aulasgege
 

Similar to Hesi aps (1) (20)

Actividade 4 HES
Actividade  4 HESActividade  4 HES
Actividade 4 HES
 
A importância da Língua de Sinais (LiBRAS)nas escolas
A importância da Língua de Sinais (LiBRAS)nas escolasA importância da Língua de Sinais (LiBRAS)nas escolas
A importância da Língua de Sinais (LiBRAS)nas escolas
 
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_ivAtividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
Atividade 10 -_leitura_complementar_unidade_iv
 
Historia do direito 05 set 2012
Historia do direito   05 set 2012Historia do direito   05 set 2012
Historia do direito 05 set 2012
 
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidadeA pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade
 
Grécia ANTIGA - História do Direito
Grécia ANTIGA - História do DireitoGrécia ANTIGA - História do Direito
Grécia ANTIGA - História do Direito
 
Historia das-teorias-antropologicas
Historia das-teorias-antropologicasHistoria das-teorias-antropologicas
Historia das-teorias-antropologicas
 
FAAP_2022_Aula_REPRESENTA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+A+AM%C3%89RICA_etnocentrismo+e+...
FAAP_2022_Aula_REPRESENTA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+A+AM%C3%89RICA_etnocentrismo+e+...FAAP_2022_Aula_REPRESENTA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+A+AM%C3%89RICA_etnocentrismo+e+...
FAAP_2022_Aula_REPRESENTA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+A+AM%C3%89RICA_etnocentrismo+e+...
 
Historia5 identidade cultural
Historia5 identidade culturalHistoria5 identidade cultural
Historia5 identidade cultural
 
Educação de surdos histórico
Educação de surdos históricoEducação de surdos histórico
Educação de surdos histórico
 
A civilização grega pdf
A civilização grega pdfA civilização grega pdf
A civilização grega pdf
 
PISM MÓDULO I
PISM MÓDULO IPISM MÓDULO I
PISM MÓDULO I
 
Apresentaçãohistdir9
Apresentaçãohistdir9Apresentaçãohistdir9
Apresentaçãohistdir9
 
Educação grega
Educação gregaEducação grega
Educação grega
 
aula introdutória - filosofia.pptx
aula introdutória - filosofia.pptxaula introdutória - filosofia.pptx
aula introdutória - filosofia.pptx
 
O nascimento da filosofia
O nascimento da filosofiaO nascimento da filosofia
O nascimento da filosofia
 
Filosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet NosceFilosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet Nosce
 
A filosofia e_seu_nascimento
A filosofia e_seu_nascimentoA filosofia e_seu_nascimento
A filosofia e_seu_nascimento
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
A civilização grega
A civilização gregaA civilização grega
A civilização grega
 

More from Isabel Morais (7)

União Europeia LGP.pptx
União Europeia LGP.pptxUnião Europeia LGP.pptx
União Europeia LGP.pptx
 
holanda.pptx
holanda.pptxholanda.pptx
holanda.pptx
 
Jean Massieu(1772-1846).pptx
Jean Massieu(1772-1846).pptxJean Massieu(1772-1846).pptx
Jean Massieu(1772-1846).pptx
 
Arte surda
Arte surdaArte surda
Arte surda
 
Dia do pai - dia 19 de Março
Dia do pai - dia 19 de MarçoDia do pai - dia 19 de Março
Dia do pai - dia 19 de Março
 
Dia da mulher
Dia da mulherDia da mulher
Dia da mulher
 
Hes2
Hes2Hes2
Hes2
 

Hesi aps (1)

  • 1.
  • 3.  Surdo (não eram seres humanos competentes);  Idéia negativa;  Não dár par;  Não possuíam pensamento nem linguagem;  Marginalização;  Recuperação (dar fala a eles);  Não podiam casar nem herdar os bens da família;  Eram percebidos com piedade e compaixão, como pessoas castigadas pelos deuses ou como pessoas enfeitiçadas que deveriam ser abandonadas ou sacrificadas.
  • 4. Os Surdos no Egito No Egito, os surdos eram adorados como deuses. Os egípcios acreditavam que os surdos transmitiam mensagens secretas dos deuses ao Faraó, que sua vez as transmitia ao povo. Assim, os surdos serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós. Era uma forma destes imporem o seu poder ao povo, legitimado por pessoas especiais que tinham ligação aos deuses. Por os surdos serem vistos como seres estranhos com uma forma diferente de comunicar, o povo egípcio temia-os e respeitava-os.
  • 5. Os Surdos na Palestina Em 1000 a.C. surgem as principais referências aos surdos na História judicial, com a Lei Hebraica (Talmude), distinguindo:  Os que são surdos e mudos;  Os que são só surdos;  Os que são os mudos. Consoante a categoria a que pertenciam, tinham direitos e restrições específicas, nomeadamente, limitações relacionadas com a posse de propriedades e o casamento. Mais tarde, os romanos adotaram esta lei. Estas leis protegiam as pessoas surdas de serem amaldiçoadas, mas, por outro lado, impediam-nas de participar de uma forma plena nos rituais judaicos.
  • 6. Os Surdos na Grécia Para os gregos, os surdos não eram seres competentes pois defendiam que o pensamento só se desenvolvia com linguagem e para eles só a fala desenvolvia a linguagem. Desta forma, os surdos não recebiam educação: Aristóteles, em 355 a.C. defendeu que aqueles que nasciam surdos, por não terem linguagem, eram incapazes de raciocinar. Consideravam as pessoas surdas que não tinham linguagem como não-humanas, no entanto, se perdiam a audição, mais tarde, já faziam parte da sociedade.
  • 7. Eram consideradas pessoas sem direitos porque não eram úteis à cidade (pólis) e, muitas vezes, condenavam-nas à morte. Eram marginalizadas, juntamente com os doentes e os débeis mentais. O ideal dos gregos era atingir a perfeição física e intelectual, pelo que alguém sem audição era considerado um ser imperfeito. No entanto o filósofo Sócrates, em 360 a.C., considerou que era lógico e aceitável os surdos comunicarem naturalmente usando as mãos, a cabeça e outras partes do corpo, por estarem privados da audição.
  • 8. Os Surdos na Roma Os romanos foram muitos influenciados pelos gregos, por isso, a sua posição em relação aos surdos era idêntica. Também viam o surdo como um ser imperfeito e indigno de pertencer a sociedade. Lançavam as crianças surdas, possivelmente, apenas as pobres, ao rio Tibre, ao cuidado das Ninfas. Lucrécio escreveu um poema, na sua obra Natureza das Coisas (cerca de 30 a.C.), dizendo que os surdos não podiam ser instruídos, nem a sua inteligência ensinada.
  • 9. Plínio, na sua História Natural (70 a.C.), refere-se a Quintus Pedius, um artista surdo, muito talentoso, filho de um cônsul romano. Pedius necessitou de uma autorização especial do imperador César Augusto para desempenhar a sua profissão. Pedius era o primeiro artista surdo que se conseguiu sobreviver, Integrando na sociedade.
  • 10. Em 529 d.C., o imperador Justiniano criou uma lei que impossibilitava os surdos de possuir propriedades e impedia-os de celebrar contratos e redigir testamentos. A lei chamada de Código Justiniano, influenciado pelo Talmude, distingue cincos categorias diferentes de surdos.  Os que nasciam surdos e mudos;  Os que ficavam surdos e mudos em vida;  Os que nasciam surdos, mas não ficavam mudos;  Os que ficavam surdos em vida sem perder a fala;  Os que eram só mudos. Na sociedade romana, os que nasciam surdos e mudos não tinham direitos nem obrigações. Não podiam possuir propriedades, nem celebrar contratos.
  • 11. Como não podiam possuir terras nem títulos, as heranças a que tinham direito passavam para os seus parentes mais próximos. No entanto, os surdos que falavam tinham direitos legais. Podiam ter propriedades, casar e redigir testamentos. A capacidade da fala era, portanto, decisiva para o enquadramento legal das pessoas surdas.
  • 12. Os Surdos na Constantinopla Em Constantinopla, os surdos teriam os mesmos impedimentos legais de Roma, pelo Código Justiniano, que iriam acompanhar os surdos por muitos séculos. Durante o império otomano, o nome da capital do império de Constantinopla volta a mudar para Bizâncio. E o destino dos surdos passou a ser determinado pela vontade do sultão. Na maioria das vezes, os surdos prestavam serviço na corte interior, servindo de pagens às mulheres. Como não ouviam, eram explorados e assim aceites pela sociedade. Alguns surdos serviam, também, como mimos para entretenimento do sultão.

Editor's Notes

  1. http://vanessavidalcidadania.blogspot.pt/2011/06/cronograma-de-historia-de-surdos.html
  2. http://audibelrecife.spaceblog.com.br/37588/HISTORICO-DA-EDUCACAO-DE-SURDOS-NO-BRASIL-E-NO-MUNDO/ http://vanessavidalcidadania.blogspot.pt/2011/06/cronograma-de-historia-de-surdos.html
  3. http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf