A UTFPR vem realizando debates e oficinas sobre Design de Disciplinas, uma abordagem pedagógica que empresta conceitos e processos originários do Desenho Industrial. Infelizmente, esse empréstimo não alcança a pesquisa de ponta na área, nem tampouco as práticas pedagógicas próprias desta área. Dois temas contemporâneos do Desenho Industrial poderiam ser frutíferos à discussão sobre Design de Disciplinas: o projeto de experiências e a participação de usuários/estudantes neste tipo de projeto. Esta fala visa comunicar um experimento conduzido na disciplina "Projeto para Pessoas: Laboratório de Design e Inovação Social" do Bacharelado em Design da UTFPR em 2019. O experimento consiste em uma disciplina projetada com a participação dos estudantes, não só no planejamento, mas também na condução das aulas e nas avaliações. O resultado do experimento sugere que a disciplina proporcionou uma experiência de vida para os estudantes, mais do que uma oportunidade para desenvolver conteúdos ou competências necessárias à profissão. Experimentos como este podem servir para ampliar o diálogo entre Desenho Industrial e Educação e, quiçá, desenvolver conceitos híbridos, tais como "Codesign de Disciplinas" ou "Projeto de Experiências de Aprendizagem".

1. O design de disciplinas e as
(in)disciplinas do design:
provocações sobre inovação na educação
Frederick van Amstel @usabilidoido
www.usabilidoido.com.br
DADIN - UTFPR

2. Aprendizagem ativa é um dos temas relacionados à
inovação na educação.

3. Uma das abordagens é o design de disciplinas (Spricigo,
Manfra e Saroyan, 2017).

4. Essa abordagem faz parte da
transição de um ensino baseado
em transmissão de conteúdos
para uma aprendizagem
baseada em desenvolvimento de
competências.

5. Apesar de se apropriar do termo
design, essa abordagem não se
aproveita da experiência das
disciplinas de design no
desenvolvimento de competências.

6. O ateliê de projetos é a abordagem característica para
aprender nas disciplinas de design (Schön, 2009).

7. O ateliê coloca o estudante em uma situação em que
precisa pensar como um designer (Schön, 2009). Os
ateliês contemporâneos estimulam que o estudante
pense junto com outras pessoas (design thinking).

8. Profs. do DADIN têm buscado articular o design de
disciplinas com suas experiências em ateliês.

9. Tensões
• Conhecimento tácito tratado como explícito
• Linguagem como instrumento de controle do
processo de aprendizagem e não de liberdade
• Desconsidera a inovação que parte do
estudante, por exemplo, o desenvolvimento de
competências que o professor desconhece ou
que ainda não existem na prática

10. Tensões na disciplina de design não são negadas ou
exauridas. Muitas vezes, se tornam fontes de inovação.

11. O caso da disciplina optativa
“Projeto para Pessoas” (Design)
Ementa: A disciplina "Projetos Para Pessoas: Laboratório
De Design E Inovação Social” desenvolve criticamente as
competências necessárias para o desenvolvimento de
projetos de cunho social pela perspectiva do design. Nela,
os estudantes percebem a desigualdade na distribuição de
privilégios relacionados ao design e as possibilidades de
intervir humildemente em problemas sociais. O
desenvolvimento de projetos experimentais capacita o
estudante a articular, facilitar, antecipar e organizar
projetos de cunho social pela perspectiva do design.
Ministrada por Frederick van Amstel e André Lucca em 2019, com participação
de estudantes de diversos períodos, principalmente, do penúltimo.

12. Reflexão individual no início do curso.
Quem é você?
Qual a sua dor?
O que você
quer deste
curso?

13. Reflexão coletiva no início do curso: o que queremos/
devemos/podemos aprender?

14. Organizando os interesses através da Matriz de
Rumsfeld e planejando as próximas aulas.

15. Matriz de Rumsfeld no final do curso. Destaque para a
nova categoria “Não sabemos e não queremos saber”.

16. “Em uma comunidade de
aprendizagem, se uma pessoa
sabe algo, todas ficam sabendo.”

17. Aulas ministradas pelos estudantes que conheciam os
assuntos considerados prioritários por eles.

18. “Nós poderíamos escrever um
manifesto sobre o que
aprendemos até agora.”

19. Leitura encarnada de manifestos, por exemplo, o
Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade (1928).

20. Modelando emoções a serem expressas no manifesto.

21. Costurando o manifesto vestível, inspirados nos
parangolés do artista Hélio Oiticica.

22. Momento de reconhecimento da presença majoritária
das mulheres na disciplina.

23. Primeira publicação do manifesto.

24. Escrita colaborativa do manifesto digital.

25. Definição de públicos para o manifesto.

26. Alternância entre tecnologias digitais e analógicas de
colaboração.

27. Manifesto
D3S!GN​​disSENSO
Versão 1.0 - Primeiro experimento democrático agonista
Afinal ​o que é o ​D​e​s​i​g​n​?
Simplesmente Design não é nada mais do que o
nada​nada​nada​dada
Segunda publicação do manifesto.

28. “Como podemos realizar o
que o manifesto propõe?”

29. Mapeamento do ecossistema da UTFPR.

30. Lego Serious Play e brainstorming de ações possíveis.

31. Criação do projeto de extensão COISA: COlaboratório de
Inovação Social e Autonomia.

32. Open Space Technology para a formação de grupos de
trabalho.

33. Criação de espaço temporário para discussão nas
paredes da Universidade.

34. Avaliação baseada em texto reflexivo com critérios
construídos pelos estudantes e usados pelos professores.

35. Provocações
• As (in)disciplinas do design podem contribuir
com o debate sobre inovação na educação com
os seguintes pontos:
• O ateliê é uma comunidade de aprendizagem
em que o conhecimento é coletivo e encarnado
• A autonomia do professor é tão importante
quanto a autonomia do estudante
• Disciplinas podem ser planejadas em conjunto
com estudantes através do codesign de
disciplinas

36. Obrigado!
Frederick van Amstel @usabilidoido
www.usabilidoido.com.br
DADIN - UTFPR