O general Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar, defende o papel das Forças Armadas brasileiras como a instituição mais confiável do país. Ele afirma que as Forças Armadas permanecerão afastadas da política, mas alerta que podem intervir como último recurso para preservar a integridade nacional. A solução para a crise, no entanto, deve vir da sociedade por meio de protestos e do voto.
1. O PENSAMENTO DO CLUBE MILITAR
AS FORÇAS ARMADAS
Gen Gilberto Pimentel
Presidente do Clube Militar
17 de fevereiro de 2017
Em meio à maior crise política, econômica e social, mas também ética
e de subversão de valores, já vivenciada pelo nosso país, é crescente a
percepção dos brasileiros sobre o papel das suas Forças Armadas, cada vez
mais vistas como a mais confiável das instituições, como comprovam todas
as pesquisas de opinião realizadas pelos mais diversos institutos
especializados.
Conhecendo-a como as conheço, sei que elas de tudo fazem e farão
para permanecerem afastadas das manobras escusas e dos conchavos de
políticos e empresários corruptos, que atingiram um grau inimaginável de
podridão, porém sempre muito conscientes de que são o derradeiro baluarte
na preservação da integridade da Nação.
A gravidade da situação, em muitos aspectos, lembra 64. Por isso, aqui
e ali, aumentam as pressões de grupos que hoje já são expressivos e
atuantes clamando pela intervenção militar. Mas não se iludam, a lição foi
aprendida, e só quem viveu sabe bem quais são as consequências de um
ato capital como esse. Qualquer atuação dos militares no atual contexto será
2. sempre pautado por princípios institucionais e constitucionais. E eles ainda
vigem no país.
E não creiam que não exista em cada um de nós o desejo vivo de dar
um basta nessa vergonha em que nos transformamos, uma nau à deriva,
mas é a sociedade quem tem que fazer valer sua força e exigir as mudanças,
seja vigiando a gestão da coisa pública, seja protestando nas praças e nas
ruas, seja aprendendo a votar, sobretudo. Os militares não são os tutores
dessas transformações.
Enquanto isso prestigiem e preservem suas FFAA, tenham-nas como
modelo de formação, de integridade e de argumentação decisiva e
terminante dos nossos interesses capitais.
Gostaria ao terminar dar um simples exemplo, simples mesmo, de
quem somos e do porquê somos diferentes, confiáveis e indispensáveis
nesse contexto de total inversão de valores: Fixem-se na atual crise da
segurança pública, no fato ocorrido com a polícia dita militar de um estado
que paralisou de forma criminosa sua função, amotinando-se em quartéis
sob a inconsistente alegação de estar o mesmo cercado por suas mulheres
que os impediam de saírem. Imaginem o impossível, que o fato ocorresse
numa unidade do Exército. Sabem o que aconteceria nos próximos minutos?
O Comandante do quartel estaria substituído, preso e a tropa na rua pronta
para cumprir a missão que lhe fora determinada.
Por isso, entendam todos, políticos, sociedade, mídia, porque devem
respeitar, preservar e prestigiar seu Exército. Ele é único. Ele estará
presente, sim, como última instância. Sempre, mas a hora tem que chegar.