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Do Livro “NA SEMEADURA I”de
             EDGARD ARMOND
Aquele que viveu amplamente sua vida,
esforçou-se, lutou, padeceu, pode-se dizer
que, em parte, realizou-se espiritualmente no
que lhe foi possível.



      Quando atinge o termo de sua
peregrinação terrena, é como árvore que
envelheceu ao sol e à chuva, deu sombra,
flores e frutos e, após a morte, prosseguirá
oferecendo calor e luz como combustível ou
como adubo, repondo no solo as energias
vitais que dele retirou.
Muitos segredos iniciais da vida foram-
lhe revelados a preço alto; aprendeu a vencer
as adversidades com a força dos braços, a luz
da inteligência e as dádivas preciosas do
coração.
     Cabe-lhe agora o repouso, jamais
negado, porque as leis de Deus são perfeitas e
justas.
Volvendo os olhos ao passado, revê as ilusões
que, muitas vezes, o desviaram dos caminhos retos; os
esplendores das exterioridades que o cegaram
passageiramente;...



as harmonias que deleitaram; a volúpia da carne; os
encantos da mocidade; a      ambição, a inveja, o
despeito, a covardia; os atos de bondade e outros
inúmeros sentimentos que lhe rondaram o coração e
o Espírito atormentado e compreende que,
finalmente, venceu a matéria enganosa, que tentava
obscurecer-lhe a visão de tal forma, que nem sabe
mesmo como sobreviveu a tais tormentas.
Muitas vezes, foi como uma
pena que o vento carregava para
onde queria, como uma criança que
não sabia onde pôr os pés, como um
joguete de forças desconhecidas, e
viu que, verdadeiramente, das
misérias do mundo, absorveu o
cálice até o fundo.
Mas onde estava sua alma enquanto
todos estes elementos se desencadeavam à
sua volta? Onde estava? Perguntava então a
si mesmo, muitas vezes sem encontrar
respostas; a alma, o elemento divino, pregado
pelos sacerdotes de todos os credos? Mas o
silêncio obstinado lhe aumentava a solidão e
as dúvidas, e assim desanimava, como
qualquer outro.
Porém, hoje, mais amadurecido e após transpor
mais uma vez o túmulo, conhece enfim a resposta: ela
estava dentro dele mesmo, era ele mesmo, anotando
as experiências de bom e de mau, sentindo,
analisando, aprendendo e sofrendo com ela.


      E sabe também que, enquanto durou a luta, foi
uma sentinela oculta, mas sempre vigilante aos
menores detalhes da tormentosa peregrinação; mas,
que agora, desprendida do corpo exaurido, está mais
tranqüila e serena, como um guerreiro que venceu a
batalha e vai recolher-se ao regaço suave de Deus
para o repouso da morte, que é uma simples pausa na
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  • 1. Do Livro “NA SEMEADURA I”de EDGARD ARMOND
  • 2. Aquele que viveu amplamente sua vida, esforçou-se, lutou, padeceu, pode-se dizer que, em parte, realizou-se espiritualmente no que lhe foi possível. Quando atinge o termo de sua peregrinação terrena, é como árvore que envelheceu ao sol e à chuva, deu sombra, flores e frutos e, após a morte, prosseguirá oferecendo calor e luz como combustível ou como adubo, repondo no solo as energias vitais que dele retirou.
  • 3. Muitos segredos iniciais da vida foram- lhe revelados a preço alto; aprendeu a vencer as adversidades com a força dos braços, a luz da inteligência e as dádivas preciosas do coração. Cabe-lhe agora o repouso, jamais negado, porque as leis de Deus são perfeitas e justas.
  • 4. Volvendo os olhos ao passado, revê as ilusões que, muitas vezes, o desviaram dos caminhos retos; os esplendores das exterioridades que o cegaram passageiramente;... as harmonias que deleitaram; a volúpia da carne; os encantos da mocidade; a ambição, a inveja, o despeito, a covardia; os atos de bondade e outros inúmeros sentimentos que lhe rondaram o coração e o Espírito atormentado e compreende que, finalmente, venceu a matéria enganosa, que tentava obscurecer-lhe a visão de tal forma, que nem sabe mesmo como sobreviveu a tais tormentas.
  • 5. Muitas vezes, foi como uma pena que o vento carregava para onde queria, como uma criança que não sabia onde pôr os pés, como um joguete de forças desconhecidas, e viu que, verdadeiramente, das misérias do mundo, absorveu o cálice até o fundo.
  • 6. Mas onde estava sua alma enquanto todos estes elementos se desencadeavam à sua volta? Onde estava? Perguntava então a si mesmo, muitas vezes sem encontrar respostas; a alma, o elemento divino, pregado pelos sacerdotes de todos os credos? Mas o silêncio obstinado lhe aumentava a solidão e as dúvidas, e assim desanimava, como qualquer outro.
  • 7. Porém, hoje, mais amadurecido e após transpor mais uma vez o túmulo, conhece enfim a resposta: ela estava dentro dele mesmo, era ele mesmo, anotando as experiências de bom e de mau, sentindo, analisando, aprendendo e sofrendo com ela. E sabe também que, enquanto durou a luta, foi uma sentinela oculta, mas sempre vigilante aos menores detalhes da tormentosa peregrinação; mas, que agora, desprendida do corpo exaurido, está mais tranqüila e serena, como um guerreiro que venceu a batalha e vai recolher-se ao regaço suave de Deus para o repouso da morte, que é uma simples pausa na eternidade da vida.