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A LEGITIMIDADE DA ORAÇÃO AOS SANTOS NA BÍBLIA

                                                                   Walter José de Oliveira




É comum vermos muitos irmãos evangélicos criticando a prática católica de devoção
à Maria, aos santos e mártires da Igreja e defendendo ardentemente que tal prática
é antibíblica e que pedir a intercessão dos santos em nossas orações contraria ao
pedido de Cristo existente em Mateus: 6, 9 onde Cristo nos fala que “Portanto, vós
orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome...” Além
desses fervorosos ataques, é notável que às vezes também, muitos de nós católicos
caímos na fé e chegamos a duvidar da legitimidade de alguns pontos da fé que
professamos na Sagrada Celebração Eucarística.


Para entender um pouco melhor o sentido da oração aos santos refletiremos a
respeito do que nos ensina a Igreja Católica em seu Catecismo, além do que a
palavra de Deus nos fala, através da bíblia. Mas primeiramente antes de se dizer
algo em relação a oração aos santos, é importante que saibamos a diferença de
culto de veneração e adoração, onde muitos evangélicos acusam a nós católicos de
adorarmos às imagens, fato este que não é verdadeiro visto que o culto que
prestamos à Maria e aos Santos é de, somente, veneração. Tal distinção se faz
necessária visto que, infelizmente, muitos católicos não conhecem essa diferença e
de fato adoram (indevidamente) aos santos.


A Igreja prega que é digno de culto de adoração somente Deus Pai, Filho e Espírito
Santo. Tal culto significa o ato de reconhecimento d’Ele como Senhor supremo de
todas as coisas. Maria e os Santos são dignos de veneração, ou seja, um ato de
honra, reverência, amor e gratidão. No Catecismo da Igreja Católica (CIC), em seu
parágrafo 2628 a Igreja nos ensina que:

                         § 2628 - A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece
                         criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos
                         fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É
                         prosternação do Espírito diante do "Rei da glória" e o silêncio
respeitoso diante do Deus "sempre maior". A adoração do Deus três
                          vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá
                          garantia a nossas súplicas.


Outro ponto que às vezes é erroneamente atacado é de que nós católicos rezamos
aos santos ou a Maria pedindo diretamente a eles que venham em nosso socorro,
quando na realidade a Igreja orienta aos fiéis que pode-se e deve-se orar aos
santos, e assim os santos levem nossas oração a Cristo, “único mediador entre
Deus e os homens”, conforme 1 Timóteo: 2, 5. Se algum católico o faz diferente, é
preciso atentar que pratica oração fora do que manda a Igreja.


Nos parágrafos 956 e 957 do CIC, podemos ver claramente o que a Igreja determina
sobre a intercessão dos santos e a comunhão da Igreja viva com os santos:

                          § 956 - A intercessão dos santos - "Pelo fato de os habitantes do Céu
                          estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais
                          firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por
                          nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo
                          único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por
                          conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o
                          mais valioso auxílio".

                          § 957 - A comunhão com os santos - "Veneramos a memória dos
                          habitantes do céu não somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda
                          mais para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo
                          exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão entre
                          os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o
                          consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte
                          e cabeça, promana toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus".
                                              (Parágrafo relacionado 1173)
                          Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os
                          amamos quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por
                          causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre. Possamos
                          também nós ser companheiros e condiscípulos seus.


Ainda assim, vemos muitos de nossos irmãos evangélicos dizerem que “pra que
rezar para os santos se podemos rezar diretamente para Deus?” Realmente
podemos direcionar nossas orações diretamente a Cristo e logicamente não há erro
nenhum nisso, mas também não há motivo nenhum de condenação se fizermos
nossa oração aos santos como seres que intercedem por nós junto a Cristo. Não
será o santo ou Maria que irá realizar as obras em nosso favor e sim Deus por meio
da intercessão deles.
Veja que Pedro, em Atos dos Apóstolos: 3, 6, intercede por um paralítico: “Pedro,
porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome
de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” Vemos nessa passagem a
intercessão de Pedro curando um paralítico. Lógico que não foi Pedro quem curou e
sim Deus, mas foi Deus por meio da intercessão de Pedro.


Em relação a oração a Virgem Maria, cremos fielmente que Maria é uma poderosa
intercessora nossa e que ela levará nossas orações a seu filho Jesus, assim como
ela fez nas bodas de Caná, conforme está escrito em João: 2, 3-5:

                          Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho!”
                          Jesus lhe respondeu: “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora
                          ainda não chegou”. Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei
                          tudo o que ele vos disser!”


Aqui podemos ver o poder de intercessão de Maria junto a Cristo, onde mesmo não
sendo o momento de Cristo realizar seus sinais, em obediência ao pedido de sua
mãe ele realizou o primeiro de seus sinais. E a Igreja nos ensina em seu Catecismo,
parágrafo 2618 que:


                          § 2618 - O Evangelho nos revela como Maria ora e intercede na fé:
                          em Caná, a mãe de Jesus pede a seu filho pelas necessidades de um
                          banquete de núpcias, sinal de outro Banquete, o das núpcias do
                          Cordeiro, que dá seu Corpo e Sangue a pedido da Igreja, sua
                          Esposa. E é na hora da nova Aliança, ao pé da Cruz, que Maria é
                          ouvida como a Mulher, a nova Eva, a verdadeira "mãe dos vivos".


Em relação à oração de intercessão, a Igreja nos diz que

                          § 2635 - Interceder, pedir em favor de outro, desde Abraão, é próprio
                          de um coração que está em consonância com a misericórdia de
                          Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa da de Cristo;
                          é a expressão da comunhão dos santos. Na intercessão, aquele que
                          ora "não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos
                          dos outros" (Fl 2,4) e reza por aqueles que lhe fazem mal. (CIC -
                          §2635)

                          § 2636 - As primeiras comunidades cristãs viveram intensamente
                          forma de partilha. O Apóstolo Paulo as faz participar assim de seu
                          ministério do Evangelho, mas intercede também por elas. A
                          intercessão dos cristãos não conhece fronteiras: "Por todos os
                          homens, pelos que detêm a autoridade" (1 Tm 2,1), pelos que
                          perseguem pela salvação daqueles que recusam o Evangelho. (CIC -
                          § 2636)


E a palavra de Deus, em Zacarias: 1, 12-13 nos mostra que um anjo intercedeu:
O anjo do Senhor disse: Senhor dos exércitos! Até quando ficareis
                          insensível à sorte de Jerusalém e das cidades de Judá? Já faz
                          setenta anos que estais irritado contra elas! O Senhor respondeu ao
                          anjo que me falava, e disse-lhe boas palavras, cheias de consolação.

Dessa forma, cremos fielmente que os santos podem levar nossas intenções a
Cristo para que através de seu poder possa agir em nossas vidas. E em
Apocalipse: 8, 3-4 podemos ver a elevação de orações por parte dos santos a
Deus:

                          E veio outro anjo junto ao altar com um incensário de ouro. Foi dado
                          ao anjo muito incenso, para colocar junto das orações de todos os
                          santos, junto ao altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça
                          do incenso com todas as orações dos santos subiu das mãos do anjo
                          até Deus.

Ainda assim, muitos evangélicos contestam, dizendo que não se deve fazer orações
aos mortos, que somente os vivos podem fazer oração e ainda acusam a Igreja
Católica de praticar espiritismo ao orar para os santos (mortos), mas para tanto
acompanhemos esta passagem de Apocalipse: 6, 9-11, onde lê-se:

                          Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens
                          imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho
                          de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até
                          quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer
                          justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?
                          Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que
                          aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos
                          companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser
                          mortos.

Pois bem, “vi as almas dos homens que foram imolados (mortos) por causa da
palavra de Deus... e clamavam em alta voz” ao Senhor, o Verdadeiro. Nota-se
claramente que os mortos também elevam orações a Deus.


E em II Macabeus 15, 14 podemos ler que “Então, tomando a palavra, disse-lhe
Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade
santa, Jeremias, o profeta de Deus”. Não se deve esquecer que Jeremias estava
morto. Nesse mesmo estilo de literatura ainda lemos em II Reis: 13, 21 que ao tocar
os ossos de Eliseu (morto), outro morto ressuscitou, como se segue: “E sucedeu
que, enterrando eles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na
sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu,
e se levantou sobre os seus pés.”
Ainda podemos verificar com cuidado esse trecho de Mateus 22, 29-32, onde lemos:

                          Respondeu-lhes Jesus: “Errais, não compreendendo as escrituras
                          nem o poder de Deus. Na ressurreição, os homens não terão
                          mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de
                          Deus nos céus. Quanto à ressureição dos mortos, não leste o que
                          Deus vos disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus
                          de Jacó (Ex.3,6)?’ ” Ora ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos
                          vivos.


O próprio Cristo já alerta para que tomemos cuidado com a forma que interpretamos
a bíblia. E nesse trecho ele deixa claro que no dia da ressurreição dos homens (nós,
após mortos) seremos todos como os anjos, ou seja, os santos (mortos) são como
anjos para Deus. E como pode-se ver escrito no livro de Zacarias é explícito que
Deus ouve aos anjos (que é como nós um dia seremos):


                          Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos Exércitos,
                          até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de
                          Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos? E
                          respondeu o Senhor ao anjo, que falava comigo, com palavras boas,
                          palavras consoladoras. (Zacarias: 1, 12-13)


Em relação ao texto de Mateus 22 é importante verificar que o próprio Deus diz que
Ele é “o Deus de Abraão, Isaac e Jacó” e que Ele é “o Deus dos vivos”, mas ora,
Deus disse isso a Moisés, quando Abraão, Isaac e Jacó eram mortos. E ainda assim
ele diz que é o Deus de Abraão, o Deus dos vivos. Isso mostra que para Deus não
importa o estado carnal das pessoas, se estão vivas ou mortas.


O próprio Cristo também narra em Lucas: 16, 19-31 uma passagem em que um
morto, no inferno, implora a Abraão que se lhe mandasse algo para refrescar-lhe a
língua.


Ainda pode-se encontrar outros trechos em que a bíblia pede para que lembremo-
nos dos mortos como por exemplo em Hebreus: 13, 7 que nos diz: “Lembrai-vos de
nossos guias que vos pregaram a palavra de Deus. Considerai como souberam
encerrar a carreira. E imitai-lhes a fé.” Nessa passagem vemos como a própria
palavra de Deus nos pede para que veneremos a honra daqueles que aqui na terra
estiveram e provaram sua fé com atos de santidade.
Podemos ainda ver passagens que nos lembram para recorrermos aos santos para
resolver seus problemas, como vemos em I Coríntios: 6, 1-4

                          Quando algum de vós tem litígio contra outro, como é que se atreve a
                          pedir justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos irmãos
                          santos? Não sabeis que os santos julgarão o mundo? (Depois de
                          Mortos) E, se o mundo há de ser julgado por vós, seriéis indignos de
                          julgar os processos de mínima importância? Não sabeis que
                          julgaremos os anjos? (Os Irmãos Santos – Depois de Mortos) Quanto
                          mais as pequenas questões desta vida! (Os Irmãos Santos – Antes
                          de Morrer)


Verifica-se também que em Mateus: 17, 2-3, onde lemos: “E transfigurou-se diante
deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas
como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”, Jesus
conversava com dois profetas que já haviam morrido (Moisés e Elias), portanto não
é válida todas as acusações de que os mortos não podem elevar orações a Jesus e
a Deus.


Em Atos dos Apóstolos: 7, 55-59 também vemos a existência do reconhecimento
dos mártires da fé: “Quando foi martirizado em nome da Fé em Cristo, viu a Glória
do Cristo e pediu ao Senhor que recebesse o seu espírito.”


Quando lemos a bíblia, há que se ter uma certa crítica e não pode-se interpretar do
jeito que quiser e ainda não se pode levar ao pé da letra da forma que está escrito
por que na bíblia por exemplo está escrito em Mateus: 8, 21-22: “Outro, que era
discípulo, disse a Jesus: “Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” Mas
Jesus lhe respondeu: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios
mortos.”


Então como se vê, se formos interpretar tão literalmente como está escrito na bíblia,
um vivo não poderia enterrar um morto, mas a essência da passagem é que acima
de qualquer coisa cá na terra é mais importante fazer a vontade de Deus. Que todas
as nossas ações sejam em prol do crescimento do reino de Deus.


Além do mais a, já citada, passagem de Mateus: 6, 9-13 diz que:
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
                          santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua
                          vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos
                          dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos
                          aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos
                          do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre.
                          Amém.

Essa oração, é a forma em que Cristo nos ensina como, verdadeiramente, devemos
orar, e se formos levar tão ao pé da letra, só poderemos rezar dessa forma e jamais
em nossas orações (nem católicos nem protestantes) poderíamos fazer um pedido
fora disso, como por exemplo rezar pela nossa família, rezar pelos amigos, pela
felicidade de alguém... Todas as orações espontâneas se tornariam inválidas.


Mas é cada um seguir com sua fé, desde que a use para o bem e nós católicos não
precisamos ficar com medo de rezar para algum santo ou para Nossa Senhora
também não.


Em relação aos ataques de que adoramos a “deuses de barros”, eles fundamentam
a não legitimidade da criação de imagens com base no texto de Exôdo: 20,4 onde
lê-se que "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que
há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra".
Primeiramente não adoramos e sim veneramos; em segundo não são “deuses” que
criamos e sim pessoas que reconhecemos como tendo vivido uma vida santa e
apenas lembramos dessa trajetória deles com respeito. Em relação ao criar
esculturas deles, as fazemos apenas como forma de recordação, assim como
tiramos fotos de pessoas queridas por nós, também criamos essas esculturas para
lembrarmos de suas imagens para venerarmos não a imagem, mas sim a pessoa
que nela está representada.


É importante que entenda-se que o pedido é que não se crie uma imagem que
represente simbolicamente a Deus, uma vez que nessa época Deus ainda era um
“Deus sem corpo”, ainda não havia se manifestado para os habitantes da terra,
portanto não havia como criar uma imagem dele. Mas o mesmo Deus, ainda no livro
de Êxodo pede para que sejam criadas imagens de dois querubins, e se como já
vimos antes, os santos são como os anjos (querubins), não há proibição em se criar
imagens dos santos.
"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas
                           duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na
                           extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra
                           parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas
                           duas extremidades dele." (Ex 25,18-19)



Deus também permitiu que Moisés criasse um “ícone”, uma serpente de bronze para
que os picados pelas serpentes se curassem, conforme se lê no livro de Números:
2, 8-9

                           Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na
                           sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá. Fez
                           Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo
                           alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze,
                           salvará.

Ainda vejamos o que diz a Igreja Católica através do CIC, em alguns parágrafos
relacionados às imagens:

                           §1159 – As santas imagens - A imagem sacra, o ícone litúrgico,
                           representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus
                           invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que
                           inaugurou uma nova "economia" das imagens:
                           Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem aparência, não
                           podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora que
                           se mostrou na carne e viveu com os homens posso fazer uma
                           imagem daquilo que vi de Deus. (...) Com o rosto descoberto,
                           contemplamos a glória do Senhor.

                           §1192 - As santas imagens, presentes em nossas igrejas e em
                           nossas casas, destinam-se a despertar e a alimentar nossa fé no
                           mistério de Cristo. Por meio do ícone de Cristo e de suas obras
                           salvíficas, é a ele que adoramos.
                           Mediante as santas imagens da santa mãe de Deus, dos anjos e dos
                           santos, veneramos as pessoas nelas representadas.


Dessa forma, assim como já comentado que na bíblia encontra-se o pedido de que
lembremos de nossos guias que souberam encerrar a carreira na fé e que Deus
permitiu a criação de um ícone para lembrarmos do poder de Deus, então, ao
conhecermos a imagem desses nossos guias (que viveram em santidade), fazemos
a escultura dos mesmos para podermos lembrar de seus exemplos e assim venerá-
los.


Acreditando-se fielmente que a palavra de Deus não é contraditória em si mesmo e
que o que nela está escrito deve-se ser seguido é preciso ter a consciência de se
analisá-la num total e não sair fazendo interpretações de trechos bíblicos visto que
há todo um contexto de época em que os textos foram escritos, além de outros
trechos nela contidos.


E de tudo isso restarão três ensinamentos: 1) A oração aos santos e a Maria é
legítima e não há motivo algum de condenação nessa prática; 2) Católico não adora
imagens; e 3) Sobre todas essas coisas reinará o pedido do Senhor em Mateus: 5,
48 e Levítico: 19, 2 em que nos exorta para que sejamos santos, porque Ele, o
Senhor nosso Deus é Santo.

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Artigo a oração aos santos

  • 1. A LEGITIMIDADE DA ORAÇÃO AOS SANTOS NA BÍBLIA Walter José de Oliveira É comum vermos muitos irmãos evangélicos criticando a prática católica de devoção à Maria, aos santos e mártires da Igreja e defendendo ardentemente que tal prática é antibíblica e que pedir a intercessão dos santos em nossas orações contraria ao pedido de Cristo existente em Mateus: 6, 9 onde Cristo nos fala que “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome...” Além desses fervorosos ataques, é notável que às vezes também, muitos de nós católicos caímos na fé e chegamos a duvidar da legitimidade de alguns pontos da fé que professamos na Sagrada Celebração Eucarística. Para entender um pouco melhor o sentido da oração aos santos refletiremos a respeito do que nos ensina a Igreja Católica em seu Catecismo, além do que a palavra de Deus nos fala, através da bíblia. Mas primeiramente antes de se dizer algo em relação a oração aos santos, é importante que saibamos a diferença de culto de veneração e adoração, onde muitos evangélicos acusam a nós católicos de adorarmos às imagens, fato este que não é verdadeiro visto que o culto que prestamos à Maria e aos Santos é de, somente, veneração. Tal distinção se faz necessária visto que, infelizmente, muitos católicos não conhecem essa diferença e de fato adoram (indevidamente) aos santos. A Igreja prega que é digno de culto de adoração somente Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Tal culto significa o ato de reconhecimento d’Ele como Senhor supremo de todas as coisas. Maria e os Santos são dignos de veneração, ou seja, um ato de honra, reverência, amor e gratidão. No Catecismo da Igreja Católica (CIC), em seu parágrafo 2628 a Igreja nos ensina que: § 2628 - A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação do Espírito diante do "Rei da glória" e o silêncio
  • 2. respeitoso diante do Deus "sempre maior". A adoração do Deus três vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas súplicas. Outro ponto que às vezes é erroneamente atacado é de que nós católicos rezamos aos santos ou a Maria pedindo diretamente a eles que venham em nosso socorro, quando na realidade a Igreja orienta aos fiéis que pode-se e deve-se orar aos santos, e assim os santos levem nossas oração a Cristo, “único mediador entre Deus e os homens”, conforme 1 Timóteo: 2, 5. Se algum católico o faz diferente, é preciso atentar que pratica oração fora do que manda a Igreja. Nos parágrafos 956 e 957 do CIC, podemos ver claramente o que a Igreja determina sobre a intercessão dos santos e a comunhão da Igreja viva com os santos: § 956 - A intercessão dos santos - "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio". § 957 - A comunhão com os santos - "Veneramos a memória dos habitantes do céu não somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda mais para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte e cabeça, promana toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus". (Parágrafo relacionado 1173) Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre. Possamos também nós ser companheiros e condiscípulos seus. Ainda assim, vemos muitos de nossos irmãos evangélicos dizerem que “pra que rezar para os santos se podemos rezar diretamente para Deus?” Realmente podemos direcionar nossas orações diretamente a Cristo e logicamente não há erro nenhum nisso, mas também não há motivo nenhum de condenação se fizermos nossa oração aos santos como seres que intercedem por nós junto a Cristo. Não será o santo ou Maria que irá realizar as obras em nosso favor e sim Deus por meio da intercessão deles.
  • 3. Veja que Pedro, em Atos dos Apóstolos: 3, 6, intercede por um paralítico: “Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” Vemos nessa passagem a intercessão de Pedro curando um paralítico. Lógico que não foi Pedro quem curou e sim Deus, mas foi Deus por meio da intercessão de Pedro. Em relação a oração a Virgem Maria, cremos fielmente que Maria é uma poderosa intercessora nossa e que ela levará nossas orações a seu filho Jesus, assim como ela fez nas bodas de Caná, conforme está escrito em João: 2, 3-5: Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho!” Jesus lhe respondeu: “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele vos disser!” Aqui podemos ver o poder de intercessão de Maria junto a Cristo, onde mesmo não sendo o momento de Cristo realizar seus sinais, em obediência ao pedido de sua mãe ele realizou o primeiro de seus sinais. E a Igreja nos ensina em seu Catecismo, parágrafo 2618 que: § 2618 - O Evangelho nos revela como Maria ora e intercede na fé: em Caná, a mãe de Jesus pede a seu filho pelas necessidades de um banquete de núpcias, sinal de outro Banquete, o das núpcias do Cordeiro, que dá seu Corpo e Sangue a pedido da Igreja, sua Esposa. E é na hora da nova Aliança, ao pé da Cruz, que Maria é ouvida como a Mulher, a nova Eva, a verdadeira "mãe dos vivos". Em relação à oração de intercessão, a Igreja nos diz que § 2635 - Interceder, pedir em favor de outro, desde Abraão, é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa da de Cristo; é a expressão da comunhão dos santos. Na intercessão, aquele que ora "não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos dos outros" (Fl 2,4) e reza por aqueles que lhe fazem mal. (CIC - §2635) § 2636 - As primeiras comunidades cristãs viveram intensamente forma de partilha. O Apóstolo Paulo as faz participar assim de seu ministério do Evangelho, mas intercede também por elas. A intercessão dos cristãos não conhece fronteiras: "Por todos os homens, pelos que detêm a autoridade" (1 Tm 2,1), pelos que perseguem pela salvação daqueles que recusam o Evangelho. (CIC - § 2636) E a palavra de Deus, em Zacarias: 1, 12-13 nos mostra que um anjo intercedeu:
  • 4. O anjo do Senhor disse: Senhor dos exércitos! Até quando ficareis insensível à sorte de Jerusalém e das cidades de Judá? Já faz setenta anos que estais irritado contra elas! O Senhor respondeu ao anjo que me falava, e disse-lhe boas palavras, cheias de consolação. Dessa forma, cremos fielmente que os santos podem levar nossas intenções a Cristo para que através de seu poder possa agir em nossas vidas. E em Apocalipse: 8, 3-4 podemos ver a elevação de orações por parte dos santos a Deus: E veio outro anjo junto ao altar com um incensário de ouro. Foi dado ao anjo muito incenso, para colocar junto das orações de todos os santos, junto ao altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça do incenso com todas as orações dos santos subiu das mãos do anjo até Deus. Ainda assim, muitos evangélicos contestam, dizendo que não se deve fazer orações aos mortos, que somente os vivos podem fazer oração e ainda acusam a Igreja Católica de praticar espiritismo ao orar para os santos (mortos), mas para tanto acompanhemos esta passagem de Apocalipse: 6, 9-11, onde lê-se: Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos. Pois bem, “vi as almas dos homens que foram imolados (mortos) por causa da palavra de Deus... e clamavam em alta voz” ao Senhor, o Verdadeiro. Nota-se claramente que os mortos também elevam orações a Deus. E em II Macabeus 15, 14 podemos ler que “Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus”. Não se deve esquecer que Jeremias estava morto. Nesse mesmo estilo de literatura ainda lemos em II Reis: 13, 21 que ao tocar os ossos de Eliseu (morto), outro morto ressuscitou, como se segue: “E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.”
  • 5. Ainda podemos verificar com cuidado esse trecho de Mateus 22, 29-32, onde lemos: Respondeu-lhes Jesus: “Errais, não compreendendo as escrituras nem o poder de Deus. Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus nos céus. Quanto à ressureição dos mortos, não leste o que Deus vos disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex.3,6)?’ ” Ora ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos. O próprio Cristo já alerta para que tomemos cuidado com a forma que interpretamos a bíblia. E nesse trecho ele deixa claro que no dia da ressurreição dos homens (nós, após mortos) seremos todos como os anjos, ou seja, os santos (mortos) são como anjos para Deus. E como pode-se ver escrito no livro de Zacarias é explícito que Deus ouve aos anjos (que é como nós um dia seremos): Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos? E respondeu o Senhor ao anjo, que falava comigo, com palavras boas, palavras consoladoras. (Zacarias: 1, 12-13) Em relação ao texto de Mateus 22 é importante verificar que o próprio Deus diz que Ele é “o Deus de Abraão, Isaac e Jacó” e que Ele é “o Deus dos vivos”, mas ora, Deus disse isso a Moisés, quando Abraão, Isaac e Jacó eram mortos. E ainda assim ele diz que é o Deus de Abraão, o Deus dos vivos. Isso mostra que para Deus não importa o estado carnal das pessoas, se estão vivas ou mortas. O próprio Cristo também narra em Lucas: 16, 19-31 uma passagem em que um morto, no inferno, implora a Abraão que se lhe mandasse algo para refrescar-lhe a língua. Ainda pode-se encontrar outros trechos em que a bíblia pede para que lembremo- nos dos mortos como por exemplo em Hebreus: 13, 7 que nos diz: “Lembrai-vos de nossos guias que vos pregaram a palavra de Deus. Considerai como souberam encerrar a carreira. E imitai-lhes a fé.” Nessa passagem vemos como a própria palavra de Deus nos pede para que veneremos a honra daqueles que aqui na terra estiveram e provaram sua fé com atos de santidade.
  • 6. Podemos ainda ver passagens que nos lembram para recorrermos aos santos para resolver seus problemas, como vemos em I Coríntios: 6, 1-4 Quando algum de vós tem litígio contra outro, como é que se atreve a pedir justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos irmãos santos? Não sabeis que os santos julgarão o mundo? (Depois de Mortos) E, se o mundo há de ser julgado por vós, seriéis indignos de julgar os processos de mínima importância? Não sabeis que julgaremos os anjos? (Os Irmãos Santos – Depois de Mortos) Quanto mais as pequenas questões desta vida! (Os Irmãos Santos – Antes de Morrer) Verifica-se também que em Mateus: 17, 2-3, onde lemos: “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”, Jesus conversava com dois profetas que já haviam morrido (Moisés e Elias), portanto não é válida todas as acusações de que os mortos não podem elevar orações a Jesus e a Deus. Em Atos dos Apóstolos: 7, 55-59 também vemos a existência do reconhecimento dos mártires da fé: “Quando foi martirizado em nome da Fé em Cristo, viu a Glória do Cristo e pediu ao Senhor que recebesse o seu espírito.” Quando lemos a bíblia, há que se ter uma certa crítica e não pode-se interpretar do jeito que quiser e ainda não se pode levar ao pé da letra da forma que está escrito por que na bíblia por exemplo está escrito em Mateus: 8, 21-22: “Outro, que era discípulo, disse a Jesus: “Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” Mas Jesus lhe respondeu: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos.” Então como se vê, se formos interpretar tão literalmente como está escrito na bíblia, um vivo não poderia enterrar um morto, mas a essência da passagem é que acima de qualquer coisa cá na terra é mais importante fazer a vontade de Deus. Que todas as nossas ações sejam em prol do crescimento do reino de Deus. Além do mais a, já citada, passagem de Mateus: 6, 9-13 diz que:
  • 7. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Essa oração, é a forma em que Cristo nos ensina como, verdadeiramente, devemos orar, e se formos levar tão ao pé da letra, só poderemos rezar dessa forma e jamais em nossas orações (nem católicos nem protestantes) poderíamos fazer um pedido fora disso, como por exemplo rezar pela nossa família, rezar pelos amigos, pela felicidade de alguém... Todas as orações espontâneas se tornariam inválidas. Mas é cada um seguir com sua fé, desde que a use para o bem e nós católicos não precisamos ficar com medo de rezar para algum santo ou para Nossa Senhora também não. Em relação aos ataques de que adoramos a “deuses de barros”, eles fundamentam a não legitimidade da criação de imagens com base no texto de Exôdo: 20,4 onde lê-se que "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra". Primeiramente não adoramos e sim veneramos; em segundo não são “deuses” que criamos e sim pessoas que reconhecemos como tendo vivido uma vida santa e apenas lembramos dessa trajetória deles com respeito. Em relação ao criar esculturas deles, as fazemos apenas como forma de recordação, assim como tiramos fotos de pessoas queridas por nós, também criamos essas esculturas para lembrarmos de suas imagens para venerarmos não a imagem, mas sim a pessoa que nela está representada. É importante que entenda-se que o pedido é que não se crie uma imagem que represente simbolicamente a Deus, uma vez que nessa época Deus ainda era um “Deus sem corpo”, ainda não havia se manifestado para os habitantes da terra, portanto não havia como criar uma imagem dele. Mas o mesmo Deus, ainda no livro de Êxodo pede para que sejam criadas imagens de dois querubins, e se como já vimos antes, os santos são como os anjos (querubins), não há proibição em se criar imagens dos santos.
  • 8. "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19) Deus também permitiu que Moisés criasse um “ícone”, uma serpente de bronze para que os picados pelas serpentes se curassem, conforme se lê no livro de Números: 2, 8-9 Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, salvará. Ainda vejamos o que diz a Igreja Católica através do CIC, em alguns parágrafos relacionados às imagens: §1159 – As santas imagens - A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova "economia" das imagens: Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem aparência, não podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora que se mostrou na carne e viveu com os homens posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus. (...) Com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor. §1192 - As santas imagens, presentes em nossas igrejas e em nossas casas, destinam-se a despertar e a alimentar nossa fé no mistério de Cristo. Por meio do ícone de Cristo e de suas obras salvíficas, é a ele que adoramos. Mediante as santas imagens da santa mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas nelas representadas. Dessa forma, assim como já comentado que na bíblia encontra-se o pedido de que lembremos de nossos guias que souberam encerrar a carreira na fé e que Deus permitiu a criação de um ícone para lembrarmos do poder de Deus, então, ao conhecermos a imagem desses nossos guias (que viveram em santidade), fazemos a escultura dos mesmos para podermos lembrar de seus exemplos e assim venerá- los. Acreditando-se fielmente que a palavra de Deus não é contraditória em si mesmo e que o que nela está escrito deve-se ser seguido é preciso ter a consciência de se
  • 9. analisá-la num total e não sair fazendo interpretações de trechos bíblicos visto que há todo um contexto de época em que os textos foram escritos, além de outros trechos nela contidos. E de tudo isso restarão três ensinamentos: 1) A oração aos santos e a Maria é legítima e não há motivo algum de condenação nessa prática; 2) Católico não adora imagens; e 3) Sobre todas essas coisas reinará o pedido do Senhor em Mateus: 5, 48 e Levítico: 19, 2 em que nos exorta para que sejamos santos, porque Ele, o Senhor nosso Deus é Santo.