Cadernos Gestão Pública e Cidadania (CGPC) – Vol. 23, n. 76 – set/dez 2018
IPC Marketing - Consumo Brasil 2016
1. Consumo nacional deve chegar a R$ 3,9 tri neste ano, mas expansão se
mantém fora do eixo das capitais, diz estudo
Através da análise dos dados entre 2015 e 2016, o estudo IPC Maps mostra
que o consumo nacional tem fôlego para chegar a R$ 3,9 trilhões,
apostando no crescimento dos gastos dos brasileiros no interior dos Estados,
com boa concentração em algumas de suas cidades. Mas, na maioria,
se nota ocorrer distribuição descentralizada entre as localidades, como
aponta o ranking dos 50 maiores municípios em potencial de consumo.
O fenômeno da interiorização do consumo já é uma realidade que percorre o Brasil, alcançando 70,3% de tudo que será consumido pelos brasileiros em 2016,
pouco acima de R$ 2,7 trilhões em gastos, já considerando o atual cenário de retração econômica nacional. Esta análise é resultado da compilação dos dados
de potencial de consumo dos municípios do Interior dos Estados, em comparação com o consumo nas Capitais, usando informações do IPC Maps entre 2015 e
2016, feito pela empresa especializada em informações de mercado, a IPC Marketing Editora.
O estudo mostra que esse fenômeno não é novo, e que vem se evidenciando especialmente desde o ano passado quando a movimentação do consumo fora
das Capitais bateu os 70%. Atualmente, resta às capitais estaduais 29,72%(correspondendo a R$ 1,16 trilhões) da potencialidade de consumo no País,
uma participação que há pouco tempo rendia mais da metade do consumo nacional.
Este processo de interiorização do consumo está afetando também os municípios das regiões metropolitanas das Capitais, pois em 2010 as Capitais e os
municípios de suas regiões metropolitanas eram responsáveis por 51,1% do consumo nacional, no ano passado perderam a liderança para os municípios do
Interior, pois responderam por 46,0% do consumo brasileiro e, em 2016, serão responsáveis por 45,0% de tudo que será consumido pelos brasileiros
Com a renda nas mãos do consumidor, os dados analisados pelo IPC Maps indicam não só que a movimentação de recursos evoluiu pelas cidades interioranas,
como também o estudo revela o crescimento de novas empresas, fortalecendo a tendência do empreendedorismo no País. De acordo com o responsável pelo
estudo, Marcos Pazzini, “este cenário pode contribuir para se traçar um novo horizonte de oportunidades competitivas para a economia, impulsionando o
consumo de produtos e serviços”.
2. Primeiros reflexos ‐ Nesse contexto, segundo o IPC Maps já se verifica um reflexo desse comportamento. Em 2016, por exemplo, o número de empresas ativas
chega a 19.069.508 unidades, perante as 18.668.072 empresas instaladas em 2015. Apesar de ser um dos menores aumentos na série histórica do IPC Maps
(que vai de 2005 até agora), a evolução foi de 2,2%, maior apenas que o período 2008‐2009 quando ocorreu uma forte crise mundial. De 2014 para 2015, por
exemplo, o crescimento foi de 10,6%.
É de se notar que 69% das empresas instaladas se caracterizam entre microempresas (MEs) e microempreendedores individuais (MEIs), atingindo 13.084.950
unidades.
Se puxarmos uma dimensão no desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros em 2016 verifica‐se que juntos serão responsáveis por
39,9% = R$ 1,55 trilhão (ante os 40% do ano passado), para um potencial de consumo nacional estimado em R$ 3,9 trilhões. Aqui já considerados uma
expectativa de crescimento negativo de 3,3% e um índice de inflação IPCA de 7,43%. Por isso, o valor absoluto é maior que o valor de 2015, mas em termos
reais, o crescimento é negativo.
A população registra 206 milhões de pessoas, mais da metade residentes no interior das cidades: 85% localizadas em domicílios urbanos. A renda per capita
urbana é de R$ 19.152,89, enquanto a área rural tem uma projeção de R$ 8.301,68.
O estudo IPC Maps se baseia em dados secundários, atualizados e pesquisados através de fontes oficiais de informação como as do IBGE, utilizando metodologia
própria, em uso há mais de 20 anos.
Base consumidora ‐ O IPC MAPS 2016 indica que o cenário de consumo urbano do País será puxado pela classe B e que responde por 42,9% (cerca de R$ 1,554
trilhão (ainda que no ano passado tenha sido ligeiramente maior ante os exatos 43,2% ou R$ 1,498 trilhão equivalentes), com 23,1% dos domicílios urbanos.
Em contrapartida, a classe média (classe C) que mantém os 47,9% dos domicílios brasileiros, movimenta 33,6% do consumo (ou R$ 1,716 trilhão) ante os 33,7%
do ano passado. A classe D/E permanece abrigando 26,6% dos domicílios, perfazendo os mesmos 10,2% do consumo de 2015, ou R$ 167 bilhões atualizados.
No topo da pirâmide, a classe alta (A) elevou sua participação: dos 13,4% do consumo, correspondendo a R$ 484,5 bilhões, conquistado por 2,4% dos domicílios
– em 2015, eram 2,3% de lares.
Em termos globais, a área rural nacional deve responder por um consumo da ordem de R$ 365,5 bilhões.
Cenário Regional – Os reflexos participativos regionais praticamente não se alteraram. A liderança no consumo é marcada pelo Sudeste registrando uma
participação idêntica a do ano passado, com 49%. O mesmo ocorrendo com o Nordeste: 19%, e o Centro‐Oeste 8,4%. O Sul recuou para 17,6% (no ano passado
marcou 17,7%), e o Norte do País subiu para 6% ante os 5,9 registrados em 2015.