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Autismo 5
Características 6
Desenvolvimento social 8
CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTISMO 9
INCLUSÃO DAS CRIANÇAS AUTISTAS 12
Inclusão Escolar, Familiar e Aprendizagem de Alunos com TEA 15
O que o educador precisa saber 17
Orientações de como trabalhar com alunos Autistas 22
DIFICULDADES DOS ALUNOS COM AUTISMO NA ESCOLA E ESTRATÉGIAS DE
COPING DAS EDUCADORAS. 24
AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL32
A INCLUSÃO DE UMA JOVEM COM AUTISMO NO ENSINO MÉDIO NA PERSPECTIVA
DE SEUS PROFESSORES E COLEGAS 38
TÉCNICAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO DOS AUTISTAS 43
Trajetória de um aluno autista no Ensino Técnico em Informática 50
O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO 63
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM AUTISMO: ROMPENDO A
CÁPSULA 72
Desenvolvimento da linguagem 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS 90
Referências 91
Autismo
O ​transtorno do espectro do autismo (​TEA​), conforme denominado pelo ​DMS-5​,
o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, também conhecido
pela sua denominação antiga (​DSM IV​): ​autismo​, é um transtorno neurológico
caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não
verbal e comportamento restrito e repetitivo. Os sinais geralmente desenvolvem-se
gradualmente, mas algumas crianças com autismo alcançam o marco de autismo é
altamente hereditário, mas a causa inclui tanto fatores ambientais quanto
predisposição genética. Em casos raros, o autismo é fortemente associado a
agentes que causam defeitos congênitos. Controvérsias em torno de outras causas
ambientais propostas; a hipótese de danos causados por vacinas são
biologicamente improváveis e têm sido relatadas em estudos científicos. Os critérios
diagnósticos exigem que os sintomas se tornem aparentes antes da idade de três
anos. O autismo afeta o processamento de informações no cérebro, alterando a
forma como as células nervosas e suas sinapses se conectam e se organizam;
como isso ocorre ainda não é bem compreendido. Transtornos antes classificados
separadamente, como a Síndrome de Asperger e o Transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação — comumente abreviado como
PDD-NOS (sigla em inglês) ou TID-SOE (sigla em português) — hoje fazem parte
de uma única classificação diagnóstica, tanto no ​DMS-5 (código 299.0) quanto na
CID​-11 (código 6A02),o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Intervenções precoces em deficiências comportamentais, cognitivas ou da fala
podem ajudar as crianças com autismo a ganhar autonomia e habilidades sociais e
de comunicação. Embora não exista nenhuma cura conhecida, há relatos de casos
de crianças que se recuperaram. Poucas crianças com autismo vivem de forma
independente depois de atingir a idade adulta, embora algumas tenham sucesso.
Tem se desenvolvido uma cultura do autismo, com alguns indivíduos buscando uma
cura enquanto outros creem que o autismo deve ser aceito como uma diferença e
não tratado como um transtorno.
Desde 2010, a taxa de autismo é estimada em cerca de 1–2 a cada 1.000 pessoas
em todo o mundo, ocorrendo 4–5 vezes mais em meninos do que meninas. Cerca
de 1,5% das crianças nos Estados Unidos (uma em cada 68) são diagnosticadas
com ASD, a partir de 2014, houve um aumento de 30%, uma a cada 88, em 2012.
Em 2014 e 2016, os números foram de 1 em 68. Em 2018, um aumento de 15% no
diagnóstico elevou a prevalência em 1 para 59 crianças. A taxa de autismo em
adultos de 18 anos ou mais no Reino Unido é de 1,1% o número de pessoas
diagnosticadas vem aumentando drasticamente desde a década de 1980, em parte
devido a mudanças na prática do diagnóstico e incentivos financeiros subsidiados
pelo governo para realizar diagnósticos; a questão se as taxas reais têm aumentado
realmente, ainda não é conclusiva.
No Brasil, ainda não há número precisos, muito menos oficiais a respeito de
epidemiologia dos casos de autismo. O único estudo brasileiro sobre epidemiologia
de autismo, foi feito em 2011, um estudo-piloto ainda numa amostragem pequena,
apenas 20 mil pessoas, num bairro da cidade de Atibaia (SP), resultando em 1 caso
a cada 367 crianças. Em 5 de novembro de 2018, a Spectrum News lançou um
mapa-múndi online​, em inglês, com todos os estudos científicos publicados de
prevalência de autismo mundo afora.
Características
O autismo é um transtorno neurológico altamente variável, que aparece pela
primeira vez durante a infância ou adolescência e geralmente segue um curso
estável, sem remissão. Os sintomas evidentes começam gradualmente após a
idade de seis meses, mas geralmente estabelecem-se entre os dois ou três anos e
tendem a continuar até a idade adulta, embora muitas vezes de forma mais
moderada.​1
Destaca-se não por um único sintoma, mas por uma tríade de sintomas
característicos: prejuízos na interação social, deficiências na comunicação e
interesses e comportamento repetitivo e restrito. Outros aspectos, como comer
atípico também são comuns, mas não são essenciais para o diagnóstico. Os
sintomas individuais de autismo ocorrem na população em geral e não são sempre
associados à síndrome quando o indivíduo tem apenas alguns traços, de modo que
não há uma linha nítida que separa traços patologicamente graves de traços
comuns.
Essa situação é lamentável, tendo em vista que a intervenção precoce está
associada a ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da
criança. Alguns estudiosos tem até mesmo sugerido que a intervenção precoce e
intensiva tem o potencial de impedir a manifestação completa do TEA, por coincidir
com um período do desenvolvimento em que o cérebro é altamente plástico e
maleável. Não é surpreendente, portanto, que a busca por sinais precoces do
autismo continua sendo uma área de intensa investigação científica. Alguns
marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem
anormalidades no controle motor, atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade
diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da
atenção. São sinais sugestivos no primeiro ano de vida:
- perder habilidades já adquiridas,
como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social;
- não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente;
- não apresentar sorriso social;
- baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado;
- baixa atenção à face humana (preferência por objetos);
- demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas;
- não seguir objetos e pessoas próximos em movimento;
- apresentar pouca ou nenhuma vocalização;
- não aceitar o toque;
- não responder ao nome;
- imitação pobre;
- baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito
engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta)
- interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores;
- incômodo incomum com sons altos;
- distúrbio de sono moderado ou grave;
- irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação;
A avaliação formal do Desenvolvimento Neuropsicomotor é fundamental e
indispensável e faz parte da consulta pediátrica.
Desenvolvimento social
Déficits sociais distinguem o autismo dos transtornos do espectro do autismo de
outros transtornos do desenvolvimento​.
As pessoas com autismo têm prejuízos
sociais e muitas vezes falta a intuição sobre os outros que muitas pessoas
consideram trivial. A notável autista Mary Temple Grandin descreveu sua
incapacidade de compreender a comunicação social de neurotípicos (nomenclatura
utilizada para se referir a pessoas com o desenvolvimento neural normal), como
"sentindo-se como uma antropóloga em Marte".
CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTISMO
O primeiro autor a escrever sobre o autismo foi o médico austríaco Leo
Kenner, em um hospital nos Estados Unidos. Leo Kanner havia observado
um dos seus primeiros pacientes descritos neste estudo clássico em 1938. Ao
todo, seu trabalho incluía descrição de onze crianças: oito meninos e três
meninas (KANNER, 1943).
Leo Kanner usou essa palavra autismo em 1943 para descrever uma série de
sintomas que observava em alguns de seus pacientes. Com o passar dos
anos, porém, ficou provado que essas crianças apresentavam apenas uma
das manifestações de autismo, definindo o autismo como um transtorno que
se estruturava nos dois primeiros anos de vida.
De acordo com a pesquisa de diversos autores, sabemos que é possível
detectar o autismo logo nos primeiros meses de vida, por meio da realização
de diagnósticos é possível identificá-lo. Para chegarem a essa conclusão os
autores investigaram mais de 80 crianças, onde a maioria era do sexo
masculino, sendo assim, a maior probabilidade do autismo ocorrer é em
crianças do sexo masculino. No entanto, os autores acharam que os
resultados obtidos não eram para todos os tipos de autismo e que ainda
precisam fazer um estudo mais aprofundado dos casos.
Identificar o autismo nos tempos atuais é necessário passar por diferentes
especialistas para chegar a um diagnóstico eficaz. (déficit compulsivo,
agressivos, deficiência mental, transtornos emocionais e personalidades de
esquizoide). Diante dos diagnósticos apresentados, existem uns mais
frequentes: dificuldade de interação social, dificuldades de se expressar,
comportamentos inadequados e outros mais. Disse Kenner que as pessoas
podem até achar estranho, mas deficiência mental não é uma característica
diagnóstica do autismo.
O autismo apresenta diversas características umas mais visíveis de serem
identificadas e outras mais difíceis de serem percebidas. Alguns dos sintomas
podem ser apresentados como:
● Dificuldades da fala
● Dificuldades nas relações interpessoais (alguns preferem viverem
sozinhos em seu mundo, outros já escolhem uma pessoa para se
relacionar, ou seja, ser amigo apenas de uma pessoa).
● Apresentam dificuldades na leitura e escrita e são melhores em
cálculos
● Comunicam-se através de gestos quase não usam a fala
● Alguns apresentam crises de risos e ataques eufóricos.
Segundo as observações de Kenner, a única coisa que realmente é comum
em todas as crianças são as dificuldades em ter relações interpessoais.
Considerava algumas características apresentadas em partes secundarias
como um atraso na linguagem, ou seja, na fala. E dessas onze crianças, oito
delas se desenvolviam bem na fala, porém não tinham muita interação no
meio em que viviam.
Para JEAN PIAGET
Via o autismo e o pensamento autista como um primeiro estágio no desenvolvimento da inteligência das
crianças normais. De novo, Piaget não empregava o termo autismo sem a conotação moderna. Ele via a
inteligência originando-se de fenômenos sensitivo-motores não direcionados e, portanto, autistas. Jean Piaget
(1936, apud BENDER, 1959).
Segundo Piaget o autismo era um dos primeiros estágios de desenvolvimento
de inteligências das crianças. Enxergava as crianças autistas como um ser
muito inteligente. E esse pensamento de Piaget não era exposto de acordo
com a realidade vivida e sim como um sonho imaginário dele.
Kenner destacou que fisicamente essas crianças eram expostas como
normais. Pois todos tinham muita inteligência e suas habilidades eram mais
nas áreas de exatas, cálculos e artes e que também a maiorias dessas
crianças tinham pais que já eram formados em faculdades isso na era em que
mulher mal poderia nem se quer estudar e imagina ser formadas em
faculdades.
Na visão de Kenner os pais quando tinham crianças autistas eram distantes e
não se importavam com seus filhos. Para eles os filhos eram normais e não
precisam de um olhar diferenciado, mas, em suas anotações pessoais,
destacava que poucas vezes em sua prática clínica ele identificava crianças
tão bem observadas por seus pais.
De acordo com os artigos de Kenner, ele não afirma com clareza se a
psicodinâmica é a origem de onde surge o autismo, mas existe essa hipótese,
porque ao observar as crianças o mesmo percebeu que a maioria não
possuía capacidade para ter certo contato afetivo e biológico em seus
desenvolvimentos e havia grandes possibilidades das crianças não terem
personalidades dos seus pais, e então daí surgiu uma dúvida de que esse
transtorno seja relacionado à psicodinâmica.
Nos anos 70 Kenner, buscou ter novamente contando com seus 11
pacientes, onde com duas delas ele não obteve mais contato, pois uma havia
morrido aos 29 anos. E do grupo de crianças que ele observou apenas duas
tiveram sucesso na sua vida profissional e nos relacionamentos com a
sociedade. E os outros permaneceram internados em clínicas para
deficientes sem se quer ter contato nenhum com os pais. Já para as crianças
que obtiveram sucesso foi considerado como um marco, pois assim
conseguiram interagir na sociedade e ter uma comunicação eficaz e ser igual
às outras pessoas.
Com o passar do tempo os autores tomaram conhecimento do
posicionamento de Kenner em relação aos autistas e acabaram adotando
quase a mesma teoria para darem uma designação sobre essas crianças.
Daí surge à teoria de Asperger onde ele disse que as crianças tinham uma
inteligência preservada e o desenvolvimento na linguagem era normal, mas
aparentava sim sintomas de autismo e comprometimentos nas habilidades
sociais.
Segundo Bosa (2002), são chamadas Autistas as crianças que tem
inadaptação para estabelecer relações normais com o outro, um atraso na
aquisição da linguagem e, quando ela se desenvolve, uma incapacitação de
lhe dar um valor de comunicação.
Rivière (2004), entre outros estudiosos, apontam para a intervenção
pedagógica como um dos grandes aliados ao tratamento de pessoas com
autismo. Não se sabe ainda como curar um autista, mas, reduzir a
dependência talvez seja o caminho dos atendimentos e dos processos
recomendados. As limitações de comunicação, os comportamentos
indesejados, associados ao isolamento, talvez sejam, dentre outros sintomas,
os motivos da busca pela melhor intervenção terapêutica e psicopedagógica.
Já na década de 90, quase todos os autores começaram a aceitar que o
autismo infantil era uma doença neurológica orgânica, se haver psicogênico,
com etiologia na genética. As causas do Autismo ainda são desconhecidas,
consistindo o problema da etiologia, Sendo um tema base de intensas
pesquisas de conceituados estudiosos na área. Segundo Bosa e Callis (2000)
apontam que há dois grandes blocos de teorias que se opõem, sendo essas
as teorias psicogenéticas e biológicas.
INCLUSÃO DAS CRIANÇAS AUTISTAS
A inclusão do aluno autista no ensino regular é um direito garantido por lei,
como fala no capítulo V da (LDB) lei de Diretrizes e Bases, 9394/96 que trata
sobre a educação especial. Ela deve visar à integração afetiva do Aprendente
(a vida em sociedade). Assim como aponta também na constituição federal, a
convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiências que deve
ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, assegurando aos
mesmos, currículo, métodos, técnicas, recursos educativos específicos para
atender às suas necessidades, dentre outros. (BRASIL, 1996), estatuto da
criança e do adolescente que também assegura o acesso a regular a escola
para todos.
Pensando no conteúdo político envolvendo essa proposta pedagógica, a
formação dos educando é uma educação que será levada para a vida toda.
Visto que há (ou poderia ser), a sua preparação para ter boa atuação na vida
pública.
Deste modo, deveríamos buscar entender a Educação Especial, precisa de
uma elaboração política focada em modalidades práticas para que haja
reconhecimento sobre as competências e a notificação de experiências para
que não haja aprendizado apenas formal, e nos currículos não se inclui
apenas conteúdo, mas também as práticas vivenciadas no cotidiano para que
haja envolvimento, interação e motivação em busca de objetivos de
interesses comuns.
Assim como MAZZOTTA diz:
A inclusão da “educação de deficientes”, da “educação dos excepcionais” ou da “educação especial” na política
educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta do
século XX. (MAZZOTTA, 1996, p. 27).
A inclusão escolar como prática que visa atender as necessidades educativas
de cada aluno, incluindo-os em salas normais, de ensino regular, buscando
desenvolver a aprendizagem e o desenvolvimento necessário de todos na
inclusão. Os alunos devem ter possibilidade de integrar-se no ensino regular,
mesmo aqueles com dificuldades, com transtornos globais. A escola deverá
ter consciência e adaptar-se com o objetivo de atender todos os alunos ali
inseridos, com quaisquer necessidades.
A inclusão é de suma importância, pois assim estarão garantindo a
convenção entre adolescentes, crianças que tenha ou não alguma
deficiência, promovendo o aprendizado de respeito e tolerância as diferenças,
transformando a educação inclusiva também em sociedade com inclusão.
Segundo Mittler (2000) a inclusão tem como intuito garantir que todas as
crianças façam parte de um grupo, comunidade, e de um sistema de ensino
que possa oferecer oportunidades, assim como as demais crianças que não
possuem nenhuma necessidade especial, na tentativa que essas crianças
sejam incluídas e escapem dos preconceitos e isolamento.
Para garantir a inclusão é necessário haver salas de professores
especializados é indispensável contar com salas de apoio para obter maior
êxito na inclusão desses alunos. Sendo que esse professor não necessita ser
exclusivo de apenas uma escola, podendo ele trabalhar em grupos com
várias escolas, sendo especializado e saber realizar atividades de integração
eficaz, realizar avaliações precisas, traçando estratégias, organizar métodos
de trabalho. Principalmente demonstrando que trabalha com crianças
transmitindo tudo ao professor seja ele de sala regular ou não.
Sendo assim, educar uma criança autista é um grande desafio, e também um
grande privilégio, segundo Bereohff “é uma experiência que leva o professor
questionar suas ideias sobre desenvolvimento, educação normalidade e
competência profissional” (1994, p.11).
Inclusão Escolar, Familiar e Aprendizagem de Alunos com TEA
Incluir um aprendente autista no âmbito escolar no ensino regular necessita
de atenção, levando em consideração que, por mais que a escola tenha
estrutura e metodologia específica para trabalhar com essas crianças, a
família é o gancho na interação com a escola, pois ambas devem manter uma
constante participação, estando sempre em contato direto na vida do
discente, para obter resultados significativos no desenvolvimento cognitivo e
interpessoal dessas crianças.
Por serem estas as características mais visíveis no autismo. Com isso, os
professores e psicopedagogos devem avaliar com o objetivo de descobrir
quais mecanismos há em seu alcance para poder aplicar recursos educativos
relacionados à necessidade de cada educando. As estereotipias são
mecanismos de expressão, com Aprendente autistas deve-se ter cuidado ao
controlar as estereotipias.
Tem grande importância às atividades de desenvolvimento para o raciocínio
lógico, autonomia intelectual e que tenham prazer em buscar pensamentos
inovadores. Os professores podem aplicar atividades que proporcionem
prazer aos alunos quando as praticarem, dando a eles oportunidade de maior
interação, incentivando a imaginação de descobertas. Porém se sabe que
logo no começo do processo de ensino das crianças com necessidades
educativas especiais relacionadas ao autismo, o professor pode se sentir
inapto a interagir com as mesmas. Deste modo, sua sensação é que, a
criança se recusa a interagir com o professor, não querendo aprender nada
proposto por ele.
Devemos dizer que o desenvolvimento de uma criança irá depender dos
recursos de ensino usados pelo professor, tendo em mente que mesmo, que
a criança sendo portadora de síndrome não deixe de ser criança, então
devem ser tratadas com cuidado, havendo respeito à limitação de cada uma.
Os métodos de ensino utilizados devem ser de diversas maneiras,
proporcionando o apoio e o desenvolvimento, sendo estes adequados a todos
os envolvidos na prática. Com isso, o docente sempre deverá ter consciência
clara sobre qual é o seu papel, e saber que através do ensino o discente irá
aprender a adquirir conhecimento tendo consciência de si próprio.
Uma rotina de avisos e transição será uteis para uma criança portadora de
autismo, sabendo que a flexibilidade é algo importante na vida e que precisa
ser trabalhado, um exemplo são coisas diferentes que acontecem no
ambiente escolar, tipo quando a chegada um professor novo ou viagem de
campo vão causar ansiedade e desconforto a ela. Por isso necessitam de um
aviso com pelo menos uns cinco minutos de antecedência;
O educador necessita estar ciente que o trabalho com essas crianças, é um
processo continuo demorado paciente, até mesmo porque uma das
características do TEA é a falta de atenção, pois, a atenção deste está
sempre comprometida, e para o professor atrair sua atenção ele necessita de
utilizar recursos didáticos de modo que ele irá envolver a atenção da criança
conseguindo então trabalhar e desenvolver-se com ela, tanto a parte social,
quanto a parte motora. Usar atividades lúdicas, como por exemplo,
brincadeiras que prenda a atenção dessas crianças (futebol, jogos
estimulando a coordenação motora e envolvendo a interação social, junto
com a ajuda dos seus colegas de sala, visando em algo que o faça interagir
no meio em que ele está inserido).
Segundo SCHWARTZMAN EASSUNÇÃO JUNIOR:
Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores serão as chances dela promover novas
aprendizagens, ou seja, independente da programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa
quando ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor (SCHWARTZMAN EASSUNÇÃO JUNIOR,
1995).
Profissionais e familiares possuem funções importantes para construírem
ações inclusivas voltadas aos discentes portadores de autismo, as atividades
devem ser elaboradas com o intuito de propiciar autonomia. E necessário ter
um profissional qualificado (psicopedagogo) dando assistência ao professor
em sala de aula. Se caso o aluno não tenha total autonomia, pois há grandes
dificuldades para um único educador atender a todos os alunos da classe.
Por isso, faz-se necessário haver um profissional auxiliando o professor em
sala. Podendo este ser um cuidador, ficando responsável para dar suporte ao
professor, trabalhando as necessidades básicas das crianças com exemplo
auxiliar na parte da higiene, e também com as tarefas escolares. Deste modo,
o professor conseguirá trabalhar com toda a turma atendendo a sua
demanda.
O que o educador precisa saber
Em primeiro lugar, é preciso entender o que é autismo e suas principais
classificações, tendo foco que uma das partes mais afetadas é a interação
social, podendo a criança apontar dificuldades em brincar em ter contato
visual interesses restritos por objetos etc. após entender e conhecer a
síndrome faz-se necessário observa as características de cada aluno,
observar qual seu comportamento diante das atividades propostas em sala de
aula para assim poder trabalhar métodos de ensino diversificados e sempre
estar aproveitando o conhecimento de mundo que cada Aprendente venha
demonstrar em sala.
Afirma VYGOTSKY que:
O professor deve ter consciência de sua importância como mediador e compreender que cada criança dentro de
sala de aula se desenvolve, amadurece e aprende de forma particular, ou seja, atinge expectativas de
aprendizagens únicas e que a todo tempo deve ser valorizada e estimulada a atingir níveis cada vez mais
elevados (VYGOTSKY, 1978 apud SANTOS, 2013, p.13).
Uma criança aprende de forma natural, espontânea, por meio de brincadeiras que
evolvam pais, colegas e professores no ambiente escolar. Onde possam adquirir
habilidades e criarem vínculos de amizades.
Já para as crianças autistas não ocorre da mesma forma, para elas há uma relação
diferente entre o sentido e o cérebro. As informações obtidas não são transformadas
totalmente em conhecimentos. O professor tem que estar ciente das diferenças de
cada aluno, que as crianças estarão ali para aprender e não apenas para ter uma
socialização, mas que também são capazes de adquirir múltiplos conhecimentos.
Para um autista é necessário que seja explicado à função dos objetos, devido a
terem dificuldades de compreendê-los. Não é sempre que uma criança vê uma bola,
e de imediato quer chutá-la, sendo que é possível criar estereotipias e formas
incomuns de manuseio.
Destarte, das leituras que tudo passará a ter certo valor pedagógico, tais como:
habilidades, usos e todas as atividades da vida diária devem ser exercitados. O
portador de autismo tem uma atração relevante por objetos que balançam e rodam.
Maria Montessori diz que a criança cria a própria “carne mental’’, usando as coisas
que estão no seu ambiente”. Ela chama a mente da criança de “mente absorvente”.
Os autistas tem a visão, o tato sensíveis, às vezes não suportam locais com
barulhos e acabam se assustando. Mas, na maioria das vezes são atraídos por
algum ruído, fica preso a algo presente no ambiente. Devido a isso é necessário que
fale baixo e seja mantido sempre um ambiente tranquilo. Porém, sempre há algo
que fica fora do nosso controle. Sendo assim, cabe ao professor tranquilizar seu
aluno, distraindo sua atenção para outras atividades, podendo ser atividades
pedagógicas.
Ferrari (2007) observa que o autista viveria em mundo de feito de experiências
globais fracionadas, sem coesão interna, construindo a possibilidade de existência
de uma deficiência no âmbito de alguns processos. Gardner (2000) observava que
de modo geral, as crianças aprendem os valores e as habilidades de sua cultura,
observando os adultos e imitando-os.
Mas, no caso do autista não ocorre de maneira imediata, desse modo é importante
haver objetos que levam a esse fim, atividades que ocupam todo o ambiente (correr,
pular, jogar futebol). É de mera importância que o autista participe com as outras
crianças de brincadeiras.
A criança típica aprende as coisas com mais facilidade exemplo: aprende rápido o
que é um objeto, para que serve e como utilizá-lo. Porém, a criança autista tem
dificuldades de reconhecer um objeto e a sua utilidade. Devido a isso passam a ter
defeitos na linguagem.
Para o autista nada é simples de compreender tudo precisa de objetivo e função. No
ambiente escolar atuação de profissionais capacitados é fundamental, pois em
muitos casos de autismo foi percebido no ambiente escolar. Na escola é preciso
haver afeto, atenção, estímulos para conduzir o Aprendente na sua aprendizagem,
na educação o caminho é mostrado por quem aprende e não por quem ensina.
Segundo apud SANTOS VYGOTSKY:
O docente atua como mediador no desenvolvimento da criança, ele proporciona atividades que as
estimulem a conhecer e a desenvolver novas habilidades, atuando desta forma na Zona de
Desenvolvimento Proximal (Z.D.P.), neste período a criança se encontra com as novidades de seu
meio social e passa por um processo de interação com o meio e amigos de várias faixas etárias
(VYGOTSKY, 1978 apud SANTOS, 2013, p.13).
Saber que a criança autista precisa de ajuda para ter boas interações sociais,
assim cabe ao docente ter paciência e ajudar essa criança a progredir na sua
trajetória de vida.
Todos os educadores que trabalhem com crianças portadoras de transtornos
precisa ter um olhar amplo, não focando apenas na dificuldade em si que a
criança possui, mas, também ver o que pode ser feito de melhor para que a
criança se desenvolva na aprendizagem. Buscando ser aquele educador
profissional que pensa no bem estar de sua sala de aula, entendendo que
antes de qualquer dificuldade em que o Aprendente possa apresentar,
mesmo assim dará retorno ao professor àquilo que foi lhe ensinado, talvez
não seja do modo que foi passado pelo professor, mas apresentará retorno
de algo que aprendeu apesar de todas as dificuldades que uma criança
autista tenha a mesma irá desenvolver um aprendizado significativo.
Em autistas a ecologia poderia cumprir função comunicativa, mas pode haver
dificuldades de compreensão. Para que haja uma boa relação com
Aprendente autistas, o professor (educador) deverá sempre agir e utilizar
expressões claras e objetivas. Chamando-o pelo nome e distinguindo
desejos, vontades e necessidades. Com o intuito de que haja o
funcionamento da linguagem entre os autistas, é de suma importância que o
significado da palavra seja percebido antes do seu uso, por meio da
codificação simbólica de experiências.
Mesmo com déficit cognitiva, muitos autistas mostram-se aptos e
desempenham em Campos específicos. Em todo o tempo o foco deverá ser
mantido no indivíduo autista, pois, suas aptidões servem como pulseiras para
novas habilidades. É comum que haja alunos com hiperatividade e com déficit
de atenção no âmbito escolar, não há uma casa única para o TDAH.
DUL PAUL e STONER observam que muitas toxinas ambientais têm sido
envolvidas para a explicação dos sintomas de hiperatividade. Sendo assim,
não deve ser extenso o período de trabalho com os Aprendente autistas, pois,
o longo período dificulta a concentração.
A psicomotricidade pode ser comprometida em autistas, pois, esta é o
resultado da ação do sistema nervoso a musculatura, assim, o aprendente
terá dificuldades de leitura, escrita e também na identificação das coisas, em
decorrência a isso quem não conhece seu corpo poderá ter seu envolvimento
com o meio prejudicado. Professor possui importância imensa, fazendo com
que haja melhorias no desenvolvimento psicomotor no ambiente escolar.
Ao trabalhar com autistas é essencial que seja realizada uma pesquisa sobre
o Aprendente autista, onde se terá conhecimento da sua relação familiar e
social; seus sentimentos e necessidades, assim as observações darão
direção de como agir no processo. Para que se tenham bons resultados é
preciso que haja sintonia dos profissionais com a família, desse modo,
pressupõe profissionais qualificados, preparados e que não se acomodem
diante de pesquisas sobre a síndrome.
Quando se avalia um educando com autismo, no âmbito escolar é preciso
que seja transmitido a ele segurança e conforto. É de suma importância que
as necessidades do Aprendente autista sejam transformadas em vontades de
aprender e construir, docentes e discentes deve manter harmonia entre si
para que ambos possam se conectar e transmitir seus conhecimentos,
segundo Paulo Freire (2004, p.23), pois quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender.
O vínculo afetivo entre o Aprendente autista e o educador é o inicio da
construção de sua autonomia na escola, com propósito de obter maior
interação com aluno, o professor deverá incluir em seus métodos de ensino
os gostos, os interesses e aptidões de seu discente, para que haja resultado
das atividades as mesmas devem ter propósitos sociais, terapêuticos,
afetivos e pedagógicos. Pois através dessas atividades o aluno poderá
trabalhar em grupo e terá maior interação e comunicação, lhe será
proporcionado à oportunidade de maior independência, obterá vínculos com o
professor e com ambiente escolar e desenvolverá suas habilidades como
aprendiz no âmbito escolar.
O professor deve atentar-se também que o reforço positivo será útil, no seu
progresso escolar, mas as punições não, as ameaças poderão resultar em
ansiedade e impedimento no progresso do mesmo. A educação dos autistas
existe muitas limitações, e com isso requer um quadro de profissionais
capacitados para trabalhar nessa modalidade de ensino. E em muitas das
vezes os gestores não estão preparados para desenvolver um plano
pedagógico para os autistas.
Segundo Orrú (2003) a criança com autismo sendo exposta a uma
aprendizagem por meio de exposição direta a estímulos diversos, que não
contribuem para sua formação psicossocial e desenvolvimento de suas
estruturas cognitivas, tende a não se beneficiar destas práticas. Logo, quando
a criança com autismo é exposta a estímulos sem a devida intervenção do
professor, pode se tornar estressada por causa da saturação de informações
que podem lhe parecer sem função, já que ela pode até armazenar os
estímulos e interagir com os mesmos, mas sem ocorrer modificações em seu
processo cognitivo, o que resultará em uma aprendizagem insuficiente.
Orientações de como trabalhar com alunos Autistas
Para que haja melhor aprendizado é preciso que o Aprendente autista
frequente a sala de recursos, pois, nesta terá maior facilidade para
desenvolver e aperfeiçoar suas aptidões. Por ainda não ter um tratamento
especifico para o autismo em razão a diversidade de fatores, tem se utilizado
métodos para lidar com portadores de autismo, como: TEACH (tratamento e
educação para autistas e crianças com distúrbios correlatos da
comunicação), ABA (análise aplicada ao comportamento) e o PECS (sistema
de comunicação mediante a troca de figuras).
O ​TEACCH foi desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da
Faculdade de Medicinada Universidade da Carolina do Norte, Estados
Unidos, e atualmente é muito utilizado em várias partes do mundo.
O método TEACCH é uma forma de avaliação utiliza uma avaliação chamada
PEP-R (Perfil (Psicoeducacional Revisado) que visa avaliar o aluno,
considerando seus pontos fortes e suas dificuldades, sendo possível criar um
programa individualizado).
O TEACCH se baseia na organização de certo ambiente físico criando
rotinas, do ambiente físico através de rotinas- organizadas em quadros,
painéis ou agendas e sistemas de trabalho,
Buscando adaptar o ambiente escolar para tornar mais fácil para que a
criança possa compreendê-lo, entendendo assim o que o professor espera
dela. Sendo assim, com a organização do ambiente, ficará mais fácil a
aprendizagem das crianças. O TEACCH tem como intuito a independência do
aluno, assim ela percebe que necessita do seu professor para alcançar
rendimento escolar, mas podendo passar grande parte do seu tempo se
ocupando de forma independente. TEACCH visa no desenvolvimento da
independência da criança.
Temos também a ABA que visa ensinar para as crianças certas habilidades
que elas não possuem. Cada uma dessas habilidades é ensinada de um
modo. Exemplo quando fazemos uma pergunta para a criança, sua resposta
só será adequada se ocorre algo que fosse agradável para ela, sendo então
na prática como uma recompensa.
Um dos pontos mais importantes da ABA é tornar o aprendizado para as
crianças agradável, e outro ponto é ensinar para as crianças a maneira certa
para que ela saiba identificar vários estímulos. ​O tratamento é baseado em
anos de pesquisa na área da aprendizagem e é hoje considerado como o
mais eficaz.
O nome PECS significa (sistema de comunicação através da troca de
figuras), e sua implementação consiste, basicamente, na aplicação de uma
sequencia de seis passos. O PECS foi projetado com o objetivo de estar
ajudando crianças e adultos portadores de autismo e outros distúrbios de
desenvolvimento a adquirir habilidades na sua comunicação em sociedade.
Sendo um sistema utilizado primeiro com os indivíduos que não tem uma boa
comunicação ou mesmo que possuem comunicação mais não consegue
expressar.
O PECS tem como intuito ajudar a criança na percepção que tem através da
comunicação com isso, perceberá que ela pode sim conseguir as coisas que
deseja com mais facilidade, estimulando a criança a comunicar- se com o
meio em que vivem.
Este método tem sido aceito por vários lugares do mundo, pois ele não
demanda de materiais complexo ou mesmos caros, é meramente fácil de
aprender, podendo então ser aplicado em qualquer lugar e quando é
aplicado, conquista resultados significativos em relação à comunicação das
crianças que não falam, e na materialização da linguagem verbal de crianças
que fala porém, precisa organizar a sua linguagem.
O PECS trabalha com objetivo de desenvolver atividades e materiais
funcionais podendo ser utilizado com crianças que tenham dificuldades na
fala ou comunicação alternativa, quando não houve desenvolvimento na fala,
ou seja, foi perdida. Sendo uma ferramenta importante porque possibilita não
só a comunicação independente, mas também ensina a esperar, a aceitar o
não, a pedir a ajudar dos demais, comenta todo que ver e escuta.
Na alfabetização dessas crianças, o professor pode estar utilizando um
computador, pois as crianças hoje em dia tem uma grande facilidade em
manuseio destes. Pode ser usado como auxilio estimulando a coordenação
motora. Tendo como propósito a obtenção de melhores resultados. As
atividades desses métodos de ensino também devem ser introduzidas no
ambiente familiar, por ser comum à rotina na vida de portadores de autismo é
de suma importância que a forma de aplica-los seja a mesma em todos os
ambientes que a criança conviva (no âmbito escolar e familiar). Sabe-se que
a Escola e família devem realizar atividades lúdicas e prazerosas, buscando
sempre pensar no bem estar da criança que está envolvida nesse processo.
A família e a escola devem sempre estar em constante colaboração na vida
de uma criança, procurando melhoria tanto na vida social quanto afetiva e
principalmente na aprendizagem dos mesmos.
DIFICULDADES DOS ALUNOS COM AUTISMO
NA ESCOLA E ESTRATÉGIAS DE COPING DAS
EDUCADORAS.
Metodologia
Participaram deste estudo dezessete educadoras, incluindo professoras
regentes e educadoras especiais da cidade de Santa Maria/RS e região que têm em
suas classes alunos com autismo (APA, 2002). As participantes preencheram uma
ficha de dados demográficos e um questionário sobre estratégias de coping. A Ficha
sobre Dados Demográficos (EdEA, 2012) teve por objetivo coletar dados que
abrangem diferentes aspectos como contexto familiar, escolarização e
características comportamentais do aluno com autismo. O questionário sobre
Dificuldades e Estratégias de Coping foi adaptado a partir de um instrumento
anterior (SCHMIDT, 2004) que consta de duas questões abertas, investigando
situações de dificuldades com os alunos e a forma como as educadoras lidam com
estas dificuldades.
Cada educadora poderia apresentar de uma a três dificuldades diferentes do
aluno, em ordem de prioridade e suas respectivas estratégias. Adaptação do original
consta na mudança de público alvo de mãe para educadoras e a não investigação
da forma de como lidam com sentimentos recorrentes dessas situações. As
informações dos questionários foram tratadas através da análise de conteúdo de
modelo misto (BARDIN,1979), em que partiu-se de categorias definidas a priori e
geradas novas categorias que foram estabelecidas a partir das informações
apresentados nas respostas.
Foram definidas categorias para classificação das principais dificuldades
apresentadas pelos alunos com autismo e categorias para descrever as estratégias
de coping utilizadas pelas educadoras para lidarem com essas dificuldades.
Observaram-se também as distribuições de frequência em que se apresentaram as
dificuldades e as estratégias, permitindo uma análise quantitativa.
Resultados e discussão
Os dados sobre as participantes mostraram que, dentre as dezessete
educadoras que participaram deste estudo, nove tem formação em Educação
Especial licenciatura plena, pela Universidade Federal de Santa Maria, os demais
somam sete licenciados da Pedagogia, e uma participante habilitada em
Psicopedagogia. Observou-se que o perfil dessas educadoras foi diversificado no
que se refere ao tempo de experiência.
O tempo de formação apontado por elas variou de um ano de formada a
vinte cinco anos. Dentre as participantes, apenas quatro relataram ser a sua
primeira experiência com aluno com autismo, as demais já haviam recebido alunos
com esse diagnóstico em suas classes. Segundo os relatos, a faixa etária dos
alunos atendidos por essas educadoras é bem ampla, variando de quatro a trinta e
quatro anos de idade. Dos dezessete alunos, quinze estão matriculados no ensino
comum.
Há um caso em que o aluno concluiu os estudos, porém recebe atendimento
particular, com a educadora especial em sua residência. E apenas um aluno
frequenta a classe especial. Cabe destacar que os sujeitos participantes desta
pesquisa são em sua maioria professores da rede pública de ensino. A relação
professor/aluno foi mais uma das questões investigadas nesta pesquisa. Para isto,
as educadoras especiais avaliaram como bom, ótimo, razoável ou ruim a relação
professor/aluno e nos casos que as participantes eram as professoras regentes foi
necessária uma autoavaliação.
Duas participantes relatam ter uma ótima relação com o aluno, em outras
duas situações consideram ter uma boa relação com o aluno, já as demais
consideram razoável a relação do aluno e professor regente. No que se referem às
dificuldades para lidar com seus alunos, as participantes descreveram 45 situações
de dificuldades que estariam interferindo na aprendizagem. Através da análise de
conteúdo foram geradas quatro categorias distintas, descritas a seguir. As
frequências e porcentagens de ocorrência destas dificuldades podem ser
observadas na Tabela 1.
Comportamento:
Contempla problemas de comportamento como, por exemplo,
comportamentos rígidos (ex.: inflexibilidade), repetitivos (ex.: estereotipias),
agressivos (bater em si ou nos outros) obsessivos (ex.: insistência para que os
objetos permaneçam em seu lugar), inapropriados (ex.: deitar-se no chão durante a
aula) ou agitação (ex.: comportamentos hipercinéticos como correr e pular), bem
como aos que se referem ao cumprimento de limites e regras.
Ex.: ...Não deitar-se no chão em ocasiões inapropriadas...
Comunicação:
Diz respeito às dificuldades que a criança encontra para conseguir comunicar
o que deseja, para se fazer compreender pelos outros. Incluem também as
dificuldades de socialização e linguagem.
Ex.: ...Iniciar ou participar de diálogos.
Dificuldades cognitivas:
Referem-se aquelas dificuldades cognitivas que interferem ou impedem a
aprendizagem, como concentração e motivação na realização das atividades
pedagógicas.
Ex.: ...Dificuldade em desenvolver atividades específicas de alfabetização.
...Falta de interesse pelas atividades escolares.
Outras:
Dificuldades diversas (ex.: Separação da mãe para permanecer em sala,
Autonomia/independência, Morte do pai).
Ex.: ...Trabalhar o dinheiro, para ter mais autonomia quando for a mercado
ou loja, enfim quando necessitar do uso do dinheiro.
A dificuldade identificada como mais frequente são as que envolvem
questões comportamentais do aluno com autismo, representando 17% de todas as
dificuldades citadas. Já as Dificuldades
Cognitivas aparecem com menor frequência nos relatos. Quanto às
estratégias de coping utilizadas pelas educadoras para lidar com estas dificuldades,
foram identificadas quatro categorias, descritas a seguir. A frequência e a
porcentagem das principais estratégias utilizadas pelas educadoras podem ser
observadas na Tabela 2.
Ação direta:
Quando o comportamento da pessoa age diretamente sobre o estressor modificando
suas características, propondo ou fazendo algo para alterar a situação tenta resolver o
conflito diretamente enfrentando ou tentando solucionar a situação de alguma forma.
Ex.: ...Em algumas situações ele me ouve apenas se é desejo dele em fazer o que
falo, ele é muito esperto. Procuro conversar muito com ele sobre o que estou querendo para
ele entender o porquê da situação. ...Coloco a lápis em sua mão, em geral ele solicita com
gestos que eu o ajude ou nem pega o lápis.
Planejamento cognitivo:
Envolve esforços cognitivos para pensar em novas formas de resolver as
dificuldades. Estas práticas incluem planejar recursos alternativos e/ou adaptados
para minimizar ou superar a dificuldade.
Ex.: ...Nas atividades, tento adaptar, trabalhando com materiais mais
concretos e estimulando os colegas a ajudarem na comunicação e na realização da
atividade. ...Trabalhos com material concreto; trabalhos com fantoches e teatro, pois
ele gosta muito.
Aceitação/Evitação:
Este tipo de estratégia inclui tentativas cognitivas ou comportamentais que
levam o indivíduo a se afastar da situação de estresse ou aceitar passivamente,
submetendo-se às exigências do estressor.
Ex.: ...Em relação ao comportamento desafiador, ignoro quando utiliza deste
para provocar reações em mim. ...Paciência no momento que ele escolher o quê
quer.
Busca de apoio:
Comportamento que envolve busca de apoio de outras pessoas como auxílio
no enfrentamento da situação. Inclui busca por colegas ou familiares para auxiliarem
nas dificuldades.
Ex.: ...Realização de trabalhos em pequenos grupos, apresentação dos
trabalhos, incentivo ao trabalho coletivo. ... Deixo a mãe entrar na sala.
Pode-se observar nas estratégias que a categoria que aparece com mais
frequência é a Ação Direta, representando 22% das estratégias utilizadas. Já com
menor frequência aparecem as práticas relacionadas à Aceitação/Evitação,
representando apenas 3% das estratégias.
Os dados deste estudo mostram que as principais dificuldades enfrentadas
pelas educadoras que interferem no aprendizado do aluno com autismo, dizem
respeito à esfera comportamental. O resultado não surpreende, já que estes
comportamentos, em especial os repetitivos e estereotipados, integram as
características diagnósticas do autismo (APA, 2002). Quanto às estratégias mais
utilizadas pelas educadoras, observou-se que a mais frequente foi de Ação Direta,
ou seja, buscar agir diretamente sobre o estressor.
Percebe-se que estas estratégias contemplam iniciativas práticas e objetivas
para lidar, principalmente, com os problemas de comportamento em sala de aula.
Nota-se que a estratégia de Ação Direta envolveu muitas vezes retomar ou clarear
determinada situação pedagógica que o aluno com autismo não estava
compreendendo, tal como ilustrado nas falas abaixo: ...procuro conversar muito com
ele sobre o que estou querendo para ele entender o porquê da situação.
...tentamos acalmá-lo, com conversa, carinho, atenção, explicando de forma
clara e segura o que está certo ou errado. Porém, quando as educadoras percebiam
que esta ação não auxiliava na resolução do conflito, adotavam estratégias ainda
mais diretivas, muitas vezes envolvendo contato físico: ... Quando ele deita eu falo
para não deitar, às vezes adianta e ele levanta. Mas outras eu mesma tenho que
levantá-lo do chão. Desse modo, a iniciativa em utilizar estratégias de Ação Direta
para lidar com problemas de comportamento em sala de aula parece mostrar um
interesse do professor pela participação do aluno, incentivando-o de maneira mais
ou menos diretiva. Caso o professor não entendesse a participação destes alunos
como imprescindível, poderíamos ter observado maior frequência no uso de
estratégias como a Evitação/Aceitação, ou ainda a Inação, as quais não estariam
direcionadas à resolução destas situações. Um aspecto que chama a atenção é a
utilização da estratégia de Reavaliação/Planejamento Cognitivo, a qual, muitas
vezes, incluía propostas de alternativas pedagógicas que mudavam a apresentação
de determinada tarefa escolar visando facilitar a compreensão dos objetivos à
criança com autismo, tal como ilustrado abaixo: ...Adapto as atividades escolares
para os interesses dela ou uso materiais que chamem a atenção.
...Tento dar funcionalidade a algumas regras, também faço uso de cartazes.
A literatura especializada têm trazido diversas publicações descrevendo propostas
adaptadas ao estilo cognitivo de pessoas com autismo, mostrando como algumas
podem ser mais eficazes que outras na aprendizagem escolar (BAPTISTA, BOSA,
2002, CAMARGOS JR., 2002, JORDAN, 2005).
Portanto, o conhecimento sobre as peculiaridades da cognição no autismo e,
consequentemente, de práticas pedagógicas para facilitar essa aprendizagem
parecem ferramentas essenciais que o professor pode utilizar como alternativas
pedagógicas. Outra estratégia igualmente importante no contexto da inclusão de
alunos com autismo é a Busca de Apoio dos colegas ou familiares para auxiliar em
determinada situação.
Observou-se que algumas educadoras utilizaram-se do grupo como forma de
auxiliar o aluno com autismo na realização de tarefas, tal como o relato abaixo:
...estímulo os colegas a ajudarem na comunicação e na realização da atividade.
...realizo trabalhos em pequenos grupos, incentivo ao trabalho coletivo. De fato, uma
das principais justificativas para os possíveis benefícios de pessoas com autismo
em situação de inclusão é que este ambiente é favorecedor do desenvolvimento de
habilidades sociais (BOSA, CAMARGO, 2009). Portanto, a promoção destas
habilidades através de atividades grupais parece uma estratégia adequada nesse
contexto. Por fim, entendemos que a qualidade das estratégias de coping que os
professores utilizam para lidar com dificuldades que ocorrem no contexto de sala de
aula com pessoas com autismo podem contribuir para a escolarização destas
crianças. Nesse caso, a percepção do professor é determinante, considerando o
que Antoniazzi (1998) afirma sobre as estratégias, cada uma não pode ser
considerada positiva ou negativa, mas avaliada a partir do contexto em que ocorre.
AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo é o resultado de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que teve
como tema de pesquisa: "A inclusão dos estudantes com autismo nos anos iniciais
do ensino fundamental ".
Na pesquisa realizada na graduação em Pedagogia, buscou-se compreender
se a ação desenvolvida com os estudantes com síndrome do autismo nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental poderia ser considerada inclusiva. Para tanto, no
ano de 2007 foi elaborado um questionário com perguntas abertas, que foi aplicado
a três professoras, dois familiares e uma diretora, de uma escola localizada no
município de Araranguá/SC, onde o aluno (09 anos de idade) com a síndrome do
autismo estava matriculado.
A coleta de dados, com a aplicação do questionário estruturado com
perguntas abertas, segundo Luciano (2001,p.30) "possibilita que o sujeito da
pesquisa expresse sua opinião". Para a elaboração do estudo, optou-se pelo estudo
de caso, que é uma metodologia qualitativa amplamente utilizada em pesquisas em
ciências sociais.
O estudo de caso, segundo Rauen (2002,p.58) consiste em "uma análise
profunda e exaustiva de um ou poucos objetos, de modo a permitir o seu amplo e
detalhado conhecimento". Haja visto, que o referido estudo teve como objetivo
aproximar a pesquisa da realidade que desejava-se evidenciar, utilizando de meios
adequados para identificar ações e práticas no âmbito escolar.
O contato prévio na instituição pesquisada aconteceu no mês de março,do
mesmo ano, diretamente com a diretora e as professoras e em seguida ocorreu o
contato com os pais do aluno.
Em todos os momentos, justificou-se a importância da participação na
pesquisa com os pesquisados, afim de que compreendessem que a mesma teria o
objetivo de construir e colaborar no desenvolvimento do potencial dos educandos
que apresentam autismo. Assim, firmou-se compromisso que não seria revelado o
nome de nenhum dos envolvidos, e para tanto, para garantir o sigilo da identidade
dos entrevistados, na pesquisa optou-se pela utilização de letras do alfabeto.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este momento da pesquisa teve como objetivo analisar e discutir os dados
levantados, para a compreensão da visão dos educadores, diretora e pais, sobre o
tema em questão. Para a melhor análise e discussão apresentar-se-a duas, das três
categorias elencadas no trabalho:
A primeira categoria trata sobre "O conceito de autismo compreendido pela
comunidade escolar": Entende-se que ao desconhecer o autismo, as pessoas
desconhecem o tratamento, as limitações, os interesses das pessoas que
apresentam a síndrome.
Assim, a fim de constatar o conhecimento que a comunidade escolar possui
sob o conceito de autismo, foi realizado um questionário com os educadores,
diretora da instituição escolar e pais do estudante.
Quando questionados sobre , o que era o autismo obteve-se as seguintes
respostas: “Autismo é uma deficiência que tem como característica o desligamento
do mundo real, onde o portador do autismo cria e vive em seu próprio mundo”.
(Educador A) “Autismo é um transtorno neurológico, que faz com que a
criança não estabeleça relações, não saiba interagir com outros, não compreende
as regras sociais no qual elas são pertencentes”.
(Educador B) “Quando comecei a trabalhar pesquisei muito sobre o assunto
para entender, meu aluno percebi com isto que nem todos eles são iguais, alguns
falam, aprendem e outros não, mas o ponto comum entre eles é o mundo à parte,
imaginário criado pelos mesmos”.
(Educador C) Quando questionado a diretora sobre o entendimento do que é
autismo, obtevese a seguinte resposta: “Autismo é uma desordem em qual um
aluno portador não pode desenvolver relações sociais “normais”, se comporta de
modo compulsivo e ritualista. Ou seja, uma patologia”.
(Diretora) Já para os pais do estudante com autismo: “Nós entendemos
muito pouco”.
(Pais). Na investigação observou-se que, de certa maneira, mesmo tendo a
experiência e vivência junto ao filho com autismo, os pais possuem pouco
conhecimento sobre o assunto.
Segundo Gauderer (1997) há uma precariedade de conhecimento sobre o
autismo na atualidade que seja realmente válido.
Esse é um dos motivos para tantos mistérios envolvendo o autismo,
principalmente no que diz respeito à causa, diagnósticos e tratamento. Nesta
perspectiva, não se faz possível uma proposta de trabalho eficaz que seja inclusiva
para estes indivíduos, a fim de estimular este a desenvolver suas habilidades.
De alguma maneira, isso contribuiu para que os pais da criança com autismo,
não possuíssem a compreensão do que é o autismo, pois sem orientação
adequada, dificilmente saberão do que se trata. Desta forma, é necessário que a
instituição escolar, assuma o compromisso de investigar, pesquisar, buscar
conhecimento sobre o assunto firmando parcerias com outras áreas do
conhecimento, com especialistas da área médica por exemplo, para orientar os pais
e juntos desenvolverem um trabalho em prol destas crianças.
Preocupa-se pois se os pais e educadores não compreendem o que é o
autismo, como eles irão incluir esta criança no ambiente escolar? Partindo do
princípio de que é preciso ter cautela e humildade frente ao tema, pois compreender
o autismo exige uma aprendizagem constante, onde é preciso revisar as crenças,
valores e conhecimentos sobre o mundo, que todos nós possuímos, compreendese
que é necessário que toda a comunidade escolar aprenda e conheça o autismo, sua
conceituação e sintomatologia para ter-se um conhecimento das características e de
métodos pedagógicos, pois só assim, é que as crianças com autismo poderão ser
realmente incluídas.
O Autismo Infantil (AI) é uma síndrome definida por alterações presentes
desde idades muito precoces e que se caracteriza, sempre, pela presença de
desvios nas relações interpessoais, linguagem/ comunicação, jogos e
comportamento. Trata-se de uma condição crônica com início sempre na infância,
em geral até o final do terceiro ano de vida, afeta meninos em uma proporção de
quatro a seis para cada menina. (SCHWARTZMAN, 1994, p.7)
Caso isso não aconteça, tem-se apenas a certeza de que diagnósticos
errôneos e integração destas crianças irá acontecer. Gauderer (1997), afirma que a
real incidência de pessoas com autismo pode ser maior do que revelam alguns
estudos, mas muitas dessas crianças frequentam escolas especiais com
diagnósticos errôneos de surdos ou deficientes mentais/intelectuais. A segunda
categoria elencada, aborda ​"A inclusão do educando com autismo nos anos
iniciais do ensino fundamental e a importância para seu desenvolvimento"​.
Percebe-se, o quanto é fundamental a inclusão dos educandos com autismo no
ensino fundamental, especialmente nos anos iniciais, para o desenvolvimento
cognitivo, social e integral dessas pessoas.
Além disso, a inclusão dessas crianças no ensino fundamental contribui
também para o desenvolvimento de todos no ambiente escolar.
Assim, quando os educandos ditos “normais”, interagem, relacionam-se,
convivem com estudantes com autismo, aprendem a respeitar as diferenças e os
limites do outro.
Para tanto, a matrícula dos estudantes com autismo nas escolas de ensino
fundamental, é garantida por lei, mas, mais do que inserir estas crianças na escola é
preciso incluí-las nas atividades, na aprendizagem escolar e na sociedade.Para Glat
e Nogueira:
As políticas para a inclusão devem ser concretizadas na forma de programas
de capacitação e acompanhamento contínuo, que orientam o trabalho docente na
perspectiva da diminuição gradativa da exclusão escolar, o que visa a beneficiar não
apenas os alunos com necessidades especiais, mas de uma forma geral, a
educação escolar como um todo. (apud MANTOAN, 2006, p. 63):
Neste sentido, quando questionado à diretora sobre como a escola realiza a
inclusão das crianças com autismo, obteve-se a seguinte resposta: “O trabalho da
escola visa proporcionar uma aprendizagem eficaz, atendendo nosso aluno em suas
limitações.
A falta de docentes capacitados e instituições impedem que a inclusão ocorra
de uma maneira realmente eficiente.” (Diretora)
Os pais, ao serem questionados sobre o processo de inclusão, ressaltam:
“Direitos iguais, brincar, estudar e conviver com a sociedade”.(Pais)
Quanto à importância da escola para o filho, os pais desabafam: “A
importância para nosso filho na escola, é ele estar socializando com outras crianças
e aprendendo um pouco mais”. (Pais)
A partir destes relatos, pode-se verificar que os pais compreendem a
importância da escola de ensino fundamental para o desenvolvimento do filho com
autismo, pois além de possibilitar a aprendizagem, a escola é lugar de socialização
com outras pessoas, o que contribui para o crescimento das habilidades sociais
deste educando.
Para tanto, perguntou-se a diretora como a escola se organiza para atender
estudantes com autismo, e alcançou-se a seguinte resposta: “Primeiramente
acreditando no potencial de nossos educadores e organizando nossa escola com
um espaço coletivo, não linear, onde todos “comunidade escolar” tem algo a
ensinar, compartilhando e aprendendo”. (Diretora)
Verifica-se nesta fala, que a escola vem se organizando a fim de
transformar-se num espaço coletivo, para isso propõe uma intervenção na aquisição
de habilidades sociais, comunicativas e cognitivas básicas de seus educandos,
especialmente, os estudantes com autismo, pois a intervenção precoce e contínua é
intensamente desejável.
Sabe-se que o autismo tem como fator básico o isolamento, por isso, o
contato com os outros acontece de maneira superficial. Desta forma, a escola deve
praticar uma educação onde todos possam se desenvolver por meio da interação e
da socialização com os outros, independente das suas diferenças.
Entendendo a importância que os pais/familiares exercem no processo de
inclusão da criança com autismo na escola, compreendendo que os pais têm grande
influência neste aspecto, pois também fazem parte do processo de aprendizagem
do educando, questionou-se os professores sobre o papel dos pais nesse processo
e no processo de aprendizagem do seu filho com autismo e obtiveram-se as
seguintes respostas: "O papel dos pais é muito importante e fundamental, porém
eles precisam buscar mais informações a respeito do autismo para poder ajudar e
entender seu filho.” ( Educadora A)
“Não existe uma receita pronta para cuidar de um filho com autismo, mas os
pais precisam estar conscientes de que a escola é o caminho para que a criança
cresça e se desenvolva, mas tem que existir parceria com a família.” (Educadora B)
“È o papel mais importante, na minha opinião, porque se a família não aceita
a criança como ela é não haverá harmonia escola x família, portanto o educando
não terá êxito em sua vida escolar.” (Educadora C)
Quando questionado os pais do estudante com autismo, sobre o seu papel
frente à aprendizagem de seu filho, obteve-se a seguinte resposta: “Nosso papel é
incentivar e fazer o que é o melhor para nosso filho.” (Pais)
Para Gauderer (1997), os pais têm também o papel de instrutores dos
profissionais no espaço escolar, dando informações para a avaliação e formulação
de prioridades para o real desenvolvimento do educando.
Por conseqüência, quando questionou-se os pais, se eles conheciam algum
método para serem utilizados na comunicação e ensino das crianças com autismo,
relatouse o seguinte desabafo: “Não.” (Pais)
Ao analisar a fala dos pais, percebe-se que eles não recebem orientação
pedagógica sobre as formas, métodos ou técnicas de aprendizagem, para ensinar
seu filho em casa. É de suma importância que a escola busque novos métodos de
ensino, visando atender as necessidades particulares de cada educando e assim,
trazer a família dos estudantes para a escola, e juntos desenvolverem métodos que
venham contribuir para o desenvolvimento integral do educando com autismo,
dentro e fora do ambiente escolar.
Ao observar a resposta da maioria dos entrevistados, fica visível a falta de
orientação e conhecimento sobre a inclusão dos educandos com autismo, ainda há
muito a ser melhorado, até que a verdadeira inclusão dos educandos com a
síndrome do autismo, nos anos iniciais do ensino fundamental, venha a ser
realidade.
A formação do professor torna-se, assim, um processo de desenvolvimento,
um processo de maturação, mais do que um processo de instrução sobre como o
professor deve ensinar. Portanto, cabe aos formadores dos futuros formadores
planejar e prover metodologicamente suas aulas para que sua metodologia e sua
avaliação se tornem momentos vivos daquilo que se almeja nas praticas dos
formandos. (HENGEMÜHLE, 2004, p.156)
Verifica-se, infelizmente, que as práticas pedagógicas desenvolvidas na
escola com o educando com autismo, não são de inclusão, mas sim de integração,
fruto do pouco conhecimento que a escola possui sobre o autismo.
Nesta perspectiva, é de suma importância que os educadores busquem
aperfeiçoamento sobre o assunto e que os órgãos responsáveis tomem as devidas
providências para que esta situação mude e a verdadeira inclusão desses
educandos aconteça.
Por esse motivo, faz-se também essencial refletir sobre a formação dos
educadores, pois além de um diploma, precisam dedicação, força de vontade para
superar os desafios, além de respeito e interesse verdadeiro por todos os seus
educandos, sem nenhuma exceção.
Assim, é de suma importância que os educadores busquem aperfeiçoamento
por meio de cursos, para estarem mais bem qualificados e preparados para atender
educandos com autismo.
Deste modo, questionou-se os educadores sobre o tipo de formação que
receberam para trabalhar com estudantes com autismo e as respostas foram as
seguintes:
“A única formação que recebi foi na faculdade quando fiz uma disciplina
voltada para o ensino especial”. (Educador A)
“Sim, recebi em minha faculdade quando estudamos em uma disciplina
voltada para o ensino especial”. (Educador B)
A falta de compreensão e conhecimento sobre o autismo pode vir a
prejudicar o crescimento do estudante, já que muitas vezes, o educador não sabe
como intervir no processo de desenvolvimento desses educandos. Portanto, é
essencial que o educador esteja em constante aperfeiçoamento para estar
preparado ao receber crianças com diferentes deficiências.
Deste modo, a nova mudança educacional desafia os educadores a ir além
de seus conteúdos, muito além de um histórico brilhante na faculdade.
É preciso sentir-se provocado/incomodado a buscar, conhecer, pesquisar,
sobre as deficiências para poder trabalhar com a diversidade, que encontra no
ambiente escolar de maneira verdadeiramente inclusiva.
Para Ferreira e Guimarães (2003, p. 147) “nas últimas décadas, o discurso
sobre a inserção social de Todos parece ter invadido os diversos domínios da
sociedade. Transformou-se em verdadeiro modismo e lugar comum falar, defender
e pregar a inclusão”. A partir dessas discrepâncias, cabe ao educador abandonar as
práticas conservadoras e transformar-se em mediador e procurador de
conhecimento.
A INCLUSÃO DE UMA JOVEM COM AUTISMO
NO ENSINO MÉDIO NA PERSPECTIVA DE
SEUS PROFESSORES E COLEGAS
Autismo e escola: algumas reflexões
O autismo tem sido definido como uma síndrome, de causas ainda
desconhecidas, caracterizada por manifestação de peculiaridades no
desenvolvimento das interações sociais, linguagem e comunicação e a presença de
interesses e atividades restritos, estereotipados e repetitivos.
Estudos produzidos em perspectivas teóricas distintas têm buscado
compreender as possibilidades educativas e o desenvolvimento de sujeitos com
autismo (CARVALHO, 2006; ROCHA, 2007).
Consideramos que o desenvolvimento não acontece de modo independente
da vida social, “[...] o sujeito é na vida social, e que, portanto suas possibilidades de
desenvolvimento estão nele e noutros membros da cultura em que vive” (GÓES,
2008, p. 38, grifo da autora).
A escola, entendida como o lugar de ser sujeito aprendente, envolve, para
crianças e jovens aprender com o outro, no meio social, não importa quão atípico
pareça ser o seu desenvolvimento (VIGOTSKI, 1997). Nesse espaço, o professor e
os outros alunos têm um papel fundamental no aprendizado e desenvolvimento de
sujeitos com autismo, embora de maneiras distintas.
De acordo com Vigotski (1983, p. 149) “[...] passamos a ser nós mesmo
através dos outros”, portanto, interessa-nos compreender as formas de participação
de professores e alunos nos processos de ensino e de aprendizagem de uma jovem
com autismo. Para isso, consideramos importante identificar concepções de
professores e alunos e formas de aproximação e contato com a jovem durante as
atividades escolares.
Diante do exposto, realizamos um estudo de abordagem qualitativa em uma
escola da rede pública Estadual do Espírito Santo. A coleta de dados foi organizada
em quatro etapas: 1ª) desenvolvimento do Grupo Focal realizado com nove alunos
matriculados na mesma turma que a jovem com autismo e que estudaram com ela
por no mínimo 2 ano; 3ª) entrevistas feitas com a pedagoga, a coordenadora e com
cinco professores que atuavam com a jovem; 3ª) entrevista individual com a aluna
com autismo, Luciana que tinha 21 anos e cursava o terceiro ano em 2013; 4ª)
análise de documentos, como relatórios e produções escritas da aluna. No presente
texto traremos as análises iniciais da primeira e segunda etapa.
Concepções e práticas de professores e colegas sobre a
inclusão da jovem com autismo no ensino médio
Na análise dos dados buscamos, a partir das entrevistas e grupo focal,
identificar concepções e modos de interação dos professores e colegas com
Luciana, destacando as concepções sobre autismo, inclusão escolar e prática
pedagógica diante da jovem com autismo no ensino médio.
Ao serem questionados sobre o autismo, os alunos demonstram possuir
pouco conhecimento sobre o tema, além de algumas pré concepções em relação ao
transtorno. Eles afirmam que foram aprendendo aos poucos, na convivência, a
conhecer Luciana.
Alguns alunos relatam práticas que indicam uma visão um pouco infantilizada
da aluna, como bater palmas, dançar e brincar com ela; não se relacionam com ela
como uma jovem, pouco compartilham com ela suas vivências como jovens.
Investigando adolescentes com autismo Bagarollo e Panhoca (2010) também
constataram que há, entre pais e profissionais a tendência de tratar esses
adolescentes como crianças, o que de certa forma limita suas possibilidades de
convivência com seus pares.
Por outro lado, no relato dos professores é possível perceber um
estranhamento em relação ao autismo e em como realizar um trabalho com a
jovem, como destacado nos trechos a seguir:
[...] num primeiro momento você até se assusta, eu nunca tinha vista um
autismo daquela forma, de ter duas pessoas na mesma pessoa. Eu fiquei chocado
[...] sempre tive conhecimento sobre autismo diferente: a pessoa ficar sempre em
seu mundo, mas ela não é quieta não, é muito ativa. (Professor de Física) [...] eu
não aprendi a cuidar dessas pessoas. [...] Então precisava de ter pelo menos uma
pessoa, dentro da sala de aula talvez, mas uma pessoa dentro da escola para tá
assessorando a gente. [...] (Professora de Biologia)
Nos depoimentos dos professores observamos uma visão de inclusão escolar
como socialização apenas, “[...] a inclusão para mim, eu acho que é um meio, uma
forma de você está colocando as pessoas em um meio social [...] é uma coisa que
eu acho boa que nós temos que conviver com os diferentes”.
(Professor de Matemática). Essa concepção de inclusão também está
presente nos relatos dos alunos e alguns consideram que não se deve exigir muito
da aluna.
[...] eu acho que... é... exigir muito o estudo dela, já é também um pouco de
exagero... tipo assim, tem que ter mais ou menos a base que a gente tem, mas não
precisa também aquele estudo rígido.. igual a gente, porque ela é autista, eu acho
isso, entendeu? Eu acho que é mais social, entendeu? (Fernando).
Ao compreender a inclusão como socialização os professores têm suas
práticas limitadas. Com um olhar na deficiência, valorizavam a cópia do quadro, ou
atividades baseadas no que a jovem já tem de conhecimento (ler, escrever e
contar), pouco investem em situações que permitam identificar o que ela já sabe ou
que proporcionem a ela novas aprendizagens, como ilustram os depoimentos a
seguir:
[...] o pessoal está copiando ela fica fingindo que está copiando. Se eu falo
assim: – Luciana tem que copiar. Imediatamente ela toma aquela atitude como se
ela fosse copiar. [...] ela brinca muito com as mãos. (Professora de Biologia) A
Luciana é uma pessoa que ela sabe escrever. Se você mandar ela fazer uma
continha, ela faz a continha, entendeu? Ela escreve direitinho, fala... [...] Eu falo
assim [...] Faz essas continhas aqui. Ela vai lá e faz. (Professor de Matemática)
Ao comentarem sobre a escolarização de Luciana no ensino médio, a maior
parte dos depoimentos dos colegas, indicam que o que foi disponibilizado à aluna
em termos de apropriação de conhecimento esteve aquém de sua capacidade.
Alguns professores relatam que apresentam atividades para ela fazer, como pintura.
A tendência de conceber a inclusão como apenas a socialização do aluno
com autismo, a baixa expectativa em relação aos avanços desse aluno na
apropriação de conhecimentos e os escassos investimentos em seu aprendizado
também é contatada por Carvalho.
Considerações finais
Constatamos que as concepções predominantes de alunos e professores
acerca da inclusão de sujeitos com autismo são perpassadas por uma visão da
escola como espaço de socialização para esses sujeitos, o que produz
questionamentos acerca da maneira como veem suas possibilidades educativas.
Os depoimentos dos alunos indicam uma visão infantilizada de Luciana, que
não é vista por seus pares como uma jovem como eles, no espaço escolar os
colegas não compartilham com ela a cultura juvenil. Tanto os relatos dos alunos
como dos professores revelam a fragilidade do processo de ensino quando se
enfoca os alunos público alvo da educação especial. Fragilidade no sentido das
práticas educativas pouco se voltarem para o desenvolvimento prospectivo da
aluna, restringindo-se aos conhecimentos que ela já dominava. Nessa situação, “a
escola é, assim, esvaziada de sua função, de sua característica de espaço e tempo
de ensinar e aprender, de partilhar conhecimentos” (CARVALHO, 2006, p.172).
Na opinião dos professores entrevistados, a aluna precisa de um
acompanhamento mais individualizado na sala de aula, por um professor de
educação especial, ou outro profissional, para ajudá-la a desenvolver as atividades
propostas. Eles acreditam que a inclusão como está acontecendo, de forma
desarticulada entre o que está previsto na legislação e o que realmente acontece na
escola, não possibilita avanços no aprendizado e desenvolvimento dos alunos
público-alvo da educação especial, sobretudo daqueles com autismo.
TÉCNICAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO DOS
AUTISTAS
EXPLICITAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Bereohff (1991), para educar uma criança autista, é preciso
levar em consideração a falta de interação com o grupo, comunicação precária,
dificuldades na fala e a mudança de comportamento que apresentam essas
crianças.
Neste sentido a autora descreve que “é básico que a programação
psicopedagógica a ser traçada para estas crianças, esteja centrada em suas
necessidades” (BEREOHFF, 1991, s/pág). A autora em questão diz que há várias
técnicas de ensino para crianças com autismo. Essas técnicas têm o objetivo de
prevenir ou reduzir as deficiências primárias. Desta forma:
Educar uma criança autista é uma experiência que leva o professor a rever e
questionar suas idéias sobre desenvolvimento, educação normalidade e
competência profissional. Torna-se um desafio descrever um impacto dos primeiros
contatos entre este professor e estas crianças tão desconhecidas e na maioria das
vezes imprevisíveis (BEREOHFF, 1991, s/pág).
Além destas afirmações, algumas técnicas com base na Pedagogia Waldof
apud kügelgen, 1960; Lanz (1979, são essenciais na educação dos autistas:
Sabendo que o autista não se adapta ao mundo externo, é preciso que na escola
ele tenha uma rotina estruturada, que faz com que ele situe-se no espaço e tempo.
O professor também deve fazer parte dessa rotina, compreendendo que a
mesma não é uma restrição a sua criatividade. Ravière apud Bereohff (1984, s/pág),
explica que “esta relação põe à prova, mais do que nenhuma outra, os recursos e as
habilidades do professor”.
A valorização dos elementos da natureza como sol, a chuva, árvores,
estimula o autista a ter um contato e a percepção de seu meio.
A abordagem vivencial é outro fator importante na educação destas crianças
tão especiais, pois às vezes o trabalho verbal não é o suficiente, onde o contato
físico com o autista é de grande necessidade.
Outro recurso que quando usado no momento adequado e seu estilo estiver
de acordo trará bons resultados, é a utilização da música, as preferências são
sempre para as infantis (ciranda – cirandinha).
A canção deve estar sempre de acordo com momentos específicos, tais
como a chegada, hora do lanche, higiene, para que a criança possa relacionar a
música com a atividade em andamento.
Além das técnicas, a rotina diária é muito importante na educação do autista,
a qual não deve ser alterada, qualquer mudança pode refletir no comportamento da
criança.
A importância do ensino estruturado é ressaltado por Eric Schopler in
Gauderer, 1993, no método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação), quando afirma:
É bom ter em mente, que normalmente as crianças à medida que vão se
desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que os
autistas e com distúrbios difusos do desenvolvimento precisam de uma estrutura
externa para otimizar uma situação de aprendizagem (s/pág).
Estes cuidados permitirão um maior sentimento de pertinência e de
previsibilidade quanto ao espaço físico. A sala deve ter um tamanho que permita a
realização de atividades de mesa, individuais e em grupos, contando também com
alguns colchonetes e almofadas (SCHOPLER, 1993, s/pág).
Além disso o educador deve basear seu relacionamento com seu aluno em
um conhecimento o mais abrangente da síndrome do Autismo, das características
da criança e de técnicas atualizadas de ensino. Entrada: este momento deve ser
relatado para o aluno, que já passou, trabalhando informalmente o aspecto
temporal.
Oração: o educador estimulará o grupo a realizar junto com ele um momento
de agradecimentos, dando início aos trabalhos. Deve ser valorizado cada momento
de fala da criança, assim o professor fará com que o aluno sinta liberdade de
expressar-se não só na oração, mas em qualquer outra situação.
História: é necessário que seja contada diariamente, aparecendo fatos reais
ou de fantasia situando o aluno dentro do contexto. O conto vai sendo desenhado
no quadro com giz colorido, expondo a realidade do aluno em casa, rotina escolar,
apontando objetos e pessoas que o rodeiam.
Tarefa: esta é dedicada às atividades dirigidas, sendo elas em mesa,
individual ou em grupos, de acordo com os objetivos traçados para cada criança.
Objetivos são traçados a partir do PIE (Planejamento Individual de Ensino),
que para sua elaboração são seguidos os seguintes passos:
- a observação do autista em situações livres e dirigidas;
- a seleção dos objetivos orienta-se pela gradação das dificuldades dos
alunos;
- O PIE deve ser reformulado a cada ano, permitindo reavaliação dos
objetivos e conseqüentemente a evolução dos alunos.
Para que os objetivos sejam alcançados, Schopler (1993), ressalta que
“merece cuidado a preparação do ambiente por parte do educador, ou seja: material
pedagógico previamente separado, disposição de carteiras, etc.” (s/pág)
Higiene: esta atividade promove maior independência como lavar as mãos,
escovar os dentes, tomar banho, vestir-se, despir-se sozinhos.
Estes são trabalhados em momentos específicos dentro do contexto escolar.
Lanche: segundo Schopler (1993), esta é uma situação que prioriza somente
a alimentação, mas também permite que um tenha respeito pelo lanche do outro,
bem como compartilhá-lo em determinadas situações.
Na hora do lanche o aluno é estimulado a preparar a sua mesa para comer,
manusear objetos (copo, prato, talheres).
Esta atividade proporciona o desenvolvimento de hábitos alimentares dentro
do contexto escolar.
Recreio: este momento é muito importante dentro da rotina escolar, pois é a
hora da integração com as outras crianças da escola portadoras de necessidades
especiais ou não.
Neste instante de liberdade o autista deve ser supervisionado à distância,
acompanhando se há ou não um momento de integração com os demais.
Passeio: este é realizado fora da escola. Levando em conta que o autista
não é sociável, o passeio oportuniza-o a vivenciar situações sociais nas quais a
comunidade participa direta ou indiretamente. De um lado, o autista aprende a
conviver com a sociedade e de outro a sociedade aprende a compreender este
indivíduo portador de necessidades especiais.
Recreação supervisionada: é característica dos autistas apresenta
movimentos estereotipados com o corpo repetidamente, esta atividade busca
ampliar o repertório motor, através de brincadeiras lúdicas, com regras fáceis e
materiais diversos.
Procura-se nesta hora proporcionar ao grupo momentos de interação,
sociabilização e lazer.
Saída: a rotina encerra com a professora estimulando o aluno organizar seu
material e a sala de aula. Considerando a rotina diária descrita é fundamental a
pontualidade do aluno à escola, permitindo que ele participe de todas as etapas sem
fugir de sua rotina e diminuindo a possibilidade de crises comportamentais durante o
período escolar.
É fundamental o educador não fugir à esta rotina, pois é indispensável para a
educação do autista. Isto se faz necessário, conforme a afirmação de Weihs (1971),
que destaca:
Se desejamos compreender e ajudar uma criança autista, devemos por um
lado, perceber que somos parte deste ambiente no qual esta criança tem que viver e
crescer e, por outro lado, tentar ver seu comportamento, desempenho, habilidades e
incapacidades em relação ao que é sempre perfeito nela, a vivência de sua própria
personalidade (s/pág).
A partir do momento que reconhecermos nossas dificuldades, fraquezas, e
deficiências um novo caminho se abrirá e é neste caminho que o educador começa
a aprender que ser portador de necessidades especiais não impede ninguém de
viver por mais limitante que esta pareça ser.
HIPÓTESE E CONCEITOS
Há várias técnicas utilizadas na educação de autistas: rotina estruturada
(recepção do aluno, entrada, oração, história, tarefa, higiene, lanche, recreio,
passeio, recreação supervisionada, saída), valorização dos elementos, abordagem
vivencial e música.
Os autistas são crianças que mudam de comportamento quando alguma
coisa é modificada em sua rotina diária.
Esta rotina tem que estar focada em suas necessidades.
A memória do autista é voltada para o visual, se faz necessário que o
educador em suas técnicas, valorize este lado, fazendo com que o aluno observe
cores, tamanhos, espessuras, animais, pessoas…
Por outro lado a sala de aula deve ter pouca estimulação visual para que a
criança não desvie sua atenção da atividade em andamento.
O ambiente educacional deve ser calmo e agradável, para que os
movimentos estereotipados dos alunos não alterem.
Para testar a hipótese foi observado na APAE (Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais), se os professores de crianças portadoras de autismo estão
utilizando essas técnicas em seus planos de aula.
O instrumento de coleta de dados foi a observação direta. Através da
observação direta pude perceber que a professora utiliza em sua prática
educacional as seguintes técnicas:
-música;
- tarefa dirigida (atendimento individual);
- momento livre (o aluno escolhe sua atividade);
- abordagem vivencial (contato físico);
- recreação supervisionada;
- Higiene;
- Lanche;
- Recreio livre;
- Observação (de objetos, gravura...);
- A sala de aula é dividida em três partes: momento pessoal, momento
individual e momento livre;
- Todas as atividades são voltadas para o estímulo visual.
Foi observado que um aluno além de ser portador de autismo, é deficiente
visual.
A educadora encontra dificuldades para educar este aluno, devido a falta de
recursos (materiais pedagógicos), assim ela utiliza as mesmas técnicas já citadas,
porém estimula a audição e o tato.
ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
No período de 1º a 16 de junho, foi feita a observação direta, onde pude
perceber que o trabalho com os autistas é bem complexo devido a agitação deles.
A sala de aula é dividida em três partes:
- momento pessoal: esta é a parte onde cada aluno tem a sua estante de
cores diferentes (o aluno A tem a estante azul, o B tem a vermelha), neste local
encontram-se seus objetos pessoais como a escova dental, toalha, lanche, material
escolar. Cada aluno conhece sua cor e onde encontrar seus utensílios.
- Momento individual: este é o espaço em que a professora trabalha
individualmente com cada aluno a tarefa dirigida, tentando suprir suas
necessidades. Enquanto a educadora atende uma criança, sua auxiliar cuida dos
demais com outra atividade, geralmente livre.
- Momento livre: neste local os alunos podem optar por uma atividade, ou até
mesmo ficar sem fazer nada.
Durante os dezesseis dias de observação algumas técnicas citadas na
hipótese não foram utilizadas, como a oração, história e o passeio.
A recepção e a entrada era sempre calorosa, com diálogo, abraços e beijos.
Os alunos chegavam dispostos a ficarem, com exceção de um aluno que chorava e
irritava-se muito ao ver a mão sair.
A música (CD), nem sempre era uma boa opção, enquanto alguns alunos se
acalmavam, outros ficavam agitados, gritavam e seus movimentos estereotipados
aumentavam. A professora muitas vezes optava por cantar ao invés de colocar CD.
No momento da tarefa dirigida, as crianças ficavam concentradas no que a
professora falava.
As atividades eram jogos de encaixe, alfabeto ilustrado, pinturas, formas
geométricas (blocos lógicos), tarefas onde os alunos pudessem diferenciar grosso e
fino, liso e áspero, grande e pequeno.
Ao longo da semana as atividades repetiam-se para que pudessem fixar o
que foi trabalhado. Durante o período livre os alunos optavam por não fazerem
nada, ficavam deitados nas almofadas.
A abordagem vivencial acontece deste o instante em que os alunos chegam
na escola até a hora da saída, pois são crianças extremamente dependentes e
precisam de constante auxílio.
A recreação supervisionada acontece duas vezes por semana, na atividade
física o que mais dificulta o trabalho é a estereotipia dos alunos, que são
movimentos característicos difíceis de serem controlados.
No decorrer da recreação as crianças precisam seguir algumas regras, o que
os deixam revoltados aumentando os movimentos.
Quanto a higiene e o lanche, os alunos agem sozinhos, sabem o lugar de
seus objetos pessoais, fazem sua limpeza e alimentação independentes. Exceto
dois alunos um que é portador de deficiência visual e outro que tem cinco anos e
não se locomove sozinho.
As crianças lancham no refeitório, todos têm uma alimentação saudável,
alguns levam o lanche, outros comem o que a escola oferece como pão, leite,
bolacha, arroz, feijão.
O recreio é livre com todas as outras crianças, também portadoras de
necessidades especiais. Este momento também é supervisionado, as auxiliares
procuram promover a integridade de todos, mas os autistas são pessoas que vivem
no seu próprio mundo e dificilmente integram-se com os demais.
A observação da natureza, dos objetos, das gravuras é constante. Os
autistas têm dificuldades na fala, por isso dificilmente se comunicam através do
diálogo, o que a professora pergunta, eles respondem através de gestos, mas
conseguem diferenciar as cores, objetos da sala, formas e algumas letras.
Da turma de cinco alunos apenas um é alfabetizado.
A educadora é atenciosa e procura diversificar as atividades, a falta de
materiais pedagógicos às vezes dificulta o andamento do trabalho, além da
diferença de idade entre eles: cinco, seis, vinte e dois, vinte e oito e trinta anos.
Todos são mentalmente crianças, os alunos de cinco e seis anos têm
personalidade de três anos, os demais têm a personalidade de sete anos.
CONCLUSÃO
Ao término deste artigo, concluiu-se que o tema abordado e pesquisado
através da bibliografia e da observação direta confirma-se em partes, pois durante o
período de observação algumas técnicas nunca foram feitas pela professora a
oração, história e o passeio, enquanto as outras foram aplicadas diariamente com
muita atenção, dedicação e paciência. A divisão da sala de aula foi uma técnica não
afirmada na hipótese, mas que tem grande importância no trabalho educacional
destas crianças tão especiais.
Trajetória de um aluno autista no Ensino Técnico
em Informática
Quadro teórico
Hoje a nomenclatura diz que o autismo é um espectro que engloba uma
ampla gama de níveis de funcionamento e transtornos, que vão desde o autismo
não-verbal, de baixo funcionalidade, até a Síndrome de Asperger altamente verbal.
Por isso, é correto usar a sigla TEA - Transtorno do Espectro Autista, como descrito
no mais atual dos protocolos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais - DMS 5 da APA - American Psychiatric Association (2016).
A pessoa com TEA só foi considerada como uma pessoa com deficiência
pela Lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL, 2012) que diz em seu Artigo
21º, § 1º, “a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência, para todos os efeitos legais”, lei essa que institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa TEA.
O Art. 3º dessa lei descreve os direitos da pessoa TEA onde em seu Capitulo
IV, parágrafo único, garante que em casos de comprovada necessidade, a pessoa
com TEA incluída nas classes comuns de ensino regular, terá direito a
acompanhante especializado. Sendo considerado como pessoa com deficiência, o
portador de TEA, também, estará amparado pela Lei Brasileira de Inclusão, Lei
13.146 de 06 de Julho de 2015 (BRASIL, 2015).
Segundo Lampreia (2004, p. 111), o conceito sobre o autismo é bastante
impreciso e que pode se apresentar em diferentes níveis. Quanto às características
comportamentais, as crianças com autismo são diagnosticadas como “[...] crianças
que falam e outras que não falam; crianças com pouco ou nenhum tipo de contato
social e outras com um tipo bizarro de relacionamento; crianças com deficiência
mental e outras com um nível de desenvolvimento adequado para sua idade”. São
96 quadros clínicos diferentes considerados pela APA em 1995, numa análise
combinatória de três categorias: dois critérios de interação social, um critério de
comunicação e um de padrões restritos e repetitivos. Além da diversidade de
quadros clínicos, o conceito de autismo pode ser visto pelos diferentes enfoques
teóricos, desenvolvimentista ou cognitivista, que procuram explicá-lo atualmente.
Seja qual for o sistema de diagnóstico, segundo Passarinho e Santarosa (2003), os
conjuntos de sintomas utilizados para detecção do autismo podem variar de país
para país.
[...] Em geral todos os sistemas coincidem em considerar uma pessoa com
síndrome de autista quando esta apresenta: limitadas condutas verbais e
comunicativas; trato ritualístico de objetos; relações sociais anormais;
comportamento ritualístico; e autoestimulação. Alguns estudos recentes procuram
identificar a origem dos distúrbios às defasagens cognitivas relacionadas com as
atividades simbólicas e a aprendizagem (problemas na
metarepresentação/metacognição) [...] (PASSERINO; SANTAROSA, 2003, p. 3).
Os critérios atuais de diagnósticos do TEA, segundo o DSM 5 da APA
(AUTISMO REALIDADE, 2011) são:
• Déficits persistentes na comunicação social e nas interações, clinicamente
significativos manifestados por: déficits persistentes na comunicação não-verbal e
verbal utilizada para a interação social; falta de reciprocidade social; incapacidade
de desenvolver e manter relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de
desenvolvimento;
• Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades,
manifestados por, pelo menos, dois dos seguintes: estereotipias ou comportamentos
verbais estereotipados ou comportamento sensorial incomum, aderência excessiva
à rotinas e padrões de comportamento ritualizados, interesses restritos;
• Os sintomas devem estar presentes na primeira infância (mas podem não
se manifestar plenamente, até que as demandas sociais ultrapassem as
capacidades limitadas);
• Os sintomas causam limitação e prejuízo no funcionamento diário. Como é
possível perceber, há diversas variações nos níveis de autismo, com níveis mais
brandos ou mais severos, e ainda, segundo Chequetto e Gonçalves (2015, p. 210)
“é possível observar que vários indivíduos diagnosticados com o mesmo tipo de
autismo podem ter perfis e características próprios, diferentes uns dos outros”.
No trabalho desses mesmos autores, segundo o modo de se trabalhar os
conteúdos matemáticos com esses alunos, o ensino se estabelece pelas
percepções que são aos poucos adquiridas, a partir das atividades realizadas em
sala de aula ou com outras metodologias, como na sala de informática.
Desta forma, as observações são muito importantes e não devem ficar
restritas apenas às atividades que dizem respeito à Matemática, mas que devem ser
presenciadas também outras que dizem respeito às interações em todo ambiente
escolar.
O papel do professor, segundo Marinho (2015), é extremamente importante,
além do diagnóstico médico e pedagógico para que o professor fique esclarecido
sobre os problemas específicos do aluno, fica evidente que “[...] só conhecendo as
áreas fracas (áreas de aprendizagem onde se verificam lacunas e dificuldades por
parte do aluno), e as fortes (onde a criança demonstra mais capacidades), é que
poderemos intervir oportunamente” (MARINHO, 2015, p. 42).
Para que as pessoas com deficiência possam ascender nos seus estudos, o
grande desafio é fornecer metodologias e recursos didáticos adequados ao tipo de
deficiência e/ou à necessidade do portador da deficiência.
Chequetto e Gonçalves (2015) apontam o uso de jogos e materiais
manipuláveis como ferramentas capazes de estimular o aprendizado do estudante
com autismo.
Outro método bastante utilizado no Brasil e em outros países para a
aprendizagem de pessoas com TEA, que tem seus princípios baseados na teoria
comportamental, é o método TEACCH - Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação, do inglês Treatment and
Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children, cuja
tradução seria Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências
Relacionadas à Comunicação.
Esse método foi criado por Eric Schoppler em 1972 no Departamento de
Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, para atender
crianças portadoras de autismo ou, como era mais comum na época, psicose
infantil.
O Método TEACCH pode ser classificado como um método
psicoeducacional, da área da pedagogia terapêutica ou clínica educacional.
Segundo Orrú (2009), o programa TEACCH indica os comportamentos que devem
ser trabalhados e especifica a maneira operacional de abordá-los,
“[...] Ele possibilita o desenvolvimento de repertórios que são usados para
avaliar os aspectos referentes à interação e organização do comportamento, além
do desenvolvimento do indivíduo nos diferentes níveis” (ORRÚ, 2009, p. 61).
As pessoas com TEA são mais capazes de adquirir aprendizados numa
proposta de atividade estruturada, que é um dos princípios do método TEACCH, em
vez de uma intervenção terapêutica de caráter mais livre e interpretativo. Ela
responde melhor aos sistemas organizados, ou seja, é colocando as coisas em um
padrão definido de organização que o mesmo poderá ter compreensão do que lhe é
demandado pelas outras pessoas.
Além disso, o método TEACCH utiliza estímulos visuais e áudio-cinestésicas
visuais.
Os princípios do TEACCH também enfocam que é muito difícil e mesmo
improvável que uma pessoa com autismo construa a generalização do que
aprendeu e a realização de analogias; por isso, a importância de estruturar o
ambiente com símbolos e direcionar suas atividades (ORRÚ, 2009, p. 61). Essas e
outras premissas traçaram o direcionamento para as análises realizadas com nosso
aprendiz com autismo utilizando a metodologia apresentada na sequência.
Metodologia e campo de pesquisa
O trabalho se configura de cunho qualitativo, baseado no estudo de caso
(TRIVIÑOS, 1987), em que o aluno é acompanhado durante sua vida acadêmica na
Instituição de Ensino matriculado, a fim de trazer contribuições e experiências para
a área de Educação Matemática presenciadas em situações de inclusão de alunos
com necessidades especiais.
A pesquisa passou por todo o processo do comitê ético, por meio da
Plataforma Brasil4, para atingir os objetivos iniciais da pesquisa com observações
diretas do principal participante, que é o aluno com TEA.
Essas observações teve um caráter de intervenção de uma das
pesquisadoras no campo de pesquisa com os registros em um Diário de Campo,
das principais ocorrências e atividades realizadas, além da análise de uma de suas
avaliações realizada com o aluno e das pesquisas bibliográficas.
Com o Diário de Campo, analisamos questões em relação ao perfil do aluno
com TEA, nas aulas de Matemática. Segundo Gomes (2015), o autismo é
caracterizado por alterações sociais e de comunicação e por interesses restritos e
que o perfil das pessoas afetadas varia muito de uma pessoa para outra.
O Diário de Campo foi criado e editado por uma das pesquisadoras no
“Google Docs”; um serviço gratuito da Web, Android e IOS que permitiu aos outros
pesquisadores visualizarem os documentos de texto por meio do link compartilhado.
A ferramenta permitia trabalhar off-line com o documento em Word e salvar
na memória do dispositivo ou no próprio drive online de maneira automática. Com
esta ferramenta, os pesquisadores tinham acesso rápido aos novos documentos e
podia abrir os já existentes, criados pela professora de Matemática que
acompanhava o aluno com TEA em sua turma. Mesmo à distância, além de
acompanhar em tempo real o que a professora descreve e interpreta sobre os fatos
ocorridos em sala de aula, cada pesquisador fazia seus comentários e escrevia
suas contribuições, compartilhando com os demais pesquisadores. Os registros
realizados pela professora, no Diário de Bordo, são caracterizados de duas
maneiras, descritiva e interpretativa, segundo Fiorentini (2007, p.119),
[...] a perspectiva descritiva atém-se à descrição de tarefas atividades, de
eventos, de diálogos, de gestões e atitudes, de procedimentos didáticos, do
ambiente e da dinâmica da prática, do próprio comportamento do observador etc. A
perspectiva interpretativa, por sua vez, tenta olhar para a escola e a sala de aula
como espaços socioculturais produzidos por seres humanos concretos, isto é, por
sujeitos que participam da trama social com seus sentimentos, idéias (sic), sonhos,
decepções, intuições, experiências, reflexões e relações inter-pessoais.
Foram contempladas de forma equilibrada essas duas perspectivas,
conforme as recomendações do autor, para que o diário não fosse meramente
técnico ou muito genérico e superficial.
Além do Diário de Campo e análise de uma avaliação escrita do aluno com
TEA, foram realizadas pesquisas bibliográficas com a finalidade de enriquecer,
trazer informações necessárias para as aulas de Matemática, informações sobre o
aprendizado do aluno e inferir sobre o seu acompanhamento. O aluno com TEA,
aqui chamado de A1, possuía na época quinze anos de idade.
educação especia, tea el autismo educare.pdf
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  • 3. Autismo 5 Características 6 Desenvolvimento social 8 CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTISMO 9 INCLUSÃO DAS CRIANÇAS AUTISTAS 12 Inclusão Escolar, Familiar e Aprendizagem de Alunos com TEA 15 O que o educador precisa saber 17 Orientações de como trabalhar com alunos Autistas 22 DIFICULDADES DOS ALUNOS COM AUTISMO NA ESCOLA E ESTRATÉGIAS DE COPING DAS EDUCADORAS. 24 AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL32 A INCLUSÃO DE UMA JOVEM COM AUTISMO NO ENSINO MÉDIO NA PERSPECTIVA DE SEUS PROFESSORES E COLEGAS 38 TÉCNICAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO DOS AUTISTAS 43 Trajetória de um aluno autista no Ensino Técnico em Informática 50 O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO 63 O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM AUTISMO: ROMPENDO A CÁPSULA 72 Desenvolvimento da linguagem 85 CONSIDERAÇÕES FINAIS 90 Referências 91
  • 4.
  • 5. Autismo O ​transtorno do espectro do autismo (​TEA​), conforme denominado pelo ​DMS-5​, o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, também conhecido pela sua denominação antiga (​DSM IV​): ​autismo​, é um transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo. Os sinais geralmente desenvolvem-se gradualmente, mas algumas crianças com autismo alcançam o marco de autismo é altamente hereditário, mas a causa inclui tanto fatores ambientais quanto predisposição genética. Em casos raros, o autismo é fortemente associado a agentes que causam defeitos congênitos. Controvérsias em torno de outras causas ambientais propostas; a hipótese de danos causados por vacinas são biologicamente improváveis e têm sido relatadas em estudos científicos. Os critérios diagnósticos exigem que os sintomas se tornem aparentes antes da idade de três anos. O autismo afeta o processamento de informações no cérebro, alterando a forma como as células nervosas e suas sinapses se conectam e se organizam; como isso ocorre ainda não é bem compreendido. Transtornos antes classificados separadamente, como a Síndrome de Asperger e o Transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação — comumente abreviado como PDD-NOS (sigla em inglês) ou TID-SOE (sigla em português) — hoje fazem parte de uma única classificação diagnóstica, tanto no ​DMS-5 (código 299.0) quanto na CID​-11 (código 6A02),o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Intervenções precoces em deficiências comportamentais, cognitivas ou da fala podem ajudar as crianças com autismo a ganhar autonomia e habilidades sociais e de comunicação. Embora não exista nenhuma cura conhecida, há relatos de casos de crianças que se recuperaram. Poucas crianças com autismo vivem de forma independente depois de atingir a idade adulta, embora algumas tenham sucesso. Tem se desenvolvido uma cultura do autismo, com alguns indivíduos buscando uma cura enquanto outros creem que o autismo deve ser aceito como uma diferença e não tratado como um transtorno. Desde 2010, a taxa de autismo é estimada em cerca de 1–2 a cada 1.000 pessoas em todo o mundo, ocorrendo 4–5 vezes mais em meninos do que meninas. Cerca
  • 6. de 1,5% das crianças nos Estados Unidos (uma em cada 68) são diagnosticadas com ASD, a partir de 2014, houve um aumento de 30%, uma a cada 88, em 2012. Em 2014 e 2016, os números foram de 1 em 68. Em 2018, um aumento de 15% no diagnóstico elevou a prevalência em 1 para 59 crianças. A taxa de autismo em adultos de 18 anos ou mais no Reino Unido é de 1,1% o número de pessoas diagnosticadas vem aumentando drasticamente desde a década de 1980, em parte devido a mudanças na prática do diagnóstico e incentivos financeiros subsidiados pelo governo para realizar diagnósticos; a questão se as taxas reais têm aumentado realmente, ainda não é conclusiva. No Brasil, ainda não há número precisos, muito menos oficiais a respeito de epidemiologia dos casos de autismo. O único estudo brasileiro sobre epidemiologia de autismo, foi feito em 2011, um estudo-piloto ainda numa amostragem pequena, apenas 20 mil pessoas, num bairro da cidade de Atibaia (SP), resultando em 1 caso a cada 367 crianças. Em 5 de novembro de 2018, a Spectrum News lançou um mapa-múndi online​, em inglês, com todos os estudos científicos publicados de prevalência de autismo mundo afora. Características O autismo é um transtorno neurológico altamente variável, que aparece pela primeira vez durante a infância ou adolescência e geralmente segue um curso estável, sem remissão. Os sintomas evidentes começam gradualmente após a idade de seis meses, mas geralmente estabelecem-se entre os dois ou três anos e tendem a continuar até a idade adulta, embora muitas vezes de forma mais moderada.​1 Destaca-se não por um único sintoma, mas por uma tríade de sintomas característicos: prejuízos na interação social, deficiências na comunicação e interesses e comportamento repetitivo e restrito. Outros aspectos, como comer atípico também são comuns, mas não são essenciais para o diagnóstico. Os sintomas individuais de autismo ocorrem na população em geral e não são sempre associados à síndrome quando o indivíduo tem apenas alguns traços, de modo que não há uma linha nítida que separa traços patologicamente graves de traços comuns. Essa situação é lamentável, tendo em vista que a intervenção precoce está associada a ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da
  • 7. criança. Alguns estudiosos tem até mesmo sugerido que a intervenção precoce e intensiva tem o potencial de impedir a manifestação completa do TEA, por coincidir com um período do desenvolvimento em que o cérebro é altamente plástico e maleável. Não é surpreendente, portanto, que a busca por sinais precoces do autismo continua sendo uma área de intensa investigação científica. Alguns marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem anormalidades no controle motor, atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção. São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: - perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social; - não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente; - não apresentar sorriso social; - baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; - baixa atenção à face humana (preferência por objetos); - demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas; - não seguir objetos e pessoas próximos em movimento; - apresentar pouca ou nenhuma vocalização; - não aceitar o toque; - não responder ao nome; - imitação pobre; - baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta) - interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores; - incômodo incomum com sons altos; - distúrbio de sono moderado ou grave; - irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação; A avaliação formal do Desenvolvimento Neuropsicomotor é fundamental e indispensável e faz parte da consulta pediátrica.
  • 8. Desenvolvimento social Déficits sociais distinguem o autismo dos transtornos do espectro do autismo de outros transtornos do desenvolvimento​. As pessoas com autismo têm prejuízos sociais e muitas vezes falta a intuição sobre os outros que muitas pessoas consideram trivial. A notável autista Mary Temple Grandin descreveu sua incapacidade de compreender a comunicação social de neurotípicos (nomenclatura utilizada para se referir a pessoas com o desenvolvimento neural normal), como "sentindo-se como uma antropóloga em Marte".
  • 9. CONTEXTO HISTÓRICO DO AUTISMO O primeiro autor a escrever sobre o autismo foi o médico austríaco Leo Kenner, em um hospital nos Estados Unidos. Leo Kanner havia observado um dos seus primeiros pacientes descritos neste estudo clássico em 1938. Ao todo, seu trabalho incluía descrição de onze crianças: oito meninos e três meninas (KANNER, 1943). Leo Kanner usou essa palavra autismo em 1943 para descrever uma série de sintomas que observava em alguns de seus pacientes. Com o passar dos anos, porém, ficou provado que essas crianças apresentavam apenas uma das manifestações de autismo, definindo o autismo como um transtorno que se estruturava nos dois primeiros anos de vida. De acordo com a pesquisa de diversos autores, sabemos que é possível detectar o autismo logo nos primeiros meses de vida, por meio da realização de diagnósticos é possível identificá-lo. Para chegarem a essa conclusão os autores investigaram mais de 80 crianças, onde a maioria era do sexo masculino, sendo assim, a maior probabilidade do autismo ocorrer é em crianças do sexo masculino. No entanto, os autores acharam que os resultados obtidos não eram para todos os tipos de autismo e que ainda precisam fazer um estudo mais aprofundado dos casos. Identificar o autismo nos tempos atuais é necessário passar por diferentes especialistas para chegar a um diagnóstico eficaz. (déficit compulsivo, agressivos, deficiência mental, transtornos emocionais e personalidades de esquizoide). Diante dos diagnósticos apresentados, existem uns mais frequentes: dificuldade de interação social, dificuldades de se expressar, comportamentos inadequados e outros mais. Disse Kenner que as pessoas podem até achar estranho, mas deficiência mental não é uma característica diagnóstica do autismo.
  • 10. O autismo apresenta diversas características umas mais visíveis de serem identificadas e outras mais difíceis de serem percebidas. Alguns dos sintomas podem ser apresentados como: ● Dificuldades da fala ● Dificuldades nas relações interpessoais (alguns preferem viverem sozinhos em seu mundo, outros já escolhem uma pessoa para se relacionar, ou seja, ser amigo apenas de uma pessoa). ● Apresentam dificuldades na leitura e escrita e são melhores em cálculos ● Comunicam-se através de gestos quase não usam a fala ● Alguns apresentam crises de risos e ataques eufóricos. Segundo as observações de Kenner, a única coisa que realmente é comum em todas as crianças são as dificuldades em ter relações interpessoais. Considerava algumas características apresentadas em partes secundarias como um atraso na linguagem, ou seja, na fala. E dessas onze crianças, oito delas se desenvolviam bem na fala, porém não tinham muita interação no meio em que viviam. Para JEAN PIAGET Via o autismo e o pensamento autista como um primeiro estágio no desenvolvimento da inteligência das crianças normais. De novo, Piaget não empregava o termo autismo sem a conotação moderna. Ele via a inteligência originando-se de fenômenos sensitivo-motores não direcionados e, portanto, autistas. Jean Piaget (1936, apud BENDER, 1959).
  • 11. Segundo Piaget o autismo era um dos primeiros estágios de desenvolvimento de inteligências das crianças. Enxergava as crianças autistas como um ser muito inteligente. E esse pensamento de Piaget não era exposto de acordo com a realidade vivida e sim como um sonho imaginário dele. Kenner destacou que fisicamente essas crianças eram expostas como normais. Pois todos tinham muita inteligência e suas habilidades eram mais nas áreas de exatas, cálculos e artes e que também a maiorias dessas crianças tinham pais que já eram formados em faculdades isso na era em que mulher mal poderia nem se quer estudar e imagina ser formadas em faculdades. Na visão de Kenner os pais quando tinham crianças autistas eram distantes e não se importavam com seus filhos. Para eles os filhos eram normais e não precisam de um olhar diferenciado, mas, em suas anotações pessoais, destacava que poucas vezes em sua prática clínica ele identificava crianças tão bem observadas por seus pais. De acordo com os artigos de Kenner, ele não afirma com clareza se a psicodinâmica é a origem de onde surge o autismo, mas existe essa hipótese, porque ao observar as crianças o mesmo percebeu que a maioria não possuía capacidade para ter certo contato afetivo e biológico em seus desenvolvimentos e havia grandes possibilidades das crianças não terem personalidades dos seus pais, e então daí surgiu uma dúvida de que esse transtorno seja relacionado à psicodinâmica. Nos anos 70 Kenner, buscou ter novamente contando com seus 11 pacientes, onde com duas delas ele não obteve mais contato, pois uma havia morrido aos 29 anos. E do grupo de crianças que ele observou apenas duas tiveram sucesso na sua vida profissional e nos relacionamentos com a sociedade. E os outros permaneceram internados em clínicas para deficientes sem se quer ter contato nenhum com os pais. Já para as crianças que obtiveram sucesso foi considerado como um marco, pois assim conseguiram interagir na sociedade e ter uma comunicação eficaz e ser igual às outras pessoas.
  • 12. Com o passar do tempo os autores tomaram conhecimento do posicionamento de Kenner em relação aos autistas e acabaram adotando quase a mesma teoria para darem uma designação sobre essas crianças. Daí surge à teoria de Asperger onde ele disse que as crianças tinham uma inteligência preservada e o desenvolvimento na linguagem era normal, mas aparentava sim sintomas de autismo e comprometimentos nas habilidades sociais. Segundo Bosa (2002), são chamadas Autistas as crianças que tem inadaptação para estabelecer relações normais com o outro, um atraso na aquisição da linguagem e, quando ela se desenvolve, uma incapacitação de lhe dar um valor de comunicação. Rivière (2004), entre outros estudiosos, apontam para a intervenção pedagógica como um dos grandes aliados ao tratamento de pessoas com autismo. Não se sabe ainda como curar um autista, mas, reduzir a dependência talvez seja o caminho dos atendimentos e dos processos recomendados. As limitações de comunicação, os comportamentos indesejados, associados ao isolamento, talvez sejam, dentre outros sintomas, os motivos da busca pela melhor intervenção terapêutica e psicopedagógica. Já na década de 90, quase todos os autores começaram a aceitar que o autismo infantil era uma doença neurológica orgânica, se haver psicogênico, com etiologia na genética. As causas do Autismo ainda são desconhecidas, consistindo o problema da etiologia, Sendo um tema base de intensas pesquisas de conceituados estudiosos na área. Segundo Bosa e Callis (2000) apontam que há dois grandes blocos de teorias que se opõem, sendo essas as teorias psicogenéticas e biológicas. INCLUSÃO DAS CRIANÇAS AUTISTAS
  • 13. A inclusão do aluno autista no ensino regular é um direito garantido por lei, como fala no capítulo V da (LDB) lei de Diretrizes e Bases, 9394/96 que trata sobre a educação especial. Ela deve visar à integração afetiva do Aprendente (a vida em sociedade). Assim como aponta também na constituição federal, a convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiências que deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, assegurando aos mesmos, currículo, métodos, técnicas, recursos educativos específicos para atender às suas necessidades, dentre outros. (BRASIL, 1996), estatuto da criança e do adolescente que também assegura o acesso a regular a escola para todos. Pensando no conteúdo político envolvendo essa proposta pedagógica, a formação dos educando é uma educação que será levada para a vida toda. Visto que há (ou poderia ser), a sua preparação para ter boa atuação na vida pública. Deste modo, deveríamos buscar entender a Educação Especial, precisa de uma elaboração política focada em modalidades práticas para que haja reconhecimento sobre as competências e a notificação de experiências para que não haja aprendizado apenas formal, e nos currículos não se inclui apenas conteúdo, mas também as práticas vivenciadas no cotidiano para que haja envolvimento, interação e motivação em busca de objetivos de interesses comuns. Assim como MAZZOTTA diz: A inclusão da “educação de deficientes”, da “educação dos excepcionais” ou da “educação especial” na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta do século XX. (MAZZOTTA, 1996, p. 27). A inclusão escolar como prática que visa atender as necessidades educativas de cada aluno, incluindo-os em salas normais, de ensino regular, buscando desenvolver a aprendizagem e o desenvolvimento necessário de todos na inclusão. Os alunos devem ter possibilidade de integrar-se no ensino regular, mesmo aqueles com dificuldades, com transtornos globais. A escola deverá
  • 14. ter consciência e adaptar-se com o objetivo de atender todos os alunos ali inseridos, com quaisquer necessidades. A inclusão é de suma importância, pois assim estarão garantindo a convenção entre adolescentes, crianças que tenha ou não alguma deficiência, promovendo o aprendizado de respeito e tolerância as diferenças, transformando a educação inclusiva também em sociedade com inclusão. Segundo Mittler (2000) a inclusão tem como intuito garantir que todas as crianças façam parte de um grupo, comunidade, e de um sistema de ensino que possa oferecer oportunidades, assim como as demais crianças que não possuem nenhuma necessidade especial, na tentativa que essas crianças sejam incluídas e escapem dos preconceitos e isolamento. Para garantir a inclusão é necessário haver salas de professores especializados é indispensável contar com salas de apoio para obter maior êxito na inclusão desses alunos. Sendo que esse professor não necessita ser exclusivo de apenas uma escola, podendo ele trabalhar em grupos com várias escolas, sendo especializado e saber realizar atividades de integração eficaz, realizar avaliações precisas, traçando estratégias, organizar métodos de trabalho. Principalmente demonstrando que trabalha com crianças transmitindo tudo ao professor seja ele de sala regular ou não. Sendo assim, educar uma criança autista é um grande desafio, e também um grande privilégio, segundo Bereohff “é uma experiência que leva o professor questionar suas ideias sobre desenvolvimento, educação normalidade e competência profissional” (1994, p.11).
  • 15. Inclusão Escolar, Familiar e Aprendizagem de Alunos com TEA Incluir um aprendente autista no âmbito escolar no ensino regular necessita de atenção, levando em consideração que, por mais que a escola tenha estrutura e metodologia específica para trabalhar com essas crianças, a família é o gancho na interação com a escola, pois ambas devem manter uma constante participação, estando sempre em contato direto na vida do discente, para obter resultados significativos no desenvolvimento cognitivo e interpessoal dessas crianças. Por serem estas as características mais visíveis no autismo. Com isso, os professores e psicopedagogos devem avaliar com o objetivo de descobrir quais mecanismos há em seu alcance para poder aplicar recursos educativos relacionados à necessidade de cada educando. As estereotipias são mecanismos de expressão, com Aprendente autistas deve-se ter cuidado ao controlar as estereotipias. Tem grande importância às atividades de desenvolvimento para o raciocínio lógico, autonomia intelectual e que tenham prazer em buscar pensamentos inovadores. Os professores podem aplicar atividades que proporcionem prazer aos alunos quando as praticarem, dando a eles oportunidade de maior interação, incentivando a imaginação de descobertas. Porém se sabe que logo no começo do processo de ensino das crianças com necessidades educativas especiais relacionadas ao autismo, o professor pode se sentir inapto a interagir com as mesmas. Deste modo, sua sensação é que, a criança se recusa a interagir com o professor, não querendo aprender nada proposto por ele.
  • 16. Devemos dizer que o desenvolvimento de uma criança irá depender dos recursos de ensino usados pelo professor, tendo em mente que mesmo, que a criança sendo portadora de síndrome não deixe de ser criança, então devem ser tratadas com cuidado, havendo respeito à limitação de cada uma. Os métodos de ensino utilizados devem ser de diversas maneiras, proporcionando o apoio e o desenvolvimento, sendo estes adequados a todos os envolvidos na prática. Com isso, o docente sempre deverá ter consciência clara sobre qual é o seu papel, e saber que através do ensino o discente irá aprender a adquirir conhecimento tendo consciência de si próprio. Uma rotina de avisos e transição será uteis para uma criança portadora de autismo, sabendo que a flexibilidade é algo importante na vida e que precisa ser trabalhado, um exemplo são coisas diferentes que acontecem no ambiente escolar, tipo quando a chegada um professor novo ou viagem de campo vão causar ansiedade e desconforto a ela. Por isso necessitam de um aviso com pelo menos uns cinco minutos de antecedência; O educador necessita estar ciente que o trabalho com essas crianças, é um processo continuo demorado paciente, até mesmo porque uma das características do TEA é a falta de atenção, pois, a atenção deste está sempre comprometida, e para o professor atrair sua atenção ele necessita de utilizar recursos didáticos de modo que ele irá envolver a atenção da criança conseguindo então trabalhar e desenvolver-se com ela, tanto a parte social, quanto a parte motora. Usar atividades lúdicas, como por exemplo, brincadeiras que prenda a atenção dessas crianças (futebol, jogos estimulando a coordenação motora e envolvendo a interação social, junto com a ajuda dos seus colegas de sala, visando em algo que o faça interagir no meio em que ele está inserido). Segundo SCHWARTZMAN EASSUNÇÃO JUNIOR: Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores serão as chances dela promover novas aprendizagens, ou seja, independente da programação estabelecida, ela só ganhará dimensão educativa quando ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor (SCHWARTZMAN EASSUNÇÃO JUNIOR, 1995).
  • 17. Profissionais e familiares possuem funções importantes para construírem ações inclusivas voltadas aos discentes portadores de autismo, as atividades devem ser elaboradas com o intuito de propiciar autonomia. E necessário ter um profissional qualificado (psicopedagogo) dando assistência ao professor em sala de aula. Se caso o aluno não tenha total autonomia, pois há grandes dificuldades para um único educador atender a todos os alunos da classe. Por isso, faz-se necessário haver um profissional auxiliando o professor em sala. Podendo este ser um cuidador, ficando responsável para dar suporte ao professor, trabalhando as necessidades básicas das crianças com exemplo auxiliar na parte da higiene, e também com as tarefas escolares. Deste modo, o professor conseguirá trabalhar com toda a turma atendendo a sua demanda. O que o educador precisa saber Em primeiro lugar, é preciso entender o que é autismo e suas principais classificações, tendo foco que uma das partes mais afetadas é a interação social, podendo a criança apontar dificuldades em brincar em ter contato visual interesses restritos por objetos etc. após entender e conhecer a síndrome faz-se necessário observa as características de cada aluno, observar qual seu comportamento diante das atividades propostas em sala de aula para assim poder trabalhar métodos de ensino diversificados e sempre estar aproveitando o conhecimento de mundo que cada Aprendente venha demonstrar em sala. Afirma VYGOTSKY que:
  • 18. O professor deve ter consciência de sua importância como mediador e compreender que cada criança dentro de sala de aula se desenvolve, amadurece e aprende de forma particular, ou seja, atinge expectativas de aprendizagens únicas e que a todo tempo deve ser valorizada e estimulada a atingir níveis cada vez mais elevados (VYGOTSKY, 1978 apud SANTOS, 2013, p.13). Uma criança aprende de forma natural, espontânea, por meio de brincadeiras que evolvam pais, colegas e professores no ambiente escolar. Onde possam adquirir habilidades e criarem vínculos de amizades. Já para as crianças autistas não ocorre da mesma forma, para elas há uma relação diferente entre o sentido e o cérebro. As informações obtidas não são transformadas totalmente em conhecimentos. O professor tem que estar ciente das diferenças de cada aluno, que as crianças estarão ali para aprender e não apenas para ter uma socialização, mas que também são capazes de adquirir múltiplos conhecimentos. Para um autista é necessário que seja explicado à função dos objetos, devido a terem dificuldades de compreendê-los. Não é sempre que uma criança vê uma bola, e de imediato quer chutá-la, sendo que é possível criar estereotipias e formas incomuns de manuseio. Destarte, das leituras que tudo passará a ter certo valor pedagógico, tais como: habilidades, usos e todas as atividades da vida diária devem ser exercitados. O portador de autismo tem uma atração relevante por objetos que balançam e rodam. Maria Montessori diz que a criança cria a própria “carne mental’’, usando as coisas que estão no seu ambiente”. Ela chama a mente da criança de “mente absorvente”. Os autistas tem a visão, o tato sensíveis, às vezes não suportam locais com barulhos e acabam se assustando. Mas, na maioria das vezes são atraídos por algum ruído, fica preso a algo presente no ambiente. Devido a isso é necessário que fale baixo e seja mantido sempre um ambiente tranquilo. Porém, sempre há algo que fica fora do nosso controle. Sendo assim, cabe ao professor tranquilizar seu aluno, distraindo sua atenção para outras atividades, podendo ser atividades pedagógicas. Ferrari (2007) observa que o autista viveria em mundo de feito de experiências globais fracionadas, sem coesão interna, construindo a possibilidade de existência de uma deficiência no âmbito de alguns processos. Gardner (2000) observava que de modo geral, as crianças aprendem os valores e as habilidades de sua cultura, observando os adultos e imitando-os.
  • 19. Mas, no caso do autista não ocorre de maneira imediata, desse modo é importante haver objetos que levam a esse fim, atividades que ocupam todo o ambiente (correr, pular, jogar futebol). É de mera importância que o autista participe com as outras crianças de brincadeiras. A criança típica aprende as coisas com mais facilidade exemplo: aprende rápido o que é um objeto, para que serve e como utilizá-lo. Porém, a criança autista tem dificuldades de reconhecer um objeto e a sua utilidade. Devido a isso passam a ter defeitos na linguagem. Para o autista nada é simples de compreender tudo precisa de objetivo e função. No ambiente escolar atuação de profissionais capacitados é fundamental, pois em muitos casos de autismo foi percebido no ambiente escolar. Na escola é preciso haver afeto, atenção, estímulos para conduzir o Aprendente na sua aprendizagem, na educação o caminho é mostrado por quem aprende e não por quem ensina. Segundo apud SANTOS VYGOTSKY: O docente atua como mediador no desenvolvimento da criança, ele proporciona atividades que as estimulem a conhecer e a desenvolver novas habilidades, atuando desta forma na Zona de Desenvolvimento Proximal (Z.D.P.), neste período a criança se encontra com as novidades de seu meio social e passa por um processo de interação com o meio e amigos de várias faixas etárias (VYGOTSKY, 1978 apud SANTOS, 2013, p.13). Saber que a criança autista precisa de ajuda para ter boas interações sociais, assim cabe ao docente ter paciência e ajudar essa criança a progredir na sua trajetória de vida. Todos os educadores que trabalhem com crianças portadoras de transtornos precisa ter um olhar amplo, não focando apenas na dificuldade em si que a criança possui, mas, também ver o que pode ser feito de melhor para que a criança se desenvolva na aprendizagem. Buscando ser aquele educador profissional que pensa no bem estar de sua sala de aula, entendendo que antes de qualquer dificuldade em que o Aprendente possa apresentar,
  • 20. mesmo assim dará retorno ao professor àquilo que foi lhe ensinado, talvez não seja do modo que foi passado pelo professor, mas apresentará retorno de algo que aprendeu apesar de todas as dificuldades que uma criança autista tenha a mesma irá desenvolver um aprendizado significativo. Em autistas a ecologia poderia cumprir função comunicativa, mas pode haver dificuldades de compreensão. Para que haja uma boa relação com Aprendente autistas, o professor (educador) deverá sempre agir e utilizar expressões claras e objetivas. Chamando-o pelo nome e distinguindo desejos, vontades e necessidades. Com o intuito de que haja o funcionamento da linguagem entre os autistas, é de suma importância que o significado da palavra seja percebido antes do seu uso, por meio da codificação simbólica de experiências. Mesmo com déficit cognitiva, muitos autistas mostram-se aptos e desempenham em Campos específicos. Em todo o tempo o foco deverá ser mantido no indivíduo autista, pois, suas aptidões servem como pulseiras para novas habilidades. É comum que haja alunos com hiperatividade e com déficit de atenção no âmbito escolar, não há uma casa única para o TDAH. DUL PAUL e STONER observam que muitas toxinas ambientais têm sido envolvidas para a explicação dos sintomas de hiperatividade. Sendo assim, não deve ser extenso o período de trabalho com os Aprendente autistas, pois, o longo período dificulta a concentração. A psicomotricidade pode ser comprometida em autistas, pois, esta é o resultado da ação do sistema nervoso a musculatura, assim, o aprendente terá dificuldades de leitura, escrita e também na identificação das coisas, em decorrência a isso quem não conhece seu corpo poderá ter seu envolvimento com o meio prejudicado. Professor possui importância imensa, fazendo com que haja melhorias no desenvolvimento psicomotor no ambiente escolar. Ao trabalhar com autistas é essencial que seja realizada uma pesquisa sobre o Aprendente autista, onde se terá conhecimento da sua relação familiar e social; seus sentimentos e necessidades, assim as observações darão direção de como agir no processo. Para que se tenham bons resultados é preciso que haja sintonia dos profissionais com a família, desse modo,
  • 21. pressupõe profissionais qualificados, preparados e que não se acomodem diante de pesquisas sobre a síndrome. Quando se avalia um educando com autismo, no âmbito escolar é preciso que seja transmitido a ele segurança e conforto. É de suma importância que as necessidades do Aprendente autista sejam transformadas em vontades de aprender e construir, docentes e discentes deve manter harmonia entre si para que ambos possam se conectar e transmitir seus conhecimentos, segundo Paulo Freire (2004, p.23), pois quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. O vínculo afetivo entre o Aprendente autista e o educador é o inicio da construção de sua autonomia na escola, com propósito de obter maior interação com aluno, o professor deverá incluir em seus métodos de ensino os gostos, os interesses e aptidões de seu discente, para que haja resultado das atividades as mesmas devem ter propósitos sociais, terapêuticos, afetivos e pedagógicos. Pois através dessas atividades o aluno poderá trabalhar em grupo e terá maior interação e comunicação, lhe será proporcionado à oportunidade de maior independência, obterá vínculos com o professor e com ambiente escolar e desenvolverá suas habilidades como aprendiz no âmbito escolar. O professor deve atentar-se também que o reforço positivo será útil, no seu progresso escolar, mas as punições não, as ameaças poderão resultar em ansiedade e impedimento no progresso do mesmo. A educação dos autistas existe muitas limitações, e com isso requer um quadro de profissionais capacitados para trabalhar nessa modalidade de ensino. E em muitas das vezes os gestores não estão preparados para desenvolver um plano pedagógico para os autistas. Segundo Orrú (2003) a criança com autismo sendo exposta a uma aprendizagem por meio de exposição direta a estímulos diversos, que não contribuem para sua formação psicossocial e desenvolvimento de suas estruturas cognitivas, tende a não se beneficiar destas práticas. Logo, quando a criança com autismo é exposta a estímulos sem a devida intervenção do professor, pode se tornar estressada por causa da saturação de informações que podem lhe parecer sem função, já que ela pode até armazenar os
  • 22. estímulos e interagir com os mesmos, mas sem ocorrer modificações em seu processo cognitivo, o que resultará em uma aprendizagem insuficiente. Orientações de como trabalhar com alunos Autistas Para que haja melhor aprendizado é preciso que o Aprendente autista frequente a sala de recursos, pois, nesta terá maior facilidade para desenvolver e aperfeiçoar suas aptidões. Por ainda não ter um tratamento especifico para o autismo em razão a diversidade de fatores, tem se utilizado métodos para lidar com portadores de autismo, como: TEACH (tratamento e educação para autistas e crianças com distúrbios correlatos da comunicação), ABA (análise aplicada ao comportamento) e o PECS (sistema de comunicação mediante a troca de figuras). O ​TEACCH foi desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicinada Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e atualmente é muito utilizado em várias partes do mundo. O método TEACCH é uma forma de avaliação utiliza uma avaliação chamada PEP-R (Perfil (Psicoeducacional Revisado) que visa avaliar o aluno, considerando seus pontos fortes e suas dificuldades, sendo possível criar um programa individualizado). O TEACCH se baseia na organização de certo ambiente físico criando rotinas, do ambiente físico através de rotinas- organizadas em quadros, painéis ou agendas e sistemas de trabalho, Buscando adaptar o ambiente escolar para tornar mais fácil para que a criança possa compreendê-lo, entendendo assim o que o professor espera dela. Sendo assim, com a organização do ambiente, ficará mais fácil a
  • 23. aprendizagem das crianças. O TEACCH tem como intuito a independência do aluno, assim ela percebe que necessita do seu professor para alcançar rendimento escolar, mas podendo passar grande parte do seu tempo se ocupando de forma independente. TEACCH visa no desenvolvimento da independência da criança. Temos também a ABA que visa ensinar para as crianças certas habilidades que elas não possuem. Cada uma dessas habilidades é ensinada de um modo. Exemplo quando fazemos uma pergunta para a criança, sua resposta só será adequada se ocorre algo que fosse agradável para ela, sendo então na prática como uma recompensa. Um dos pontos mais importantes da ABA é tornar o aprendizado para as crianças agradável, e outro ponto é ensinar para as crianças a maneira certa para que ela saiba identificar vários estímulos. ​O tratamento é baseado em anos de pesquisa na área da aprendizagem e é hoje considerado como o mais eficaz. O nome PECS significa (sistema de comunicação através da troca de figuras), e sua implementação consiste, basicamente, na aplicação de uma sequencia de seis passos. O PECS foi projetado com o objetivo de estar ajudando crianças e adultos portadores de autismo e outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir habilidades na sua comunicação em sociedade. Sendo um sistema utilizado primeiro com os indivíduos que não tem uma boa comunicação ou mesmo que possuem comunicação mais não consegue expressar. O PECS tem como intuito ajudar a criança na percepção que tem através da comunicação com isso, perceberá que ela pode sim conseguir as coisas que deseja com mais facilidade, estimulando a criança a comunicar- se com o meio em que vivem. Este método tem sido aceito por vários lugares do mundo, pois ele não demanda de materiais complexo ou mesmos caros, é meramente fácil de aprender, podendo então ser aplicado em qualquer lugar e quando é aplicado, conquista resultados significativos em relação à comunicação das
  • 24. crianças que não falam, e na materialização da linguagem verbal de crianças que fala porém, precisa organizar a sua linguagem. O PECS trabalha com objetivo de desenvolver atividades e materiais funcionais podendo ser utilizado com crianças que tenham dificuldades na fala ou comunicação alternativa, quando não houve desenvolvimento na fala, ou seja, foi perdida. Sendo uma ferramenta importante porque possibilita não só a comunicação independente, mas também ensina a esperar, a aceitar o não, a pedir a ajudar dos demais, comenta todo que ver e escuta. Na alfabetização dessas crianças, o professor pode estar utilizando um computador, pois as crianças hoje em dia tem uma grande facilidade em manuseio destes. Pode ser usado como auxilio estimulando a coordenação motora. Tendo como propósito a obtenção de melhores resultados. As atividades desses métodos de ensino também devem ser introduzidas no ambiente familiar, por ser comum à rotina na vida de portadores de autismo é de suma importância que a forma de aplica-los seja a mesma em todos os ambientes que a criança conviva (no âmbito escolar e familiar). Sabe-se que a Escola e família devem realizar atividades lúdicas e prazerosas, buscando sempre pensar no bem estar da criança que está envolvida nesse processo. A família e a escola devem sempre estar em constante colaboração na vida de uma criança, procurando melhoria tanto na vida social quanto afetiva e principalmente na aprendizagem dos mesmos. DIFICULDADES DOS ALUNOS COM AUTISMO NA ESCOLA E ESTRATÉGIAS DE COPING DAS EDUCADORAS. Metodologia
  • 25. Participaram deste estudo dezessete educadoras, incluindo professoras regentes e educadoras especiais da cidade de Santa Maria/RS e região que têm em suas classes alunos com autismo (APA, 2002). As participantes preencheram uma ficha de dados demográficos e um questionário sobre estratégias de coping. A Ficha sobre Dados Demográficos (EdEA, 2012) teve por objetivo coletar dados que abrangem diferentes aspectos como contexto familiar, escolarização e características comportamentais do aluno com autismo. O questionário sobre Dificuldades e Estratégias de Coping foi adaptado a partir de um instrumento anterior (SCHMIDT, 2004) que consta de duas questões abertas, investigando situações de dificuldades com os alunos e a forma como as educadoras lidam com estas dificuldades. Cada educadora poderia apresentar de uma a três dificuldades diferentes do aluno, em ordem de prioridade e suas respectivas estratégias. Adaptação do original consta na mudança de público alvo de mãe para educadoras e a não investigação da forma de como lidam com sentimentos recorrentes dessas situações. As informações dos questionários foram tratadas através da análise de conteúdo de modelo misto (BARDIN,1979), em que partiu-se de categorias definidas a priori e geradas novas categorias que foram estabelecidas a partir das informações apresentados nas respostas. Foram definidas categorias para classificação das principais dificuldades apresentadas pelos alunos com autismo e categorias para descrever as estratégias de coping utilizadas pelas educadoras para lidarem com essas dificuldades. Observaram-se também as distribuições de frequência em que se apresentaram as dificuldades e as estratégias, permitindo uma análise quantitativa. Resultados e discussão Os dados sobre as participantes mostraram que, dentre as dezessete educadoras que participaram deste estudo, nove tem formação em Educação Especial licenciatura plena, pela Universidade Federal de Santa Maria, os demais somam sete licenciados da Pedagogia, e uma participante habilitada em Psicopedagogia. Observou-se que o perfil dessas educadoras foi diversificado no que se refere ao tempo de experiência. O tempo de formação apontado por elas variou de um ano de formada a vinte cinco anos. Dentre as participantes, apenas quatro relataram ser a sua
  • 26. primeira experiência com aluno com autismo, as demais já haviam recebido alunos com esse diagnóstico em suas classes. Segundo os relatos, a faixa etária dos alunos atendidos por essas educadoras é bem ampla, variando de quatro a trinta e quatro anos de idade. Dos dezessete alunos, quinze estão matriculados no ensino comum. Há um caso em que o aluno concluiu os estudos, porém recebe atendimento particular, com a educadora especial em sua residência. E apenas um aluno frequenta a classe especial. Cabe destacar que os sujeitos participantes desta pesquisa são em sua maioria professores da rede pública de ensino. A relação professor/aluno foi mais uma das questões investigadas nesta pesquisa. Para isto, as educadoras especiais avaliaram como bom, ótimo, razoável ou ruim a relação professor/aluno e nos casos que as participantes eram as professoras regentes foi necessária uma autoavaliação. Duas participantes relatam ter uma ótima relação com o aluno, em outras duas situações consideram ter uma boa relação com o aluno, já as demais consideram razoável a relação do aluno e professor regente. No que se referem às dificuldades para lidar com seus alunos, as participantes descreveram 45 situações de dificuldades que estariam interferindo na aprendizagem. Através da análise de conteúdo foram geradas quatro categorias distintas, descritas a seguir. As frequências e porcentagens de ocorrência destas dificuldades podem ser observadas na Tabela 1. Comportamento: Contempla problemas de comportamento como, por exemplo, comportamentos rígidos (ex.: inflexibilidade), repetitivos (ex.: estereotipias), agressivos (bater em si ou nos outros) obsessivos (ex.: insistência para que os
  • 27. objetos permaneçam em seu lugar), inapropriados (ex.: deitar-se no chão durante a aula) ou agitação (ex.: comportamentos hipercinéticos como correr e pular), bem como aos que se referem ao cumprimento de limites e regras. Ex.: ...Não deitar-se no chão em ocasiões inapropriadas... Comunicação: Diz respeito às dificuldades que a criança encontra para conseguir comunicar o que deseja, para se fazer compreender pelos outros. Incluem também as dificuldades de socialização e linguagem. Ex.: ...Iniciar ou participar de diálogos. Dificuldades cognitivas: Referem-se aquelas dificuldades cognitivas que interferem ou impedem a aprendizagem, como concentração e motivação na realização das atividades pedagógicas. Ex.: ...Dificuldade em desenvolver atividades específicas de alfabetização. ...Falta de interesse pelas atividades escolares. Outras: Dificuldades diversas (ex.: Separação da mãe para permanecer em sala, Autonomia/independência, Morte do pai).
  • 28. Ex.: ...Trabalhar o dinheiro, para ter mais autonomia quando for a mercado ou loja, enfim quando necessitar do uso do dinheiro. A dificuldade identificada como mais frequente são as que envolvem questões comportamentais do aluno com autismo, representando 17% de todas as dificuldades citadas. Já as Dificuldades Cognitivas aparecem com menor frequência nos relatos. Quanto às estratégias de coping utilizadas pelas educadoras para lidar com estas dificuldades, foram identificadas quatro categorias, descritas a seguir. A frequência e a porcentagem das principais estratégias utilizadas pelas educadoras podem ser observadas na Tabela 2. Ação direta: Quando o comportamento da pessoa age diretamente sobre o estressor modificando suas características, propondo ou fazendo algo para alterar a situação tenta resolver o conflito diretamente enfrentando ou tentando solucionar a situação de alguma forma. Ex.: ...Em algumas situações ele me ouve apenas se é desejo dele em fazer o que falo, ele é muito esperto. Procuro conversar muito com ele sobre o que estou querendo para ele entender o porquê da situação. ...Coloco a lápis em sua mão, em geral ele solicita com gestos que eu o ajude ou nem pega o lápis.
  • 29. Planejamento cognitivo: Envolve esforços cognitivos para pensar em novas formas de resolver as dificuldades. Estas práticas incluem planejar recursos alternativos e/ou adaptados para minimizar ou superar a dificuldade. Ex.: ...Nas atividades, tento adaptar, trabalhando com materiais mais concretos e estimulando os colegas a ajudarem na comunicação e na realização da atividade. ...Trabalhos com material concreto; trabalhos com fantoches e teatro, pois ele gosta muito. Aceitação/Evitação: Este tipo de estratégia inclui tentativas cognitivas ou comportamentais que levam o indivíduo a se afastar da situação de estresse ou aceitar passivamente, submetendo-se às exigências do estressor. Ex.: ...Em relação ao comportamento desafiador, ignoro quando utiliza deste para provocar reações em mim. ...Paciência no momento que ele escolher o quê quer. Busca de apoio: Comportamento que envolve busca de apoio de outras pessoas como auxílio no enfrentamento da situação. Inclui busca por colegas ou familiares para auxiliarem nas dificuldades. Ex.: ...Realização de trabalhos em pequenos grupos, apresentação dos trabalhos, incentivo ao trabalho coletivo. ... Deixo a mãe entrar na sala.
  • 30. Pode-se observar nas estratégias que a categoria que aparece com mais frequência é a Ação Direta, representando 22% das estratégias utilizadas. Já com menor frequência aparecem as práticas relacionadas à Aceitação/Evitação, representando apenas 3% das estratégias. Os dados deste estudo mostram que as principais dificuldades enfrentadas pelas educadoras que interferem no aprendizado do aluno com autismo, dizem respeito à esfera comportamental. O resultado não surpreende, já que estes comportamentos, em especial os repetitivos e estereotipados, integram as características diagnósticas do autismo (APA, 2002). Quanto às estratégias mais utilizadas pelas educadoras, observou-se que a mais frequente foi de Ação Direta, ou seja, buscar agir diretamente sobre o estressor. Percebe-se que estas estratégias contemplam iniciativas práticas e objetivas para lidar, principalmente, com os problemas de comportamento em sala de aula. Nota-se que a estratégia de Ação Direta envolveu muitas vezes retomar ou clarear determinada situação pedagógica que o aluno com autismo não estava compreendendo, tal como ilustrado nas falas abaixo: ...procuro conversar muito com ele sobre o que estou querendo para ele entender o porquê da situação. ...tentamos acalmá-lo, com conversa, carinho, atenção, explicando de forma clara e segura o que está certo ou errado. Porém, quando as educadoras percebiam que esta ação não auxiliava na resolução do conflito, adotavam estratégias ainda mais diretivas, muitas vezes envolvendo contato físico: ... Quando ele deita eu falo para não deitar, às vezes adianta e ele levanta. Mas outras eu mesma tenho que levantá-lo do chão. Desse modo, a iniciativa em utilizar estratégias de Ação Direta para lidar com problemas de comportamento em sala de aula parece mostrar um interesse do professor pela participação do aluno, incentivando-o de maneira mais ou menos diretiva. Caso o professor não entendesse a participação destes alunos
  • 31. como imprescindível, poderíamos ter observado maior frequência no uso de estratégias como a Evitação/Aceitação, ou ainda a Inação, as quais não estariam direcionadas à resolução destas situações. Um aspecto que chama a atenção é a utilização da estratégia de Reavaliação/Planejamento Cognitivo, a qual, muitas vezes, incluía propostas de alternativas pedagógicas que mudavam a apresentação de determinada tarefa escolar visando facilitar a compreensão dos objetivos à criança com autismo, tal como ilustrado abaixo: ...Adapto as atividades escolares para os interesses dela ou uso materiais que chamem a atenção. ...Tento dar funcionalidade a algumas regras, também faço uso de cartazes. A literatura especializada têm trazido diversas publicações descrevendo propostas adaptadas ao estilo cognitivo de pessoas com autismo, mostrando como algumas podem ser mais eficazes que outras na aprendizagem escolar (BAPTISTA, BOSA, 2002, CAMARGOS JR., 2002, JORDAN, 2005). Portanto, o conhecimento sobre as peculiaridades da cognição no autismo e, consequentemente, de práticas pedagógicas para facilitar essa aprendizagem parecem ferramentas essenciais que o professor pode utilizar como alternativas pedagógicas. Outra estratégia igualmente importante no contexto da inclusão de alunos com autismo é a Busca de Apoio dos colegas ou familiares para auxiliar em determinada situação. Observou-se que algumas educadoras utilizaram-se do grupo como forma de auxiliar o aluno com autismo na realização de tarefas, tal como o relato abaixo: ...estímulo os colegas a ajudarem na comunicação e na realização da atividade. ...realizo trabalhos em pequenos grupos, incentivo ao trabalho coletivo. De fato, uma das principais justificativas para os possíveis benefícios de pessoas com autismo em situação de inclusão é que este ambiente é favorecedor do desenvolvimento de habilidades sociais (BOSA, CAMARGO, 2009). Portanto, a promoção destas habilidades através de atividades grupais parece uma estratégia adequada nesse contexto. Por fim, entendemos que a qualidade das estratégias de coping que os professores utilizam para lidar com dificuldades que ocorrem no contexto de sala de aula com pessoas com autismo podem contribuir para a escolarização destas crianças. Nesse caso, a percepção do professor é determinante, considerando o que Antoniazzi (1998) afirma sobre as estratégias, cada uma não pode ser considerada positiva ou negativa, mas avaliada a partir do contexto em que ocorre.
  • 32. AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este artigo é o resultado de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que teve como tema de pesquisa: "A inclusão dos estudantes com autismo nos anos iniciais do ensino fundamental ". Na pesquisa realizada na graduação em Pedagogia, buscou-se compreender se a ação desenvolvida com os estudantes com síndrome do autismo nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental poderia ser considerada inclusiva. Para tanto, no ano de 2007 foi elaborado um questionário com perguntas abertas, que foi aplicado a três professoras, dois familiares e uma diretora, de uma escola localizada no município de Araranguá/SC, onde o aluno (09 anos de idade) com a síndrome do autismo estava matriculado. A coleta de dados, com a aplicação do questionário estruturado com perguntas abertas, segundo Luciano (2001,p.30) "possibilita que o sujeito da pesquisa expresse sua opinião". Para a elaboração do estudo, optou-se pelo estudo de caso, que é uma metodologia qualitativa amplamente utilizada em pesquisas em ciências sociais. O estudo de caso, segundo Rauen (2002,p.58) consiste em "uma análise profunda e exaustiva de um ou poucos objetos, de modo a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento". Haja visto, que o referido estudo teve como objetivo aproximar a pesquisa da realidade que desejava-se evidenciar, utilizando de meios adequados para identificar ações e práticas no âmbito escolar. O contato prévio na instituição pesquisada aconteceu no mês de março,do mesmo ano, diretamente com a diretora e as professoras e em seguida ocorreu o contato com os pais do aluno.
  • 33. Em todos os momentos, justificou-se a importância da participação na pesquisa com os pesquisados, afim de que compreendessem que a mesma teria o objetivo de construir e colaborar no desenvolvimento do potencial dos educandos que apresentam autismo. Assim, firmou-se compromisso que não seria revelado o nome de nenhum dos envolvidos, e para tanto, para garantir o sigilo da identidade dos entrevistados, na pesquisa optou-se pela utilização de letras do alfabeto. RESULTADOS E DISCUSSÕES Este momento da pesquisa teve como objetivo analisar e discutir os dados levantados, para a compreensão da visão dos educadores, diretora e pais, sobre o tema em questão. Para a melhor análise e discussão apresentar-se-a duas, das três categorias elencadas no trabalho: A primeira categoria trata sobre "O conceito de autismo compreendido pela comunidade escolar": Entende-se que ao desconhecer o autismo, as pessoas desconhecem o tratamento, as limitações, os interesses das pessoas que apresentam a síndrome. Assim, a fim de constatar o conhecimento que a comunidade escolar possui sob o conceito de autismo, foi realizado um questionário com os educadores, diretora da instituição escolar e pais do estudante. Quando questionados sobre , o que era o autismo obteve-se as seguintes respostas: “Autismo é uma deficiência que tem como característica o desligamento do mundo real, onde o portador do autismo cria e vive em seu próprio mundo”. (Educador A) “Autismo é um transtorno neurológico, que faz com que a criança não estabeleça relações, não saiba interagir com outros, não compreende as regras sociais no qual elas são pertencentes”. (Educador B) “Quando comecei a trabalhar pesquisei muito sobre o assunto para entender, meu aluno percebi com isto que nem todos eles são iguais, alguns falam, aprendem e outros não, mas o ponto comum entre eles é o mundo à parte, imaginário criado pelos mesmos”. (Educador C) Quando questionado a diretora sobre o entendimento do que é autismo, obtevese a seguinte resposta: “Autismo é uma desordem em qual um aluno portador não pode desenvolver relações sociais “normais”, se comporta de modo compulsivo e ritualista. Ou seja, uma patologia”. (Diretora) Já para os pais do estudante com autismo: “Nós entendemos muito pouco”.
  • 34. (Pais). Na investigação observou-se que, de certa maneira, mesmo tendo a experiência e vivência junto ao filho com autismo, os pais possuem pouco conhecimento sobre o assunto. Segundo Gauderer (1997) há uma precariedade de conhecimento sobre o autismo na atualidade que seja realmente válido. Esse é um dos motivos para tantos mistérios envolvendo o autismo, principalmente no que diz respeito à causa, diagnósticos e tratamento. Nesta perspectiva, não se faz possível uma proposta de trabalho eficaz que seja inclusiva para estes indivíduos, a fim de estimular este a desenvolver suas habilidades. De alguma maneira, isso contribuiu para que os pais da criança com autismo, não possuíssem a compreensão do que é o autismo, pois sem orientação adequada, dificilmente saberão do que se trata. Desta forma, é necessário que a instituição escolar, assuma o compromisso de investigar, pesquisar, buscar conhecimento sobre o assunto firmando parcerias com outras áreas do conhecimento, com especialistas da área médica por exemplo, para orientar os pais e juntos desenvolverem um trabalho em prol destas crianças. Preocupa-se pois se os pais e educadores não compreendem o que é o autismo, como eles irão incluir esta criança no ambiente escolar? Partindo do princípio de que é preciso ter cautela e humildade frente ao tema, pois compreender o autismo exige uma aprendizagem constante, onde é preciso revisar as crenças, valores e conhecimentos sobre o mundo, que todos nós possuímos, compreendese que é necessário que toda a comunidade escolar aprenda e conheça o autismo, sua conceituação e sintomatologia para ter-se um conhecimento das características e de métodos pedagógicos, pois só assim, é que as crianças com autismo poderão ser realmente incluídas. O Autismo Infantil (AI) é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces e que se caracteriza, sempre, pela presença de desvios nas relações interpessoais, linguagem/ comunicação, jogos e comportamento. Trata-se de uma condição crônica com início sempre na infância, em geral até o final do terceiro ano de vida, afeta meninos em uma proporção de quatro a seis para cada menina. (SCHWARTZMAN, 1994, p.7) Caso isso não aconteça, tem-se apenas a certeza de que diagnósticos errôneos e integração destas crianças irá acontecer. Gauderer (1997), afirma que a real incidência de pessoas com autismo pode ser maior do que revelam alguns estudos, mas muitas dessas crianças frequentam escolas especiais com
  • 35. diagnósticos errôneos de surdos ou deficientes mentais/intelectuais. A segunda categoria elencada, aborda ​"A inclusão do educando com autismo nos anos iniciais do ensino fundamental e a importância para seu desenvolvimento"​. Percebe-se, o quanto é fundamental a inclusão dos educandos com autismo no ensino fundamental, especialmente nos anos iniciais, para o desenvolvimento cognitivo, social e integral dessas pessoas. Além disso, a inclusão dessas crianças no ensino fundamental contribui também para o desenvolvimento de todos no ambiente escolar. Assim, quando os educandos ditos “normais”, interagem, relacionam-se, convivem com estudantes com autismo, aprendem a respeitar as diferenças e os limites do outro. Para tanto, a matrícula dos estudantes com autismo nas escolas de ensino fundamental, é garantida por lei, mas, mais do que inserir estas crianças na escola é preciso incluí-las nas atividades, na aprendizagem escolar e na sociedade.Para Glat e Nogueira: As políticas para a inclusão devem ser concretizadas na forma de programas de capacitação e acompanhamento contínuo, que orientam o trabalho docente na perspectiva da diminuição gradativa da exclusão escolar, o que visa a beneficiar não apenas os alunos com necessidades especiais, mas de uma forma geral, a educação escolar como um todo. (apud MANTOAN, 2006, p. 63): Neste sentido, quando questionado à diretora sobre como a escola realiza a inclusão das crianças com autismo, obteve-se a seguinte resposta: “O trabalho da escola visa proporcionar uma aprendizagem eficaz, atendendo nosso aluno em suas limitações. A falta de docentes capacitados e instituições impedem que a inclusão ocorra de uma maneira realmente eficiente.” (Diretora) Os pais, ao serem questionados sobre o processo de inclusão, ressaltam: “Direitos iguais, brincar, estudar e conviver com a sociedade”.(Pais) Quanto à importância da escola para o filho, os pais desabafam: “A importância para nosso filho na escola, é ele estar socializando com outras crianças e aprendendo um pouco mais”. (Pais) A partir destes relatos, pode-se verificar que os pais compreendem a importância da escola de ensino fundamental para o desenvolvimento do filho com autismo, pois além de possibilitar a aprendizagem, a escola é lugar de socialização com outras pessoas, o que contribui para o crescimento das habilidades sociais deste educando.
  • 36. Para tanto, perguntou-se a diretora como a escola se organiza para atender estudantes com autismo, e alcançou-se a seguinte resposta: “Primeiramente acreditando no potencial de nossos educadores e organizando nossa escola com um espaço coletivo, não linear, onde todos “comunidade escolar” tem algo a ensinar, compartilhando e aprendendo”. (Diretora) Verifica-se nesta fala, que a escola vem se organizando a fim de transformar-se num espaço coletivo, para isso propõe uma intervenção na aquisição de habilidades sociais, comunicativas e cognitivas básicas de seus educandos, especialmente, os estudantes com autismo, pois a intervenção precoce e contínua é intensamente desejável. Sabe-se que o autismo tem como fator básico o isolamento, por isso, o contato com os outros acontece de maneira superficial. Desta forma, a escola deve praticar uma educação onde todos possam se desenvolver por meio da interação e da socialização com os outros, independente das suas diferenças. Entendendo a importância que os pais/familiares exercem no processo de inclusão da criança com autismo na escola, compreendendo que os pais têm grande influência neste aspecto, pois também fazem parte do processo de aprendizagem do educando, questionou-se os professores sobre o papel dos pais nesse processo e no processo de aprendizagem do seu filho com autismo e obtiveram-se as seguintes respostas: "O papel dos pais é muito importante e fundamental, porém eles precisam buscar mais informações a respeito do autismo para poder ajudar e entender seu filho.” ( Educadora A) “Não existe uma receita pronta para cuidar de um filho com autismo, mas os pais precisam estar conscientes de que a escola é o caminho para que a criança cresça e se desenvolva, mas tem que existir parceria com a família.” (Educadora B) “È o papel mais importante, na minha opinião, porque se a família não aceita a criança como ela é não haverá harmonia escola x família, portanto o educando não terá êxito em sua vida escolar.” (Educadora C) Quando questionado os pais do estudante com autismo, sobre o seu papel frente à aprendizagem de seu filho, obteve-se a seguinte resposta: “Nosso papel é incentivar e fazer o que é o melhor para nosso filho.” (Pais) Para Gauderer (1997), os pais têm também o papel de instrutores dos profissionais no espaço escolar, dando informações para a avaliação e formulação de prioridades para o real desenvolvimento do educando. Por conseqüência, quando questionou-se os pais, se eles conheciam algum método para serem utilizados na comunicação e ensino das crianças com autismo, relatouse o seguinte desabafo: “Não.” (Pais) Ao analisar a fala dos pais, percebe-se que eles não recebem orientação pedagógica sobre as formas, métodos ou técnicas de aprendizagem, para ensinar
  • 37. seu filho em casa. É de suma importância que a escola busque novos métodos de ensino, visando atender as necessidades particulares de cada educando e assim, trazer a família dos estudantes para a escola, e juntos desenvolverem métodos que venham contribuir para o desenvolvimento integral do educando com autismo, dentro e fora do ambiente escolar. Ao observar a resposta da maioria dos entrevistados, fica visível a falta de orientação e conhecimento sobre a inclusão dos educandos com autismo, ainda há muito a ser melhorado, até que a verdadeira inclusão dos educandos com a síndrome do autismo, nos anos iniciais do ensino fundamental, venha a ser realidade. A formação do professor torna-se, assim, um processo de desenvolvimento, um processo de maturação, mais do que um processo de instrução sobre como o professor deve ensinar. Portanto, cabe aos formadores dos futuros formadores planejar e prover metodologicamente suas aulas para que sua metodologia e sua avaliação se tornem momentos vivos daquilo que se almeja nas praticas dos formandos. (HENGEMÜHLE, 2004, p.156) Verifica-se, infelizmente, que as práticas pedagógicas desenvolvidas na escola com o educando com autismo, não são de inclusão, mas sim de integração, fruto do pouco conhecimento que a escola possui sobre o autismo. Nesta perspectiva, é de suma importância que os educadores busquem aperfeiçoamento sobre o assunto e que os órgãos responsáveis tomem as devidas providências para que esta situação mude e a verdadeira inclusão desses educandos aconteça. Por esse motivo, faz-se também essencial refletir sobre a formação dos educadores, pois além de um diploma, precisam dedicação, força de vontade para superar os desafios, além de respeito e interesse verdadeiro por todos os seus educandos, sem nenhuma exceção. Assim, é de suma importância que os educadores busquem aperfeiçoamento por meio de cursos, para estarem mais bem qualificados e preparados para atender educandos com autismo. Deste modo, questionou-se os educadores sobre o tipo de formação que receberam para trabalhar com estudantes com autismo e as respostas foram as seguintes: “A única formação que recebi foi na faculdade quando fiz uma disciplina voltada para o ensino especial”. (Educador A)
  • 38. “Sim, recebi em minha faculdade quando estudamos em uma disciplina voltada para o ensino especial”. (Educador B) A falta de compreensão e conhecimento sobre o autismo pode vir a prejudicar o crescimento do estudante, já que muitas vezes, o educador não sabe como intervir no processo de desenvolvimento desses educandos. Portanto, é essencial que o educador esteja em constante aperfeiçoamento para estar preparado ao receber crianças com diferentes deficiências. Deste modo, a nova mudança educacional desafia os educadores a ir além de seus conteúdos, muito além de um histórico brilhante na faculdade. É preciso sentir-se provocado/incomodado a buscar, conhecer, pesquisar, sobre as deficiências para poder trabalhar com a diversidade, que encontra no ambiente escolar de maneira verdadeiramente inclusiva. Para Ferreira e Guimarães (2003, p. 147) “nas últimas décadas, o discurso sobre a inserção social de Todos parece ter invadido os diversos domínios da sociedade. Transformou-se em verdadeiro modismo e lugar comum falar, defender e pregar a inclusão”. A partir dessas discrepâncias, cabe ao educador abandonar as práticas conservadoras e transformar-se em mediador e procurador de conhecimento. A INCLUSÃO DE UMA JOVEM COM AUTISMO NO ENSINO MÉDIO NA PERSPECTIVA DE SEUS PROFESSORES E COLEGAS Autismo e escola: algumas reflexões O autismo tem sido definido como uma síndrome, de causas ainda desconhecidas, caracterizada por manifestação de peculiaridades no desenvolvimento das interações sociais, linguagem e comunicação e a presença de interesses e atividades restritos, estereotipados e repetitivos.
  • 39. Estudos produzidos em perspectivas teóricas distintas têm buscado compreender as possibilidades educativas e o desenvolvimento de sujeitos com autismo (CARVALHO, 2006; ROCHA, 2007). Consideramos que o desenvolvimento não acontece de modo independente da vida social, “[...] o sujeito é na vida social, e que, portanto suas possibilidades de desenvolvimento estão nele e noutros membros da cultura em que vive” (GÓES, 2008, p. 38, grifo da autora). A escola, entendida como o lugar de ser sujeito aprendente, envolve, para crianças e jovens aprender com o outro, no meio social, não importa quão atípico pareça ser o seu desenvolvimento (VIGOTSKI, 1997). Nesse espaço, o professor e os outros alunos têm um papel fundamental no aprendizado e desenvolvimento de sujeitos com autismo, embora de maneiras distintas. De acordo com Vigotski (1983, p. 149) “[...] passamos a ser nós mesmo através dos outros”, portanto, interessa-nos compreender as formas de participação de professores e alunos nos processos de ensino e de aprendizagem de uma jovem com autismo. Para isso, consideramos importante identificar concepções de professores e alunos e formas de aproximação e contato com a jovem durante as atividades escolares. Diante do exposto, realizamos um estudo de abordagem qualitativa em uma escola da rede pública Estadual do Espírito Santo. A coleta de dados foi organizada em quatro etapas: 1ª) desenvolvimento do Grupo Focal realizado com nove alunos matriculados na mesma turma que a jovem com autismo e que estudaram com ela por no mínimo 2 ano; 3ª) entrevistas feitas com a pedagoga, a coordenadora e com cinco professores que atuavam com a jovem; 3ª) entrevista individual com a aluna com autismo, Luciana que tinha 21 anos e cursava o terceiro ano em 2013; 4ª) análise de documentos, como relatórios e produções escritas da aluna. No presente texto traremos as análises iniciais da primeira e segunda etapa. Concepções e práticas de professores e colegas sobre a inclusão da jovem com autismo no ensino médio Na análise dos dados buscamos, a partir das entrevistas e grupo focal, identificar concepções e modos de interação dos professores e colegas com Luciana, destacando as concepções sobre autismo, inclusão escolar e prática pedagógica diante da jovem com autismo no ensino médio. Ao serem questionados sobre o autismo, os alunos demonstram possuir pouco conhecimento sobre o tema, além de algumas pré concepções em relação ao transtorno. Eles afirmam que foram aprendendo aos poucos, na convivência, a conhecer Luciana.
  • 40. Alguns alunos relatam práticas que indicam uma visão um pouco infantilizada da aluna, como bater palmas, dançar e brincar com ela; não se relacionam com ela como uma jovem, pouco compartilham com ela suas vivências como jovens. Investigando adolescentes com autismo Bagarollo e Panhoca (2010) também constataram que há, entre pais e profissionais a tendência de tratar esses adolescentes como crianças, o que de certa forma limita suas possibilidades de convivência com seus pares. Por outro lado, no relato dos professores é possível perceber um estranhamento em relação ao autismo e em como realizar um trabalho com a jovem, como destacado nos trechos a seguir: [...] num primeiro momento você até se assusta, eu nunca tinha vista um autismo daquela forma, de ter duas pessoas na mesma pessoa. Eu fiquei chocado [...] sempre tive conhecimento sobre autismo diferente: a pessoa ficar sempre em seu mundo, mas ela não é quieta não, é muito ativa. (Professor de Física) [...] eu não aprendi a cuidar dessas pessoas. [...] Então precisava de ter pelo menos uma pessoa, dentro da sala de aula talvez, mas uma pessoa dentro da escola para tá assessorando a gente. [...] (Professora de Biologia) Nos depoimentos dos professores observamos uma visão de inclusão escolar como socialização apenas, “[...] a inclusão para mim, eu acho que é um meio, uma forma de você está colocando as pessoas em um meio social [...] é uma coisa que eu acho boa que nós temos que conviver com os diferentes”. (Professor de Matemática). Essa concepção de inclusão também está presente nos relatos dos alunos e alguns consideram que não se deve exigir muito da aluna. [...] eu acho que... é... exigir muito o estudo dela, já é também um pouco de exagero... tipo assim, tem que ter mais ou menos a base que a gente tem, mas não precisa também aquele estudo rígido.. igual a gente, porque ela é autista, eu acho isso, entendeu? Eu acho que é mais social, entendeu? (Fernando). Ao compreender a inclusão como socialização os professores têm suas práticas limitadas. Com um olhar na deficiência, valorizavam a cópia do quadro, ou atividades baseadas no que a jovem já tem de conhecimento (ler, escrever e contar), pouco investem em situações que permitam identificar o que ela já sabe ou
  • 41. que proporcionem a ela novas aprendizagens, como ilustram os depoimentos a seguir: [...] o pessoal está copiando ela fica fingindo que está copiando. Se eu falo assim: – Luciana tem que copiar. Imediatamente ela toma aquela atitude como se ela fosse copiar. [...] ela brinca muito com as mãos. (Professora de Biologia) A Luciana é uma pessoa que ela sabe escrever. Se você mandar ela fazer uma continha, ela faz a continha, entendeu? Ela escreve direitinho, fala... [...] Eu falo assim [...] Faz essas continhas aqui. Ela vai lá e faz. (Professor de Matemática) Ao comentarem sobre a escolarização de Luciana no ensino médio, a maior parte dos depoimentos dos colegas, indicam que o que foi disponibilizado à aluna em termos de apropriação de conhecimento esteve aquém de sua capacidade. Alguns professores relatam que apresentam atividades para ela fazer, como pintura. A tendência de conceber a inclusão como apenas a socialização do aluno com autismo, a baixa expectativa em relação aos avanços desse aluno na apropriação de conhecimentos e os escassos investimentos em seu aprendizado também é contatada por Carvalho. Considerações finais Constatamos que as concepções predominantes de alunos e professores acerca da inclusão de sujeitos com autismo são perpassadas por uma visão da escola como espaço de socialização para esses sujeitos, o que produz questionamentos acerca da maneira como veem suas possibilidades educativas. Os depoimentos dos alunos indicam uma visão infantilizada de Luciana, que não é vista por seus pares como uma jovem como eles, no espaço escolar os colegas não compartilham com ela a cultura juvenil. Tanto os relatos dos alunos como dos professores revelam a fragilidade do processo de ensino quando se enfoca os alunos público alvo da educação especial. Fragilidade no sentido das práticas educativas pouco se voltarem para o desenvolvimento prospectivo da aluna, restringindo-se aos conhecimentos que ela já dominava. Nessa situação, “a escola é, assim, esvaziada de sua função, de sua característica de espaço e tempo de ensinar e aprender, de partilhar conhecimentos” (CARVALHO, 2006, p.172). Na opinião dos professores entrevistados, a aluna precisa de um acompanhamento mais individualizado na sala de aula, por um professor de educação especial, ou outro profissional, para ajudá-la a desenvolver as atividades
  • 42. propostas. Eles acreditam que a inclusão como está acontecendo, de forma desarticulada entre o que está previsto na legislação e o que realmente acontece na escola, não possibilita avanços no aprendizado e desenvolvimento dos alunos público-alvo da educação especial, sobretudo daqueles com autismo.
  • 43. TÉCNICAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO DOS AUTISTAS EXPLICITAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com Bereohff (1991), para educar uma criança autista, é preciso levar em consideração a falta de interação com o grupo, comunicação precária, dificuldades na fala e a mudança de comportamento que apresentam essas crianças. Neste sentido a autora descreve que “é básico que a programação psicopedagógica a ser traçada para estas crianças, esteja centrada em suas necessidades” (BEREOHFF, 1991, s/pág). A autora em questão diz que há várias técnicas de ensino para crianças com autismo. Essas técnicas têm o objetivo de prevenir ou reduzir as deficiências primárias. Desta forma: Educar uma criança autista é uma experiência que leva o professor a rever e questionar suas idéias sobre desenvolvimento, educação normalidade e competência profissional. Torna-se um desafio descrever um impacto dos primeiros contatos entre este professor e estas crianças tão desconhecidas e na maioria das vezes imprevisíveis (BEREOHFF, 1991, s/pág). Além destas afirmações, algumas técnicas com base na Pedagogia Waldof apud kügelgen, 1960; Lanz (1979, são essenciais na educação dos autistas: Sabendo que o autista não se adapta ao mundo externo, é preciso que na escola ele tenha uma rotina estruturada, que faz com que ele situe-se no espaço e tempo. O professor também deve fazer parte dessa rotina, compreendendo que a mesma não é uma restrição a sua criatividade. Ravière apud Bereohff (1984, s/pág), explica que “esta relação põe à prova, mais do que nenhuma outra, os recursos e as habilidades do professor”. A valorização dos elementos da natureza como sol, a chuva, árvores, estimula o autista a ter um contato e a percepção de seu meio.
  • 44. A abordagem vivencial é outro fator importante na educação destas crianças tão especiais, pois às vezes o trabalho verbal não é o suficiente, onde o contato físico com o autista é de grande necessidade. Outro recurso que quando usado no momento adequado e seu estilo estiver de acordo trará bons resultados, é a utilização da música, as preferências são sempre para as infantis (ciranda – cirandinha). A canção deve estar sempre de acordo com momentos específicos, tais como a chegada, hora do lanche, higiene, para que a criança possa relacionar a música com a atividade em andamento. Além das técnicas, a rotina diária é muito importante na educação do autista, a qual não deve ser alterada, qualquer mudança pode refletir no comportamento da criança. A importância do ensino estruturado é ressaltado por Eric Schopler in Gauderer, 1993, no método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação), quando afirma: É bom ter em mente, que normalmente as crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que os autistas e com distúrbios difusos do desenvolvimento precisam de uma estrutura externa para otimizar uma situação de aprendizagem (s/pág). Estes cuidados permitirão um maior sentimento de pertinência e de previsibilidade quanto ao espaço físico. A sala deve ter um tamanho que permita a realização de atividades de mesa, individuais e em grupos, contando também com alguns colchonetes e almofadas (SCHOPLER, 1993, s/pág). Além disso o educador deve basear seu relacionamento com seu aluno em um conhecimento o mais abrangente da síndrome do Autismo, das características da criança e de técnicas atualizadas de ensino. Entrada: este momento deve ser relatado para o aluno, que já passou, trabalhando informalmente o aspecto temporal. Oração: o educador estimulará o grupo a realizar junto com ele um momento de agradecimentos, dando início aos trabalhos. Deve ser valorizado cada momento de fala da criança, assim o professor fará com que o aluno sinta liberdade de expressar-se não só na oração, mas em qualquer outra situação. História: é necessário que seja contada diariamente, aparecendo fatos reais ou de fantasia situando o aluno dentro do contexto. O conto vai sendo desenhado
  • 45. no quadro com giz colorido, expondo a realidade do aluno em casa, rotina escolar, apontando objetos e pessoas que o rodeiam. Tarefa: esta é dedicada às atividades dirigidas, sendo elas em mesa, individual ou em grupos, de acordo com os objetivos traçados para cada criança. Objetivos são traçados a partir do PIE (Planejamento Individual de Ensino), que para sua elaboração são seguidos os seguintes passos: - a observação do autista em situações livres e dirigidas; - a seleção dos objetivos orienta-se pela gradação das dificuldades dos alunos; - O PIE deve ser reformulado a cada ano, permitindo reavaliação dos objetivos e conseqüentemente a evolução dos alunos. Para que os objetivos sejam alcançados, Schopler (1993), ressalta que “merece cuidado a preparação do ambiente por parte do educador, ou seja: material pedagógico previamente separado, disposição de carteiras, etc.” (s/pág) Higiene: esta atividade promove maior independência como lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, vestir-se, despir-se sozinhos. Estes são trabalhados em momentos específicos dentro do contexto escolar. Lanche: segundo Schopler (1993), esta é uma situação que prioriza somente a alimentação, mas também permite que um tenha respeito pelo lanche do outro, bem como compartilhá-lo em determinadas situações. Na hora do lanche o aluno é estimulado a preparar a sua mesa para comer, manusear objetos (copo, prato, talheres). Esta atividade proporciona o desenvolvimento de hábitos alimentares dentro do contexto escolar. Recreio: este momento é muito importante dentro da rotina escolar, pois é a hora da integração com as outras crianças da escola portadoras de necessidades especiais ou não. Neste instante de liberdade o autista deve ser supervisionado à distância, acompanhando se há ou não um momento de integração com os demais. Passeio: este é realizado fora da escola. Levando em conta que o autista não é sociável, o passeio oportuniza-o a vivenciar situações sociais nas quais a comunidade participa direta ou indiretamente. De um lado, o autista aprende a conviver com a sociedade e de outro a sociedade aprende a compreender este indivíduo portador de necessidades especiais.
  • 46. Recreação supervisionada: é característica dos autistas apresenta movimentos estereotipados com o corpo repetidamente, esta atividade busca ampliar o repertório motor, através de brincadeiras lúdicas, com regras fáceis e materiais diversos. Procura-se nesta hora proporcionar ao grupo momentos de interação, sociabilização e lazer. Saída: a rotina encerra com a professora estimulando o aluno organizar seu material e a sala de aula. Considerando a rotina diária descrita é fundamental a pontualidade do aluno à escola, permitindo que ele participe de todas as etapas sem fugir de sua rotina e diminuindo a possibilidade de crises comportamentais durante o período escolar. É fundamental o educador não fugir à esta rotina, pois é indispensável para a educação do autista. Isto se faz necessário, conforme a afirmação de Weihs (1971), que destaca: Se desejamos compreender e ajudar uma criança autista, devemos por um lado, perceber que somos parte deste ambiente no qual esta criança tem que viver e crescer e, por outro lado, tentar ver seu comportamento, desempenho, habilidades e incapacidades em relação ao que é sempre perfeito nela, a vivência de sua própria personalidade (s/pág). A partir do momento que reconhecermos nossas dificuldades, fraquezas, e deficiências um novo caminho se abrirá e é neste caminho que o educador começa a aprender que ser portador de necessidades especiais não impede ninguém de viver por mais limitante que esta pareça ser. HIPÓTESE E CONCEITOS Há várias técnicas utilizadas na educação de autistas: rotina estruturada (recepção do aluno, entrada, oração, história, tarefa, higiene, lanche, recreio, passeio, recreação supervisionada, saída), valorização dos elementos, abordagem vivencial e música. Os autistas são crianças que mudam de comportamento quando alguma coisa é modificada em sua rotina diária. Esta rotina tem que estar focada em suas necessidades.
  • 47. A memória do autista é voltada para o visual, se faz necessário que o educador em suas técnicas, valorize este lado, fazendo com que o aluno observe cores, tamanhos, espessuras, animais, pessoas… Por outro lado a sala de aula deve ter pouca estimulação visual para que a criança não desvie sua atenção da atividade em andamento. O ambiente educacional deve ser calmo e agradável, para que os movimentos estereotipados dos alunos não alterem. Para testar a hipótese foi observado na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), se os professores de crianças portadoras de autismo estão utilizando essas técnicas em seus planos de aula. O instrumento de coleta de dados foi a observação direta. Através da observação direta pude perceber que a professora utiliza em sua prática educacional as seguintes técnicas: -música; - tarefa dirigida (atendimento individual); - momento livre (o aluno escolhe sua atividade); - abordagem vivencial (contato físico); - recreação supervisionada; - Higiene; - Lanche; - Recreio livre; - Observação (de objetos, gravura...); - A sala de aula é dividida em três partes: momento pessoal, momento individual e momento livre; - Todas as atividades são voltadas para o estímulo visual. Foi observado que um aluno além de ser portador de autismo, é deficiente visual. A educadora encontra dificuldades para educar este aluno, devido a falta de recursos (materiais pedagógicos), assim ela utiliza as mesmas técnicas já citadas, porém estimula a audição e o tato. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES No período de 1º a 16 de junho, foi feita a observação direta, onde pude perceber que o trabalho com os autistas é bem complexo devido a agitação deles. A sala de aula é dividida em três partes:
  • 48. - momento pessoal: esta é a parte onde cada aluno tem a sua estante de cores diferentes (o aluno A tem a estante azul, o B tem a vermelha), neste local encontram-se seus objetos pessoais como a escova dental, toalha, lanche, material escolar. Cada aluno conhece sua cor e onde encontrar seus utensílios. - Momento individual: este é o espaço em que a professora trabalha individualmente com cada aluno a tarefa dirigida, tentando suprir suas necessidades. Enquanto a educadora atende uma criança, sua auxiliar cuida dos demais com outra atividade, geralmente livre. - Momento livre: neste local os alunos podem optar por uma atividade, ou até mesmo ficar sem fazer nada. Durante os dezesseis dias de observação algumas técnicas citadas na hipótese não foram utilizadas, como a oração, história e o passeio. A recepção e a entrada era sempre calorosa, com diálogo, abraços e beijos. Os alunos chegavam dispostos a ficarem, com exceção de um aluno que chorava e irritava-se muito ao ver a mão sair. A música (CD), nem sempre era uma boa opção, enquanto alguns alunos se acalmavam, outros ficavam agitados, gritavam e seus movimentos estereotipados aumentavam. A professora muitas vezes optava por cantar ao invés de colocar CD. No momento da tarefa dirigida, as crianças ficavam concentradas no que a professora falava. As atividades eram jogos de encaixe, alfabeto ilustrado, pinturas, formas geométricas (blocos lógicos), tarefas onde os alunos pudessem diferenciar grosso e fino, liso e áspero, grande e pequeno. Ao longo da semana as atividades repetiam-se para que pudessem fixar o que foi trabalhado. Durante o período livre os alunos optavam por não fazerem nada, ficavam deitados nas almofadas. A abordagem vivencial acontece deste o instante em que os alunos chegam na escola até a hora da saída, pois são crianças extremamente dependentes e precisam de constante auxílio. A recreação supervisionada acontece duas vezes por semana, na atividade física o que mais dificulta o trabalho é a estereotipia dos alunos, que são movimentos característicos difíceis de serem controlados. No decorrer da recreação as crianças precisam seguir algumas regras, o que os deixam revoltados aumentando os movimentos.
  • 49. Quanto a higiene e o lanche, os alunos agem sozinhos, sabem o lugar de seus objetos pessoais, fazem sua limpeza e alimentação independentes. Exceto dois alunos um que é portador de deficiência visual e outro que tem cinco anos e não se locomove sozinho. As crianças lancham no refeitório, todos têm uma alimentação saudável, alguns levam o lanche, outros comem o que a escola oferece como pão, leite, bolacha, arroz, feijão. O recreio é livre com todas as outras crianças, também portadoras de necessidades especiais. Este momento também é supervisionado, as auxiliares procuram promover a integridade de todos, mas os autistas são pessoas que vivem no seu próprio mundo e dificilmente integram-se com os demais. A observação da natureza, dos objetos, das gravuras é constante. Os autistas têm dificuldades na fala, por isso dificilmente se comunicam através do diálogo, o que a professora pergunta, eles respondem através de gestos, mas conseguem diferenciar as cores, objetos da sala, formas e algumas letras. Da turma de cinco alunos apenas um é alfabetizado. A educadora é atenciosa e procura diversificar as atividades, a falta de materiais pedagógicos às vezes dificulta o andamento do trabalho, além da diferença de idade entre eles: cinco, seis, vinte e dois, vinte e oito e trinta anos. Todos são mentalmente crianças, os alunos de cinco e seis anos têm personalidade de três anos, os demais têm a personalidade de sete anos. CONCLUSÃO Ao término deste artigo, concluiu-se que o tema abordado e pesquisado através da bibliografia e da observação direta confirma-se em partes, pois durante o período de observação algumas técnicas nunca foram feitas pela professora a oração, história e o passeio, enquanto as outras foram aplicadas diariamente com muita atenção, dedicação e paciência. A divisão da sala de aula foi uma técnica não afirmada na hipótese, mas que tem grande importância no trabalho educacional destas crianças tão especiais.
  • 50. Trajetória de um aluno autista no Ensino Técnico em Informática Quadro teórico Hoje a nomenclatura diz que o autismo é um espectro que engloba uma ampla gama de níveis de funcionamento e transtornos, que vão desde o autismo não-verbal, de baixo funcionalidade, até a Síndrome de Asperger altamente verbal. Por isso, é correto usar a sigla TEA - Transtorno do Espectro Autista, como descrito no mais atual dos protocolos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DMS 5 da APA - American Psychiatric Association (2016). A pessoa com TEA só foi considerada como uma pessoa com deficiência pela Lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL, 2012) que diz em seu Artigo 21º, § 1º, “a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais”, lei essa que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa TEA.
  • 51. O Art. 3º dessa lei descreve os direitos da pessoa TEA onde em seu Capitulo IV, parágrafo único, garante que em casos de comprovada necessidade, a pessoa com TEA incluída nas classes comuns de ensino regular, terá direito a acompanhante especializado. Sendo considerado como pessoa com deficiência, o portador de TEA, também, estará amparado pela Lei Brasileira de Inclusão, Lei 13.146 de 06 de Julho de 2015 (BRASIL, 2015). Segundo Lampreia (2004, p. 111), o conceito sobre o autismo é bastante impreciso e que pode se apresentar em diferentes níveis. Quanto às características comportamentais, as crianças com autismo são diagnosticadas como “[...] crianças que falam e outras que não falam; crianças com pouco ou nenhum tipo de contato social e outras com um tipo bizarro de relacionamento; crianças com deficiência mental e outras com um nível de desenvolvimento adequado para sua idade”. São 96 quadros clínicos diferentes considerados pela APA em 1995, numa análise combinatória de três categorias: dois critérios de interação social, um critério de comunicação e um de padrões restritos e repetitivos. Além da diversidade de quadros clínicos, o conceito de autismo pode ser visto pelos diferentes enfoques teóricos, desenvolvimentista ou cognitivista, que procuram explicá-lo atualmente. Seja qual for o sistema de diagnóstico, segundo Passarinho e Santarosa (2003), os conjuntos de sintomas utilizados para detecção do autismo podem variar de país para país. [...] Em geral todos os sistemas coincidem em considerar uma pessoa com síndrome de autista quando esta apresenta: limitadas condutas verbais e comunicativas; trato ritualístico de objetos; relações sociais anormais; comportamento ritualístico; e autoestimulação. Alguns estudos recentes procuram identificar a origem dos distúrbios às defasagens cognitivas relacionadas com as atividades simbólicas e a aprendizagem (problemas na metarepresentação/metacognição) [...] (PASSERINO; SANTAROSA, 2003, p. 3). Os critérios atuais de diagnósticos do TEA, segundo o DSM 5 da APA (AUTISMO REALIDADE, 2011) são: • Déficits persistentes na comunicação social e nas interações, clinicamente significativos manifestados por: déficits persistentes na comunicação não-verbal e verbal utilizada para a interação social; falta de reciprocidade social; incapacidade de desenvolver e manter relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento;
  • 52. • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por, pelo menos, dois dos seguintes: estereotipias ou comportamentos verbais estereotipados ou comportamento sensorial incomum, aderência excessiva à rotinas e padrões de comportamento ritualizados, interesses restritos; • Os sintomas devem estar presentes na primeira infância (mas podem não se manifestar plenamente, até que as demandas sociais ultrapassem as capacidades limitadas); • Os sintomas causam limitação e prejuízo no funcionamento diário. Como é possível perceber, há diversas variações nos níveis de autismo, com níveis mais brandos ou mais severos, e ainda, segundo Chequetto e Gonçalves (2015, p. 210) “é possível observar que vários indivíduos diagnosticados com o mesmo tipo de autismo podem ter perfis e características próprios, diferentes uns dos outros”. No trabalho desses mesmos autores, segundo o modo de se trabalhar os conteúdos matemáticos com esses alunos, o ensino se estabelece pelas percepções que são aos poucos adquiridas, a partir das atividades realizadas em sala de aula ou com outras metodologias, como na sala de informática. Desta forma, as observações são muito importantes e não devem ficar restritas apenas às atividades que dizem respeito à Matemática, mas que devem ser presenciadas também outras que dizem respeito às interações em todo ambiente escolar. O papel do professor, segundo Marinho (2015), é extremamente importante, além do diagnóstico médico e pedagógico para que o professor fique esclarecido sobre os problemas específicos do aluno, fica evidente que “[...] só conhecendo as áreas fracas (áreas de aprendizagem onde se verificam lacunas e dificuldades por parte do aluno), e as fortes (onde a criança demonstra mais capacidades), é que poderemos intervir oportunamente” (MARINHO, 2015, p. 42). Para que as pessoas com deficiência possam ascender nos seus estudos, o grande desafio é fornecer metodologias e recursos didáticos adequados ao tipo de deficiência e/ou à necessidade do portador da deficiência. Chequetto e Gonçalves (2015) apontam o uso de jogos e materiais manipuláveis como ferramentas capazes de estimular o aprendizado do estudante com autismo. Outro método bastante utilizado no Brasil e em outros países para a aprendizagem de pessoas com TEA, que tem seus princípios baseados na teoria comportamental, é o método TEACCH - Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação, do inglês Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children, cuja
  • 53. tradução seria Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências Relacionadas à Comunicação. Esse método foi criado por Eric Schoppler em 1972 no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, para atender crianças portadoras de autismo ou, como era mais comum na época, psicose infantil. O Método TEACCH pode ser classificado como um método psicoeducacional, da área da pedagogia terapêutica ou clínica educacional. Segundo Orrú (2009), o programa TEACCH indica os comportamentos que devem ser trabalhados e especifica a maneira operacional de abordá-los, “[...] Ele possibilita o desenvolvimento de repertórios que são usados para avaliar os aspectos referentes à interação e organização do comportamento, além do desenvolvimento do indivíduo nos diferentes níveis” (ORRÚ, 2009, p. 61). As pessoas com TEA são mais capazes de adquirir aprendizados numa proposta de atividade estruturada, que é um dos princípios do método TEACCH, em vez de uma intervenção terapêutica de caráter mais livre e interpretativo. Ela responde melhor aos sistemas organizados, ou seja, é colocando as coisas em um padrão definido de organização que o mesmo poderá ter compreensão do que lhe é demandado pelas outras pessoas. Além disso, o método TEACCH utiliza estímulos visuais e áudio-cinestésicas visuais. Os princípios do TEACCH também enfocam que é muito difícil e mesmo improvável que uma pessoa com autismo construa a generalização do que aprendeu e a realização de analogias; por isso, a importância de estruturar o ambiente com símbolos e direcionar suas atividades (ORRÚ, 2009, p. 61). Essas e outras premissas traçaram o direcionamento para as análises realizadas com nosso aprendiz com autismo utilizando a metodologia apresentada na sequência. Metodologia e campo de pesquisa O trabalho se configura de cunho qualitativo, baseado no estudo de caso (TRIVIÑOS, 1987), em que o aluno é acompanhado durante sua vida acadêmica na Instituição de Ensino matriculado, a fim de trazer contribuições e experiências para a área de Educação Matemática presenciadas em situações de inclusão de alunos com necessidades especiais. A pesquisa passou por todo o processo do comitê ético, por meio da Plataforma Brasil4, para atingir os objetivos iniciais da pesquisa com observações diretas do principal participante, que é o aluno com TEA.
  • 54. Essas observações teve um caráter de intervenção de uma das pesquisadoras no campo de pesquisa com os registros em um Diário de Campo, das principais ocorrências e atividades realizadas, além da análise de uma de suas avaliações realizada com o aluno e das pesquisas bibliográficas. Com o Diário de Campo, analisamos questões em relação ao perfil do aluno com TEA, nas aulas de Matemática. Segundo Gomes (2015), o autismo é caracterizado por alterações sociais e de comunicação e por interesses restritos e que o perfil das pessoas afetadas varia muito de uma pessoa para outra. O Diário de Campo foi criado e editado por uma das pesquisadoras no “Google Docs”; um serviço gratuito da Web, Android e IOS que permitiu aos outros pesquisadores visualizarem os documentos de texto por meio do link compartilhado. A ferramenta permitia trabalhar off-line com o documento em Word e salvar na memória do dispositivo ou no próprio drive online de maneira automática. Com esta ferramenta, os pesquisadores tinham acesso rápido aos novos documentos e podia abrir os já existentes, criados pela professora de Matemática que acompanhava o aluno com TEA em sua turma. Mesmo à distância, além de acompanhar em tempo real o que a professora descreve e interpreta sobre os fatos ocorridos em sala de aula, cada pesquisador fazia seus comentários e escrevia suas contribuições, compartilhando com os demais pesquisadores. Os registros realizados pela professora, no Diário de Bordo, são caracterizados de duas maneiras, descritiva e interpretativa, segundo Fiorentini (2007, p.119), [...] a perspectiva descritiva atém-se à descrição de tarefas atividades, de eventos, de diálogos, de gestões e atitudes, de procedimentos didáticos, do ambiente e da dinâmica da prática, do próprio comportamento do observador etc. A perspectiva interpretativa, por sua vez, tenta olhar para a escola e a sala de aula como espaços socioculturais produzidos por seres humanos concretos, isto é, por sujeitos que participam da trama social com seus sentimentos, idéias (sic), sonhos, decepções, intuições, experiências, reflexões e relações inter-pessoais. Foram contempladas de forma equilibrada essas duas perspectivas, conforme as recomendações do autor, para que o diário não fosse meramente técnico ou muito genérico e superficial. Além do Diário de Campo e análise de uma avaliação escrita do aluno com TEA, foram realizadas pesquisas bibliográficas com a finalidade de enriquecer, trazer informações necessárias para as aulas de Matemática, informações sobre o aprendizado do aluno e inferir sobre o seu acompanhamento. O aluno com TEA, aqui chamado de A1, possuía na época quinze anos de idade.