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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM
VIRNA SALGADO BARRA
RESUMO EXPANDIDO SOBRE EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AMORIS LÆTITIA DO SANTO
PADRE FRANCISCO
Belém
2017
VIRNA SALGADO BARRA
RESUMO EXPANDIDO SOBRE EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AMORIS LÆTITIA DO SANTO
PADRE FRANCISCO
Trabalho apresentado à Faculdade
Católica de Belém (FCB-PA), como
parte das exigências para a disciplina de
Moral Fundamental, ministrada pelo
Prof. Pe. Glaucon Oliveira Feitosa
Belém, 10 de outubro de 2017.
INTRODUÇÃO
No último 19 de março, completou-se um ano da publicação da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco. Os seus 325 pontos são uma profunda
homenagem ao amor humano, em perfeita sintonia com o Amor de Deus. Todo o texto
magisterial é uma joia que revitaliza o amor sincero e verdadeiro que serve para refletir
sobre a virtude mais importante: a caridade.
Amoris Laetitia (“A Alegria do Amor”), a Exortação Apostólica Pós-Sinodal
“Sobre o Amor na Família”, com data não casual de 19 de março - Solenidade de São
José - recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a Família convocados pelo Papa
Francisco em 2014 e 2015, cujas relações conclusivas são longamente citadas, junto aos
documentos e ensinamentos de seus predecessores e às numerosas catequeses sobre a
Família do mesmo Papa Francisco. Como já aconteceu em outros documentos, o Papa
faz uso também de contribuições de diversas Conferências Episcopais do mundo
(Argentina, Austrália, Quênia e outros.) e de citações de personalidades significativas
como Martin Luther King ou Eric Fromm. De acordo com Bezerra (2013), é particular
uma citação do filme “A Festa de Babette”1, que o Papa lembra para explicar o conceito
de gratuidade.
Conforme o Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF)2 infere, a
Exortação Apostólica “A Alegria do Amor’ resume de forma sublime o pontificado do
Papa Francisco, na sua relação com as pessoas, as famílias e a sociedade. Trata-se de
um documento profundamente maternal. Percorre, desveladamente todas as
circunstâncias da vida das famílias e, para todas elas e em todas elas, há uma palavra de
acolhimento, de compreensão, de esperança, realça este importante organismo da Santa
Igreja.
A Exortação Apostólica impressiona por sua amplitude e articulação. Esta se
subdivide em nove capítulos. Abre-se com sete parágrafos introdutórios que colocam
1 Babette’s Feast, é um filme dinamarquês de 1987, do gênero drama, dirigido por Gabriel Axel, e com
roteiro baseado em conto de Karen Blixen. Sem dúvidas esse é um filme bom para os católicos e está na
lista dos filmes recomendados pelo Vaticano. (BEZERRA, 2013)
2 Edição do Semanário ECCLESIA, centrado no 1.º aniversário daquele documento, Manuel Marques, um
dos coordenadores do DNPF, destaca o modo como a reflexão do Papa tem reforçado nas dioceses o
debate acerca da realidade e do futuro das famílias. (ECCLESIA, 2017)
sobre a plena luz a consciência da complexidade do tema e o aprofundamento que
requer.
CAPÍTULO I - À LUZ DA PALAVRA
Retomada da família como Igreja Doméstica! Papa Francisco traça um perfil da
família ao longo da Sagrada Escritura, evidentemente sintetizado na Sagrada Família, e
propõe este como modelo definitivo a ser seguido, deixando claro o papel do núcleo
familiar na salvação de cada um de nós.
"a fecundidade do casal humano é « imagem » viva e eficaz, sinal visível do acto
criador. (10)"
"a capacidade que o casal humano tem de gerar é o caminho por onde se
desenrola a história da salvação. (11)"
CAPÍTULO II - A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS
Diagnóstico preciso da situação atual das famílias e dos motivos que levaram à
ruptura do modelo tradicional. Destaque para a questão do individualismo que, segundo
Francisco, cria uma cultura prejudicial ao surgimento das famílias, privilegia o amor
superficial e as sensações.
De quebra, dá uma paulada no relativismo reinante, em que julgar é proibido e
tudo é considerado certo. Francisco os pingos nos "ís" e deixa claro: não há espaço para
mimimi politicamente correto quando o assunto é família.
Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode
transformar-se num lugar de passagem, aonde uma pessoa vai quando lhe parecer
conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados
à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias. No fundo, hoje é fácil
confundir a liberdade genuína com a ideia de que cada um julga como lhe parece, como
se, para além dos indivíduos, não houvesse verdades, valores, princípios que nos guiam,
como se tudo fosse igual e tudo se devesse permitir. (34)
Além disso, coloca de forma muito clara a questão da educação da família como
um dos grandes desafios vividos atualmente. Esse tema está espalhado por toda a
exortação apostólica. Fica claro que Francisco quer menos grupos familiares no
whatsapp e mais almoços em família.
"Além das situações já indicadas, muitos referiram-se à função educativa, que
acaba dificultada porque, entre outras causas, os pais chegam a casa cansados e sem
vontade de conversar; em muitas famílias, já não há sequer o hábito de comerem juntos,
e cresce uma grande variedade de ofertas de distracção, para além da dependência da
televisão. Isto torna difícil a transmissão da fé de pais para filhos." (50)
CAPÍTULO III - O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA
FAMÍLIA
O Papa fala do conceito doutrinal de família, em que mostra de forma clara e
inequívoca que não há uma nova Doutrina da Igreja sobre a família, mas um novo
exercício pastoral para atingir a todas as situações às quais a família está atualmente
submetida.
De quebra, elucida a questão da "Paternidade responsável" que tanto mimimi
gerou na imprensa:
"O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges
reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo próprios, para
com a família e para com a sociedade, numa justa hierarquia de valores” (68)
Em outras palavras, a paternidade responsável tem a ver com responder com
seriedade ao chamado de Cristo! E não à recusa de ter filhos por motivos econômicos.
Sobre isso, Francisco apresenta uma "novidade" aos católicos medrosos de hoje:
CREIAM NA PROVIDÊNCIA!
"Os esposos nunca estarão sós, com as suas próprias forças, a enfrentar os
desafios que surgem. São chamados a responder ao dom de Deus com o seu esforço, a
sua criatividade, a sua perseverança e a sua luta diária, mas sempre poderão invocar o
Espírito Santo que consagrou a sua união, para que a graça recebida se manifeste sem
cessar em cada nova situação." (74)
E olha aí, de novo, a função educativa da família... desta vez, chama atenção
para a tendência atual de "terceirizar" toda a educação dos filhos com o Estado. Fica a
dica pros sociais-democratas de plantão...
"O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando
a função não-delegável dos pais, que têm direito de poder escolher livremente o tipo de
educação – acessível e de qualidade – que querem dar aos seus filhos, de acordo com as
suas convicções. A escola não substitui os pais; serve-lhes de complemento. (...)
Infelizmente, « abriu-se uma fenda entre família e sociedade, entre família e escola;
hoje, o pacto educativo quebrou-se; e, assim, a aliança educativa da sociedade com a
família entrou em crise ». "(84)
CAPÍTULO IV - AMOR NO MATRIMÔNIO
É um tratado sobre o verdadeiro amor entre os esposos, seguindo o hino de São
Paulo (1 Cor 13, 4-7) como itinerário. Merece ser lido no mínimo três vezes e ser
trabalhando exaustivamente em todas as pastorais familiares.
E adverte: aqueles que mais conhecem a beleza da família católica devem ter
paciência e exercer o acolhimento. Não podemos simplesmente afastar aqueles que
vivem em situação familiares diferentes. A Doutrina é importante e não pode ser
deixada de lado, mas devemos acolher estas famílias com misericórdia acima de tudo.
"É importante que os cristãos vivam isto no seu modo de tratar os familiares
pouco formados na fé, frágeis ou menos firmes nas suas convicções. Às vezes, dá-se o
contrário: as pessoas que, no seio da família, se consideram mais desenvolvidas,
tornam-se arrogantes insuportáveis." (98)
CAPÍTULO V - O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO
É, sem dúvida o capítulo mais contundente do documento. Além de abordar
Pede que as famílias não se encerrem em si mesmas, mas como Igreja Doméstica,
também sejam Igreja em saída.
Logo de cara, Francisco deixa absolutamente clara a defesa intransigente da
vida, contra o aborto e qualquer forma de violência, desde a concepção!
"Alguns ousam dizer, como que para se justificar, que foi um erro tê-las feito vir
ao mundo. Isto é vergonhoso!" (166)
"Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é
concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador. Pensemos quanto vale o embrião,
desde que é concebido! É preciso contemplá-lo com este olhar amoroso do Pai, que vê
para além de toda a aparência." (167)
Depois, esclarece de uma vez a posição da Igreja, colocando claramente a mãe e
o pai como indispensáveis para o crescimento de qualquer criança. Dizendo algo que
deveria ser óbvio... mãe tem que ser mãe e pai tem que ser pai.
O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é
um risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a
uniformidade nem a negação da maternidade. Com efeito, a grandeza das mulheres
implica todos os direitos decorrentes da sua dignidade humana inalienável, mas também
do seu gênio feminino, indispensável para a sociedade. (173)
Por sua vez, a figura do pai ajuda a perceber os limites da realidade,
caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o mundo mais amplo e rico de
desafios, pelo convite a esforçar-se e lutar. Um pai com uma clara e feliz identidade
masculina, que por sua vez combine no seu trato com a esposa o carinho e o
acolhimento, é tão necessário como os cuidados maternos. (177)
CAPÍTULO VI - ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS
Esse capítulo é o que vai nortear justamente todo o trabalho pastoral. Contém
recomendações essenciais para toda a Igreja. O cuidado aqui é claro: apresentar a
novidade do Evangelho e da Doutrina da Igreja, acolhendo as diversas dificuldades
enfrentadas pela família.
"Por isso exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária: é preciso não se
contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das
pessoas »" (201)
E incentiva os leigos a entrarem de cabeça na construção da sociedade,
justamente para que os valores familiares não sejam corrompidos pelas ideologias.
"De igual modo « sublinhou-se a necessidade duma evangelização que denuncie,
com desassombro, os condicionalismos culturais, sociais, políticos e económicos, bem
como o espaço excessivo dado à lógica do mercado, que impedem uma vida familiar
autêntica, gerando discriminação, pobreza, exclusão e violência." (201)
"Para isso, temos de entrar em diálogo e cooperação com as estruturas sociais,
bem como encorajar e apoiar os leigos que se comprometem, como cristãos, no âmbito
cultural e sociopolítico »" (201)
Propõe o acompanhamento mais detido dos noivos. O acompanhamento de
namorados e recém-casados durante os primeiros anos e puxa a orelha de quem se
preocupa mais com a festa do que com a vida conjugal:
"Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar
pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une,
fortalecido e santificado pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e
simples, para colocar o amor acima de tudo. Os agentes pastorais e toda a comunidade
podem ajudar para que esta prioridade se torne a norma e não a excepção." (212)
E finalmente a esperada declaração aos recasados: o Papa dá claros
direcionamentos para que sejam acolhidos em todas as suas necessidades mas sem as
concessões doutrinais que a mídia tanto queria...
"Quanto às pessoas divorciadas que vivem numa nova união, é importante fazer-
lhes sentir que fazem parte da Igreja, que « não estão excomungadas » nem são tratadas
como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial." (243)
Sobre pessoas com atração pelo mesmo sexo, o Papa fala de acolhimento e
acompanhamento familiar.
"Com os Padres sinodais, examinei a situação das famílias que vivem a
experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não
fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso desejo, antes de mais nada, reafirmar
que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada
na sua dignidade e acolhida com respeito (...) Às famílias, por sua vez, deve-se
assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência
homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar
plenamente a vontade de Deus na sua vida." (250)
Mas é claro e duro com as pressões para que as uniões homoafetivas sejam
equiparadas ao casamento.
"No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres
sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre
pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer
analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus
sobre o matrimónio e a família. É « inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões
nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos
países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio”entre pessoas do mesmo
sexo ».278" (251)
Finalizando o capítulo, convida todas as famílias a aprofundarem sua
espiritualidade como "Igreja Doméstica".
"Mas há que convidar também a criar espaços semanais de oração familiar,
porque « a família que reza unida permanece unida »." (227)
CAPÍTULO VII - REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Agora um capítulo dedicado somente ao tema educação, que como já dissemos,
acaba permeando todo o documento. Francisco reforça o que já havia dito sobre o papel
inalienável dos pais para com os filhos, estabelecendo esta função como um dos grandes
deveres do casal. Critica a frouxidão na correção e diz que filhos devem ser filhos.
Reforça novamente a presença das figuras masculina e feminina na criação dos filhos e
deixa claro que exercem papeis diferentes e indispensáveis.
"A família não pode renunciar a ser lugar de apoio, acompanhamento, guia,
embora tenha de reinventar os seus métodos e encontrar novos recursos. Precisa de
considerar a que realidade quer expor os seus filhos. Para isso não deve deixar de se
interrogar sobre quem se ocupa de lhes oferecer diversão e entretenimento, quem entra
nas suas casas através das telas, a quem os entrega para que os guie nos seus tempos
livres." (260)
"Os pais necessitam também da escola para assegurar uma instrução de base aos
seus filhos, mas a formação moral deles nunca a podem delegar totalmente." (263)
CAPÍTULO VIII - ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A
FRAGILIDADE
É um convite a um olhar misericordioso sobre as diversas dificuldades
enfrentadas pelas famílias, com foco em trazê-las para um caminho de santidade.
"Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com
confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao
Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos,
mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a
acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal." (312)
CAPÍTULO IX - ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR
O capítulo sublinha a vida familiar como caminho privilegiado para a
experiência da espiritualidade Cristã e novamente oferece a Sagrada Família como
grande modelo a ser seguido.
"A comunhão familiar bem vivida é um verdadeiro caminho de santificação na
vida ordinária e de crescimento místico, um meio para a união íntima com Deus." (316)
"Toda a vida da família é um « pastoreio » misericordioso." (322)
CONCLUSÃO
Sem dúvida a exortação papal traz uma enorme novidade. Certamente não
quanto à doutrina de sempre, pois nesse aspecto, qualquer tendência ideológica que
queira instrumentalizar a palavra de Francisco, vai ter que catar com lupa e pinça e ver
se acha alguma coisa, e mesmo assim tendo que distorcê-la muito à sua agenda
politicóide. Mas isso é uma coisa que merece um destaque secundário, pois a exortação
prima muito mais pelo “sim” que pelo “não” - o não aparece como necessidade
incontornável e consequência inevitável de um “Grande Sim”. E está é sem dúvida a
enorme e belíssima novidade da exortação.
Francisco seguiu à risca e exaustivamente o alerta de Bento XVI: apresentar o
Evangelho como atração irresistível para uma vida mil vezes mais plena de alegria e
sentido, do que as alternativas a Ele. E isso de modo autêntico, não por marketing,
teatro ou estratégia de recuperação de ovelhas. É assim, porque assim é Francisco, assim
são o Evangelho e a Igreja! Todo o documento transpira de frescor evangélico,
especialmente o Capítulo 4 que, pessoalmente, acredito ser é o centro vital da exortação.
Ali se vê de modo Belo, mas ao mesmo tempo prático e realista (com grande
feeling psicológico, inclusive), o dom e o desafio da Vida Nova em Cristo. São palavras
que correm o risco de nos encontrar com ouvidos "acostumados" e, portanto, insensíveis
à sua radical novidade: Jesus muda tudo, toda a nossa relação com o mundo, com as
coisas e sobretudo, com as pessoas. E o Santo Padre comunica isso, como um tranquilo
Pai de Família sentado à mesa com os seus.
Grande catequista este Papa! Muitas vezes usa uma linguagem caseira,
descontraída, e principalmente, torna tudo muito prático, desafiante mas viável, gradual
e progressivo se for o caso, mas possível. E o mais importante, mostra a vida cristã
como ela é: trabalho da Graça do Senhor agindo em nós, Cristo vivendo em nós, mas
não sem nós, sem nossa esforçada abertura. Este é um dos documentos mais belos da
história da igreja.
Há momentos em que a Igreja precisa acentuar a linguagem negativa para
colocar os pingos nos “is” e Ela o fez muitíssimo - também Francisco o faz neste
documento. Mas a exortação enfatiza aquilo que a Igreja diz “Sim”! Ou seja: comunica
a Boa Nova da Salvação. Ali, claramente, bem mais que na belíssima Familiaris
Consorcio (de São João Paulo II) transparece o que é e o que não é, o que pode e o que
não pode, mas “O Como Acontece” concretamente o agir de Deus na vida da gente,
sobretudo das Famílias.
Francisco chega a saborear cada palavra, percorre com demorada atenção cada
aspecto da Vida Nova em Cristo, esquadrinha todas as implicações de um Casamento
no Senhor - ao mesmo tempo como Dom precioso e imerecido, e como Abertura nossa
a esse Dom. E nisso também, Ele dá uma grande, evangélica e realmente Misericordiosa
resposta às falácias (no fundo ideológicas) sobre a comunhão aos ditos "recasados":
para que falar de remendos e gambiarras se o tecido é velho e roto? Não fosse o tecido
velho e roto, sequer haveria esse assunto da comunhão aos "recasados", sequer
falaríamos nessas gambiarras, remendos e arranjos (burocráticos em grande medida)
para tapear uma situação já paganizada, já distante das raízes da experiência cristã.
O que faz Francisco? Nos mostra e nos propõe O Tecido Novo que não precisa
de remendos, pois como diz a canção: "em um tecido antigo, não vai se costurar,
nenhum remendo novo, pois com certeza vai se rasgar!" E percorre conosco, toda a
beleza da Roupa Nova que Jesus nos tem dado, detalhe por detalhe. Ele não quer, como
o Cardeal Kasper o queria, dar uma aparência de cristianismo a uma situação já há
muito paganizada e corrompida, não quer fazer gambiarras e remendos fajutos e
aparentemente cristãos num tecido podre, mas sim repropor em toda a sua beleza,
atração e desafio, a veste nova da vida em Cristo. Essa é a Grande Novidade Da
Exortação.
Isso merece uma tradução prática, missionária e pastoral. Dioceses, paróquias,
comunidades, movimentos e, sobretudo Famílias precisam se debruçar sobre esse
verdadeiro Programa De Vida que é a exortação Amoris Laetitia. Quem não vestiu
ainda (e é imensa maioria de nós, cristãos) é convidado a vestir a Roupa Nova da
Salvação, da vida nova em Cristo e quem já vestiu, é convidado a renovar a sua fé, com
especial destaque, para a dimensão do testemunho missionário, que não se traduz numa
postura de cobrança e julgamento (que faz de nós os chatos da vizinhança, os que se
julgam melhores), mas de real presença de uma novidade que intriga os outros, pois eles
notam que algo de Sobrenatural e Bonito se move entre nós, nos faz pessoas muito
diferentes de tudo o que já viram nessa vida.
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Felipe (Ed.). A Festa de Babette: Um dos filmes preferidos do Papa
Francisco. 2013. Disponível em: <https://pt.zenit.org/articles/a-festa-de-babette/>.
Acesso em: 10 out. 2017.
CATEQUISTA, O. Amoris Laetitia: Acolher não é flexibilizar doutrina. 2016.
Disponível em: <http://ocatequista.com.br/blog/item/16934-amoris-laetitia-acolher-nao-
e-flexibilizar-doutrina>. Acesso em: 10 out. 2017.
CIC: Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
ECCLESIA, Agência. Amoris Laetitia: Pastoral Familiar realça resumo «sublime» do
pontificado do Papa Francisco. 2017. Disponível em:
<http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/amoris-laetitia-pastoral-familiar-
destaca-resumo-sublime-do-pontificado-do-papa-francisco/>. Acesso em: 10 out. 2017.
FRANCISCO. Encontro do santo padre com os jornalistas durante o voo de
regresso do Brasil. 28 jun. 2013. Disponível em: http://www.vatican.va. Acesso em: 12
mai. 2016.
_____. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia. São Paulo: Paulinas, 2016
(Documentos da Igreja, 202).
SÍNODO DOS BISPOS. Os desafios pastorais sobre a família no contexto da
evangelização: documento de preparação. Vaticano, 2013. Disponível em:
http://www.vatican.va/roman_curia/synod/documents/rc_synod_doc_20131105_iiiasse
mblea-sinodo-vescovi_po.html. Acesso em: 10 out.2017

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Resumo Expandido sobre a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amores Laetitia do Santo Padre Francisco

  • 1. FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM VIRNA SALGADO BARRA RESUMO EXPANDIDO SOBRE EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AMORIS LÆTITIA DO SANTO PADRE FRANCISCO Belém 2017
  • 2. VIRNA SALGADO BARRA RESUMO EXPANDIDO SOBRE EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AMORIS LÆTITIA DO SANTO PADRE FRANCISCO Trabalho apresentado à Faculdade Católica de Belém (FCB-PA), como parte das exigências para a disciplina de Moral Fundamental, ministrada pelo Prof. Pe. Glaucon Oliveira Feitosa Belém, 10 de outubro de 2017.
  • 3. INTRODUÇÃO No último 19 de março, completou-se um ano da publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco. Os seus 325 pontos são uma profunda homenagem ao amor humano, em perfeita sintonia com o Amor de Deus. Todo o texto magisterial é uma joia que revitaliza o amor sincero e verdadeiro que serve para refletir sobre a virtude mais importante: a caridade. Amoris Laetitia (“A Alegria do Amor”), a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Sobre o Amor na Família”, com data não casual de 19 de março - Solenidade de São José - recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a Família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujas relações conclusivas são longamente citadas, junto aos documentos e ensinamentos de seus predecessores e às numerosas catequeses sobre a Família do mesmo Papa Francisco. Como já aconteceu em outros documentos, o Papa faz uso também de contribuições de diversas Conferências Episcopais do mundo (Argentina, Austrália, Quênia e outros.) e de citações de personalidades significativas como Martin Luther King ou Eric Fromm. De acordo com Bezerra (2013), é particular uma citação do filme “A Festa de Babette”1, que o Papa lembra para explicar o conceito de gratuidade. Conforme o Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF)2 infere, a Exortação Apostólica “A Alegria do Amor’ resume de forma sublime o pontificado do Papa Francisco, na sua relação com as pessoas, as famílias e a sociedade. Trata-se de um documento profundamente maternal. Percorre, desveladamente todas as circunstâncias da vida das famílias e, para todas elas e em todas elas, há uma palavra de acolhimento, de compreensão, de esperança, realça este importante organismo da Santa Igreja. A Exortação Apostólica impressiona por sua amplitude e articulação. Esta se subdivide em nove capítulos. Abre-se com sete parágrafos introdutórios que colocam 1 Babette’s Feast, é um filme dinamarquês de 1987, do gênero drama, dirigido por Gabriel Axel, e com roteiro baseado em conto de Karen Blixen. Sem dúvidas esse é um filme bom para os católicos e está na lista dos filmes recomendados pelo Vaticano. (BEZERRA, 2013) 2 Edição do Semanário ECCLESIA, centrado no 1.º aniversário daquele documento, Manuel Marques, um dos coordenadores do DNPF, destaca o modo como a reflexão do Papa tem reforçado nas dioceses o debate acerca da realidade e do futuro das famílias. (ECCLESIA, 2017)
  • 4. sobre a plena luz a consciência da complexidade do tema e o aprofundamento que requer. CAPÍTULO I - À LUZ DA PALAVRA Retomada da família como Igreja Doméstica! Papa Francisco traça um perfil da família ao longo da Sagrada Escritura, evidentemente sintetizado na Sagrada Família, e propõe este como modelo definitivo a ser seguido, deixando claro o papel do núcleo familiar na salvação de cada um de nós. "a fecundidade do casal humano é « imagem » viva e eficaz, sinal visível do acto criador. (10)" "a capacidade que o casal humano tem de gerar é o caminho por onde se desenrola a história da salvação. (11)" CAPÍTULO II - A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS Diagnóstico preciso da situação atual das famílias e dos motivos que levaram à ruptura do modelo tradicional. Destaque para a questão do individualismo que, segundo Francisco, cria uma cultura prejudicial ao surgimento das famílias, privilegia o amor superficial e as sensações. De quebra, dá uma paulada no relativismo reinante, em que julgar é proibido e tudo é considerado certo. Francisco os pingos nos "ís" e deixa claro: não há espaço para mimimi politicamente correto quando o assunto é família. Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, aonde uma pessoa vai quando lhe parecer conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias. No fundo, hoje é fácil confundir a liberdade genuína com a ideia de que cada um julga como lhe parece, como se, para além dos indivíduos, não houvesse verdades, valores, princípios que nos guiam, como se tudo fosse igual e tudo se devesse permitir. (34) Além disso, coloca de forma muito clara a questão da educação da família como um dos grandes desafios vividos atualmente. Esse tema está espalhado por toda a exortação apostólica. Fica claro que Francisco quer menos grupos familiares no whatsapp e mais almoços em família.
  • 5. "Além das situações já indicadas, muitos referiram-se à função educativa, que acaba dificultada porque, entre outras causas, os pais chegam a casa cansados e sem vontade de conversar; em muitas famílias, já não há sequer o hábito de comerem juntos, e cresce uma grande variedade de ofertas de distracção, para além da dependência da televisão. Isto torna difícil a transmissão da fé de pais para filhos." (50) CAPÍTULO III - O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA O Papa fala do conceito doutrinal de família, em que mostra de forma clara e inequívoca que não há uma nova Doutrina da Igreja sobre a família, mas um novo exercício pastoral para atingir a todas as situações às quais a família está atualmente submetida. De quebra, elucida a questão da "Paternidade responsável" que tanto mimimi gerou na imprensa: "O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo próprios, para com a família e para com a sociedade, numa justa hierarquia de valores” (68) Em outras palavras, a paternidade responsável tem a ver com responder com seriedade ao chamado de Cristo! E não à recusa de ter filhos por motivos econômicos. Sobre isso, Francisco apresenta uma "novidade" aos católicos medrosos de hoje: CREIAM NA PROVIDÊNCIA! "Os esposos nunca estarão sós, com as suas próprias forças, a enfrentar os desafios que surgem. São chamados a responder ao dom de Deus com o seu esforço, a sua criatividade, a sua perseverança e a sua luta diária, mas sempre poderão invocar o Espírito Santo que consagrou a sua união, para que a graça recebida se manifeste sem cessar em cada nova situação." (74) E olha aí, de novo, a função educativa da família... desta vez, chama atenção para a tendência atual de "terceirizar" toda a educação dos filhos com o Estado. Fica a dica pros sociais-democratas de plantão... "O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando a função não-delegável dos pais, que têm direito de poder escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem dar aos seus filhos, de acordo com as
  • 6. suas convicções. A escola não substitui os pais; serve-lhes de complemento. (...) Infelizmente, « abriu-se uma fenda entre família e sociedade, entre família e escola; hoje, o pacto educativo quebrou-se; e, assim, a aliança educativa da sociedade com a família entrou em crise ». "(84) CAPÍTULO IV - AMOR NO MATRIMÔNIO É um tratado sobre o verdadeiro amor entre os esposos, seguindo o hino de São Paulo (1 Cor 13, 4-7) como itinerário. Merece ser lido no mínimo três vezes e ser trabalhando exaustivamente em todas as pastorais familiares. E adverte: aqueles que mais conhecem a beleza da família católica devem ter paciência e exercer o acolhimento. Não podemos simplesmente afastar aqueles que vivem em situação familiares diferentes. A Doutrina é importante e não pode ser deixada de lado, mas devemos acolher estas famílias com misericórdia acima de tudo. "É importante que os cristãos vivam isto no seu modo de tratar os familiares pouco formados na fé, frágeis ou menos firmes nas suas convicções. Às vezes, dá-se o contrário: as pessoas que, no seio da família, se consideram mais desenvolvidas, tornam-se arrogantes insuportáveis." (98) CAPÍTULO V - O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO É, sem dúvida o capítulo mais contundente do documento. Além de abordar Pede que as famílias não se encerrem em si mesmas, mas como Igreja Doméstica, também sejam Igreja em saída. Logo de cara, Francisco deixa absolutamente clara a defesa intransigente da vida, contra o aborto e qualquer forma de violência, desde a concepção! "Alguns ousam dizer, como que para se justificar, que foi um erro tê-las feito vir ao mundo. Isto é vergonhoso!" (166) "Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador. Pensemos quanto vale o embrião, desde que é concebido! É preciso contemplá-lo com este olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência." (167)
  • 7. Depois, esclarece de uma vez a posição da Igreja, colocando claramente a mãe e o pai como indispensáveis para o crescimento de qualquer criança. Dizendo algo que deveria ser óbvio... mãe tem que ser mãe e pai tem que ser pai. O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a uniformidade nem a negação da maternidade. Com efeito, a grandeza das mulheres implica todos os direitos decorrentes da sua dignidade humana inalienável, mas também do seu gênio feminino, indispensável para a sociedade. (173) Por sua vez, a figura do pai ajuda a perceber os limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o mundo mais amplo e rico de desafios, pelo convite a esforçar-se e lutar. Um pai com uma clara e feliz identidade masculina, que por sua vez combine no seu trato com a esposa o carinho e o acolhimento, é tão necessário como os cuidados maternos. (177) CAPÍTULO VI - ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS Esse capítulo é o que vai nortear justamente todo o trabalho pastoral. Contém recomendações essenciais para toda a Igreja. O cuidado aqui é claro: apresentar a novidade do Evangelho e da Doutrina da Igreja, acolhendo as diversas dificuldades enfrentadas pela família. "Por isso exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária: é preciso não se contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas »" (201) E incentiva os leigos a entrarem de cabeça na construção da sociedade, justamente para que os valores familiares não sejam corrompidos pelas ideologias. "De igual modo « sublinhou-se a necessidade duma evangelização que denuncie, com desassombro, os condicionalismos culturais, sociais, políticos e económicos, bem como o espaço excessivo dado à lógica do mercado, que impedem uma vida familiar autêntica, gerando discriminação, pobreza, exclusão e violência." (201) "Para isso, temos de entrar em diálogo e cooperação com as estruturas sociais, bem como encorajar e apoiar os leigos que se comprometem, como cristãos, no âmbito cultural e sociopolítico »" (201)
  • 8. Propõe o acompanhamento mais detido dos noivos. O acompanhamento de namorados e recém-casados durante os primeiros anos e puxa a orelha de quem se preocupa mais com a festa do que com a vida conjugal: "Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e simples, para colocar o amor acima de tudo. Os agentes pastorais e toda a comunidade podem ajudar para que esta prioridade se torne a norma e não a excepção." (212) E finalmente a esperada declaração aos recasados: o Papa dá claros direcionamentos para que sejam acolhidos em todas as suas necessidades mas sem as concessões doutrinais que a mídia tanto queria... "Quanto às pessoas divorciadas que vivem numa nova união, é importante fazer- lhes sentir que fazem parte da Igreja, que « não estão excomungadas » nem são tratadas como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial." (243) Sobre pessoas com atração pelo mesmo sexo, o Papa fala de acolhimento e acompanhamento familiar. "Com os Padres sinodais, examinei a situação das famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito (...) Às famílias, por sua vez, deve-se assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida." (250) Mas é claro e duro com as pressões para que as uniões homoafetivas sejam equiparadas ao casamento. "No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. É « inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio”entre pessoas do mesmo sexo ».278" (251)
  • 9. Finalizando o capítulo, convida todas as famílias a aprofundarem sua espiritualidade como "Igreja Doméstica". "Mas há que convidar também a criar espaços semanais de oração familiar, porque « a família que reza unida permanece unida »." (227) CAPÍTULO VII - REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS Agora um capítulo dedicado somente ao tema educação, que como já dissemos, acaba permeando todo o documento. Francisco reforça o que já havia dito sobre o papel inalienável dos pais para com os filhos, estabelecendo esta função como um dos grandes deveres do casal. Critica a frouxidão na correção e diz que filhos devem ser filhos. Reforça novamente a presença das figuras masculina e feminina na criação dos filhos e deixa claro que exercem papeis diferentes e indispensáveis. "A família não pode renunciar a ser lugar de apoio, acompanhamento, guia, embora tenha de reinventar os seus métodos e encontrar novos recursos. Precisa de considerar a que realidade quer expor os seus filhos. Para isso não deve deixar de se interrogar sobre quem se ocupa de lhes oferecer diversão e entretenimento, quem entra nas suas casas através das telas, a quem os entrega para que os guie nos seus tempos livres." (260) "Os pais necessitam também da escola para assegurar uma instrução de base aos seus filhos, mas a formação moral deles nunca a podem delegar totalmente." (263)
  • 10. CAPÍTULO VIII - ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE É um convite a um olhar misericordioso sobre as diversas dificuldades enfrentadas pelas famílias, com foco em trazê-las para um caminho de santidade. "Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal." (312) CAPÍTULO IX - ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR O capítulo sublinha a vida familiar como caminho privilegiado para a experiência da espiritualidade Cristã e novamente oferece a Sagrada Família como grande modelo a ser seguido. "A comunhão familiar bem vivida é um verdadeiro caminho de santificação na vida ordinária e de crescimento místico, um meio para a união íntima com Deus." (316) "Toda a vida da família é um « pastoreio » misericordioso." (322)
  • 11. CONCLUSÃO Sem dúvida a exortação papal traz uma enorme novidade. Certamente não quanto à doutrina de sempre, pois nesse aspecto, qualquer tendência ideológica que queira instrumentalizar a palavra de Francisco, vai ter que catar com lupa e pinça e ver se acha alguma coisa, e mesmo assim tendo que distorcê-la muito à sua agenda politicóide. Mas isso é uma coisa que merece um destaque secundário, pois a exortação prima muito mais pelo “sim” que pelo “não” - o não aparece como necessidade incontornável e consequência inevitável de um “Grande Sim”. E está é sem dúvida a enorme e belíssima novidade da exortação. Francisco seguiu à risca e exaustivamente o alerta de Bento XVI: apresentar o Evangelho como atração irresistível para uma vida mil vezes mais plena de alegria e sentido, do que as alternativas a Ele. E isso de modo autêntico, não por marketing, teatro ou estratégia de recuperação de ovelhas. É assim, porque assim é Francisco, assim são o Evangelho e a Igreja! Todo o documento transpira de frescor evangélico, especialmente o Capítulo 4 que, pessoalmente, acredito ser é o centro vital da exortação. Ali se vê de modo Belo, mas ao mesmo tempo prático e realista (com grande feeling psicológico, inclusive), o dom e o desafio da Vida Nova em Cristo. São palavras que correm o risco de nos encontrar com ouvidos "acostumados" e, portanto, insensíveis à sua radical novidade: Jesus muda tudo, toda a nossa relação com o mundo, com as coisas e sobretudo, com as pessoas. E o Santo Padre comunica isso, como um tranquilo Pai de Família sentado à mesa com os seus. Grande catequista este Papa! Muitas vezes usa uma linguagem caseira, descontraída, e principalmente, torna tudo muito prático, desafiante mas viável, gradual e progressivo se for o caso, mas possível. E o mais importante, mostra a vida cristã como ela é: trabalho da Graça do Senhor agindo em nós, Cristo vivendo em nós, mas não sem nós, sem nossa esforçada abertura. Este é um dos documentos mais belos da história da igreja. Há momentos em que a Igreja precisa acentuar a linguagem negativa para colocar os pingos nos “is” e Ela o fez muitíssimo - também Francisco o faz neste documento. Mas a exortação enfatiza aquilo que a Igreja diz “Sim”! Ou seja: comunica a Boa Nova da Salvação. Ali, claramente, bem mais que na belíssima Familiaris Consorcio (de São João Paulo II) transparece o que é e o que não é, o que pode e o que
  • 12. não pode, mas “O Como Acontece” concretamente o agir de Deus na vida da gente, sobretudo das Famílias. Francisco chega a saborear cada palavra, percorre com demorada atenção cada aspecto da Vida Nova em Cristo, esquadrinha todas as implicações de um Casamento no Senhor - ao mesmo tempo como Dom precioso e imerecido, e como Abertura nossa a esse Dom. E nisso também, Ele dá uma grande, evangélica e realmente Misericordiosa resposta às falácias (no fundo ideológicas) sobre a comunhão aos ditos "recasados": para que falar de remendos e gambiarras se o tecido é velho e roto? Não fosse o tecido velho e roto, sequer haveria esse assunto da comunhão aos "recasados", sequer falaríamos nessas gambiarras, remendos e arranjos (burocráticos em grande medida) para tapear uma situação já paganizada, já distante das raízes da experiência cristã. O que faz Francisco? Nos mostra e nos propõe O Tecido Novo que não precisa de remendos, pois como diz a canção: "em um tecido antigo, não vai se costurar, nenhum remendo novo, pois com certeza vai se rasgar!" E percorre conosco, toda a beleza da Roupa Nova que Jesus nos tem dado, detalhe por detalhe. Ele não quer, como o Cardeal Kasper o queria, dar uma aparência de cristianismo a uma situação já há muito paganizada e corrompida, não quer fazer gambiarras e remendos fajutos e aparentemente cristãos num tecido podre, mas sim repropor em toda a sua beleza, atração e desafio, a veste nova da vida em Cristo. Essa é a Grande Novidade Da Exortação. Isso merece uma tradução prática, missionária e pastoral. Dioceses, paróquias, comunidades, movimentos e, sobretudo Famílias precisam se debruçar sobre esse verdadeiro Programa De Vida que é a exortação Amoris Laetitia. Quem não vestiu ainda (e é imensa maioria de nós, cristãos) é convidado a vestir a Roupa Nova da Salvação, da vida nova em Cristo e quem já vestiu, é convidado a renovar a sua fé, com especial destaque, para a dimensão do testemunho missionário, que não se traduz numa postura de cobrança e julgamento (que faz de nós os chatos da vizinhança, os que se julgam melhores), mas de real presença de uma novidade que intriga os outros, pois eles notam que algo de Sobrenatural e Bonito se move entre nós, nos faz pessoas muito diferentes de tudo o que já viram nessa vida.
  • 13. REFERÊNCIAS BEZERRA, Felipe (Ed.). A Festa de Babette: Um dos filmes preferidos do Papa Francisco. 2013. Disponível em: <https://pt.zenit.org/articles/a-festa-de-babette/>. Acesso em: 10 out. 2017. CATEQUISTA, O. Amoris Laetitia: Acolher não é flexibilizar doutrina. 2016. Disponível em: <http://ocatequista.com.br/blog/item/16934-amoris-laetitia-acolher-nao- e-flexibilizar-doutrina>. Acesso em: 10 out. 2017. CIC: Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000. ECCLESIA, Agência. Amoris Laetitia: Pastoral Familiar realça resumo «sublime» do pontificado do Papa Francisco. 2017. Disponível em: <http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/amoris-laetitia-pastoral-familiar- destaca-resumo-sublime-do-pontificado-do-papa-francisco/>. Acesso em: 10 out. 2017. FRANCISCO. Encontro do santo padre com os jornalistas durante o voo de regresso do Brasil. 28 jun. 2013. Disponível em: http://www.vatican.va. Acesso em: 12 mai. 2016. _____. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia. São Paulo: Paulinas, 2016 (Documentos da Igreja, 202). SÍNODO DOS BISPOS. Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização: documento de preparação. Vaticano, 2013. Disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/synod/documents/rc_synod_doc_20131105_iiiasse mblea-sinodo-vescovi_po.html. Acesso em: 10 out.2017