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CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL
Faculdade SENAI CETIQT
Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário
FETICHE
A Lingerie e o Mercado Erótico
Carolina Tempel
Rio de Janeiro
2015
CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL
Faculdade SENAI CETIQT
Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário
Carolina Tempel
FETICHE
A Lingerie e o Mercado Erótico
Projeto de Conclusão de Curso de Graduação a
ser submetida à Comissão Examinadora do
Curso Superior de Tecnologia em Produção de
Vestuário, da Faculdade SENAI CETIQT, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
grau de Tecnólogo em Produção de Vestuário
Prof° Bárbara Poci
Orientador (a)
Rio de Janeiro
2015
Carolina Tempel
FETICHE
A Lingerie e o Mercado Erótico
Projeto de Conclusão de Curso de Graduação a ser
submetida à Comissão Examinadora do Curso Superior de
Tecnologia em Produção de Vestuário, da Faculdade SENAI
CETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção
do grau de Tecnólogo em Produção de Vestuário
Data de Aprovação: 25/ 11/ 2015
Banca Examinadora:
________________________________________________________
Professora Bárbara Valle Poci
Docente do Senai Cetiqt
Especialista em Design de Estamparia – Senai Cetiqt
________________________________________________________
Professora Cynara Lourenço
Docente do Senai Cetiqt
Especialista em Docência do Ensino Superior – AVM / Cândico Mendes
________________________________________________________
Professora Rosa Lúcia de Almeida Silva (Basin)
Docente Senai Cetiqt
Especialista em Computação Gráfica e Multimídia – IME / UERJ
_________________________________________
Professora Luísa Meirelles
Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário
Agradecimentos
Esse projeto só foi possível existir, pois desde o início do curso pude
contar com a ajuda e colaboração de amigos, colegas e professores.
Em especial, agradeço a Reinaldo Cavalcante, que sempre me ajudou
durante os anos dentro do Senai e também fora da instituição sendo esse
amigo querido e muito competente no que faz. Agradeço a Carlos Eduardo F.
G, que não atua na área de moda, mas é uma pessoa que me incentiva e
contribui mais do que imagina com o meu progresso profissional. A minha
paciente e querida professora e orientadora Babi (Bárbara Poci), que não
desistiu de mim e foi quem me inspirou a escolher a lingerie para trabalhar. E
quero deixar também um agradecimento mais do que especial para minha mãe
Silvana e avós, Dolores e Francisco, que mesmo de longe estão sempre
olhando por mim, me ajudando e me incentivando. Sem eles nada teria
acontecido.
Resumo
Este projeto tem como objetivo relatar o desenvolvimento de lingeries
para o mercado erótico, abordando, primeiramente, vários aspectos
relacionados a fetiche e moda.
Buscamos ambientar toda uma atmosfera por trás do tema, colocando
informações e curiosidades acerca desse universo tão particular, além de
informações sobre o mercado erótico. Na parte prática vamos observar o relato
do desenvolvimento das bases e modelagens das peças, utilizando o programa
Corel Draw para traçar todas as estruturas, a partir do conhecimento adquirido
nas modelagens plana e tridimensional.
Palavras-chave: Lingerie, fetiche, modelagem, erótico, Corel Draw.
Sumário
Introdução .......................................................................................................... 7
1. A Lingerie Erótica......................................................................................... 10
1.1 A Atmosfera de L’Apollonide................................................................... 11
1.2 O Universo Fetichista.............................................................................. 13
1.3 O Fetiche na Moda ................................................................................. 17
2. O Mercado Erótico ....................................................................................... 21
3. Detalhamento da metodologia para a construção das peças....................... 24
4. Desenvolvimento técnico dos protótipos. ..................................................... 34
4.1. Processo de Fabricação: Protótipo 1 - sutiã sem bojo........................... 34
4.1.1. Modelagem ..................................................................................... 35
4.1.2. Confecção ...................................................................................... 38
4.1.3. Avaliação e proposta de correção................................................... 38
4.2. Processo de Fabricação: Protótipo 2 – body com coleira...................... 41
4.2.1. Modelagem ..................................................................................... 41
4.2.2. Confecção ...................................................................................... 44
4.2.3. Avaliação e proposta de correção................................................... 45
5. Componentes técnicos da peça piloto (ficha técnica com sequência
operacional, gradação e encaixe) .................................................................... 46
5.1. Calcinha fio dental alta........................................................................... 46
5.1.1. Modelagem ..................................................................................... 47
5.1.2. Avaliação e proposta de correção................................................... 49
5.1.3. Ficha Técnica.................................................................................. 50
5.1.4. Gradação ........................................................................................ 52
5.1.5. Encaixe ........................................................................................... 52
5.1.6. Peça Finalizada............................................................................... 53
5.2. Cueca erótica......................................................................................... 53
5.2.1. Modelagem ..................................................................................... 53
5.2.2. Avaliação e proposta de correção................................................... 56
5.2.3. Ficha Técnica.................................................................................. 57
5.2.4. Gradação ........................................................................................ 59
5.2.5. Encaixe ........................................................................................... 59
5.2.6. Peça Finalizada............................................................................... 60
6. Considerações finais .................................................................................... 61
7. Referências Bibliográficas............................................................................ 63
7
Introdução
Este trabalho trata da elaboração de lingeries para o mercado erótico,
trazendo em seus modelos referências do universo dos fetiches.
O desenvolvimento deste projeto foi inspirado no filme L’Apollonide – Os
Amores da Casa de Tolerância no qual é apresentado o dia-a-dia das garotas
de programa do final do século XIX. O visual do filme sugere uma atmosfera de
fetiche, apresentando diversas roupas íntimas em tecidos leves, fluídos,
transparentes, além de espartilhos, ligas e meias. Toda essa ambientação
representada no filme é sedutora, embora a arte cinematográfica apresente
uma certa tristeza em algumas cenas do filme. A ideia inspiradora para o tema
deste projeto é finalizada com uma cena do filme na qual a atriz veste-se de
boneca para atender o fetiche de um cliente. Embora o filme apresente um belo
figurino, este não terá o seu figurino reproduzido no projeto, na realidade, ele
serviu como inspiração da ideia do fetiche como protagonista do TCC. Além
daquela cena do filme em especial, o tema do projeto foi também alimentado
por referências de livros como a bibliografia Fetiche: Moda, Sexo & Poder de
Valerie Steele, outros filmes e cursos de lingerie.
Para o desenvolvimento dessas lingeries serão utilizados tecidos
elásticos com acabamentos emborrachados, com aspecto de couro e recursos
de materiais metálicos como aviamentos.
Portanto, a principal questão para este projeto é: como desenvolver a
modelagem de lingeries, que possuam um bom caimento e um bom encaixe
para atender os consumidores do mercado erótico, utilizando materiais que
representam o universo fetichista?
Através deste trabalho gostaria de atingir os consumidores de moda
erótica, mais especificamente, os entusiastas de fetiches (apreciadores de
fetiches e BDSM – Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo), tanto o
público feminino como o masculino. Para isso pretendo desenvolver peças que
8
atendam às necessidades e os desejos dos consumidores dessas peças de
vestuário.
De um modo geral, para solucionar a questão da modelagem,
desenvolvemos a técnica da modelagem plana utilizando o CorelDraw. O
programa foi utilizado como um cad de modelagem, no qual a base foi traçada
e depois interpretada na tela do computador e não no papel, como fazemos
habitualmente. Essa técnica foi adquirida no curso de Modelagem de Vestuário
no CorelDraw, Senai Cetiqt – 2015.
Para alcançar este objetivo e resolver o problema, além do
desenvolvimento de uma modelagem um pouco diferenciada em relação ao
modelo da lingerie, pesquisamos junto a ABEME (Associação Brasileira de
Empresas de Mercado Erótico e Sensual) informações sobre o atual mercado
erótico, em geral, para saber quais as expectativas em relação ao vestuário e
lingeries voltadas para esse mercado. Pois, desta forma, será possível
desenvolver peças que atendam suas fantasias. A partir da reunião destas
informações, foi iniciado o processo de produção das peças, a idealização dos
modelos e toda a parte técnica do desenvolvimento (croqui, modelagem,
desenho técnico, gradação, protótipo, etc). Além disso, queremos embasar
esta pesquisa nos diversos textos sobre o mercado erótico e seu crescimento,
e expor alguns aspectos dos fetiches e sua relação com a moda.
Para iniciarmos o trabalho, desenvolvemos pesquisas através da
internet, em busca de informações sobre o mercado e o público alvo, além de
curiosidades sobre fetiche e seus entusiastas. Também foram pesquisadas
informações sobre a execução das peças, como modelagem e a confecção de
lingeries e tudo que fosse inerente ao desenvolvimento das mesmas.
Dentro da pesquisa inicial do projeto encontramos no blog Monde Prive
Lingerie diversas descrições de tipos de fetiche, que irá colaborar para o
desenvolvimento das peças e também alguns trechos do texto que fala sobre o
que é fetiche de modo geral.
9
“Freud explica a ligação da lingerie com o erotismo, como um fetiche, a
criação de um desejo, que, segundo a enciclopédia Larousse Cultural ,
é definido como “Objeto natural ou artificial, ao qual são atribuídas
propriedades mágicas o qual se venera como sobrenatural.”
(Sobrenome do autor. Data de publicação do texto)
Já no livro Fetiche: moda, sexo e poder, a autora Valerie Steele,
apresenta um texto bastante interessante sobre vários aspectos do fetiche e
sua relação com a moda, dizendo que:
“O interesse popular por estilos subculturais não é novo, mas tem
movido recentemente uma mudança qualitativa no acolhimento da
sexualidade pela moda. [...] Certamente qualquer pessoa que esteja
“envolvida” com moda precisa abordar o assunto.” Pg 17
(STEELE.1997, p.17)
Sendo assim, o nosso projeto sobre lingerie para o universo fetichista
tem todo um embasamento teórico enriquecido por pesquisas bibliográficas e
dados de mercado, com resultados em estudos práticos que foram registrados
passo a passo durante a pesquisa.
10
1. A Lingerie Erótica
A lingerie, de um modo geral, tem se tornado cada dia mais e mais um
objeto de desejo das mulheres e a lingerie sensual tem entrado no guarda-
roupa das consumidoras. O mercado erótico, que se apresenta em expansão,
notou esse interesse crescente, podemos perceber esse crescimento no
consumo de lingerie erótica de acordo com uma pesquisa realizada pela
ABEME – Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual -
em 2013.
“Até o final do primeiro semestre com exceção do dia dos namorados, o
mercado do erotismo se manteve estável, mas ainda sob influência do
crescente número de consultoras domiciliares que se inspiraram na Alice do
filme De Pernas Pro Ar alcançando o número de 85 mil consultoras no país.
Este grande número de revendedoras foi responsável por formar novas
consumidoras, principalmente da classe C, impulsionando as vendas dos
produtos com embalagens menores e os mais baratos. O percentual de
crescimento do setor em geral ficou em 15% em 2012.”
A lingerie é uma peça do vestuário que carrega a responsabilidade de
ser um objeto de curiosidade, por ficar escondido sob as demais roupas ela
desperta olhos atentos, o que a torna um artigo de fetiche por excelência. Seja
ela de tecidos simples ou refinados, a lingerie tem papel importante no guarda-
roupa feminino há muito tempo e merece um lugar de destaque, seja ela para
relaxar em casa ou para apimentar um encontro.
No caso das vestes eróticas e sensuais, o mercado apresenta diferentes
formas de despertar o interesse do consumidor, desenvolvendo peças
específicas para apreciadores de fetiche e também algo mais lúdico, como as
fantasias, que estão no imaginário das pessoas.
11
Fantasia de empregada, parte do catálogo da Rede Mel. Fonte: Lingerie of Ceara(Web).
Diferente das roupas íntimas do dia-a-dia a lingerie erótica tem um
objetivo, bem específico, que é de seduzir, provocar, ser sexy e não
necessariamente ser confortável. Para alcançar esses objetivos, suas
modelagens são mais ousadas, cobrindo de maneira parcial ou integral o
corpo. Além disso, servem-se de tecidos e detalhes que são fetiches por si só,
como o veludo, o couro, o vinil, a seda, assim como as fivelas, os spikes e
outros apetrechos que podem ser utilizados para valorizar essas peças.
1.1 A Atmosfera de L’Apollonide
O filme L’Apollonide, que foi um dos objetos inspiradores na constituição
desse projeto, retrata a vida das meninas de um bordel do final do século XIX
e seus clientes. Diversas são as situações que envolvem o espectador em um
ambiente belíssimo, com um belo figurino, repleto de amores de diferentes
formas.
Além de ser uma película encantadora, o filme tem como base uma
“maison close” (casa fechada) ou como seria aqui, uma casa de tolerância real,
12
chamada Le Chabanais, famosa durante a Belle Èpoque que foi fundada pela
cafetina Madame Kelly em 1878.
Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância. Fonte: Grupo Estação (Web)
A famosa “casa fechada” reunia frequentadores ilustres como escritores
(Guy de Maupassant), artistas (Toulouse-Lautrec), atores (Marlene Dietrich) e
membros da realeza europeia como marajás, diplomatas e políticos.
Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância. Fonte: Cinema Scope (Web)
A casa original, assim como no filme, apresenta uma decoração
exuberante e era conhecida por ter quartos temáticos e móveis para fetiches,
como uma cadeira para sexo oral grupal e a banheira de cobre vermelho para
banhos de champanhe. Além disso, podemos observar na história vários
elementos que sugerem fetiches, como espartilhos, meias calça e fantasias.
13
Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância, na qual ela se veste de boneca para
atender um cliente. Fonte: Grupo Estação e Pinterest (Web)
1.2 O Universo Fetichista
A palavra fetiche que vem do francês fetiche e foi emprestada do
português feitiço que origina do latim facticius “artificial, fictício”, é um objeto
natural ou artificial ao qual se atribui poderes mágicos ou é venerado como
sobrenatural.
No ramo da psicanálise, atribuir valores aos objetos chamou de
fetichismo, segundo o psicanalista Ailton Bastos, “fetichismo é a atração erótica
por objetos inanimados, que direta ou indiretamente está em contato com o
corpo humano ou para determinadas partes do corpo da pessoa amada”.
O fetichismo era considerado por muitos como uma perversão, um
transtorno no comportamento sexual, mas hoje o fetiche só é considerado um
transtorno quando a pessoa é incapaz de sentir prazer sem o seu objeto de
fetiche.
No artigo, Perversão à Luz da Psicanálise, extraído do site Psicologado,
Breno de Oliveira e Hélem Soares, dizem que essa estrutura de personalidade
tem início na infância, pois a criança já é um sujeito sexual, que se experimenta
e se descobre constantemente e partir desse comportamento é que
encontramos a diferença entre a perversão e a normalidade. Sendo assim, a
perversão é caracterizada pela fixação do desvio quanto ao objeto de desejo e
pela exclusividade de sua prática.
14
No site Psicanálise Hoje, de acordo com o texto de Ailton Bastos sobre o
que é fetichismo sexual, ele afirma que na psicanálise, todas as pessoas são
consideradas fetichistas em certo grau, sentem-se atraídas por algum tipo
físico específico, algum atributo físico, como pés ou seios ou alguma
vestimenta. Desta forma, inúmeros podem ser o objeto de desejo do fetichista.
Na pesquisa de Agni Shakiti para escrever o “Dicionário de Fetiches &
BDSM” (Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo), ela catalogou 143
fetiches, mais algumas subclasses e variações, partindo do princípio de que o
alvo de um fetiche pode ser um objeto, uma parte do corpo ou ações. Eles
podem ser dos mais comuns aos mais estranhos, seguem alguns exemplos:
 Spanking: consiste em dar palmadas no seu parceiro,
pode-se usar chicotes, as mãos, uma régua entre outros, a dor está
bastante ligada ao prazer, assim como a humilhação, outro, muito
conhecido e talvez um dos mais antigos fetiches.
 Podolatria: no qual o prazer está ligado aos pés do
parceiro, sendo manipulando, beijando, cheirando, massageando ou
tendo seus órgãos genitais manipulados pelos pés.
 Trampling: que é o prazer em ser pisado, com os pés
descalços ou com imensos sapatos de salto,
 Bondage: neste usam-se cordas, cadarços, mordaças,
vendas nos olhos, algemas, correntes e outras formas para amarrar o
parceiro. Esses são apenas algumas práticas dentro do universo
fetichista.
 Bukkake: prática na qual a mulher fica ajoelhada, vários
homens ficam em pé se masturbando e ejaculando sobre o seu rosto.
 Pigofilia: atração sexual intensa por nádegas, ver uma
passando ou rebolando pode causar excitação.
15
 Ginemimetofilia: prática em que o homem se veste com
roupas femininas, o prazer está em agir como se realmente fosse uma
mulher e ser tratado como uma vadia.
 Escatofilia: excitação através de conversas obscenas, com
pessoas estranhas ou não, usar palavras com teor sexual e
depravado leva à excitação e ao orgasmo.
 Necrofolia: consiste em fazer sexo ou praticar outros atos
com cadáveres.
 Zelofilia: o prazer é derivado do ciúme, com a criação de
situações que envolvam ou provoquem ciúmes.
 Renifleurismo ou Chuva Dourada: prazer em se banhar
com a urina do parceiro.
 Auto-erotismo ou Hedonismo: prática de satisfazer as
próprias necessidades sem ajuda de um parceiro, com o auxílio de
um vibrador, masturbação, auto-asfixia, auto-bondage e outros.
 Échangisme ou Exibicionismo: a excitação ocorre quando o
homem ou a mulher são vistos com roupas íntimas, em contato
erótico ou sexual por terceiros, preferencialmente em locais públicos.
Muitos são os fetiches e para colocá-los em prática, seus entusiastas
procuram por locais bem específicos que ofereçam todo o ambiente e os
instrumentos necessários para atender seus desejos, sejam eles, olhar outros
entusiastas ou participar de alguma atividade fetichista.
Existem clubes nos quais encontramos os cenários que estimulam os
amantes dos fetiches, além disso, também existem festas abertas ou privadas.
Dentro desses locais existem diversos ambientes. Salas com gaiolas, com
inúmeros chicotes e chibatas, quartos escuros, salas para bondage com
variedade de formas de amarras e tantos outros instrumentos.
16
Alquiler sala sado Barcelona. Fonte: Porn Star Spain (Web)
Além desses locais, outro item indispensável é o “dress code”(código de
vestir), pois a vestimenta nesses ambientes é importante para que as pessoas
reconheçam o interesse um do outro.
Em São Paulo/SP, desde 2009, é realizado o Projeto Luxúria, festa
dedicada aos apreciadores de fetiches e BDSM. Localizada no centro da
cidade, atrai casais e pessoas solteiras para participarem de variadas formas
de fetiche, principalmente, podolatria e feminilização e diferente do que muitos
podem pensar o sexo explícito não é permitido, tudo acontece apenas com
consentimento.
Festa fetichista Projeto Luxúria. Fonte: Paraíba (Web)
17
1.3 O Fetiche na Moda
Por existir hoje liberdade na abordagem do tema fetiche, a moda tem
incorporado frequentemente o fetiche no desenvolvimento de coleções,
tornando mais visíveis o ambiente e as práticas dessa cultura, até então
fechados.
Um dos primeiros artigos de moda a se tornar popular foi a bota
Cuissarde, com longos canos acima do joelho, muito associada a prostitutas,
como no filme “Uma Linda Mulher”.
Filme “Uma Linda Mulher” mostrando a bota "bizarra". Fonte: Lilian Pacce (Web)
Desde os anos 60 a moda fetichista tem sido bastante comum, em
algumas séries de televisão da época foram utilizadas referências que
instigavam a libido e que foram inspiradas em roupas de alta costura fetichistas
criadas por John Sutcliffe of Atomage, como o traje da personagem Emma Peel
da série “Os Vingadores”, um macacão de couro, uma espécie de fantasia
felina.
18
Série de televisão "Os Vingadores", catsuit da personagem Emma Peel. Fonte: The waste basket
(Web)
Movimento importante para a incorporação do fetichismo na moda foi o
punk, subcultura associada a bandas de rock, que trouxeram o estilo
“revoltado” com alfinetes de segurança a mostra, coleiras de cachorro e tecidos
baratos como referências.
Ao longo do tempo a estilista Vivienne Westwood trouxe para dentro do
universo da moda o movimento punk e BDSM, transformando sua loja na
notória boutique sadomasoquista, decorada com chicotes, couro e vendendo
roupas de borracha em meado dos anos 70.
19
Frente da loja de Vivienne Westwood. Fonte: Moda de Subculturas (Web)
Interior da loja Sex. Fonte: Moda de Subculturas (Web)
Na década de 80 a revista Elle britânica publicou em uma capa roupas
em PVC, Lycra e borracha inspirados no fetiche, abrindo uma porta para esse
estilo chegar às lojas e as ruas.
Além de Vivienne Westwood e estilistas como Azzedine Alaïa, Dolce &
Gabbana, John Galiano, Jean-Paul Gaultier e tantos outros, fizeram uso do
estilo fetichista para compor suas coleções. Observamos freqüentemente
espartilhos, botas, couro, borracha e roupas íntimas como roupas urbanas nas
20
passarelas, o que nos faz pensar que esse tema agrada estilistas e
consumidores de moda tanto quanto aos seguidores ativos de fetiches.
Desfile de Vivienne Westwood com referências do punk. Fonte: Pinterest (Web)
Desfile de Jean Paul Gaultier. Fonte: Pinterest (web)
21
2. O Mercado Erótico
No site Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e
Sensual (ABEME) encontra-se informações sobre o mercado erótico em geral,
necessário para justificar o interesse em desenvolver produtos para esse
mercado, que está em expansão. Segundo pesquisa realizada pela ABEME,
coordenada pela presidente da associação, Paula Aguiar, em 2012 o mercado
erótico teve crescimento de 18%, especificamente as lingeries, fantasias e
acessórios de fetiche tem 6% dentro dessa parcela. Esses números são efeito
do reflexo do livro 50 Tons de Cinza, da autora americana E. L. James.
O tema do livro “50 Tons de Cinza” também foi pesquisado pela ABEME
com o intuito de mapear a relevância do livro junto ao mercado erótico. A
empresária do ramo, Fran Perez, proprietária de uma sexshop, entrevistada na
pesquisa, relata que antes do lançamento do livro a venda de artigos
sadomasoquistas e fetiches não eram os mais comercializados, porém após o
lançamento do livro houve um crescimento de 50% na venda desses artigos.
Com o lançamento do filme “50 tons de cinza”, em 2014, baseado na
trilogia do livro, notou-se a crescente procura por chás de lingeries e cursos
inspirados na história literária que teve uma linha oficial de produtos que
chegaram ao Brasil na mesma época do filme.
Ainda de acordo coma pesquisa da ABEME, os empresários do setor de
mercado erótico foram questionados sobre a comercialização desses produtos
e podemos verificar os itens mais procurados: 80% são algemas, máscaras,
vendas, chibatas e chicotes feitos de diversos materiais, de tecidos leves a
couros macios. O caráter lúdico da brincadeira é que conta mais na hora da
escolha do artigo, produtos “baunilha” como é denominado o sexo básico, e
não a dor como os praticantes de sadomasoquismo. Além de artigos como
roupas e lingeries pretas são itens muito procurados. E 15% desses
empreendedores vendem a linha completa de sado que incluem correntes,
prendedores e objetos de pressão que atendem inclusive os clientes mais
22
assíduos de sadomasoquismo, porém que fazem parte de um universo mais
restrito.
Na página do Yahoo Mulher, os artigos sobre as vendas do mercado
erótico trazem alguns dados estatísticos interessantes:
“Tabus sendo quebrados. O mercado erótico brasileiro cresceu 15% no
último ano (em 2011, 18,5%) e os números mostram que o ramo está
muito atrativo. O país tem mais de 85 mil consultoras, são vendidos 8
milhões de artigos sensuais por mês e o mercado movimentou mais de
R$ 1 bilhão em 2012. ” (site Yahoo Mulher, 10/04/2013)
Podemos verificamos que o mercado erótico, apesar de crescente, tem
certa dificuldade de venda em virtude do pudor moral que está relacionado ao
assunto sexualidade. Porém, com o método de vendas diretas através de
catálogos e consultoras, que vão até o domicílio, é possível alcançar o público
curioso que busca novas formas de aquecer suas relações íntimas.
Lingerie Body leg avenue, parte do catálogo da Rede Mel. Fonte: Lingerie of Ceara (Web).
23
De acordo com o artigo de Ricardo F. Santos para a revista Pequenas
Empresas Grandes Negócios edição online de 01/2011, os empresários
Marcus Imaizumi e Ricardo Luchetti, proprietários da Rede Mel de produtos
eróticos, observaram que com a implantação de catálogos, com a imagem dos
produtos à venda, os clientes sentem-se mais à vontade para reconhecer os
produtos e fazer seus pedidos. Não só com itens para venda, mas os catálogos
também contam com informações sobre sexo, erotismo e qualidade de vida
para os clientes.
Quanto aos preços das lingeries eróticas são bastante variados,
dependendo do material e do modelo, seus valores vão de R$18,00, como
tangas até R$300,00 como macacões de látex por exemplo. Esses foram
valores pesquisados em duas lojas virtuais, a Loja do Prazer e a Erosmania,
dentro dessa faixa de preço encontramos diversos produtos calcinhas, sutiãs,
fantasias, bodys e até modelos mais elaborados.
24
3. Detalhamento da metodologia para a construção das peças
Neste capítulo apresentaremos os experimentos realizados para
alcançarmos os objetivos. Para tal, apresentaremos as peças a seguir: calcinha
fio dental alta, sutiã sem bojo, body com coleira sem bojo e cueca erótica com
tule.
Croquis sutiã sem bojo com calcinha fio dental alta e body com coleira sem bojo por Reinaldo
Cavalcante. Fonte: Acervo do autor.
A tabela de medidas utilizada neste trabalho foi retirada da apostila do
curso de Confeccionador de Lingerie e Moda Praia ministrado no Senai Cetiqt.
2013. O tamanho utilizado para a confecção das peças foi o número 40, por se
tratar do tamanho mediano e a partir deste podemos aumentar com maior
facilidade.
25
A técnica de modelagem utilizada para o desenvolvimento deste projeto,
foi a modelagem em 2D utilizando o programa Corel Draw. A partir do
programa foram traçadas todas as bases e também todas as interpretações de
modelos em seus tamanhos reais. Com o auxílio dessa ferramenta foi possível
obter resultados mais claros e limpos das modelagens, tornando suas
correções e alterações mais eficientes, otimizando tempo e os resultados finais.
Partes do corpo TAMANHOS
P M G
36 38 40 42 44 46
1 Altura centro frente 35 35,5 36 36,5 37 37,5
2 Busto 80 84 88 92 96 100
3 Cintura 62 66 70 74 78 82
4 Circ. Pescoço 33 34 34 36 37 38
5 Costado 38 39 40 41 42 43
6 Manga 60 60 60 60 60 60
7 Punho 20 21 22 23 24 25
8 Compr. Saia 60 60 60 60 60 60
9 Alt Quadril 20 20 20 20 20 20
10 Quadril 90 94 98 102 106 110
Para o desenvolvimento das bases foi utilizado a metodologia do curso
citado acima e será descrito o passo-a-passo. Para essa construção as
seguintes legendas devem ser observadas: % (porcentagem de elasticidade), L
(medidas de largura) e C (medidas de comprimento), sendo L = 20% e C =
15%. Essas porcentagens foram retiradas através do teste de porcentagem de
elasticidade feita com os tecidos, no qual cortamos um quadrado do tecido no
tamanho 10x10 e o esticamos, sem deformar, sobre uma régua, cada 1cm que
crescer depois dos 10cm da régua equivale a 1% de elasticidade. Ex: se
crescer até 15cm = 15% de elasticidade, se crescer até 18cm = 18% de
elasticidade.
26
Estudo base feminina blusa frente. Fonte: Acervo do autor.
AB = 1/6 da circunferência do pescoço + 1 cm da % de elasticidade C.
BC = Altura cintura = Altura centro frente menos ½ da % de elasticidade C.
AD = Altura cava = ½ de AC menos ½ da % C.
CE = Altura quadril = ¼ da circunferência do quadril menos 1/16 da
circunferência do quadril, menos ½ da % C.
Esquadrar A, B, C e D para direita.
AA1 = 1/6 da circunferência do pescoço + 1 cm menos % L.
DD1 = ¼ da circunferência do busto menos % L.
AA2 = ½ ombro a ombro menos % L. Esquadrar A2 para baixo até encontrar
linha D e marcar D2.
27
A2A3 = Dividir altura de A2D2 em 5 menos 1, para encontrar queda de ombro.
Ligar A1A3 com reta, passando 1 cm e marcar A4.
D2F = 1/3 de A3D2.
FF1 = 1cm. Traçar cava.
CC1 = ¼ da circunferência da cintura menos % L. Ligar D1C1.
EE1 = ¼ da circunferência do quadril, menos % L.
DG = 4cm
GO = 1/8 do busto menos 2,5 mais 1cm, menos % L.
Esquadrar do ponto O até a linha da cintura, abrir 1cm para cada lado e
marcar a pence. Acrescentar 2cm na cintura para compensar a pence.
Para as costas partir da base da frente.
Esquadrar as duas extremidades do ombro para cima.
A1A5 = 2cm
A4A6 = 1cm
Ligar A5A6 com reta e retraçar degolo AA5.
Retraçar cava, ligando A6, F e D1.
28
Estudo base blusa feminina costas. Fonte: Acervo do autor.
29
Estudo base calcinha frente. Acervo do autor.
AB = Altura gancho = ¼ da circunferência menos ½ da % C.
BC = Altura quadril = ¼ de AB.
BD = Comprimento gancho = ¼ de AB + 1/24 da circunferência quadril.
AA1 = ¼ da circunferência da cintura menos % L.
CC1 = ¼ do quadril menos % L.
DD1 = largura média do fundo da calcinha 3,5cm.
Dividir D1C1 e marcar X, esquadrar para dentro e marcar X1 5cm para
desenhar a cava.
30
AE = 2cm rebaixamento da cintura.
Para as costas, fazer a partir da frente.
XX1’ = 2,5cm.
AE’ = 1cm.
Estudo base calcinha costas. Fonte: Acervo do autor.
31
Bases femininas frente e lateral. Fonte: Acervo do autor.
Base feminina costas. Fonte: Acervo do autor.
32
A base de cueca também foi retirada desse método.
Estudo base cueca frente. Fonte: Acervo do autor.
Cintura 80 com redução de 20% = 64 (largura).
Quadril 98 com redução de 20% = 78,4 (largura) e 15% = 90,65 (comprimento).
AB = Altura do gancho = ¼ da circunferência do quadril.
BC = ¼ de AB.
BD = Gancho = 1/16 do quadril + 1/24 do quadril.
AA1 = ¼ da cintura.
CC1 = ¼ do quadril.
33
DD1 = fundo da cueca 4cm.
Esquadrar C1 até linha de B. Tangenciar C1A1 para fazer a lateral.
Ligar C1D1 com reta.
Rebaixar 2cm no centro frente para retraçar a cintura.
Marcar o meio de D1C1, esquadrar, marcar 4cm e desenhar a cava.
Para as costas: a partir da marcação de D1C1 marcar 0,5cm e traçara cava e
1cm para a cintura.
Estudo base cueca costas. Fonte: Acervo do autor.
34
4. Desenvolvimento técnico dos protótipos.
Nos subcapítulos seguintes faremos a descrição técnica de todos os
protótipos desenvolvidos nesse projeto. Os tecidos utilizados no
desenvolvimento dos protótipos a seguir e das peças piloto, encontradas no
capítulo 5, foram: o Cirre, o Montana, o tule elástico e a palmilha
emborrachada.
Amostras de cirre e Montana. Fonte: Acervo do autor.
Amostras de tule elástico e palmilha emborrachada. Fonte: Acervo do autor.
4.1. Processo de Fabricação: Protótipo 1 - sutiã sem bojo
O sutiã sem bojo é composto de 4 partes sendo elas: 1X centro frente, 1
par de lateral frente, 1 par de centro costas e 1 par de lateral frente. O sutiã foi
confeccionado com o tecido Montana preto (96% poliéster + 4% elastano), no
acabamento foi utilizado elástico sanduíche, barbatanas nas laterais e na
pences do busto. No centro frente foi utilizado colchete grande niquelado e
ilhoses nas costas para o fechamento com barbante.
35
4.1.1. Modelagem
Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base de corpo
tamanho 40 também desenvolvida durante o curso de confeccionador de
lingerie em 2013, no Senai Cetiqt.
Estudo sutiã sem bojo. Fonte: Acervo do autor.
1) Marcamos o raio do busto.
2) Descemos 1cm na pence abaixo do raio do busto para traçarmos a
circunferência do busto.
3) Rebaixamos o centro frente a partir da altura do centro do busto.
4) Entramos 1cm no centro frente.
36
5) Marcamos a altura do sutiã.
6) Retraçamos a altura do centro frente para melhor vestibilidade.
7) Descemos a altura da cava e fechamos a lateral.
8) Desenhamos a alça.
9) Marcamos o fio.
Molde sutiã sem bojo. Fonte: Acervo do autor.
37
Estudo sutiã sem bojo costas. Base em azul – Alterações em vermelho. Fonte: Acervo do autor.
Nas costas foram aplicadas as seguintes alterações:
1) Rebaixamos a cava, de acordo com a frente.
2) Entramos com a linha do centro frente, para deixar espaço para a
amarração.
3) Delimitamos a alça das costas, de acordo com a parte da frente.
4) Redesenhamos o decote, a partir do novo centro frente e da altura da
alça.
5) Desenhamos a curva da cava.
6) Alongamos a linha da pence para abrir um recorte nessa linha.
38
4.1.2. Confecção
A confecção da peça envolveu os passos listados a seguir:
1. Unimos todas as partes, centro frente com as laterais da frente, centro
costas com as laterais costas e por último laterais frente e costas
(overloque).
2. Aplicamos elástico sanduíche no busto, nas cavas e no degolo
(colarete).
3. Aplicamos os canais das barbatanas nas pences frente, nas laterais e no
busto (reta).
4. Colocamos as barbatanas e aro do busto e aplicamos o elástico
sanduíche na parte inferior do sutiã (colarete).
5. Aplicamos um viés de 2cm no centro costas para a aplicação do ilhós
(reta)?
6. Aplicamos os elásticos com reguladores das alças (reta).
7. Arrematamos (reta).
4.1.3. Avaliação e proposta de correção
Após desenvolver esta peça, encontramos alguns problemas nos
seguintes pontos:
A parte da frente foi feita inteira do tecido, sem alça elástica de ajuste, o
que tornaria a peça pouco atraente comercialmente, segundo orientação.
39
Protótipos da calcinha e sutiã sem bojo. Frente, Lateral e Costas. Fonte: Acervo do autor.
Para corrigir tal problema, fizemos uma alteração na modelagem
recortando a alça, que antes era do próprio tecido e abrindo espaço para
aplicação de um elástico com reguladores.
Alteração do sutiã frente. Retirada da alça de tecido. Fonte: Acervo do autor.
40
Alteração do sutiã costas. Ajuste da alça para aplicação do elástico. Fonte: Acervo do autor.
Sutiã sem bojo, protótipo finalizado com as alterações. Fonte: Acervo do autor.
41
4.2. Processo de Fabricação: Protótipo 2 – body com coleira
O body com coleira é composto de 3 partes de molde, sendo elas 1X
frente (tecido 1), 1X costas (tecido 1) e 1X fundo (tecido 2). Para a confecção
foram utilizados como tecido 1 o Cirre e tecido 2 a malha de algodão. Como
aviamento foi utilizado o elástico liso, nome comercial Alfazema, de 0,5cm da
marca Zanotti, aplicado por dentro no zigzag e rebatido na colarete. Para o
acabamento foram utilizadas argolas e fivelas niqueladas, também foi utilizada
uma palmilha emborrachada para as tiras laterais, as tiras do busto e a coleira.
4.2.1. Modelagem
Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base tamanho
40 desenvolvida durante o curso de confeccionador de lingerie, comentado
anteriormente, na qual foi aplicada cálculo de redução de elasticidade.
Estudo body com coleira frente. Bases vermelho e preto – Alterações em azul escuro. Fonte:
Acervo do autor.
42
1) Delimitamos o raio do busto.
2) Marcamos a altura do centro frente até o fundo do body.
3) Rebaixamos a altura da cava da manga e descemos a lateral que
será unida com a lateral das costas.
4) Subimos a lateral do quadril e entramos, retirando parte da lateral
para desenhar o formato desejado.
5) Diminuímos o fundo e redesenhamos a cava da perna.
6) Redesenhamos a curva da lateral a partir da nova cava da perna até
a lateral que será unida às costas.
7) Desenhamos uma pequena cava da manga e o busto, deixando lugar
para a aplicação do aro metálico.
8) Os retângulos são para delimitar/visualizar onde serão aplicadas as
tiras laterais.
Estudo body com coleira frente e costas – base em vermelho – alterações em azul. Fonte: Acervo
do autor.
43
Para as costas:
1) Marcamos a lateral de acordo com as marcações da frente.
2) Descemos o centro frente fazendo uma pequena curva da lateral para o
centro.
3) Entramos com a lateral para fazer o desenho desejado, da mesma forma
que foi feita na frente.
4) Desenhamos o fundo, transferindo parte para frente, deixando a costura
do fundo para a parte traseira.
Molde body com coleira frente. Fonte: Acervo do autor.
44
Molde body com coleira costas. Fonte: Acervo do autor.
4.2.2. Confecção
A confecção da peça envolveu os passos listados a seguir:
1. Preparamos tiras laterais e coleira.
2. Chuleamos abertura do forro (overloque).
3. Unimos fundo frente, costas e forro, embutindo o forro, posicionando
a abertura chuleada para frente (overloque).
4. Aplicamos o elástico Alfazema nas laterais, nas cavas da perna, na
e nas costas (zigzag) e rebatemos (colarete).
5. Aplicamos elástico sanduíche nas cavas da manga e no busto
(colarete).
6. Unimos as laterais (overloque).
7. Aplicamos o canal do aro no busto (reta) e passamos o aro.
45
8. Aplicamos as argolas metálicas no centro frente e nas laterais (reta).
9. Unimos as partes da coleira com o body e aplicamos as tiras laterais
e suas fivelas (reta).
10. Arrematamos (reta).
4.2.3. Avaliação e proposta de correção
Após desenvolver esta peça, encontramos alguns problemas nos
seguintes pontos:
 Caimento das partes frente e costas, pois estas são fechadas apenas
pelas tiras e fivelas laterais.
 A peça não aderiu corretamente ao corpo, portanto, seria interessante
mudarmos alguns materiais utilizados, pensamos em substituir as
tiras de couro por um material mais aderente, como o vinil, que possui
maior elasticidade e um toque mais agradável.
 Outro problema foi a costura dos acabamentos emborrachados. Pois
na máquina reta o material partia danificando o emborrachado, outra
razão de optar pela mudança de material.
46
5. Componentes técnicos da peça piloto (ficha técnica com
sequência operacional, gradação e encaixe)
Neste capítulo relataremos as fases de desenvolvimento das peças piloto.
Escolhemos a calcinha fio dental alta e a cueca erótica para as peças piloto do
projeto, pois ambas ficaram com seus acabamentos limpos e aceitáveis para
uma possível comercialização das peças.
5.1. Calcinha fio dental alta
O primeiro protótipo é a calcinha fio dental com cintura alta, composta de
4 partes de molde, sendo elas 1X centro frente (tecido 1), 1 par de lateral frente
(tecido 2), 1X costas (tecido 1) e 2X fundo (tecido 1 e tecido 3). Para sua
confecção foram utilizados como tecido 1 o tule elástico, tecido 2 é o Montana
(96% poliéster + 4% elastano) e o tecido 3 Malha de Algodão ( 100% algodão).
Esses tecidos foram escolhidos por darem o aspecto e o caimento que
procurávamos para a peça.
Tecido 1 Tule Elástico Tecido 2 Montana (96% poliéster + 4% elastano)
47
5.1.1. Modelagem
Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base tamanho
40 desenvolvida durante o curso de confeccionador de lingerie no Senai Cetiqt,
2013.
Estudo Calcinha Fio Dental Alta - Base em vermelho - Alterações em verde. Fonte: Acervo do
autor.
48
1) Marcamos altura do centro frente, delimitando o fundo da calcinha,
com recorte na parte da frente e costas, deixando o fundo embutido.
2) Marcamos largura do forro/fundo na frente mais largo e nas costas
mais estreito para desenhar o fio.
3) Elevamos laterais, acima da linha do quadril;
4) Marcamos meio das cavas, frente e costas a fim de delimitar o novo
traçado da cava;
5) Retraçamos cava frente;
6) Retraçamos cava das costas desenhando o modelo fio.
7) Aplicamos recorte na parte da frente;
Partes da modelagem. Fonte: Acervo do autor.
49
5.1.2. Avaliação e proposta de correção
Após o desenvolvimento da calcinha fio dental alta não foi encontrado
nenhum problema em sua modelagem, desta forma, não houve nenhum acerto
na peça. Houve a prova da peça, porém não conseguimos o registro fotográfico
pela falta de uma modelo disponível para a foto, mesma dificuldade com o body
e o sutiã.
50
5.1.3. Ficha Técnica
Coleção: Projeto Final 2015 Data: 20/10/2015
Descrição do modelo: Calcinha fio dental alta.
Segmento: Lingerie feminina Ref.: XYXYXY
Tamanho da peça piloto: M Grade de corte: P, M e G.
Estilista: Carolina Tempel Modelista: Carolina Tempel
DESENHO TÉCNICO
Frente Costas
Partes componentes do molde: 4 partes, sendo 1x centro frente, 1 par lateral frente, 1 costas, 1
fundo( 1x tecido 1 e 1x tecido 3).
Obs. de montagem (pontos críticos): Aplicação de elástico liso Alfazena 0,5cm nas cavas e
cintura na overlock pela parte de dentro e depois rebatido na colarete.
Tecido Etiquetagem
Tecido 1: Tule elástico
Tecido 2: Montana
Tecido 3: Malha de algodão
Lateral esquerda.
Cintura e cavas rebatidas
na colarete ======
51
Sequência operacional da peça:
1-Unir centro frente nas laterais frente. (OV)
2-Unir frente, costas embutindo o fundo e
forro. (OV)
3-Aplicar elástico nas cavas. (OV)
4-Fechar lateral esquerda aplicando etiqueta.
(OV)
5-Aplicar elástico na cintura. (OV)
6-Fechar lateral direita. (OV)
7-Rebater cavas e cintura. (colarete)
8- Arrematar. (Reta)
52
5.1.4. Gradação
Encaixe calcinha fio dental alta. Vermelho tam. 38, Azul tam. 40 e Verde tam. 42. Fonte: Acervo do
autor.
5.1.5. Encaixe
Encaixe calcinha fio dental alta, tecido 2: lateral frente e costas e fundo medida 1,40x0,58 m; tecido
1: frente medida 1,40x0,28 m. Fonte: Acervo do autor.
53
5.1.6. Peça Finalizada
Calcinha fio dental alta frente e costas. Fonte: Acervo do autor.
5.2. Cueca erótica
A segunda peça piloto é uma cueca composta de 2 partes, sendo 1 par
do bojo da frente (1x tecido 1 e 1x tecido 3) e 1 x costas (tecido 2). Para a parte
da frente utilizamos o tecido 1, Montana, para as costas o tecido 2 tule elástico
e tecido 3 malha de algodão. Os aviamentos utilizados foram o elástico
sanduíche e elástico largo de 1,5cm. Para o acabamento fizemos um viés do
próprio tecido com o elástico de 1,5cm para a cintura da cueca, além de
argolas niqueladas.
5.2.1. Modelagem
Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base de cueca
tamanho 40, também desenvolvida no curso do Senai em 2013, assim como as
bases femininas.
54
Estudo cueca transparente –Base em vermelho – Alterações em azul claro. Fonte: Acervo do autor.
1) Delimitamos a altura da cueca, desenhando o viés que será
aplicado na cintura.
2) Entramos o fundo da cueca e descemos 1cm no centro frente
para desenharmos o bojo.
55
3) Desenhamos uma pequena curva no fundo para melhor encaixe
no corpo e a curva em que começa o bojo e será unida ao viés da
cintura.
4) Desenhamos o bojo a partir da curva do início (cintura) até a
curva do fundo e também a curva interna do bojo.
5) Desenhamos a cintura a partir da marcação do viés da cintura.
6) Redesenhamos a cava da perna.
Molde cueca transparente frente. Fonte: Acervo do autor.
56
Molde cueca transparente costas. Fonte: Acervo do autor.
5.2.2. Avaliação e proposta de correção
Após o desenvolvimento da cueca não foi encontrado nenhum problema
em sua modelagem, foi feita a prova da peça que foi aprovada, desta forma,
não houve nenhum acerto na peça.
57
5.2.3. Ficha Técnica
Coleção: Projeto 2015 Data: 26/10/2015
Descrição do modelo: cueca erótica.
Segmento: lingerie masculina Ref.: XYXYXY
Tamanho da peça piloto: M Grade de corte: P, M e G
Estilista: Carolina Tempel Modelista: Carolina Tempel
DESENHO TÉCNICO
Frente Costas
Partes componentes do molde: 2 Par frente (1 par tecido 1 e 1 par tecido 3) e 1x costas (tecido
2).
Obs. de montagem (pontos críticos): embutir frente, forro e costas para depois passar o
elástico sanduíche, preparo do viés da cintura com elástico de 1,5cm e tecido 1.
Tecido Etiquetagem Gasto de viés
Tecido 1: Montana,
Tecido 2: Tule elástico
Tecido 3: Malha de algodão.
Centro costas. Total: 91cm x 8cm, sendo 2
tiras de 18cm lateral frente, 1
tira de 16cm centro frente e 1
tira 39cm costas. Todas com
2cm em cada ponta para
costura nas argolas.
Elástico sanduíche
aplicado na colarete = =
= = =
Viés de 2cm costurado na
reta.
58
Sequência operacional da peça:
Preparamos o viés da cintura (reta).
2- Preparamos o bojo, unindo as partes
do forro e do tecido 1 (overloque).
3- Unimos a frente, o forro e as costas,
embutindo o forro (overloque).
4- Aplicamos o elástico sanduíche nas
curvas da cintura das costas e na frente
(colarete).
5- Aplicamos elástico sanduíche nas
cavas das costas até a curva interna do bojo,
deixando uma sobra do elástico na frente e
nas costas para a aplicação das argolas da
cintura, fechando o bojo (colarete).
6- Aplicamos as argolas na frente e nas
costas (reta). Aplicamos o viés da cintura nas
argolas (reta).
7- Arrematar (reta).
59
5.2.4. Gradação
Gradação cueca erótica frente e costas. Fonte: Acervo do autor.
5.2.5. Encaixe
Encaixe cueca erótica, frente: tecido 1 medida 1,40x0,24 m; costas: tecido 2 medida 1,40x0,55 m.
Fonte: Acervo do autor.
60
5.2.6. Peça Finalizada
Cueca erótica frente e costas. Fonte: Acervo do autor.
61
6. Considerações finais
Neste trabalho, buscamos solucionar a questão da modelagem, e da
busca de matéria-prima para lingeries eróticas, que objetivam atender a um
público que se interessa pelo tema fetiche. A fim de resolver este problema,
procuramos junto a pesquisas de mercado e diversos materiais de apoio como
livros, artigos e sites que falam sobre o tema e a respeito de como tem se
desenvolvido o mercado para esse público.
Para tal, desenvolvemos a peça piloto de uma calcinha, que chamamos
de calcinha fio dental alta e de uma cueca, que chamamos de cueca erótica.
Além dessas peças, realizamos outros experimentos que chamamos de
protótipos: um body com coleira e um sutiã sem bojo. O objetivo do
desenvolvimento dessas peças foi trazer para o estudante de tecnólogo em
produção do vestuário a percepção sobre o desenvolvimento de produtos de
moda específicos para públicos diferenciados, já que, as lingeries direcionadas
para o mercado erótico utilizam peças com modelagens e matérias primas
diferentes e inusitadas.
No decorrer deste processo, encontramos algumas dificuldades. Dentre
elas, podemos citar a falta de relato pessoal de pessoas que são adeptas ao
fetiche e participam de rituais fetichistas. Foram enviados alguns e-mails
através de sites que falavam sobre o assunto, porém não houve qualquer
retorno com relação a essa pesquisa individual. A partir da leitura de artigos e
textos pudemos perceber que os entusiastas fetichistas são um grupo um tanto
reservado e por isso a dificuldade em conseguir contato.
Outra dificuldade encontrada durante a execução do projeto foi na
confecção das peças, por falta de um maquinário específico que colaborasse
com uma finalização mais adequada das peças. Por outro lado, este projeto
proporcionou alguns resultados satisfatórios, no qual conseguimos perceber
que o mercado em que está inserido este projeto, tem um público ávido por
consumo, com poucas oportunidades de oferta. Desta forma, a pesquisa trouxe
conhecimento de áreas novas e um incentivo para o desenvolvimento de
62
lingeries e fantasias voltadas para esse público fetichista, que reservado ou
não, buscam por produtos com qualidade e design diferenciado.
Com este trabalho, desejamos que futuras pesquisas possam dar
continuidade ao tema aqui abordado, contribuindo com o crescimento do
campo da produção do vestuário através da pesquisa e do desenvolvimento de
produtos para esse nicho de mercado, que engloba não só entusiastas, como
também, curiosos sobre fetichismo e suas vertentes, oferecendo para o
mercado de moda muitas oportunidades comerciais.
63
7. Referências Bibliográficas
ABEME. Disponível em www.abeme.com.br. Acesso em 12 de agosto de 2014.
BASTOS, Ailton. O que é fetiche sexual? Psicanálise Hoje. Disponível
emhttp://mondeprivelingerie.blogspot.com.br/2013/02/lingeries-e-fetiches.html.
Acesso em 15 de setembro de 2014.
CORBIN, A. Women for Hire: Prostitution and Sexuality in France after
1850. Harvard, 1996.
Le Chabanais. HTTPS://en.wikipedia.org/wiki/Le_Chabanais. Acesso em 12
novembro 2015.
Lilian Pacce. http://www.lilianpacce.com.br/moda/consumo-bota-cuissarde/.
Acesso em 01 setembro de 2015. Mood. Disponível em
http://mood.com.br/lingerie-fetiche/. Acesso em 29 de agosto de 2014.
Psicanálise e Sexualidade. Disponível em
http://psicanalisehoje.wordpress.com/2010/11/15/o-que-e-fetiche-sexual.
Acesso em 10 de outubro de 2014.
Psicanálise Hoje. Disponível em
http://psicanalisehoje.wordpress.com/2010/11/15/o-que-e-fetiche-sexual/.
Acesso em 29 de agosto de 2014.
SANTOS, Ricardo F. Empresa acerta ao comercializar artigos eróticos por
venda direta. Revista digital Pequenas Empresas Grandes Negócios.
Disponível em revistapegn.globo.com. Acesso em 22 outubro 2015.
SHAKTI, Agni. Dicionário de Fetiches & BDSM. São Paulo: Ideia & Ação,
2008.
STEELE, Valerie. Fetiche: moda, sexo & poder. Tradução de Alexandre
Abranches Jordão. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
64
ROCHA, Mariana. Punk na moda. Revista Cult. Edição 96. Disponível em
http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/punk-na-moda/. Acesso em 01 de
setembro de 2015.

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Fetiche: a lingerie e o mercado erótico.

  • 1. CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL Faculdade SENAI CETIQT Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário FETICHE A Lingerie e o Mercado Erótico Carolina Tempel Rio de Janeiro 2015
  • 2. CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL Faculdade SENAI CETIQT Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário Carolina Tempel FETICHE A Lingerie e o Mercado Erótico Projeto de Conclusão de Curso de Graduação a ser submetida à Comissão Examinadora do Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário, da Faculdade SENAI CETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Tecnólogo em Produção de Vestuário Prof° Bárbara Poci Orientador (a) Rio de Janeiro 2015
  • 3. Carolina Tempel FETICHE A Lingerie e o Mercado Erótico Projeto de Conclusão de Curso de Graduação a ser submetida à Comissão Examinadora do Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário, da Faculdade SENAI CETIQT, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Tecnólogo em Produção de Vestuário Data de Aprovação: 25/ 11/ 2015 Banca Examinadora: ________________________________________________________ Professora Bárbara Valle Poci Docente do Senai Cetiqt Especialista em Design de Estamparia – Senai Cetiqt ________________________________________________________ Professora Cynara Lourenço Docente do Senai Cetiqt Especialista em Docência do Ensino Superior – AVM / Cândico Mendes ________________________________________________________ Professora Rosa Lúcia de Almeida Silva (Basin) Docente Senai Cetiqt Especialista em Computação Gráfica e Multimídia – IME / UERJ _________________________________________ Professora Luísa Meirelles Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário
  • 4. Agradecimentos Esse projeto só foi possível existir, pois desde o início do curso pude contar com a ajuda e colaboração de amigos, colegas e professores. Em especial, agradeço a Reinaldo Cavalcante, que sempre me ajudou durante os anos dentro do Senai e também fora da instituição sendo esse amigo querido e muito competente no que faz. Agradeço a Carlos Eduardo F. G, que não atua na área de moda, mas é uma pessoa que me incentiva e contribui mais do que imagina com o meu progresso profissional. A minha paciente e querida professora e orientadora Babi (Bárbara Poci), que não desistiu de mim e foi quem me inspirou a escolher a lingerie para trabalhar. E quero deixar também um agradecimento mais do que especial para minha mãe Silvana e avós, Dolores e Francisco, que mesmo de longe estão sempre olhando por mim, me ajudando e me incentivando. Sem eles nada teria acontecido.
  • 5. Resumo Este projeto tem como objetivo relatar o desenvolvimento de lingeries para o mercado erótico, abordando, primeiramente, vários aspectos relacionados a fetiche e moda. Buscamos ambientar toda uma atmosfera por trás do tema, colocando informações e curiosidades acerca desse universo tão particular, além de informações sobre o mercado erótico. Na parte prática vamos observar o relato do desenvolvimento das bases e modelagens das peças, utilizando o programa Corel Draw para traçar todas as estruturas, a partir do conhecimento adquirido nas modelagens plana e tridimensional. Palavras-chave: Lingerie, fetiche, modelagem, erótico, Corel Draw.
  • 6. Sumário Introdução .......................................................................................................... 7 1. A Lingerie Erótica......................................................................................... 10 1.1 A Atmosfera de L’Apollonide................................................................... 11 1.2 O Universo Fetichista.............................................................................. 13 1.3 O Fetiche na Moda ................................................................................. 17 2. O Mercado Erótico ....................................................................................... 21 3. Detalhamento da metodologia para a construção das peças....................... 24 4. Desenvolvimento técnico dos protótipos. ..................................................... 34 4.1. Processo de Fabricação: Protótipo 1 - sutiã sem bojo........................... 34 4.1.1. Modelagem ..................................................................................... 35 4.1.2. Confecção ...................................................................................... 38 4.1.3. Avaliação e proposta de correção................................................... 38 4.2. Processo de Fabricação: Protótipo 2 – body com coleira...................... 41 4.2.1. Modelagem ..................................................................................... 41 4.2.2. Confecção ...................................................................................... 44 4.2.3. Avaliação e proposta de correção................................................... 45 5. Componentes técnicos da peça piloto (ficha técnica com sequência operacional, gradação e encaixe) .................................................................... 46 5.1. Calcinha fio dental alta........................................................................... 46 5.1.1. Modelagem ..................................................................................... 47 5.1.2. Avaliação e proposta de correção................................................... 49 5.1.3. Ficha Técnica.................................................................................. 50 5.1.4. Gradação ........................................................................................ 52 5.1.5. Encaixe ........................................................................................... 52 5.1.6. Peça Finalizada............................................................................... 53 5.2. Cueca erótica......................................................................................... 53 5.2.1. Modelagem ..................................................................................... 53 5.2.2. Avaliação e proposta de correção................................................... 56 5.2.3. Ficha Técnica.................................................................................. 57 5.2.4. Gradação ........................................................................................ 59 5.2.5. Encaixe ........................................................................................... 59
  • 7. 5.2.6. Peça Finalizada............................................................................... 60 6. Considerações finais .................................................................................... 61 7. Referências Bibliográficas............................................................................ 63
  • 8. 7 Introdução Este trabalho trata da elaboração de lingeries para o mercado erótico, trazendo em seus modelos referências do universo dos fetiches. O desenvolvimento deste projeto foi inspirado no filme L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância no qual é apresentado o dia-a-dia das garotas de programa do final do século XIX. O visual do filme sugere uma atmosfera de fetiche, apresentando diversas roupas íntimas em tecidos leves, fluídos, transparentes, além de espartilhos, ligas e meias. Toda essa ambientação representada no filme é sedutora, embora a arte cinematográfica apresente uma certa tristeza em algumas cenas do filme. A ideia inspiradora para o tema deste projeto é finalizada com uma cena do filme na qual a atriz veste-se de boneca para atender o fetiche de um cliente. Embora o filme apresente um belo figurino, este não terá o seu figurino reproduzido no projeto, na realidade, ele serviu como inspiração da ideia do fetiche como protagonista do TCC. Além daquela cena do filme em especial, o tema do projeto foi também alimentado por referências de livros como a bibliografia Fetiche: Moda, Sexo & Poder de Valerie Steele, outros filmes e cursos de lingerie. Para o desenvolvimento dessas lingeries serão utilizados tecidos elásticos com acabamentos emborrachados, com aspecto de couro e recursos de materiais metálicos como aviamentos. Portanto, a principal questão para este projeto é: como desenvolver a modelagem de lingeries, que possuam um bom caimento e um bom encaixe para atender os consumidores do mercado erótico, utilizando materiais que representam o universo fetichista? Através deste trabalho gostaria de atingir os consumidores de moda erótica, mais especificamente, os entusiastas de fetiches (apreciadores de fetiches e BDSM – Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo), tanto o público feminino como o masculino. Para isso pretendo desenvolver peças que
  • 9. 8 atendam às necessidades e os desejos dos consumidores dessas peças de vestuário. De um modo geral, para solucionar a questão da modelagem, desenvolvemos a técnica da modelagem plana utilizando o CorelDraw. O programa foi utilizado como um cad de modelagem, no qual a base foi traçada e depois interpretada na tela do computador e não no papel, como fazemos habitualmente. Essa técnica foi adquirida no curso de Modelagem de Vestuário no CorelDraw, Senai Cetiqt – 2015. Para alcançar este objetivo e resolver o problema, além do desenvolvimento de uma modelagem um pouco diferenciada em relação ao modelo da lingerie, pesquisamos junto a ABEME (Associação Brasileira de Empresas de Mercado Erótico e Sensual) informações sobre o atual mercado erótico, em geral, para saber quais as expectativas em relação ao vestuário e lingeries voltadas para esse mercado. Pois, desta forma, será possível desenvolver peças que atendam suas fantasias. A partir da reunião destas informações, foi iniciado o processo de produção das peças, a idealização dos modelos e toda a parte técnica do desenvolvimento (croqui, modelagem, desenho técnico, gradação, protótipo, etc). Além disso, queremos embasar esta pesquisa nos diversos textos sobre o mercado erótico e seu crescimento, e expor alguns aspectos dos fetiches e sua relação com a moda. Para iniciarmos o trabalho, desenvolvemos pesquisas através da internet, em busca de informações sobre o mercado e o público alvo, além de curiosidades sobre fetiche e seus entusiastas. Também foram pesquisadas informações sobre a execução das peças, como modelagem e a confecção de lingeries e tudo que fosse inerente ao desenvolvimento das mesmas. Dentro da pesquisa inicial do projeto encontramos no blog Monde Prive Lingerie diversas descrições de tipos de fetiche, que irá colaborar para o desenvolvimento das peças e também alguns trechos do texto que fala sobre o que é fetiche de modo geral.
  • 10. 9 “Freud explica a ligação da lingerie com o erotismo, como um fetiche, a criação de um desejo, que, segundo a enciclopédia Larousse Cultural , é definido como “Objeto natural ou artificial, ao qual são atribuídas propriedades mágicas o qual se venera como sobrenatural.” (Sobrenome do autor. Data de publicação do texto) Já no livro Fetiche: moda, sexo e poder, a autora Valerie Steele, apresenta um texto bastante interessante sobre vários aspectos do fetiche e sua relação com a moda, dizendo que: “O interesse popular por estilos subculturais não é novo, mas tem movido recentemente uma mudança qualitativa no acolhimento da sexualidade pela moda. [...] Certamente qualquer pessoa que esteja “envolvida” com moda precisa abordar o assunto.” Pg 17 (STEELE.1997, p.17) Sendo assim, o nosso projeto sobre lingerie para o universo fetichista tem todo um embasamento teórico enriquecido por pesquisas bibliográficas e dados de mercado, com resultados em estudos práticos que foram registrados passo a passo durante a pesquisa.
  • 11. 10 1. A Lingerie Erótica A lingerie, de um modo geral, tem se tornado cada dia mais e mais um objeto de desejo das mulheres e a lingerie sensual tem entrado no guarda- roupa das consumidoras. O mercado erótico, que se apresenta em expansão, notou esse interesse crescente, podemos perceber esse crescimento no consumo de lingerie erótica de acordo com uma pesquisa realizada pela ABEME – Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual - em 2013. “Até o final do primeiro semestre com exceção do dia dos namorados, o mercado do erotismo se manteve estável, mas ainda sob influência do crescente número de consultoras domiciliares que se inspiraram na Alice do filme De Pernas Pro Ar alcançando o número de 85 mil consultoras no país. Este grande número de revendedoras foi responsável por formar novas consumidoras, principalmente da classe C, impulsionando as vendas dos produtos com embalagens menores e os mais baratos. O percentual de crescimento do setor em geral ficou em 15% em 2012.” A lingerie é uma peça do vestuário que carrega a responsabilidade de ser um objeto de curiosidade, por ficar escondido sob as demais roupas ela desperta olhos atentos, o que a torna um artigo de fetiche por excelência. Seja ela de tecidos simples ou refinados, a lingerie tem papel importante no guarda- roupa feminino há muito tempo e merece um lugar de destaque, seja ela para relaxar em casa ou para apimentar um encontro. No caso das vestes eróticas e sensuais, o mercado apresenta diferentes formas de despertar o interesse do consumidor, desenvolvendo peças específicas para apreciadores de fetiche e também algo mais lúdico, como as fantasias, que estão no imaginário das pessoas.
  • 12. 11 Fantasia de empregada, parte do catálogo da Rede Mel. Fonte: Lingerie of Ceara(Web). Diferente das roupas íntimas do dia-a-dia a lingerie erótica tem um objetivo, bem específico, que é de seduzir, provocar, ser sexy e não necessariamente ser confortável. Para alcançar esses objetivos, suas modelagens são mais ousadas, cobrindo de maneira parcial ou integral o corpo. Além disso, servem-se de tecidos e detalhes que são fetiches por si só, como o veludo, o couro, o vinil, a seda, assim como as fivelas, os spikes e outros apetrechos que podem ser utilizados para valorizar essas peças. 1.1 A Atmosfera de L’Apollonide O filme L’Apollonide, que foi um dos objetos inspiradores na constituição desse projeto, retrata a vida das meninas de um bordel do final do século XIX e seus clientes. Diversas são as situações que envolvem o espectador em um ambiente belíssimo, com um belo figurino, repleto de amores de diferentes formas. Além de ser uma película encantadora, o filme tem como base uma “maison close” (casa fechada) ou como seria aqui, uma casa de tolerância real,
  • 13. 12 chamada Le Chabanais, famosa durante a Belle Èpoque que foi fundada pela cafetina Madame Kelly em 1878. Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância. Fonte: Grupo Estação (Web) A famosa “casa fechada” reunia frequentadores ilustres como escritores (Guy de Maupassant), artistas (Toulouse-Lautrec), atores (Marlene Dietrich) e membros da realeza europeia como marajás, diplomatas e políticos. Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância. Fonte: Cinema Scope (Web) A casa original, assim como no filme, apresenta uma decoração exuberante e era conhecida por ter quartos temáticos e móveis para fetiches, como uma cadeira para sexo oral grupal e a banheira de cobre vermelho para banhos de champanhe. Além disso, podemos observar na história vários elementos que sugerem fetiches, como espartilhos, meias calça e fantasias.
  • 14. 13 Cena do filme L'Apollonide – Os amores da casa de tolerância, na qual ela se veste de boneca para atender um cliente. Fonte: Grupo Estação e Pinterest (Web) 1.2 O Universo Fetichista A palavra fetiche que vem do francês fetiche e foi emprestada do português feitiço que origina do latim facticius “artificial, fictício”, é um objeto natural ou artificial ao qual se atribui poderes mágicos ou é venerado como sobrenatural. No ramo da psicanálise, atribuir valores aos objetos chamou de fetichismo, segundo o psicanalista Ailton Bastos, “fetichismo é a atração erótica por objetos inanimados, que direta ou indiretamente está em contato com o corpo humano ou para determinadas partes do corpo da pessoa amada”. O fetichismo era considerado por muitos como uma perversão, um transtorno no comportamento sexual, mas hoje o fetiche só é considerado um transtorno quando a pessoa é incapaz de sentir prazer sem o seu objeto de fetiche. No artigo, Perversão à Luz da Psicanálise, extraído do site Psicologado, Breno de Oliveira e Hélem Soares, dizem que essa estrutura de personalidade tem início na infância, pois a criança já é um sujeito sexual, que se experimenta e se descobre constantemente e partir desse comportamento é que encontramos a diferença entre a perversão e a normalidade. Sendo assim, a perversão é caracterizada pela fixação do desvio quanto ao objeto de desejo e pela exclusividade de sua prática.
  • 15. 14 No site Psicanálise Hoje, de acordo com o texto de Ailton Bastos sobre o que é fetichismo sexual, ele afirma que na psicanálise, todas as pessoas são consideradas fetichistas em certo grau, sentem-se atraídas por algum tipo físico específico, algum atributo físico, como pés ou seios ou alguma vestimenta. Desta forma, inúmeros podem ser o objeto de desejo do fetichista. Na pesquisa de Agni Shakiti para escrever o “Dicionário de Fetiches & BDSM” (Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo), ela catalogou 143 fetiches, mais algumas subclasses e variações, partindo do princípio de que o alvo de um fetiche pode ser um objeto, uma parte do corpo ou ações. Eles podem ser dos mais comuns aos mais estranhos, seguem alguns exemplos:  Spanking: consiste em dar palmadas no seu parceiro, pode-se usar chicotes, as mãos, uma régua entre outros, a dor está bastante ligada ao prazer, assim como a humilhação, outro, muito conhecido e talvez um dos mais antigos fetiches.  Podolatria: no qual o prazer está ligado aos pés do parceiro, sendo manipulando, beijando, cheirando, massageando ou tendo seus órgãos genitais manipulados pelos pés.  Trampling: que é o prazer em ser pisado, com os pés descalços ou com imensos sapatos de salto,  Bondage: neste usam-se cordas, cadarços, mordaças, vendas nos olhos, algemas, correntes e outras formas para amarrar o parceiro. Esses são apenas algumas práticas dentro do universo fetichista.  Bukkake: prática na qual a mulher fica ajoelhada, vários homens ficam em pé se masturbando e ejaculando sobre o seu rosto.  Pigofilia: atração sexual intensa por nádegas, ver uma passando ou rebolando pode causar excitação.
  • 16. 15  Ginemimetofilia: prática em que o homem se veste com roupas femininas, o prazer está em agir como se realmente fosse uma mulher e ser tratado como uma vadia.  Escatofilia: excitação através de conversas obscenas, com pessoas estranhas ou não, usar palavras com teor sexual e depravado leva à excitação e ao orgasmo.  Necrofolia: consiste em fazer sexo ou praticar outros atos com cadáveres.  Zelofilia: o prazer é derivado do ciúme, com a criação de situações que envolvam ou provoquem ciúmes.  Renifleurismo ou Chuva Dourada: prazer em se banhar com a urina do parceiro.  Auto-erotismo ou Hedonismo: prática de satisfazer as próprias necessidades sem ajuda de um parceiro, com o auxílio de um vibrador, masturbação, auto-asfixia, auto-bondage e outros.  Échangisme ou Exibicionismo: a excitação ocorre quando o homem ou a mulher são vistos com roupas íntimas, em contato erótico ou sexual por terceiros, preferencialmente em locais públicos. Muitos são os fetiches e para colocá-los em prática, seus entusiastas procuram por locais bem específicos que ofereçam todo o ambiente e os instrumentos necessários para atender seus desejos, sejam eles, olhar outros entusiastas ou participar de alguma atividade fetichista. Existem clubes nos quais encontramos os cenários que estimulam os amantes dos fetiches, além disso, também existem festas abertas ou privadas. Dentro desses locais existem diversos ambientes. Salas com gaiolas, com inúmeros chicotes e chibatas, quartos escuros, salas para bondage com variedade de formas de amarras e tantos outros instrumentos.
  • 17. 16 Alquiler sala sado Barcelona. Fonte: Porn Star Spain (Web) Além desses locais, outro item indispensável é o “dress code”(código de vestir), pois a vestimenta nesses ambientes é importante para que as pessoas reconheçam o interesse um do outro. Em São Paulo/SP, desde 2009, é realizado o Projeto Luxúria, festa dedicada aos apreciadores de fetiches e BDSM. Localizada no centro da cidade, atrai casais e pessoas solteiras para participarem de variadas formas de fetiche, principalmente, podolatria e feminilização e diferente do que muitos podem pensar o sexo explícito não é permitido, tudo acontece apenas com consentimento. Festa fetichista Projeto Luxúria. Fonte: Paraíba (Web)
  • 18. 17 1.3 O Fetiche na Moda Por existir hoje liberdade na abordagem do tema fetiche, a moda tem incorporado frequentemente o fetiche no desenvolvimento de coleções, tornando mais visíveis o ambiente e as práticas dessa cultura, até então fechados. Um dos primeiros artigos de moda a se tornar popular foi a bota Cuissarde, com longos canos acima do joelho, muito associada a prostitutas, como no filme “Uma Linda Mulher”. Filme “Uma Linda Mulher” mostrando a bota "bizarra". Fonte: Lilian Pacce (Web) Desde os anos 60 a moda fetichista tem sido bastante comum, em algumas séries de televisão da época foram utilizadas referências que instigavam a libido e que foram inspiradas em roupas de alta costura fetichistas criadas por John Sutcliffe of Atomage, como o traje da personagem Emma Peel da série “Os Vingadores”, um macacão de couro, uma espécie de fantasia felina.
  • 19. 18 Série de televisão "Os Vingadores", catsuit da personagem Emma Peel. Fonte: The waste basket (Web) Movimento importante para a incorporação do fetichismo na moda foi o punk, subcultura associada a bandas de rock, que trouxeram o estilo “revoltado” com alfinetes de segurança a mostra, coleiras de cachorro e tecidos baratos como referências. Ao longo do tempo a estilista Vivienne Westwood trouxe para dentro do universo da moda o movimento punk e BDSM, transformando sua loja na notória boutique sadomasoquista, decorada com chicotes, couro e vendendo roupas de borracha em meado dos anos 70.
  • 20. 19 Frente da loja de Vivienne Westwood. Fonte: Moda de Subculturas (Web) Interior da loja Sex. Fonte: Moda de Subculturas (Web) Na década de 80 a revista Elle britânica publicou em uma capa roupas em PVC, Lycra e borracha inspirados no fetiche, abrindo uma porta para esse estilo chegar às lojas e as ruas. Além de Vivienne Westwood e estilistas como Azzedine Alaïa, Dolce & Gabbana, John Galiano, Jean-Paul Gaultier e tantos outros, fizeram uso do estilo fetichista para compor suas coleções. Observamos freqüentemente espartilhos, botas, couro, borracha e roupas íntimas como roupas urbanas nas
  • 21. 20 passarelas, o que nos faz pensar que esse tema agrada estilistas e consumidores de moda tanto quanto aos seguidores ativos de fetiches. Desfile de Vivienne Westwood com referências do punk. Fonte: Pinterest (Web) Desfile de Jean Paul Gaultier. Fonte: Pinterest (web)
  • 22. 21 2. O Mercado Erótico No site Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME) encontra-se informações sobre o mercado erótico em geral, necessário para justificar o interesse em desenvolver produtos para esse mercado, que está em expansão. Segundo pesquisa realizada pela ABEME, coordenada pela presidente da associação, Paula Aguiar, em 2012 o mercado erótico teve crescimento de 18%, especificamente as lingeries, fantasias e acessórios de fetiche tem 6% dentro dessa parcela. Esses números são efeito do reflexo do livro 50 Tons de Cinza, da autora americana E. L. James. O tema do livro “50 Tons de Cinza” também foi pesquisado pela ABEME com o intuito de mapear a relevância do livro junto ao mercado erótico. A empresária do ramo, Fran Perez, proprietária de uma sexshop, entrevistada na pesquisa, relata que antes do lançamento do livro a venda de artigos sadomasoquistas e fetiches não eram os mais comercializados, porém após o lançamento do livro houve um crescimento de 50% na venda desses artigos. Com o lançamento do filme “50 tons de cinza”, em 2014, baseado na trilogia do livro, notou-se a crescente procura por chás de lingeries e cursos inspirados na história literária que teve uma linha oficial de produtos que chegaram ao Brasil na mesma época do filme. Ainda de acordo coma pesquisa da ABEME, os empresários do setor de mercado erótico foram questionados sobre a comercialização desses produtos e podemos verificar os itens mais procurados: 80% são algemas, máscaras, vendas, chibatas e chicotes feitos de diversos materiais, de tecidos leves a couros macios. O caráter lúdico da brincadeira é que conta mais na hora da escolha do artigo, produtos “baunilha” como é denominado o sexo básico, e não a dor como os praticantes de sadomasoquismo. Além de artigos como roupas e lingeries pretas são itens muito procurados. E 15% desses empreendedores vendem a linha completa de sado que incluem correntes, prendedores e objetos de pressão que atendem inclusive os clientes mais
  • 23. 22 assíduos de sadomasoquismo, porém que fazem parte de um universo mais restrito. Na página do Yahoo Mulher, os artigos sobre as vendas do mercado erótico trazem alguns dados estatísticos interessantes: “Tabus sendo quebrados. O mercado erótico brasileiro cresceu 15% no último ano (em 2011, 18,5%) e os números mostram que o ramo está muito atrativo. O país tem mais de 85 mil consultoras, são vendidos 8 milhões de artigos sensuais por mês e o mercado movimentou mais de R$ 1 bilhão em 2012. ” (site Yahoo Mulher, 10/04/2013) Podemos verificamos que o mercado erótico, apesar de crescente, tem certa dificuldade de venda em virtude do pudor moral que está relacionado ao assunto sexualidade. Porém, com o método de vendas diretas através de catálogos e consultoras, que vão até o domicílio, é possível alcançar o público curioso que busca novas formas de aquecer suas relações íntimas. Lingerie Body leg avenue, parte do catálogo da Rede Mel. Fonte: Lingerie of Ceara (Web).
  • 24. 23 De acordo com o artigo de Ricardo F. Santos para a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios edição online de 01/2011, os empresários Marcus Imaizumi e Ricardo Luchetti, proprietários da Rede Mel de produtos eróticos, observaram que com a implantação de catálogos, com a imagem dos produtos à venda, os clientes sentem-se mais à vontade para reconhecer os produtos e fazer seus pedidos. Não só com itens para venda, mas os catálogos também contam com informações sobre sexo, erotismo e qualidade de vida para os clientes. Quanto aos preços das lingeries eróticas são bastante variados, dependendo do material e do modelo, seus valores vão de R$18,00, como tangas até R$300,00 como macacões de látex por exemplo. Esses foram valores pesquisados em duas lojas virtuais, a Loja do Prazer e a Erosmania, dentro dessa faixa de preço encontramos diversos produtos calcinhas, sutiãs, fantasias, bodys e até modelos mais elaborados.
  • 25. 24 3. Detalhamento da metodologia para a construção das peças Neste capítulo apresentaremos os experimentos realizados para alcançarmos os objetivos. Para tal, apresentaremos as peças a seguir: calcinha fio dental alta, sutiã sem bojo, body com coleira sem bojo e cueca erótica com tule. Croquis sutiã sem bojo com calcinha fio dental alta e body com coleira sem bojo por Reinaldo Cavalcante. Fonte: Acervo do autor. A tabela de medidas utilizada neste trabalho foi retirada da apostila do curso de Confeccionador de Lingerie e Moda Praia ministrado no Senai Cetiqt. 2013. O tamanho utilizado para a confecção das peças foi o número 40, por se tratar do tamanho mediano e a partir deste podemos aumentar com maior facilidade.
  • 26. 25 A técnica de modelagem utilizada para o desenvolvimento deste projeto, foi a modelagem em 2D utilizando o programa Corel Draw. A partir do programa foram traçadas todas as bases e também todas as interpretações de modelos em seus tamanhos reais. Com o auxílio dessa ferramenta foi possível obter resultados mais claros e limpos das modelagens, tornando suas correções e alterações mais eficientes, otimizando tempo e os resultados finais. Partes do corpo TAMANHOS P M G 36 38 40 42 44 46 1 Altura centro frente 35 35,5 36 36,5 37 37,5 2 Busto 80 84 88 92 96 100 3 Cintura 62 66 70 74 78 82 4 Circ. Pescoço 33 34 34 36 37 38 5 Costado 38 39 40 41 42 43 6 Manga 60 60 60 60 60 60 7 Punho 20 21 22 23 24 25 8 Compr. Saia 60 60 60 60 60 60 9 Alt Quadril 20 20 20 20 20 20 10 Quadril 90 94 98 102 106 110 Para o desenvolvimento das bases foi utilizado a metodologia do curso citado acima e será descrito o passo-a-passo. Para essa construção as seguintes legendas devem ser observadas: % (porcentagem de elasticidade), L (medidas de largura) e C (medidas de comprimento), sendo L = 20% e C = 15%. Essas porcentagens foram retiradas através do teste de porcentagem de elasticidade feita com os tecidos, no qual cortamos um quadrado do tecido no tamanho 10x10 e o esticamos, sem deformar, sobre uma régua, cada 1cm que crescer depois dos 10cm da régua equivale a 1% de elasticidade. Ex: se crescer até 15cm = 15% de elasticidade, se crescer até 18cm = 18% de elasticidade.
  • 27. 26 Estudo base feminina blusa frente. Fonte: Acervo do autor. AB = 1/6 da circunferência do pescoço + 1 cm da % de elasticidade C. BC = Altura cintura = Altura centro frente menos ½ da % de elasticidade C. AD = Altura cava = ½ de AC menos ½ da % C. CE = Altura quadril = ¼ da circunferência do quadril menos 1/16 da circunferência do quadril, menos ½ da % C. Esquadrar A, B, C e D para direita. AA1 = 1/6 da circunferência do pescoço + 1 cm menos % L. DD1 = ¼ da circunferência do busto menos % L. AA2 = ½ ombro a ombro menos % L. Esquadrar A2 para baixo até encontrar linha D e marcar D2.
  • 28. 27 A2A3 = Dividir altura de A2D2 em 5 menos 1, para encontrar queda de ombro. Ligar A1A3 com reta, passando 1 cm e marcar A4. D2F = 1/3 de A3D2. FF1 = 1cm. Traçar cava. CC1 = ¼ da circunferência da cintura menos % L. Ligar D1C1. EE1 = ¼ da circunferência do quadril, menos % L. DG = 4cm GO = 1/8 do busto menos 2,5 mais 1cm, menos % L. Esquadrar do ponto O até a linha da cintura, abrir 1cm para cada lado e marcar a pence. Acrescentar 2cm na cintura para compensar a pence. Para as costas partir da base da frente. Esquadrar as duas extremidades do ombro para cima. A1A5 = 2cm A4A6 = 1cm Ligar A5A6 com reta e retraçar degolo AA5. Retraçar cava, ligando A6, F e D1.
  • 29. 28 Estudo base blusa feminina costas. Fonte: Acervo do autor.
  • 30. 29 Estudo base calcinha frente. Acervo do autor. AB = Altura gancho = ¼ da circunferência menos ½ da % C. BC = Altura quadril = ¼ de AB. BD = Comprimento gancho = ¼ de AB + 1/24 da circunferência quadril. AA1 = ¼ da circunferência da cintura menos % L. CC1 = ¼ do quadril menos % L. DD1 = largura média do fundo da calcinha 3,5cm. Dividir D1C1 e marcar X, esquadrar para dentro e marcar X1 5cm para desenhar a cava.
  • 31. 30 AE = 2cm rebaixamento da cintura. Para as costas, fazer a partir da frente. XX1’ = 2,5cm. AE’ = 1cm. Estudo base calcinha costas. Fonte: Acervo do autor.
  • 32. 31 Bases femininas frente e lateral. Fonte: Acervo do autor. Base feminina costas. Fonte: Acervo do autor.
  • 33. 32 A base de cueca também foi retirada desse método. Estudo base cueca frente. Fonte: Acervo do autor. Cintura 80 com redução de 20% = 64 (largura). Quadril 98 com redução de 20% = 78,4 (largura) e 15% = 90,65 (comprimento). AB = Altura do gancho = ¼ da circunferência do quadril. BC = ¼ de AB. BD = Gancho = 1/16 do quadril + 1/24 do quadril. AA1 = ¼ da cintura. CC1 = ¼ do quadril.
  • 34. 33 DD1 = fundo da cueca 4cm. Esquadrar C1 até linha de B. Tangenciar C1A1 para fazer a lateral. Ligar C1D1 com reta. Rebaixar 2cm no centro frente para retraçar a cintura. Marcar o meio de D1C1, esquadrar, marcar 4cm e desenhar a cava. Para as costas: a partir da marcação de D1C1 marcar 0,5cm e traçara cava e 1cm para a cintura. Estudo base cueca costas. Fonte: Acervo do autor.
  • 35. 34 4. Desenvolvimento técnico dos protótipos. Nos subcapítulos seguintes faremos a descrição técnica de todos os protótipos desenvolvidos nesse projeto. Os tecidos utilizados no desenvolvimento dos protótipos a seguir e das peças piloto, encontradas no capítulo 5, foram: o Cirre, o Montana, o tule elástico e a palmilha emborrachada. Amostras de cirre e Montana. Fonte: Acervo do autor. Amostras de tule elástico e palmilha emborrachada. Fonte: Acervo do autor. 4.1. Processo de Fabricação: Protótipo 1 - sutiã sem bojo O sutiã sem bojo é composto de 4 partes sendo elas: 1X centro frente, 1 par de lateral frente, 1 par de centro costas e 1 par de lateral frente. O sutiã foi confeccionado com o tecido Montana preto (96% poliéster + 4% elastano), no acabamento foi utilizado elástico sanduíche, barbatanas nas laterais e na pences do busto. No centro frente foi utilizado colchete grande niquelado e ilhoses nas costas para o fechamento com barbante.
  • 36. 35 4.1.1. Modelagem Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base de corpo tamanho 40 também desenvolvida durante o curso de confeccionador de lingerie em 2013, no Senai Cetiqt. Estudo sutiã sem bojo. Fonte: Acervo do autor. 1) Marcamos o raio do busto. 2) Descemos 1cm na pence abaixo do raio do busto para traçarmos a circunferência do busto. 3) Rebaixamos o centro frente a partir da altura do centro do busto. 4) Entramos 1cm no centro frente.
  • 37. 36 5) Marcamos a altura do sutiã. 6) Retraçamos a altura do centro frente para melhor vestibilidade. 7) Descemos a altura da cava e fechamos a lateral. 8) Desenhamos a alça. 9) Marcamos o fio. Molde sutiã sem bojo. Fonte: Acervo do autor.
  • 38. 37 Estudo sutiã sem bojo costas. Base em azul – Alterações em vermelho. Fonte: Acervo do autor. Nas costas foram aplicadas as seguintes alterações: 1) Rebaixamos a cava, de acordo com a frente. 2) Entramos com a linha do centro frente, para deixar espaço para a amarração. 3) Delimitamos a alça das costas, de acordo com a parte da frente. 4) Redesenhamos o decote, a partir do novo centro frente e da altura da alça. 5) Desenhamos a curva da cava. 6) Alongamos a linha da pence para abrir um recorte nessa linha.
  • 39. 38 4.1.2. Confecção A confecção da peça envolveu os passos listados a seguir: 1. Unimos todas as partes, centro frente com as laterais da frente, centro costas com as laterais costas e por último laterais frente e costas (overloque). 2. Aplicamos elástico sanduíche no busto, nas cavas e no degolo (colarete). 3. Aplicamos os canais das barbatanas nas pences frente, nas laterais e no busto (reta). 4. Colocamos as barbatanas e aro do busto e aplicamos o elástico sanduíche na parte inferior do sutiã (colarete). 5. Aplicamos um viés de 2cm no centro costas para a aplicação do ilhós (reta)? 6. Aplicamos os elásticos com reguladores das alças (reta). 7. Arrematamos (reta). 4.1.3. Avaliação e proposta de correção Após desenvolver esta peça, encontramos alguns problemas nos seguintes pontos: A parte da frente foi feita inteira do tecido, sem alça elástica de ajuste, o que tornaria a peça pouco atraente comercialmente, segundo orientação.
  • 40. 39 Protótipos da calcinha e sutiã sem bojo. Frente, Lateral e Costas. Fonte: Acervo do autor. Para corrigir tal problema, fizemos uma alteração na modelagem recortando a alça, que antes era do próprio tecido e abrindo espaço para aplicação de um elástico com reguladores. Alteração do sutiã frente. Retirada da alça de tecido. Fonte: Acervo do autor.
  • 41. 40 Alteração do sutiã costas. Ajuste da alça para aplicação do elástico. Fonte: Acervo do autor. Sutiã sem bojo, protótipo finalizado com as alterações. Fonte: Acervo do autor.
  • 42. 41 4.2. Processo de Fabricação: Protótipo 2 – body com coleira O body com coleira é composto de 3 partes de molde, sendo elas 1X frente (tecido 1), 1X costas (tecido 1) e 1X fundo (tecido 2). Para a confecção foram utilizados como tecido 1 o Cirre e tecido 2 a malha de algodão. Como aviamento foi utilizado o elástico liso, nome comercial Alfazema, de 0,5cm da marca Zanotti, aplicado por dentro no zigzag e rebatido na colarete. Para o acabamento foram utilizadas argolas e fivelas niqueladas, também foi utilizada uma palmilha emborrachada para as tiras laterais, as tiras do busto e a coleira. 4.2.1. Modelagem Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base tamanho 40 desenvolvida durante o curso de confeccionador de lingerie, comentado anteriormente, na qual foi aplicada cálculo de redução de elasticidade. Estudo body com coleira frente. Bases vermelho e preto – Alterações em azul escuro. Fonte: Acervo do autor.
  • 43. 42 1) Delimitamos o raio do busto. 2) Marcamos a altura do centro frente até o fundo do body. 3) Rebaixamos a altura da cava da manga e descemos a lateral que será unida com a lateral das costas. 4) Subimos a lateral do quadril e entramos, retirando parte da lateral para desenhar o formato desejado. 5) Diminuímos o fundo e redesenhamos a cava da perna. 6) Redesenhamos a curva da lateral a partir da nova cava da perna até a lateral que será unida às costas. 7) Desenhamos uma pequena cava da manga e o busto, deixando lugar para a aplicação do aro metálico. 8) Os retângulos são para delimitar/visualizar onde serão aplicadas as tiras laterais. Estudo body com coleira frente e costas – base em vermelho – alterações em azul. Fonte: Acervo do autor.
  • 44. 43 Para as costas: 1) Marcamos a lateral de acordo com as marcações da frente. 2) Descemos o centro frente fazendo uma pequena curva da lateral para o centro. 3) Entramos com a lateral para fazer o desenho desejado, da mesma forma que foi feita na frente. 4) Desenhamos o fundo, transferindo parte para frente, deixando a costura do fundo para a parte traseira. Molde body com coleira frente. Fonte: Acervo do autor.
  • 45. 44 Molde body com coleira costas. Fonte: Acervo do autor. 4.2.2. Confecção A confecção da peça envolveu os passos listados a seguir: 1. Preparamos tiras laterais e coleira. 2. Chuleamos abertura do forro (overloque). 3. Unimos fundo frente, costas e forro, embutindo o forro, posicionando a abertura chuleada para frente (overloque). 4. Aplicamos o elástico Alfazema nas laterais, nas cavas da perna, na e nas costas (zigzag) e rebatemos (colarete). 5. Aplicamos elástico sanduíche nas cavas da manga e no busto (colarete). 6. Unimos as laterais (overloque). 7. Aplicamos o canal do aro no busto (reta) e passamos o aro.
  • 46. 45 8. Aplicamos as argolas metálicas no centro frente e nas laterais (reta). 9. Unimos as partes da coleira com o body e aplicamos as tiras laterais e suas fivelas (reta). 10. Arrematamos (reta). 4.2.3. Avaliação e proposta de correção Após desenvolver esta peça, encontramos alguns problemas nos seguintes pontos:  Caimento das partes frente e costas, pois estas são fechadas apenas pelas tiras e fivelas laterais.  A peça não aderiu corretamente ao corpo, portanto, seria interessante mudarmos alguns materiais utilizados, pensamos em substituir as tiras de couro por um material mais aderente, como o vinil, que possui maior elasticidade e um toque mais agradável.  Outro problema foi a costura dos acabamentos emborrachados. Pois na máquina reta o material partia danificando o emborrachado, outra razão de optar pela mudança de material.
  • 47. 46 5. Componentes técnicos da peça piloto (ficha técnica com sequência operacional, gradação e encaixe) Neste capítulo relataremos as fases de desenvolvimento das peças piloto. Escolhemos a calcinha fio dental alta e a cueca erótica para as peças piloto do projeto, pois ambas ficaram com seus acabamentos limpos e aceitáveis para uma possível comercialização das peças. 5.1. Calcinha fio dental alta O primeiro protótipo é a calcinha fio dental com cintura alta, composta de 4 partes de molde, sendo elas 1X centro frente (tecido 1), 1 par de lateral frente (tecido 2), 1X costas (tecido 1) e 2X fundo (tecido 1 e tecido 3). Para sua confecção foram utilizados como tecido 1 o tule elástico, tecido 2 é o Montana (96% poliéster + 4% elastano) e o tecido 3 Malha de Algodão ( 100% algodão). Esses tecidos foram escolhidos por darem o aspecto e o caimento que procurávamos para a peça. Tecido 1 Tule Elástico Tecido 2 Montana (96% poliéster + 4% elastano)
  • 48. 47 5.1.1. Modelagem Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base tamanho 40 desenvolvida durante o curso de confeccionador de lingerie no Senai Cetiqt, 2013. Estudo Calcinha Fio Dental Alta - Base em vermelho - Alterações em verde. Fonte: Acervo do autor.
  • 49. 48 1) Marcamos altura do centro frente, delimitando o fundo da calcinha, com recorte na parte da frente e costas, deixando o fundo embutido. 2) Marcamos largura do forro/fundo na frente mais largo e nas costas mais estreito para desenhar o fio. 3) Elevamos laterais, acima da linha do quadril; 4) Marcamos meio das cavas, frente e costas a fim de delimitar o novo traçado da cava; 5) Retraçamos cava frente; 6) Retraçamos cava das costas desenhando o modelo fio. 7) Aplicamos recorte na parte da frente; Partes da modelagem. Fonte: Acervo do autor.
  • 50. 49 5.1.2. Avaliação e proposta de correção Após o desenvolvimento da calcinha fio dental alta não foi encontrado nenhum problema em sua modelagem, desta forma, não houve nenhum acerto na peça. Houve a prova da peça, porém não conseguimos o registro fotográfico pela falta de uma modelo disponível para a foto, mesma dificuldade com o body e o sutiã.
  • 51. 50 5.1.3. Ficha Técnica Coleção: Projeto Final 2015 Data: 20/10/2015 Descrição do modelo: Calcinha fio dental alta. Segmento: Lingerie feminina Ref.: XYXYXY Tamanho da peça piloto: M Grade de corte: P, M e G. Estilista: Carolina Tempel Modelista: Carolina Tempel DESENHO TÉCNICO Frente Costas Partes componentes do molde: 4 partes, sendo 1x centro frente, 1 par lateral frente, 1 costas, 1 fundo( 1x tecido 1 e 1x tecido 3). Obs. de montagem (pontos críticos): Aplicação de elástico liso Alfazena 0,5cm nas cavas e cintura na overlock pela parte de dentro e depois rebatido na colarete. Tecido Etiquetagem Tecido 1: Tule elástico Tecido 2: Montana Tecido 3: Malha de algodão Lateral esquerda. Cintura e cavas rebatidas na colarete ======
  • 52. 51 Sequência operacional da peça: 1-Unir centro frente nas laterais frente. (OV) 2-Unir frente, costas embutindo o fundo e forro. (OV) 3-Aplicar elástico nas cavas. (OV) 4-Fechar lateral esquerda aplicando etiqueta. (OV) 5-Aplicar elástico na cintura. (OV) 6-Fechar lateral direita. (OV) 7-Rebater cavas e cintura. (colarete) 8- Arrematar. (Reta)
  • 53. 52 5.1.4. Gradação Encaixe calcinha fio dental alta. Vermelho tam. 38, Azul tam. 40 e Verde tam. 42. Fonte: Acervo do autor. 5.1.5. Encaixe Encaixe calcinha fio dental alta, tecido 2: lateral frente e costas e fundo medida 1,40x0,58 m; tecido 1: frente medida 1,40x0,28 m. Fonte: Acervo do autor.
  • 54. 53 5.1.6. Peça Finalizada Calcinha fio dental alta frente e costas. Fonte: Acervo do autor. 5.2. Cueca erótica A segunda peça piloto é uma cueca composta de 2 partes, sendo 1 par do bojo da frente (1x tecido 1 e 1x tecido 3) e 1 x costas (tecido 2). Para a parte da frente utilizamos o tecido 1, Montana, para as costas o tecido 2 tule elástico e tecido 3 malha de algodão. Os aviamentos utilizados foram o elástico sanduíche e elástico largo de 1,5cm. Para o acabamento fizemos um viés do próprio tecido com o elástico de 1,5cm para a cintura da cueca, além de argolas niqueladas. 5.2.1. Modelagem Para desenvolver a modelagem desta peça, utilizamos a base de cueca tamanho 40, também desenvolvida no curso do Senai em 2013, assim como as bases femininas.
  • 55. 54 Estudo cueca transparente –Base em vermelho – Alterações em azul claro. Fonte: Acervo do autor. 1) Delimitamos a altura da cueca, desenhando o viés que será aplicado na cintura. 2) Entramos o fundo da cueca e descemos 1cm no centro frente para desenharmos o bojo.
  • 56. 55 3) Desenhamos uma pequena curva no fundo para melhor encaixe no corpo e a curva em que começa o bojo e será unida ao viés da cintura. 4) Desenhamos o bojo a partir da curva do início (cintura) até a curva do fundo e também a curva interna do bojo. 5) Desenhamos a cintura a partir da marcação do viés da cintura. 6) Redesenhamos a cava da perna. Molde cueca transparente frente. Fonte: Acervo do autor.
  • 57. 56 Molde cueca transparente costas. Fonte: Acervo do autor. 5.2.2. Avaliação e proposta de correção Após o desenvolvimento da cueca não foi encontrado nenhum problema em sua modelagem, foi feita a prova da peça que foi aprovada, desta forma, não houve nenhum acerto na peça.
  • 58. 57 5.2.3. Ficha Técnica Coleção: Projeto 2015 Data: 26/10/2015 Descrição do modelo: cueca erótica. Segmento: lingerie masculina Ref.: XYXYXY Tamanho da peça piloto: M Grade de corte: P, M e G Estilista: Carolina Tempel Modelista: Carolina Tempel DESENHO TÉCNICO Frente Costas Partes componentes do molde: 2 Par frente (1 par tecido 1 e 1 par tecido 3) e 1x costas (tecido 2). Obs. de montagem (pontos críticos): embutir frente, forro e costas para depois passar o elástico sanduíche, preparo do viés da cintura com elástico de 1,5cm e tecido 1. Tecido Etiquetagem Gasto de viés Tecido 1: Montana, Tecido 2: Tule elástico Tecido 3: Malha de algodão. Centro costas. Total: 91cm x 8cm, sendo 2 tiras de 18cm lateral frente, 1 tira de 16cm centro frente e 1 tira 39cm costas. Todas com 2cm em cada ponta para costura nas argolas. Elástico sanduíche aplicado na colarete = = = = = Viés de 2cm costurado na reta.
  • 59. 58 Sequência operacional da peça: Preparamos o viés da cintura (reta). 2- Preparamos o bojo, unindo as partes do forro e do tecido 1 (overloque). 3- Unimos a frente, o forro e as costas, embutindo o forro (overloque). 4- Aplicamos o elástico sanduíche nas curvas da cintura das costas e na frente (colarete). 5- Aplicamos elástico sanduíche nas cavas das costas até a curva interna do bojo, deixando uma sobra do elástico na frente e nas costas para a aplicação das argolas da cintura, fechando o bojo (colarete). 6- Aplicamos as argolas na frente e nas costas (reta). Aplicamos o viés da cintura nas argolas (reta). 7- Arrematar (reta).
  • 60. 59 5.2.4. Gradação Gradação cueca erótica frente e costas. Fonte: Acervo do autor. 5.2.5. Encaixe Encaixe cueca erótica, frente: tecido 1 medida 1,40x0,24 m; costas: tecido 2 medida 1,40x0,55 m. Fonte: Acervo do autor.
  • 61. 60 5.2.6. Peça Finalizada Cueca erótica frente e costas. Fonte: Acervo do autor.
  • 62. 61 6. Considerações finais Neste trabalho, buscamos solucionar a questão da modelagem, e da busca de matéria-prima para lingeries eróticas, que objetivam atender a um público que se interessa pelo tema fetiche. A fim de resolver este problema, procuramos junto a pesquisas de mercado e diversos materiais de apoio como livros, artigos e sites que falam sobre o tema e a respeito de como tem se desenvolvido o mercado para esse público. Para tal, desenvolvemos a peça piloto de uma calcinha, que chamamos de calcinha fio dental alta e de uma cueca, que chamamos de cueca erótica. Além dessas peças, realizamos outros experimentos que chamamos de protótipos: um body com coleira e um sutiã sem bojo. O objetivo do desenvolvimento dessas peças foi trazer para o estudante de tecnólogo em produção do vestuário a percepção sobre o desenvolvimento de produtos de moda específicos para públicos diferenciados, já que, as lingeries direcionadas para o mercado erótico utilizam peças com modelagens e matérias primas diferentes e inusitadas. No decorrer deste processo, encontramos algumas dificuldades. Dentre elas, podemos citar a falta de relato pessoal de pessoas que são adeptas ao fetiche e participam de rituais fetichistas. Foram enviados alguns e-mails através de sites que falavam sobre o assunto, porém não houve qualquer retorno com relação a essa pesquisa individual. A partir da leitura de artigos e textos pudemos perceber que os entusiastas fetichistas são um grupo um tanto reservado e por isso a dificuldade em conseguir contato. Outra dificuldade encontrada durante a execução do projeto foi na confecção das peças, por falta de um maquinário específico que colaborasse com uma finalização mais adequada das peças. Por outro lado, este projeto proporcionou alguns resultados satisfatórios, no qual conseguimos perceber que o mercado em que está inserido este projeto, tem um público ávido por consumo, com poucas oportunidades de oferta. Desta forma, a pesquisa trouxe conhecimento de áreas novas e um incentivo para o desenvolvimento de
  • 63. 62 lingeries e fantasias voltadas para esse público fetichista, que reservado ou não, buscam por produtos com qualidade e design diferenciado. Com este trabalho, desejamos que futuras pesquisas possam dar continuidade ao tema aqui abordado, contribuindo com o crescimento do campo da produção do vestuário através da pesquisa e do desenvolvimento de produtos para esse nicho de mercado, que engloba não só entusiastas, como também, curiosos sobre fetichismo e suas vertentes, oferecendo para o mercado de moda muitas oportunidades comerciais.
  • 64. 63 7. Referências Bibliográficas ABEME. Disponível em www.abeme.com.br. Acesso em 12 de agosto de 2014. BASTOS, Ailton. O que é fetiche sexual? Psicanálise Hoje. Disponível emhttp://mondeprivelingerie.blogspot.com.br/2013/02/lingeries-e-fetiches.html. Acesso em 15 de setembro de 2014. CORBIN, A. Women for Hire: Prostitution and Sexuality in France after 1850. Harvard, 1996. Le Chabanais. HTTPS://en.wikipedia.org/wiki/Le_Chabanais. Acesso em 12 novembro 2015. Lilian Pacce. http://www.lilianpacce.com.br/moda/consumo-bota-cuissarde/. Acesso em 01 setembro de 2015. Mood. Disponível em http://mood.com.br/lingerie-fetiche/. Acesso em 29 de agosto de 2014. Psicanálise e Sexualidade. Disponível em http://psicanalisehoje.wordpress.com/2010/11/15/o-que-e-fetiche-sexual. Acesso em 10 de outubro de 2014. Psicanálise Hoje. Disponível em http://psicanalisehoje.wordpress.com/2010/11/15/o-que-e-fetiche-sexual/. Acesso em 29 de agosto de 2014. SANTOS, Ricardo F. Empresa acerta ao comercializar artigos eróticos por venda direta. Revista digital Pequenas Empresas Grandes Negócios. Disponível em revistapegn.globo.com. Acesso em 22 outubro 2015. SHAKTI, Agni. Dicionário de Fetiches & BDSM. São Paulo: Ideia & Ação, 2008. STEELE, Valerie. Fetiche: moda, sexo & poder. Tradução de Alexandre Abranches Jordão. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
  • 65. 64 ROCHA, Mariana. Punk na moda. Revista Cult. Edição 96. Disponível em http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/punk-na-moda/. Acesso em 01 de setembro de 2015.