A palavra ‘humanidade’ deriva do latim’ humanitas’ e ‘humanitatis’, que significa cultura, civilização, natureza humana, carácter, sentimento, bondade, benevolência, cortesia e compaixão. Trata-se de uma palavra que exprime uma série de qualidades nobres, que residem profundamente no coração do ser humano.
Mas, esta palavra, significa também um conjunto de seres humanos, sendo ‘humanos’, relativo ao homem, que por sua vez é derivado de ‘homo’, relacionado como ‘humus’, terra. Quando vamos à raiz das coisas, acabamos por perceber que a Humanidade é simultaneamente um conjunto de qualidades e seres da terra. Isto sugere, que no sentido lato, todos os seres da terra podem ser considerados Humanidade. Todas as espécies, incluindo a Homo sapiens. Na verdade, não estaríamos cá sem o papel das outras espécies, tanto no que concerne a nível evolutivo, como ecológico. Não conseguiríamos existir e viver sem o contributo delas. Mas a palavra ‘terra’ também significa chão, solo, território, região de origem, nação, ou o próprio planeta Terra. Neste contexto, a Humanidade pode também ser considerada toda a Terra - a nossa grande Mãe. Há um traço de familiaridade cósmica.
A Ciência (que) Quer Salvar a Humanidade II - A Extinção em Massa, Jorge More...Jorge Moreira
Todos os relatórios/avisos da comunidade científica dizem que o que temos feito para salvar o Planeta é insuficiente e precisamos de alterações profundas na nossa sociedade, de uma ‘mudança transformadora’ para restaurar e proteger a Natureza e garantir um futuro para a Humanidade. Ainda não é tarde demais, mas amanhã já vai ser tarde demais. É necessário começar hoje, agora, e podemos fazê-lo através das nossas escolhas, nomeadamente com o que comemos, o que vestimos, como nos deslocamos, etc. Sejamos proativos. Mas também é necessário desconstruir os interesses instalados na sociedade, para dar primazia ao bem-comum, fazendo com que a defesa do bem-comum seja sinónimo de defesa da Natureza. O relatório do IPBES diz que a ‘mudança transformadora’, implica uma reorganização fundamental de todo o sistema, incluindo paradigmas, metas e valores.
“Chegámos junto da velha loba a tempo de observar um
altivo fogo verde a morrer nos olhos dela. Compreendi
nesse momento, e nunca mais deixei de o saber, que havia
algo de novo para mim naqueles olhos – algo que apenas
ela e a montanha conheciam. Nesse tempo […] pensava
[…] que o desaparecimento total dos lobos seria o paraíso
dos caçadores. Mas depois de ter visto aquele fogo verde a
extinguir-se, senti que nem o[a] lobo[a] nem a montanha
concordavam com essa maneira de ver (Leopold, 2008, p.
130)”
Artigo publicado na Revista Vento e Água - Ritmos da Terra nº 30, Setembro de 2021 https://ventoeagua.com/produto/revista-numero-30-21-setembro-2021/
A Ciência (que) Quer Salvar a Humanidade II - A Extinção em Massa, Jorge More...Jorge Moreira
Todos os relatórios/avisos da comunidade científica dizem que o que temos feito para salvar o Planeta é insuficiente e precisamos de alterações profundas na nossa sociedade, de uma ‘mudança transformadora’ para restaurar e proteger a Natureza e garantir um futuro para a Humanidade. Ainda não é tarde demais, mas amanhã já vai ser tarde demais. É necessário começar hoje, agora, e podemos fazê-lo através das nossas escolhas, nomeadamente com o que comemos, o que vestimos, como nos deslocamos, etc. Sejamos proativos. Mas também é necessário desconstruir os interesses instalados na sociedade, para dar primazia ao bem-comum, fazendo com que a defesa do bem-comum seja sinónimo de defesa da Natureza. O relatório do IPBES diz que a ‘mudança transformadora’, implica uma reorganização fundamental de todo o sistema, incluindo paradigmas, metas e valores.
“Chegámos junto da velha loba a tempo de observar um
altivo fogo verde a morrer nos olhos dela. Compreendi
nesse momento, e nunca mais deixei de o saber, que havia
algo de novo para mim naqueles olhos – algo que apenas
ela e a montanha conheciam. Nesse tempo […] pensava
[…] que o desaparecimento total dos lobos seria o paraíso
dos caçadores. Mas depois de ter visto aquele fogo verde a
extinguir-se, senti que nem o[a] lobo[a] nem a montanha
concordavam com essa maneira de ver (Leopold, 2008, p.
130)”
Artigo publicado na Revista Vento e Água - Ritmos da Terra nº 30, Setembro de 2021 https://ventoeagua.com/produto/revista-numero-30-21-setembro-2021/
Nos últimos tempos temos assistido a uma série imparável de calamidades. E, embora muitas delas sejam de natureza diferente, têm muito em comum, quer pela sua origem, quer pela intensidade dos fenómenos naturais. Furacões sucessivos nas Caraíbas e nos Estados Unidos da América, que bateram
recordes e deixaram um rasto de destruição maciça; cheias na Ásia, que ‘afogaram’ mais de um milhar de pessoas; incêndios devastadores em vários países e com muitas vidas humanas e não humanas a lamentar; avalanches que engoliram povoações inteiras; cidades irrespiráveis na China; seca severa em muitos locais; rios moribundos, sem água ou poluídos, são alguns exemplos que têm assolado ultimamente o nosso planeta. Muitos destes fenómenos, bem como a sua dimensão, têm a sua origem direta ou indiretamente na sequência da atividade humana.
A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demaisJorge Moreira
Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior número e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidade da nossa espécie. Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra.
Onde é que nos encontramos para aonde estamos a ir e onde devemos estarJorge Moreira
A ascensão de um populismo bruto, que temos assistido ultimamente, reflete o mal-estar das populações com a classe política, mas este caminho ainda é pior do que o anterior. Não leva em conta os factos mais importantes como as alterações climáticas, a destruição do suporte de vida na terra, a nossa relação com os outros, com os animais e a vida em geral. A realidade é alienada para dar origem a mais uma história de entretimento, neste caso, nacionalista. Mas, independentemente das narrativas que inventados como alternativas à realidade, a natureza não tem fronteiras antrópicas, não quer saber das nossas histórias e reflete sempre a verdade.
Acho que de uma forma ou de outra todos estamos a perceber que caminhamos para o abismo. Vivemos uma crise multidimensional, isto é: ecológica, ambiental, climática, pessoal, social, demográfica, económica, financeira, de saúde pública, de perceção, etc. porque na realidade todos estas dimensões se cruzam. Nada existe separado. Muitas das consequências já são tão profundas que as mudanças são inevitáveis e irreversíveis. Por esse motivo fala-se agora em adaptações, porque não há que voltar atrás. Mas o futuro constrói-se no presente e já provamos que somos uma força transformadora global. Só precisamos de mudar o rumo das nossas ações, da nossa forma de ver e estar no mundo. Precisamos de derrubar muros e fronteiras entre povos e culturas; criar pontes de diálogo; incentivar a cidadania e a governança; cuidar, respeitar e proteger a natureza que é fonte de bem-estar; abandonar qualquer prática que fomente a exploração ou crueldade de seres sencientes, imprópria de uma sociedade evoluida e apostar nas energias descentralizadas. Está na hora de acordar. De dar o salto quântico da nossa evolução como sociedade do século XXI. Está na hora de construirmos um futuro novo, mais belo, humana e esteticamente. Temos de voltar à verdade, mas não aquela verdade que só olha para os números. Temos de observar a verdade no coração das pessoas, nos olhos dos animais e na paisagem natural. Desconstruir a tecnociência e a economia fria
e materialista, que esmaga tudo à sua volta e voltar a pintar o mundo com cores alegres que se soltam da alegria de viver em harmonia e partilha com os outros.
Ciências do Ambiente - Cap 1.1 - Conceitos básicoselonvila
Disciplina de Ciências do Ambiente
Curso de Engenharia de Produção - UEMA
Capítulo 1: Conceitos Básicos - Crise Ambiental
Conteúdo: contexto da disciplina; Crise ambiental - problemas, poluição, aspectos e impactos ambientais, e meio ambiente; Desenvolvimento sustentável.
Disciplina de Ciências do Ambiente
Curso de Engenharia de Produção - UEMA
Capítulo 1: Conceitos Básicos - Ecologia
Conteúdo: Ecologia, ecossistemas, cadeia alimentar e ciclos biogeoquímicos.
Nos últimos tempos temos assistido a uma série imparável de calamidades. E, embora muitas delas sejam de natureza diferente, têm muito em comum, quer pela sua origem, quer pela intensidade dos fenómenos naturais. Furacões sucessivos nas Caraíbas e nos Estados Unidos da América, que bateram
recordes e deixaram um rasto de destruição maciça; cheias na Ásia, que ‘afogaram’ mais de um milhar de pessoas; incêndios devastadores em vários países e com muitas vidas humanas e não humanas a lamentar; avalanches que engoliram povoações inteiras; cidades irrespiráveis na China; seca severa em muitos locais; rios moribundos, sem água ou poluídos, são alguns exemplos que têm assolado ultimamente o nosso planeta. Muitos destes fenómenos, bem como a sua dimensão, têm a sua origem direta ou indiretamente na sequência da atividade humana.
A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demaisJorge Moreira
Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior número e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidade da nossa espécie. Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra.
Onde é que nos encontramos para aonde estamos a ir e onde devemos estarJorge Moreira
A ascensão de um populismo bruto, que temos assistido ultimamente, reflete o mal-estar das populações com a classe política, mas este caminho ainda é pior do que o anterior. Não leva em conta os factos mais importantes como as alterações climáticas, a destruição do suporte de vida na terra, a nossa relação com os outros, com os animais e a vida em geral. A realidade é alienada para dar origem a mais uma história de entretimento, neste caso, nacionalista. Mas, independentemente das narrativas que inventados como alternativas à realidade, a natureza não tem fronteiras antrópicas, não quer saber das nossas histórias e reflete sempre a verdade.
Acho que de uma forma ou de outra todos estamos a perceber que caminhamos para o abismo. Vivemos uma crise multidimensional, isto é: ecológica, ambiental, climática, pessoal, social, demográfica, económica, financeira, de saúde pública, de perceção, etc. porque na realidade todos estas dimensões se cruzam. Nada existe separado. Muitas das consequências já são tão profundas que as mudanças são inevitáveis e irreversíveis. Por esse motivo fala-se agora em adaptações, porque não há que voltar atrás. Mas o futuro constrói-se no presente e já provamos que somos uma força transformadora global. Só precisamos de mudar o rumo das nossas ações, da nossa forma de ver e estar no mundo. Precisamos de derrubar muros e fronteiras entre povos e culturas; criar pontes de diálogo; incentivar a cidadania e a governança; cuidar, respeitar e proteger a natureza que é fonte de bem-estar; abandonar qualquer prática que fomente a exploração ou crueldade de seres sencientes, imprópria de uma sociedade evoluida e apostar nas energias descentralizadas. Está na hora de acordar. De dar o salto quântico da nossa evolução como sociedade do século XXI. Está na hora de construirmos um futuro novo, mais belo, humana e esteticamente. Temos de voltar à verdade, mas não aquela verdade que só olha para os números. Temos de observar a verdade no coração das pessoas, nos olhos dos animais e na paisagem natural. Desconstruir a tecnociência e a economia fria
e materialista, que esmaga tudo à sua volta e voltar a pintar o mundo com cores alegres que se soltam da alegria de viver em harmonia e partilha com os outros.
Ciências do Ambiente - Cap 1.1 - Conceitos básicoselonvila
Disciplina de Ciências do Ambiente
Curso de Engenharia de Produção - UEMA
Capítulo 1: Conceitos Básicos - Crise Ambiental
Conteúdo: contexto da disciplina; Crise ambiental - problemas, poluição, aspectos e impactos ambientais, e meio ambiente; Desenvolvimento sustentável.
Disciplina de Ciências do Ambiente
Curso de Engenharia de Produção - UEMA
Capítulo 1: Conceitos Básicos - Ecologia
Conteúdo: Ecologia, ecossistemas, cadeia alimentar e ciclos biogeoquímicos.
NÃO HÁ MOTIVOS PARA COMEMORAR HOJE O DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA.pdfFaga1939
Este artigo mostra que a humanidade está perdendo a batalha contra as forças do mal que promovem a devastação do meio ambiente do planeta Terra com a exaustão de seus recursos naturais, a poluição do ar, dos mares, rios e lagos, o surgimento de novas pandemias e o aquecimento global resultante da emissão de gases do efeito estufa para as mais altas camadas da atmosfera terrestre que tende a produzir a mudança climática catastrófica em nosso planeta. É devido a tudo isto que não há motivos para comemorar o Dia Internacional da Terra.
Da cidade distópica à utopia possível - Jorge Moreira - Prisma.SOCJorge Moreira
O crescimento rápido da urbe não trouxe só vantagens. Com ele surgiram muitos problemas ambientais, com as cidades a gerar 70% das emissões globais de CO2 e o uso de mais de 60% dos recursos (United Nations,
2019). O primeiro fator tem um
papel preponderante na
problemática das alterações climáticas, e o segundo no esgotamento dos recursos naturais, desflorestação e perda dramática da biodiversidade. Em muitas cidades a poluição do ar tornou-se um fator de risco para a saúde pública...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Jorge Moreira
A comunidade científica aponta-nos cenários apocalípticos de caos climático e ecológico. Um futuro cada vez mais presente, que emerge de uma força transformadora antropogénica de larga escala. Este trabalho, apresentado na International Conference Beyond Modernity: Alternative Incursions into the Anthropocene do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em 2021, aborda uma nova forma de pensar as redes sociais, ampliando a dimensão reticular da vida social, integrando-a numa rede maior, a teia da vida, que liga todas a formas de vida e entrelaça todos os fenómenos naturais.
Tal como aconteceu a John Muir, a montanha chamou-o, e Naess teve de ir para junto dela. As suas palavras são bem elucidativas: Estou a obedecer, a obedecer ao desejo de Hallingskarvet de vir (Naess, 1995). Parece que as experiências místicas junto à montanha que o filósofo norueguês descreve desde pequeno eram equivalentes à epifania que Aldo Leopold teve junto à loba moribunda. Neste caso, através do fogo verde que se soltava do olhar por da loba, a montanha revelou a Leopold a importância da harmonia, da beleza e da estabilidade ecológica.
Desde que Naess terminou a construção da cabana, em 1938, passou lá cerca de catorze anos da sua vida, onde desenvolveu o conceito de ecologia profunda, que viria a reinventar o olhar do ser humano sobre si mesmo e sobre o Ambiente envolvente.
Revista 'Vento e Água' nº 27
https://ventoeagua.com/revistas/27/
A «Floresta» em Portugal Porquê uma Aliança pela Floresta AutóctoneJorge Moreira
Cerna Nº 83, 2020
A pedido da Cerna, e para tornar mais compreensível aos conservacionistas e ecologistas da Galiza a situação da floresta autóctone em Portugal, enviamos estas notas que poderão ter alguma utilidade. Expomos por ordem cronológica, ao longo de cinco anos, como surgiu a Aliança pela Floresta Autóctone e como tem vindo a desenvolver-se e enraizar-se, muito lentamente é certo, como iniciativa informal.
Adiante tentamos explicar o que pretendemos com ela.
Estado do Ambiente - uma retrospetiva de 2019 - O Instalador 284Jorge Moreira
Em Portugal as ameaças ambientais sucedem-se num ritmo vertiginoso: novo aeroporto no Montijo, dragagens no Sado e noutros locais sensíveis, construção na orla costeira e zonas de cheias, projetos megalómanos para locais ainda preservados, exploração de lítio, agricultura superintensiva no Alentejo, monocultura de eucaliptos, continuação com o uso do glifosato e de outros pesticidas perigosos, etc. O mais infeliz desta situação é termos institutos estatais de defesa do Ambiente e da Natureza que dão aval, mesmo sabendo que há violações graves aos meios que tutelam.
"Eu também tenho um sonho: que governos, partidos políticos e empresas compreendam a urgência da crise climática e ecológica e se unam apesar das suas diferenças - como vocês fariam em caso de emergência - e tomem as medidas necessárias para salvaguardar as condições de uma vida digna para todos na terra"
Greta Thunberg, discurso no Congresso Norte-Americano, 2019
Educação para a emergência ecológica I Jorge Moreira
Este modelo educativo está longe de formar indivíduos livres pensadores, eticamente responsáveis e cidadãos conscientes, que consigam atender às exigências prementes de si mesmos, da sociedade e do Ambiente. O resultado deste sistema é a crise multidimensional, cuja crise ecológica é a sua manifestação mais evidente
As flores silvestre contribuem para a diversidade biológica, aumentam a produção agrícola, diminuem o uso de pesticidas e tornam a agricultura mais sustentável e sadia.
Tudo isto, e ainda pintam com o aroma da cor, da forma e fragrância onde se encontram. São realmente seres especiais, que merecem toda a nossa atenção e consideração.
Reutilização, Reparação e Reciclagem de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos,...Jorge Moreira
A reciclagem, a reparação e a reutilização de equipamentos elétricos e eletrónicos contribuem para minimizar os problemas ambientais e trazem ainda vantagens sociais e económicas para os consumidores. Veja como:
Resíduos Urbanos: um problema com valor acrescentado, Alcide Gonçalves e Jorg...Jorge Moreira
Somos efetivamente uma sociedade de resíduos, com um impacto enorme no Ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Os mares estão cheios de plástico e já começamos a comer micropartículas de plástico oriundas dos alimentos. Já foram tomadas medidas para diminuir o seu uso, mas não chega. É necessário voltar ao granel, aos mercados locais, à devolução das garrafas e embalagens, à compostagem caseira dos resíduos orgânicos mas, acima de tudo, é necessário uma nova Educação capaz de fomentar uma consciência limpa e livre de consumismos, capaz de cuidar de si e da Terra
A Vida no Centro do Universo, Revista o instalador 271Jorge Moreira
A Ecologia olha para o ser humano, da mesma forma que olha para as outras formas de vida, como um produto de um processo evolutivo, num complexo sistema interdependente e interconectado constituído pelos seres vivos. Esta forma científica reverte para um juízo moral, em que não há seres mais importantes do que outros. Para Taylor, cada organismo é per se um centro teleológico de vida, portador de dignidade inerente, o que lhe confere o estatuto de sujeito moral, não devendo ser tratado como meio para o fim de alguém. Assim, o ser humano é moralmente obrigado a proteger e promover o bem dos membros da comunidade biótica por si próprios.
Decrescimento – Crescer no Essencial, Jorge Moreira, Revista O Instalador 270Jorge Moreira
O decrescimento propõe-nos uma utopia concreta - um caminho diferente de uma sociedade de consumo, que consome pessoas e a Natureza, para uma sociedade de abundância frugal e de prosperidade humana e ecológica
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
Quando observamos a Terra de fora, todos os indivíduos, todas as etnias humanas, todas as espécies de seres vivos, todas as serras, florestas, rios, lagos e mares, todos os Reinos da Natureza não têm fronteiras e são em conjunto a Terra.
Da mesma forma decorreu o Colóquio Vita Contemplativa Mãe Natureza, Terra Viva. Muitos contributos, de áreas tão distintas, mas todas apontaram caminhos ecosóficos idênticos.
(Esta é a segunda e última parte do artigo publicado, inicialmente, na edição de Junho de 2018 da Revista O Instalador)
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
O Colóquio do Seminário Permanente “Vita Contemplativa - Práticas Contemplativas e Cultura Contemporânea" do Grupo Praxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio do Círculo do Entre-Ser, trouxe este ano [14-15 Maio 2018] à reflexão o tema Mãe-Natureza, Terra Viva com o enfoque nos contributos da ecosofia, da ecologia profunda e da ecologia espiritual face à crise ecológica.
Durante dois dias, e de formas particulares, celebrou-se a Natureza, tornaram-se vivas memórias dessa Natureza em nós, apresentaram-se excelentes exemplos de sustentabilidade, formularam-se utopias possíveis e desejáveis de concretização, partilharam-se testemunhos, reforçaram-se laços e debateram-se contributos tão diversos para o tema: da Espiritualidade às práticas Eco-espirituais; do Xamanismo ao Yoga; do Taoísmo ao Budismo; do Cristianismo ao Islamismo; da cosmovisão dos povos primevos às experiências místicas, das metatopias urbanas às alimentares, da perspetiva de Heidegger à Física Quântica, da igualdade de gênero aos direitos da Natureza; da Transição à Permacultura; do Papa Francisco ao Compromisso com a Casa Comum; do contato com a Natureza às psicoterapias; do Caos a Gaia, passando por Eros - da Mitologia à Filosofia; da consciência do corpo à consciência da Terra, da Arte (cinema, arquitetura, pintura escultura, música, etc.) à Ciência holística; do Ecocentrismo ao Princípio feminino; da Ética à Ontologia e vice-versa.
As várias participações trouxeram visões e contributos preciosos que não podem ficar guardados com o encerramento do evento, pelo que deixamos aqui algumas das mensagens e ideias-chave debatidas.
O nosso dia de Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, maio 2018Jorge Moreira
Falta festejar o dia em que cresceremos em consciência e conseguirmos integrar todo o Planeta como se fosse o nosso corpo, as nossas emoções e a nossa mente. Cada espécie passa a ser compreendida como uma célula nossa. Rios, florestas, montanhas, glaciares, lagos e oceanos são como os nossos órgãos. O sofrimento do boi ou da baleia passa a ser o nosso sofrimento. A alegria que emana do canto do rouxinol tem eco na nossa alegria. E nós passamos a compreender e a colaborar na internet micélica da vida
A Vida dos Rios da Vida, Jorge Moreira, Revista O Instalador, Abril 2018Jorge Moreira
A ideia de que os rios são as veias da Terra existe em diferentes geografias, culturas e épocas. Um dos maiores sábios que floresceu no seio da Humanidade foi Leonardo Da Vinci. A sua capacidade de ver mais além do que o comum dos mortais levou-o ao grande axioma hermético, o princípio da
correspondência, que existe entre dimensões e aspectos da vida. A analogia entre um organismo e a Natureza, mais precisamente, entre o funcionamento de um corpo humano e a Terra (...) Estas conclusões remetem também para a Terra como organismo vivo, mais tarde fundamentada cientificamente através da Teoria de Gaia, também conhecida por Hipótese biogeoquímica de James Lovelock e Lynn Margulis.
A Terra é um complexo sistema, cuja a água é peça fundamental para a vida. Assim, os rios saudáveis são os canais de vitalidade da Terra. Transportam água e sedimentos ricos em nutrientes e minerais (...)
As alterações climáticas, a poluição e a destruição das florestas autóctones, fruto do nosso egoísmo e antropocentrismo, afetam gravemente os rios. Sem eles não há vida como a conhecemos e este planeta, outrora lindo, ficará mais parecido do que nunca com o seu vizinho Marte. Certamente que por mais cegos e gananciosos que possamos ser, não vamos querer viver sem as belas curvas dos rios, sem a sua frescura cristalina, sem os rápidos, cachoeiras e deltas, sem os Guarda-rios ou a brincadeira da Lontra. O rio não é um recurso. É a seiva que alimenta a vida! Chegou a hora de defender a vida do fogo da morte.
Práticas sustentáveis e escolhas éticas, Jorge Moreira, Revista o Instalador ...Jorge Moreira
Vivemos num planeta maravilhoso, onde a vida sorri em milhões de formas, cores, sons, paladares e perfumes. Dá-nos ainda mais sentidos e um sentido a tudo. Um planeta onde a vida floresce, evolui e desperta para mundos interiores de consciência infinita. A Terra dá-nos isso tudo, alimenta o nosso corpo, fascina-nos intelectualmente e preenche-nos com a magia da sua beleza. Haverá algo mais incrível? Então porque estamos a destruir este paraíso?
Incêndios florestais tragédia, insensibilidade e irresponsabilidadeJorge Moreira
Quantas vezes me questionei sobre qual deverá ser a área ardida, quantos bens necessitam de ser consumidos, quantas vidas humanas precisarão de ser ceifadas pelo fogo para alterar efetivamente a política e a gestão do espaço florestal?
Quanto sofrimento será necessário para repôr a vida e o bem-estar das populações à frente dos interesses particulares de certas atividades económicas? (...)
Depois do que assistimos no ano passado, faltou colocar em emergência a florestal nacional, como de uma ameaça de guerra se tratasse. Não é por acaso que quando há calamidades, como a de Pedrógão Grande, temos no teatro das operações uma enorme quantidade de recursos disponibilizados, alguns imensamente bem pagos. (...)
De que estão à espera para alterar profundamente o estado
das coisas? De que estão à espera para substituírem o coberto vegetal por espécies mais resilientes aos fogos? De que estão à espera para gerirem o território de forma inteligente,
sustentável e ecológica? De que estão à espera para colocarem a floresta como desígnio nacional? Onde está a insensibilidade e a responsabilidade do Estado?
Direitos da natureza: o simples direito à existência, de Alcide Gonçalves e J...Jorge Moreira
Com o enorme contributo da ciência e da filosofia, que recuperaram a cosmovisão dos povos antigos - um mundo em que tudo se encontra interligado e se relaciona entre si – e que o ser humano é um elo inseparável na cadeia da vida do planeta, é incompreensível dizer que só os seres humanos têm direitos, especialmente quando estes acham que têm o direito de explorar, abusar e destruir toda a vida e toda a beleza da criação. A Natureza tem direitos sim! É a nossa mãe, o nosso suporte, o nosso alimento, a água que sacia a nossa sede, o ar que respiramos, a energia que necessitamos e o perfume que nos inspira. É a Vida que abraça a nossa vida! Como não tem direitos?
Jornada da Sustentabilidade - Encontro ESG - SETCESP
Resgatar a Humanidade, Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, março 2019
1. 66 O Instalador Março 2019 www.oinstalador.com
Resgatar a Humanidade
Texto e Fotos_Alcide Gonçalves [Arquiteta paisagista] e Jorge Moreira [Ambientalista e Investigador]
Se um dia a humanidade for capaz de aproveitar novamente a energia do fogo,
se a humanidade for capaz de capturar novamente a energia do amor,
então, pela segunda vez na história do mundo, teremos descoberto o fogo
Teilhard de Chardin
No dia em que o homem compreender que é filho da Natureza,
irmão dos bichos, da terra, dos pássaros do céu e dos peixes do mar,
nesse dia compreenderá a própria insignificância.
Será mais humano, mais simples e solidário.
Pablo Picasso
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
2. O Instalador Março 2019 www.oinstalador.com 67
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
Todas as espécies, incluindo a Homo sapiens. Na verdade, não
estaríamos cá sem o papel das outras espécies, tanto no que
concerne a nível evolutivo, como ecológico. Não conseguiría-
mos existir e viver sem o contributo delas. Faz sentido! Mas a
palavra ‘terra’ também significa chão, solo, território, região de
origem, nação, ou o próprio planeta Terra. Neste contexto, a
Humanidade pode também ser considerada toda a Terra - a
nossa grande Mãe. Há um traço de familiaridade cósmica.
Quando olhamos a Terra do espaço, estamos a observar,
não só o lar da Humanidade, como a própria Humanidade e
as suas mais nobres qualidades. Defender a Humanidade é,
assim, defender a Terra e todos os seres que nela habitam. É
ter princípios baseados numa ética abrangente que inclua as
qualidades patentes na humanidade: bondade e compaixão
para com todos os seres da Terra. É defender rios, montanhas,
florestas e outros lares dos seres da Terra. A Humanidade está
no florescimento das qualidades que suportam a vida na Terra.
A biodiversidade e a diminuição da vida
selvagem
A biodiversidade não é só a diversidade de espécies que
existem numa determinada área, região ou até no Planeta
inteiro. Ela envolve três níveis organizacionais que a com-
põem: a) diversidade genética - soma de toda a informação
genética contida nos genes dos organismos; b) diversidade
de espécies - conjunto de indivíduos com as mesmas carac-
terísticas genéticas e linhagem evolutiva, que possam gerar
descendentes férteis em condições normais; e c) diversidade
ecológica - universo dinâmico formado por comunidades de
seres vivos, mais o meio inorgânico que interage com a vida
e os processos que suportam os ecossistemas, que no seu
conjunto, formam uma unidade funcional. Como seres huma-
nos encontramo-nos incluídos nesta definição complexa da
biodiversidade. Temos o nosso património genético particular,
que determina as nossas características biológicas, mas esse
património é fruto de uma evolução filogenética e, portanto,
todas as espécies, incluindo a Homo sapiens, partilham um
ancestral comum. De igual modo, fazemos parte de muitos
dos ecossistemas terrestres e interagimos praticamente com
todos eles. Contudo, essa interação nem sempre é positiva.
Na verdade arrasamos com uma quantidade colossal deles
só para promover algumas atividades humanas, muitas delas
desnecessárias ou com outras alternativas mais sustentáveis
e saudáveis. Recentemente, os cientistas das Universidades
de Sydney e Queensland, conjuntamente com a Academia
Chinesa da Agricultura, realizaram uma metanálise a relatórios
anteriormente publicados, e chegaram a uma conclusão no
mínimo, catastrófica.
Os investigadores relembram que os insetos são a base
estrutural do funcionamento de quase todos os ciclos de
todos os ecossistemas no nosso planeta. Os dados são
preocupantes - as populações de insetos estão em declínio
Antes da última Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas (COP24), que decorreu em dezembro
passado, em Katowice, na Polónia, foi divulgado em Incheon,
Coreia do Sul, um documento de 400 páginas realizado por
centenas de investigadores que, resumidamente, dizia que só
tínhamos 12 anos para salvar o planeta ou, melhor dizendo,
para salvar a Humanidade.
O documento tem como base 6000 estudos e alerta para
cenários catastróficos evidentes, que uma eventual ultrapassa-
gem do limite de 1,5o
Celsius de temperatura média, já a partir
de 2030, caso não haja uma redução maciça das emissões de
gases de efeito estufa.
Um documento anterior de especialistas, publicado na revista
científica Nature, em 2017, batizado de Missão 2020 e liderado
pela diplomata Christiana Figueres, ex-secretária-executiva da
Convenção do Clima das Nações Unidas, dava só 3 anos, a
partir dessa data, para resolvermos o problema climático. 2020
era a data crítica para o futuro do clima.
Se as emissões continuassem a subir além dessa data, os
objetivos do Acordo de Paris (COP21) tornar-se-iam inalcan-
çáveis. Precisamente na última cimeira pelo clima, a COP24, o
Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, susten-
tado pelos diversos estudos científicos publicados, fez um apelo
dramático: perder esta oportunidade poria em causa a nossa
última oportunidade para deter as alterações climáticas. Não só
seria imoral, como suicida. (...) É uma questão de vida ou morte.
Mas, mesmo com todas estas advertências e cenários, pouco
mais se avançou nessa cimeira do que um conjunto de regras
para aplicar no terreno relativamente às decisões alcançadas
em Paris. A um ano de 2020 e a uma década de 2030, con-
tinuamos reféns de nós próprios na resolução dos problemas
que colocam o nosso futuro e de muitas outras espécies em ris-
co, e só estamos a falar relativamente às alterações climáticas.
Não podemos esquecer que outros temas, como a diminuição
dramática da fauna e flora a nível mundial, causará também um
enorme impacto para a Humanidade. Precisamos de resgatar a
nossa humanidade para salvarmos a Humanidade.
O que é a Humanidade?
A palavra ‘humanidade’ deriva do latim’ humanitas’ e ‘hu-
manitatis’, que significa cultura, civilização, natureza humana,
carácter, sentimento, bondade, benevolência, cortesia e
compaixão. Trata-se de uma palavra que exprime uma série de
qualidades nobres, que residem profundamente no coração do
ser humano.
Mas, esta palavra, significa também um conjunto de seres
humanos, sendo ‘humanos’, relativo ao homem, que por sua
vez é derivado de ‘homo’, relacionado como ‘humus’, terra.
Curioso! Quando vamos à raiz das coisas, acabamos por
perceber que a Humanidade é simultaneamente um conjunto
de qualidades e seres da terra. Isto sugere, que no sentido lato,
todos os seres da terra podem ser considerados Humanidade.
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acentuado um pouco por todo o mundo. A perda ronda 2,5%
ao ano, sendo as razões bem conhecidas: agroquímicos,
monoculturas, proliferação de exóticas invasoras, excesso
de área urbanizada, poluição e as alterações climáticas. Um
dos cientistas envolvidos na metanálise, Don Sands, chama
a atenção que a vida dos seres humanos pode sofrer “um
impacto incomensurável” se os insetos desaparecerem. Em
causa está toda a cadeia trófica, cuja a base da alimentação
é consituida pelo insetos, assim como aquelas espécies que
dependem deles para a polinização. O desaparecimento dos
insetos está a causar um impacto em toda a vida. Cerca de
80% das plantas selvagens usam insetos para difundirem as
suas sementes e necessitam dos nutrientes processados no
solo, onde os insetos têm também um papel fundamental.
Muitos répteis e anfíbios estão a sofrer as consequências
desta perda e cerca de 60% dos pássaros utilizam-nos na
sua aliementação. Esta é uma das razões para a diminuição
drástica das suas populações.
Nas últimas três décadas, o número de aves nas zonas rurais
dos países da União Europeia teve um decréscimo de 55%. Em
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Portugal, temos poucos dados concretos, contudo, a SPEA
alerta para a diminuição das populações da rola-brava e do
picanço barreteiro, que só numa década, entre 2004 e 2014,
registou-se um decréscimo respetivamente de 54% e 65%.
No caso das espécies cinegéticas, como a rola-brava, para
além dos fatores atrás descritos, acrescenta-se a caça, como
elemento perturbador. Mas a hecatombe não se fica por aqui.
Segundo um estudo realizado por uma equipa de cientistas das
Universidades de Aarhus, na Dinamarca, e de Gotemburgo, na
Suécia, publicado na revista PNAS - Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, a perda
nos mamíferos até 2070 levará cerca de cinco milhões de anos
a recuperar. E nem as espécies carismáticas, que possuem
geralmente um estatuto especial de conservação, resistem.
Segundo um estudo do Instituto de Ciência Weizmann de Israel
e do Instituto de Tecnologia da Califórnia dos Estados Unidos,
os seres humanos representam 0,01% dos seres vivos mas
mataram 83% dos mamíferos. A sexta extinção em massa é
uma infeliz realidade e com ela parte da nossa (H)humanidade
também se desvanece.
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Como podemos parar este cenário de
destruição da vida na Terra?
Muita reflexão já foi feita, mas talvez não com a profundidade
devida. É verdade que precisamos de políticas verdadeiramente
sustentáveis, uma espécie de ecologia económica que salvasse o
planeta. Exemplos disso nascem quase todos os dias: a Alemanha
vai fechar as dezenas de centrais a carvão e nucleres, a União Eu-
ropeia declara o fim da venda de plásticos de uso único, um pouco
por todo o lado se verifica a abertura exponencial de mercados
biológicos e a granel.
Contudo, não chega ter boas intenções para reduzir o consumo,
as emissões, a poluição ou a destruição da Natureza. Precisamos
de rever as forças antropogênicas que estão por detrás de tama-
nha (auto)destruição. Precisamos de olhar bem para dentro nós
para percebermos onde se encontra a nossa humanidade, de
re-descobrir que somos o Planeta e que só estaremos bem se
tudo e todos estiverem em harmonia. É um trabalho que a Ecologia
Profunda intitula de Auto-Realização - uma consciência desperta,
que ultrapassa as barreiras redutoras do ego, para se tornar cada
vez mais consciente do todo, ou como disse Krishnamurti, de uma
mente em que o eu está totalmente ausente. Este filósofo fala-nos
também do Auto-Conhecimento, e não há Auto-Realização sem
Auto-Conhecimento.
Sri Ramana Maharshi (1879-1950), filósofo Hindu e um dos
maiores representantes da sabedoria milenar da Índia do século
XX, diz-nos que a Auto-Realização é o maior serviço que podemos
prestar ao mundo.
Encontramos esta mesma ideia nas várias culturas e antigas
tradições espirituais.
Se mergulharmos no pensamento grego, à entrada do Oráculo
de Delfos, esse lugar sagrado, morada há 2500 anos de sacerdo-
tes e sacerdotisas, cuja função era a de ligar os Deuses e a Huma-
nidade, a frase aí inscrita, é semelhante em significado filosófico ao
ensinamento de Sri Ramana Maharshi: Conhece-te a ti mesmo.
Na filosofia taoísta, voltamos a encontrar esta mesma ideia,
como máxima a alcançar para compreendermos o universo (ou o
mundo) através da descoberta em nós do nosso Sol, Lua, estrelas,
os nossos rios, vales e montanhas, em tudo semelhante aos
elementos da Natureza e seus processos. Somos o microcosmos
do macrocosmos e como tal temos todas essas representações
gravadas nas nossas células.
Mas não precisaremos de ser ou nos tornar zen, yogis (yogini
fem.), faquir ou monge, professar o taoísmo, o budismo, ou qual-
quer outra religião, porque encontramos em todas as grandes
sabedorias, crenças, culturas ancestrais ou expressões artísticas
este legado, e esta ideia nuclear assentes numa única fonte: a
Natureza.
Por isso, resgatar a Humanidade é resgatar a Natureza, o am-
biente habitável em nós, o qual cada um terá que ser húmus – solo
(terra) e fertilizante, em simultâneo.
Leonardo Boff, numa linguagem mais científica refere o seguinte:
a existência de Gaia e a nossa própria vida estão ligadas inegavel-
mente ao fato de pertencermos a um sol de luminosidade média,
a 150 milhões de km de distância da Terra, situado na periferia de
uma galáxia espiral média. O tipo de biosfera existente bem como
a estruturação biológica observada nos ecossistemas só podem
desenvolver-se sob determinadas exigências. Concretamente isto
significa que, nós, seja como Terra, seja como pessoas humanas,
embora situados num canto irrisório de nosso sistema galáctico e
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universal, temos a ver com o todo. O todo conspirou para que nós
existíssemos e tivéssemos chegado até aqui (in ‘Saber Cuidar -
Ética do humano - compaixão pela terra’, pp.75).
Este seria, segundo o autor, o quinto grande ato da estruturação
do teatro cósmico, do qual somos co-autores, pelo que só pode-
remos entender o ser humano-Terra, se o conectarmos com todo
esse processo universal.
Os japoneses, na delicada e maravilhosa arte do arranjo floral
(ikebana), para que o principiante ou o praticante possa atingir a
mestria nesta arte tem que alcançar o requisito principal das dez
virtudes - a união com o “coração da flor” e o “coração universal”.
Segundo esta tradição artística, é neste escutar (sentir) que se
desenvolve uma corrente eterna de amor, que brota do coração
da flor para o coração humano, flui para o coração universal e
transborda de volta. Herrygel, G. explica que para o japonês a vida
é uma unidade ininterrupta, proveniente de uma raíz comum.
É nesta dimensão metafísica ou espiritual, que o ser humano
necessita procurar a solução para responder à pergunta “como
podemos parar a destruição da vida na Terra?”.
Ao dizê-lo, estamos a ser totalmente pragmáticos e não estamos
a usar de falso moralismo e, caso se duvide, poderemos tentar
responder a outra questão com todo o pragmatismo científico
que caracteriza o discurso moderno das sociedades ocidentais
e industrializadas: onde nos têm levado os acordos das cimeiras
mundiais, directivas europeias, campanhas de sensibilização
pro ambiente? Certamente que a resposta não é desprovida de
resultados mas a cada passo verificamos que em vez de reduzir-
mos e.g. as emissões de carbono para os valores mínimos (não
os ótimos!), alcançarmos as metas para a reciclagem, travarmos o
consumo, entre muitas outros objectivos do desenvolvimento sus-
tentável, continuamos a assistir à extinção de espécies, à poluição
dos oceanos, ao decréscimo de efectivos nos ecossistemas e à
delapidação de forma global das condições da vida.
Seria muito fácil elencar uma série de medidas de protecção e
salvaguarda para a vida selvagem, para preservar o planeta, o que
quer que seja o nosso foco, aliás o que por si só não é original,
nem resolve. As próprias leis, directivas-quadro, regulamentos, etc,
também contemplam ações positivas para que possamos levar a
cabo muitos objectivos pretendidos na defesa ambiental, contudo
não surte os efeitos esperados e.g. quanto à determinação de
comportamentos ambientais do indivíduo!
Parece já não nos resta grande espaço para ludibriar as nossas
ações pois elas espelham-nos. Isto empurra-nos cada vez mais
para a necessidade de nos Auto-realizarmos como nos refere o
Mestre Sri Ramana Maharshi. Ele explica que Realização não é
aquisição de nada novo nem é uma nova faculdade. É só a remo-
ção de toda a camuflagem e que tudo o que é necessário para
realizar o Eu (Self) é simplesmente sossegar a mente. Sossegar a
mente é parar com o consumismo e a exploração. É fazer com que
as qualidades patentes na nossa humanidade possam despertar
numa nova Humanidade.
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