1. David Hume
Filósofo escocês (1711-1776). Dedicando-se inteiramente, já na sua juventude, ao estudo da Filosofia e
dos clássicos, recusa a carreira de advogado que lhe fora destinada pela família. As suas primeiras obras,
amadurecidas em França, no convívio com os cartesianos, não despertam a atenção. O sucesso nas letras
advirá, depois de 1740, dos seus escritos políticos, da monumental História de Inglaterra (obra de oito
volumes e pioneira no género) e, também, da reescrita de partes do Tratado da Natureza Humana. As
suas ideias impediram-lhe a penetração nas academias. O sucesso obteve-o na carreira diplomática —
foi secretário do embaixador inglês em Paris, onde conviveu com os iluministas franceses. De regresso a
Inglaterra, acolheu Rousseau, alvo de perseguição, e protegeu-o até um mal-entendido os
incompatibilizar. As suas obras foram incluídas no Índice de obras proibidas pela Igreja Católica. Ao
morrer, Hume deixou um exemplo de personalidade vincadamente tolerante e antidogmática.
ORIGEM E NATUREZA DO CONHECIMENTO
“Para Hume, todos os conteúdos mentais são percepções. Essas dividem-se em duas grandes
classes: impressões e ideias. Impressões e ideias são da mesma natureza e a diferença é apenas
dada pelos critérios:
a) força ou vivacidade com que umas e outras se apresentam à mente. A impressão verde é muito
mais forte e vivaz que a ideia de verde. Esta é uma representação ou cópia enfraquecida da
primeira. As impressões abrangem as nossas sensações eternas (visuais, auditivas, tácteis, etc)
bem como os nossos sentimentos internos (emoções, desejos, etc); são os actos originários do
nosso conhecimento e correspondem aos dados da experiência actual.
b) ordem ou sucessão temporal com que se apresentam à mente. Como as ideias só podem ser
cópias de impressões, a impressão de verde é necessariamente anterior à ideia de verde. Se
estamos a ver um objecto verde, estamos a ter uma impressão de verde, ao passo que se
estivermos a recordar um objecto azul, estamos a ter uma ideia de azul.
(...) Consequentemente não há diferença essencial entre sentir e pensar. Sentir é percepcionar
impressões mais vivas: pensar é perceber as impressões mais fracas que copiam as primeiras. A
relação que existe entre impressões e ideias explica-se pelo princípio da cópia dado que as ideias
são cópias das impressões. Por outras palavras, todas as nossas ideias têm uma origem empírica.
Portanto, não existem ideias inatas, ou seja, não existem ideias que o nosso entendimento não
tenha formado a partir da experiência. A experiência empírica fornece os materiais a partir dos
quais se geram todas as nossas ideias, mesmo as mais abstractas. Uma das razões que Hume
apresenta a favor do princípio da cópia é a seguinte. Aqueles que estão privados de certas
impressões são incapazes de formar as ideias correspondentes. Por exemplo, uma pessoa que seja
cega à nascença não conseguirá formar a ideia de azul, já que nunca teve qualquer impressão de
azul. (...) As ideias só podem ser conhecimento de impressões. A verdade das ideias depende da
sua correspondência com as impressões”.
Albert Chain
QUESTIONÁRIO:
1- Distingue impressões de ideias. Dá exemplos.
2- Identifica e explica três aspectos empiristas da filosofia de David Hume.
3- Elabora uma breve comparação entre as posições de Descartes e David Hume acerca do
problema da origem do conhecimento.