O documento descreve a origem da filosofia na Grécia antiga, quando indivíduos como Tales de Mileto começaram a buscar explicações racionais e naturais para fenômenos do mundo ao invés de aceitar apenas mitos e religião. A filosofia transformou saberes práticos em ciências abstratas. Viagens, calendários e a política contribuíram para o surgimento de um espaço público para discussões filosóficas.
2. A PALAVRA FILOSOFIA
A filosofia é entendida como aspiração
ao conhecimento racional, lógico e
sistemático da realidade natural e
humana, da origem e causas do mundo e
de suas transformações, da origem e
causas das ações humanas e do próprio
pensamento.
3. OS PRIMEIROS
FILÓSOFOS
Faziam as perguntas e buscavam as
respostas, do tipo:
Por que os seres nascem e morrem? Por
que os seres nascem e morrem? Por que
os semelhantes dão origem ao
semelhantes, de uma árvore nasce outra
árvore, de um cão nasce outro cão, de
uma mulher nasce uma criança? Etc...
4. OS PRIMEIROS
FILÓSOFOS
Sem dúvida, a religião, as tradições e os
mitos explicavam todas essas coisas,mas
suas explicações já não satisfaziam aos
que interrogavam sobre as causas da
mudança, da permanência, da repetição,
da desaparição e do ressurgimento de
todos os seres. Haviam perdido força
explicativa, não convenciam nem
satisfaziam a quem desejava conhecer a
verdade sobre o mundo.
5. O NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
A Filosofia, ao nascer, possui um
conteúdo específico: é uma cosmologia.
A palavra cosmologia é composta de
duas outras: cosmos, que significa
mundo ordenado e organizado, e logia,
que vem da palavra logos, que significa
pensamento racional, discurso racional,
conhecimento.
6. O NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
Assim, a Filosofia nasce sendo o
conhecimento racional da ordem do
mundo ou da Natureza, ou seja, nasce
sendo uma cosmologia.
Tales de Mileto, o primeiro cosmólogo,
defende, por exemplo, que a água é o
princípio original de todas as coisas da
Natureza e aquilo que é responsável
pela sua ordem, ordem esta passível de
ser compreendida pela razão.
7. O NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
Com relação aos conhecimentos, os
gregos transformaram em ciência (isto é,
num conhecimento racional, abstrato e
universal) aquilo que era apenas uma
sabedoria prática.
Assim:
8. O NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
1) transformaram em matemática (aritmética,
geometria) os conhecimentos práticos utilizados
para medir, contar e calcular;
2) transformaram em astronomia (conhecimento
racional da natureza e do movimento dos astros)
aquilo que eram práticas de adivinhação e
previsão do futuro;
3) transformaram em medicina (conhecimento
racional sobre o corpo humano, a saúde e a
doença) aquilo que eram práticas de grupos
religiosos secretos para a cura misteriosa de
doenças. E assim por diante;
9. MITO E FILOSOFIA
Mito é uma narrativa sobre a origem de alguma
coisa (origem dos astros, da terra, dos homens,
das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos
ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença,
da morte, dos instrumentos de trabalho, das
raças, das guerras, do poder, etc.).
Para os gregos, mito é um discurso pronunciado
ou proferido para ouvintes que recebem como
verdadeira a narrativa, porque confiam naquele
que narra;
É uma narrativa feita em público, baseada,
portanto, na autoridade e confiabilidade da
pessoa do narrador.
10. Quais são as diferenças entre
Filosofia e mito
O mito pretendia narrar como as coisas eram
ou tinham sido no passado imemorial,
longínquo e fabuloso, voltando-se para o que
era antes que tudo existisse tal como existe no
presente. A Filosofia, ao contrário, se
preocupa em explicar como e por que, no
passado, no presente e no futuro (isto é, na
totalidade do tempo), as coisas são como são;
11. Quais são as diferenças entre
Filosofia e mito
O mito narrava a origem através de
genealogias e rivalidades ou alianças
entre forças divinas sobrenaturais e
personalizadas, enquanto a Filosofia,
ao contrário, explica a produção natural
das coisas por elementos e causas
naturais e impessoais.
12. Quais são as diferenças entre
Filosofia e mito
O mito não se importava com contradições,
com o fabuloso e o incompreensível, não só
porque esses eram traços próprios da narrativa
mítica, como também porque a confiança e a
crença no mito vinham da autoridade religiosa
do narrador.
A Filosofia, ao contrário, não admite
contradições, fabulação e coisas
incompreensíveis, mas exige que a explicação
seja coerente, lógica e racional; além disso, a
autoridade da explicação não vem da pessoa
do filósofo, mas da razão, que é a mesma em
todos os seres humanos.
13. CONDIÇÕES HISTÓRICAS
PARA O SURGIMENTO DA
FILOSOFIA
As viagens marítimas que permitiram aos
gregos descobrir que os locais que os mitos
diziam habitados pelos deuses, heróis e titãs
eram, na verdade, habitados por outros seres
humanos. As viagens produziram, então, a
desmistificação do mundo, passando a exigir
dos homens uma explicação racional da origem
das coisas;
14. CONDIÇÕES HISTÓRICAS
PARA O SURGIMENTO DA
FILOSOFIA
A invenção do calendário que permitiu
aos gregos calcular por eles mesmos o tempo
e percebê-lo como algo natural que possui
uma certa “regularidade” e não como uma
realidade incompreensível que “funciona ao
sabor dos deuses”;
15. CONDIÇÕES HISTÓRICAS
PARA O SURGIMENTO DA
FILOSOFIA
A invenção da política que introduz três
aspectos novos e decisivos para o
nascimento da Filosofia:
1º) A idéia da lei como expressão da
vontade de uma coletividade humana que
decide por si mesma o que é melhor para
si;
16. CONDIÇÕES HISTÓRICAS
PARA O SURGIMENTO DA
FILOSOFIA
2º) O surgimento de um espaço público
que faz aparecer um novo tipo de discurso
– o discurso apoiado na razão –, diferente
daquele que era proferido pelo mito;
3º) O estímulo de um pensamento e de um
discurso que não procuram ser formulados
por seitas secretas, mas buscam, ao
contrário, ser públicos, ensinados e
transmitidos, comunicados e discutidos,
para que todos possam compreender.