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Patogênese Viral
BMM-280 - 2009
Instituto de Ciências Biomédicas
Departamento de Microbiologia
Prof. Dr. Charlotte Marianna Hársi
Patogênese Viral
• Como os vírus causam doença no hospedeiro?
• Virulência = capacidade do vírus causar doença
• Envolve um estudo das estratégias de replicação do
vírus; da organização dos tecidos e órgãos afetados;
da resposta imune do hospedeiro.
Virulência viral
• Virulência é a capacidade que um vírus possui em
causar doença no hospedeiro.
• Estirpes virulentas causam doença.
• Estirpes avirulentas ou atenuadas não causam
doença, mas são capazes de infectar organismos.
• A virulência depende:
– do vírus (alguns variantes são mais virulentos que
outros)
– da dose ou carga viral recebida pelo hospedeiro
– da via de inoculação
– da suscetibilidade do hospedeiro
Disseminação Viral - Entrada
• Portas de Entrada =
– Mucosa do sistema
respiratório, digestório,
urinário,
– conjuntiva/córnea
– pele
– Sangue: agulhas, picadas,
transfusão, sexual
From Flint et al Principles of Virology ASM Press
A via respiratória é
provavelmente a mais
comum.
Entrada via trato respiratório
• Área, superfície, do pulmão humano = 140 m2
• Mecanismos de defesa:
– Epitélio mucociliar, (células ciliadas, células que secretam
muco, linfócitos, macrófagos)
– Secreção de IgA
• A transmissão respiratória ocorre por:
– Aerosois - influenza
– Contato direto – rhinovirus
• A infecção pode ser
– localizada – rinovírus
– sistêmica – vírus influenza
From Flint et al Principles of Virology ASM Press
– Gobbet cells - liberação de muco
- este pode ser “digerido” pela
neuraminidase do vírus Influenza.
–- Adenovírus se multiplicam em
células da camada basal e rompem
as ligações intercelulares para
passar para o lúmen.
Células epiteliais e receptores virais.
• Muitos receptores virais são
moléculas de adesão:
– ICAM - 1 para Rhinovírus
– CAR- Coxsackie,Adenovirus-
Receptor - componente das
“tight junctions”
From Spear: Dev Cell 3:462-464 (2002)
Durante a infecção por adenovírus, um
excesso de proteínas virais é liberado
(fibras). Estas proteínas interagem com
o receptor CAR e rompem as junções
intercelulares, permitindo a liberação
dos novos vírus e disseminação pelo
epitélio.
From Walters et al Cell 110:789-799 (2002)
Entrada via trato alimentar
Exemplos de vírus entéricos
Infecções localizadas:
Rotavírus - diarréias
Norovírus- diarréias
Coronavírus- diarréias
Sistêmicos
Enterovírus - pólio - hepatite A
Reovírus - infecções
respiratórias e entéricas
Adenovírus - infecções
respiratórios, entéricas, renais
• Virus que penetram e se multiplicam no trato alimentar
precisam ser resistentes a variações de pH, ação de
enzimas digestivas e a condições ambientais extremas.
• O epitelio intestinal é recoberto por células polarizadas,
colunares, com microvilosidades. microvilli.
• Parece uma excelente barreira, no entanto vírus como
os rotavírus, adenovírus e poliovírus se multiplicam
muito bem neste epitélio.
celulas M
- carreadoras na via
secretória de IgA por
transcitose.
- Usada por vários
patógenos para a entrada:
reovírus, coronavírus, HIV
(via anal)
From Flint et al Principles of Virology ASM Press
Disseminação viral
• A infecção pode
ser localizada ou
sistêmica.
• Sítio primário de
replicação - junto
à porta de entrada
• Passagem para o
sistema linfático.
• Passagem para o
sangue - viremia
• Sítio secundário
de multiplicação -
órgãos alvo ou
sistêmica, vário
órgãos envolvidos
From Flint et al Principles of
Virology ASM Press
Disseminação hematogênica
• Presença de vírus no sangue = viremia
• Vírus livres no soro ou dentro de linfócitos.
• Os vírus passam do epitélio para o sangue via
sistema linfático.
Viremia
Ativa - produzida pela replicação do vírus
Passiva - causada pela injeção de vírus na
corrente sangüínea.
Após entrada na corrente sangüínea os vírus se disseminam por via
hematogênica.
From Flint et al Principles of
Virology ASM Press
Figuras:
A - Multiplicação viral (viremia) e resposta
imune por anticorpos
B - Viremia e disseminação para os órgãos alvo
Exotoxina viral
•O rotavírus é o principal vírus causador de diarréia em crianças.
•Uma proteína viral, não estrutural, sintetizada durante a multiplicação do vírus, a
NSP4, tem uma ação semelhante a enterotoxinas
•Esta proteína desencadeia uma via de sinalização na mucosa intestinal que leva
à elevação do potencial de Ca2+ que aumenta a secreção de Cloro = diarréia
•Este mecanismo é
diferente daquele causado
por enterotoxinas
bacterianas.
• Numa segunda etapa:
a lise das células em
escova, do epitelio
intestinal, isto é, as
células produtoras de
lactase, levam ao
acúmulo de lactose no
lúmem que é
compensado pela
liberação de água =
diarréia osmótica
Transporte de vírus pelos nervos
-As proteínas motoras (quinesinas e dineínas) fazem
parte do sistema intracelular de transposte de
organelas, caminhando sobre os microtúbulos.
- Este sistema é usado para o transporte de vírus do
citoplasma para o núcleo.
- Vírus herpes são transportados pelos axônios até
atingirem os gânglios nervosos onde permanecem em
latência.
Danos celulares ou teciduais causados
por vírus
• Lise celular
• Apoptose
• Bloqueio da síntese de proteínas celulares, do
transporte pelas membranas
• Despolimerização do citoesqueleto
• Formação de sincícios
• Interrupção do ciclo mitótico
• Transformação celular - proliferação celular
Imunopatologia
• Muitas patologias causadas por vírus são na realidade
conseqüência da resposta imune do hospedeiro.
• Muitas imunopatologias são causadas pela ação de
células T citotóxicas (CD8+ CTL)
• Na infecção pelo vírus da hepatite B, que não é lítico, as
células infectadas são destruídas por células T CD8+,
iniciando o quadro clínico = icterícia.
• Na miocardite por vírus coxsackie B, as perforinas
produzidas por células T CD8 causam a lise celular.
Aumento da patogenia causada por
anticorpos
• Dengue hemorrágica:
– A dengue normalmente é branda ou assintomática.
– 4 sorotipos sem proteção cruzada.
– Numa segunda infecção, anticorpos não específicos (contra
outro sorotipo) se ligam ao novo vírus ou células infectadas
por estes vírus e via receptores Fc facilitam a fagocitose por
monocitos
– Monócitos infectados  liberação de citocinas 
células T  mais citocinas  leva a liberação de plasma e
à hemorragia  choque ou morte
Infecção aguda
Infecção aguda
Sintomas
Liberação
de vírus Carga viral Título de anticorpos
Ex: poliomielite
- sarampo, rubéola,
- resfriados, gripe
- hepatite A
Infecção latente ou persistente
Infecção latente com recorrência
- herpes simplex - volta sempre que há queda de resistência
- hepatite C - crônica ativa
Infecção persistente com dois quadros clínicos distintos:
- catapora na infância e herpes-zoster no idoso
Infecção crônica ou lenta
Infecção crônica com altos títulos virais:
- HIV - carga viral alta o tempo todo - AIDS no final
Infecção crônica, de evolução lenta com baixos títulos virais:
- papilomavírus - carcinoma de colo uterino
- HTLV - leucemia

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Patogenese viral bmm280

  • 1. Patogênese Viral BMM-280 - 2009 Instituto de Ciências Biomédicas Departamento de Microbiologia Prof. Dr. Charlotte Marianna Hársi
  • 2. Patogênese Viral • Como os vírus causam doença no hospedeiro? • Virulência = capacidade do vírus causar doença • Envolve um estudo das estratégias de replicação do vírus; da organização dos tecidos e órgãos afetados; da resposta imune do hospedeiro.
  • 3. Virulência viral • Virulência é a capacidade que um vírus possui em causar doença no hospedeiro. • Estirpes virulentas causam doença. • Estirpes avirulentas ou atenuadas não causam doença, mas são capazes de infectar organismos. • A virulência depende: – do vírus (alguns variantes são mais virulentos que outros) – da dose ou carga viral recebida pelo hospedeiro – da via de inoculação – da suscetibilidade do hospedeiro
  • 4. Disseminação Viral - Entrada • Portas de Entrada = – Mucosa do sistema respiratório, digestório, urinário, – conjuntiva/córnea – pele – Sangue: agulhas, picadas, transfusão, sexual From Flint et al Principles of Virology ASM Press A via respiratória é provavelmente a mais comum.
  • 5. Entrada via trato respiratório • Área, superfície, do pulmão humano = 140 m2 • Mecanismos de defesa: – Epitélio mucociliar, (células ciliadas, células que secretam muco, linfócitos, macrófagos) – Secreção de IgA • A transmissão respiratória ocorre por: – Aerosois - influenza – Contato direto – rhinovirus • A infecção pode ser – localizada – rinovírus – sistêmica – vírus influenza
  • 6. From Flint et al Principles of Virology ASM Press – Gobbet cells - liberação de muco - este pode ser “digerido” pela neuraminidase do vírus Influenza. –- Adenovírus se multiplicam em células da camada basal e rompem as ligações intercelulares para passar para o lúmen.
  • 7. Células epiteliais e receptores virais. • Muitos receptores virais são moléculas de adesão: – ICAM - 1 para Rhinovírus – CAR- Coxsackie,Adenovirus- Receptor - componente das “tight junctions” From Spear: Dev Cell 3:462-464 (2002) Durante a infecção por adenovírus, um excesso de proteínas virais é liberado (fibras). Estas proteínas interagem com o receptor CAR e rompem as junções intercelulares, permitindo a liberação dos novos vírus e disseminação pelo epitélio. From Walters et al Cell 110:789-799 (2002)
  • 8. Entrada via trato alimentar Exemplos de vírus entéricos Infecções localizadas: Rotavírus - diarréias Norovírus- diarréias Coronavírus- diarréias Sistêmicos Enterovírus - pólio - hepatite A Reovírus - infecções respiratórias e entéricas Adenovírus - infecções respiratórios, entéricas, renais • Virus que penetram e se multiplicam no trato alimentar precisam ser resistentes a variações de pH, ação de enzimas digestivas e a condições ambientais extremas. • O epitelio intestinal é recoberto por células polarizadas, colunares, com microvilosidades. microvilli. • Parece uma excelente barreira, no entanto vírus como os rotavírus, adenovírus e poliovírus se multiplicam muito bem neste epitélio.
  • 9. celulas M - carreadoras na via secretória de IgA por transcitose. - Usada por vários patógenos para a entrada: reovírus, coronavírus, HIV (via anal) From Flint et al Principles of Virology ASM Press
  • 10. Disseminação viral • A infecção pode ser localizada ou sistêmica. • Sítio primário de replicação - junto à porta de entrada • Passagem para o sistema linfático. • Passagem para o sangue - viremia • Sítio secundário de multiplicação - órgãos alvo ou sistêmica, vário órgãos envolvidos From Flint et al Principles of Virology ASM Press
  • 11. Disseminação hematogênica • Presença de vírus no sangue = viremia • Vírus livres no soro ou dentro de linfócitos. • Os vírus passam do epitélio para o sangue via sistema linfático. Viremia Ativa - produzida pela replicação do vírus Passiva - causada pela injeção de vírus na corrente sangüínea. Após entrada na corrente sangüínea os vírus se disseminam por via hematogênica. From Flint et al Principles of Virology ASM Press Figuras: A - Multiplicação viral (viremia) e resposta imune por anticorpos B - Viremia e disseminação para os órgãos alvo
  • 12. Exotoxina viral •O rotavírus é o principal vírus causador de diarréia em crianças. •Uma proteína viral, não estrutural, sintetizada durante a multiplicação do vírus, a NSP4, tem uma ação semelhante a enterotoxinas •Esta proteína desencadeia uma via de sinalização na mucosa intestinal que leva à elevação do potencial de Ca2+ que aumenta a secreção de Cloro = diarréia •Este mecanismo é diferente daquele causado por enterotoxinas bacterianas. • Numa segunda etapa: a lise das células em escova, do epitelio intestinal, isto é, as células produtoras de lactase, levam ao acúmulo de lactose no lúmem que é compensado pela liberação de água = diarréia osmótica
  • 13. Transporte de vírus pelos nervos -As proteínas motoras (quinesinas e dineínas) fazem parte do sistema intracelular de transposte de organelas, caminhando sobre os microtúbulos. - Este sistema é usado para o transporte de vírus do citoplasma para o núcleo. - Vírus herpes são transportados pelos axônios até atingirem os gânglios nervosos onde permanecem em latência.
  • 14. Danos celulares ou teciduais causados por vírus • Lise celular • Apoptose • Bloqueio da síntese de proteínas celulares, do transporte pelas membranas • Despolimerização do citoesqueleto • Formação de sincícios • Interrupção do ciclo mitótico • Transformação celular - proliferação celular
  • 15. Imunopatologia • Muitas patologias causadas por vírus são na realidade conseqüência da resposta imune do hospedeiro. • Muitas imunopatologias são causadas pela ação de células T citotóxicas (CD8+ CTL) • Na infecção pelo vírus da hepatite B, que não é lítico, as células infectadas são destruídas por células T CD8+, iniciando o quadro clínico = icterícia. • Na miocardite por vírus coxsackie B, as perforinas produzidas por células T CD8 causam a lise celular.
  • 16. Aumento da patogenia causada por anticorpos • Dengue hemorrágica: – A dengue normalmente é branda ou assintomática. – 4 sorotipos sem proteção cruzada. – Numa segunda infecção, anticorpos não específicos (contra outro sorotipo) se ligam ao novo vírus ou células infectadas por estes vírus e via receptores Fc facilitam a fagocitose por monocitos – Monócitos infectados  liberação de citocinas  células T  mais citocinas  leva a liberação de plasma e à hemorragia  choque ou morte
  • 17. Infecção aguda Infecção aguda Sintomas Liberação de vírus Carga viral Título de anticorpos Ex: poliomielite - sarampo, rubéola, - resfriados, gripe - hepatite A
  • 18. Infecção latente ou persistente Infecção latente com recorrência - herpes simplex - volta sempre que há queda de resistência - hepatite C - crônica ativa Infecção persistente com dois quadros clínicos distintos: - catapora na infância e herpes-zoster no idoso
  • 19. Infecção crônica ou lenta Infecção crônica com altos títulos virais: - HIV - carga viral alta o tempo todo - AIDS no final Infecção crônica, de evolução lenta com baixos títulos virais: - papilomavírus - carcinoma de colo uterino - HTLV - leucemia