O documento descreve a população indígena Xikrin que vive na região de Parauapebas no Pará. Os Xikrin são descendentes do grupo Kaiapó e vivem na Floresta Nacional de Carajás. Um projeto apoiado pela CVRD e pela Fundação Carajás busca valorizar a arte da pintura corporal das mulheres Xikrin para gerar renda. A educação indígena em Parauapebas é oferecida no sistema bilíngue, preservando a cultura e língua dos Xikrin, porém há alto índice
1. POPULAÇÃO INDÍGENA DE PARAUAPEBAS
Org. Adilson Motta, 2012
Os Xikrin
A origem da etnia Xikrin se deve a uma subdivisão do grupo Kaiapó. Os índios Xikrin vivem
em uma área à Floresta Nacional de Carajás, onde a CVRD desenvolve suas unidades
operacionais.
A CVRD nas aldeias Cateté e Djudjekô e a Fundação Carajás apoiam o Projeto Nhiopokti,
que tem o objetivo de criar atividades permanentes que gerem renda e economia para as
mulheres da tribo Xikrin, que, por sua vez, vão auxiliar a comunidade na preservação da
própria cultura e território. O Projeto Nhiopokti busca a valorização da pintura corporal
produzida com maestria e sensibilidade pelas índias. Os Xikrin são ágrafos (não utilizam a
escrita) e usam a pintura corporal como linguagem.
O Plano de Manejo Florestal para área da Comunidade Xikrin pretende demonstrar uma
alternativa sustentável de exploração das riquezas florestais, inibindo a prática de retirada
predatória de madeira, em especial do mogno, que vinha sendo praticada por madeireiros,
com autorização da própria comunidade Xikrin.
Índios Xikrin*
Outros nomes: Mebegnokre, Kayapó, Put Karot
Localização: Pará
Quantos são: 1.052 pessoas (em 2000)
Língua: Kayapó, da família Jê
Segundo a antropóloga Isabelle, no trabalho realizado para o Instituto Socioambiental
em 2001, os Xikrin, grupo de língua Kayapó, enfatizam a audição e a palavra. A fim de aguçar
estas qualidades, os Xikrin perfuram, logo na infância, os órgãos correspondentes (orelhas e
lábios).
A origem da língua indígena dos kayapós é explicada mitologicamente. Segundo o
mito, os ancestrais dos Jê viviam juntos como um só grupo nessa área até descobrirem uma
grande árvore de milho, mas, à medida que recolhiam as sementes, começaram a falar
línguas diferentes e se separaram nos diversos grupos jê atuais.
Os Xikrin falam a língua Kayapó (ou Mebengokré), da família linguística Jê, tronco linguístico
Macro-Jê.
Os Xikrin vivem no estado do Pará em duas Terras Indígenas, ambas homologadas e
registradas, TI Cateté e TI Trincheira Bacajá.
A área dos Xikrin do Cateté é banhada pelos rios Itacaiúnas e Cateté e se situa em terras
firmes de mata tropical chamada nesta região de mata de cipó, no interior da jurisdição do
município de Parauapebas, mas mais próxima do núcleo urbano de Carajás. É rica em mogno
2. e castanheiras. Nas clareiras, há grande concentração de babaçu e nas regiões pantanosas,
ao sul, incidência de buriti.
Os Xikrin do Bacajá vivem à margem esquerda do médio rio Bacajá, afluente da
margem direita do Xingu, município José Porfírio.
No aspecto cosmológico, centro do mundo é representado pelo centro do pátio da aldeia
circular, onde se desenvolvem os rituais e a vida pública em geral. O símbolo do centro do
mundo e do universo é o maracá, instrumento musical, redondo e em forma de cabeça, ao
som do qual os índios cantam e dançam seguindo um traçado circular que acompanha a
trajetória solar.
As questões de ordem política são propostas e resolvidas no conselho dos homens,
no centro da aldeia, do qual participam todos os homens, desde os mais jovens, testemunhas
silenciosas, até os mais idosos, testemunhas mais distantes.
A sucessão à chefia da aldeia, entre os Xikrin, se dá dentro de uma mesma família,
transmitindo-se de pai para filho e de filho mais velho a filho mais moço. Um chefe não dispõe
de meios coercitivos para impor uma decisão às diferentes categorias de idade. É por meio
do discurso, da exaltação dos valores morais e dos interesses destes grupos que um chefe
consegue propor e ter aceitas as suas ideias. Um chefe nunca toma uma decisão sozinho,
ele não tem o poder para isso. Ele deve estar atento às necessidades, vontades e ideias que
circulam no interior de cada grupo de categoria de idade.
A situação atual dos grupos Kayapó resulta de um longo processo de mobilidade
social e espacial, marcado pela constante formação de facções e cisões políticas. As histórias
dessas trajetórias cheias de tensões, conflitos, acusações de feitiçaria e epopeias de líderes,
povoam a memória dos Kayapó atuais, sempre contadas e recontadas dramaticamente e
detalhadamente pelos mais velhos.
Durante estas últimas décadas, mesmo com suas terras demarcadas, as áreas Xikrin
têm sido alvo constante de invasões por parte de castanheiros, garimpeiros, fazendeiros ou
madeireiros. Para a defesa dos direitos de seu povo e para facilitar as articulações e parcerias
institucionais, os Xikrin do Cateté criaram, em 1995, a Associação Bep-Nói. O seu estatuto,
amplamente discutido pela comunidade, respeita a sua complexa organização social.
*Pesquisa realizada em Internet em 4//2007, do trabalho da antropóloga Isabelle Vidal Giannini (Instituto
Socioambiental) em 2001.http://www.socioambiental.org/pib/epi/xikrin/ling.shtm
Artesanato indígena da aldeia Xikrin do Cateté (Fotos acima)
3. Educação Indígena em Parauapebas
A educação indígena em Parauapebas está sob a responsabilidade da Semed (ensino Fundamental)
e funciona agregado ao Setor Rural. Segundo informações prestadas, existem duas escolas e um anexo,
somando um total de 501 estudantes indígenas (2012), em uma população estimada em cerca de 1300
habitantes.
O modelo de educação adotado de modo a assegurar suas peculiaridades culturais e língua é no
regime bilíngue, ou seja, do primeiro ano até a 4ª série do ensino fundamental é ofertado no sistema
bilíngue (com a presença de um intérprete) em sala de aula. No sentido de conservar e preservar a
identidade e peculiaridade da cultura indígena, frente ao grande risco de um processo de aculturação,
existem duas disciplinas a mais, comparadas às existentes nas escolas públicas: Cultura e Identidade e
Língua Indígena.
Existe um alto índice de evasão na educação indígena, comparado ao índice das escolas públicas não-
indígenas.
Não há uma preocupação quanto ao ensino técnico-profissionalizante, e outro fator da evasão, é também
a ausência de um sentido de “Inclusão Social” quanto à valorização da educação. Outro fator também
curioso é que todos se subscrevem com o sobrenome Xikrin ou Kayapó (pois os Xikrins são
descendentes dos Kayapós).
ESCOLA MUNICIPAL BEP-KAROTI XIKRIN
Fonte: Fonte: Francisco Júnior, 2011. Fonte: Prefeitura Municipal de Parauapebas, 2012