SlideShare a Scribd company logo
1 of 15
Download to read offline
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi

Metodologia do ensino da filosofia

A obra de M. Tozzi. 1 (1992) e sua explicitação a partir de Neves Vicente (doc.
policopiados)

“Pensamos que o ensino da Filosofia é para a pessoa um direito de estimulação
intelectual para compreender o mundo e aí agir e para o estado republicano uma
obrigação de promover o espírito dialogante, construtivo e crítico, necessário à
actividade participativa do cidadão numa democracia.” (Tozzi, p. 22.)

A crise no ensino da filosofia tem as seguintes componentes:
   Massificação
   Estruturais: a Filosofia é ela mesma crítica e interpelante de si mesmo.
   Conjunturais:
  - Epistemológicas – usurpação do seu campo pelas C. Humanas;
  - Sociológicas – institucionalização ideológica conformista
  - Axiológicas – substituição pelos referentes técnicos e económicos dos
      referentes humanos clássicos

Indicadores da crise:
  - défice de utilidade profissional; perda de prestígio da disciplina;
  - baixo reconhecimento social e institucional da disciplina;
  - baixos resultados escolares.

Problemas técnico-pedagógicos a ultrapassar:
  - número de alunos por turma;
  - diversidade cultural dos alunos;
  - (ausência de competências linguisticas);
  - (ensino centrado nos conteúdos e na lógica do ensino);
  - (atraso na investigação didáctica);
  - (ausência do protocolos linguísticos, procedimentais e avaliativos)


... face tudo isto, e postulando a educabilidade de todos como exigência ética,
impõe-se a necessidade de fazer uma Revolução Coperniciana da pedagogia da
filosofia, uma vez que ”a lógica da aprendizagem não é a vossa lógica de ensino”.
Assim, a questão “o que lhes vou e devo eu dizer?” deve ser substituída pela “que
devo fazer-lhes fazer, para que seja capazes (capacidades e competências) de, por
exemplo, problematizar.”(p.27).




1
    M. Tozzi. 1992. apprendre a philosopher dans les lycées d’aujourd’hui, Paris


Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              1
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi

Os objectivos no ensino da filosofia.
Problema: A tensão entre serem muito amplos e não cumprirem a função de guias do
trabalho do aluno, do professor e da avaliação e o de serem comportamentalistas, e
assim redutores da actividade e pensamento humano (não olhando aos processos
cognitivos e intelectuais mas só ao seu produto).

Os objectivos de uma disciplina permitem:
   - centrar a actividade sobre a aprendizagem do aluno (em vez de servirem só o
       ensino);
   - utilizar uma linguagem comum entre professores e alunos;
   - esclarecer pela explicação dos objectivos a pertinência das estratégias (e
       actividades) para os cumprir;
   - melhor avaliar, pois não só o aluno sabe o que lhe é pedido como a avaliação
       entre professores (e correctores) é mais homogénea.

        “Uma finalidade sem tradução concreta em objectivos (e os critérios??)
     precisos torna-se e é impossível de avaliar” .

   Contudo a excessiva comportamentalização dos objectivos traz problemas no
ensino da filosofia, pois os Objectivos comportamentalistas são reducionistas 2 , uma
vez que:
   - “objectives bornés au court terme de l’examen »
   - obsessão com o programa e sua reprodução.
   - predominância do produto final e dos conteúdos sobre os processos.

     Tozzi propõe uma aproximação mentalista dos objectivos (p.33),
     pois...

    “As operações mentais, fundamentais em filosofia, são enquanto tais
inobserváveis, a problematização (por exemplo) é duma complexidade que escapa as
classificações habituais das actividades cognitivas”

       Contudo, face a isto, não é de deitar fora a pedagogia por objectivos, uma vez
que eles têm potencialidades (já referidas).
       Trata-se de colocar no papel, tornar claro (objectivado e intersubjectivo):
   - o que se espera do aluno;
   - e que ele saiba o que se espera dele, em termos de tarefas precisas e o mais
       possível observáveis.

    É neste sentido que Tozzi afirma (p.33) :
    « il peut être pour sa pratique pédagogique, lorsqu’on ne s’est pas encore
suffisamment précise ses propres objectives, et les a encore moins traduits en
capacités de l’apprenant, de s’entraîner à une telle formulation, parce qu’elle oblige à
mettre sur le papier ce qu’on attend de l’élève en termes de tâches précises,
accessibles, le plus possible observables. »




2
 nos EUA, onde surge a pedagogia por objectivos com Bloom – que desenvolve as pedagogias
condutivistas e teorias técnicas curriculares de Tayler e outros – está hoje num processo de
reequacionamento do comportamentalismo


Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              2
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi

Os objectivos-PEF
        Tranversais a todo o programa, construtores/activos na aprendizagem do
filosofar, numa perspectiva mentalista (cognitivista) e, como tal, interessam-se pela
“caixa negra dos processos de pensamento.

     1) ser capaz de conceptualizar filosoficamente uma noção;
     2) ser capaz de problematizar filosoficamente uma questão, ou uma noção;
     3) ser capaz de argumentar filosoficamente uma tese.

Estes objectivos podem ser articulados entre si.
Estes objectivos traduzem um conceito didáctico que formula um compromisso
dinâmico entre a forma como deve ser ensinado e a forma como deve ser aprendido,
Os objectivos PEF estão subjacentes às competências a adquirir, orientam a
organização e procedimentos das tarefas que incentivam essas competências e
colocam-se como objectivos gerais finais, ou pelo menos configuram estes no que diz
respeito às competências filosóficas, comunicacionais e argumentativas, servindo,
assim, a aprendizagem do pensar (no sentido de abordagem/caminhar intelectual).

Os objectivos PEF dão uma estrutura e sentido ao programa e à avaliação.
   - ao programa, “pois o que é uma noção filosófica, senão um campo de
       interrogações que reclamam a conceptualização e a problematização? Esses
       processos são por consequência transversais a toda a lista de noções, eles
       animam metodologicamente o conteúdo” (...)
   - à avaliação, “nos exames ou nas provas que os precedem, pois o que se
       atende numa dissertação filosófica senão à articulação coerente da
       problematização da questão, da conceptualização das suas noções e da
       construção de uma argumentação pertinente?”(p.35)

       O que é o programa de filosofia ou um texto filosófico “senão um esforço
rigoroso de filosofar para colocar os problemas, conceptualizar as noções e
argumentar as teses?” (p.36)

         ”Tornar o aluno capaz de conceptualizar, de problematizar e de argumentar é,
em consequência, ter o fio condutor metodológico, para entrar (guiar) o programa,
tratar filosoficamente uma dissertação, preparar o exame e (...) aprender a filosofar.”
(p.36)

       Os três objectivos nucleares da aprendizagem do filosofar, segundo Michel
Tozzi, são: a conceptualização de uma noção, a problematização de uma questão e a
argumentação de uma tese.
       Estes estão relacionados com os processos fundamentais do próprio
pensamento filosófico.
       Assim, o primeiro objectivo nuclear reside, precisamente, na capacidade de
conceptualizar uma noção. Não existe propriamente reflexão em Filosofia se não
formos capazes de conceptualizar noções.




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              3
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
1. A conceptualização
Uma noção tem um tripla relação, pois remete para
    - a linguagem, uma vez que ela é expressa por uma palavra (S) integrado
       num sistema de comunicação
    - o pensar, porque reenvia para uma ideia ou conceito;
    - o real, porque o conceito é um objecto de pensamento visando o real.

“toda a filosofia não é ela uma forma de articular, de maneira original, o pensar,
a linguagem e o real?”

Podemos conceptualizar uma noção:
  - elaborando o sentido do seu conceito por um trabalho sobre a linguagem
     (etimologia, história, semântica, a partir de sinónimos e antónimos,
     destinguindo usos correntes e filosóficos);

     -    pela problematização, colocando em dúvida (questionamento) as suas
          representações espontâneas e convencionais ou da sua relação
          interrogativa com outras noções.

     -    Construindo o seu conceito como instrumento de inteligibilidade do real
          a partir dos seus domínios de aplicação (a noção de lei em ciência,
          ética, política, estética,...)

1.1 A aproximação linguística:
    Objectivo: clarificação do sentido da noção pela explicitação das palavras
    que exprimem o conceito (da palavra ao conceito).
1.1.1 Exploração da etimologia, da história e evolução semântica de uma
       noção.
1.1.2 explicitação do significado linguístico corrente,
1.1.3 explicitação mediante a dos seus sinónimos e antónimos,
1.1.4 distinguindo usos correntes e filosóficos.

1.2 Aproximação predicativa – trabalho sobre os atributos de uma noção
    Objectivo: elaboração conceptual de uma noção pela determinação da sua
    compreensão. (da ideia-noção aos seus atributos).
    Ex.: Liberdade: conhecimento (consciência); constrangimento; possível;
    razões (justificações).

1.3 Aproximação extensiva – trabalho sobre os campos de aplicação de uma
    noção.
    Objectivo: reconstrução conceptual de uma noção como instrumento de
    inteligibilidade do real.
   - pela análise dos campos de aplicação, com vista à sua reconstrução.

1.4 Aproximação representativa




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              4
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
1.5 A aproximação metafórica do conceito
   - Trabalho com base no pensamento analógico
    - Fazer apelo à metáfora para daí permitir /desenvolver/formular
       representações de uma noção (o que permite posterior
       problematização)
    - Implica alguma criatividade (no processo) ao serviço de uma estratégia
       de abstracção.
    - Implica uma representação progressiva (e não tanto a definição de
       conceitos pela identificação lógica dos atributos).
    - A metáfora permite uma aproximação ao conceito sem que o aluno seja
       obrigado a dominar o discurso racional e abstracto.

  Descrição metodológica:
1 Pedir ao aluno que traduza em imagem um conceito que iremos examinar –
  trata-se de procurar configurações concretas ou imaginárias.
2 Explicação e racionalização da analogia:
  - o aluno deverá tentar formular a relação entre as suas imagens e o
      conceito,
  - é-lhe pedido para precisar o elemento essencial que retira dessa análise
3 A partir dos elementos formais deve construir uma definição aproximada
  (mas explícita) – isto será o ponto de partida para o aprofundamento
  filosófico.

1.5. O método da indução guiada por contrastes – baseia-se no pensamento
indutivo

         Como solicitar ao aluno, logo desde o início do ano, que conceptualize uma
noção? Como ajudar o aluno a superar a opinião corrente e a introduzir-se no
verdadeiro questionamento filosófico?
         O método de indução guiada por contraste é um procedimento pedagógico que
se centra fundamentalmente na actividade mental do aluno. O princípio geral deste
procedimento pode ser aplicado ao ensino da Filosofia em todos os inícios de ano, a
propósito do "questionamento filosófico." Consiste este método em propor questões
filosóficas e questões não filosóficas (como a função de contra - exemplos). Assim,
cabe aos alunos identificar os critérios de classificação implícitos, determinar de modo
progressivo as características ou atributos do conceito apresentado e, por fim, chegar
a uma definição desse conceito o mais completa possível. Este método permite
também ao professor fazer com que os alunos reflictam sobre os obstáculos que
encontram ao longo da realização dos exercícios e sobre as diferentes estratégias
mentais que utilizaram para superar as dificuldades, estratégias mentais essas que
poderão utilizar ulteriormente em outros contextos, com mais experiência e
autonomia.
         Qual a exigência pedagógica deste método? Este implica que, antes de
qualquer transmissão do saber, o professor determine o nível de complexidade
através do qual quer abordar o conceito: de que conteúdo essencial tem o aluno
necessidade?, como estruturar esse conteúdo ?




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              5
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
        Fases deste método:
        1.ª fase:
        O professor dá ao aluno cinco pares de questões numeradas de 1 a 10.
Cada aluno, dadas as questões, deve procurar (individualmente num 1ª
momento e por escrito) em cada par o ponto comum e depois a diferença entre
as questões; em todas as questões "ímpares" os pontos comuns; em todas as
questões "pares" os pontos comuns e finalmente, entre diferenças. Esta
análise das perguntas e as respostas dadas permitem caracterizar certos
atributos do "questionamento filosófico". Por exemplo, o aluno poderá chegar à
conclusão de que o "questionamento filosófico" é aquele que suscita tomadas
de posição, exige um julgamento pessoal, diz respeito a todo o mundo.
        2.ª fase:
        Os alunos recebem sete pares de questões desordenadas, nas quais as
oposições são menos claras que as precedentes. Ao aluno é pedido que, face
a estas questões, distinga as que têm um carácter filosófico das que não têm,
justificando a sua escolha. O aluno confronta, assim, os atributos do
questionamento filosófico anteriormente adquiridos, mas relacionados agora
com questões de tipo diferente. Assim, o aluno pode compreender também
que um mesmo tema ou domínio pode ser encarado filosoficamente ou não,
tomando assim consciência da especificidade própria do questionar em
Filosofia. O trabalho pode ser aprofundado em pequenos grupos que
comparam trabalhos
        3.ª fase:
        As definições dos pequenos grupos de alunos são lidas à turma: os
alunos devem escolher os atributos que são consensuais e os que não são. No
término deste debate, cada um redige individualmente a definição filosófica à
qual chegou.
        4.ª fase:
        Os alunos recebem uma lista de 14 questões, também elas
desordenadas. Verificam-se colectivamente as questões propostas.
        Seguidamente, uma outra lista é apresentada, mas certas questões
nesta lista são equívocas, ou seja, elas podem ser tomadas de vários pontos
de vista (jurídico, científico e filosófico). Aqui, o que se pretende evidenciar é o
facto de que uma mesma questão não tem uma só leitura possível.
        Última fase:
        Passa pela produção pessoal de um questionário. Os alunos são
convidados a redigir individualmente questões unicamente filosóficas, cada
uma sobre um tema. Este método tem um interesse muito particular porque
introduz os alunos no questionamento filosófico através de uma lógica
pedagógica que inicia ao filosofar.




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              6
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
        A título de exemplo, Tozzi mostra-nos o resultado da aplicação deste método numa
turma. Assim, eis as definições que esta turma deu para "questionamento filosófico": "o
questionamento filosófico, que tem uma forma geral e abstracta, reporta-se a todas as
dimensões da existência humana. Ele refere-se a todo o Homem."; "ele põe em causa todas as
ideias pré-concebidas, as respostas fáceis e definitivas: interroga-as sobre o seu sentido: Ele
faz apelo ao espírito crítico mas exige que se esteja atento a ideias que não são nossas."; "ele
implica debates onde cada um deve procurar argumentos razoáveis e coerentes entre eles.
Ele debruça-se sobre respostas pessoais que um dia serão ainda interrogadas. "
        Concluindo, podemos afirmar que este método privilegia o pensamento indutivo, pois é
muito guiado, não permitindo encontrar na formulação final senão os atributos anteriormente
determinados.
        Este método será portanto o mais adequado quando se pretende elaborar definições
mais consensuais, como é o exemplo da definição de "questionamento filosófico". Este método
tem também o mérito de se centrar no aluno e na sua lógica de aprendizagem, suscitando-lhe
vontade de aprender.

      1.º tipo de exercício:
Objectivo: treinar a capacidade de questionar uma pseudo-evidência
Tarefa: colocar a questão filosófica implícita numa opinião/resposta.

        2.º tipo de exercício:
Partir das suas concepções, implicando directamente o aluno
Tarefa: encontrar a questões filosóficas nas suas próprias respostas

      3.º tipo de exercício:
Objectivo: treinar a capacidade de questionar sob forma alternativa
Tarefa: encontrar respostas diferentes das minhas e depois reformulara
        questão sob forma alternativa

      4.º tipo de exercício:
Tarefa: encontrar as respostas diferentes a uma questão filosófica dada.
             tema                                 A morte
A minha questão              Há vida após a morte

A minha resposta                          Não, a morte é o fim

Respostas diferentes                      Sim, pela reencarnação
                                          Sim, pela ressurreição

Reformulação                              A morte, é ela o fim ou uma nova vida?




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              7
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
2    A problematização

A nível metodológico é útil clarificar:
   - o que é um problema filosófico;
   - o que é problematizar, em filosofia;
   - o que é uma problemática.

problematizar supõe as seguintes capacidades:
   - questionar, ou seja, colocar em questão, colocar em dúvida uma afirmação;
   - descobrir, a partir de uma noção ou na relação entre conceitos ou numa
      questão um problema filosófico;
   - formular um problema sob forma alternativa – permitindo diversas
      respostas (constatando-se a sua consistência pelos argumentos e
      consequências) – trabalho de matacognição.


O processo de problematização:

     questão                       a conjectura                        o debate                         recolocar
      inicial                                                             da                            a questão
                                    é em si um                    situação-problema
                                    obstáculo




1.º tipo de exercício:
Objectivo: treinar a capacidade de questionar uma pseudo-evidência.
Tarefa: encontrar a questão filosófica implícita numa opinião-resposta.
Este exercício desorienta mas interessa os alunos.
Após um primeiro trabalho individual e em pequenos grupos, é frutuoso pela
diversidade de questões colocadas em plenário de turma.
Aqui terá de se distinguir as questões filosóficas da não filosóficas.

2.º tipo de exercícios:
Para implicar directamente o aluno, podemos partir das suas próprias
conjecturas/opiniões/preconceitos.
Tarefa: encontrar as questões filosóficas das minhas respostas
Indicações:
1. escrevam uma das vossas certezas acerca da seguinte noção filosófica (ex.
Deus; vida; liberdade;...).
2. procurem uma das questões filosóficas à qual a vossa certeza (Deus é uma
criação humana) forneça uma resposta positiva ou negativa (ex. Deus existe?).
trata-se de fazer com que o aluno, primeiro por reflexão individual, depois por
confrontação com o grupo se aproprie da démarche do questionamento
filosófico.




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                                      8
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
3º tipo de exercício (consequente do 2º):
Objectivo: treinar a capacidade sob forma alternativa.
Tarefa. Encontrar respostas diferentes das minhas.
Instruções:
a) Partir das suas questões.
b) Encontrar para cada questão a sua resposta.
c) Encontrar respostas diferentes.
d) Reformular a questão sob forma alternativa.
Trabalho individual e/ou em pequenos grupos.

4.º tipo de exercício:
Tarefa: encontrar respostas diferentes a uma questão filosófica apresentada
pelo dada.
Exemplo:
P: que atitude ter face à morte?
R: a fuga; a resignação; a revolta;...
Reformulação : face à morte devemos resignar-nos ou revoltarmo-nos ?

“a reformulação filosófica de uma questão filosófica não se reduz à tomada de
consciência da diversidade de respostas possíveis (...). Mas para o aluno que
vive na evidência da resposta única (mono) há questões não colocadas. Este
exercício é um caminho de ruptura com o hábito enraizado de afirmar e
responder imediatamente.” Tozzi, p.52.




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              9
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi

3    A argumentação


1º tipo de exercício
Objectivo: argumentar a dúvida
Tarefa: levantar uma situação-problema a uma certeza, para de seguida a
questionar

2º tipo de exercício
Objectivo: encantar as teses a argumentar.
Instruções:
  a) quais são as soluções que vos parecem possíveis a esta questão...
  b) dada uma tese, perguntar se há outras teses.
  c) dadas duas teses diferentes ou contraditórias: há uma possível síntese?
  d) ...

3º tipo de exercício:
Objectivo: trabalhar sobre argumentos.
    - encontrar contradições nos argumentos. (lógica)
    - Contradizer um argumento por outro do mesmo tipo (p.ex.: de ordem
        epistemológica).
    - Contradizer um argumento por outro de outra ordem (p.ex.: um ético por
        um económico).
    - Encontrar o argumentação mais forte.

É útil:
   - Distinguir    dois tipos de operações: 1. o esquema geral da
        argumentação. 2. construir um momento argumentativo.

     -    Desenvolver os pré-requisitos das argumentação: ser capaz de
          manipular as articulações lógicas e as estruturas do pensamento que
          eles expressam. : causa-efeito; princípio-consequência; domínio dos
          conectores; ...




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              10
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

 Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
 4  A emergência das representações e o seu tratamento didáctico.
       A reflexão filosófica entra em ruptura com a opinião.
       Antes de qualquer trabalho filosófico os alunos têm representações
 sobre a filosofia e as noções que ela aborda. Não devem ser rejeitadas
 demasiado depressa se quisermos que os alunos reflictam.
       Assim o trabalho deve ter dois momentos:
       1º- analisamos os meios de fazer emergir essas representações;
       2º aplicaremos um meio para operar as rupturas necessárias face ao
       seu desencontro/excesso.

 4.1 A fotolinguagem
        A fotolinguagem permite a emergência da representação a partir do
 “sistema-valores-afectos” do indivíduo.

      Do ponto de vista filosófico, a imagem facilita a expressão da opinião, tal
 como os confrontos favorecem a problematização e a argumentação.

                Instruções:                               Comentários:
1. Perante um conjunto de dez imagens, o 1. A imagem favorece a implicação pessoal e a
   aluno deve escolher:                     escuta do outro. Esta permite, ao aluno,
- a que melhor representa o conceito de     exprimir a raiz afectiva da representação e, ao
   filósofo, de liberdade, de justiça, etc. professor, aperceber-se do porquê das
- a que mais se afasta desse mesmo          resistências à mudança /evolução.
   conceito.

2. O aluno justifica, individualmente e por 2. O trabalho individual e por escrito favorece a
   escrito, as suas escolhas, elaborando       formalização do pensamento.
   uma primeira definição do conceito.

3. O aluno apresenta oralmente, num 3. A comunicação oral diversifica a expressão da
   pequeno grupo ou perante toda a turma, o    representação e implica a relação ao outro.
   comentário às suas imagens e à sua
   definição.
                                            4. Fase do conflito socio-cognitivo.
4. O aluno discute com os colegas.             A discussão permite valorizar a pluralidade de
                                               concepções e clarificar consenso e
                                               divergências.
                                               O contacto com outras concepções favorece e
                                               estimula o desenvolvimento do pensamento.

                                                                  5- ver ponto 2
5. Em seguida, formula, individualmente e
   por escrito, uma nova definição do
   conceito.                                  6- O aluno toma consciência:
                                          ao nível meta-cognitivo, da mudança de uma
6. Por fim, oralmente e/ou por escrito, o representação por confronto com outra;ao nível
   aluno explica o que modificou e porque conceptual, dos elementos de aprofundamento.
   razão o fez.



 Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              11
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi

4.2. O Q-Sort

Objectivo:
Fazer com que os alunos entrem numa situação de conflito socio-cognitivo que
os permita fazer evoluir as suas representações iniciais.


Processo:
       O Q-Sort permite ver a proximidade ou distanciamento da sua
representação com esta ou aquela concepção. Este dispositivo oferece ao
aluno um certo número de definições de uma noção (itens que são
aproximações da noção).
       Ao aluno é dada a possibilidade de escolher positiva ou negativamente
entre essas concepções, de modo a situar-se a partir das suas próprias
representações.
       Depois de se pedir que explique as suas escolhas e as confronte com as
dos outros, é colocado numa situação de conflito sócio-cognitivo que permite
fazer evoluir as suas representações iniciais.


As 4 fases do dispositivo:
      1.ª - Um trabalho individual ao longo do qual cada aluno deve escolher
      as duas definições que lhe parecem mais adequadas, as duas que lhe
      parecem menos pertinentes, justificando as suas preferências e as suas
      rejeições por meio de argumentos escritos.


          2.ª - Um trabalho para pequenos grupos (de 2 a 5) onde os alunos
          expliquem a sua escolha e discutam os seus argumentos (não para
          convencer, mas para compreender).


          3ª - Um trabalho colectivo onde o professor recolhe os argumentos de
          cada um, os pontos-chave discutidos nos grupos, esclarece, confronto,
          critica-os com toda a turma.


          4.ª - Uma síntese magistral onde estas concepções são situadas na
          história, ilustradas pelas divergências e complementaridades dos
          filósofos e onde são referidas as problemáticas.




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              12
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
Exemplo:
“Filosofar é...
     1- Elaborar um questionamento, uma problemática.
     2- Reflectir os problemas que não podem ter soluções cientificas ou
         técnicas.
     3- Tentar resolver os problemas fundamentais do homem.
(...)
     8- Saber escutar o outro, dialogar.
     10- Construir um sistema global de explicação do mundo.
     11- Transformar o mundo, e não apenas interpretá-lo.
(...)
     13- Tornar-se um super-homem.
     15- Agir virtuosamente, por respeito ao dever.
(...)
     18- Elevar a sua alma acima do seu corpo.
     19- Saber se a vida vale a pena ser vivida.
     20- Aprender a morrer.
(...)” 3


Estes itens podem ser esclarecidos de diferentes formas:
   1- Os autores e a sua doutrina (ex. Sócrates (20), Nietzsche (13), Camus
       (19), Hegel (10), Marx (11), ...).
   2- As definições mais obscuras consideradas pelos alunos (ex. 13).
   3- As relações:
          - os caminhos possíveis (ex. 1 à 3);
          - as oposições descobertas (ex. 10 e 11);
          - as afinidades possíveis (ex. 18 e 20).
   4- O vocabulário utilizado (ex. problemática; resolver; questionário;
       solução/ sistema; transformar; alma/corpo; ...).




3
 Michel Tozzi, Appendre à philosopher dans lés lycées d’aujourd’hui, Hachette Éducation, Paris, 1992,
p. 70


Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              13
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
4.2 O dispositivo das palavras-chave.

Objectivo: Fazer com que o aluno mergulhe no seio da linguagem, através das
representações que possui, das dificuldades com que se depara na expressão
das suas ideias e na compreensão das ideias dos outros.

Processo (ex.: da linguagem)

a) Verbalizar as representações em “palavras-chave”.
1º Passo:
O aluno escreve individualmente e em silêncio quatro palavras que exprimam uma
característica essencial da noção em causa (ex.: comunicação), ou que induzam um
problema abordado pela noção em causa (ex.: animais _ Os animais possuem uma
linguagem?)
Comentário: as palavras-definição preparam a conceptualização; as palavras-
problema preparam a problematização.
2º Passo:
Uma vez anotadas as palavras, os alunos devem explicitar por escrito, para cada uma
delas, o porquê das suas escolhas.
Comentário: este é m tempo de reflexão individual.

b) Comunicar, ler as “palavras-chave”.
3º Passo:
A primeira terça parte da turma comunica o que anotou. Os alunos escrevem no
quadro, um por um, uma palavra. Durante este tempo, os outros alunos, lêem essas
palavras em silêncio.

c) Reagir às “palavras-chave”.
4º Passo:
Os alunos do segundo terço da turma devem barrar uma palavra (mesmo já barrada)
com a qual não concordam. Esta pode ser uma palavra que, na sua perspectiva, não
caracteriza essencialmente a noção a ser representada, ou que não induz nenhum
problema referente a ela.
Em silêncio, um por um, os alunos vêm ao quadro barrar a palavra, depois de voltarem
para o lugar, devem anotar as razões que os levaram a escolher essa palavra.
5º Passo:
Os alunos do último terço da turma, sempre em silêncio, devem sublinhar uma palavra
que considerem “palavra-definição” ou uma “palavra-problema”. Um por um, devem
sublinhar uma palavra, mesmo se ela já estiver sublinhada ou barrada; depois de
voltar para o lugar, cada aluno anota as razões que o levaram a sublinhar essa
palavra.
Exemplo:
                         Palavra                         Ensinar                         Enriquecimento

                         Conceito                        Impessoal                       Código

                         Seres vivos                     Comunicação                     Gestos


                         Amor                            Signo                           Dialecto




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                                14
Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário

Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi
Comentário: certos alunos têm por vezes reacções de tipo afectivo quando uma das
suas palavras é barrada ou sublinhada. É necessário esclarecer que esse gesto não
significa que quem a escreveu esteja errado, mas que isso abre um debate de ideias.
Aqui, os alunos justificam o seu processo de trabalho (escrever, barrar, sublinhar)
anotando as razões por escrito, para que seja argumentado. Isto prepara o
seguimento do trabalho colectivo.

   A explicitação colectiva das representações

a) Explicitar os aparentes consensos
O professor começa pelas palavras mais sublinhadas. Em cada uma delas, ele
pergunta àquele que a marcou e depois ao ou aos que a sublinharam a razão da sua
escolha. O professor avalia a realidade dos consensos e isola progressivamente
aqueles que correspondem aos atributos do conceito, tal como aos problemas por ele
abordados.

b) Explicitar as aparentes divergências
O professor toma em atenção as palavras mais barradas, depois a ou as palavras
barradas e sublinhadas, uma por uma. De seguida, pergunta a cada um porquê que
escreveu, barrou ou sublinhou essa palavra. Assim, são reveladas as eventuais
divergências ou os pseudo-consensos.
Comentário: os alunos não discutem entre eles, mas interrogam-se sobre as razões
que os levaram a sublinhar ou barrar as palavras.
No decurso desta troca de ideias, que permite explicitar a escolha de cada um, o
professor faz sínteses parciais e isola os atributos do conceito, tal como, os problemas
encontrados.

   A emergência das problemáticas

a) confrontar as suas representações.
A emergência das problemáticas é possível a partir das divergências reais, que dão
lugar a mini-debates. Estes debates permitem ao aluno, através de curtas
clarificações, delimitar o problema abordado, as teses presentes e os argumentos
avançados.
Comentário: esta etapa é a da confrontação das representações: os mini-debates
devem ser estruturados para formular argumentações precisas e facilitar as sínteses.

b) Formular as questões.

No fim deste dispositivo, o aluno formula por escrito duas ou três questões que lhe
parecem essenciais a propósito do conceito trabalhado ( ex.: linguagem), a partir das
representações pessoas e dos debates que tiveram lugar. Estas questões são
recolhidas pelo professor, numa folha, e dadas aos alunos na aula seguinte.
Comentário: as questões na sua maioria têm, pela sua pertinência, a marca do
trabalho de reflexão efectuado. Elas remetem também para problemáticas
diversificadas e preparam assim o aprofundamento ulterior do tema abordado.
Exemplos de questões formuladas por escrito:
    • Existe uma linguagem universal?
    • Porque é que existem diferentes línguas?
    • A linguagem identifica-se com a palavra?
    • A linguagem é própria do homem?
    • Porque falamos?
Os nossos sentimentos encontram na linguagem um modo de expressão privilegiado?




Isaque Tomé. Junho de 2009                                                                              15

More Related Content

What's hot

Carotid Cavernous Fistula
Carotid Cavernous FistulaCarotid Cavernous Fistula
Carotid Cavernous FistulaRabailQazi
 
Nerve injuries.bhanu
Nerve injuries.bhanuNerve injuries.bhanu
Nerve injuries.bhanubhanu priya u
 
The barrow ruptured aneurysm trial
The barrow ruptured aneurysm trialThe barrow ruptured aneurysm trial
The barrow ruptured aneurysm trialAgung Nugroho
 
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORD
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORDBLOOD SUPPLY OF SPINAL CORD
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORDPGINeurosurgery
 
Galeazzi fracture dislocation
Galeazzi fracture dislocationGaleazzi fracture dislocation
Galeazzi fracture dislocationMd Ashiqur Rahman
 
191105 osteochondroma and hme
191105 osteochondroma and hme191105 osteochondroma and hme
191105 osteochondroma and hmeDr MADAN MOHAN
 
Facial nerve injuries symptoms, treatment
Facial nerve injuries symptoms, treatmentFacial nerve injuries symptoms, treatment
Facial nerve injuries symptoms, treatmentmalaak jamal
 
Minimally invasive spine surgeries (MISS)
Minimally invasive spine surgeries (MISS)Minimally invasive spine surgeries (MISS)
Minimally invasive spine surgeries (MISS)Apollo Hospitals
 
Venous drainage of brain
Venous drainage of brainVenous drainage of brain
Venous drainage of brainRati Tandon
 
Apology Letter for not Coming to Work.docx
Apology Letter for not Coming to Work.docxApology Letter for not Coming to Work.docx
Apology Letter for not Coming to Work.docxMarkVincenGuindanao1
 
3rd cranial nerve :Oculomotor nerve
3rd cranial nerve :Oculomotor nerve3rd cranial nerve :Oculomotor nerve
3rd cranial nerve :Oculomotor nerveKiran Suwal
 
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgery
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgeryUse of bisphosphonates in orthopaedic surgery
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgeryLove2jaipal
 
148 Skull tumour & GB 21.4 skull tumors
148 Skull tumour & GB  21.4 skull tumors148 Skull tumour & GB  21.4 skull tumors
148 Skull tumour & GB 21.4 skull tumorsNeurosurgery Vajira
 
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°Murali Chand Nallamothu
 

What's hot (20)

Carotid Cavernous Fistula
Carotid Cavernous FistulaCarotid Cavernous Fistula
Carotid Cavernous Fistula
 
Biology of nerve injury and repair
Biology of nerve injury and repairBiology of nerve injury and repair
Biology of nerve injury and repair
 
Nerve injuries.bhanu
Nerve injuries.bhanuNerve injuries.bhanu
Nerve injuries.bhanu
 
The barrow ruptured aneurysm trial
The barrow ruptured aneurysm trialThe barrow ruptured aneurysm trial
The barrow ruptured aneurysm trial
 
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORD
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORDBLOOD SUPPLY OF SPINAL CORD
BLOOD SUPPLY OF SPINAL CORD
 
Galeazzi fracture dislocation
Galeazzi fracture dislocationGaleazzi fracture dislocation
Galeazzi fracture dislocation
 
Nerve injury
Nerve injuryNerve injury
Nerve injury
 
191105 osteochondroma and hme
191105 osteochondroma and hme191105 osteochondroma and hme
191105 osteochondroma and hme
 
Trigeminal nerve ppt
Trigeminal nerve ppt  Trigeminal nerve ppt
Trigeminal nerve ppt
 
Bone morphogenic proteins
Bone morphogenic proteinsBone morphogenic proteins
Bone morphogenic proteins
 
Chiarimalformation
ChiarimalformationChiarimalformation
Chiarimalformation
 
Facial nerves
Facial nervesFacial nerves
Facial nerves
 
Facial nerve injuries symptoms, treatment
Facial nerve injuries symptoms, treatmentFacial nerve injuries symptoms, treatment
Facial nerve injuries symptoms, treatment
 
Minimally invasive spine surgeries (MISS)
Minimally invasive spine surgeries (MISS)Minimally invasive spine surgeries (MISS)
Minimally invasive spine surgeries (MISS)
 
Venous drainage of brain
Venous drainage of brainVenous drainage of brain
Venous drainage of brain
 
Apology Letter for not Coming to Work.docx
Apology Letter for not Coming to Work.docxApology Letter for not Coming to Work.docx
Apology Letter for not Coming to Work.docx
 
3rd cranial nerve :Oculomotor nerve
3rd cranial nerve :Oculomotor nerve3rd cranial nerve :Oculomotor nerve
3rd cranial nerve :Oculomotor nerve
 
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgery
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgeryUse of bisphosphonates in orthopaedic surgery
Use of bisphosphonates in orthopaedic surgery
 
148 Skull tumour & GB 21.4 skull tumors
148 Skull tumour & GB  21.4 skull tumors148 Skull tumour & GB  21.4 skull tumors
148 Skull tumour & GB 21.4 skull tumors
 
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°
Cranio vertebral junction / Foramen magnum 360°
 

Similar to Tozzi (20)

Artigo Bonin teoria
Artigo Bonin teoriaArtigo Bonin teoria
Artigo Bonin teoria
 
Artigo bonin teoria
Artigo bonin teoriaArtigo bonin teoria
Artigo bonin teoria
 
Artigo Bonin teoria
Artigo Bonin teoriaArtigo Bonin teoria
Artigo Bonin teoria
 
Guia da disciplina Didática
Guia da disciplina DidáticaGuia da disciplina Didática
Guia da disciplina Didática
 
OT Filosofia
OT FilosofiaOT Filosofia
OT Filosofia
 
Ebook
EbookEbook
Ebook
 
Ebook
EbookEbook
Ebook
 
Educação de Jovens e Adultos
Educação de Jovens e Adultos Educação de Jovens e Adultos
Educação de Jovens e Adultos
 
Atitude critica
Atitude criticaAtitude critica
Atitude critica
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofia
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofia
 
Trabalho de filosofia
Trabalho de filosofiaTrabalho de filosofia
Trabalho de filosofia
 
formacao_filosofia_revisada_23_04.pdfhgu
formacao_filosofia_revisada_23_04.pdfhguformacao_filosofia_revisada_23_04.pdfhgu
formacao_filosofia_revisada_23_04.pdfhgu
 
620 2268-1-pb
620 2268-1-pb620 2268-1-pb
620 2268-1-pb
 
Metodo e materialismo hist
Metodo e materialismo histMetodo e materialismo hist
Metodo e materialismo hist
 
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdffilosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
 
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdffilosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
filosofia-da-educação-ISBN-ED-CAMPO.pdf
 
Alfabetizacao teoria-pratica
Alfabetizacao teoria-praticaAlfabetizacao teoria-pratica
Alfabetizacao teoria-pratica
 
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_nciasMortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
Mortimer e scott___2002___atividade_discursiva_nas_salas_de_aula_de_ci_ncias
 
Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1Atividade discursiva-1
Atividade discursiva-1
 

More from Isaque Tomé

Histórias com ciência na be
Histórias com ciência na beHistórias com ciência na be
Histórias com ciência na beIsaque Tomé
 
Maratona de cartas jaime
Maratona de cartas jaimeMaratona de cartas jaime
Maratona de cartas jaimeIsaque Tomé
 
Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018Isaque Tomé
 
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018
Plano Filosofia 10.º -  2017-2018Plano Filosofia 10.º -  2017-2018
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018Isaque Tomé
 
Filosofia - definição
Filosofia - definiçãoFilosofia - definição
Filosofia - definiçãoIsaque Tomé
 
Ação humana 10 c 1
Ação humana 10 c  1Ação humana 10 c  1
Ação humana 10 c 1Isaque Tomé
 
Ação humana - trabalho 1
Ação humana - trabalho 1Ação humana - trabalho 1
Ação humana - trabalho 1Isaque Tomé
 
A Retórica e a história do pensamento
A Retórica e a história do pensamentoA Retórica e a história do pensamento
A Retórica e a história do pensamentoIsaque Tomé
 
Crit reg filosofia_ 2012-13
Crit reg filosofia_ 2012-13Crit reg filosofia_ 2012-13
Crit reg filosofia_ 2012-13Isaque Tomé
 
Análise da Retórica de um anúncio publicitário
Análise da Retórica de um anúncio publicitárioAnálise da Retórica de um anúncio publicitário
Análise da Retórica de um anúncio publicitárioIsaque Tomé
 
Retorica da publicidade
Retorica da publicidadeRetorica da publicidade
Retorica da publicidadeIsaque Tomé
 
Argumentos e Falácias
Argumentos e FaláciasArgumentos e Falácias
Argumentos e FaláciasIsaque Tomé
 
Trabalho filosofia
Trabalho filosofiaTrabalho filosofia
Trabalho filosofiaIsaque Tomé
 
Estado e homem livre
Estado e homem livreEstado e homem livre
Estado e homem livreIsaque Tomé
 
Falácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retóricaFalácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retóricaIsaque Tomé
 
Plano filosofia 11 2011 2012
Plano filosofia 11 2011 2012Plano filosofia 11 2011 2012
Plano filosofia 11 2011 2012Isaque Tomé
 
Plano filosofia 10 2011 2012
Plano filosofia 10 2011 2012Plano filosofia 10 2011 2012
Plano filosofia 10 2011 2012Isaque Tomé
 
D3 qs homem vs animal 1
D3 qs homem vs animal 1D3 qs homem vs animal 1
D3 qs homem vs animal 1Isaque Tomé
 

More from Isaque Tomé (20)

Histórias com ciência na be
Histórias com ciência na beHistórias com ciência na be
Histórias com ciência na be
 
Maratona de cartas jaime
Maratona de cartas jaimeMaratona de cartas jaime
Maratona de cartas jaime
 
Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018
 
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018
Plano Filosofia 10.º -  2017-2018Plano Filosofia 10.º -  2017-2018
Plano Filosofia 10.º - 2017-2018
 
Filosofia - definição
Filosofia - definiçãoFilosofia - definição
Filosofia - definição
 
Ação humana 10 c 1
Ação humana 10 c  1Ação humana 10 c  1
Ação humana 10 c 1
 
Ação humana - trabalho 1
Ação humana - trabalho 1Ação humana - trabalho 1
Ação humana - trabalho 1
 
A Retórica e a história do pensamento
A Retórica e a história do pensamentoA Retórica e a história do pensamento
A Retórica e a história do pensamento
 
Crit reg filosofia_ 2012-13
Crit reg filosofia_ 2012-13Crit reg filosofia_ 2012-13
Crit reg filosofia_ 2012-13
 
Análise da Retórica de um anúncio publicitário
Análise da Retórica de um anúncio publicitárioAnálise da Retórica de um anúncio publicitário
Análise da Retórica de um anúncio publicitário
 
Retorica da publicidade
Retorica da publicidadeRetorica da publicidade
Retorica da publicidade
 
Argumentos e Falácias
Argumentos e FaláciasArgumentos e Falácias
Argumentos e Falácias
 
Trabalho filosofia
Trabalho filosofiaTrabalho filosofia
Trabalho filosofia
 
Catia e cristiana
Catia e cristianaCatia e cristiana
Catia e cristiana
 
Estado e homem livre
Estado e homem livreEstado e homem livre
Estado e homem livre
 
Falácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retóricaFalácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retórica
 
Plano filosofia 11 2011 2012
Plano filosofia 11 2011 2012Plano filosofia 11 2011 2012
Plano filosofia 11 2011 2012
 
Plano filosofia 10 2011 2012
Plano filosofia 10 2011 2012Plano filosofia 10 2011 2012
Plano filosofia 10 2011 2012
 
D3 mc rede accao
D3 mc rede accaoD3 mc rede accao
D3 mc rede accao
 
D3 qs homem vs animal 1
D3 qs homem vs animal 1D3 qs homem vs animal 1
D3 qs homem vs animal 1
 

Recently uploaded

Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasCasa Ciências
 
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxOrações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxKtiaOliveira68
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaJúlio Sandes
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 

Recently uploaded (20)

Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
 
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxOrações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 

Tozzi

  • 1. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Metodologia do ensino da filosofia A obra de M. Tozzi. 1 (1992) e sua explicitação a partir de Neves Vicente (doc. policopiados) “Pensamos que o ensino da Filosofia é para a pessoa um direito de estimulação intelectual para compreender o mundo e aí agir e para o estado republicano uma obrigação de promover o espírito dialogante, construtivo e crítico, necessário à actividade participativa do cidadão numa democracia.” (Tozzi, p. 22.) A crise no ensino da filosofia tem as seguintes componentes: Massificação Estruturais: a Filosofia é ela mesma crítica e interpelante de si mesmo. Conjunturais: - Epistemológicas – usurpação do seu campo pelas C. Humanas; - Sociológicas – institucionalização ideológica conformista - Axiológicas – substituição pelos referentes técnicos e económicos dos referentes humanos clássicos Indicadores da crise: - défice de utilidade profissional; perda de prestígio da disciplina; - baixo reconhecimento social e institucional da disciplina; - baixos resultados escolares. Problemas técnico-pedagógicos a ultrapassar: - número de alunos por turma; - diversidade cultural dos alunos; - (ausência de competências linguisticas); - (ensino centrado nos conteúdos e na lógica do ensino); - (atraso na investigação didáctica); - (ausência do protocolos linguísticos, procedimentais e avaliativos) ... face tudo isto, e postulando a educabilidade de todos como exigência ética, impõe-se a necessidade de fazer uma Revolução Coperniciana da pedagogia da filosofia, uma vez que ”a lógica da aprendizagem não é a vossa lógica de ensino”. Assim, a questão “o que lhes vou e devo eu dizer?” deve ser substituída pela “que devo fazer-lhes fazer, para que seja capazes (capacidades e competências) de, por exemplo, problematizar.”(p.27). 1 M. Tozzi. 1992. apprendre a philosopher dans les lycées d’aujourd’hui, Paris Isaque Tomé. Junho de 2009 1
  • 2. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Os objectivos no ensino da filosofia. Problema: A tensão entre serem muito amplos e não cumprirem a função de guias do trabalho do aluno, do professor e da avaliação e o de serem comportamentalistas, e assim redutores da actividade e pensamento humano (não olhando aos processos cognitivos e intelectuais mas só ao seu produto). Os objectivos de uma disciplina permitem: - centrar a actividade sobre a aprendizagem do aluno (em vez de servirem só o ensino); - utilizar uma linguagem comum entre professores e alunos; - esclarecer pela explicação dos objectivos a pertinência das estratégias (e actividades) para os cumprir; - melhor avaliar, pois não só o aluno sabe o que lhe é pedido como a avaliação entre professores (e correctores) é mais homogénea. “Uma finalidade sem tradução concreta em objectivos (e os critérios??) precisos torna-se e é impossível de avaliar” . Contudo a excessiva comportamentalização dos objectivos traz problemas no ensino da filosofia, pois os Objectivos comportamentalistas são reducionistas 2 , uma vez que: - “objectives bornés au court terme de l’examen » - obsessão com o programa e sua reprodução. - predominância do produto final e dos conteúdos sobre os processos. Tozzi propõe uma aproximação mentalista dos objectivos (p.33), pois... “As operações mentais, fundamentais em filosofia, são enquanto tais inobserváveis, a problematização (por exemplo) é duma complexidade que escapa as classificações habituais das actividades cognitivas” Contudo, face a isto, não é de deitar fora a pedagogia por objectivos, uma vez que eles têm potencialidades (já referidas). Trata-se de colocar no papel, tornar claro (objectivado e intersubjectivo): - o que se espera do aluno; - e que ele saiba o que se espera dele, em termos de tarefas precisas e o mais possível observáveis. É neste sentido que Tozzi afirma (p.33) : « il peut être pour sa pratique pédagogique, lorsqu’on ne s’est pas encore suffisamment précise ses propres objectives, et les a encore moins traduits en capacités de l’apprenant, de s’entraîner à une telle formulation, parce qu’elle oblige à mettre sur le papier ce qu’on attend de l’élève en termes de tâches précises, accessibles, le plus possible observables. » 2 nos EUA, onde surge a pedagogia por objectivos com Bloom – que desenvolve as pedagogias condutivistas e teorias técnicas curriculares de Tayler e outros – está hoje num processo de reequacionamento do comportamentalismo Isaque Tomé. Junho de 2009 2
  • 3. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Os objectivos-PEF Tranversais a todo o programa, construtores/activos na aprendizagem do filosofar, numa perspectiva mentalista (cognitivista) e, como tal, interessam-se pela “caixa negra dos processos de pensamento. 1) ser capaz de conceptualizar filosoficamente uma noção; 2) ser capaz de problematizar filosoficamente uma questão, ou uma noção; 3) ser capaz de argumentar filosoficamente uma tese. Estes objectivos podem ser articulados entre si. Estes objectivos traduzem um conceito didáctico que formula um compromisso dinâmico entre a forma como deve ser ensinado e a forma como deve ser aprendido, Os objectivos PEF estão subjacentes às competências a adquirir, orientam a organização e procedimentos das tarefas que incentivam essas competências e colocam-se como objectivos gerais finais, ou pelo menos configuram estes no que diz respeito às competências filosóficas, comunicacionais e argumentativas, servindo, assim, a aprendizagem do pensar (no sentido de abordagem/caminhar intelectual). Os objectivos PEF dão uma estrutura e sentido ao programa e à avaliação. - ao programa, “pois o que é uma noção filosófica, senão um campo de interrogações que reclamam a conceptualização e a problematização? Esses processos são por consequência transversais a toda a lista de noções, eles animam metodologicamente o conteúdo” (...) - à avaliação, “nos exames ou nas provas que os precedem, pois o que se atende numa dissertação filosófica senão à articulação coerente da problematização da questão, da conceptualização das suas noções e da construção de uma argumentação pertinente?”(p.35) O que é o programa de filosofia ou um texto filosófico “senão um esforço rigoroso de filosofar para colocar os problemas, conceptualizar as noções e argumentar as teses?” (p.36) ”Tornar o aluno capaz de conceptualizar, de problematizar e de argumentar é, em consequência, ter o fio condutor metodológico, para entrar (guiar) o programa, tratar filosoficamente uma dissertação, preparar o exame e (...) aprender a filosofar.” (p.36) Os três objectivos nucleares da aprendizagem do filosofar, segundo Michel Tozzi, são: a conceptualização de uma noção, a problematização de uma questão e a argumentação de uma tese. Estes estão relacionados com os processos fundamentais do próprio pensamento filosófico. Assim, o primeiro objectivo nuclear reside, precisamente, na capacidade de conceptualizar uma noção. Não existe propriamente reflexão em Filosofia se não formos capazes de conceptualizar noções. Isaque Tomé. Junho de 2009 3
  • 4. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 1. A conceptualização Uma noção tem um tripla relação, pois remete para - a linguagem, uma vez que ela é expressa por uma palavra (S) integrado num sistema de comunicação - o pensar, porque reenvia para uma ideia ou conceito; - o real, porque o conceito é um objecto de pensamento visando o real. “toda a filosofia não é ela uma forma de articular, de maneira original, o pensar, a linguagem e o real?” Podemos conceptualizar uma noção: - elaborando o sentido do seu conceito por um trabalho sobre a linguagem (etimologia, história, semântica, a partir de sinónimos e antónimos, destinguindo usos correntes e filosóficos); - pela problematização, colocando em dúvida (questionamento) as suas representações espontâneas e convencionais ou da sua relação interrogativa com outras noções. - Construindo o seu conceito como instrumento de inteligibilidade do real a partir dos seus domínios de aplicação (a noção de lei em ciência, ética, política, estética,...) 1.1 A aproximação linguística: Objectivo: clarificação do sentido da noção pela explicitação das palavras que exprimem o conceito (da palavra ao conceito). 1.1.1 Exploração da etimologia, da história e evolução semântica de uma noção. 1.1.2 explicitação do significado linguístico corrente, 1.1.3 explicitação mediante a dos seus sinónimos e antónimos, 1.1.4 distinguindo usos correntes e filosóficos. 1.2 Aproximação predicativa – trabalho sobre os atributos de uma noção Objectivo: elaboração conceptual de uma noção pela determinação da sua compreensão. (da ideia-noção aos seus atributos). Ex.: Liberdade: conhecimento (consciência); constrangimento; possível; razões (justificações). 1.3 Aproximação extensiva – trabalho sobre os campos de aplicação de uma noção. Objectivo: reconstrução conceptual de uma noção como instrumento de inteligibilidade do real. - pela análise dos campos de aplicação, com vista à sua reconstrução. 1.4 Aproximação representativa Isaque Tomé. Junho de 2009 4
  • 5. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 1.5 A aproximação metafórica do conceito - Trabalho com base no pensamento analógico - Fazer apelo à metáfora para daí permitir /desenvolver/formular representações de uma noção (o que permite posterior problematização) - Implica alguma criatividade (no processo) ao serviço de uma estratégia de abstracção. - Implica uma representação progressiva (e não tanto a definição de conceitos pela identificação lógica dos atributos). - A metáfora permite uma aproximação ao conceito sem que o aluno seja obrigado a dominar o discurso racional e abstracto. Descrição metodológica: 1 Pedir ao aluno que traduza em imagem um conceito que iremos examinar – trata-se de procurar configurações concretas ou imaginárias. 2 Explicação e racionalização da analogia: - o aluno deverá tentar formular a relação entre as suas imagens e o conceito, - é-lhe pedido para precisar o elemento essencial que retira dessa análise 3 A partir dos elementos formais deve construir uma definição aproximada (mas explícita) – isto será o ponto de partida para o aprofundamento filosófico. 1.5. O método da indução guiada por contrastes – baseia-se no pensamento indutivo Como solicitar ao aluno, logo desde o início do ano, que conceptualize uma noção? Como ajudar o aluno a superar a opinião corrente e a introduzir-se no verdadeiro questionamento filosófico? O método de indução guiada por contraste é um procedimento pedagógico que se centra fundamentalmente na actividade mental do aluno. O princípio geral deste procedimento pode ser aplicado ao ensino da Filosofia em todos os inícios de ano, a propósito do "questionamento filosófico." Consiste este método em propor questões filosóficas e questões não filosóficas (como a função de contra - exemplos). Assim, cabe aos alunos identificar os critérios de classificação implícitos, determinar de modo progressivo as características ou atributos do conceito apresentado e, por fim, chegar a uma definição desse conceito o mais completa possível. Este método permite também ao professor fazer com que os alunos reflictam sobre os obstáculos que encontram ao longo da realização dos exercícios e sobre as diferentes estratégias mentais que utilizaram para superar as dificuldades, estratégias mentais essas que poderão utilizar ulteriormente em outros contextos, com mais experiência e autonomia. Qual a exigência pedagógica deste método? Este implica que, antes de qualquer transmissão do saber, o professor determine o nível de complexidade através do qual quer abordar o conceito: de que conteúdo essencial tem o aluno necessidade?, como estruturar esse conteúdo ? Isaque Tomé. Junho de 2009 5
  • 6. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Fases deste método: 1.ª fase: O professor dá ao aluno cinco pares de questões numeradas de 1 a 10. Cada aluno, dadas as questões, deve procurar (individualmente num 1ª momento e por escrito) em cada par o ponto comum e depois a diferença entre as questões; em todas as questões "ímpares" os pontos comuns; em todas as questões "pares" os pontos comuns e finalmente, entre diferenças. Esta análise das perguntas e as respostas dadas permitem caracterizar certos atributos do "questionamento filosófico". Por exemplo, o aluno poderá chegar à conclusão de que o "questionamento filosófico" é aquele que suscita tomadas de posição, exige um julgamento pessoal, diz respeito a todo o mundo. 2.ª fase: Os alunos recebem sete pares de questões desordenadas, nas quais as oposições são menos claras que as precedentes. Ao aluno é pedido que, face a estas questões, distinga as que têm um carácter filosófico das que não têm, justificando a sua escolha. O aluno confronta, assim, os atributos do questionamento filosófico anteriormente adquiridos, mas relacionados agora com questões de tipo diferente. Assim, o aluno pode compreender também que um mesmo tema ou domínio pode ser encarado filosoficamente ou não, tomando assim consciência da especificidade própria do questionar em Filosofia. O trabalho pode ser aprofundado em pequenos grupos que comparam trabalhos 3.ª fase: As definições dos pequenos grupos de alunos são lidas à turma: os alunos devem escolher os atributos que são consensuais e os que não são. No término deste debate, cada um redige individualmente a definição filosófica à qual chegou. 4.ª fase: Os alunos recebem uma lista de 14 questões, também elas desordenadas. Verificam-se colectivamente as questões propostas. Seguidamente, uma outra lista é apresentada, mas certas questões nesta lista são equívocas, ou seja, elas podem ser tomadas de vários pontos de vista (jurídico, científico e filosófico). Aqui, o que se pretende evidenciar é o facto de que uma mesma questão não tem uma só leitura possível. Última fase: Passa pela produção pessoal de um questionário. Os alunos são convidados a redigir individualmente questões unicamente filosóficas, cada uma sobre um tema. Este método tem um interesse muito particular porque introduz os alunos no questionamento filosófico através de uma lógica pedagógica que inicia ao filosofar. Isaque Tomé. Junho de 2009 6
  • 7. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi A título de exemplo, Tozzi mostra-nos o resultado da aplicação deste método numa turma. Assim, eis as definições que esta turma deu para "questionamento filosófico": "o questionamento filosófico, que tem uma forma geral e abstracta, reporta-se a todas as dimensões da existência humana. Ele refere-se a todo o Homem."; "ele põe em causa todas as ideias pré-concebidas, as respostas fáceis e definitivas: interroga-as sobre o seu sentido: Ele faz apelo ao espírito crítico mas exige que se esteja atento a ideias que não são nossas."; "ele implica debates onde cada um deve procurar argumentos razoáveis e coerentes entre eles. Ele debruça-se sobre respostas pessoais que um dia serão ainda interrogadas. " Concluindo, podemos afirmar que este método privilegia o pensamento indutivo, pois é muito guiado, não permitindo encontrar na formulação final senão os atributos anteriormente determinados. Este método será portanto o mais adequado quando se pretende elaborar definições mais consensuais, como é o exemplo da definição de "questionamento filosófico". Este método tem também o mérito de se centrar no aluno e na sua lógica de aprendizagem, suscitando-lhe vontade de aprender. 1.º tipo de exercício: Objectivo: treinar a capacidade de questionar uma pseudo-evidência Tarefa: colocar a questão filosófica implícita numa opinião/resposta. 2.º tipo de exercício: Partir das suas concepções, implicando directamente o aluno Tarefa: encontrar a questões filosóficas nas suas próprias respostas 3.º tipo de exercício: Objectivo: treinar a capacidade de questionar sob forma alternativa Tarefa: encontrar respostas diferentes das minhas e depois reformulara questão sob forma alternativa 4.º tipo de exercício: Tarefa: encontrar as respostas diferentes a uma questão filosófica dada. tema A morte A minha questão Há vida após a morte A minha resposta Não, a morte é o fim Respostas diferentes Sim, pela reencarnação Sim, pela ressurreição Reformulação A morte, é ela o fim ou uma nova vida? Isaque Tomé. Junho de 2009 7
  • 8. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 2 A problematização A nível metodológico é útil clarificar: - o que é um problema filosófico; - o que é problematizar, em filosofia; - o que é uma problemática. problematizar supõe as seguintes capacidades: - questionar, ou seja, colocar em questão, colocar em dúvida uma afirmação; - descobrir, a partir de uma noção ou na relação entre conceitos ou numa questão um problema filosófico; - formular um problema sob forma alternativa – permitindo diversas respostas (constatando-se a sua consistência pelos argumentos e consequências) – trabalho de matacognição. O processo de problematização: questão a conjectura o debate recolocar inicial da a questão é em si um situação-problema obstáculo 1.º tipo de exercício: Objectivo: treinar a capacidade de questionar uma pseudo-evidência. Tarefa: encontrar a questão filosófica implícita numa opinião-resposta. Este exercício desorienta mas interessa os alunos. Após um primeiro trabalho individual e em pequenos grupos, é frutuoso pela diversidade de questões colocadas em plenário de turma. Aqui terá de se distinguir as questões filosóficas da não filosóficas. 2.º tipo de exercícios: Para implicar directamente o aluno, podemos partir das suas próprias conjecturas/opiniões/preconceitos. Tarefa: encontrar as questões filosóficas das minhas respostas Indicações: 1. escrevam uma das vossas certezas acerca da seguinte noção filosófica (ex. Deus; vida; liberdade;...). 2. procurem uma das questões filosóficas à qual a vossa certeza (Deus é uma criação humana) forneça uma resposta positiva ou negativa (ex. Deus existe?). trata-se de fazer com que o aluno, primeiro por reflexão individual, depois por confrontação com o grupo se aproprie da démarche do questionamento filosófico. Isaque Tomé. Junho de 2009 8
  • 9. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 3º tipo de exercício (consequente do 2º): Objectivo: treinar a capacidade sob forma alternativa. Tarefa. Encontrar respostas diferentes das minhas. Instruções: a) Partir das suas questões. b) Encontrar para cada questão a sua resposta. c) Encontrar respostas diferentes. d) Reformular a questão sob forma alternativa. Trabalho individual e/ou em pequenos grupos. 4.º tipo de exercício: Tarefa: encontrar respostas diferentes a uma questão filosófica apresentada pelo dada. Exemplo: P: que atitude ter face à morte? R: a fuga; a resignação; a revolta;... Reformulação : face à morte devemos resignar-nos ou revoltarmo-nos ? “a reformulação filosófica de uma questão filosófica não se reduz à tomada de consciência da diversidade de respostas possíveis (...). Mas para o aluno que vive na evidência da resposta única (mono) há questões não colocadas. Este exercício é um caminho de ruptura com o hábito enraizado de afirmar e responder imediatamente.” Tozzi, p.52. Isaque Tomé. Junho de 2009 9
  • 10. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 3 A argumentação 1º tipo de exercício Objectivo: argumentar a dúvida Tarefa: levantar uma situação-problema a uma certeza, para de seguida a questionar 2º tipo de exercício Objectivo: encantar as teses a argumentar. Instruções: a) quais são as soluções que vos parecem possíveis a esta questão... b) dada uma tese, perguntar se há outras teses. c) dadas duas teses diferentes ou contraditórias: há uma possível síntese? d) ... 3º tipo de exercício: Objectivo: trabalhar sobre argumentos. - encontrar contradições nos argumentos. (lógica) - Contradizer um argumento por outro do mesmo tipo (p.ex.: de ordem epistemológica). - Contradizer um argumento por outro de outra ordem (p.ex.: um ético por um económico). - Encontrar o argumentação mais forte. É útil: - Distinguir dois tipos de operações: 1. o esquema geral da argumentação. 2. construir um momento argumentativo. - Desenvolver os pré-requisitos das argumentação: ser capaz de manipular as articulações lógicas e as estruturas do pensamento que eles expressam. : causa-efeito; princípio-consequência; domínio dos conectores; ... Isaque Tomé. Junho de 2009 10
  • 11. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 4 A emergência das representações e o seu tratamento didáctico. A reflexão filosófica entra em ruptura com a opinião. Antes de qualquer trabalho filosófico os alunos têm representações sobre a filosofia e as noções que ela aborda. Não devem ser rejeitadas demasiado depressa se quisermos que os alunos reflictam. Assim o trabalho deve ter dois momentos: 1º- analisamos os meios de fazer emergir essas representações; 2º aplicaremos um meio para operar as rupturas necessárias face ao seu desencontro/excesso. 4.1 A fotolinguagem A fotolinguagem permite a emergência da representação a partir do “sistema-valores-afectos” do indivíduo. Do ponto de vista filosófico, a imagem facilita a expressão da opinião, tal como os confrontos favorecem a problematização e a argumentação. Instruções: Comentários: 1. Perante um conjunto de dez imagens, o 1. A imagem favorece a implicação pessoal e a aluno deve escolher: escuta do outro. Esta permite, ao aluno, - a que melhor representa o conceito de exprimir a raiz afectiva da representação e, ao filósofo, de liberdade, de justiça, etc. professor, aperceber-se do porquê das - a que mais se afasta desse mesmo resistências à mudança /evolução. conceito. 2. O aluno justifica, individualmente e por 2. O trabalho individual e por escrito favorece a escrito, as suas escolhas, elaborando formalização do pensamento. uma primeira definição do conceito. 3. O aluno apresenta oralmente, num 3. A comunicação oral diversifica a expressão da pequeno grupo ou perante toda a turma, o representação e implica a relação ao outro. comentário às suas imagens e à sua definição. 4. Fase do conflito socio-cognitivo. 4. O aluno discute com os colegas. A discussão permite valorizar a pluralidade de concepções e clarificar consenso e divergências. O contacto com outras concepções favorece e estimula o desenvolvimento do pensamento. 5- ver ponto 2 5. Em seguida, formula, individualmente e por escrito, uma nova definição do conceito. 6- O aluno toma consciência: ao nível meta-cognitivo, da mudança de uma 6. Por fim, oralmente e/ou por escrito, o representação por confronto com outra;ao nível aluno explica o que modificou e porque conceptual, dos elementos de aprofundamento. razão o fez. Isaque Tomé. Junho de 2009 11
  • 12. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 4.2. O Q-Sort Objectivo: Fazer com que os alunos entrem numa situação de conflito socio-cognitivo que os permita fazer evoluir as suas representações iniciais. Processo: O Q-Sort permite ver a proximidade ou distanciamento da sua representação com esta ou aquela concepção. Este dispositivo oferece ao aluno um certo número de definições de uma noção (itens que são aproximações da noção). Ao aluno é dada a possibilidade de escolher positiva ou negativamente entre essas concepções, de modo a situar-se a partir das suas próprias representações. Depois de se pedir que explique as suas escolhas e as confronte com as dos outros, é colocado numa situação de conflito sócio-cognitivo que permite fazer evoluir as suas representações iniciais. As 4 fases do dispositivo: 1.ª - Um trabalho individual ao longo do qual cada aluno deve escolher as duas definições que lhe parecem mais adequadas, as duas que lhe parecem menos pertinentes, justificando as suas preferências e as suas rejeições por meio de argumentos escritos. 2.ª - Um trabalho para pequenos grupos (de 2 a 5) onde os alunos expliquem a sua escolha e discutam os seus argumentos (não para convencer, mas para compreender). 3ª - Um trabalho colectivo onde o professor recolhe os argumentos de cada um, os pontos-chave discutidos nos grupos, esclarece, confronto, critica-os com toda a turma. 4.ª - Uma síntese magistral onde estas concepções são situadas na história, ilustradas pelas divergências e complementaridades dos filósofos e onde são referidas as problemáticas. Isaque Tomé. Junho de 2009 12
  • 13. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Exemplo: “Filosofar é... 1- Elaborar um questionamento, uma problemática. 2- Reflectir os problemas que não podem ter soluções cientificas ou técnicas. 3- Tentar resolver os problemas fundamentais do homem. (...) 8- Saber escutar o outro, dialogar. 10- Construir um sistema global de explicação do mundo. 11- Transformar o mundo, e não apenas interpretá-lo. (...) 13- Tornar-se um super-homem. 15- Agir virtuosamente, por respeito ao dever. (...) 18- Elevar a sua alma acima do seu corpo. 19- Saber se a vida vale a pena ser vivida. 20- Aprender a morrer. (...)” 3 Estes itens podem ser esclarecidos de diferentes formas: 1- Os autores e a sua doutrina (ex. Sócrates (20), Nietzsche (13), Camus (19), Hegel (10), Marx (11), ...). 2- As definições mais obscuras consideradas pelos alunos (ex. 13). 3- As relações: - os caminhos possíveis (ex. 1 à 3); - as oposições descobertas (ex. 10 e 11); - as afinidades possíveis (ex. 18 e 20). 4- O vocabulário utilizado (ex. problemática; resolver; questionário; solução/ sistema; transformar; alma/corpo; ...). 3 Michel Tozzi, Appendre à philosopher dans lés lycées d’aujourd’hui, Hachette Éducation, Paris, 1992, p. 70 Isaque Tomé. Junho de 2009 13
  • 14. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi 4.2 O dispositivo das palavras-chave. Objectivo: Fazer com que o aluno mergulhe no seio da linguagem, através das representações que possui, das dificuldades com que se depara na expressão das suas ideias e na compreensão das ideias dos outros. Processo (ex.: da linguagem) a) Verbalizar as representações em “palavras-chave”. 1º Passo: O aluno escreve individualmente e em silêncio quatro palavras que exprimam uma característica essencial da noção em causa (ex.: comunicação), ou que induzam um problema abordado pela noção em causa (ex.: animais _ Os animais possuem uma linguagem?) Comentário: as palavras-definição preparam a conceptualização; as palavras- problema preparam a problematização. 2º Passo: Uma vez anotadas as palavras, os alunos devem explicitar por escrito, para cada uma delas, o porquê das suas escolhas. Comentário: este é m tempo de reflexão individual. b) Comunicar, ler as “palavras-chave”. 3º Passo: A primeira terça parte da turma comunica o que anotou. Os alunos escrevem no quadro, um por um, uma palavra. Durante este tempo, os outros alunos, lêem essas palavras em silêncio. c) Reagir às “palavras-chave”. 4º Passo: Os alunos do segundo terço da turma devem barrar uma palavra (mesmo já barrada) com a qual não concordam. Esta pode ser uma palavra que, na sua perspectiva, não caracteriza essencialmente a noção a ser representada, ou que não induz nenhum problema referente a ela. Em silêncio, um por um, os alunos vêm ao quadro barrar a palavra, depois de voltarem para o lugar, devem anotar as razões que os levaram a escolher essa palavra. 5º Passo: Os alunos do último terço da turma, sempre em silêncio, devem sublinhar uma palavra que considerem “palavra-definição” ou uma “palavra-problema”. Um por um, devem sublinhar uma palavra, mesmo se ela já estiver sublinhada ou barrada; depois de voltar para o lugar, cada aluno anota as razões que o levaram a sublinhar essa palavra. Exemplo: Palavra Ensinar Enriquecimento Conceito Impessoal Código Seres vivos Comunicação Gestos Amor Signo Dialecto Isaque Tomé. Junho de 2009 14
  • 15. Acção de Formação: Metodologias, estratégias e avaliação dos alunos de Filosofia no ensino Secundário Metodologia do ensino da Filosofia: proposta de Tozzi Comentário: certos alunos têm por vezes reacções de tipo afectivo quando uma das suas palavras é barrada ou sublinhada. É necessário esclarecer que esse gesto não significa que quem a escreveu esteja errado, mas que isso abre um debate de ideias. Aqui, os alunos justificam o seu processo de trabalho (escrever, barrar, sublinhar) anotando as razões por escrito, para que seja argumentado. Isto prepara o seguimento do trabalho colectivo. A explicitação colectiva das representações a) Explicitar os aparentes consensos O professor começa pelas palavras mais sublinhadas. Em cada uma delas, ele pergunta àquele que a marcou e depois ao ou aos que a sublinharam a razão da sua escolha. O professor avalia a realidade dos consensos e isola progressivamente aqueles que correspondem aos atributos do conceito, tal como aos problemas por ele abordados. b) Explicitar as aparentes divergências O professor toma em atenção as palavras mais barradas, depois a ou as palavras barradas e sublinhadas, uma por uma. De seguida, pergunta a cada um porquê que escreveu, barrou ou sublinhou essa palavra. Assim, são reveladas as eventuais divergências ou os pseudo-consensos. Comentário: os alunos não discutem entre eles, mas interrogam-se sobre as razões que os levaram a sublinhar ou barrar as palavras. No decurso desta troca de ideias, que permite explicitar a escolha de cada um, o professor faz sínteses parciais e isola os atributos do conceito, tal como, os problemas encontrados. A emergência das problemáticas a) confrontar as suas representações. A emergência das problemáticas é possível a partir das divergências reais, que dão lugar a mini-debates. Estes debates permitem ao aluno, através de curtas clarificações, delimitar o problema abordado, as teses presentes e os argumentos avançados. Comentário: esta etapa é a da confrontação das representações: os mini-debates devem ser estruturados para formular argumentações precisas e facilitar as sínteses. b) Formular as questões. No fim deste dispositivo, o aluno formula por escrito duas ou três questões que lhe parecem essenciais a propósito do conceito trabalhado ( ex.: linguagem), a partir das representações pessoas e dos debates que tiveram lugar. Estas questões são recolhidas pelo professor, numa folha, e dadas aos alunos na aula seguinte. Comentário: as questões na sua maioria têm, pela sua pertinência, a marca do trabalho de reflexão efectuado. Elas remetem também para problemáticas diversificadas e preparam assim o aprofundamento ulterior do tema abordado. Exemplos de questões formuladas por escrito: • Existe uma linguagem universal? • Porque é que existem diferentes línguas? • A linguagem identifica-se com a palavra? • A linguagem é própria do homem? • Porque falamos? Os nossos sentimentos encontram na linguagem um modo de expressão privilegiado? Isaque Tomé. Junho de 2009 15