O documento discute conceitos-chave como alfabetização, letramento e métodos de ensino da leitura e escrita. Apresenta uma história dos métodos de alfabetização no Brasil desde o século XIX, destacando quatro momentos definidos por disputas em torno de novas abordagens. Também aborda aspectos teóricos do desenvolvimento da linguagem escrita e da consciência fonológica em crianças.
3. “Tudo no mundo está
dando respostas, o
que demora é o
tempo de perguntas”
José Saramago
4. O que vem a ser...
ALFABETIZAÇÃO?
ALFABETIZAR?
ALFABETIZADO?
ALFABETISMO?
ANALFABETISMO?
LETRAMENTO?
5. ALFABETIZAÇÃO:
• Ação de ensinar/aprender a ler e a
escrever;
• Uso social da escrita;
• Reação ao analfabetismo;
• Correspondência entre dois modos de
representação: as linguagens falada e
escrita;
6. Conceito atual de alfabetização enfatiza:
• Que a criança aprende a ler e escrever
pensando. Por isso usa-se hipóteses sobre
objetos de conhecimentos;
7. O Letramento
Tendo em vista as modificações que se processaram nas
sociedades contemporânea, podemos destacar uma mudança no
que chamamos de alfabetização. O sujeito alfabetizado era
aquele que sabia escrever seu próprio nome.
Alfabetização trata-se do domínio da tecnologia, ou conjunto
de técnicas que capacita o sujeito a exercer a arte e a ciência da
escrita.
Letramento é exercício excessivo e competente da escrita que
implica habilidades, tais como a capacidade de ler e escrever
para informar ou informar-se.
Ser letrado é o resultado de um conjunto de fatores que se
articulam entre si: o convívio com pessoas letradas, o
desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita.
8. LETRAMENTO:
• Estado ou condição de quem se
envolve nas numerosas e variadas
práticas sociais de leitura e escrita;
• Estado ou condição de quem não
apenas sabe ler e escrever, mas cultiva
e exerce as práticas sociais que usam a
escrita.
11. CAPITULO I- História dos métodos de alfabetização no Brasil
Em nosso país, a história da alfabetização tem sua face mais visível
na história dos métodos de alfabetização, em torno dos quais,
especialmente desde o final do século XIX, vêm-se gerando tensas
disputas relacionadas com "antigas" e "novas" explicações para um
mesmo problema: a dificuldade de nossas crianças em aprender a ler e
a escrever, especialmente na escola pública;
Visando a enfrentar esse problema e auxiliar "os novos" a
adentrarem no mundo público da cultura letrada, essas disputas
em torno dos métodos de alfabetização vêm engendrando uma
multiplicidade de tematizações, normatizações e concretizações,
caracterizando-se como um importante aspecto dentre os muitos
outros envolvidos no complexo movimento histórico de
constituição da alfabetização como prática escolar e como objeto
de estudo/pesquisa.
12. Em nosso país, desde o final do século XIX,
especialmente com a proclamação da República, a
educação ganhou destaque como uma das utopias da
modernidade. A escola, por sua vez, consolidou-se como
lugar necessariamente institucionalizado para o preparo
das novas gerações, com vistas a atender aos ideais do
Estado republicano, pautado pela necessidade de
instauração de uma nova ordem política e social; e a
universalização da escola assumiu importante papel
como instrumento de modernização e progresso do
Estado-Nação, como principal propulsora do
“esclarecimento das massas iletradas”.
13. É preciso pensar em uma prática educativa que considere
a criança como eixo do processo e leve em conta as
diferentes dimensões de sua formação. Além disso, para
garantir o pleno desenvolvimento dos alunos é
fundamental que a ação educativa se baseie em uma
orientação teórico metodológica. Nesta apresentação será
exposto tópico referentes ao desenvolvimento da
linguagem e escrita. E propostas de atividades que
colaborem para a construção de uma prática pedagógica.
14. Elementos para a construção de uma proposta
pedagógica
Aproximar as crianças a uma cultura letrada, através de
recursos lingüísticos orais ou escritos, bem como propor meios
para se pensar “para que” e “como” as pessoas lêem e
escrevem no cotidiano.
15. A questão dos métodos de alfabetização
A fim de contribuir para a compreensão desse processo e para a
busca de respostas às questões formuladas acima, tomemos como
exemplo a situação paulista.
Analisando, com base em fontes documentais, o ocorrido nessa
província/estado em relação à questão dos métodos de ensino inicial da
leitura e escrita, desde as décadas finais do século XIX, optei por dividir
esse período em quatro momentos cruciais, cada um deles
caracterizado pela disputa em torno de certas tematizações,
normatizaçõeseconcretizaçõesrelacionadas com o ensino da leitura e
escrita e consideradas novas e melhores, em relação ao que, em cada
momento, era considerado antigo e tradicional nesse ensino. Em
decorrência dessas disputas, tem-se, cada um desses momentos, a
fundação de uma nova tradição relativa ao ensino inicial da leitura e
escrita.
16. 10 momento- A metodização do ensino da leitura
Até o final do Império brasileiro, o ensino carecia de organização, e
as poucas escolas existentes eram, na verdade, salas adaptadas, que
abrigavam alunos de todas as“séries” e funcionavam em prédios pouco
apropriados para esse fim; eram as “aulas régias”, já mencionadas. Em
decorrência das precárias condições de funcionamento, nesse tipo de
escola o ensino dependia muito mais do empenho de professor e
alunos para subsistir. E o material de que se dispunha para o ensino da
leitura era também precário, embora, na segunda metade do século
XIX, houvesse aqui algum material impresso sob a forma de livros para
fins de ensino deleitura, editados ou produzidos na Europa.
17. 20 momento – A institucionalização do método analítico
A partir de 1890, implementou-se a reforma da instrução pública no
estado de São Paulo. Pretendendo servir de modelo para os demais
estados, essa reforma se iniciou com a reorganização da Escola
Normal de São Paulo e a criação da Escola-Modelo Anexa; em 1896, foi
criado o Jardim da Infância nessa escola. Do ponto de vista didático, a
base da reforma estava nos novos métodos de ensino, em especial no
então novo e revolucionário método analítico para o ensino da leitura,
utilizado na Escola-Modelo Anexa (à Normal), onde os normalistas
desenvolviam atividades "práticas" e onde os professores dos grupos
escolares (criados em 1893) da capital e do interior do estado deveriam
buscar seu modelo de ensino.
18. 3º momento – A alfabetização sob medida
Em decorrência da “autonomia didática” proposta pela "Reforma
Sampaio Dória" e de novas urgências políticas e sociais, a partir de
meados da década de 1920 aumentaram as resistências dos
professores quanto à utilização do método analítico e começaram a se
buscar novas propostas de solução para os problemas do ensino e
aprendizagem iniciais da leitura e da escrita.
Os defensores do método analítico continuaram a utilizá-lo e a
propagandear sua eficácia. No entanto, buscando conciliar os dois tipos
básicos de métodos de ensino da leitura e escrita (sintéticos e
analíticos), em várias tematizações e concretizações das décadas
seguintes, passaram-se a utilizar: métodos mistos ou ecléticos
(analítico-sintético ou vice-versa), considerados mais rápidos e
eficientes .
19. 4º momento – Alfabetização: construtivismo e desmetodização
A partir do início da década de 1980, essa tradição passou a ser
sistematicamente questionada, em decorrência de novas urgências
políticas e sociais que se fizeram acompanhar de propostas de
mudança na educação, a fim de se enfrentar, particularmente, o
fracasso da escola na alfabetização de crianças. Como correlato teórico
metodológico da busca de soluções para esse problema, introduziu-se
no Brasil o pensamento construtivista sobre alfabetização, resultante
das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita desenvolvidas
pela pesquisadora argentina Emília Ferreiro e colaboradores .
20. O desenvolvimento das habilidades de leitura e
escrita em sala de aula
As crianças desenvolverão alguns mecanismos para o
aprendizado da leitura e da escrita
A habilidade de leitura e escrita leva tempo para ser
desenvolvida e requer treino.
As crianças deverão desenvolver também habilidade para
interpretar textos com autonomia
Em alguns círculos sociais, as crianças lidam desde muito cedo
com o texto escrito através de observação.
Para desenvolver estratégias para a aquisição de leitura e
escrita, não é preciso esperar que as crianças escrevam
convencionalmente.
21. Peças teatrais,leituras de livros, pesquisas sobre o
assunto do texto trabalhado ampliam as atividades
de leitura e escrita.
22. A mediação dos professores é muito necessária do
momento do desenvolvimento da aprendizagem da
leitura e da escrita
O professor deve buscar propostas e soluções
criativas para manterem os alunos atentos as
atividades que serão realizadas
23. A aquisição do sistema de escrita e o
desenvolvimento da consciência fonológica
No início do processo de alfabetização elas (crianças) começam a lidar
a diferença de dois planos de linguagem:
Plano do conteúdo (dos significados) - significados e sentidos
produzidos quando usamos a língua oral ou escrita;
Plano da expressão (dos sons) - significados e sentidos no que diz
respeito às formas linguísticas;
A compreensão da natureza alfabética do sistema da escrita e o
desenvolvimento da consciência fonológica integram e estimulam o
desenvolvimento infantil à medida que promovem a competência
simbólica das crianças.
24. Níveis conceituais da escrita
No primeiro momento, ainda sem fazer distinção, a criança se
propõe imitar o ato de escrever, como num jogo.
O resultado dessas primeiras "escritas" pode aparecer como
linhas onduladas ou quebradas (zig-zag), contínuas ou
fragmentadas, ou uma séries de linhas verticais ou bolinhas.
Essa aparência figural inicial não é garantia de escrita
propriamente dita, a não ser que se conheça as condições nas
quais foram produzidas.
25. Construtivismo psicogenético (observar a escrita
sob dois aspectos):
Figurativos - tem a ver com os elementos formais, tais como: a
qualidade do traçado, a distribuição espacial das formas, etc.
Construtivos - tem relação com o que o sujeito quis representar
e os meios que empregou para criar diferenciação entre as
representações.
Quando ocorre a intencionalidade por parte da criança, ou
seja, quando constatamos aspectos construtivos, é que
consideramos que houve uma produção escrita.
26. Aspectos centrais da evolução psicogenética da
língua escrita
Primeiro período: Distinção entre o modo de
representação icônico e não-icônico
Segundo período: Ocorre a construção de formas de
diferenciação entre o qualitativo e o quantitativo
Terceiro período: É marcado pela formatização da
escrita
27. Desenvolvimento da consciência fonológica
As crianças já possuem domínio sobre a língua
materna quando chegam ao Ensino Fundamental. A
função do pedagogo é ampliar o desenvolvimento
cognitivo e cultural das crianças.
28. Alfabetização:
É um processo dentro do
letramento e, segundo Magda
Soares, é a ação de
ensinar/aprender a ler e a escrever.
O conceito de alfabetização para
Magda Soares é restrito, refere-se
apenas ao aprender/ensinar a ler e
escrever. Já Emília Ferreiro coloca
que não precisa usar outro termo
(no caso letramento) para designar
algo que já deveria estar dentro do
processo de alfabetização.
29. Processo específico e indispensável de
apropriação do sistema da escrita, a
conquista dos princípios alfabético e
ortográfico que possibilitem ao aluno
ler e escrever com autonomia” (VAL,
2006, p. 19).
“A alfabetização diz respeito à
compreensão e ao domínio do chamado
código escrito, que se organiza em torno
de relações entre a pauta sonora da fala
e as letras (e outras convenções) usadas
para representá-la, a pauta, na escrita”
(VAL, 2006, p. 19).
“A alfabetização se ocupa
da aquisição da escrita por um
indivíduo ou grupo” (BATISTA, 006)
30. Letramento:
É o conjunto de práticas que denotam a
capacidade de uso de diferentes tipos de
material escrito. HOUAISS, 2004
31. Do ponto de vista social, o letramento é um fenômeno
cultural relativo às atividades que envolvem a língua
escrita. A ênfase recai nos “usos, funções e propósitos
da língua escrita no contexto social” (SOARES, 2006).
“Processo de inserção e participação na
cultura escrita”. (VAL, 2006)
“Compreensão e uso efetivo da língua escrita
em práticas sociais diversificadas”. (Ibid)
“Possibilidades de participação nas práticas
sociais que envolvem a língua escrita” (Ibid)
32. "Letramento é, sobretudo, um mapa do
coração do homem, um mapa de quem você é,
e de tudo que pode ser. "
Magda Soares
33. Facetas da aprendizagem da leitura e da escrita:
1 - Faceta fônica: envolve o desenvolvimento
da consciência fonológica, imprescindível
para que a criança tome consciência da fala
como um sistema de sons e compreenda o
sistema de escrita como um sistema de
representação desses sons, e a aprendizagem
das relações fonema-grafema e demais
convenções de transferência da forma sonora
da fala para a forma gráfica da escrita.
.
34. 2 - Faceta da leitura fluente: exige o
reconhecimento holístico de palavras e
sentenças.
35. 3 - Faceta da leitura compreensiva: supõe
ampliação de vocabulário e desenvolvimento
de habilidades como interpretação, avaliação,
inferência, entre outras
36. 4 - Faceta da identificação e uso adequado das
diferentes funções da escrita, dos diferentes
portadores de texto, dos diferentes tipos e
gêneros de texto.
38. Métodos predominantemente sintéticos
São métodos que levam o aluno a combinar elementos
isolados da língua: sons, letras e sílabas.
Os métodos predominantemente sintéticos podem ser:
•alfabéticos ou soletrativos;
•silábicos ;
•Fonéticos.
39. Método Alfabético
O aluno aprende o nome das letras nas
formas maiúsculas e minúsculas, a
sequência do alfabeto e combinar as
letras entre si, formando sílabas ou
palavras.
40. Método Silábico
O aluno aprende inicialmente a sílaba,
a combinação entre elas e chega a
palavra.
41. Método Fonético
O aluno aprende inicialmente os sons
das letras isoladas e depois reúne em
sílabas que formarão palavras.
42. Métodos predominantemente analíticos
São métodos que levam o aluno a analisar um todo (palavra) para
chegar às partes que o compõem.
Os métodos predominantemente analíticos podem ser:
•Palavração;
•Sentenciação;
•contos ou historietas;
•natural
.
43. Método de Palavração
O aluno aprende algumas palavras
associadas às imagens visuais. Depois
que o aluno já reconhece algumas
palavras, estas são divididas em sílabas
para formar outras palavras.
44. Método de Sentenciação
O aluno parte de uma frase que a turma
está discutindo, visualiza e memoriza as
palavras e depois analisa as sílabas para
formar novas palavras.
45. Método de Contos ou Historietas
É uma ampliação do método de
sentenciação. O aluno parte de pequenas
histórias para chegar nas palavras,
sílabas e com estas sílabas formar novas
palavras.
46. Método Natural
Parte de um pré-livro que contém registros de
conversas da turma sobre um determinado
assunto, é apresentado aos alunos aos poucos
para a visualização. Depois passa-se para a
leitura sonorizada de cada sílaba da palavra e a
partir destas sílabas o aluno forma novas
palavras e novas frases.
48. AMBIENTE ALFABETIZADOR
Organizar a sala de aula de maneira que
cada sala ofereça materiais que
favoreçam a aquisição de conhecimentos
• Canto de leitura;
• Alfabeto ilustrado;
• Seqüência numérica;
• Calendário;
• Textos reais / ler e escrever com
função social.
49. ORGANIZAÇÃO DA ROTINA
• Organização de horários;
• Dias para realização das atividades;
• Organização do espaço da sala de aula;
• Exposição de materiais;
Planejada com
Intencionalidade
educativa;
50. Quando as crianças
compreendem como o
“processo” foi
construído, sentem
que “fazem parte”
deste trabalho de
forma integral.
51. Projetos;
• Atividades seqüenciadas;
• Atividades permanentes;
• Atividades ocasionais;
• Atividades de sistematização.
A rotina é organizada através de:
52. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO
DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM DA
CRIANÇA
53. Considerações finais
A alfabetização é o processo de decodificação de
signos. O letramento é a prática social da leitura e da
escrita.
A criança chega na escola com conhecimentos
linguísticos que devem ser aprimorados pelo
professor que é o mediador desse processo. O aluno
deve desenvolver-se de sua língua materna para a
prática da escrita convencional.
54. ).
QUESTÕES
•Qual o conceito de Letramento?
•como descrever níveis de letramento?
•Quando o professor deve pedir que as crianças escrevam?
•Como fazer todos os alunos avançarem mesmo com níveis tão
diferentes entre eles?
•Como ajudar o aluno de 5 ° ano que não lê e não escreve?
•Qual a representatividade da avaliação diagnostica na sua
concepção?
•O que é o construtivismo?
•Qual é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emília Ferreiro?
•O construtivismo se aplica somente à alfabetização infantil?
55. SEMINÁRIO
GRUPO I:FUNDAMENTOS TEORICOS E METODOLOGICOS
DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO
GRUPO II: HISTÓRIA DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
NO BRASIL
GRUPO III : A ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E
NO ENSINO FUNDAMENTAL
GRUPO IV: O QUADRO DA SOCIEDADE LEITORA NO
BRASIL
57. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTANHEIRA, Maria Lúcia & GREEN, Judith et all. Interactional
Ethography: an approach to studying the social construction of literate
practices. In: Linguistics and Education. 11(4) Pp. 353-400, 2001.
ERICKSON, Frederick and Schultz, Jeffrey (1981). When is a context?
Some issues and methods in the analysis of social competence. In: Green,
Judith and Wallat, Cynthia (Eds.). Ethnography and Language in educations
settings. Norwood, New Jersey: Ablex corporation. Pp.147-160.
GUMPERZ, John (1992) Contextualization and Understanding. In: A.
Duranti and C. Goodwin (Eds.), Rethinking context: Language as an interactive
phenomenon. New York, NY: Cambridge University Press, pp 229-252
.
MAINARDES, Jefferson. A organização da Escolaridades em Ciclos: ainda
um desafio para os Sistemas de Ensino in: CRESO, Franco (Org.) Avaliações,
Ciclos e promoção na Educação, Porto Alegre, RS: Artmed, 2001.