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Os modelos de bioética
 Modelos éticos de referência????
 Teorias sobre a fundação do juízo ético????
 Há no campo bioético uma pluralidade de
antropologias referentes e de teorias sobre a
fundação do juízo ético.
 Há toda uma discussão sobre quais valores e
os princípios sob os quais devemos fundar os
nossos juízos éticos.
 Duas posições vem sendo tomadas: uma que
trabalha a fundação baseada numa espécie de
consenso pragmático, flexível, segundo as
circunstâncias.
 E outra, que pede uma verdadeira justificação,
exigindo uma demonstração da razão última
pelo qual um ato moral deve ser julgado bom
 A segunda posição é a de cunho metaético, a
que deseja uma justificação fundadora e
racional dos valores, das normas e dos
princípios bioéticos.
 É sobre a metaética que se constrói a
metabioética.
 Modelo Cognitivista e naõ-cognitivista: a
lei de Hume.
 A lei de Hume – separa cognitivistas e não-
cognitivistas.
 A lei deriva de uma observação contida na
obra Tratado da natureza humana de Hume e
retomada pela filosofia analítica, com Moore,
que a definiu falácia naturalista.
 Afirma essa lei, que existe um grande
desacordo entre o âmbito dos fatos
naturais e o dos valores morais: os fatos
são cognoscíveis e podem ser descritos
com o verbo no indicativo e
demonstrados cientificamente, enquanto
os valores e as normas morais são
simplesmente pressupostos e dão lugar
a juízos prescritivos indemonstráveis.
 Entre o ser (fatos observáveis) e o
dever ser não existiria nenhuma ligação.
 Os não-cognitivistas julgam que os
valores não podem ser objeto de
conhecimento e de afirmações
qualificáveis como verdadeiras ou
falsas.
 Ao contrário, os cognitivistas procuram
uma fundamentação racional e objetiva
para os valores e para as normas
morais.
 Justificar a ética, e portanto, a bioética,
quer dizer discutir em primeiro lugar a
possibilidade de superar a grande
divisão ou falácia naturalista.
 Todo problema da falácia está no significado
que se confere à palavra ser, que indica a
fatualidade conhecível.
 Se por ser se entende a mera fatualidade
empírica, a lei de Hume se justifica.
 Por ex. pelo fato de muitos homens roubarem
e matarem, não se pode com certeza concluir
que furto e homicídio sejam moralmente
lícitos, e, se quisermos demonstrar que
representam atos ilícitos, deveremos recorrer
a um critério que não seja simplesmente uma
pesquisa dos fatos.
 Mas a idéia de ser subjacente aos fatos pode
ser entendida de modo não simplesmente
empírico, mas mais profundo e compreensivo,
como, por ex. essência ou natureza, ou seja,
em sentido metafísico.
 Nesse sentido o dever ser pode encontrar um
fundamento no ser, naquele ser que todo sujeito
consciente é chamado a realizar.
Assim, o termo homens pode ser entendido em
sentido empírico (nesse caso a expressão indica
os indivíduos que roubam e os que não roubam,
os que matam e os que não matam) , mas pode-
se pensar também na essência ou natureza
humana própria da pessoa racional ou na
dignidade do homem e, então, pode e se deve –
encontrar uma fundação racional pela qual entre
quem rouba e quem não rouba possa ser
estabelecida uma diferença no plano moral.
Mas essa observação que julgamos
simples, pressupõe a instância
metafísica, a necessidade e a
capacidade de nossa mente de ir além
do fato empírico e de captar em
profundidade a razão de ser das coisas
e a verdade dos comportamentos, sua
conformidade com a dignidade da
pessoa.
 É complexo, mas devemos buscar a
fundação racional dos valores.
 É necessário chegar a um fundamento
de verdade para a ação moral e para
os valores.
 Uma sociedade sem valores não pode
subsistir, mas se esses valores forem
apenas opiniões, não construirão
nenhum vínculo social.
 Isto porque, a ética sem verdade
representa um copo vazio diante de
alguém que morre de sede.
 Não é fácil reconhecer nas situações
concretas a adesão à norma do bem e
da verdade de um comportamento,
mas é essa a tarefa da razão prática.
 Por isso, afirma Maritain, o
conhecimento da norma moral é um
tipo de conhecimento análogo a outras
formas de conhecimento, como a
matemática e a história, mas se trata
sempre de um conhecimento que deve
ser aplicado as outras áreas do saber.
Ética descritiva e modelo sociobiológico:
 Uma primeira tentativa de dar fundamento à
norma ética com base nos fatos e com
consequência de relativizar valores e normas é
representada pela orientação sociológica-
historicista: trata-se de uma proposta ética
puramente descritiva.
 Segundo a teoria, a sociedade em evolução
produz e altera valores e normas que são
funcionais em seu desenvolvimento, assim
como os seres vivos se desenvolveram, em sua
evolução biológica.
 A teoria evolucionista de Darwin acaba
se harmonizando com o sociologismo de
Weber.
 Da mesma forma a antropologia cultural,
quando afirma que assim como a vida
está sujeita à evolução, a sociedade
evolui, portanto os valores morais tb
evoluem. A moral seria expressão
cultural.
 A ética nessa visão exerce o papel e tem
a função de manter o equilíbrio evolutivo,
o equilíbrio da mutação, da adaptação e
do ecossistema.
 É óbvio que entre natureza e cultura há uma
conexão íntima e o limite é às vezes difícil de
ser estabelecido, mas para esses pensadores a
natureza se resolve na cultura e vice-versa. A
cultura não é outra coisa que a elaboração
transcritiva da evolução da natureza.
 Aceitar esse modelo seria reduzir o homem a
um momento historicista e naturalista do
cosmo.
 Essa visão traz consigo o relativismo de toda
ética e valor humano.
 É uma ideologia heraclítica, não se reconhece
nenhuma unidade estável e nenhuma
universalidade de valores.
 À luz desse modelo são avaliados como
mecanismos necessários à evolução e ao
progresso da espécie humana os da
adaptação e seleção.
 A adaptação ao ambiente e ao ecossistema e
a seleção das qualidades mais idôneas ao
progresso da espécie levam a justificar o
eugenismo, tanto negativo como positivo.
 Agora que a humanidade atingiu a capacidade
de dominar cientificamente os mecanismos
da evolução e da seleção biológica por meio
da engenharia genética, justifica-se, segundo
os seguidores dessa teoria , a engenharia
genética seletiva, para animais e homens.
 O modelo subjetivista ou liberal-radical:
 Correntes de pensamentos – confluência no
subjetivismo moral: neo-iluminismo, o
liberalismo ético, o existencialismo
niilista, o cientismo neopositivista, o
emotivismo, o decisionismo.
 A principal tese é que a moral não se pode
fundar nem sobre os fatos nem sobre os
valores objetivos ou transcendentais, mas
apenas sobre a escolha autônoma do sujeito.
 Parte-se do não–cognotivismo, da não –
cognoscibilidade dos valores.
 A autonomia passa a ter preponderância.
 O único fundamento do agir moral é a escolha
autônoma, e o horizonte ético-social é
representado pelo compromisso com a
liberalização da sociedade.
 O único limite é o da liberdade do outro
(a de quem está capacitado de se valer
da liberdade).
 A liberdade é o único ponto de referência.
 Daqui nasce os argumentos para:
liberalização do aborto, escolha do sexo
para quem vai nascer, para quem quer
mudar de sexo, para a fecundação
extracorpórea, de experimentação e
pesquisa, momento da morte (suicídio
como sinal de liberdade).
 É uma liberdade sem responsabilidade.
 Marcuse fala em três liberdades novas para
levar a cumprimento os projetos da Revolução
Francesa e da Revolução Russa, que ao seu ver
tiveram em mira apenas a liberdade civil e a
liberdade da necessidade.
 As novas fronteiras da liberdade seriam:
liberdade do trabalho (o trabalho torna escravo
a atividade humana); a liberdade da família ( a
família tornaria escrava a afetividade do
homem) e a liberdade da ética ( esta
estabeleceria limites à mente do homem e os
limites reprimiriam a própria liberdade de
escolha). Falava do amor livre e polimorfo em
sua obra Eros e Civilização.
 A liberdade aqui aparece como um jogo
trágico – um niilismo, nada supõe antes
da liberdade e dentro da liberdade.
 Na verdade todo ato livre supõe a vida, é
o existente do homem que realiza a
liberdade. A vida existe antes da
liberdade.
 A liberdade tem um conteúdo.
 A liberdade supõe o ser e o existir.
 Quando a liberdade se põe contra a vida,
destrói a si mesma. Quando nega a
responsabilidade da escolha, reduz-se a
uma força cega e arrisca o jogo consigo
mesma, o suicídio.
 Falamos aqui da responsabilidade que
nasce dentro da liberdade e é
sustentada pela razão, que avalia os
meios e os fins para um projeto
livremente perseguido.
 Os protagonistas do subjetivismo ético
estão diante da dificuldade de não
conseguirem estabelecer uma norma
social.
Modelo pragmático-utilitarista
O princípio básico é o do cálculo das
conseqüências da ação na base da
relação custo-benefício.
 O velho utilitarismo que remonta ao
empirismo de Hume que reduzia o
cálculo dos custos benefícios à avaliação
agradável-desagradável de cada sujeito.
 O neo-utilitarismo se inspira em
Bentham e Mill e resume-se no tríplice
mandamento: maximizar o prazer,
minimizar a dor e ampliar as esferas da
liberdade pessoais para o maior número
 É sobre esses parâmetros que se elabora o
conceito de qualidade de vida (quality of life).
 A qualidade de vida é avaliada justamente em
relação à minimização da dor e muitas vezes dos
custos econômicos.
 Fórmulas inventadas para cada categoria de
paciente – neonato malformado, doentes com
tumor – comparando fatores não-homogêneos
(saúde – produtividade, terapia e
disponibilidade de fundos) acabam decretando
a rejeição das terapias ou assistência em
nome da não–produtividade das despesas ou
de um conceito de qualidade de vida baseado
simplesmente na avaliação de fatores
biológicos e econômicos.
 Nesse terreno da procura da felicidade e da
qualidade de vida, chega-se com alguns autores, á
redução da categoria de pessoa à de ser senciente,
enquanto este é capaz de sentir dor e prazer.
 As conseqüências disso: 1. a não – consideração
dos direitos dos insensíveis; 2. justificação da
eliminação de indivíduos sencientes para os quais
os sofrimentos ultrapassa (ou é previsível que
ultrapasse) o prazer ou de indivíduos que
provocam nos outros quantitativamente mais dor
que alegria (os deficientes, os fetos malformados).
 A justificação de intervenções mesmo
supresivas na vida humana, com a única
condição de evitar o sofrimento (licitude
do aborto, mesmo em estágios avançado
de gestação).
 Se de um lado o utilitarismo exclui do
respeito alguns seres humanos, do outro
lado, paradoxalmente chega ao
nivelamento de animais e seres
humanos na base da capacidade de
sentir, de perceber o prazer e a dor.
MODELO CONTRATUALISTA
 O contratualismo também é firmado no
critério do acordo intersubjetivo
estipulado pela comunidade ética, por
todos que têm a capacidade a faculdade
de decidir (Engelhardt).
 O consenso social da comunidade ética
justifica para esse pensador o
preterimento de todos que não fazem
ainda parte da comunidade ( embrião,
fetos e crianças), cujos direitos
dependeriam portanto dos adultos, por
esses não serem considerados pessoas.
TEORIA DO DISCURSO
 A teoria da comunicação ( Apel e Habermas),
coloca na base do consenso social a
comunicação.
 Parte-se da idéia que alguns valores estão
embutidos na comunicação: verdade, respeito
pela opinião outro, respeito pela liberdade, mas
só são valores prévios e preparatórios para a
fundação de uma norma.
 O princípio fundamental estabelecido por essas
correntes, é que: as normas a serem
justificadas devem ser capazes de obter o
consenso em todas as suas conseqüências
previsíveis para todos os interessados, corre-se
o risco de subordinar a validade da norma ao
consenso e de não poder determinar quem são
 Uma orientação que pode incluída dentro
da ética pública é o principialismo
(Beauchamp e Childress).
 Os conhecidos princípios: benefício, não
malefício, autonomia e justiça), tem a
necessidade de uma fundamentação.
 Resta definir o que é ou não o bem para
o paciente.
 A hierarquia entre os princípios –
autonomia e benefício.
 A clareza da deontologia prima facie.
O modelo Personalista
 Três formas de personalismo
 O personalismo relacional. No
personalismo relacional-comunicativo
ressalta-se sobretudo o valor da
subjetividade e da relação intersubjetiva
(Habermas e Apel)
 O personalismo hermenêutico. Sublinha-
se o papel da consciência subjetiva ao
interpretar (Gadamer).
 O personalismo ontológico. No
significado ontológico, sem negar a
relevância da subjetividade relacional e
da consciência, deseja-se sublinhar que,
como fundamento da própria
subjetividade, está a existência de uma
essência constituída na unidade corpo-
espírito.
 A pessoa é entendida como define
Boécio: rationalis naturae individua
substantia. No homem, a personalidade
subsiste na individualidade constituída
por um corpo animado e estruturado por
um espírito.
 É o único ser vivo que tem a capacidade
de captar e descobrir o sentido das
coisas, e dar sentido às suas expressões
e à sua linguagem consciente.
 Razão, liberdade e consciência
representam, para nos expressarmos
como Popper, uma criação emergente,
irredutível ao fluxo das leis cósmicas e
evolucionistas.
 Isso por causa de uma alma espiritual
que informa e dá vida à realidade
corpórea.
 O eu é irredutível a cifras, números,
átomos, células e neurônios.
 A pessoa humana é uma unidade, um
todo, e não uma parte de um todo.
 A própria sociedade tem como
referência e pessoa humana: a pessoa é
o fim e a fonte da sociedade.
 Mesmo na reflexão laica, a pessoa é
apresentada sempre como fim, nunca
como meio.
 O personalismo, aqui, não deve ser
confundido com o individualismo
subjetivista, concepção na qual se
sublinha como constitutiva da pessoa
quase exclusivamente a capacidade de
autodecisão e de escolha.
 O personalismo clássico, de tipo realista
e tomista, sem negar esse componente
existencial, ou capacidade de escolha,
quer afirmar também e prioritariamente,
a existência de um estatuto objetivo e
existencial (ontológico) da pessoa.
 A pessoa é antes de tudo um corpo
espiritualizado, um espírito encarnado, que vale
por aquilo que é, e não somente pelas escolhas
que faz.
 Em toda escolha, a pessoa empenha aquilo que
é, a sua existência, sua essência, o seu corpo e
o seu espírito.
 Em toda escolha existe não apenas o exercício
da escolha, a faculdade de escolher, mas
também o contexto da escolha: um fim, os
meios e valores.
 O personalismo realista vê na pessoa uma
unidade, a unitotalidade de corpo e espírito,
que representa o seu valor objetivo, pelo qual
a subjetividade se responsabiliza.
 O aspecto subjetivo e o aspecto objetivo
da pessoa se exigem e se implicam numa
ética personalista.
 O valor ético de um ato deverá ser
considerado sob o perfil subjetivo da
intencionalidade, mas deverá também ser
considerado em seu conteúdo objetivo e
nas conseqüências.

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  • 1. Os modelos de bioética  Modelos éticos de referência????  Teorias sobre a fundação do juízo ético????  Há no campo bioético uma pluralidade de antropologias referentes e de teorias sobre a fundação do juízo ético.  Há toda uma discussão sobre quais valores e os princípios sob os quais devemos fundar os nossos juízos éticos.  Duas posições vem sendo tomadas: uma que trabalha a fundação baseada numa espécie de consenso pragmático, flexível, segundo as circunstâncias.  E outra, que pede uma verdadeira justificação, exigindo uma demonstração da razão última pelo qual um ato moral deve ser julgado bom
  • 2.  A segunda posição é a de cunho metaético, a que deseja uma justificação fundadora e racional dos valores, das normas e dos princípios bioéticos.  É sobre a metaética que se constrói a metabioética.  Modelo Cognitivista e naõ-cognitivista: a lei de Hume.  A lei de Hume – separa cognitivistas e não- cognitivistas.  A lei deriva de uma observação contida na obra Tratado da natureza humana de Hume e retomada pela filosofia analítica, com Moore, que a definiu falácia naturalista.
  • 3.  Afirma essa lei, que existe um grande desacordo entre o âmbito dos fatos naturais e o dos valores morais: os fatos são cognoscíveis e podem ser descritos com o verbo no indicativo e demonstrados cientificamente, enquanto os valores e as normas morais são simplesmente pressupostos e dão lugar a juízos prescritivos indemonstráveis.  Entre o ser (fatos observáveis) e o dever ser não existiria nenhuma ligação.
  • 4.  Os não-cognitivistas julgam que os valores não podem ser objeto de conhecimento e de afirmações qualificáveis como verdadeiras ou falsas.  Ao contrário, os cognitivistas procuram uma fundamentação racional e objetiva para os valores e para as normas morais.  Justificar a ética, e portanto, a bioética, quer dizer discutir em primeiro lugar a possibilidade de superar a grande divisão ou falácia naturalista.
  • 5.  Todo problema da falácia está no significado que se confere à palavra ser, que indica a fatualidade conhecível.  Se por ser se entende a mera fatualidade empírica, a lei de Hume se justifica.  Por ex. pelo fato de muitos homens roubarem e matarem, não se pode com certeza concluir que furto e homicídio sejam moralmente lícitos, e, se quisermos demonstrar que representam atos ilícitos, deveremos recorrer a um critério que não seja simplesmente uma pesquisa dos fatos.  Mas a idéia de ser subjacente aos fatos pode ser entendida de modo não simplesmente empírico, mas mais profundo e compreensivo, como, por ex. essência ou natureza, ou seja, em sentido metafísico.
  • 6.  Nesse sentido o dever ser pode encontrar um fundamento no ser, naquele ser que todo sujeito consciente é chamado a realizar. Assim, o termo homens pode ser entendido em sentido empírico (nesse caso a expressão indica os indivíduos que roubam e os que não roubam, os que matam e os que não matam) , mas pode- se pensar também na essência ou natureza humana própria da pessoa racional ou na dignidade do homem e, então, pode e se deve – encontrar uma fundação racional pela qual entre quem rouba e quem não rouba possa ser estabelecida uma diferença no plano moral.
  • 7. Mas essa observação que julgamos simples, pressupõe a instância metafísica, a necessidade e a capacidade de nossa mente de ir além do fato empírico e de captar em profundidade a razão de ser das coisas e a verdade dos comportamentos, sua conformidade com a dignidade da pessoa.
  • 8.  É complexo, mas devemos buscar a fundação racional dos valores.  É necessário chegar a um fundamento de verdade para a ação moral e para os valores.  Uma sociedade sem valores não pode subsistir, mas se esses valores forem apenas opiniões, não construirão nenhum vínculo social.  Isto porque, a ética sem verdade representa um copo vazio diante de alguém que morre de sede.
  • 9.  Não é fácil reconhecer nas situações concretas a adesão à norma do bem e da verdade de um comportamento, mas é essa a tarefa da razão prática.  Por isso, afirma Maritain, o conhecimento da norma moral é um tipo de conhecimento análogo a outras formas de conhecimento, como a matemática e a história, mas se trata sempre de um conhecimento que deve ser aplicado as outras áreas do saber.
  • 10. Ética descritiva e modelo sociobiológico:  Uma primeira tentativa de dar fundamento à norma ética com base nos fatos e com consequência de relativizar valores e normas é representada pela orientação sociológica- historicista: trata-se de uma proposta ética puramente descritiva.  Segundo a teoria, a sociedade em evolução produz e altera valores e normas que são funcionais em seu desenvolvimento, assim como os seres vivos se desenvolveram, em sua evolução biológica.
  • 11.  A teoria evolucionista de Darwin acaba se harmonizando com o sociologismo de Weber.  Da mesma forma a antropologia cultural, quando afirma que assim como a vida está sujeita à evolução, a sociedade evolui, portanto os valores morais tb evoluem. A moral seria expressão cultural.  A ética nessa visão exerce o papel e tem a função de manter o equilíbrio evolutivo, o equilíbrio da mutação, da adaptação e do ecossistema.
  • 12.  É óbvio que entre natureza e cultura há uma conexão íntima e o limite é às vezes difícil de ser estabelecido, mas para esses pensadores a natureza se resolve na cultura e vice-versa. A cultura não é outra coisa que a elaboração transcritiva da evolução da natureza.  Aceitar esse modelo seria reduzir o homem a um momento historicista e naturalista do cosmo.  Essa visão traz consigo o relativismo de toda ética e valor humano.  É uma ideologia heraclítica, não se reconhece nenhuma unidade estável e nenhuma universalidade de valores.
  • 13.  À luz desse modelo são avaliados como mecanismos necessários à evolução e ao progresso da espécie humana os da adaptação e seleção.  A adaptação ao ambiente e ao ecossistema e a seleção das qualidades mais idôneas ao progresso da espécie levam a justificar o eugenismo, tanto negativo como positivo.  Agora que a humanidade atingiu a capacidade de dominar cientificamente os mecanismos da evolução e da seleção biológica por meio da engenharia genética, justifica-se, segundo os seguidores dessa teoria , a engenharia genética seletiva, para animais e homens.
  • 14.  O modelo subjetivista ou liberal-radical:  Correntes de pensamentos – confluência no subjetivismo moral: neo-iluminismo, o liberalismo ético, o existencialismo niilista, o cientismo neopositivista, o emotivismo, o decisionismo.  A principal tese é que a moral não se pode fundar nem sobre os fatos nem sobre os valores objetivos ou transcendentais, mas apenas sobre a escolha autônoma do sujeito.  Parte-se do não–cognotivismo, da não – cognoscibilidade dos valores.  A autonomia passa a ter preponderância.  O único fundamento do agir moral é a escolha autônoma, e o horizonte ético-social é representado pelo compromisso com a liberalização da sociedade.
  • 15.  O único limite é o da liberdade do outro (a de quem está capacitado de se valer da liberdade).  A liberdade é o único ponto de referência.  Daqui nasce os argumentos para: liberalização do aborto, escolha do sexo para quem vai nascer, para quem quer mudar de sexo, para a fecundação extracorpórea, de experimentação e pesquisa, momento da morte (suicídio como sinal de liberdade).
  • 16.  É uma liberdade sem responsabilidade.  Marcuse fala em três liberdades novas para levar a cumprimento os projetos da Revolução Francesa e da Revolução Russa, que ao seu ver tiveram em mira apenas a liberdade civil e a liberdade da necessidade.  As novas fronteiras da liberdade seriam: liberdade do trabalho (o trabalho torna escravo a atividade humana); a liberdade da família ( a família tornaria escrava a afetividade do homem) e a liberdade da ética ( esta estabeleceria limites à mente do homem e os limites reprimiriam a própria liberdade de escolha). Falava do amor livre e polimorfo em sua obra Eros e Civilização.
  • 17.  A liberdade aqui aparece como um jogo trágico – um niilismo, nada supõe antes da liberdade e dentro da liberdade.  Na verdade todo ato livre supõe a vida, é o existente do homem que realiza a liberdade. A vida existe antes da liberdade.  A liberdade tem um conteúdo.  A liberdade supõe o ser e o existir.  Quando a liberdade se põe contra a vida, destrói a si mesma. Quando nega a responsabilidade da escolha, reduz-se a uma força cega e arrisca o jogo consigo mesma, o suicídio.
  • 18.  Falamos aqui da responsabilidade que nasce dentro da liberdade e é sustentada pela razão, que avalia os meios e os fins para um projeto livremente perseguido.  Os protagonistas do subjetivismo ético estão diante da dificuldade de não conseguirem estabelecer uma norma social.
  • 19. Modelo pragmático-utilitarista O princípio básico é o do cálculo das conseqüências da ação na base da relação custo-benefício.  O velho utilitarismo que remonta ao empirismo de Hume que reduzia o cálculo dos custos benefícios à avaliação agradável-desagradável de cada sujeito.  O neo-utilitarismo se inspira em Bentham e Mill e resume-se no tríplice mandamento: maximizar o prazer, minimizar a dor e ampliar as esferas da liberdade pessoais para o maior número
  • 20.  É sobre esses parâmetros que se elabora o conceito de qualidade de vida (quality of life).  A qualidade de vida é avaliada justamente em relação à minimização da dor e muitas vezes dos custos econômicos.
  • 21.  Fórmulas inventadas para cada categoria de paciente – neonato malformado, doentes com tumor – comparando fatores não-homogêneos (saúde – produtividade, terapia e disponibilidade de fundos) acabam decretando a rejeição das terapias ou assistência em nome da não–produtividade das despesas ou de um conceito de qualidade de vida baseado simplesmente na avaliação de fatores biológicos e econômicos.
  • 22.  Nesse terreno da procura da felicidade e da qualidade de vida, chega-se com alguns autores, á redução da categoria de pessoa à de ser senciente, enquanto este é capaz de sentir dor e prazer.  As conseqüências disso: 1. a não – consideração dos direitos dos insensíveis; 2. justificação da eliminação de indivíduos sencientes para os quais os sofrimentos ultrapassa (ou é previsível que ultrapasse) o prazer ou de indivíduos que provocam nos outros quantitativamente mais dor que alegria (os deficientes, os fetos malformados).
  • 23.  A justificação de intervenções mesmo supresivas na vida humana, com a única condição de evitar o sofrimento (licitude do aborto, mesmo em estágios avançado de gestação).  Se de um lado o utilitarismo exclui do respeito alguns seres humanos, do outro lado, paradoxalmente chega ao nivelamento de animais e seres humanos na base da capacidade de sentir, de perceber o prazer e a dor.
  • 24. MODELO CONTRATUALISTA  O contratualismo também é firmado no critério do acordo intersubjetivo estipulado pela comunidade ética, por todos que têm a capacidade a faculdade de decidir (Engelhardt).  O consenso social da comunidade ética justifica para esse pensador o preterimento de todos que não fazem ainda parte da comunidade ( embrião, fetos e crianças), cujos direitos dependeriam portanto dos adultos, por esses não serem considerados pessoas.
  • 25. TEORIA DO DISCURSO  A teoria da comunicação ( Apel e Habermas), coloca na base do consenso social a comunicação.  Parte-se da idéia que alguns valores estão embutidos na comunicação: verdade, respeito pela opinião outro, respeito pela liberdade, mas só são valores prévios e preparatórios para a fundação de uma norma.  O princípio fundamental estabelecido por essas correntes, é que: as normas a serem justificadas devem ser capazes de obter o consenso em todas as suas conseqüências previsíveis para todos os interessados, corre-se o risco de subordinar a validade da norma ao consenso e de não poder determinar quem são
  • 26.  Uma orientação que pode incluída dentro da ética pública é o principialismo (Beauchamp e Childress).  Os conhecidos princípios: benefício, não malefício, autonomia e justiça), tem a necessidade de uma fundamentação.  Resta definir o que é ou não o bem para o paciente.  A hierarquia entre os princípios – autonomia e benefício.  A clareza da deontologia prima facie.
  • 27. O modelo Personalista  Três formas de personalismo  O personalismo relacional. No personalismo relacional-comunicativo ressalta-se sobretudo o valor da subjetividade e da relação intersubjetiva (Habermas e Apel)  O personalismo hermenêutico. Sublinha- se o papel da consciência subjetiva ao interpretar (Gadamer).
  • 28.  O personalismo ontológico. No significado ontológico, sem negar a relevância da subjetividade relacional e da consciência, deseja-se sublinhar que, como fundamento da própria subjetividade, está a existência de uma essência constituída na unidade corpo- espírito.  A pessoa é entendida como define Boécio: rationalis naturae individua substantia. No homem, a personalidade subsiste na individualidade constituída por um corpo animado e estruturado por um espírito.
  • 29.  É o único ser vivo que tem a capacidade de captar e descobrir o sentido das coisas, e dar sentido às suas expressões e à sua linguagem consciente.  Razão, liberdade e consciência representam, para nos expressarmos como Popper, uma criação emergente, irredutível ao fluxo das leis cósmicas e evolucionistas.  Isso por causa de uma alma espiritual que informa e dá vida à realidade corpórea.
  • 30.  O eu é irredutível a cifras, números, átomos, células e neurônios.  A pessoa humana é uma unidade, um todo, e não uma parte de um todo.  A própria sociedade tem como referência e pessoa humana: a pessoa é o fim e a fonte da sociedade.
  • 31.  Mesmo na reflexão laica, a pessoa é apresentada sempre como fim, nunca como meio.  O personalismo, aqui, não deve ser confundido com o individualismo subjetivista, concepção na qual se sublinha como constitutiva da pessoa quase exclusivamente a capacidade de autodecisão e de escolha.  O personalismo clássico, de tipo realista e tomista, sem negar esse componente existencial, ou capacidade de escolha, quer afirmar também e prioritariamente, a existência de um estatuto objetivo e existencial (ontológico) da pessoa.
  • 32.  A pessoa é antes de tudo um corpo espiritualizado, um espírito encarnado, que vale por aquilo que é, e não somente pelas escolhas que faz.  Em toda escolha, a pessoa empenha aquilo que é, a sua existência, sua essência, o seu corpo e o seu espírito.  Em toda escolha existe não apenas o exercício da escolha, a faculdade de escolher, mas também o contexto da escolha: um fim, os meios e valores.
  • 33.  O personalismo realista vê na pessoa uma unidade, a unitotalidade de corpo e espírito, que representa o seu valor objetivo, pelo qual a subjetividade se responsabiliza.  O aspecto subjetivo e o aspecto objetivo da pessoa se exigem e se implicam numa ética personalista.  O valor ético de um ato deverá ser considerado sob o perfil subjetivo da intencionalidade, mas deverá também ser considerado em seu conteúdo objetivo e nas conseqüências.