SlideShare a Scribd company logo
1 of 51
Download to read offline
C             A             P            ´I            T             U             L            O
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –




                                                    2
                      ˆ
                   MECANICA NEWTONIANA –
                      PART´     ´
                          ICULA UNICA




2.1          ¸˜
      INTRODUCAO

A ciˆncia da mecˆnica busca fornecer uma descri¸˜o precisa e consistente da dinˆmica de part´
     e              a                                  ca                               a              ıculas
e sistemas de part´  ıculas, isto ´, um grupo de leis f´
                                  e                    ısicas descrevem matematicamente os movimentos
dos corpos e agregados de corpos. Para isto, necessitamos de alguns conceitos fundamentais como
distˆncia e tempo que permitem definir a velocidade e acelera¸˜o da part´
     a                                                                      ca            ıcula. O terceiro
conceito fundamental, massa, exige alguma elabora¸˜o, que forneceremos quando discutirmos as
                                                             ca
Leis de Newton.
       As Leis F´ ısicas devem ser baseadas num fato experimental. N˜o podemos esperar a priori
                                                                              a
que a atra¸˜o gravitacional entre dois corpos deve variar exatamente com o inverso do quadrado
             ca
da distˆncia entre eles. Mas experimentos indicam que isso ´ assim. Uma vez que os dados de um
        a                                                           e
grupo de experimentos tenham sido correlacionados e um postulado tenha sido formulado relativo
ao fenˆmeno a que se referem os dados, ent˜o v´rias implica¸˜es podem ser obtidas. Se essas
        o                                          a a                 co
implica¸˜es forem todas verificadas experimentalmente, podemos acreditar que o postulado ´ ge-
         co                                                                                             e
ralmente verdadeiro. O postulado ent˜o assume o status de uma lei f´
                                          a                                  ısica. Se alguns experimentos
discordam com as previs˜es da lei, a teoria deve ser modificada para ser consistente com os fatos.
                             o
       Newton nos forneceu as leis fundamentais da mecˆnica. Declaramos aqui estas leis em termos
                                                               a
modernos, discutindo seus significados, ent˜o derivando as implica¸˜es das leis em v´rias situa¸˜es.∗
                                               a                         co                 a          co
Mas a estrutura l´gica da ciˆncia da mecˆnica n˜o ´ t˜o clara. Nossa linha de racioc´
                      o             e            a         a e a                                     ınio na
interpreta¸˜o das leis de Newton n˜o ´ a unica poss´ † N˜o discutiremos os detalhes filos´ficos da
            ca                         a e ´              ıvel.   a                                o
mecˆnica mas somente forneceremos a elabora¸˜o das leis de Newton que nos permitem continuar
     a                                              ca
com a discuss˜o da dinˆmica cl´ssica. Dedicaremos nossa aten¸˜o neste cap´
                a         a          a                                ca            ıtulo para o movimento
de uma unica part´
          ´           ıcula, deixando sistemas de part´    ıculas para serem discutidos nos Cap´  ıtulos 9 e
11–13.

   ∗ Truesdell (Tr68) mostra que Leonhard Euler (1707-1783) esclareceu e desenvolveu os conceitos Newtonianos.

Euler “colocou muito da mecˆnica na sua forma moderna” e “tornou a mecˆnica simples e f´cil” (p. 106).
                             a                                              a              a
   † Ernest Mach (1838-1916) expressou seu ponto de vista em seu famoso livro publicado em 1883; E. Mach, Die

Mechanica in Ihrer Entwicklung historisch-Kritisch dargestellt[A ciˆncia da mecˆnica](Praga, 1883). Uma tradu¸˜o
                                                                   e           a                             ca
da ultima edi¸˜o ´ dispon´
   ´         ca e        ıvel (Ma60). Discuss˜es interessantes tamb´m s˜o proporcionadas por R. B. Lindsay e H.
                                             o                       e   a
Margeneau (Li36) e N. Feather (Fe59).


                                                      47
48   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA



2.2    LEIS DE NEWTON

Come¸amos simplesmente enunciando na forma convencional as Leis de Newton da mecˆnica∗ :
    c                                                                           a

     I. Um corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme a menos que atue sobre ele
        uma for¸a.
               c

  II. Um corpo move-se sobre a¸˜o de uma for¸a de tal maneira que a taxa de varia¸˜o temporal
                               ca           c                                    ca
      do momento ´ igual a for¸a.
                 e            c

III. Se dois corpos exercem for¸as um sobre o outro, essas for¸as s˜o iguais em magnitude e de
                               c                              c    a
     dire¸˜es opostas.
         co

       Essas leis s˜o deste modo familiares que algumas vezes tendemos a n˜o perceber os verdadeiros
                   a                                                           a
significados (ou falta deles) como lei f´   ısica. A Primeira Lei, por exemplo, ´ sem sentido sem
                                                                                     e
o conceito de “for¸a”, uma palavra usada por Newton em todas as trˆs leis. De fato, sozinha, a
                     c                                                       e
Primeira Lei conduz a um significado preciso somente se a for¸a for nula; isto ´, o corpo permanece
                                                                  c                e
em repouso ou em movimento uniforme (isto ´, n˜o acelerado e retil´
                                                e a                    ınio) sem estar sujeito a qualquer
for¸a que seja. O corpo movendo-se dessa maneira ´ denominado como corpo livre (ou part´
   c                                                   e                                            ıcula
livre). A quest˜o sobre o sistema de referˆncia com respeito ao qual o “movimento uniforme” ´
                   a                           e                                                         e
medido ser´ discutido na se¸˜o seguinte.
            a                 ca
       Destacando a falta deste conte´do na Primeira Lei de Newton, Senhor Arthur Eddington†
                                       u
observou, de certa forma alegremente, o que realmente a lei diz ´ que “todas part´
                                                                    e                 ıculas continua em
seu estado de repouso ou em movimento uniforme retil´      ıneo exceto quando for¸ado externamente”.
                                                                                   c
Isto ´ fortemente poss´ para Newton, quem pensou alguma coisa muito clara para seu enunciado.
     e                   ıvel
Mas isso enfatiza que a Primeira Lei a qual por si s´ provanos com a unica no¸˜o qualitativa sobre
                                                       o                   ´       ca
“for¸a”.
     c
       A segunda Lei fornece um enunciado expl´  ıcito: a For¸a est´ relacionada com a taxa de varia¸˜o
                                                             c      a                                 ca
temporal do momento. Newton apropriadamente definiu momento (entretanto ele usou o termo
quantidade de movimento) como o produto da massa pela velocidade, tal que

                                                     p ≡ mv                                                   (2.1)

Portanto, a Segunda Lei de Newton pode ser expressada como

                                                     dp  d
                                               F=       = (mv)                                                (2.2)
                                                     dt  dt
A defini¸˜o de for¸a torna-se completa e precisa somente quando “massa” ´ definida. Assim a
          ca        c                                                        e
Primeira e a Segunda Leis n˜o s˜o realmente “leis” no senso usual; mais precisamente, elas podem
                              a a
ser consideradas defini¸˜es. Como o comprimento, tempo e a massa s˜o conceitos j´ entendidos,
                         co                                             a          a
n´s usamos a Primeira e a Segunda Leis de Newton como a defini¸˜o operacional de for¸a. A
  o                                                                   ca                   c
terceira Lei de Newton, entretanto, ´ realmente uma lei. Ela ´ um enunciado a respeito do mundo
                                     e                        e
real f´                                ısica nas leis de movimento de Newton.‡
      ısico (natural) e cont´m toda a f´
                            e
      Devemos adicionar, entretanto, que a Terceira Lei n˜o ´ uma lei geral da natureza. A lei
                                                             a e
´ aplicada quando exerce-se uma for¸a em um objeto (pontual) sobre outro objeto (pontual) ´
e                                      c                                                       e
    ∗ Enunciada em 1687 por Sr.          Isaac Newton (1642-1727) em Philosophiae naturalis principia mathama-
tica[Principios matem´tica de filosofia natural, normalmente chamada de Principia](Londres, 1687). Anteriormente,
                        a
Galileo (1564-1642) generalizou os resultados dos seus pr´prios experimentos matem´ticos com suposi¸˜es equiva-
                                                             o                         a                  co
lentes a Primeira e Segunda Leis de Newton. Mas Galileu n˜o forneceu uma descri¸˜o completa da dinˆmica porque
                                                               a                    ca                  a
ele n˜o conhecia o significado da terceira Lei de Newton - e portanto faltou determinar preciamente o significado de
      a
for¸a
   c
     † Senhor Arthur Eddington (Ed30, p. 124).
     ‡ O presente racioc´
                        ınio aqui, a saber, a Primeira e Segunda Leis s˜o realmente defini¸˜es e a Terceira Lei cont´m
                                                                       a                 co                        e
a F´ısica, esta n˜o ´ a unica interpreta¸˜o poss´
                 a e ´                    ca     ıvel. Lindsay and Margenau (Li36), por exemplo, apresentam que as
duas primeira Leis s˜o Leis F´
                      a                      ˜
                                ısicas e entAo derivam a Terceira Lei como uma conseq¨ˆncia.
                                                                                       ue


Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                           (UNIFRA–2004)
2.2. LEIS DE NEWTON   ---   49


direcionada ao longo de uma linha que une os objetos. Tais for¸as s˜o chamadas for¸as centrais;
                                                                   c   a                 c
a Terceira Lei ´ aplicada se a for¸a central ´ atrativa ou repulsiva. As for¸as gravitacional e ele-
                e                   c          e                               c
trost´tica s˜o for¸as centrais, assim as Leis de Newton podem ser usadas em problemas envolvendo
     a      a     c
esses tipos de for¸as. As vezes for¸as el´sticas (as quais s˜o realmente manifesta¸˜es macrosc´picas
                  c                 c    a                  a                      co            o
de for¸as eletrost´ticas microsc´picas) s˜o centrais. Por exemplo, dois objetos pontuais conectados
      c           a              o        a
diretamente por uma mola ou corda el´tica s˜o sujeitos a for¸as que obedecem a Terceira Lei.
                                           a      a                 c
Alguma for¸a que depende da velocidade de intera¸˜o entre os corpos ´ n˜o central, e a Terceira
            c                                          ca                  e a
Lei n˜o pode ser aplicada. For¸as dependentes da velocidade s˜o cracter´
      a                           c                                 a        ısticas de intera¸˜es que
                                                                                              co
se propagam com velocidades finitas. Assim a for¸a entre cargas em movimento n˜o obedece a
                                                       c                                  a
Terceira Lei, porque a for¸a se propaga com a velocidade da luz. At´ mesmo a for¸a gravitacio-
                            c                                            e               c
nal entre corpos em movimento ´ dependente da velocidade, mas o efeito ´ pequeno e de dif´
                                    e                                            e                 ıcil
detec¸˜o. O unico efeito observado ´ a precess˜o do peri´lio dos planetas mais internos (visto na
      ca      ´                        e          a           e
se¸˜o 8.9). Retornaremos a discuss˜o da Terceira Lei de Newton no Cap´
  ca                                  a                                     ıtulo 9.
      Para demonstrar o significado da Terceira Lei de Newton, vamos parafrase´-lo da seguinte
                                                                                      a
maneira, o qual incorpora a defini¸˜o apropriada de massa:
                                     ca
III’. Se dois corpos constituiem um sistema ideal e isolado, ent˜o as acelera¸˜es destes corpos s˜o
                                                                a            co                  a
      sempre em dire¸˜es opostas, e a raz˜o da magnitude das acelera¸˜es ´ constante. Esta raz˜o
                     co                  a                            co e                       a
      constante ´ o inverso da raz˜o das massas dos corpos.
                e                 a
Com esse procedimento, podemos dar a defini¸˜o pr´tica de massa e dessa forma fornecer um signi-
                                          ca    a
ficado preciso para as equa¸˜es que resumem a dinˆmica Newtoniana. Para dois corpos isolados,
                            co                  a
1 e 2, a Terceira Lei diz que
                                         F1 = −F2                                        (2.3)
      Usando a defini¸˜o de for¸a como apresentado pela Segunda Lei, temos
                    ca        c
                                              dp1    dp2
                                                  =−                                              (2.4a)
                                               dt     dt
ou, com massas constantes,
                                            dv1               dv2
                                      m1           = m2 −                                         (2.4b)
                                             dt                dt
e, como a acelera¸˜o ´ derivada temporal da velocidade,
                 ca e

                                           m1 (a1 ) = m2 (− a2 )                                  (2.4c)

Portanto,
                                            m2       a1
                                                =−                                          (2.5)
                                            m1       a2
onde o sinal negativo indica somente que os vetores acelera¸˜o est˜o em dire¸˜es opostas. A massa
                                                           ca     a         co
´ considerada uma grandeza positiva.
e
      Sempre podemos selecionar, digamos, m1 como unidade de massa. Ent˜o, comparando a
                                                                                a
rela¸˜o das acelera¸˜es onde m1 ´ permitido interagir com qualquer outro corpo, podemos deter-
    ca              co           e
minar a massa do outro corpo. Para medir as acelera¸˜es, devemos ter rel´gios e r´guas apropria-
                                                       co                 o        e
das; tamb´m, devemos escolher um sistema de coordenadas ou sistema de referˆncia adequado. A
            e                                                                   e
quest˜o de um “sistema de referˆncias adequado” ´ discutido na pr´xima se¸˜o.
       a                        e                  e                o        ca
      Um dos mais comuns m´todos de determina¸˜o de massa de um objeto ´ pela pesagem – por
                              e                   ca                          e
exemplo pela compara¸˜o de seu peso a de um padr˜o por meio de uma balan¸a de contra peso.
                       ca                             a                         c
Esse procedimento faz uso do fato que em um campo gravitacional o peso de um corpo ´ apenas
                                                                                          e
a for¸a gravitacional agindo no corpo; isto ´, a equa¸˜o de Newton F = ma se torna W = mg,
      c                                     e         ca
onde g ´ acelera¸˜o devido a gravidade. A validade do uso desse procedimento apoia-se em uma
         e       ca
hip´tese fundamental: que a massa m que aparece na equa¸˜o de Newton ´ definida de acordo
    o                                                         ca              e
com enunciado III ´ igual a massa m que aparece na equa¸˜o da for¸a gravitacional. Essas duas
                    e                                       ca        c
massas s˜o chamadas de massa inercial e massa gravitacional, respectivamente. As defini¸˜es
          a                                                                                  co
podem ser enunciadas como segue:

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                              (UNIFRA–2004)
50   ---    2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                   ˆ                            ´
                                          ICULA UNICA



       Massa Inercial: ´ a massa que determina a acelera¸˜o de um corpo sob a a¸˜o de uma dada
                       e                                ca                     ca
       for¸a.
          c
       Massa Gravitacional: ´ a massa que determina as for¸as gravitacionais entre um corpo e
                            e                             c
       outros corpos.

       Galileu foi o primeiro a testar a equivalˆncia de massa inercial e massa gravitacional em
                                                      e
seu (possivelmente falso) experimento com quedas de objetos na Torre de Pisa. Newton tamb´m       e
considereou o problema e mediu os per´      ıodos de pˆndulos de comprimento iguais mas com materiais
                                                        e
diferentes. Nem Newton nem Galileu encontraram qualquer diferen¸a mas os m´todos foram tanto
                                                                        c           e
rudimentares.∗ Em 1890 E¨tv¨s† inventou um m´todo engenhoso para testar a equivalˆncia das
                                 o o                       e                                 e
massas inerciais e gravitacionais. Usando dois ojetos feitos com materiais diferentes, ele comparou
o efeito da for¸a gravitacional da Terra (isto ´, o peso) com o efeito da for¸a inercial causada
                   c                                  e                            c
pela rota¸˜o da terra. O experimento envolveu um m´todo de efeito nulo usando uma balan¸a de
          ca                                                 e                                  c
tor¸˜o sens´ e por essa raz˜o foi altamente preciso. Experiemntos mais recentes (notavelmente
    ca        ıvel                 a
os de Dicke ‡ ), usando essencialmente o mesmo m´todo teve melhor precis˜o, e sabemos agora que
                                                          e                   a
a massa inercial e a massa gravitacional s˜o idˆnticas dentro de algumas partes em 101 2. Esse
                                                  a     e
resultado ´ consideravelmente importante na teoria geral da relatividade § . A afirma¸˜o da exata
            e                                                                             ca
igualadade da massa gravitacional ´ expressa com principio de equivalˆncia.
                                         e                                    e
       A terceira lei de Newton ´ declarada em termos de dois corpos que consistem um sistema
                                      e
           ´
isolado. E imposs´     ıvel alcan¸ar tal condi¸˜o ideal; cada corpo no universo interage com todos os
                                 c             ca
outros corpos, embora a for¸a de intera¸˜o possa ser muito fraca para ser de qualquer importˆncia
                                 c           ca                                                 a
pr´tica se grandes distˆncias s˜o envolvidas. Newton evitou a quest˜o de como distinguir o efeito
   a                        a        a                                    a
desejado de todos os outros efeitos estranhos. Mas esta pr´tica dificilmente enfatizar´ sozinha a
                                                                 a                         a
                           ca                                  ´
enormidade da afirma¸˜o de Newton na Terceira Lei. E um tributo ` profundidade da percep¸˜o
                                                                           a                      ca
dele e a perspic´cia f´
                     a     ısica das conclus˜es baseando-se em observa¸˜es limitadas, prosperamente
                                             o                          co
sustentou o teste de experimento por 300 anos. Apenas neste s´culo houve medidas com detal-
                                                                      e
hes suficientemente relevantes contendo discrepˆncias com as predi¸˜es da teoria de Newton. A
                                                        a                 co
persegui¸˜o desses detalhes conduziu ao desenvolviemnto da teoria da relatividade e da mecˆnica
         ca                                                                                     a
quˆntica¶ . Outra interpreta¸˜o da Terceira Lei de Newton ´ baseada no conceito de momento
   a                               ca                              e
arranjando a Equa¸˜o 2.4a fornece
                        ca
                                                d
                                                  (p1 + p2 ) = 0
                                               dt
ou
                                            p1 + p2 = constante                                 (2.6)
A declara¸˜o que momento ´ conservado na intera¸˜o isolada de duas part´
          ca                e                   ca                       ıculas ´ um caso especial
                                                                                e
de uma declara¸˜o mais geral conserva¸˜o de momento linear. F´
                ca                     ca                            ısicos apreciam leis de con-
serva¸˜o gerais, e a conserva¸˜o de momento linear acredita-se ser sempre obedecida, mais tarde
     ca                       ca
modificaremos nossas defini¸˜es de momento da Equa¸˜o ?? para altas velocidades aproximando-se
                            co                     ca
a velocidade da luz.

2.3                      ˆ
        SISTEMAS DE REFERENCIAS

Newton percebeu que, para as leis de movimento terem significado, o movimento dos corpos devem
ser medidos relativos ao mesmo sistema de refˆncia. O sistema de refˆncia ´ chamado de referˆncia
                                             e                      e     e                  e
inercial se as leis de Newton s˜o validas realmente neste sistema; que ´, se um corpo n˜o est´
                                a                                         e                a    a
     ∗ Noexperimento de Newton, ele pode ter detectado uma diferen¸a de somente uma parte em 103 .
                                                                     c
     † Roland Van E¨tv¨s (1848- 1919) um conde H´ ngaro, sua pesquisa em problemas gravitacionais conduziram ao
                     o o                             u
desenvolvimento de um gravitˆmetro, o qual foi usado em estudos geol´gicos.
                               o                                        o
    ‡ P. G. Roll, R. Krotkov e R. H. Dicke, Ann. Phys. (n.Y.) 26, 442 (1964) Ver tamb´m BraginsKy e Pavov, Sov.
                                                                                      e
Phys. - JETP 34, 463 (1972).
    § Ver, por exemplo, as discurss˜es feitas por P. G. Bergmann (Be96) eJ. Weber (We61). Olivro de Weber tamb´m
                                   o                                                                          e
fornece uma an´lise do experimento de E¨tv¨s.
                  a                         o o
    ¶ Ver tamb´m a Se¸˜o 2.8.
                e      ca


Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                      (UNIFRA–2004)
ˆ
                                                                           2.3. SISTEMAS DE REFERENCIAS     ---   51


sujeito a for¸as externas move-se em uma linha reta com velocidade constante (ou se mant´m
               c                                                                                                 e
em repouso), ent˜o o sistema de coordenadas que estabelece este fato ´ um sistema de referˆncia
                    a                                                            e                           e
inercial. Esta ´ uma defini¸˜o operacional clara e um que tamb´m segue da teoria da relatividade
                 e              ca                                     e
geral.
       Se as leis de Newton s˜o v´lidas em um sistema de referˆncia, ent˜o elas tamb´m s˜o v´lidas
                                 a a                                 e           a               e    a a
em qualquer sistema de referˆncia em movimento uniforme (isto ´, n˜o acelerado) com respeito
                                    e                                      e a
ao primeiro sistema.∗ Este ´ um resultado do fato que a equa¸˜o F =m¨ envolve uma derivada
                                  e                                    ca            r
segunda de r: Uma mudan¸a de coordenadas envolvendo uma velocidade constante n˜o influˆncia
                                c                                                                   a        e
a equa¸˜o. Este resultado ´ chamado de invariˆncia de Galileu ou princ´
        ca                      e                      a                               ıpio da relatividade
Newtoniana.
       A teoria da relatividade tem mostrado que os conceitos de repouso absolutos e um sistema de
referˆncia descrito inercial absoluto n˜o tem sentido. Ent˜o mesmo que adotemos um sistema de
      e                                         a                 a
referˆncia descrito com respeito `s estrelas “fixas” – e realmente tais sistemas as equa¸˜es Newto-
      e                                 a                                                           co
nianas s˜o v´lidas com um alto grau de precis˜o – tal sistema n˜o ´ na realidade um referˆncial
          a a                                          a                 a e                                e
inercial absoluto. Todavia podemos considerar as estrelas “fixas” para definir um sistema de re-
ferˆncia que se aproxima de um referˆncia inercial “absoluta” para que at´ certos pontos satisfa¸am
    e                                         e                                    e                           c
ao nosso prop´sito.
                 o
       Embora o sistema de referˆncia das estrelas-fixas seja um sistema convencionalmente defin´
                                      e                                                                         ıvel
e conveniente para muitos prop´sitos, devemos enfatizar que as defini¸˜es fundamentais de um
                                        o                                          co
referˆncial inercial n˜o fazem men¸˜es as estrelas fixas ou vice-versa. Se um corpo n˜o est´ sujeito
      e                 a                  co                                                     a      a
a for¸as e movimenta-se com velocidade constante em um certo referˆncial, este sistema ´, por
      c                                                                          e                         e
defini¸˜o um sistema de referˆncia inercial. Como a descri¸˜o precisa de movimento de um objeto
       ca                          e                              ca
f´
 ısico real no mundo f´    ısico real ´ normalmente dificil, usaremos idealiza¸˜es e aproxima¸˜es de
                                         a                                           co                   co
graus variados; isto ´: desprezaremos as for¸as mais fracas sobre o corpo se estas for¸as n˜o afetam
                       e                          c                                              c     a
significativamente o corpo.
       Se desejarmos descrever o movimento de, digamos, de uma part´            ıcula livre e se escolhermos
para esse prop´sito algum sistema de coordenadas num referˆncial inercial, ent˜o requeremos que
                  o                                                  e                      a
a equa¸˜o (vetorial) do movimento da part´
        ca                                          ıcula seja independente da posi¸˜o da origem do sis-
                                                                                       ca
tema coordenado e independente de sua orienta¸˜o no espa¸o. Al´m disso iremos requerer que
                                                         ca          c       e
o tempo seja homogˆneo; isto ´, uma part´
                          e              e           ıcula livre movendo-se com velocidade constante no
sistema coordenado durante um certo intervalo de tempo que n˜o deve ser durante um intervalo
                                                                        a
de tempo posterior, seja encotrado movendo-se com velocidade diferente.
       Podemos ilustrar a importˆncia dessas propriedades pelo seguinte exemplo. Considere como
                                       a
na Figura 2-1, uma part´      ıcula livre movendo-se ao longo de uma trajet´ria AC. Para descrever o
                                                                                  o
movimento da part´    ıcula, vamos escolher um sistema de coordenadas retangulares no qual a origem
de move em um c´    ırculo, como mostrado. Para simplificar, vamos formar a orienta¸˜o dos eixos fixo
                                                                                              ca
no espa¸o. A part´
         c           ıcula move-se com uma velocidade relativa vp relativo a um referencial inercial.
Se o sistema de coordenadas move-se com uma velocidade linear vc quando passa no ponto B, e
se vc = vp , ent˜o para um observador no sistema de coordenadas m´vel a part´
                  a                                                         o             ıcula (em A) parece
estar em repouso. Algum tempo depois, no entanto, quando a part´               ıcula est´ em C e o sistema
                                                                                         a
de coordenadas em D, a part´        ıcula parecer´ estar acelerada em rela¸˜o ao observador. Devemos,
                                                  a                          ca
portanto, concluir que o sitema de coordenadas em rota¸˜o n˜o pode ser considerado um referencial
                                                                ca a
inercial.
       Estas observa¸˜es n˜o s˜o suficientes para decidir se o tempo ´ homogˆneo. Para alcan¸ar
                      co       a a                                            e          e                       c
semelhantes conclus˜es, repetidas medidas devem ser feitas em situa¸˜es idˆnticas em diversos
                        o                                                        co       e
instantes de tempo; idˆnticos resultados indicar˜o a homogeneidade do tempo.
                          e                             a
       As equa¸˜es de Newton n˜o descrevem o movimento dos corpos em sistemas de referˆncia n˜o-
                co                   a                                                                e          a
inercial. Podemos desenvolver um m´todo para descrever o movimento de uma part´
                                               e                                                  ıcula para um
sistema de coordenadas em rota¸˜o, mas, como ser´ visto no Cap´
                                        ca                  a             ıtulo 10, as equa¸˜es resultantes
                                                                                               co
    ∗ No Cap´ıtulo 10, discutiremos as modifica¸˜es que devem ser feitas nas equa¸˜es de Newton se desejamos
                                                co                              co
descrever o movimento de um corpo em rela¸˜o a um sistema de referˆncia n˜o inercial, isto ´, um referˆncia que
                                             ca                    e      a                e          e
est´ acelerado em rela¸˜o a um referˆncia inercial.
   a                   ca           e


Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                          (UNIFRA–2004)
52   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA




                                              FIGURA 2-1




contˆm v´rios termos que n˜o aparecem na simples equa¸˜o Newtoniana F = ma. Para o momento,
     e    a                a                           ca
ent˜o, restringimos nossa aten¸˜o para os sistemas de referˆncia inercial para descrever a dinˆmica
   a                          ca                           e                                  a
de part´ıculas.

2.4    A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
             ¸˜                            ICULA

A equa¸˜o newtoniana F = dp/dt podem expressar alternativamente como
      ca

                                            d           dv
                                       F=      (mv) = m    = m¨
                                                              r                                (2.7)
                                            dt          dt
se adotarmos que a massa m n˜o varia com o tempo. Esta ´ uma equa¸˜o diferencial de segunda
                                 a                           e            ca
ordem que pode ser integrada para encontrar r = r(t) se a fun¸˜o F ´ conhecida.
                                                                ca     e
      Especificando os valores iniciais de r e r = v obtemos as duas constantes arbrit´rias da
                                                  ˙                                          a
integra¸˜o. Ent˜o determinamos o movimento da part´
        ca         a                                     ıcula pela fun¸˜o da for¸a F e os valores
                                                                        ca          c
iniciais para a posi¸˜o r e a velocidade v.
                     ca
      A for¸a F pode ser uma fun¸˜o de alguma combina¸˜o da posi¸˜o, velocidade e tempo, e
             c                       ca                     ca           ca
´ geralmente denotada como F(r, v, t). Para um certo sistema dinˆmico, normalmente queremos
e                                                                    a
saber r e v como uma fun¸˜o do tempo. Isto ´ obtido resolvendo a Equa¸˜o 2.7 em ¨. A aplica¸˜o
                             ca                 e                          ca           r         ca
da Equa¸˜o 2.7 para situa¸˜es f´
          ca                 co ısicas ´ uma importante parte da mecˆmica.
                                         e                              a
      Neste cap´ ıtulo, estudaremos v´rios exemplos no qual a fun¸˜o for¸a ´ conhecida. Iniciaremos
                                      a                          ca      c e
usando fun¸˜es for¸a mais simples (constante ou dependente somente de r, ou v ou t) em uma
              co      c
dimens˜o espacial somente, como uma revis˜o das disciplinas b´sicas de f´
        a                                     a                  a           ısica. Isso ´ importante
                                                                                          e
                       a              ca                         ˜
para formar bons h´bitos na resolu¸˜o de problemas. Abaixo sAo apresentadas algumas t´cnicas   e
uteis para resolver problemas.
´

  1. Fazer um esbo¸o (esquema gr´fico – desenho) do problema, indicando as for¸as, velocidade
                   c            a                                            c
     e assim por diante.

  2. Escreva as grandezas e seus valores fornecidos.

  3. Escreva as equa¸˜es que ser˜o utilizadas e o que ´ para ser determinanado.
                    co          a                     e

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                            (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                           ¸˜                            ICULA      ---   53


  4. As equa¸˜es que descrevem o problema normalmente devem ser manipuladas a fim de achar
              co
     a grandeza procurada. Manipula¸˜es alg´bricas bem como a diferencia¸˜o ou integra¸˜o s˜o
                                     co     e                            ca           ca a
     usualmente exigidas. Algumas vezes c´lculos num´ricos usando o computador s˜o mais f´ceis,
                                          a         e                           a        a
     se for o unico m´todo para a solu¸˜o.
              ´      e                ca

  5. Finalmente, coloque os valores reais fornecidos, para obter os valores das vari´veis das gran-
                                                                                    a
     dezas procuradas.

Vamos considerar o problema do bloco deslizando no plano inclinado. O ˆngulo do plano inclinado
                                                                      a
´ θ e a massa do bloco ser´ 100 g. O esquema do problema ´ mostrado na Figura 2-2a.
e                         a                               e

E X E M P L O 2.1 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −−

Se um bloco desliza sem atrito sob um plano inclinado fixo, θ = 30o , qual ´ a acelera¸˜o
                                                                          e          ca
deste?




                                              FIGURA 2-2



Solu¸˜o: Duas for¸as atuam no bloco (ver Figura 2-2a): a for¸a gravitacional Fg e a for¸a normal
     ca            c                                           c                          c
do plano N empurrando para cima no bloco (sem atrito neste exemplo). O bloco ´ pressionado
                                                                                       e
para ficar sobre o plano, e a unica dire¸˜o que ele pode se mover ´ na dire¸˜o x, subindo e descendo
                             ´         ca                        e        ca
o plano. N´s tomamos a dire¸˜o + x para descer o plano. A for¸a resultante F ´ constante; a
           o                   ca                                   c                 e
Equa¸˜o 2.7 se torna
     ca
                                            F = Fg + N

e porque F ´ a for¸a resultante do sistema que atua no bloco,
           e      c

                                                 F = m¨
                                                      r

ou

                                              Fg + N = m¨
                                                        r                                             (2.8)

      Este vetor deve ser aplicado em duas dire¸˜es: x e y (perpendicular a x). A componente da
                                               co
for¸a na dire¸˜o y ´ zero, porque n˜o ocorre acelera¸˜o nesta dire¸˜o. A for¸a Fg est´ dividida
   c         ca     e               a                ca            ca         c       a
vetorialmente dentro de suas componentes x e y (linhas na Figura ??a). A Equa¸˜o 2.8 se torna
                                                                                ca
dire¸˜o y
     ca
                                       −Fg cos θ + N = 0                                  (2.9)

dire¸˜o x
    ca
                                              Fg sin θ = m¨
                                                          x                                         (2.10)

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                   (UNIFRA–2004)
54   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA



com o resultado adquirido
                                            Fg           mg sin θ
                                        x=
                                        ¨       sin θ =           = g sin θ
                                            m              m
                                                          g
                                        x = g sin (30◦ ) = = 4.9m/s2
                                        ¨                                                      (2.11)
                                                          2
Portanto, a acelera¸˜o do bloco ´ constante.
                   ca           e
     Podemos encontrar a velocidade do bloco ap´s este se mover do repouso uma distˆncia x0
                                                 o                                 a
descendo o plano pela multiplica¸˜o da Equa¸˜o 2.11 por 2x e integrando
                                ca           ca          ˙
                                                     2x¨ = 2xg sin θ
                                                       ˙x    ˙
                                                  d 2                dx
                                                     (x ) = 2g sin θ
                                                      ˙
                                                  dt                 dt
                                                  2
                                                 v0                           x0
                                                      d(x2 ) = 2g sin θ
                                                        ˙                          dx
                                             0                            0

Para t = 0, ambos x = x = 0, e, para t = tf inal , x = x0 , e a velocidade x = v0 .
                      ˙                                                    ˙
                                                       2
                                                      v0 = 2g sin θx0
                                                      v0 =     2g sin θx0
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

E X E M P L O 2.2 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

Se o coeficiente de atrito est´tico entre o bloco e o plano previsto do exemplo anterior
                             a
´ µs = 0.4, em que ˆngulo θ o bloco come¸ar´ a deslizar se estiver inicialmente em
e                   a                        c a
repouso?


Solu¸˜o: Necessitamos de uma for¸a de atrito adicional f (veja Figura 2.2b). A for¸a de atrito
     ca                           c                                               c
est´tica tem o valor m´ximo aproximado
   a                  a

                                                         fmax = µs N                           (2.12)
e a Equa¸˜o 2.7 torna-se, na forma de suas componentes,
        ca

dire¸˜o y
    ca
                                                      −Fg cos θ + N = 0                        (2.13)
dire¸˜o x
    ca
                                                  −fs + Fg sin θ = m¨
                                                                    x                          (2.14)
A for¸a de atrito est´tica fs ter´ algum valor entre fs ≤ fmax para manter x = 0 – para manter o
     c               a           a                                         ¨
bloco em repouso. Entretanto, o ˆngulo θ do plano aumenta, logo a for¸a de atrito est´tica ser´
                                   a                                    c              a       a
incapaz de manter o bloco no repouso. Nesse ˆngulo θ , fs torna-se
                                               a

                                      fs (θ = θ ) = fmax = µs N = µs Fg cos θ
e


                                            m¨ = Fg sin θ − fmax
                                             x

                                            m¨ = Fg sin θ − µs Fg cos θ
                                             x

                                                 x = g(sin θ − µs cos θ)
                                                 ¨                                             (2.15)

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                              (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                                ¸˜                            ICULA   ---   55


Imediatamente antes do bloco come¸ar deslizar, a acelera¸˜o ´ x = 0, assim
                                 c                      ca e ¨


                                                sin θ − µs cos θ = 0
                                                     tan θ = µs = 0.4
                                                θ = tan−1 (0.4) = 22◦

−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

E X E M P L O 2.3 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

Depois que o bloco do exemplo anterior come¸a a deslizar, o coeficiente da fric¸˜o
                                             c                                ca
cin´tica (do movimento) torna-se µk = 0.3. Encontre a acelera¸˜o para o ˆngulo de
   e                                                         ca         a
θ = 30o .

Solu¸˜o: Similarmente ao Exemplo 2.2, a fric¸˜o cin´tica torna-se (aproximadamente)
    ca                                      ca     e

                                               fk = µk N = µk Fg cos θ                                (2.16)
e

                                      m¨ = Fg sin θ − fk = mg(sin θ − µk cos θ)
                                       x                                                              (2.17)
                                           x = g(sin θ − µk cos θ) = 0.24g
                                           ¨                                                          (2.18)
      Geralmente, a for¸a de fric¸˜o est´tica (fmax = µs N ) ´ maior que aquela da fric¸˜o cin´tica
                        c        ca     a                     e                         ca    e
(fk = µk N ). Isto pode ser observado em uma experiˆncia simples. Se diminuirmos o ˆngulo θ
                                                          e                                a
abaixo de 16.7o , encontramos que x < 0, e o bloco permanece parado. Se levantarmos o apoio do
                                    ¨
bloco acima de θ = 16.7o , encontramos que o bloco n˜o inicia o movimento novamente at´ que
                                                          a                                  e
θ ≥ 22o . A fric¸˜o est´tica determina quando o movimento tem in´ novamente. N˜o h´ uma
                 ca     a                                            ıcio                a a
acelera¸˜o descontinua enquanto o bloco come¸a se mover devido a diferen¸a entre µs e µk . Para
       ca                                       c                           c
velocidades pequenas, o coeficiente de fric¸˜o muda rapidamente de µs a µk .
                                           ca
      O assunto da fric¸˜o ´ ainda uma ´rea de pesquisa interessante e importante. H´ sempre
                        ca e              a                                                a
algumas surpresas. Por exemplo, mesmo que calcul´ssemos o valor absoluto da for¸a de fric¸˜o
                                                        a                             c         ca
como f = µN , a pesquisa mostrou que a for¸a de fric¸˜o ´ diretamente proporcional, n˜o `
                                                  c         ca e                               a a
carga, mas ` ´rea de contato microsc´pica entre os dois objetos (ao contr´rio da ´rea de contato
             aa                       o                                    a      a
aparente). N´s usamos o µN como uma aproxima¸˜o porque, enquanto N aumenta, ”faz assim a
              o                                      ca
a
´rea de contato real em um n´ microsc´pico”. Por centenas de anos antes dos 1940s, aceitou-se
                              ıvel        o
que a carga – e n˜o a ´rea – eram respons´veis diretamente. Acreditamos tamb´m que a for¸a de
                   a   a                    a                                   e             c
fric¸˜o est´tica ´ maior que aquela de fric¸˜o cin´tica porque a liga¸˜o dos ´tomos entre os dois
    ca     a     e                          ca      e                 ca      a
objetos n˜o tem como se desenvolver por muito tempo no movimento cin´tico.
          a                                                               e
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

EFEITO DAS FORCAS DE RETARDAMENTO
              ¸

Devemos enfatizar que a for¸a F na Equa¸˜o 2.7 n˜o ´ necessariamente constante, e de fato, ela
                            c              ca      a e
pode consistir de v´rias partes distintas, como vimos nos exemplos anteriores. Por exemplo, se
                    a
uma part´ıcula cai num campo gravitacional constante, a for¸a gravitacional ´ Fg = mg, onde g ´
                                                           c                e                 e
a acelera¸˜o da gravidade. Se conjuntamente, existe uma for¸a de retardamento Fr e que ´ uma
         ca                                                  c                           e
fun¸˜o da velocidade instantˆnea, ent˜o a for¸a total ´
   ca                       a         a       c       e

                                                  F = Fg + Fr
                                                    = mg + Fr (v)                                     (2.19)

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                  (UNIFRA–2004)
56   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA



Geralmente ´ suficiente considerar que Fr (v) ´ simplesmente proporcional a alguma potˆncia da
             e                                  e                                        e
velocidade. Em geral, as for¸as de retardamento reais s˜o mais complicadas, mas a aproxima¸˜o
                               c                        a                                    ca
pela lei das potˆncias ´ util em muitas ocasi˜es na qual a velocidade n˜o tem grandes varia¸˜es.
                e       e ´                   o                        a                    co
Neste caso, se Fr ∝ v n , ent˜o a equa¸˜o de movimento pode geralmente ser integrada diretamente
                             a        ca
ao passo que, se a real dependˆncia da velocidade for usada, provavelmente ser´ necess´rio uma
                                 e                                              a       a
integra¸˜o num´rica. Com a aproxima¸˜o da lei da potˆncia, podemos escrever
       ca       e                       ca             e

                                                                  v
                                              F = mg − mkv n                                               (2.20)
                                                                  v

onde k ´ uma constante positiva que especifica o poder da for¸a de retardamento e v/v ´ um vetor
         e                                                       c                           e
unit´rio na dire¸˜o de v. Experimentalmente, encontramos que, para um objeto relativamente
     a             ca
pequeno movendo-se no ar, n ∼ 1 para velocidades menores que aproximadamente 24 m/s (∼ 80
                                  =
ft/s). Para altas velocidades mas com valores abaixo da velocidade do som (∼ 330 m/s ou 1.100
ft/s), a for¸a de retardamento ´ aproximadamente proporcional ao quadrado da velocidade.∗ Para
            c                      e
simplificar, a dependˆncia de v 2 quase sempre ´ usada para velocidades acima da velocidade do
                        e                            e
som.
       O efeito da resistˆncia do ar ´ importante, por exemplo, para um jogo de ping-pong, uma bola
                          e           e
leve movendo-se velozmente desvia sua trajet´ria e, para um proj´til de morteiro lan¸ado contra um
                                                o                    e                   c
inimigo. Extensa tabelas foram constru´     ıdas para proj´teis bal´
                                                           e       ısticos militares de diferentes tipos
com a velocidade em fun¸˜o do tempo de vˆo. Existem v´rias for¸as atuando sobre um proj´til
                             ca                 o              a         c                           e
em vˆo. A resistˆncia do ar ´ chamada de for¸a de arraste W e ´ oposta a velocidade do proj´til,
      o            e            e                 c                   e                             e
como mostra a Figura 2-3a. A velocidade v n˜o ´ normalmente paralela ao eixo de simetria do
                                                    a e
proj´til. O componente da for¸a atuando perpendicularmente a for¸a de arraste ´ conhecida, como
     e                            c                                     c            e
for¸a de ascens˜o La . Deve haver tamb´m outras for¸as devido a rota¸˜o e oscila¸˜o do proj´til, e
   c             a                         e             c                 ca          ca         e
um c´lculo da trajet´ria bal´
      a                 o       ıstica do projeto ´ extremamente complexo. A express˜o de Prandtl
                                                  e                                        a
para resistˆncia do ar†´
            e              e
                                                    1
                                             W = cW ρAv 2                                        (2.21)
                                                    2
onde cW ´ o coeficiente de arraste adimensional, ρ ´ a densidade do ar, v ´ a velocidade e A
           e                                           e                        e
´ a ´rea da sec¸˜o reta do objeto (proj´til) medida perpendicularmente com a velocidade. Nas
e a             ca                       e
Figuras 2-3b, plotamos alguns valores t´ıpicos para cW , e nas Figuras 2-3c e d podemos calcular a
resistˆncia W usada na Equa¸˜o 2.21 para um proj´til de diˆmetro 10 cm e usando os valores de cW
      e                      ca                    e        a
apresentados. A resistˆncia do ar aumenta drasticamente pr´ximo ` velocidade do som (n´mero de
                      e                                      o     a                      u
Mach M = velocidade/velocidade do som). Abaixo das velocidades de aproximadamente 400 m/s
´ evidente que uma equa¸˜o de pelo menos segundo grau ´ necess´ria para descrever a for¸a de
e                         ca                                 e       a                        c
resistˆncia. Para altas velocidades, o retardamento da for¸a varia aproximadamente linearmente
      e                                                     c
com a velocidade.
      V´rios exemplos de movimento de uma part´
        a                                          ıcula sujeita a v´rias for¸as s˜o descritas a se-
                                                                    a        c    a
guir. Esses exemplos s˜o particularmente bons para a inicia¸˜o a c´lculos computacionais usando
                       a                                      ca    a
alguns dos programas comerciais de matem´tica simb´lica, de planilhas ou para os estudantes es-
                                            a          o
creverem seus pr´prios programas. Os resultados computacionais, especialmente os gr´ficos podem
                 o                                                                    a
muitas vezes ser comparados com os resultados anal´  ıticos apresentamos aqui. Algumas das Figu-
ras mostradas nesta se¸˜o foram produzidas usando c´lculos computacionais, e v´rios problemas
                       ca                               a                           a
propostos no final do cap´ ıtulo s˜o propostos para os estudantes iniciarem experiˆncias no uso do
                                 a                                                 e
computador, se assim desejar o professor ou estudante.

    ∗ O movimento de uma part´  ıcula num meio na qual h´ uma for¸a resistente proporcional a velocidade ou com o
                                                        a         c
quadrado da velocidade (ou uma combina¸˜o linear das duas) foi estudado por Newton em seu Principia (1687). A
                                          ca
extens˜o para alguma potˆncia da velocidade foi feito por Joham Bernoulli em 1711. O termo lei da resistˆncia de
       a                   e                                                                                e
Stokes ´ algumas vezes aplicada para uma for¸a resistente proporcional a velocidade; a lei da resistˆncia de Newton
        e                                     c                                                     e
´ uma for¸a de retardamento proporcional ao quadrado da velocidade.
e         c
    † Veja o artigo de E. Melchior e H. Reuschel no “Handbook on Weaponry” (Rh82, p.137)



Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                         (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                                ¸˜                            ICULA            ---   57




FIGURA 2-3 (a) For¸as aerodinˆmicas agindo no proj´til. W ´ a for¸a de arraste (for¸a da resistˆncia do ar) e ´ oposta
                       c           a                     e       e     c               c          e             e
a velocidade do proj´til v. Observe que v dever´ estar num ˆngulo α com o eixo da simetria do proj´til. O componente
                     e                           a             a                                      e
da for¸a de a¸˜o perpendicular a for¸a de arraste ´ chamada de for¸a de ascens˜o Fa . O ponto D ´ o centro de press˜o.
      c      ca                       c            e                 c         a                   e                 a
Finalmente, a for¸a gravitacional Fg age para baixo. Se o centro de press˜o n˜o est´ no centro de massa do proj´til, h´
                  c                                                        a  a      a                            e    a
tamb´m um torque em torno do centro de massa. (b) O coeficiente de arraste cW , da lei de resistˆncia de Rheinmetall
     e                                                                                              e
(Rh82), ´ plotado como fun¸˜o do n´ mero M de Mach . Observe a grande varia¸˜o pr´xima da velocidade do som onde
         e                   ca       u                                          ca    o
M = 1. (c) A for¸a de resistˆncia do ar W (for¸a de arraste) ´ mostrada com uma fun¸˜o da velocidade para um proj´til de
                c           e                 c              e                      ca                             e
diˆmetro igual a 10 cm. Observe a inflex˜o pr´xima da velocidade do som. (d) Mesma an´lise de (c) para altas velocidades.
  a                                     a     o                                        a




E X E M P L O 2.4 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −−




Como um exemplo simples de movimento resistivo de uma part´
                                                          ıcula, encontramos o
movimento e a velocidade do movimento horizontal em um meio em que a for¸a de
                                                                         c
retardamento ´ proporcional a velocidade
             e


Solu¸˜o: Um esbo¸o do problema ´ mostrado na Figura 2-4. A Equa¸˜o Newtoniana F = ma
     ca            c              e                            ca
fornece-nos equa¸˜o de movimento: dire¸˜o x
                ca                    ca




                                                         dv
                                               ma = m       = −kmv                                             (2.22)
                                                         dt

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                             (UNIFRA–2004)
58   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA




                                                    FIGURA 2-4



onde kmv ´ a magnitude da for¸a de resistˆncia (k = constante). Portanto
         e                   c           e

                                                     dv
                                                        = −k       dt
                                                      v
                                                    ln v = −kt + C1                    (2.23)

A integra¸˜o constante na Equa¸˜o 2.23 pode ser avaliada se prescrevermos a condi¸˜o inicial
          ca                        ca                                           ca
v(t = 0) ≡ v0 . Logo C1 = ln v0 , e
                                        v = v0 e−kt                                 (2.24)
Podemos integrar esta equa¸˜o para obter o deslocamento x como fun¸˜o do tempo:
                          ca                                      ca

                                                       dx
                                                v=        = v0 e−kt
                                                       dt
                                                                  v0 −kt
                                      x = v0        e−kt dt = −     e    + C2         (2.25a)
                                                                  k

A condi¸˜o inicial x(t = 0) ≡ 0 implica C2 = v0 /k. Ent˜o
       ca                                              a
                                                       v0
                                                x=        (1 − e−kt )                (2.25b)
                                                       k
Este resultado mostra que x aproxima-se do valor v0 /k conforme t → ∞.
     Podemos tamb´m obter a velocidade como fun¸˜o do deslocamento escrevendo
                   e                              ca

                                               dv   dv dt   dv 1
                                                  =       =   .
                                               dx   dt dx   dt v
portanto

                                                    dv   dv
                                                v      =    = −kv
                                                    dx   dt
ou

                                                      dv
                                                         = −k
                                                      dx
para a qual encontramos, usando as mesmas condi¸˜es iniciais,
                                               co

                                                     v = v0 − kx                       (2.26)

   Portanto, a velocidade decresce linearmente com o deslocamento.
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                      (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                               ¸˜                            ICULA   ---   59


E X E M P L O 2.5 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

Encontre o deslocamento e a velocidade de uma part´
                                                  ıcula que se encontra em mo-
vimento vertical em um meio que tem uma for¸a de retardamento proporcional `
                                             c                               a
velocidade.

Solu¸˜o: Considere uma part´
     ca                        ıcula caindo com velocidade inicial v0 de uma altura h e campo
gravitacional constante (Figura 2.5). A equa¸˜o de movimento ´
                                            ca                e
dire¸˜o z
    ca
                                           dv
                                     F =m     = −mg − kmv                               (2.27)
                                           dt
onde −kmv representa a for¸a positiva para cima desde z onde v = z no sentido positivo para cima,
                          c                                      ˙
assim como o movimento para baixo - isto ´, v < 0, assim −kmv > 0. A partir da Equa¸˜o 2.27,
                                           e                                            ca
temos

                                                     dv
                                                          = −dt                                      (2.28)
                                                   kv + g
Integrando a Equa¸˜o 2.28 e considerando v(t = 0) ≡ v0 , temos (notando que v0 < 0)
                 ca

                                      1
                                        ln(kv0 + g) = −t + c
                                      k
                                            kv + g = e−kt+kc

                                                      dz   g  kv0 + g −kt
                                                 v=      =− +        e                               (2.29)
                                                      dt   k     k

Integrando mais uma vez e calculando a constante no sentido z(t = 0) ≡ h, temos

                                                  gt kv0 + g
                                          z =h−     +        (1 − e−kt )                             (2.30)
                                                  k    k2




                                                   FIGURA 2-5



Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                 (UNIFRA–2004)
60   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA




                                              FIGURA 2-6



A Equa¸˜o 2.29 mostra que enquanto o tempo se torna muito longo, a velocidade se aproxima do
        ca
valor limite −g/k; esta ´ chamada velocidade terminal, vt . A Equa¸˜o 2.27 resulta no mesmo
                        e                                            ca
resultado, porque a for¸a desaparecer´ – e daqui nenhum acceleration mais adicional ocorrer´ –
                       c             a                                                      a
quando v = −g/k. Se a velocidade inicial exceder a velocidade terminal em magnitude, ent˜o   a
o corpo come¸a imediatamente a retardar para baixo e v aproxima-se da velocidade terminal
              c
na dire¸˜o oposta. A Figura 2-6 ilustra estes resultados para velocidades descendentes (valores
        ca
positivos).
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

E X E M P L O 2.6 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

Em seguida, tratamos o movimento do proj´til em duas dimens˜es, primeiramente
                                            e                   o
sem considerar a resistˆncia do ar. Deixe a velocidade do a¸aime do proj´til ser v0
                        e                                   c             e
e o ˆngulo de eleva¸˜o ser θ (Figura 2-7). Calcule o deslocamento, a velocidade, e o
    a                ca
alcance do proj´til.
               e




                                              FIGURA 2-7



Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                              (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                                    ¸˜                            ICULA   ---   61


Solu¸˜o: Usando F = mg , as componentes da for¸a tornam-se
     ca                                       c
dire¸˜o x
    ca
                                       0 = m¨ x                                                       (2.31a)
dire¸˜o y
    ca
                                                        −mg = m¨
                                                               y                                      (2.31b)
Desconsiderando a altura da arma, e assumindo x = y = 0 e t = 0. Ent˜o
                                                                    a


                                                        x=0
                                                        ¨

                                                        x = v0 cos θ
                                                        ˙

                                                        x = v0 t cos θ                                    (2.32)

e


                                                  y = −g
                                                  ¨

                                                  y = −gt + v0 sin θ
                                                  ˙

                                                        −gt2
                                                  y=         + v0 t sin θ                                 (2.33)
                                                         2
A velocidade e o deslocamento total como fun¸˜es do tempo s˜o encontrados por:
                                            co             a

                                      v=     x2 + y 2 = (v0 + g 2 t2 − 2v0 gt sin θ)1/2
                                             ˙    ˙       2
                                                                                                          (2.34)
e
                                                                                           1/2
                                                                   g 2 t4
                                 r=        x2 + y 2 =    v0 t2 +
                                                          2
                                                                          − v0 gt3 sin θ                  (2.35)
                                                                     4
Podemos encontrar o alcance determinando o valor de x quando o proj´til atinge o solo, isto ´ ,
                                                                   e                        e
quando y = 0

                                                        −gt
                                               y=t          + v0 sin θ      =0                            (2.36)
                                                         2
Um valor de y = 0 ocorre para t = 0 e o outro para t = T .


                                               −gT
                                                   + v0 sin θ = 0
                                                2
                                                                      2v0 sin θ
                                                              T =                                         (2.37)
                                                                         g

O alcance R ´ encontrado a partir de
            e
                                                                         2
                                                                      2v0
                                           x(t = T ) = alcance =           sin θ cos θ                    (2.38)
                                                                       g
                                                                      2
                                                                     v0
                                                R = alcance =           sin 2θ                            (2.39)
                                                                     g
Observe que o alcance m´ximo ocorre para θ = 45◦ .
                       a

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                      (UNIFRA–2004)
62   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA



      Vamos usar algum n´mero atual nestes c´lculos. Os alem˜es usaram uma arma de longo
                          u                     a                 a
alcance nomeada Grande Cabina na Primeira Guerra Mundial que bombardeou Paris. O m´           ıssel
chegou a uma velocidade de 1, 450m/s. Encontre o alcance previsto, a altura m´xima do proj´til,
                                                                                 a            e
e o tempo de vˆo do proj´til se θ = 55◦ . Temos v0 = 1, 450m/s e θ = 55o , assim (da Equa¸˜o 2.39)
              o         e                                                                ca
o alcance torna-se

                                                 (1450m/s)2
                                          R=                [sin (110o )] = 202km
                                                   9.8m/s2
a Grande Cabina atual alcan¸a 120km . A diferen¸a ´ um resultado do efeito real da resistˆncia
                             c                   c e                                     e
do ar.
     Para encontrar a altura m´xima atingida, precisamos calcular y para o tempo T /2 onde T ´
                               a                                                             e
o tempo de vˆo do proj´til:
            o          e


                                                (2)(1450m/s)(sin 55o )
                                          T =                          = 242s
                                                       9.8m/s2

                                      T         −gT 2   v0 T
                     ymax t =              =          +      sin θ
                                      2          8       2

                                                −(9.8m/s)(242s)2   (1450m/s)(242s) sin (55o )
                                           =                     +
                                                       8                      2
                                           = 72km



−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

E X E M P L O 2.7 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

A seguir, adicionamos os efeitos da resistˆncia do ar no movimento do proj´til do
                                           e                                  e
exemplo anterior. Calcule o decrescimento do alcance deste supondo que a for¸a cau-
                                                                              c
sada pela resistˆncia do ar seja diretamente proporcional ` velocidade do proj´til.
                e                                         a                   e

Solu¸˜o: As condi¸˜es iniciais s˜o as mesmas do exemplo anterior.
    ca           co             a
                                                            
                                    x(t = 0) = 0 = y(t = 0)
                                                            
                                                            
                                    x(t = 0) = v0 cos θ ≡ U
                                    ˙                                                                (2.40)
                                                            
                                                            
                                                            
                                    y(t = 0) = v0 sin θ ≡ V
                                    ˙
                                                            

Entretanto, as equa¸˜es do movimento, Equa¸˜o 2.31, torna-se
                   co                     ca

                                                   m¨ = −kmx
                                                    x      ˙                                         (2.41)
                                                   m¨ = −kmy − mg
                                                    y      ˙                                         (2.42)

A Equa¸˜o 2.41 ´ exatamente a mesma usada no Exemplo 2.4. A solu¸˜o ´, portanto
      ca       e                                                ca e

                                                           U
                                                      x=     (1 − e−kt )                             (2.43)
                                                           k
Similarmente, a Equa¸˜o 2.42 ´ a mesma em rela¸˜o ` equa¸˜o do movimento no Exemplo 2.5.
                    ca       e                ca a      ca

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                    (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                                ¸˜                            ICULA           ---   63


Podemos usar a solu¸˜o encontrada neste exemplo com a condi¸˜o de h = 0 (o fato que considera-
                     ca                                        ca
mos a part´ıcula a ser projetada em declive no Exemplo 2.5 ´ de que n˜o h´ conseq¨ˆncia. O sinal
                                                            e         a a        ue
da velocidade inicial automaticamente leva isto ao c´lculo.) Portanto
                                                    a
                                        gt kV + g
                                         y=−
                                           +          (1 − e−kt )                           (2.44)
                                        k       k2
A trajet´ria ´ mostrada na Figura 2-8 por v´rios valores do retardamento da for¸a constante k que
        o e                                a                                    c
´ dado pelo vˆo do proj´til.
e             o         e
     O alcance R , o qual ´ o alcance incluindo a resistˆncia do ar, pode ser encontrado previa-
                           e                             e
mente pelo calculo do tempo T requerido pela trajet´ria inteira e ent˜o, substituindo este valor na
                                                    o                a
Equa¸˜o 2.43 por x. Este tempo T ´ encontrado previamente pela descoberta que t = T quando
     ca                             e
y = 0. Da Equa¸˜o 2.44, encontramos
                ca
                                                   kV + g
                                             T =          (1 − e−kt )                                         (2.45)
                                                     gk
Esta ´ uma equa¸˜o transcendental, e, portanto, n˜o podemos obter uma express˜o anal´
     e          ca                               a                           a       ıtica para
T . Apesar de tudo n´s ainda temos m´todos poderosos para usar para solucionar tais problemas.
                    o                e




FIGURA 2-8 As trajet´rias calculadas, da part´
                        o                       ıcula na resistˆncia do ar (Fres = −kmv) para v´rios valores de k ( nas
                                                               e                               a
unidades s−1 ). Os c´lculos foram apresentados para valores de θ = 60◦ e v0 = 600m/s. Os valores de y (Equa¸˜o 2.44)
                    a                                                                                         ca
s˜o marcados versus x (Equa¸˜o 2.43).
 a                           ca



Apresentamos dois deles aqui: (1) o m´todo de perturba¸˜o para encontrar uma solu¸˜o apro-
                                     e                ca                         ca
ximada, e (2) o m´todo num´rico, o qual, pode normalmente ser constatado como o desejado.
                 e          e
Compararemos os resultados.

M´todo de Perturba¸˜o. Para usar o m´todo de perturba¸˜o, encontramos um parˆmetro de
   e                   ca                  e                 ca                       a
expans˜o ou uma fun¸˜o constante que ´ normalmente pequeno. No presente caso, este parˆmetro
       a            ca                e                                                  a
´ o retardamento da constante k, porque j´ t´
e                                        a ınhamos solucionado o presente problema com k = 0,
e agora poder´ıamos manter o retardamento da for¸a, mas deixar o k ser pequeno. Entretanto, se
                                                c
expandirmos o termo exponencial da Equa¸˜o 2.45 (veja Equa¸˜o D.34 do Apˆndice D) na s´rie de
                                         ca                  ca            e             e
for¸as com inten¸˜o de manter somente os termos mais baixos de k n , onde k ´ o nosso parˆmetro
   c            ca                                                          e            a
de expans˜o.
          a
                                kV + g        1        1
                          T =            kT − k 2 T 2 + k 3 T 3 − ...                    (2.46)
                                  gk          2        6

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                            (UNIFRA–2004)
64   ---   2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´
                  ˆ                            ´
                                         ICULA UNICA



Se mantivermos somente termos na expans˜o atrav´s do k 3 , esta equa¸˜o pode ser reestruturada
                                       a       e                    ca
na forma
                                         2V /g    1
                                  T =           + kT 2                                  (2.47)
                                      1 + kV /g 3
Agora, temos o parˆmetro de expans˜o k no denominador do primeiro termo no lado direito da
                  a                 a
equa¸˜o. Precisamos expandir esse termo em uma s´rie de for¸as (S´ries de Taylor, ver Equa¸˜o
    ca                                          e          c     e                        ca
D.8 do Apˆndice D):
         e
                                          1
                                                = 1 − (kV /g) + (kV /g)2 − ...           (2.48)
                                      1 + kV /g
Onde podemos manter somente temos atrav´s de k 2 , pois somente temos termos atrav´s de k na
                                           e                                       e
Equa¸˜o 2.47. Se inserirmos esta expans˜o da Equa¸˜o 2.48 no primeiro termo do lado direito da
    ca                                 a         ca
Equa¸˜o 2.47 e mantermos somente os termos em k para primeira ordem, temos
    ca

                                             2V      T2  2V 2
                                       T =      +       − 2 k + O(k 2 )                  (2.49)
                                              g      3    g
No qual escolhemos excluir o O(k 2 ), os termos da orem k 2 e mais altos. No limite k → 0 (sem
resistˆncia do ar), a Equa¸˜o 2.49 nos mostra o mesmo resultado que no exemplo anterior:
      e                   ca
                                                            2V   2v0 sin θ
                                         T (k = 0) = T0 =      =
                                                             g      g
Entretanto, se k ´ pequeno (mas n˜o foi totalmente exclu´
                 e                a                     ıdo) o tempo do vˆo ser´ aproximadamente
                                                                         o     a
igual a T0 . Ent˜o se usarmos este valor aproximado para T = T0 no lado direito da Equa¸˜o 2.49
                a                                                                        ca
teremos

                                                   2V          kV
                                               T ∼
                                                 =        1−                             (2.50)
                                                    g          3g
a qual ´ desejada uma express˜o aproximada para o tempo de vˆo.
       e                     a                               o
     A seguir escrevemos a equa¸˜o para x (Equa¸˜o 2.43) na forma expandida:
                               ca              ca

                                             U     1        1
                                        x=     kt − k 2 t2 + k 3 t3 − ...                (2.51)
                                             k     2        6
J´ que x(t = T ) ≡ R , temos aproximadamente para o alcance
 a

                                                        1
                                               R ∼ U T − kT 2
                                                 =                                       (2.52)
                                                        2
onde, novamente, mantemos os termos somente atrav´s da primeira ordem do k. Agora podemos
                                                    e
avaliar esta express˜o pelo uso do valor de T da Equa¸˜o 2.50. Se mantermos somente os termos
                    a                                ca
lineares no k, encontramos

                                                  2U v    4kV
                                              R ∼
                                                =      1−                                (2.53)
                                                   g       3g
A quantidade 2U V /g agora pode ser escrita (usando as Equa¸˜es 2.40) como
                                                           co

                                      2U v  2v 2            v2
                                           = 0 sin θ cos θ = 0 sin 2θ = R                (2.54)
                                       g     g               g
As quais podem ser reconhecidas em rela¸˜o ao alcance R do proj´til quando a resistˆncia do ar ´
                                       ca                      e                   e           e
desprezada. Ent˜o
               a

                                                       4kV
                                               R ∼R 1−
                                                 =                                       (2.55)
                                                        3g

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                        (UNIFRA–2004)
2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´
                                                            ¸˜                            ICULA         ---   65


Al´m dessa s´rie de valores de k podemos esperar que nosso m´todo de perturba¸˜o esteja correto?
  e         e                                               e                ca
Se olharmos a expans˜o na Equa¸˜o 2.48, vemos que a expans˜o n˜o ir´ convergir a n˜o ser que
                      a           ca                          a a     a              a
kV /g < 1 ou k < g/V , e na verdade gostar´
                                          ıamos que k << g/V = g/(v0 sin θ).


M´todo Num´rico. A Equa¸˜o 2.45 pode ser resolvida numericamente usando um computador
   e            e              ca
por uma variedade de m´todos, estabelecemos a volta para solucionar a equa¸˜o para T por
                           e                                                        ca
muitos valores de k at´ 0, 08s−1 : Ti (ki ). Estes valores de T e k est˜o inseridos na Equa¸˜o 2.43
                       e                                               a                   ca
para encontrar o alcance R , o qual ´ mostrado na Figura 2-9. O alcance decai rapidamente com
                                      e
o aumento da resistˆncia do ar, exatamente como esperamos, mas n˜o ´ mostrada a dependˆncia
                    e                                                  a e                    e
linear sugerida pela solu¸˜o do m´todo de perturba¸˜o da Equa¸˜o 2.55.
                         ca       e                   ca          ca
      Para o movimento do proj´til descrito nas Figuras 2-8 e 2-9, a aproxima¸˜o linear n˜o est´
                                e                                             ca         a     a
constatada para os valores de k t˜o baixos quanto 0.01s−1 e incorretamente mostra que o alcance
                                  a
´ zero para todos valores de k maiores do que 0.014s−1 . Esta desconcordˆncia com o m´todo
e                                                                           a              e
de perturba¸˜o n˜o ´ uma surpresa, pois o resultado linear para o alcance R era dependente
             ca  a e
em k << g/(v0 sin θ) = 0.02s−1 , o qual ´ dificilmente verdade at´ para o k = 0.01s−1 . Essa
                                           e                        e
concordˆncia pode ser adequada para k = 0.005s−1 . Os resultados mostrados na Figura 2-8
         a
indicam que para valores de k > 0.005s−1 , dificilmente a resistˆncia pode ser considerada numa
                                                               e
perturba¸˜o. De fato, para k > 0.01s−1 a resistˆncia torna-se valor dominante no movimento do
          ca                                   e
proj´til.
    e
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−




FIGURA 2-9      O valor de alcance calculado aproximadamente e numericamente para um dado proj´til ´ mostrado na
                                                                                              e    e
Figura 2-8 e plotado como uma fun¸˜o da for¸a constante de retardamento k.
                                  ca        c




     O exemplo anterior indica como o mundo real pode ser complicado. Neste exemplo, ainda
podemos fazer algumas suposi¸˜es n˜o f´
                             co    a ısicas – assumindo por exemplo que a for¸a de retardamento
                                                                             c
´ sempre linearmente proporcional a velocidade. Ent˜o nossos c´lculos num´ricos n˜o s˜o precisos,
e                                                   a         a          e       a a
pois como mostra a Figura 2-3 a melhor suposi¸˜o pode ser incluir um termo retardat´rio v 2
                                                 ca                                      o
conforme necess´rio. Da mesma forma adicionando termos podemos resolver dificuldades com o
                a
c´lculo num´rico, e fazer um c´lculo similar no pr´ximo exemplo. Temos que incluir o arquivo
 a           e                 a                   o
do autor Matchcad para produzir as Figuras 2-8 e 2-9 no Apˆndice H para aqueles estudantes
                                                              e
poderem reproduzir os c´lculos. Enfatizamos que h´ muitas formas para a performance do c´lculo
                        a                         a                                        a
num´rico com computadores, e o estudante ir´ provavelmente querer transformar n´meros com
    e                                         a                                     u
praticidade.

Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I
                   a       a                                                                      (UNIFRA–2004)
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana
As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana

More Related Content

What's hot

Trabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac NewtonTrabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac NewtonEmanoel
 
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0HorizonFCUL
 
Como entender a fisica quantica em 8 passos
Como entender a fisica quantica em 8 passosComo entender a fisica quantica em 8 passos
Como entender a fisica quantica em 8 passosGuilhermeNoronha8
 
5 biofisica dos-sistemas_biologicos
5 biofisica dos-sistemas_biologicos5 biofisica dos-sistemas_biologicos
5 biofisica dos-sistemas_biologicosFabianaCarvalho4996
 
Espectroscopia para o dia 18 11-2013
Espectroscopia para o dia 18 11-2013Espectroscopia para o dia 18 11-2013
Espectroscopia para o dia 18 11-2013Vanessa Carvalho
 
Leis de newton parte 3
Leis de newton parte 3Leis de newton parte 3
Leis de newton parte 3daf97
 
Física do espírito e a astrologia
Física do espírito e a astrologiaFísica do espírito e a astrologia
Física do espírito e a astrologiaMaurício Bernis
 
Aula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAdriano Silva
 
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
Aula 1   experiências com projetéis e ondasAula 1   experiências com projetéis e ondas
Aula 1 experiências com projetéis e ondasAdriano Silva
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAdriano Silva
 

What's hot (19)

Trabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac NewtonTrabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac Newton
 
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0
Afinal, o que é o bosão de Higgs - Horizon FCUL 0
 
Como entender a fisica quantica em 8 passos
Como entender a fisica quantica em 8 passosComo entender a fisica quantica em 8 passos
Como entender a fisica quantica em 8 passos
 
Física moderna
Física modernaFísica moderna
Física moderna
 
5 biofisica dos-sistemas_biologicos
5 biofisica dos-sistemas_biologicos5 biofisica dos-sistemas_biologicos
5 biofisica dos-sistemas_biologicos
 
Espectroscopia para o dia 18 11-2013
Espectroscopia para o dia 18 11-2013Espectroscopia para o dia 18 11-2013
Espectroscopia para o dia 18 11-2013
 
Dinamica leis fundamentais
Dinamica leis fundamentaisDinamica leis fundamentais
Dinamica leis fundamentais
 
Leis de newton parte 3
Leis de newton parte 3Leis de newton parte 3
Leis de newton parte 3
 
Física do espírito e a astrologia
Física do espírito e a astrologiaFísica do espírito e a astrologia
Física do espírito e a astrologia
 
Fisica moderna relatividade_1
Fisica moderna relatividade_1Fisica moderna relatividade_1
Fisica moderna relatividade_1
 
Princípios básicos da matemática do movimento
Princípios básicos da matemática do movimentoPrincípios básicos da matemática do movimento
Princípios básicos da matemática do movimento
 
2 lei de newton
2 lei de newton2 lei de newton
2 lei de newton
 
Aula6 4x
Aula6 4xAula6 4x
Aula6 4x
 
Aula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétrons
 
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
Aula 1   experiências com projetéis e ondasAula 1   experiências com projetéis e ondas
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
 
Túlio lima vianna texto 3
Túlio lima vianna   texto 3Túlio lima vianna   texto 3
Túlio lima vianna texto 3
 
Física moderna
Física modernaFísica moderna
Física moderna
 
A mecânica quântica2
A mecânica quântica2A mecânica quântica2
A mecânica quântica2
 

Viewers also liked

Ambiental
AmbientalAmbiental
Ambientalbomann
 
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3Yadira Mangual
 
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011lucaramr
 
Cx recto y ano ultimo parcial
Cx recto y ano ultimo parcialCx recto y ano ultimo parcial
Cx recto y ano ultimo parcialLuis Fdo.
 

Viewers also liked (8)

Ambiental
AmbientalAmbiental
Ambiental
 
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3
Titulo dieciocho educación parte i. escuelas publi 3
 
BORRIANA MONUMENTAL
BORRIANA MONUMENTALBORRIANA MONUMENTAL
BORRIANA MONUMENTAL
 
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011
Encuentro de jóvenes en el rocío. 12 de abril de 2011
 
Circunferência
CircunferênciaCircunferência
Circunferência
 
Classifique os custos 06
Classifique os custos 06Classifique os custos 06
Classifique os custos 06
 
Economia
EconomiaEconomia
Economia
 
Cx recto y ano ultimo parcial
Cx recto y ano ultimo parcialCx recto y ano ultimo parcial
Cx recto y ano ultimo parcial
 

Similar to As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana

Similar to As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana (20)

Relatividade geral
Relatividade geralRelatividade geral
Relatividade geral
 
Relatividade geral
Relatividade geralRelatividade geral
Relatividade geral
 
Auladocap05 LeisdeNewton.pdf
Auladocap05 LeisdeNewton.pdfAuladocap05 LeisdeNewton.pdf
Auladocap05 LeisdeNewton.pdf
 
Questão do Referencial
 Questão do Referencial  Questão do Referencial
Questão do Referencial
 
Leis newton
Leis newtonLeis newton
Leis newton
 
Referenciais pag 2
Referenciais pag 2Referenciais pag 2
Referenciais pag 2
 
Fisica moderna ( resumo e exercícios) dezembro 2012
Fisica moderna ( resumo e exercícios) dezembro 2012Fisica moderna ( resumo e exercícios) dezembro 2012
Fisica moderna ( resumo e exercícios) dezembro 2012
 
Isaac newton
Isaac newtonIsaac newton
Isaac newton
 
apresentacao (1).ppt
apresentacao (1).pptapresentacao (1).ppt
apresentacao (1).ppt
 
Lhc relatividade
Lhc relatividadeLhc relatividade
Lhc relatividade
 
Lhc relatividade
Lhc relatividadeLhc relatividade
Lhc relatividade
 
Omovimento
OmovimentoOmovimento
Omovimento
 
Trabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac NewtonTrabalho de Matemática - Isaac Newton
Trabalho de Matemática - Isaac Newton
 
Referenciais pag 1
Referenciais pag 1Referenciais pag 1
Referenciais pag 1
 
FÍSICA MODERNA.pptx
FÍSICA MODERNA.pptxFÍSICA MODERNA.pptx
FÍSICA MODERNA.pptx
 
As leis de Newton.pptx
As leis de Newton.pptxAs leis de Newton.pptx
As leis de Newton.pptx
 
As leis de Newtonijjk.pptx
As leis de Newtonijjk.pptxAs leis de Newtonijjk.pptx
As leis de Newtonijjk.pptx
 
Introdução à teoria de relavitivdade
Introdução à teoria de relavitivdade Introdução à teoria de relavitivdade
Introdução à teoria de relavitivdade
 
Estatica - Conceitos e Principios Fundamentais.pptx
Estatica - Conceitos e Principios Fundamentais.pptxEstatica - Conceitos e Principios Fundamentais.pptx
Estatica - Conceitos e Principios Fundamentais.pptx
 
Isaac newton 1
Isaac newton 1Isaac newton 1
Isaac newton 1
 

More from zeramento contabil (20)

Contabilidade 11
Contabilidade 11Contabilidade 11
Contabilidade 11
 
Contabilidade 01
Contabilidade 01Contabilidade 01
Contabilidade 01
 
Contabilidade 02
Contabilidade 02Contabilidade 02
Contabilidade 02
 
Contabilidade 03
Contabilidade 03Contabilidade 03
Contabilidade 03
 
Contabilidade 04
Contabilidade 04Contabilidade 04
Contabilidade 04
 
Contabilidade 05
Contabilidade 05Contabilidade 05
Contabilidade 05
 
Contabilidade 06
Contabilidade 06Contabilidade 06
Contabilidade 06
 
Contabilidade 07
Contabilidade 07Contabilidade 07
Contabilidade 07
 
Contabilidade 08
Contabilidade 08Contabilidade 08
Contabilidade 08
 
Contabilidade 09
Contabilidade 09Contabilidade 09
Contabilidade 09
 
Contabilidade 10
Contabilidade 10Contabilidade 10
Contabilidade 10
 
Contabilidade 12
Contabilidade 12Contabilidade 12
Contabilidade 12
 
Contabilidade 13
Contabilidade 13Contabilidade 13
Contabilidade 13
 
Contabilidade 15
Contabilidade 15Contabilidade 15
Contabilidade 15
 
Razonetes cap i 2015
Razonetes cap i 2015Razonetes cap i 2015
Razonetes cap i 2015
 
Caderno de-exercicios-contab-ii
Caderno de-exercicios-contab-iiCaderno de-exercicios-contab-ii
Caderno de-exercicios-contab-ii
 
Livro contabilidade intermediaria 2
Livro contabilidade intermediaria 2Livro contabilidade intermediaria 2
Livro contabilidade intermediaria 2
 
Contabilidade respostas 00
Contabilidade respostas 00Contabilidade respostas 00
Contabilidade respostas 00
 
Contabilidade respostas 00
Contabilidade respostas 00Contabilidade respostas 00
Contabilidade respostas 00
 
Rosa dos ventos
Rosa dos ventosRosa dos ventos
Rosa dos ventos
 

As Leis Fundamentais da Mecânica Newtoniana

  • 1. C A P ´I T U L O – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 2 ˆ MECANICA NEWTONIANA – PART´ ´ ICULA UNICA 2.1 ¸˜ INTRODUCAO A ciˆncia da mecˆnica busca fornecer uma descri¸˜o precisa e consistente da dinˆmica de part´ e a ca a ıculas e sistemas de part´ ıculas, isto ´, um grupo de leis f´ e ısicas descrevem matematicamente os movimentos dos corpos e agregados de corpos. Para isto, necessitamos de alguns conceitos fundamentais como distˆncia e tempo que permitem definir a velocidade e acelera¸˜o da part´ a ca ıcula. O terceiro conceito fundamental, massa, exige alguma elabora¸˜o, que forneceremos quando discutirmos as ca Leis de Newton. As Leis F´ ısicas devem ser baseadas num fato experimental. N˜o podemos esperar a priori a que a atra¸˜o gravitacional entre dois corpos deve variar exatamente com o inverso do quadrado ca da distˆncia entre eles. Mas experimentos indicam que isso ´ assim. Uma vez que os dados de um a e grupo de experimentos tenham sido correlacionados e um postulado tenha sido formulado relativo ao fenˆmeno a que se referem os dados, ent˜o v´rias implica¸˜es podem ser obtidas. Se essas o a a co implica¸˜es forem todas verificadas experimentalmente, podemos acreditar que o postulado ´ ge- co e ralmente verdadeiro. O postulado ent˜o assume o status de uma lei f´ a ısica. Se alguns experimentos discordam com as previs˜es da lei, a teoria deve ser modificada para ser consistente com os fatos. o Newton nos forneceu as leis fundamentais da mecˆnica. Declaramos aqui estas leis em termos a modernos, discutindo seus significados, ent˜o derivando as implica¸˜es das leis em v´rias situa¸˜es.∗ a co a co Mas a estrutura l´gica da ciˆncia da mecˆnica n˜o ´ t˜o clara. Nossa linha de racioc´ o e a a e a ınio na interpreta¸˜o das leis de Newton n˜o ´ a unica poss´ † N˜o discutiremos os detalhes filos´ficos da ca a e ´ ıvel. a o mecˆnica mas somente forneceremos a elabora¸˜o das leis de Newton que nos permitem continuar a ca com a discuss˜o da dinˆmica cl´ssica. Dedicaremos nossa aten¸˜o neste cap´ a a a ca ıtulo para o movimento de uma unica part´ ´ ıcula, deixando sistemas de part´ ıculas para serem discutidos nos Cap´ ıtulos 9 e 11–13. ∗ Truesdell (Tr68) mostra que Leonhard Euler (1707-1783) esclareceu e desenvolveu os conceitos Newtonianos. Euler “colocou muito da mecˆnica na sua forma moderna” e “tornou a mecˆnica simples e f´cil” (p. 106). a a a † Ernest Mach (1838-1916) expressou seu ponto de vista em seu famoso livro publicado em 1883; E. Mach, Die Mechanica in Ihrer Entwicklung historisch-Kritisch dargestellt[A ciˆncia da mecˆnica](Praga, 1883). Uma tradu¸˜o e a ca da ultima edi¸˜o ´ dispon´ ´ ca e ıvel (Ma60). Discuss˜es interessantes tamb´m s˜o proporcionadas por R. B. Lindsay e H. o e a Margeneau (Li36) e N. Feather (Fe59). 47
  • 2. 48 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA 2.2 LEIS DE NEWTON Come¸amos simplesmente enunciando na forma convencional as Leis de Newton da mecˆnica∗ : c a I. Um corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme a menos que atue sobre ele uma for¸a. c II. Um corpo move-se sobre a¸˜o de uma for¸a de tal maneira que a taxa de varia¸˜o temporal ca c ca do momento ´ igual a for¸a. e c III. Se dois corpos exercem for¸as um sobre o outro, essas for¸as s˜o iguais em magnitude e de c c a dire¸˜es opostas. co Essas leis s˜o deste modo familiares que algumas vezes tendemos a n˜o perceber os verdadeiros a a significados (ou falta deles) como lei f´ ısica. A Primeira Lei, por exemplo, ´ sem sentido sem e o conceito de “for¸a”, uma palavra usada por Newton em todas as trˆs leis. De fato, sozinha, a c e Primeira Lei conduz a um significado preciso somente se a for¸a for nula; isto ´, o corpo permanece c e em repouso ou em movimento uniforme (isto ´, n˜o acelerado e retil´ e a ınio) sem estar sujeito a qualquer for¸a que seja. O corpo movendo-se dessa maneira ´ denominado como corpo livre (ou part´ c e ıcula livre). A quest˜o sobre o sistema de referˆncia com respeito ao qual o “movimento uniforme” ´ a e e medido ser´ discutido na se¸˜o seguinte. a ca Destacando a falta deste conte´do na Primeira Lei de Newton, Senhor Arthur Eddington† u observou, de certa forma alegremente, o que realmente a lei diz ´ que “todas part´ e ıculas continua em seu estado de repouso ou em movimento uniforme retil´ ıneo exceto quando for¸ado externamente”. c Isto ´ fortemente poss´ para Newton, quem pensou alguma coisa muito clara para seu enunciado. e ıvel Mas isso enfatiza que a Primeira Lei a qual por si s´ provanos com a unica no¸˜o qualitativa sobre o ´ ca “for¸a”. c A segunda Lei fornece um enunciado expl´ ıcito: a For¸a est´ relacionada com a taxa de varia¸˜o c a ca temporal do momento. Newton apropriadamente definiu momento (entretanto ele usou o termo quantidade de movimento) como o produto da massa pela velocidade, tal que p ≡ mv (2.1) Portanto, a Segunda Lei de Newton pode ser expressada como dp d F= = (mv) (2.2) dt dt A defini¸˜o de for¸a torna-se completa e precisa somente quando “massa” ´ definida. Assim a ca c e Primeira e a Segunda Leis n˜o s˜o realmente “leis” no senso usual; mais precisamente, elas podem a a ser consideradas defini¸˜es. Como o comprimento, tempo e a massa s˜o conceitos j´ entendidos, co a a n´s usamos a Primeira e a Segunda Leis de Newton como a defini¸˜o operacional de for¸a. A o ca c terceira Lei de Newton, entretanto, ´ realmente uma lei. Ela ´ um enunciado a respeito do mundo e e real f´ ısica nas leis de movimento de Newton.‡ ısico (natural) e cont´m toda a f´ e Devemos adicionar, entretanto, que a Terceira Lei n˜o ´ uma lei geral da natureza. A lei a e ´ aplicada quando exerce-se uma for¸a em um objeto (pontual) sobre outro objeto (pontual) ´ e c e ∗ Enunciada em 1687 por Sr. Isaac Newton (1642-1727) em Philosophiae naturalis principia mathama- tica[Principios matem´tica de filosofia natural, normalmente chamada de Principia](Londres, 1687). Anteriormente, a Galileo (1564-1642) generalizou os resultados dos seus pr´prios experimentos matem´ticos com suposi¸˜es equiva- o a co lentes a Primeira e Segunda Leis de Newton. Mas Galileu n˜o forneceu uma descri¸˜o completa da dinˆmica porque a ca a ele n˜o conhecia o significado da terceira Lei de Newton - e portanto faltou determinar preciamente o significado de a for¸a c † Senhor Arthur Eddington (Ed30, p. 124). ‡ O presente racioc´ ınio aqui, a saber, a Primeira e Segunda Leis s˜o realmente defini¸˜es e a Terceira Lei cont´m a co e a F´ısica, esta n˜o ´ a unica interpreta¸˜o poss´ a e ´ ca ıvel. Lindsay and Margenau (Li36), por exemplo, apresentam que as duas primeira Leis s˜o Leis F´ a ˜ ısicas e entAo derivam a Terceira Lei como uma conseq¨ˆncia. ue Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 3. 2.2. LEIS DE NEWTON --- 49 direcionada ao longo de uma linha que une os objetos. Tais for¸as s˜o chamadas for¸as centrais; c a c a Terceira Lei ´ aplicada se a for¸a central ´ atrativa ou repulsiva. As for¸as gravitacional e ele- e c e c trost´tica s˜o for¸as centrais, assim as Leis de Newton podem ser usadas em problemas envolvendo a a c esses tipos de for¸as. As vezes for¸as el´sticas (as quais s˜o realmente manifesta¸˜es macrosc´picas c c a a co o de for¸as eletrost´ticas microsc´picas) s˜o centrais. Por exemplo, dois objetos pontuais conectados c a o a diretamente por uma mola ou corda el´tica s˜o sujeitos a for¸as que obedecem a Terceira Lei. a a c Alguma for¸a que depende da velocidade de intera¸˜o entre os corpos ´ n˜o central, e a Terceira c ca e a Lei n˜o pode ser aplicada. For¸as dependentes da velocidade s˜o cracter´ a c a ısticas de intera¸˜es que co se propagam com velocidades finitas. Assim a for¸a entre cargas em movimento n˜o obedece a c a Terceira Lei, porque a for¸a se propaga com a velocidade da luz. At´ mesmo a for¸a gravitacio- c e c nal entre corpos em movimento ´ dependente da velocidade, mas o efeito ´ pequeno e de dif´ e e ıcil detec¸˜o. O unico efeito observado ´ a precess˜o do peri´lio dos planetas mais internos (visto na ca ´ e a e se¸˜o 8.9). Retornaremos a discuss˜o da Terceira Lei de Newton no Cap´ ca a ıtulo 9. Para demonstrar o significado da Terceira Lei de Newton, vamos parafrase´-lo da seguinte a maneira, o qual incorpora a defini¸˜o apropriada de massa: ca III’. Se dois corpos constituiem um sistema ideal e isolado, ent˜o as acelera¸˜es destes corpos s˜o a co a sempre em dire¸˜es opostas, e a raz˜o da magnitude das acelera¸˜es ´ constante. Esta raz˜o co a co e a constante ´ o inverso da raz˜o das massas dos corpos. e a Com esse procedimento, podemos dar a defini¸˜o pr´tica de massa e dessa forma fornecer um signi- ca a ficado preciso para as equa¸˜es que resumem a dinˆmica Newtoniana. Para dois corpos isolados, co a 1 e 2, a Terceira Lei diz que F1 = −F2 (2.3) Usando a defini¸˜o de for¸a como apresentado pela Segunda Lei, temos ca c dp1 dp2 =− (2.4a) dt dt ou, com massas constantes, dv1 dv2 m1 = m2 − (2.4b) dt dt e, como a acelera¸˜o ´ derivada temporal da velocidade, ca e m1 (a1 ) = m2 (− a2 ) (2.4c) Portanto, m2 a1 =− (2.5) m1 a2 onde o sinal negativo indica somente que os vetores acelera¸˜o est˜o em dire¸˜es opostas. A massa ca a co ´ considerada uma grandeza positiva. e Sempre podemos selecionar, digamos, m1 como unidade de massa. Ent˜o, comparando a a rela¸˜o das acelera¸˜es onde m1 ´ permitido interagir com qualquer outro corpo, podemos deter- ca co e minar a massa do outro corpo. Para medir as acelera¸˜es, devemos ter rel´gios e r´guas apropria- co o e das; tamb´m, devemos escolher um sistema de coordenadas ou sistema de referˆncia adequado. A e e quest˜o de um “sistema de referˆncias adequado” ´ discutido na pr´xima se¸˜o. a e e o ca Um dos mais comuns m´todos de determina¸˜o de massa de um objeto ´ pela pesagem – por e ca e exemplo pela compara¸˜o de seu peso a de um padr˜o por meio de uma balan¸a de contra peso. ca a c Esse procedimento faz uso do fato que em um campo gravitacional o peso de um corpo ´ apenas e a for¸a gravitacional agindo no corpo; isto ´, a equa¸˜o de Newton F = ma se torna W = mg, c e ca onde g ´ acelera¸˜o devido a gravidade. A validade do uso desse procedimento apoia-se em uma e ca hip´tese fundamental: que a massa m que aparece na equa¸˜o de Newton ´ definida de acordo o ca e com enunciado III ´ igual a massa m que aparece na equa¸˜o da for¸a gravitacional. Essas duas e ca c massas s˜o chamadas de massa inercial e massa gravitacional, respectivamente. As defini¸˜es a co podem ser enunciadas como segue: Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 4. 50 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA Massa Inercial: ´ a massa que determina a acelera¸˜o de um corpo sob a a¸˜o de uma dada e ca ca for¸a. c Massa Gravitacional: ´ a massa que determina as for¸as gravitacionais entre um corpo e e c outros corpos. Galileu foi o primeiro a testar a equivalˆncia de massa inercial e massa gravitacional em e seu (possivelmente falso) experimento com quedas de objetos na Torre de Pisa. Newton tamb´m e considereou o problema e mediu os per´ ıodos de pˆndulos de comprimento iguais mas com materiais e diferentes. Nem Newton nem Galileu encontraram qualquer diferen¸a mas os m´todos foram tanto c e rudimentares.∗ Em 1890 E¨tv¨s† inventou um m´todo engenhoso para testar a equivalˆncia das o o e e massas inerciais e gravitacionais. Usando dois ojetos feitos com materiais diferentes, ele comparou o efeito da for¸a gravitacional da Terra (isto ´, o peso) com o efeito da for¸a inercial causada c e c pela rota¸˜o da terra. O experimento envolveu um m´todo de efeito nulo usando uma balan¸a de ca e c tor¸˜o sens´ e por essa raz˜o foi altamente preciso. Experiemntos mais recentes (notavelmente ca ıvel a os de Dicke ‡ ), usando essencialmente o mesmo m´todo teve melhor precis˜o, e sabemos agora que e a a massa inercial e a massa gravitacional s˜o idˆnticas dentro de algumas partes em 101 2. Esse a e resultado ´ consideravelmente importante na teoria geral da relatividade § . A afirma¸˜o da exata e ca igualadade da massa gravitacional ´ expressa com principio de equivalˆncia. e e A terceira lei de Newton ´ declarada em termos de dois corpos que consistem um sistema e ´ isolado. E imposs´ ıvel alcan¸ar tal condi¸˜o ideal; cada corpo no universo interage com todos os c ca outros corpos, embora a for¸a de intera¸˜o possa ser muito fraca para ser de qualquer importˆncia c ca a pr´tica se grandes distˆncias s˜o envolvidas. Newton evitou a quest˜o de como distinguir o efeito a a a a desejado de todos os outros efeitos estranhos. Mas esta pr´tica dificilmente enfatizar´ sozinha a a a ca ´ enormidade da afirma¸˜o de Newton na Terceira Lei. E um tributo ` profundidade da percep¸˜o a ca dele e a perspic´cia f´ a ısica das conclus˜es baseando-se em observa¸˜es limitadas, prosperamente o co sustentou o teste de experimento por 300 anos. Apenas neste s´culo houve medidas com detal- e hes suficientemente relevantes contendo discrepˆncias com as predi¸˜es da teoria de Newton. A a co persegui¸˜o desses detalhes conduziu ao desenvolviemnto da teoria da relatividade e da mecˆnica ca a quˆntica¶ . Outra interpreta¸˜o da Terceira Lei de Newton ´ baseada no conceito de momento a ca e arranjando a Equa¸˜o 2.4a fornece ca d (p1 + p2 ) = 0 dt ou p1 + p2 = constante (2.6) A declara¸˜o que momento ´ conservado na intera¸˜o isolada de duas part´ ca e ca ıculas ´ um caso especial e de uma declara¸˜o mais geral conserva¸˜o de momento linear. F´ ca ca ısicos apreciam leis de con- serva¸˜o gerais, e a conserva¸˜o de momento linear acredita-se ser sempre obedecida, mais tarde ca ca modificaremos nossas defini¸˜es de momento da Equa¸˜o ?? para altas velocidades aproximando-se co ca a velocidade da luz. 2.3 ˆ SISTEMAS DE REFERENCIAS Newton percebeu que, para as leis de movimento terem significado, o movimento dos corpos devem ser medidos relativos ao mesmo sistema de refˆncia. O sistema de refˆncia ´ chamado de referˆncia e e e e inercial se as leis de Newton s˜o validas realmente neste sistema; que ´, se um corpo n˜o est´ a e a a ∗ Noexperimento de Newton, ele pode ter detectado uma diferen¸a de somente uma parte em 103 . c † Roland Van E¨tv¨s (1848- 1919) um conde H´ ngaro, sua pesquisa em problemas gravitacionais conduziram ao o o u desenvolvimento de um gravitˆmetro, o qual foi usado em estudos geol´gicos. o o ‡ P. G. Roll, R. Krotkov e R. H. Dicke, Ann. Phys. (n.Y.) 26, 442 (1964) Ver tamb´m BraginsKy e Pavov, Sov. e Phys. - JETP 34, 463 (1972). § Ver, por exemplo, as discurss˜es feitas por P. G. Bergmann (Be96) eJ. Weber (We61). Olivro de Weber tamb´m o e fornece uma an´lise do experimento de E¨tv¨s. a o o ¶ Ver tamb´m a Se¸˜o 2.8. e ca Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 5. ˆ 2.3. SISTEMAS DE REFERENCIAS --- 51 sujeito a for¸as externas move-se em uma linha reta com velocidade constante (ou se mant´m c e em repouso), ent˜o o sistema de coordenadas que estabelece este fato ´ um sistema de referˆncia a e e inercial. Esta ´ uma defini¸˜o operacional clara e um que tamb´m segue da teoria da relatividade e ca e geral. Se as leis de Newton s˜o v´lidas em um sistema de referˆncia, ent˜o elas tamb´m s˜o v´lidas a a e a e a a em qualquer sistema de referˆncia em movimento uniforme (isto ´, n˜o acelerado) com respeito e e a ao primeiro sistema.∗ Este ´ um resultado do fato que a equa¸˜o F =m¨ envolve uma derivada e ca r segunda de r: Uma mudan¸a de coordenadas envolvendo uma velocidade constante n˜o influˆncia c a e a equa¸˜o. Este resultado ´ chamado de invariˆncia de Galileu ou princ´ ca e a ıpio da relatividade Newtoniana. A teoria da relatividade tem mostrado que os conceitos de repouso absolutos e um sistema de referˆncia descrito inercial absoluto n˜o tem sentido. Ent˜o mesmo que adotemos um sistema de e a a referˆncia descrito com respeito `s estrelas “fixas” – e realmente tais sistemas as equa¸˜es Newto- e a co nianas s˜o v´lidas com um alto grau de precis˜o – tal sistema n˜o ´ na realidade um referˆncial a a a a e e inercial absoluto. Todavia podemos considerar as estrelas “fixas” para definir um sistema de re- ferˆncia que se aproxima de um referˆncia inercial “absoluta” para que at´ certos pontos satisfa¸am e e e c ao nosso prop´sito. o Embora o sistema de referˆncia das estrelas-fixas seja um sistema convencionalmente defin´ e ıvel e conveniente para muitos prop´sitos, devemos enfatizar que as defini¸˜es fundamentais de um o co referˆncial inercial n˜o fazem men¸˜es as estrelas fixas ou vice-versa. Se um corpo n˜o est´ sujeito e a co a a a for¸as e movimenta-se com velocidade constante em um certo referˆncial, este sistema ´, por c e e defini¸˜o um sistema de referˆncia inercial. Como a descri¸˜o precisa de movimento de um objeto ca e ca f´ ısico real no mundo f´ ısico real ´ normalmente dificil, usaremos idealiza¸˜es e aproxima¸˜es de a co co graus variados; isto ´: desprezaremos as for¸as mais fracas sobre o corpo se estas for¸as n˜o afetam e c c a significativamente o corpo. Se desejarmos descrever o movimento de, digamos, de uma part´ ıcula livre e se escolhermos para esse prop´sito algum sistema de coordenadas num referˆncial inercial, ent˜o requeremos que o e a a equa¸˜o (vetorial) do movimento da part´ ca ıcula seja independente da posi¸˜o da origem do sis- ca tema coordenado e independente de sua orienta¸˜o no espa¸o. Al´m disso iremos requerer que ca c e o tempo seja homogˆneo; isto ´, uma part´ e e ıcula livre movendo-se com velocidade constante no sistema coordenado durante um certo intervalo de tempo que n˜o deve ser durante um intervalo a de tempo posterior, seja encotrado movendo-se com velocidade diferente. Podemos ilustrar a importˆncia dessas propriedades pelo seguinte exemplo. Considere como a na Figura 2-1, uma part´ ıcula livre movendo-se ao longo de uma trajet´ria AC. Para descrever o o movimento da part´ ıcula, vamos escolher um sistema de coordenadas retangulares no qual a origem de move em um c´ ırculo, como mostrado. Para simplificar, vamos formar a orienta¸˜o dos eixos fixo ca no espa¸o. A part´ c ıcula move-se com uma velocidade relativa vp relativo a um referencial inercial. Se o sistema de coordenadas move-se com uma velocidade linear vc quando passa no ponto B, e se vc = vp , ent˜o para um observador no sistema de coordenadas m´vel a part´ a o ıcula (em A) parece estar em repouso. Algum tempo depois, no entanto, quando a part´ ıcula est´ em C e o sistema a de coordenadas em D, a part´ ıcula parecer´ estar acelerada em rela¸˜o ao observador. Devemos, a ca portanto, concluir que o sitema de coordenadas em rota¸˜o n˜o pode ser considerado um referencial ca a inercial. Estas observa¸˜es n˜o s˜o suficientes para decidir se o tempo ´ homogˆneo. Para alcan¸ar co a a e e c semelhantes conclus˜es, repetidas medidas devem ser feitas em situa¸˜es idˆnticas em diversos o co e instantes de tempo; idˆnticos resultados indicar˜o a homogeneidade do tempo. e a As equa¸˜es de Newton n˜o descrevem o movimento dos corpos em sistemas de referˆncia n˜o- co a e a inercial. Podemos desenvolver um m´todo para descrever o movimento de uma part´ e ıcula para um sistema de coordenadas em rota¸˜o, mas, como ser´ visto no Cap´ ca a ıtulo 10, as equa¸˜es resultantes co ∗ No Cap´ıtulo 10, discutiremos as modifica¸˜es que devem ser feitas nas equa¸˜es de Newton se desejamos co co descrever o movimento de um corpo em rela¸˜o a um sistema de referˆncia n˜o inercial, isto ´, um referˆncia que ca e a e e est´ acelerado em rela¸˜o a um referˆncia inercial. a ca e Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 6. 52 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA FIGURA 2-1 contˆm v´rios termos que n˜o aparecem na simples equa¸˜o Newtoniana F = ma. Para o momento, e a a ca ent˜o, restringimos nossa aten¸˜o para os sistemas de referˆncia inercial para descrever a dinˆmica a ca e a de part´ıculas. 2.4 A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA A equa¸˜o newtoniana F = dp/dt podem expressar alternativamente como ca d dv F= (mv) = m = m¨ r (2.7) dt dt se adotarmos que a massa m n˜o varia com o tempo. Esta ´ uma equa¸˜o diferencial de segunda a e ca ordem que pode ser integrada para encontrar r = r(t) se a fun¸˜o F ´ conhecida. ca e Especificando os valores iniciais de r e r = v obtemos as duas constantes arbrit´rias da ˙ a integra¸˜o. Ent˜o determinamos o movimento da part´ ca a ıcula pela fun¸˜o da for¸a F e os valores ca c iniciais para a posi¸˜o r e a velocidade v. ca A for¸a F pode ser uma fun¸˜o de alguma combina¸˜o da posi¸˜o, velocidade e tempo, e c ca ca ca ´ geralmente denotada como F(r, v, t). Para um certo sistema dinˆmico, normalmente queremos e a saber r e v como uma fun¸˜o do tempo. Isto ´ obtido resolvendo a Equa¸˜o 2.7 em ¨. A aplica¸˜o ca e ca r ca da Equa¸˜o 2.7 para situa¸˜es f´ ca co ısicas ´ uma importante parte da mecˆmica. e a Neste cap´ ıtulo, estudaremos v´rios exemplos no qual a fun¸˜o for¸a ´ conhecida. Iniciaremos a ca c e usando fun¸˜es for¸a mais simples (constante ou dependente somente de r, ou v ou t) em uma co c dimens˜o espacial somente, como uma revis˜o das disciplinas b´sicas de f´ a a a ısica. Isso ´ importante e a ca ˜ para formar bons h´bitos na resolu¸˜o de problemas. Abaixo sAo apresentadas algumas t´cnicas e uteis para resolver problemas. ´ 1. Fazer um esbo¸o (esquema gr´fico – desenho) do problema, indicando as for¸as, velocidade c a c e assim por diante. 2. Escreva as grandezas e seus valores fornecidos. 3. Escreva as equa¸˜es que ser˜o utilizadas e o que ´ para ser determinanado. co a e Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 7. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 53 4. As equa¸˜es que descrevem o problema normalmente devem ser manipuladas a fim de achar co a grandeza procurada. Manipula¸˜es alg´bricas bem como a diferencia¸˜o ou integra¸˜o s˜o co e ca ca a usualmente exigidas. Algumas vezes c´lculos num´ricos usando o computador s˜o mais f´ceis, a e a a se for o unico m´todo para a solu¸˜o. ´ e ca 5. Finalmente, coloque os valores reais fornecidos, para obter os valores das vari´veis das gran- a dezas procuradas. Vamos considerar o problema do bloco deslizando no plano inclinado. O ˆngulo do plano inclinado a ´ θ e a massa do bloco ser´ 100 g. O esquema do problema ´ mostrado na Figura 2-2a. e a e E X E M P L O 2.1 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −− Se um bloco desliza sem atrito sob um plano inclinado fixo, θ = 30o , qual ´ a acelera¸˜o e ca deste? FIGURA 2-2 Solu¸˜o: Duas for¸as atuam no bloco (ver Figura 2-2a): a for¸a gravitacional Fg e a for¸a normal ca c c c do plano N empurrando para cima no bloco (sem atrito neste exemplo). O bloco ´ pressionado e para ficar sobre o plano, e a unica dire¸˜o que ele pode se mover ´ na dire¸˜o x, subindo e descendo ´ ca e ca o plano. N´s tomamos a dire¸˜o + x para descer o plano. A for¸a resultante F ´ constante; a o ca c e Equa¸˜o 2.7 se torna ca F = Fg + N e porque F ´ a for¸a resultante do sistema que atua no bloco, e c F = m¨ r ou Fg + N = m¨ r (2.8) Este vetor deve ser aplicado em duas dire¸˜es: x e y (perpendicular a x). A componente da co for¸a na dire¸˜o y ´ zero, porque n˜o ocorre acelera¸˜o nesta dire¸˜o. A for¸a Fg est´ dividida c ca e a ca ca c a vetorialmente dentro de suas componentes x e y (linhas na Figura ??a). A Equa¸˜o 2.8 se torna ca dire¸˜o y ca −Fg cos θ + N = 0 (2.9) dire¸˜o x ca Fg sin θ = m¨ x (2.10) Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 8. 54 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA com o resultado adquirido Fg mg sin θ x= ¨ sin θ = = g sin θ m m g x = g sin (30◦ ) = = 4.9m/s2 ¨ (2.11) 2 Portanto, a acelera¸˜o do bloco ´ constante. ca e Podemos encontrar a velocidade do bloco ap´s este se mover do repouso uma distˆncia x0 o a descendo o plano pela multiplica¸˜o da Equa¸˜o 2.11 por 2x e integrando ca ca ˙ 2x¨ = 2xg sin θ ˙x ˙ d 2 dx (x ) = 2g sin θ ˙ dt dt 2 v0 x0 d(x2 ) = 2g sin θ ˙ dx 0 0 Para t = 0, ambos x = x = 0, e, para t = tf inal , x = x0 , e a velocidade x = v0 . ˙ ˙ 2 v0 = 2g sin θx0 v0 = 2g sin θx0 −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− E X E M P L O 2.2 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Se o coeficiente de atrito est´tico entre o bloco e o plano previsto do exemplo anterior a ´ µs = 0.4, em que ˆngulo θ o bloco come¸ar´ a deslizar se estiver inicialmente em e a c a repouso? Solu¸˜o: Necessitamos de uma for¸a de atrito adicional f (veja Figura 2.2b). A for¸a de atrito ca c c est´tica tem o valor m´ximo aproximado a a fmax = µs N (2.12) e a Equa¸˜o 2.7 torna-se, na forma de suas componentes, ca dire¸˜o y ca −Fg cos θ + N = 0 (2.13) dire¸˜o x ca −fs + Fg sin θ = m¨ x (2.14) A for¸a de atrito est´tica fs ter´ algum valor entre fs ≤ fmax para manter x = 0 – para manter o c a a ¨ bloco em repouso. Entretanto, o ˆngulo θ do plano aumenta, logo a for¸a de atrito est´tica ser´ a c a a incapaz de manter o bloco no repouso. Nesse ˆngulo θ , fs torna-se a fs (θ = θ ) = fmax = µs N = µs Fg cos θ e m¨ = Fg sin θ − fmax x m¨ = Fg sin θ − µs Fg cos θ x x = g(sin θ − µs cos θ) ¨ (2.15) Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 9. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 55 Imediatamente antes do bloco come¸ar deslizar, a acelera¸˜o ´ x = 0, assim c ca e ¨ sin θ − µs cos θ = 0 tan θ = µs = 0.4 θ = tan−1 (0.4) = 22◦ −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− E X E M P L O 2.3 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Depois que o bloco do exemplo anterior come¸a a deslizar, o coeficiente da fric¸˜o c ca cin´tica (do movimento) torna-se µk = 0.3. Encontre a acelera¸˜o para o ˆngulo de e ca a θ = 30o . Solu¸˜o: Similarmente ao Exemplo 2.2, a fric¸˜o cin´tica torna-se (aproximadamente) ca ca e fk = µk N = µk Fg cos θ (2.16) e m¨ = Fg sin θ − fk = mg(sin θ − µk cos θ) x (2.17) x = g(sin θ − µk cos θ) = 0.24g ¨ (2.18) Geralmente, a for¸a de fric¸˜o est´tica (fmax = µs N ) ´ maior que aquela da fric¸˜o cin´tica c ca a e ca e (fk = µk N ). Isto pode ser observado em uma experiˆncia simples. Se diminuirmos o ˆngulo θ e a abaixo de 16.7o , encontramos que x < 0, e o bloco permanece parado. Se levantarmos o apoio do ¨ bloco acima de θ = 16.7o , encontramos que o bloco n˜o inicia o movimento novamente at´ que a e θ ≥ 22o . A fric¸˜o est´tica determina quando o movimento tem in´ novamente. N˜o h´ uma ca a ıcio a a acelera¸˜o descontinua enquanto o bloco come¸a se mover devido a diferen¸a entre µs e µk . Para ca c c velocidades pequenas, o coeficiente de fric¸˜o muda rapidamente de µs a µk . ca O assunto da fric¸˜o ´ ainda uma ´rea de pesquisa interessante e importante. H´ sempre ca e a a algumas surpresas. Por exemplo, mesmo que calcul´ssemos o valor absoluto da for¸a de fric¸˜o a c ca como f = µN , a pesquisa mostrou que a for¸a de fric¸˜o ´ diretamente proporcional, n˜o ` c ca e a a carga, mas ` ´rea de contato microsc´pica entre os dois objetos (ao contr´rio da ´rea de contato aa o a a aparente). N´s usamos o µN como uma aproxima¸˜o porque, enquanto N aumenta, ”faz assim a o ca a ´rea de contato real em um n´ microsc´pico”. Por centenas de anos antes dos 1940s, aceitou-se ıvel o que a carga – e n˜o a ´rea – eram respons´veis diretamente. Acreditamos tamb´m que a for¸a de a a a e c fric¸˜o est´tica ´ maior que aquela de fric¸˜o cin´tica porque a liga¸˜o dos ´tomos entre os dois ca a e ca e ca a objetos n˜o tem como se desenvolver por muito tempo no movimento cin´tico. a e −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− EFEITO DAS FORCAS DE RETARDAMENTO ¸ Devemos enfatizar que a for¸a F na Equa¸˜o 2.7 n˜o ´ necessariamente constante, e de fato, ela c ca a e pode consistir de v´rias partes distintas, como vimos nos exemplos anteriores. Por exemplo, se a uma part´ıcula cai num campo gravitacional constante, a for¸a gravitacional ´ Fg = mg, onde g ´ c e e a acelera¸˜o da gravidade. Se conjuntamente, existe uma for¸a de retardamento Fr e que ´ uma ca c e fun¸˜o da velocidade instantˆnea, ent˜o a for¸a total ´ ca a a c e F = Fg + Fr = mg + Fr (v) (2.19) Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 10. 56 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA Geralmente ´ suficiente considerar que Fr (v) ´ simplesmente proporcional a alguma potˆncia da e e e velocidade. Em geral, as for¸as de retardamento reais s˜o mais complicadas, mas a aproxima¸˜o c a ca pela lei das potˆncias ´ util em muitas ocasi˜es na qual a velocidade n˜o tem grandes varia¸˜es. e e ´ o a co Neste caso, se Fr ∝ v n , ent˜o a equa¸˜o de movimento pode geralmente ser integrada diretamente a ca ao passo que, se a real dependˆncia da velocidade for usada, provavelmente ser´ necess´rio uma e a a integra¸˜o num´rica. Com a aproxima¸˜o da lei da potˆncia, podemos escrever ca e ca e v F = mg − mkv n (2.20) v onde k ´ uma constante positiva que especifica o poder da for¸a de retardamento e v/v ´ um vetor e c e unit´rio na dire¸˜o de v. Experimentalmente, encontramos que, para um objeto relativamente a ca pequeno movendo-se no ar, n ∼ 1 para velocidades menores que aproximadamente 24 m/s (∼ 80 = ft/s). Para altas velocidades mas com valores abaixo da velocidade do som (∼ 330 m/s ou 1.100 ft/s), a for¸a de retardamento ´ aproximadamente proporcional ao quadrado da velocidade.∗ Para c e simplificar, a dependˆncia de v 2 quase sempre ´ usada para velocidades acima da velocidade do e e som. O efeito da resistˆncia do ar ´ importante, por exemplo, para um jogo de ping-pong, uma bola e e leve movendo-se velozmente desvia sua trajet´ria e, para um proj´til de morteiro lan¸ado contra um o e c inimigo. Extensa tabelas foram constru´ ıdas para proj´teis bal´ e ısticos militares de diferentes tipos com a velocidade em fun¸˜o do tempo de vˆo. Existem v´rias for¸as atuando sobre um proj´til ca o a c e em vˆo. A resistˆncia do ar ´ chamada de for¸a de arraste W e ´ oposta a velocidade do proj´til, o e e c e e como mostra a Figura 2-3a. A velocidade v n˜o ´ normalmente paralela ao eixo de simetria do a e proj´til. O componente da for¸a atuando perpendicularmente a for¸a de arraste ´ conhecida, como e c c e for¸a de ascens˜o La . Deve haver tamb´m outras for¸as devido a rota¸˜o e oscila¸˜o do proj´til, e c a e c ca ca e um c´lculo da trajet´ria bal´ a o ıstica do projeto ´ extremamente complexo. A express˜o de Prandtl e a para resistˆncia do ar†´ e e 1 W = cW ρAv 2 (2.21) 2 onde cW ´ o coeficiente de arraste adimensional, ρ ´ a densidade do ar, v ´ a velocidade e A e e e ´ a ´rea da sec¸˜o reta do objeto (proj´til) medida perpendicularmente com a velocidade. Nas e a ca e Figuras 2-3b, plotamos alguns valores t´ıpicos para cW , e nas Figuras 2-3c e d podemos calcular a resistˆncia W usada na Equa¸˜o 2.21 para um proj´til de diˆmetro 10 cm e usando os valores de cW e ca e a apresentados. A resistˆncia do ar aumenta drasticamente pr´ximo ` velocidade do som (n´mero de e o a u Mach M = velocidade/velocidade do som). Abaixo das velocidades de aproximadamente 400 m/s ´ evidente que uma equa¸˜o de pelo menos segundo grau ´ necess´ria para descrever a for¸a de e ca e a c resistˆncia. Para altas velocidades, o retardamento da for¸a varia aproximadamente linearmente e c com a velocidade. V´rios exemplos de movimento de uma part´ a ıcula sujeita a v´rias for¸as s˜o descritas a se- a c a guir. Esses exemplos s˜o particularmente bons para a inicia¸˜o a c´lculos computacionais usando a ca a alguns dos programas comerciais de matem´tica simb´lica, de planilhas ou para os estudantes es- a o creverem seus pr´prios programas. Os resultados computacionais, especialmente os gr´ficos podem o a muitas vezes ser comparados com os resultados anal´ ıticos apresentamos aqui. Algumas das Figu- ras mostradas nesta se¸˜o foram produzidas usando c´lculos computacionais, e v´rios problemas ca a a propostos no final do cap´ ıtulo s˜o propostos para os estudantes iniciarem experiˆncias no uso do a e computador, se assim desejar o professor ou estudante. ∗ O movimento de uma part´ ıcula num meio na qual h´ uma for¸a resistente proporcional a velocidade ou com o a c quadrado da velocidade (ou uma combina¸˜o linear das duas) foi estudado por Newton em seu Principia (1687). A ca extens˜o para alguma potˆncia da velocidade foi feito por Joham Bernoulli em 1711. O termo lei da resistˆncia de a e e Stokes ´ algumas vezes aplicada para uma for¸a resistente proporcional a velocidade; a lei da resistˆncia de Newton e c e ´ uma for¸a de retardamento proporcional ao quadrado da velocidade. e c † Veja o artigo de E. Melchior e H. Reuschel no “Handbook on Weaponry” (Rh82, p.137) Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 11. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 57 FIGURA 2-3 (a) For¸as aerodinˆmicas agindo no proj´til. W ´ a for¸a de arraste (for¸a da resistˆncia do ar) e ´ oposta c a e e c c e e a velocidade do proj´til v. Observe que v dever´ estar num ˆngulo α com o eixo da simetria do proj´til. O componente e a a e da for¸a de a¸˜o perpendicular a for¸a de arraste ´ chamada de for¸a de ascens˜o Fa . O ponto D ´ o centro de press˜o. c ca c e c a e a Finalmente, a for¸a gravitacional Fg age para baixo. Se o centro de press˜o n˜o est´ no centro de massa do proj´til, h´ c a a a e a tamb´m um torque em torno do centro de massa. (b) O coeficiente de arraste cW , da lei de resistˆncia de Rheinmetall e e (Rh82), ´ plotado como fun¸˜o do n´ mero M de Mach . Observe a grande varia¸˜o pr´xima da velocidade do som onde e ca u ca o M = 1. (c) A for¸a de resistˆncia do ar W (for¸a de arraste) ´ mostrada com uma fun¸˜o da velocidade para um proj´til de c e c e ca e diˆmetro igual a 10 cm. Observe a inflex˜o pr´xima da velocidade do som. (d) Mesma an´lise de (c) para altas velocidades. a a o a E X E M P L O 2.4 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −− Como um exemplo simples de movimento resistivo de uma part´ ıcula, encontramos o movimento e a velocidade do movimento horizontal em um meio em que a for¸a de c retardamento ´ proporcional a velocidade e Solu¸˜o: Um esbo¸o do problema ´ mostrado na Figura 2-4. A Equa¸˜o Newtoniana F = ma ca c e ca fornece-nos equa¸˜o de movimento: dire¸˜o x ca ca dv ma = m = −kmv (2.22) dt Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 12. 58 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA FIGURA 2-4 onde kmv ´ a magnitude da for¸a de resistˆncia (k = constante). Portanto e c e dv = −k dt v ln v = −kt + C1 (2.23) A integra¸˜o constante na Equa¸˜o 2.23 pode ser avaliada se prescrevermos a condi¸˜o inicial ca ca ca v(t = 0) ≡ v0 . Logo C1 = ln v0 , e v = v0 e−kt (2.24) Podemos integrar esta equa¸˜o para obter o deslocamento x como fun¸˜o do tempo: ca ca dx v= = v0 e−kt dt v0 −kt x = v0 e−kt dt = − e + C2 (2.25a) k A condi¸˜o inicial x(t = 0) ≡ 0 implica C2 = v0 /k. Ent˜o ca a v0 x= (1 − e−kt ) (2.25b) k Este resultado mostra que x aproxima-se do valor v0 /k conforme t → ∞. Podemos tamb´m obter a velocidade como fun¸˜o do deslocamento escrevendo e ca dv dv dt dv 1 = = . dx dt dx dt v portanto dv dv v = = −kv dx dt ou dv = −k dx para a qual encontramos, usando as mesmas condi¸˜es iniciais, co v = v0 − kx (2.26) Portanto, a velocidade decresce linearmente com o deslocamento. −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 13. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 59 E X E M P L O 2.5 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Encontre o deslocamento e a velocidade de uma part´ ıcula que se encontra em mo- vimento vertical em um meio que tem uma for¸a de retardamento proporcional ` c a velocidade. Solu¸˜o: Considere uma part´ ca ıcula caindo com velocidade inicial v0 de uma altura h e campo gravitacional constante (Figura 2.5). A equa¸˜o de movimento ´ ca e dire¸˜o z ca dv F =m = −mg − kmv (2.27) dt onde −kmv representa a for¸a positiva para cima desde z onde v = z no sentido positivo para cima, c ˙ assim como o movimento para baixo - isto ´, v < 0, assim −kmv > 0. A partir da Equa¸˜o 2.27, e ca temos dv = −dt (2.28) kv + g Integrando a Equa¸˜o 2.28 e considerando v(t = 0) ≡ v0 , temos (notando que v0 < 0) ca 1 ln(kv0 + g) = −t + c k kv + g = e−kt+kc dz g kv0 + g −kt v= =− + e (2.29) dt k k Integrando mais uma vez e calculando a constante no sentido z(t = 0) ≡ h, temos gt kv0 + g z =h− + (1 − e−kt ) (2.30) k k2 FIGURA 2-5 Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 14. 60 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA FIGURA 2-6 A Equa¸˜o 2.29 mostra que enquanto o tempo se torna muito longo, a velocidade se aproxima do ca valor limite −g/k; esta ´ chamada velocidade terminal, vt . A Equa¸˜o 2.27 resulta no mesmo e ca resultado, porque a for¸a desaparecer´ – e daqui nenhum acceleration mais adicional ocorrer´ – c a a quando v = −g/k. Se a velocidade inicial exceder a velocidade terminal em magnitude, ent˜o a o corpo come¸a imediatamente a retardar para baixo e v aproxima-se da velocidade terminal c na dire¸˜o oposta. A Figura 2-6 ilustra estes resultados para velocidades descendentes (valores ca positivos). −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− E X E M P L O 2.6 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Em seguida, tratamos o movimento do proj´til em duas dimens˜es, primeiramente e o sem considerar a resistˆncia do ar. Deixe a velocidade do a¸aime do proj´til ser v0 e c e e o ˆngulo de eleva¸˜o ser θ (Figura 2-7). Calcule o deslocamento, a velocidade, e o a ca alcance do proj´til. e FIGURA 2-7 Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 15. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 61 Solu¸˜o: Usando F = mg , as componentes da for¸a tornam-se ca c dire¸˜o x ca 0 = m¨ x (2.31a) dire¸˜o y ca −mg = m¨ y (2.31b) Desconsiderando a altura da arma, e assumindo x = y = 0 e t = 0. Ent˜o a x=0 ¨ x = v0 cos θ ˙ x = v0 t cos θ (2.32) e y = −g ¨ y = −gt + v0 sin θ ˙ −gt2 y= + v0 t sin θ (2.33) 2 A velocidade e o deslocamento total como fun¸˜es do tempo s˜o encontrados por: co a v= x2 + y 2 = (v0 + g 2 t2 − 2v0 gt sin θ)1/2 ˙ ˙ 2 (2.34) e 1/2 g 2 t4 r= x2 + y 2 = v0 t2 + 2 − v0 gt3 sin θ (2.35) 4 Podemos encontrar o alcance determinando o valor de x quando o proj´til atinge o solo, isto ´ , e e quando y = 0 −gt y=t + v0 sin θ =0 (2.36) 2 Um valor de y = 0 ocorre para t = 0 e o outro para t = T . −gT + v0 sin θ = 0 2 2v0 sin θ T = (2.37) g O alcance R ´ encontrado a partir de e 2 2v0 x(t = T ) = alcance = sin θ cos θ (2.38) g 2 v0 R = alcance = sin 2θ (2.39) g Observe que o alcance m´ximo ocorre para θ = 45◦ . a Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 16. 62 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA Vamos usar algum n´mero atual nestes c´lculos. Os alem˜es usaram uma arma de longo u a a alcance nomeada Grande Cabina na Primeira Guerra Mundial que bombardeou Paris. O m´ ıssel chegou a uma velocidade de 1, 450m/s. Encontre o alcance previsto, a altura m´xima do proj´til, a e e o tempo de vˆo do proj´til se θ = 55◦ . Temos v0 = 1, 450m/s e θ = 55o , assim (da Equa¸˜o 2.39) o e ca o alcance torna-se (1450m/s)2 R= [sin (110o )] = 202km 9.8m/s2 a Grande Cabina atual alcan¸a 120km . A diferen¸a ´ um resultado do efeito real da resistˆncia c c e e do ar. Para encontrar a altura m´xima atingida, precisamos calcular y para o tempo T /2 onde T ´ a e o tempo de vˆo do proj´til: o e (2)(1450m/s)(sin 55o ) T = = 242s 9.8m/s2 T −gT 2 v0 T ymax t = = + sin θ 2 8 2 −(9.8m/s)(242s)2 (1450m/s)(242s) sin (55o ) = + 8 2 = 72km −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− E X E M P L O 2.7 − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − A seguir, adicionamos os efeitos da resistˆncia do ar no movimento do proj´til do e e exemplo anterior. Calcule o decrescimento do alcance deste supondo que a for¸a cau- c sada pela resistˆncia do ar seja diretamente proporcional ` velocidade do proj´til. e a e Solu¸˜o: As condi¸˜es iniciais s˜o as mesmas do exemplo anterior. ca co a  x(t = 0) = 0 = y(t = 0)   x(t = 0) = v0 cos θ ≡ U ˙ (2.40)    y(t = 0) = v0 sin θ ≡ V ˙  Entretanto, as equa¸˜es do movimento, Equa¸˜o 2.31, torna-se co ca m¨ = −kmx x ˙ (2.41) m¨ = −kmy − mg y ˙ (2.42) A Equa¸˜o 2.41 ´ exatamente a mesma usada no Exemplo 2.4. A solu¸˜o ´, portanto ca e ca e U x= (1 − e−kt ) (2.43) k Similarmente, a Equa¸˜o 2.42 ´ a mesma em rela¸˜o ` equa¸˜o do movimento no Exemplo 2.5. ca e ca a ca Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 17. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 63 Podemos usar a solu¸˜o encontrada neste exemplo com a condi¸˜o de h = 0 (o fato que considera- ca ca mos a part´ıcula a ser projetada em declive no Exemplo 2.5 ´ de que n˜o h´ conseq¨ˆncia. O sinal e a a ue da velocidade inicial automaticamente leva isto ao c´lculo.) Portanto a gt kV + g y=− + (1 − e−kt ) (2.44) k k2 A trajet´ria ´ mostrada na Figura 2-8 por v´rios valores do retardamento da for¸a constante k que o e a c ´ dado pelo vˆo do proj´til. e o e O alcance R , o qual ´ o alcance incluindo a resistˆncia do ar, pode ser encontrado previa- e e mente pelo calculo do tempo T requerido pela trajet´ria inteira e ent˜o, substituindo este valor na o a Equa¸˜o 2.43 por x. Este tempo T ´ encontrado previamente pela descoberta que t = T quando ca e y = 0. Da Equa¸˜o 2.44, encontramos ca kV + g T = (1 − e−kt ) (2.45) gk Esta ´ uma equa¸˜o transcendental, e, portanto, n˜o podemos obter uma express˜o anal´ e ca a a ıtica para T . Apesar de tudo n´s ainda temos m´todos poderosos para usar para solucionar tais problemas. o e FIGURA 2-8 As trajet´rias calculadas, da part´ o ıcula na resistˆncia do ar (Fres = −kmv) para v´rios valores de k ( nas e a unidades s−1 ). Os c´lculos foram apresentados para valores de θ = 60◦ e v0 = 600m/s. Os valores de y (Equa¸˜o 2.44) a ca s˜o marcados versus x (Equa¸˜o 2.43). a ca Apresentamos dois deles aqui: (1) o m´todo de perturba¸˜o para encontrar uma solu¸˜o apro- e ca ca ximada, e (2) o m´todo num´rico, o qual, pode normalmente ser constatado como o desejado. e e Compararemos os resultados. M´todo de Perturba¸˜o. Para usar o m´todo de perturba¸˜o, encontramos um parˆmetro de e ca e ca a expans˜o ou uma fun¸˜o constante que ´ normalmente pequeno. No presente caso, este parˆmetro a ca e a ´ o retardamento da constante k, porque j´ t´ e a ınhamos solucionado o presente problema com k = 0, e agora poder´ıamos manter o retardamento da for¸a, mas deixar o k ser pequeno. Entretanto, se c expandirmos o termo exponencial da Equa¸˜o 2.45 (veja Equa¸˜o D.34 do Apˆndice D) na s´rie de ca ca e e for¸as com inten¸˜o de manter somente os termos mais baixos de k n , onde k ´ o nosso parˆmetro c ca e a de expans˜o. a kV + g 1 1 T = kT − k 2 T 2 + k 3 T 3 − ... (2.46) gk 2 6 Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 18. 64 --- 2 / MECANICA NEWTONIANA – PART´ ˆ ´ ICULA UNICA Se mantivermos somente termos na expans˜o atrav´s do k 3 , esta equa¸˜o pode ser reestruturada a e ca na forma 2V /g 1 T = + kT 2 (2.47) 1 + kV /g 3 Agora, temos o parˆmetro de expans˜o k no denominador do primeiro termo no lado direito da a a equa¸˜o. Precisamos expandir esse termo em uma s´rie de for¸as (S´ries de Taylor, ver Equa¸˜o ca e c e ca D.8 do Apˆndice D): e 1 = 1 − (kV /g) + (kV /g)2 − ... (2.48) 1 + kV /g Onde podemos manter somente temos atrav´s de k 2 , pois somente temos termos atrav´s de k na e e Equa¸˜o 2.47. Se inserirmos esta expans˜o da Equa¸˜o 2.48 no primeiro termo do lado direito da ca a ca Equa¸˜o 2.47 e mantermos somente os termos em k para primeira ordem, temos ca 2V T2 2V 2 T = + − 2 k + O(k 2 ) (2.49) g 3 g No qual escolhemos excluir o O(k 2 ), os termos da orem k 2 e mais altos. No limite k → 0 (sem resistˆncia do ar), a Equa¸˜o 2.49 nos mostra o mesmo resultado que no exemplo anterior: e ca 2V 2v0 sin θ T (k = 0) = T0 = = g g Entretanto, se k ´ pequeno (mas n˜o foi totalmente exclu´ e a ıdo) o tempo do vˆo ser´ aproximadamente o a igual a T0 . Ent˜o se usarmos este valor aproximado para T = T0 no lado direito da Equa¸˜o 2.49 a ca teremos 2V kV T ∼ = 1− (2.50) g 3g a qual ´ desejada uma express˜o aproximada para o tempo de vˆo. e a o A seguir escrevemos a equa¸˜o para x (Equa¸˜o 2.43) na forma expandida: ca ca U 1 1 x= kt − k 2 t2 + k 3 t3 − ... (2.51) k 2 6 J´ que x(t = T ) ≡ R , temos aproximadamente para o alcance a 1 R ∼ U T − kT 2 = (2.52) 2 onde, novamente, mantemos os termos somente atrav´s da primeira ordem do k. Agora podemos e avaliar esta express˜o pelo uso do valor de T da Equa¸˜o 2.50. Se mantermos somente os termos a ca lineares no k, encontramos 2U v 4kV R ∼ = 1− (2.53) g 3g A quantidade 2U V /g agora pode ser escrita (usando as Equa¸˜es 2.40) como co 2U v 2v 2 v2 = 0 sin θ cos θ = 0 sin 2θ = R (2.54) g g g As quais podem ser reconhecidas em rela¸˜o ao alcance R do proj´til quando a resistˆncia do ar ´ ca e e e desprezada. Ent˜o a 4kV R ∼R 1− = (2.55) 3g Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)
  • 19. 2.4. A EQUACAO DO MOVIMENTO PARA UMA PART´ ¸˜ ICULA --- 65 Al´m dessa s´rie de valores de k podemos esperar que nosso m´todo de perturba¸˜o esteja correto? e e e ca Se olharmos a expans˜o na Equa¸˜o 2.48, vemos que a expans˜o n˜o ir´ convergir a n˜o ser que a ca a a a a kV /g < 1 ou k < g/V , e na verdade gostar´ ıamos que k << g/V = g/(v0 sin θ). M´todo Num´rico. A Equa¸˜o 2.45 pode ser resolvida numericamente usando um computador e e ca por uma variedade de m´todos, estabelecemos a volta para solucionar a equa¸˜o para T por e ca muitos valores de k at´ 0, 08s−1 : Ti (ki ). Estes valores de T e k est˜o inseridos na Equa¸˜o 2.43 e a ca para encontrar o alcance R , o qual ´ mostrado na Figura 2-9. O alcance decai rapidamente com e o aumento da resistˆncia do ar, exatamente como esperamos, mas n˜o ´ mostrada a dependˆncia e a e e linear sugerida pela solu¸˜o do m´todo de perturba¸˜o da Equa¸˜o 2.55. ca e ca ca Para o movimento do proj´til descrito nas Figuras 2-8 e 2-9, a aproxima¸˜o linear n˜o est´ e ca a a constatada para os valores de k t˜o baixos quanto 0.01s−1 e incorretamente mostra que o alcance a ´ zero para todos valores de k maiores do que 0.014s−1 . Esta desconcordˆncia com o m´todo e a e de perturba¸˜o n˜o ´ uma surpresa, pois o resultado linear para o alcance R era dependente ca a e em k << g/(v0 sin θ) = 0.02s−1 , o qual ´ dificilmente verdade at´ para o k = 0.01s−1 . Essa e e concordˆncia pode ser adequada para k = 0.005s−1 . Os resultados mostrados na Figura 2-8 a indicam que para valores de k > 0.005s−1 , dificilmente a resistˆncia pode ser considerada numa e perturba¸˜o. De fato, para k > 0.01s−1 a resistˆncia torna-se valor dominante no movimento do ca e proj´til. e −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− FIGURA 2-9 O valor de alcance calculado aproximadamente e numericamente para um dado proj´til ´ mostrado na e e Figura 2-8 e plotado como uma fun¸˜o da for¸a constante de retardamento k. ca c O exemplo anterior indica como o mundo real pode ser complicado. Neste exemplo, ainda podemos fazer algumas suposi¸˜es n˜o f´ co a ısicas – assumindo por exemplo que a for¸a de retardamento c ´ sempre linearmente proporcional a velocidade. Ent˜o nossos c´lculos num´ricos n˜o s˜o precisos, e a a e a a pois como mostra a Figura 2-3 a melhor suposi¸˜o pode ser incluir um termo retardat´rio v 2 ca o conforme necess´rio. Da mesma forma adicionando termos podemos resolver dificuldades com o a c´lculo num´rico, e fazer um c´lculo similar no pr´ximo exemplo. Temos que incluir o arquivo a e a o do autor Matchcad para produzir as Figuras 2-8 e 2-9 no Apˆndice H para aqueles estudantes e poderem reproduzir os c´lculos. Enfatizamos que h´ muitas formas para a performance do c´lculo a a a num´rico com computadores, e o estudante ir´ provavelmente querer transformar n´meros com e a u praticidade. Projeto AIUTA – Mecˆnica Cl´ssica I a a (UNIFRA–2004)