E se existisse um livro que lhe explicasse como “funciona” o que chamamos de realidade. Na verdade, você tem-no agora nas mãos. Quando chegar ao final da leitura deste livro, muitos dos conceitos e pressupostos da realidade do seu mundo terão mudado, nos capítulos que vai ler vai ser “exposto” a um conhecimento extraordinário, se recordar esses conceitos, pois sempre estiveram na sua Alma, a sua vida mudará para melhor, pois recordará um conhecimento que esteve esquecido por si demasiado tempo. Que todas as coisas são possíveis em Unidade com Deus. Esse é o conhecimento que não querem que você recorde sobre Deus. Não dê valor ao nada, mas ao que e verdadeiramente Real.
1. DAR VALOR AO NADA!
As Coisas Que Não Sabe, E Que Eles
Não Querem Que Você Saiba.
“Todas as Coisas São Possíveis
Em Unidade Com Deus”.
No Caminho da Autorrealização
Dr. José Duarte
2. Dar Valor Ao Nada
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Índice
Introdução ................................................................................8
O Sonho Dentro do Sonho, Desperto. .....................................9
Capítulo I................................................................................36
O Mito da Bíblia: O Único Livro Que Contém a Palavra de Deus 36
Estamos a Começar a Acordar do Nosso Sonho Alienado ......... 41
Capítulo II ..............................................................................45
A Crença na Necessidade ................................................... 45
A Primeira Grande Crença/Ilusão: A Necessidade é Real ............ 45
Capítulo III .............................................................................51
A Crença no Fracasso ........................................................ 51
A Segunda Grande Crença/Ilusão: O Fracasso É Real................ 51
Capítulo IV..............................................................................53
A Terceira Crença/Ilusão: A Desunião É Real ........................ 53
O Mito do Paraíso ............................................................. 54
Capítulo V...............................................................................61
A Crença na Insuficiência................................................... 61
Esta é a Quarta Grande Crença/Ilusão: A Insuficiência É Real .... 61
Capítulo VI..............................................................................68
A Crença na Exigência ....................................................... 68
Esta é a Quinta Grande Ilusão: A Exigência É Real.................... 68
Capítulo VII ............................................................................73
A Crença no Juízo............................................................. 73
Esta é a Sexta Grande Crença/Ilusão: O Juízo É Real................ 73
Capítulo VIII ...........................................................................79
A Grença na Condenação ................................................... 79
Esta é a Sétima Grande Crença/Ilusão: A Condenação É Real..... 79
Capítulo IX .............................................................................86
A Crença no Condicionalismo.............................................. 86
A Oitava Grande Crença/Ilusão: O Condicionalismo É Real ........ 86
O Fracasso É Real ............................................................... 86
Capítulo X ..............................................................................91
A Crença na Superioridade ................................................. 91
Esta é a Nona Grande Crença/Ilusão: A Superioridade É Real..... 91
Capítulo XI .............................................................................98
A Crença na Ignorância...................................................... 98
Esta é a Décima Grande Crença/Ilusão: A Ignorância É Real ...... 98
Capítulo XII ..........................................................................102
Ver as Crenças Como Ilusões ............................................ 102
Capítulo XIII .........................................................................110
Saia da Grande Alienação: O Propósito das Crenças/Ilusões .. 110
Capítulo XIV .........................................................................113
Usar as Crenças/Ilusões Para A Autorrealização .................. 113
3. Dar Valor Ao Nada
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Capítulo XV ..........................................................................138
O Que É A Autorrealização ............................................... 138
Capítulo XVI .........................................................................143
Cocriar a Realidade ......................................................... 143
Capítulo XVII ........................................................................152
Cocriação, o Caminho do Cognoscente................................ 152
Capítulo XVIII .......................................................................164
A Autorrealização e o Plano De Deus .................................. 164
Capítulo XIX .........................................................................170
O Mundo Que Criamos .................................................... 170
Capítulo XX ..........................................................................178
O Entendimento Das Leis Da Abundância........................... 178
Capítulo XXI .........................................................................190
Cocriar a Realidade ......................................................... 190
Capítulo XXII ........................................................................200
Cultivar A Disponibilidade Para A Unidade.......................... 200
Os 26 Princípios Orientadores da Autorrealização................. 207
A Oração do Iniciado na Ciência da Autorrealização ......... 211
Como Começar O Caminho para a Autorrealização ............... 213
A Prece Do Caminho da Autorrealização ............................. 215
Referências Bibliográficas ......................................................217
4. Dar Valor Ao Nada
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8
Introdução
Deixe que me apresente, chamo-me José Duarte e sou professor.
Ensino, entre outras áreas; Medicina Chinesa, Medicina Biológica e
T.I.M.E. Terapia Informativa Multidimensional Epigenética, exerço essa
atividade paralelamente à prática profissional há muitos anos, sou
também o fundador deste conceito espiritual a que chamo de Ciência da
Autorrealização que é a base de todo este extraordinário conhecimento.
Mas quando se trata de verdades espirituais ou metafisicas o verdadeiro
ensino não é um processo pelo qual se aprende, mas pelo qual se é
levado a lembrar.
Não há aqui nada de novo verdadeiramente para si. A sua alma não se
vai surpreender com nada disto, só o seu ego. O verdadeiro ensino
nunca é um processo de introduzir conhecimentos, mas sim, de extrair
conhecimentos. O verdadeiro professor espiritual ou metafisico, sabe
que não tem um maior conhecimento que o aluno, apenas recorda
melhor o que para a maioria aparentemente está esquecido.
Quando chegar ao final deste livro, muitos dos conceitos e pressupostos
da realidade do seu mundo terão mudado, nos capítulos que vai ler
você vai ser “exposto” a um conhecimento extraordinário, se recordar
esses conceitos, pois eles sempre estiveram na sua alma, a sua vida
mudará para melhor, pois recordará um conhecimento que esteve
esquecido por si demasiado tempo.
Ofereço-me para fazermos este percurso pelo relembrar desse
conhecimento juntos, você e eu, e se o vamos fazer juntos, deixa de ser
importante o você ou o eu, então somos nós, que vamos relembrar estes
maravilhosos e importantíssimos conhecimentos. Garanto-lhe que o ego
vai criar alguma resistência inicialmente, acalme-o, e diga-lhe que
recordar este conhecimento é para o nosso bem maior.
Antes de entrarmos nos ensinamentos propriamente, vamos fazer
algumas reflexões necessárias para nos prepararmos para o
conhecimento extraordinário que vamos relembrar nos próximos
5. Dar Valor Ao Nada
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capítulos, o “segredo” que eles contêm, são a base para conseguirmos
tudo na vida, Saúde, Longevidade, Abundância e Prosperidade, e vamos
comprovar o quanto temos andado alienados com crenças e promessas
que nunca nos fizeram chegar verdadeiramente nem perto da nossa
Autorrealização.
Esta reflexão que vamos iniciar, consideremo-la como o “aquecimento”
para o fabuloso e extraordinário desenvolvido nos próximos capítulos.
Em um dos últimos capítulos vamos descrever um processo intermédio,
que poderá ajudar quem preferir este modelo, pois é menos desafiador e
permite um processo mais tangível de transformação da consciência de
quem somos.
Na Ciência da Autorrealização chamamos-lhe coaching espiritual. É um
processo através do qual podemos alinhar os aspetos incongruentes da
mente dualista, eliminando assim algumas zonas de atrito emocional,
libertando espaço e energia para a utilização mais focada dos recursos
pessoais que já existem.
Então comecemos…
O Sonho Dentro do Sonho, Desperto.
Tudo o que você vê e ouve neste preciso momento não passa de um
sonho, ilusão. Neste preciso momento, você está a sonhar. A sonhar
com o cérebro desperto. As tradições antigas como o hinduísmo e o
budismo chamam a este sonho Maya ou Ilusão, aqui vamos retratá-la
no seu aspeto mais extremo da ilusão, a alienação.
Sonhar, ou o estado alienado, que a maioria da humanidade se
encontra, é a principal função da mente, que o faz 24 horas por dia.
Sonhamos com o cérebro desperto e sonhamos com o cérebro
adormecido. A diferença é que com o cérebro desperto ou estado
alienado, somos envolvidos por uma moldura material através da qual
tudo nos parece linear e real. A dormir não temos essa moldura e é por
isso que os sonhos mudam constantemente.
6. Dar Valor Ao Nada
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Nós, seres humanos estamos sempre a sonhar. Antes de nascermos, os
nossos antepassados criaram um enorme sonho exterior a que
chamaremos o sonho da sociedade ou as Dez Principais Ilusões da
Grande Alienação. Trata-se do sonho coletivo de milhões de pequenos
sonhos individuais que, juntos, formam o sonho de uma família,
comunidade, cidade, país e, por fim, de toda a humanidade. Este sonho
coletivo ou consciência social alienada, inclui as regras da sociedade, as
crenças, leis, religiões, culturas e formas de ser, os governos, as
escolas, os acontecimentos sociais, etc., nada escapa á Grande
Alienação Coletiva. Aceite ou não, a sua realidade é o resultado de
milhões de crenças e mitos, que impressionaram a sua mente e nos
quais passou a acreditar.
Nascemos com a capacidade implantada de aprender a sonhar este
estado ilusório e quem nasceu antes de nós ensina-nos a “sonhar da
mesma forma que a sociedade sonha”. O sonho ilusório exterior tem
tantas regras que, quando nasce um novo ser humano, prendemos a
atenção do bebé e introduzimos essas regras na mente dele. O sonho
(ilusão) exterior serve-se da mãe e do pai, das escolas e da religião para
nos ensinar a sonhar essa consciência ilusória coletiva.
A atenção é a capacidade que temos de selecionar e focar somente o que
queremos ver. Conseguimos aperceber-nos de milhões de coisas ao
mesmo tempo, mas através da nossa atenção podemos reter o que
queremos em primeiro plano. Os adultos captaram a nossa atenção e
introduziram a informação na nossa mente, pela repetição. Foi assim
que aprendemos tudo o que julgamos saber sobre esta “realidade”.
Através da atenção, aprendemos toda uma realidade, todo um conjunto
de regras. Aprendemos a comportar-nos em sociedade: no que devemos
acreditar e no que não devemos acreditar; o que é aceitável e o que não
é aceitável; o que é bom e o que é mau; o que é bonito e o que é feio; o
que está certo e o que está errado. Já lá estava tudo – todo esse
conhecimento, todas essas regras e conceitos sobre a maneira
adequada de nos comportarmos no mundo que acreditamos real.
7. Dar Valor Ao Nada
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Na escola, sentamo-nos e prestamos atenção ao professor. Na missa,
igualmente prestamos atenção ao padre ou pastor. Com a nossa mãe, o
pai, os irmãos e irmãs, foi o mesmo: todos tentavam captar-nos a
atenção. Também aprendemos a captar a atenção dos outros e
desenvolvemos uma necessidade de atenção que pode ser bastante
competitiva. As crianças competem pela atenção dos pais, dos
professores e dos amigos. “Olhem para mim! Vejam o que estou a fazer!
Olhem! Estou aqui.” A necessidade de atenção intensifica-se e perdura
pela idade adulta.
O sonho ou ilusão exterior capta-nos a atenção e ensina-nos aquilo em
que devemos acreditar, a começar pela língua que falamos. A linguagem
é o código que permite aos seres humanos compreenderem-se e
comunicarem. Todas as letras e palavras de qualquer língua são
verdades, convenções. Chamamos a isto a página de um livro; a palavra
página é uma verdade que compreendemos. Ao compreendermos o
código, a atenção é captada e a energia transfere-se de uma pessoa para
a outra.
Não escolhemos falar esta ou aquela língua, não escolhemos a religião
nem os nossos valores morais – quando nascemos já existiam. Não
tivemos oportunidade de escolher em que acreditar. Não escolhemos
nem a mais pequena destas verdades. Nem sequer o nosso próprio
nome.
Na infância, não pudemos escolher as nossas crenças, apenas
aceitamos a informação que a consciência social do planeta nos
transmitiu através dos outros seres humanos. Só armazenamos
informação se a aceitarmos como verdade. O sonho (ilusão) exterior
pode captar-nos a atenção, mas se aceitarmos a informação que nos
passam como verdade, passamos a acreditar nela e isso chama-se fé.
Ter fé é acreditar incondicionalmente.
É assim que aprendemos na infância. As crianças acreditam em tudo o
que os adultos dizem. Aceitamos o que dizem com tal fé, que o sistema
de crenças controla todos “os nossos sonhos de vida”. Não fomos nós
que escolhemos as crenças e talvez até nos tenhamos revoltado contra
8. Dar Valor Ao Nada
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elas, mas não tivemos força suficiente para as vencer. Em resultado,
rendemo-nos e aceitámo-las como verdades.
Este é o processo que na Ciência da Autorrealização chamamos de
“domesticação” dos seres humanos, através da instalação da Grande
Alienação. É pela consciencialização alienada, que aprendemos a viver e
a sonhar. Nesta alienação do ser humano, o sonho (ilusão) exterior
transmite informação ao sonho interior, criando todo o nosso sistema
de crenças. Primeiro, ensina-se à criança o nome das coisas: mãe, pai,
leite, biberão. Dia após dia, em casa, na escola, na igreja e por meio da
televisão, dizem-nos como viver e que comportamento ter. O sonho
ilusório exterior ensina-nos a ser humanos. Temos conceitos para
definir a “mulher” e para definir o “homem”. E também aprendemos a
julgar; julgamo-nos a nós próprios, julgamos os outros, julgamos os que
nos são próximos e distantes.
Durante o processo de crescimento, sempre que contrariávamos as
regras, éramos castigados; sempre que cumpríamos as regras, éramos
recompensados. Éramos ora castigados, ora recompensados, várias
vezes por dia. Rapidamente, ganhámos o medo de sermos castigados e
também de não sermos recompensados. A recompensa era a atenção
que recebíamos dos nossos pais, irmãos, professores e amigos.
Depressa desenvolvemos a necessidade de captar a atenção dos outros
para sermos recompensados.
Como a recompensa sabe bem, fazemos o que os outros querem, para a
recebermos. Com medo do castigo ou de não sermos recompensados,
começamos a fingir e a mostrar o que não somos, só para agradar e
parecer bem aos outros. Tentamos aprazer aos nossos pais, professores,
igreja, e começamos a fingir. Fingimos ser diferentes do que somos, com
receio da rejeição. O medo de sermos rejeitados vem do medo de não
sermos suficientemente bons. Por fim, acabamos por ser outra pessoa.
Tornamo-nos uma cópia dos nossos pais e daquilo em que eles
acreditam, uma cópia das convicções da sociedade e da religião.
Todas as tendências naturais se perdem durante o processo de
alienação. E quando chegamos a uma idade em que já temos um certo
9. Dar Valor Ao Nada
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grau de compreensão, aprendemos a palavra não. Os adultos dizem:
“Faz isto e faz aquilo”. Revoltamo-nos e respondemos: “Não!” Rebelamo-
nos em defesa da nossa liberdade. Queremos ser nós próprios, mas
somos demasiado pequenos, em comparação com os adultos que são
grandes e fortes. Ao fim de algum tempo, começamos a ter medo,
porque sabemos que se fizermos qualquer coisa considerada “má”,
somos castigados.
A alienação, ou processo de domesticação, é de tal forma poderosa que,
a determinada altura, deixamos de precisar de ser domesticados
(alienados). A mãe, o pai, a escola e a igreja já não têm de nos alienar.
Estamos tão bem treinados que passamos a ser nós a alienar-nos.
Somos um ser auto domesticado e regemo-nos pelo mesmo sistema de
crenças que nos ensinaram, agindo motivados pelos castigos e
recompensas. Castigamo-nos se não seguirmos o sistema de crenças à
risca; recompensamo-nos se formos “um lindo menino” ou “uma linda
menina”.
O sistema de crenças que nos é imposto é como um Código de Leis que
rege a mente. Sem questionar, o que está no Código é a nossa verdade.
Baseamos nele toda a nossa forma de pensar, mesmo contrariando a
nossa natureza. Até leis morais/religiosas como os Dez Mandamentos
são introduzidas na nossa mente, durante o processo de
“domesticação/alienação”. Uma a uma, todas essas verdades são
inseridas no Código de Leis e passam a reger o nosso sonho/alienação.
Há algo na nossa mente que julga tudo e todos, incluindo o clima, o cão
e o gato – Tudo. O Juiz interior (ego) serve-se do Código de Leis para
julgar os nossos atos, pensamentos e sentimentos. Vivemos sob a
tirania desse Juiz. Se contrariarmos o Código de Leis, o Juiz declara-
nos culpados, castiga-nos e faz-nos sentir envergonhados. Tal acontece
muitas vezes por dia, todos os dias, durante toda a nossa vida.
Há uma outra parte de nós que é alvo do julgamento, ou seja, é a
vítima. É quem arca com a culpa, o peso e vergonha. É a parte que diz:
“Pobre de mim que não sou bom, inteligente, atraente ou digno de
amor. Pobre de mim”. O poderoso Juiz (ego) concorda e declara:
10. Dar Valor Ao Nada
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“Exatamente. Tu não és bom”. E tudo com base num sistema de
crenças que não escolhemos. Essas certezas são tão fortes que, ao fim
de alguns anos, quando conhecemos novos conceitos e tentamos decidir
por nós mesmos, descobrimos que elas ainda nos controlam totalmente.
Tudo o que contraria o Código de Leis dá-nos uma sensação estranha
no plexo solar que se chama medo. Romper com as regras, abre feridas
emocionais e a nossa reação é criar veneno emocional. Porque o Código
de Leis é a verdade, tudo o que desafiar essas crenças faz-nos sentir
inseguros. O Código de Leis dá-nos segurança, mesmo que esteja
errado.
Precisamos de muita coragem para desafiar as nossas crenças. Apesar
de não as termos escolhido, aceitamo-las como verdades. O
compromisso é tão forte, que mesmo compreendendo que possam não
ser verdade, sentimos peso, culpa e vergonha por ir contra elas.
Tal como o governo tem um código de leis pelo qual rege a sociedade, o
nosso sistema de crenças é o Código de Leis que rege o nosso “sonho
pessoal”. Todas essas leis existem na nossa mente, acreditamos nelas e
o Juiz (ego) que há em nós age com base nessas leis. O Juiz (ego)
decreta, e a Vítima sofre a culpa e o castigo. Mas quem diz que esse
sonho é justo? Verdadeira justiça é pagar uma só vez por cada erro.
Verdadeira injustiça é pagar mais do que uma vez por cada erro.
Quantas vezes pagamos por um “erro”? A resposta é dezenas de vezes.
O ser humano é o único animal que paga dezenas de vezes pelo mesmo
“erro”. Os outros animais pagam uma vez apenas por cada erro que
cometem. Mas nós não! Temos uma memória potente. Cometemos um
“erro”, julgamo-nos, consideramo-nos culpados e castigamo-nos.
Existindo justiça, uma vez seria suficiente - não precisávamos de nos
julgar novamente. Mas, sempre que nos lembramos, abrimos um novo
ciclo de julgamento, sentença, culpa e castigo. Se tivermos marido ou
mulher, também ele ou ela vai recordar o erro que cometemos, para que
nos julguemos, castiguemos e culpemos novamente.
Na alienação coletiva do planeta é normal os seres humanos sofrerem,
terem medo e fazerem dramas emocionais. O sonho exterior não é
11. Dar Valor Ao Nada
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agradável; é de violência, medo, guerra, competição e injustiça. Os
sonhos ilusórios de cada ser humano variam, mas em geral são
sobretudo pesadelos. Se olharmos para a sociedade que criámos, vemos
um sítio onde é tão difícil viver porque é regido pelo medo. Pelo mundo
fora, encontramos sofrimento, raiva, vingança, vício, violência e uma
tremenda injustiça. Pode existir a diferentes níveis, em diferentes países
do mundo, mas é o medo que controla sempre o sonho ilusório exterior.
Se compararmos o sonho da sociedade à discrição do inferno que
muitas religiões promulgaram, percebemos que são igualzinhos. As
religiões afirmam que o inferno é um local de punição, de medo, dor e
sofrimento, onde o fogo nos consome. O fogo é gerado pelas emoções
que derivam do medo. As emoções como a raiva, o ciúme, a inveja ou o
ódio, fazem-nos arder por dentro. Fazem-nos viver o sonho do inferno.
Se pensarmos que o inferno é um estado de espírito, então, ele rodeia-
nos. Os outros talvez nos avisem que, se não fizermos o que eles dizem,
vamos parar ao inferno. Azar! Já lá estamos, juntamente com eles. Ser
humano algum pode condenar outro ao inferno, porque adotamos por já
lá estarmos todos. É certo que as outras pessoas podem fazer-nos a
vida ainda mais infernal. Mas só se o permitirmos.
Todos os seres humanos têm o seu “sonho pessoal” que, tal como o da
sociedade, é regido pelo medo e a alienação. Aprendemos a sonhar o
inferno na nossa própria vida e no nosso próprio sonho. É claro que os
mesmos receios se manifestam de diferentes formas para cada um, mas
todos sentimos raiva, ciúme, ódio, inveja e outras emoções negativas. O
sonho pessoal também se pode tornar um pesadelo interminável, em
que sofremos e vivemos sempre com medo. Mas não temos de sonhar
um pesadelo. Podemos desfrutar de um sonho agradável.
A humanidade inteira anseia e parece procurar o verdadeiro, a justiça e
a beleza. Buscamos eternamente o que é verdadeiro, porque só
acreditamos nas mentiras e ilusões que armazenámos na mente.
Procuramos justiça, porque não a temos no sistema de crenças.
Procuramos beleza, porque, por mais bonita que uma pessoa seja, não
acreditamos na sua beleza interior. Procuramos incessantemente o que
12. Dar Valor Ao Nada
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já temos em nós. Não há verdade alguma para descobrir. A verdade está
à nossa volta, em todo o lado, mas devido às crenças e verdades
armazenadas na mente não a conseguimos ver.
Não vemos a verdade porque estamos alienados. São as falsas crenças
que nos tornam cegos. Temos de sentir que temos razão e os outros
não. Confiamos naquilo em que acreditamos, mas aquilo em que
acreditamos só nos faz sofrer. É como se vivêssemos no meio de um
nevoeiro cerrado que não nos deixa ver um palmo à frente do nariz.
Esse nevoeiro nem sequer é real. É uma ilusão, Maya; é o TEU sonho da
vida - aquilo em que acreditas, o conceito sobre ti próprio, as verdades
que aceitaste nos outros, em ti e, até, o que te contaram sobre Deus.
A mente é, toda ela, um nevoeiro de ilusões alienadas. A mente é um
sonho com mil pessoas a falarem ao mesmo tempo sem se entenderem.
Esta é a condição da mente humana – uma enorme ilusão que te
impede de te veres como Realmente És. Tudo aquilo em que acreditas
sobre ti e sobre o mundo, os conceitos e programações da mente – tudo
é Maya, Alienação. Não conseguimos ver quem realmente somos, não
conseguimos perceber que não somos livres.
Durante o processo de alienação a que somos sujeitos, formamos uma
imagem da perfeição a que aspiramos corresponder. É a imagem do que
deveríamos ser, para sermos aceites. Acima de tudo, tentamos agradar
a quem nos ama, como os nossos pais, irmãos e irmãs mais velhos,
padres e professores. Na esperança de agradar, criamos uma imagem de
perfeição em que não nos encaixamos e que não é real.
Assim não sendo perfeitos, rejeitamo-nos. E o nível de autorrejeição
varia consoante a eficácia dos adultos a anularem a nossa identidade.
Após a implantação do estado alienado, já não se trata de sermos
suficientemente bons aos olhos dos outros; não somos bons aos nossos
próprios olhos, porque não correspondemos à nossa imagem de
perfeição. Não nos perdoamos por não conseguirmos ser aquilo que
gostaríamos de ser, ou melhor, por não sermos aquilo que acreditamos
que devíamos ser. Não nos perdoamos por não sermos perfeitos.
13. Dar Valor Ao Nada
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Tentamos esconder-nos e fingimos ser o que não somos.
Consequentemente, sentimo-nos inautênticos e usamos máscaras
sociais para que ninguém se aperceba. Temos tanto medo que alguém
repare que estamos a fingir. Por outro lado, também julgamos os outros
segundo a nossa imagem de perfeição e, claro está, eles nunca
correspondem às expetativas.
Desonramo-nos só para agradar aos outros. Chegamos mesmo a fazer
mal ao nosso corpo, só para que os outros nos aceitem. Vemos
adolescentes a consumirem drogas, só para não se sentirem rejeitados
por outros adolescentes. Não percebem que o problema está em não se
aceitarem como são e quem são. E rejeitam-se porque não são aquilo
que mostram. Desejam ser de determinada maneira, mas não são e, por
conseguinte, sentem vergonha e culpa. Os seres humanos recriminam-
se por não serem aquilo que acham que deviam ser. Não só são
autodestrutivos, como também se servem dos outros para se
maltratarem.
Porém, ninguém nos maltrata mais do que nós próprios – por
intermédio do juiz (ego), da vítima e do sistema de crenças. É certo que
há pessoas cujo cônjuge, o pai ou a mãe as maltrataram, mas sabemos
perfeitamente que somos capazes de fazer muito pior à nossa pessoa.
Fazemos os piores julgamentos de nós próprios. Se cometermos um erro
diante de outras pessoas, tentamos negá-lo e encobri-lo. Mas, assim
que chegamos a casa, o juiz (ego) ganha imensa força, a culpa
intensifica-se e sentimo-nos muito estúpidos, maus ou indignos.
Não há ninguém que nos censure tanto como nós próprios. E o limite
das descomposturas autoinfligidas corresponde ao limite que toleramos
de outra pessoa. Se alguém nos censurar mais do que nós próprios, o
mais certo é afastarmo-nos dessa pessoa.
Precisamos de sentir que os outros nos aceitam e amam, mas não nos
aceitamos, nem nos amamos a nós próprios. Quanto mais amor-próprio
tivermos, menos tendemos a censurar-nos. A autorrecriminação nasce
do sentimento de autorrejeição que, por sua vez, provém do facto de
nunca nos sentirmos à altura da nossa imagem de perfeição. Só nos
14. Dar Valor Ao Nada
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rejeitamos, por causa dessa imagem de perfeição que criámos. É por
isso que não nos aceitamos como somos, nem aceitamos os outros
como eles são.
Aceitamos milhares de “verdades”, as tuas, as dos outros, do sonho de
vida, de Deus, da sociedade, dos pais, cônjuges e filhos. Mas as
“verdades” mais importantes são as tuas. É com essas verdades que nos
definem, que defines os teus sentimentos, crenças e comportamentos. O
resultado de todas essas verdades é aquilo a que chamamos
personalidade. Com essas verdades, afirmas: “É isto que sou. É nisto
que acredito. Há coisas que consigo fazer e outras que não consigo. Isto
é realidade e aquilo é fantasia; isto é possível, aquilo e impossível.”
Quando alimentamos uma só “verdade”, esta não é problemática, mas
temos muitas que nos fazem sofrer e falhar na vida. Se quisermos ter
uma vida plena de alegria e realização, temos de arranjar coragem para
ultrapassar essas “verdades” baseadas no medo e reivindicar o nosso
poder pessoal. As verdades que derivam do medo alienado sugam-nos
muita energia, mas as que advêm do amor ajudam-nos a preservar e,
até, a ganhar energia. Todos nascemos por direito divino com o poder
pessoal de nos recuperarmos diariamente, depois de descansarmos.
Infelizmente, despendemos todo o poder pessoal, primeiro, a criar essas
verdades e, depois, a cumpri-las. As verdades que criamos fragilizam o
poder que temos e fazem-nos sentir impotentes. Só temos poder
suficiente para sobreviver um dia de cada vez, porque gastamos a maior
parte a cumprir “verdades” que nos encurralam na alienação coletiva do
planeta. Como podemos mudar o sonho inteiro da nossa vida, se nem
sequer temos poder para mudar a mais pequena dessas verdades?
Se conseguirmos perceber que as verdades abaixo descritas controlam a
nossa vida e se não gostarmos do nosso sonho ilusório de vida, temos
de mudar de verdades. Quando finalmente estivermos preparados,
podemos mudar essas verdades baseadas no medo, na ignorância e na
ilusão, que esgotam a nossa energia.
Sempre que desmontamos uma ilusão, é-nos devolvida toda a energia
que utilizamos para a criar. Se adotar estas novas verdades, elas dar-
15. Dar Valor Ao Nada
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lhe-ão o poder pessoal para mudar todo o sistema das suas “verdades”.
Precisamos de muita força de vontade para adotar As Verdades Do
Caminho da Autorrealização – mas se formos capazes de começar a
viver com elas, a transformação da nossa vida será maravilhosa.
Veremos o “drama do inferno” desaparecer mesmo à frente dos nossos
olhos. Em vez de vivermos num sonho de inferno, criaremos assim, um
novo sonho - o teu sonho pessoal do Céu.
Agora, reflexionemos sobre estas novas verdades que a Ciência da
Autorrealização lhe propõe, que abaixo vão ser apresentadas e sobre as
quais ninguém pensa.
Se confiamos na nossa própria força (consciência egoica), para
conseguirmos o que quisermos da vida, temos razão para estarmos
apreensivos, ansiosos e amedrontados.
O que verdadeiramente podemos predizer ou controlar? O que há em
nós com que verdadeiramente possamos contar, para além da tagarelice
do ego? O que nos daria capacidade de estarmos cientes de todas as
facetas de qualquer problema e de resolvê-los de tal modo que só o bem
possa advir? O que há em nós que nos dê o reconhecimento da solução
certa e a garantia de que será realizada?
Por nós mesmos não podemos fazer nenhuma dessas coisas. Acreditar
que podemos é depositar a nossa confiança onde a confiança não foi
autorizada, e justificar o medo, a ansiedade, a depressão, a raiva e a
frustração.
Quem pode depositar a sua fé na fraqueza e sentir-se seguro? E, no
entanto, quem pode depositar a sua fé na força e sentir-se fraco?
Deus a Fonte de tudo o que existe, é a nossa segurança em qualquer
circunstância. E o nosso Eu Interior (superior, alma) fala por Ele em
todas as situações e em cada aspeto de todas as situações, dizendo-nos
exatamente o que fazer para invocar a sua força e a sua proteção. Não
existe nenhuma exceção porque em Deus não há exceções.
É óbvio que qualquer situação que nos cause preocupação está
associada com sentimentos de inadequação, promovida pelo ego, pois
16. Dar Valor Ao Nada
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de outra maneira acreditaríamos que poderíamos lidar com a situação
com sucesso. Não é acreditando em nós mesmo que ganharemos
confiança. Mas sim, na força de Deus em nós, para termos sucesso em
todas as coisas.
O reconhecimento da nossa própria fragilidade é um passo necessário
na correção dos nossos erros, mas dificilmente seria suficiente para nos
dar a confiança que necessitamos é à qual temos direito. Também
temos de ganhar a consciência de que a confiança na nossa força real é
justificada sob todos os aspetos e em todas as circunstâncias.
Neste mundo, acreditamos que somos sustentados por tudo menos por
Deus. A nossa fé é colocada nos símbolos ilusórios, alienados e triviais:
drogas, dinheiro, “roupa protetora”, influências, prestígio, que gostem
de nós, “conhecer as pessoas certas”, e uma lista infindável de formas
do “nada” que dotamos com poderes “mágicos” ilusórios.
Todas estas coisas apreciamo-las para assegurar uma identificação com
o corpo. São cantos de louvor ao ego. Não ponhamos a nossa fé no que
não tem valor. Isso não nos vai sustentar.
Só o Amor de Deus, nos protegerá em todas as circunstâncias. Ele nos
transportará a um estado mental em que nada pode interferir na calma
eterna de quem está em Unidade com Deus.
Não ponhamos a nossa fé em ilusões (alienações). Pois elas vão falhar.
Ponhamos toda a nossa fé no Amor de Deus dentro de nós, eterno,
imutável e para sempre infalível. Essa é a resposta para o quer que nós
sejamos confrontados hoje. “Através do Amor de Deus dentro de mim”
podemos resolver todas as aparentes dificuldades e com confiança
segura. Diremos para nós mesmos frequentemente “Deus é a força e o
Poder no qual eu confio”. Isto é uma declaração da libertação da nossa
crença em ídolos ilusórios. É o nosso reconhecimento da verdade sobre
nós mesmos.
Já observamos antes quantas coisas sem sentido parecem-nos ser a
verdade. Cada uma tem-nos aprisionado com leis tão sem sentido
quanto ela mesma. Nós não estamos presos por elas. Mas para
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compreender que isso é assim, em primeiro lugar é preciso que
reconheçamos que a verdade não está lá. Quando queremos prová-la
em coisas que não têm significado nós prendemo-nos a Leis que não
têm nenhum significado, nós, prendemo-nos a Leis que não fazem
nenhum sentido. Assim tentamos provar que a verdade está onde não
está.
No âmago da nossa alma, algo nos diz quanto simples é a verdade.
Temos é de procurá-la aonde ela espera por nós, e lá será encontrada.
Não a procuremos em nenhum outro lugar, pois ela não está em nenhum
outro lugar.
Pensamos na liberdade que existe no reconhecimento de que não
estamos presos a todas esses códigos de Leis distorcidos que temos
estabelecido para nos convencermos da verdade. Pensamos que
morreremos de fome se não tivermos muitas notas de papel e moedas
de metal, pensamos que um comprimido, ou um pouco de líquido
introduzido numa veia por uma agulha pontiaguda afastará a doença e
a morte, realmente pensamos que estamos sós, sempre que não temos
outros corpos ao nosso lado.
É a nossa alienação que nos faz pensar nas coisas dessa maneira. Nós
as chamamos de Leis e as dispomos sob diferentes nomes num longo
catálogo de rituais que não têm nenhuma utilidade e não servem
nenhum propósito. Pensamos que temos de obedecer às Leis da
medicina, da economia e da saúde. “Protejo o meu corpo e serei salvo”.
Essas não são Leis, mas ilusões. O corpo só é colocado em perigo pela
mente alienada que se fere a si mesma. O corpo só sofre para que a
mente deixe de ver que é vítima de si mesma. O sofrimento do corpo é
uma maneira mantida pela mente para ocultar o que realmente sofre.
A mente não quer compreender que a crença nas ilusões é a sua maior
inimiga, que ataca a si mesma. É disso que as nossas “Leis” salvam o
corpo. É por isso que nós pensamos que somos corpos. Na verdade, não
existem outras Leis senão as Leis de Deus. É preciso repetir isso muitas
vezes, até que reconheçamos que se aplica a tudo o que temos feito em
18. Dar Valor Ao Nada
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oposição à “Vontade de Deus”. A nossa crença nas ilusões não tem
significado. O que ela pretende nos convencer não existe, é Maya
(ilusão). Só o que ela pretende esconder nos beneficiará.
As Leis de Deus nunca podem ser substituídas. Regozijamo-nos por ser
assim, já que não é mais uma verdade que queremos esconder. Em vez
disso, reconhecemos que é uma verdade que nos mantem livres para
sempre. As ilusões aprisionam-nos, mas as Leis de Deus libertam-nos.
A verdade veio porque não existem outras Leis senão as de Deus.
Afastemos todas as tolas crenças ilusórias, e mantenhamos a nossa
mente em silenciosa prontidão para entender e relembrar os
ensinamentos que vêm até nós aqui, que nos dizem que não há perda
sobre as Leis de Deus. Nenhum pagamento é feito ou recebido.
Trocas não podem ser feitas, não há substitutos e nada toma o lugar de
outra coisa. As Leis de Deus dão eternamente e nunca tiram!
A paz e a alegria de Deus são nossas, e nós as aceitamos sabendo que
nos pertencem. E tentamos compreender que estas dádivas aumentam
à medida que as recebemos. Elas não se assemelham às dádivas que o
mundo pode nos dar, em que o doador perde ao dar e aquele que recebe
se enriquece com a sua perda. Tais situações não são dádivas, mas
barganhas feitas com culpa. O que é verdadeiramente dado não
acarreta nenhuma perda. É impossível que alguém possa ganhar
porque o outro perde. Isso implica limitação e insuficiência.
Nenhuma dádiva é feita desta forma. Tais “dádivas” não passam de uma
oferta visando um retorno maior, um empréstimo com juros a serem
pagos integralmente; um empréstimo temporário, significando um
compromisso de dívida a ser pago com muito mais do que foi recebido
por aquele que aceitou a dádiva. Essa estranha distorção do que
significa dar, permeia todos os níveis do mundo que vemos. Despoja de
todo o significado as dádivas que damos e não deixa nada aqueles que
recebem.
Uma das metas principais dos ensinamentos da Ciência da
Autorrealização é reverter a nossa opinião sobre o que é dar, de modo
19. Dar Valor Ao Nada
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que possamos receber. Pois dar veio a ser uma fonte de medo e, assim,
queremos evitar o único meio pelo qual podemos receber. Aceitamos a
paz e a alegria de Deus e aprendemos um modo diferente de olhar para
uma dádiva. Pelo contrário, só aumentam com isso.
Assim, como a paz e a alegria do céu se intensificam quando aceitamos
como dádivas de Deus para nós, assim também, a alegria do nosso
Criador cresce quando aceitamos a Sua alegria e a Sua paz como
nossas.
Dar verdadeiramente é cocriação. Estende o que é sem limites ao
ilimitado, a eternidade à intemporalidade e o amor a si próprio.
Acrescenta a tudo o que já é completo, não simplesmente em termos de
acrescentar mais, pois isso implicaria que antes era menos. Acrescenta
permitindo que aquilo que não pode se conter cumpra o seu objetivo de
dar tudo o que tem, assegurando tudo o que tem eternamente.
Aceitamos a paz e a alegria de Deus como nossas. Deixemos que Ele
complete a Si Mesmo assim como Ele define a completeza.
Compreenderemos que aquilo que O completa tem de completar os
seus filhos incondicionalmente. Ele não pode dar através da perda. Nós
também não podemos. Recebemos hoje a Sua dádiva de alegria e paz e
Ele agradecerá pelas nossas dádivas para Ele.
Assim, nós nos preparamos para reconhecer que todas as coisas são
possíveis em Unidade com Deus, e deixar a nossa mente livre de tudo
o que impediria o nosso sucesso agora. Agora estamos prontos para
experimentar a alegria de sermos, Um. Agora podemos dizer: “A paz e a
alegria de Deus são minhas”, pois demos aquilo que queremos receber.
Temos de ter sucesso no conhecimento que vamos iniciar. Pois teremos
permitido que todas as barreiras para a paz o entendimento e a alegria
da compreensão tenham desaparecido se prepararmos a nossa mente
para estarmos recetivos e tudo o que é nosso, volta a nós, fechemos os
olhos por um momento e deixemos que o nosso Eu Interior nos
assegure que todo o ensinamento – relembrar é verdadeiro como Deus.
E assim, É!
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Comecemos então pelo princípio, que todos os nossos pensamentos são
de Deus, e os pensamentos de Deus são nossos. Pois no princípio não
pode ser de outra maneira. Existe apenas uma Fonte de O que É, e a
única Fonte é o que É.
Todas as coisas emanam dessa Fonte, permeiam todo o estado do Ser e
revelam-se como Individualizações do Todo.
As interpretações individuais da mensagem única produzem o milagre
da Unidade sob muitas formas é aquilo a que chamamos Vida. A Vida é
Deus, interpretado. Ou seja, traduzido para muitas formas.
O processo contínuo da tradução de Deus produz uma variedade
interminável dentro da Unidade de Deus. Essa variedade da unidade é
designada por “individualização”.
É a expressão individual de cada um de nós que não está separado,
mas pode ser expresso individualmente.
O propósito da expressão individual de cada um de nós é experienciar
Deus como um Todo, através de nós como as Suas partes individuais.
E embora o todo seja sempre maior do que a soma das partes, Deus só
pode Se experienciar conhecendo a soma do Todo.
É isso o que nós somos.
Somos a Soma de Deus.
Já nos foi dito muitas vezes através de muitos Mestres que o
anunciaram como “os filhos de Deus”. Nós todos, somos os filhos e as
filhas de Deus.
Na realidade não é importante, os rótulos ou nomes que usemos, pois
vai dar sempre ao mesmo: nós somos a Soma de Deus.
Tal como tudo à nossa volta, o que vemos e o que não vemos. Tudo O
Que É, Tudo O Que Já Foi e Tudo O Que Será é Deus. E tudo o que
Deus É, é agora e Sempre!
Deus É O Que É – e isso já nos foi dito muitas vezes, por muitos
Mestres e por muitas tradições.
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Não existe nada que Deus tenha sido e deixado de ser. E nada existe
que Ele venha a ser que O não seja agora! Deus não pode tornar-se
nada que já não seja agora, nem pode deixar de ser o que já foi. Foi
assim no princípio, é agora e será para todo o sempre. E assim, É!
Se optarmos por esta experiência de Unidade com Deus, conheceremos
por fim paz, a alegria sem limites, o amor totalmente expresso e a
completa liberdade.
Se optarmos no Caminho da Autorrealização, por esta verdade que aqui
está a ser expressa, mudaremos o nosso mundo.
Se optarmos por esta realidade, criá-la-emos, e experienciaremos
finalmente Quem Realmente Somos.
Será a coisa mais difícil que já alguma vez fizemos, e a coisa mais fácil
que jamais faremos.
Será a coisa mais difícil que já fizemos porque teremos de negar quem
pensamos que somos e deixar de negar Deus. Será a coisa mais fácil
que jamais fizemos porque não existirá nada que tenhamos de fazer.
Tudo o que teremos de fazer é “ser”, e tudo o que temos de “ser” é Deus.
Mesmo isso não será um ato de vontade, mas um simples
reconhecimento. Não nos exigirá ação, apenas uma admissão.
Deus tem procurado essa admissão em nós desde sempre. Ao
facultarmos através do Caminho da Autorrealização a Deus essa
admissão, deixamos Deus entrar nas nossas vidas. Admitimos que
Deus e nós somos Um. Esse é o nosso passaporte para o Céu. Basta
dizermos, “admito que somos Um”, tão simples, e tão poderoso.
Ao facilitarmos a entrada de Deus no nosso coração, é-nos facultada a
entrada no Céu. E o nosso céu pode ser aqui na Terra. Quando estamos
em Unidade com Deus, tudo pode ser verdadeiramente “assim na Terra
como no Céu” quando terminamos o tempo da separação e iniciarmos o
tempo da Unificação.
22. Dar Valor Ao Nada
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Unificação com Deus, com todos os outros e com todas as coisas vivas.
É isto que Deus nos tem vindo a dizer, através dos seus mensageiros,
pois todos levam a mesma mensagem.
Somos Todos Um.
Esta é a única mensagem importante é o estandarte da Ciência da
Autorrealização. A única mensagem que existe. Tudo o mais na Vida é o
reflexo desta mensagem. Tudo o mais a emite.
O facto de que até agora não a termos recebido (ouvimo-la com
frequência, mas não a recebemos) foi o que causou toda a infelicidade,
todo o desgosto, todo o conflito, toda a mágoa que experimentamos.
Provocou todos os assassínios, todas as guerras, todas as violações e
roubos, todos os assaltos e ataques, mentais, verbais e físicos. E
contínua a ser a causa de todas as doenças e males e de todos os
confrontos com que designamos por morte.
A ideia de que não Somos Um, é o cerne da Grande Alienação Coletiva.
A maior parte de nós acredita em Deus, não acreditamos é num Deus
que acredita em nós.
Deus acredita em nós. E ama-nos mais do que a maior parte de nós
acredita.
A ideia que Deus “amuou” e deixou de falar connosco, não é verdadeira.
A ideia de que Deus Se zangou connosco e nos expulsou do paraíso não
é verdadeira.
A ideia de que Deus se instituiu como único juiz, e decidirá qual de nós
irá para o Céu ou para o inferno não é verdadeira.
Deus ama por igual cada um de nós que já viveu, vive agora ou virá a
viver.
O que Deus deseja é que todas as almas regressem a Deus e Ele não
pode deixar de cumprir esse desejo.
Deus não está separado de nada, e nada está separado de Deus. Não
existe nada que Deus necessite, pois Deus é tudo o que existe.
23. Dar Valor Ao Nada
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Esta é a boa nova da Ciência da Autorrealização. Tudo o mais é um
sonho alienado!
Nós humanos temos vivido nesse sonho alienado durante demasiado
tempo. Não porque nós sejamos estúpidos, mas pelo contrário, por
sermos muito inteligentes. Nós rapidamente compreendemos que a
alienação tem um propósito muito importante. Simplesmente, a maior
parte de nós esqueceu-se que o sabia.
E esquecemos que o nosso esquecimento é em si mesmo uma parte
daquilo que esquecemos, e, portanto, parte da alienação. Mas agora é
altura de nos voltarmos a relembrar.
E nós os que estudamos estes ensinamentos faremos parte da
vanguarda neste processo. E não existirá nada de surpreendente como
disse no princípio da introdução, em face do que tem ocorrido na nossa
vida.
Você chegou a este livro para relembrarmos as grandes Ilusões dentro
da alienação dos nossos companheiros humanos, a fim de nunca mais
nos voltarmos a enredar nelas e alcançarmos a Unidade com Deus,
vivendo a vida através da consciência da Realidade fundamental.
Viemos a este planeta para saber experiencialmente que Deus reside em
nós, que podemos sempre que quisermos, ter um encontro com o
Criador, e ter uma União integral com Ele. Uma sociedade plena!
Deus pode ser experienciado e encontrado dentro de nós e em tudo à
nossa volta. Mas temos de olhar para além da alienação e temos de a
ignorar pois esta alienação apresenta-nos muitas ilusões. Temos de as
conhecer bem para as reconhecermos quando as encontrarmos. Eis,
então, as Dez Ilusões da Grande Alienação Coletiva.
1. A Necessidade é Real.
2. O Fracasso é Real.
3. A Desunião é Real.
4. A insuficiência é Real.
5. A Exigência é Real.
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6. O Juízo é Real.
7. A Condenação é Real.
8. O Condicionalismo é Real.
9. A Superioridade é Real.
10. A Ignorância é Real.
As primeiras cinco são Ilusões Físicas, que têm a ver com a vida no
nosso corpo o que acreditamos ser a nossa realidade diária. As cinco
seguintes, são Ilusões Metafisicas que têm a ver com as realidades não-
físicas.
Nestes ensinamentos, vamos analisar em detalhe cada uma dessas
Ilusões. Veremos como cada uma delas afetou a nossa vida, e como
poderemos anular os efeitos dessas ilusões e sair da rede da alienação
consoante o desejarmos.
Então o primeiro passo para iniciar um processo de reaprendizagem
espiritual ou metafisico, é estarmos dispostos a suspender a nossa
incredulidade em relação ao que vamos reaprender. E isso vai ser
pedido que o façamos agora. Por agora você vai ter de prescindir
temporariamente de quaisquer noções anteriores que tenha sobre Deus
e a Vida.
Poderá regressar às suas ideias anteriores em qualquer altura. Não é
uma questão de as abandonar de vez, mas apenas de as pôr de lado
temporariamente, para darmos espaço à possibilidade de existir algo
que não conheçamos e cujo conhecimento possa mudar tudo na sua
vida. Temos de compreender que chegamos até estes ensinamentos
para relembrarmos, finalmente, Quem Realmente Somos, e as ilusões
que nós mesmo criamos.
Em breve teremos a profunda noção de que de facto fizemos com que
estes conhecimentos, chegasse até nós. Para já, custe-nos ou não,
vamos ter de aceitar que a maioria dos momentos das nossas vidas,
estamos a viver uma ilusão, dentro da Grande Alienação Coletiva.
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E na Grande Alienação Coletiva, existem Dez Ilusões principais e
indiscutivelmente, tremendamente poderosas, e nos capítulos seguintes
vamos descrevê-las detalhadamente, elas foram tomando a forma que
hoje conhecemos, durante o desenvolver dos séculos e a partir do
começo da existência humana.
No entanto, temos criado centenas de outras mais pequenas todos os
dias, juntando mais crenças à Grande Alienação Coletiva, e por
acreditarmos nela, criamos uma história cultural universal que nos
permite vivermos estas ilusões e torná-las assim “reais”.
Não são realmente reais, evidentemente. No entanto, nós criamos um
mundo da “Alice no País das Maravilhas” no qual parecem, de facto,
muito reais. E tal como o “Chapeleiro Maluco”, negaremos que o falso é
falso, e que o verdadeiro é verdadeiro.
Na verdade, temos feito isso durante toda a nossa História cultural. A
História cultural é uma história que tem passado através de séculos e
milénios de geração em geração. É a história que contamos a nós
próprios sobre nós próprios.
Sendo a nossa História Cultural Universal baseada em ilusões, têm
produzido mitos em vez de uma verdadeira compreensão da realidade.
E a nossa compreensão da História Cultural diz-nos que:
1. Deus criou um programa. Portanto, a Necessidade é Real.
2. O desfecho da vida é uma incógnita. Portanto, a Fracasso é Real.
3. Estamos todos separados de Deus. Portanto a Desunião é Real.
4. Não existe o suficiente. Portanto, a Insuficiência é Real.
5. Existem coisas que são obrigatórias fazer. Portanto, a Exigência é
Real.
6. Se não as fizermos, seremos castigados. Portanto, o Juízo é Real.
7. O castigo é a condenação eterna. Portanto, Condenação é Real.
8. O Amor é condicional. Portanto, o Condicionalismo é Real.
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9. Conhecer e cumprir as Leis torna-nos superiores. Portanto, a
Superioridade é Real.
10. Não sabemos que existe a Alienação. Portanto, a Ignorância é
Real.
Esta história cultural universal foi de tal forma inculcada em nós na
nossa mente, que a vivemos agora total e completamente. Isto é o que
dizemos uns aos outros “é como as coisas são”, porque efetivamente
parecem muito reais e, portanto, não as questionamos.
Há muitos séculos que dizemos isso uns aos outros, e especialmente às
gerações que vão chegando, incutindo-lhes logo na primeira infância as
bases onde vai assentar a Grande Alienação. Na verdade, a humanidade
anda nisto milénio após milénio, neste sonho alienado. Durante tanto
tempo, de facto, que desenvolvemos todos os mitos e histórias
conhecidas à volta dessas ilusões.
Alguns dos mitos mais proeminentes foram reduzidos a conceitos, tais
como:
- Seja feita a vontade de Deus.
- A sobrevivência do mais forte.
- O vencedor fica com os despojos da vitória.
- Nascemos com o Pecado Original.
- A morte é o pagamento pelo pecado.
- É minha a vingança, diz o Senhor.
- O que não souberem não vos fará mal.
- Só Deus é que sabe.
E muitos outros igualmente destrutivos e inúteis, e com base nessas
ilusões, histórias e mitos, que nada têm a ver com a Realidade
Fundamental, e da nossa relação com Deus, foi criada uma história
plausível dentro do sonho para justificar a Vida como a vemos.
E descrevemo-la mais ou menos desta maneira:
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“Na verdade, nascemos num mundo que nos é hostil, governado por um
Deus caprichoso que quer que façamos algumas coisas e não quer que
façamos outras, e que nos castigará com o sofrimento eterno se não
distinguirmos as duas.
A nossa primeira experiência de vida é a separação da nossa mãe, o que
cria o contexto de toda a nossa realidade, que experienciamos como
sendo de separação da Origem de Toda a Vida.
Não só estamos separados de toda a Vida, como de tudo o mais na Vida.
Tudo o que existe, existe separadamente de nós. E nós estamos
separados de tudo o mais que existe. Não é assim que gostaríamos que
fosse, mas é assim que as coisas são. Desejávamos que fosse diferente e
na verdade, esforçamo-nos para que seja diferente.
Gostaríamos de experienciar novamente a Unidade com todas as coisas
e especialmente uns com os outros. Podemos não saber exatamente
porquê, contudo isso parece quase intuitivo. Parece ser o que é natural.
O único e grande problema é que parece não haver o suficiente dos
outros para nos satisfazer. Independentemente daquilo que queiramos,
parece que nunca conseguimos que chegue. Não nos chega o amor, não
nos chega o tempo, não nos chega o dinheiro. Enfim, nunca nos chega
seja o que for que consideremos que é preciso para nos sentirmos felizes
e realizados. No momento, em que pensamos que já temos o suficiente,
decidimos que queremos mais.
Como não há “que chegue” daquilo que pensamos que precisamos para
sermos felizes, temos que “fazer coisas” para conseguir obter tanto
quanto possível. Existem coisas que nos são exigidas em troca de tudo,
desde o amor de Deus, até à dádiva natural da Vida. O simples facto de
“estar vivo” não chega. Portanto, nós assim como toda a Vida, não
chegamos.
Porque apenas “ser” já não é suficiente, e assim, começa a competição.
Se não existe o suficiente, temos de competir como pudermos pelo que
existe.
Temos de competir por tudo, incluindo por Deus.
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A competição é na verdade muito dura, pois trata-se da nossa própria
sobrevivência. Nesta prova só sobrevivem os mais aptos e fortes. E os
despojos vão todos para o vencedor. Se perdermos, vivermos um inferno
na Terra. E depois de morrermos, se fomos os perdedores na
competição por Deus, voltamos a experienciar o inferno, e desta vez
para sempre.
A morte foi o castigo de Deus pelas más opções criadas que os nossos
antepassados Adão e Eva fizeram, pois eles tinham a vida eterna no
Jardim do Éden. Mas a Eva comeu o fruto da árvore do Conhecimento
do Bem e do mal, e foram expulsos do Jardim, pela ira de Deus. Esse
Deus sentenciou-os e toda a sua descendência daí em diante, à morte
como primeiro castigo. Então, a partir dessa altura, a vida no corpo
tornou-se limitada, deixando de ser eterna, bem como a substância da
Vida.
No entanto, Deus devolver-nos-á à vida eterna se não voltarmos a
infringir as Suas regras. O amor de Deus é incondicional, só as
recompensas Dele é que não o são. Deus ama-nos mesmo quando nos
condena à danação eterna, magoa-O mais do que nos magoa a nós.
Porque quer realmente que regressemos a casa, mas nada pode fazer se
nos comportamos mal. Pois é a nossa a escolha.
A estratégia, portanto, é não nos portarmos mal. Precisamos de viver
uma vida boa. Temos de esforçar-nos nesse sentido. Para isso, temos de
conhecer a verdade sobre o que Deus quer e não quer de nós. Não
conseguimos agradar a Deus e não podemos evitar ofendê-lo se não
distinguirmos o Bem do Mal. Portanto temos de saber a verdade a esse
respeito.
A verdade é fácil de compreender e de saber. Apenas temos de estudar
as nossas escrituras, e escutar os profetas, mestres, sábios e a origem e
base da nossa religião. Se houver mais do que uma religião e, portanto,
mais que uma origem ou base, temos de ter a certeza, absoluta, de que
escolhemos a certa. Escolher a errada pode nos tornar perdedores em
todos os sentidos.
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Quando escolhemos a certa, somos superiores, melhores que os nossos
“iguais”, pois somos nós que temos a verdade. A posição de sermos os
“melhores” permite-nos reivindicar a maior parte dos prémios a
concurso sem sequer termos de os disputar. Declaramo-nos vencedores
antes de começar a competição. Essa consciência é a base que nos
concedem todas as vantagens e escrevemos as nossas “Regras de Vida”
de tal forma que alguns dos outros acham quase impossível ganhar os
prémios verdadeiramente importante.
Não o fazemos por maldade, mas simplesmente para assegurar que a
vitória é nossa, como deve ser, uma vez que são os da nossa religião, da
nossa nacionalidade, da nossa nação, do nosso género, do nosso
partido político que conhecem a verdade e, portanto, merecemos ser os
vencedores.
Por merecermos ganhar, temos o direito de ameaçar os outros, de os
combater, e mesmo de os destruir se necessário, para alcançar esse
resultado.
Pode haver outra maneira de viver, outra coisa que Deus tenha em
mente, outra verdade maior, mas, se existe não a conhecemos. De facto,
nem sequer é manifesto sequer que seja suposto conhecermos. É
possível que seja suposto sequer tentarmos conhecê-la, e muito menos
conhecer e compreender verdadeiramente Deus. Tentá-lo é presunção e
declarar que o conseguiremos é blasfémia.
Deus é o Conhecedor Desconhecido, o Motor Imóvel, o Grande Invisível.
Por isso, não podemos conhecer a verdade que nos é exigida conhecer
para cumprirmos as condições que nos é exigido cumprir, para
recebermos o amor que nos é exigido receber, para evitarmos a
condenação que nos esforçamos por evitar, para obtermos a vida que
tínhamos antes de tudo isto começar.
A nossa ignorância é lamentável, mas não deve ser problemática. O que
temos de fazer é pegar naquilo que pensamos que sabemos e no qual
acreditamos – a nossa História Cultural – por fé e proceder de acordo
com o que acreditamos.
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Foi o que temos estado a fazer, e cada um de acordo com as suas
convicções, e foi assim que produzimos a vida que vivemos agora, e a
realidade na Terra que estamos a criar”.
Com algumas exceções, esta é a interpretação da maior parte da raça
humana e mais concretamente a ocidental, na essência, é assim que
vivemos as nossas vidas, justificando as nossas opções e racionalizando
os desfechos.
Mesmo aqueles que não aceitam de todo isto, aceitam-na em parte. E
aceitam-na como realidade corrente não por refletirem a nossa
sabedoria mais íntima, mas porque alguém nos disse que elas são
verdadeiras.
A um determinado nível, tivemos de “obrigarmo-nos” a acreditar nelas,
chama-se a isso, fazer-de-conta ou melhor, alienar-nos.
Mas chegou o tempo de nos afastarmos do faz-de-conta, da alienação e
nos aproximarmos do que é verdadeiramente real. Garantidamente, não
vai ser fácil, pois a Realidade Fundamental será muito diferente do que
muitas pessoas no nosso mundo admitem como real. Terão literalmente
de “estar neste mundo, mas não ser deste mundo”.
Mas para que servirá tudo isto que foi descrito até agora, se a vida nos
estiver a correr bem? Para nada! Não servirá para nada. Se estivermos
satisfeitos com a vida e com o mundo tal qual é, não existe qualquer
razão para procurarmos mudar a nossa realidade e acabar com o esse
faz-de-conta. Estes ensinamentos que estamos a expor, este relembrar,
destina-se aos que não estão satisfeitos com o mundo tal com está.
A partir do segundo capítulo vamos examinar cada uma das Dez Ilusões
que nos levaram a criar a vida no nosso planeta tal como a estamos a
viver.
Iremos verificar que cada Ilusão assenta no anterior, e algumas são
muito parecidas, pelo facto de todas as Ilusões são meras variações da
primeira Ilusão. São distorções maiores da distorção original
Com o que vai ser exposto, com estes novos ensinamentos estaremos
em condições de escapar do controlo da cultura primitiva à qual
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estivemos presos até agora. Estamos prestes a fazer um progresso
extraordinário no nosso entendimento de como as coisas realmente
funcionam e, que foram sistematicamente escondidas durante séculos
de nós. Estamos prestes a compreender, as Dez Grandes Ilusões que
alimentam A Grande Alienação Coletiva.
Mas primeiramente vamos analisar um dos mitos mais importantes que
têm alimentado a Grande Alienação Coletiva. E assim perceber como
tudo se encaixa dentro do nosso Sonho Alienado.
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Capítulo I
O Mito da Bíblia: O Único Livro Que Contém a Palavra de
Deus
Certamente depois de tudo o que foi exposto na introdução, conceituar
“quem é Deus”, confinando-o dentro de uma dimensão limitada como a
que vivemos, já sabemos que é uma coisa improvável. Mas, da mesma
forma, achar que Deus ditou um único livro com todas as regras
necessárias para a humanidade de qualquer época, está fora de
qualquer possibilidade. Os textos antigos, incluindo não só a Bíblia,
mas o Torá, Alcorão, Vedas, Upanishads, o Tao Té Ching, e todos os
outros livros considerados sagrados, todos eles são livros que fizeram
parte do treino da humanidade, para que se pudesse despertar para um
nível capaz de se entender uma nova espiritualidade.
Não importa o nome que têm, todos foram escritos com essa finalidade.
Todos possuem a palavra de Deus, mas também crenças culturais,
posição do clero e das classes dominantes. Isto não é nenhum segredo.
Nas últimas décadas muitas novas revelações através de vários
mensageiros foram feitas á humanidade e que não se encontram nos
textos antigos! Deus continua a falar ainda hoje, em, e a todo o mundo,
fora das instituições organizadas, fora das estruturas que ensinam
somente o que está selado na Bíblia, pois Deus nunca deixou de falar
com a humanidade, esta é que não O escuta uma vez que delegou aos
autoproclamados “experts” essa “responsabilidade”. Se você conseguir
sair do seu sonho ilusório em que se encontra e olhar para fora dele,
ficará perplexo em ver como a consciência de humanidade tem estado a
mudar no planeta. Houve uma enorme evolução espiritual porque tudo
evoluiu. É, portanto, de noblesse oblige, olhar para fora do sonho
ilusório e ver que agora existem novos paradigmas que precisam de
uma maior atenção da nossa parte.
“A Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas a maneira em que eles
escreveram não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus, notamos
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isso ao comprovar a variedade de estilos entre Paulo e Pedro, entre
Pedro e João, entre Marcos e Mateus, e assim por diante. Perfeita como
o é, sem por isso deixar de ser simples, a Bíblia não corresponde às
grandes ideias de Deus. Se Deus pudesse expressar o Seu pensamento
ao nível de divindade, com certeza o homem finito não poderia
compreender esse pensamento.” (trecho da Hermenêutica)
É um facto de que a Bíblia não caiu pronta do céu, mas tal como todas
as outras Escrituras Sagradas foi escrita por diferentes pessoas em
diferentes épocas, línguas, lugares, isso alerta-nos para o que alguns
estudiosos têm chamado de distanciamento. O fenômeno do
distanciamento aparece em diversas áreas. Os livros da Bíblia foram
escritos para atender a determinadas situações, que já se perderam no
passado distante. É verdade que ao serem incluídos no cânon bíblico,
eles passaram a ser relevantes para a Igreja como verdades absolutas.
Mas o mundo em que os escritores da Bíblia viveram já não existe. Está
no passado distante, juntamente com as suas características,
costumes, tradições e crenças. Muito embora a Igreja ainda hoje afirme
que a inspiração das Escrituras garanta que a sua mensagem seja
determinante e relevante para todas as épocas, devemos lembrar que
esta mensagem foi registada numa determinada cultura, da qual os
traços foram preservados na Bíblia. Portanto o determinismo da
interpretação da Bíblia devia levar em conta a maneira de pensar
daquela época, a maneira de expressar conceitos e ilustrar as
“verdades”, para assim poder transpor esta enorme distância cultural.
Eventualmente, você poderá perguntar: “Porque á tantas pessoas neste
planeta que ainda não compreendem, que não sentem, ou não veem
essas mudanças? Trata-se simplesmente do livre-arbítrio pessoal. São
aquelas pessoas que não colocaram a intenção para fazer parte dessa
mudança tão proclamada nas escrituras antigas; não querem sair da
sua alienação, mesmo apreendendo através das próprias escrituras que
um dia isso deveria ser feito. Não estão a prestar atenção às coisas que
são patentes e disponíveis para serem utilizadas, agora por aqueles que
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escolherem fazer parte da mudança. E acredite se quiser, são coisas
grandiosas que estivemos, até agora, apenas a sonhar.
Muitos de nós, colocamos os textos antigos, escritos a maioria deles há
mais de dois mil anos, dentro de uma redoma, e ali estagnaram. Porém
o surpreendente é que Deus não parou de falar há dois mil anos atrás.
Deus não é estático, e nunca o foi, e não se importa nada de que novas
informações, coerentes com a nova consciência planetária e o atual
sistema moderno em que vivemos, traga novas perceções e mostrem as
infinitas nuances do seu aspeto. Tudo o que os nossos antepassados
longínquos viram, transmitiram da melhor maneira que puderam,
dentro das suas capacidades dimensionais limitadas.
A maior parte dos escritores do novo testamento não conheceram
Jesus. Pois essas pessoas viveram muitos anos depois de Jesus deixar a
Terra. Regra geral, os escritores de toda a Bíblia eram grandes
historiadores e tomavam a narração oral que era passada pelos mais
velhos, de anciãos a anciãos, até chegar ao conhecimento daqueles que,
a partir daí, colocaram por escrito; e nem tudo o que foi referido pelos
autores da Bíblia, foi incluído no documento final. Já não é segredo que
a igreja antiga, muitas vezes, selecionou partes das narrações. Sobre os
ensinamentos de Jesus, era praxe a igreja da altura se reunir em
grupos - como acontece geralmente quando algumas ideias
revolucionárias são lançadas – para decidirem quais partes da história
de Jesus deveria ser narrada.
A mensagem de Jesus, naqueles tempos na Palestina, era uma
mensagem revolucionária. Foi uma mensagem de amor incondicional
para com todos. “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos
outros como eu vos amei”. O Deus que Jesus pregava não era o Deus
dos Judeus, vingativo, ciumento, terrível para a consciência humana,
quase animalesca, naquela época. O Deus de Jesus era um Deus de
amor, que prestava atenção “às ovelhas perdidas”, sem puni-las.
Jesus também perdoou aqueles que o atacaram porque considerava que
eles não eram maus, somente eram inconscientes, (“Pai perdoa-lhes
porque eles não sabem o que fazem”). Este particular, introduz um
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conceito muito diferente àquele típico de “bom/mau” ou “certo/errado.
A sua mensagem era de que todos os erros que cometemos, são erros
por ignorância. A aquisição de conhecimento e o consequente poder, é o
que determina o crescimento e a evolução. A sua mensagem demostrava
que o poder que cada um tem a oportunidade de usar, é o Eu Interior
que está somente á espera para ser trazido à luz por meio de uma
prévia individualização. “A tua fé salvou-te” – a tua fé, não “EU”, não
Deus, mas a Tua Fé, ou seja, a força da convicção.
Jesus revelou-se um verdadeiro fenómeno para aquela época e Roma
começou a tremer, que para bloquear a avançada mensagem de Jesus,
aplica os métodos mais usuais entre os poderosos quando não se
consegue parar um fenómeno: compra-se, corrompe-se, finge-se que se
está a favor, ou então joga-se o na lama para desacreditá-lo, mesmo a
custo da sua morte.
No ano de 391, D.C. com Teodósio, a religião católica apostólica
romana, tornou-se a religião oficial do Império, e a partir de então,
Roma destrói sistematicamente a mensagem autêntica de Jesus. A
Igreja Católica torna-se portadora de uma mensagem de ódio e de
violência contra o “diferente” contra o herege, contra outras religiões. Os
defensores de mensagens autênticas de amor, como os Cátaros e os
Dolcinianos, são, sistematicamente, destruídos num banho de sangue.
Quem ousa propor reformas da Igreja, até mesmo mínimas, no sentido
de retornar á mensagem autêntica de Jesus, é queimado para dar o
exemplo.
Mesmo depois de vários séculos em que a transcrição original foi
escrita, o Conselho da Igreja Católica estabeleceu, mais uma vez, quais
doutrinas e verdades deveriam ser incluídas no texto oficial da Bíblia e
quais poderiam ser “perigosas”, “desviantes” ou prematuro revelar às
massas. Um exemplo, os escritos do Mar Morto encontrados algumas
décadas atrás, é a prova do quanto foi escondido das massas. Negar
esse facto ou achar que a Bíblia é imaculada é muita ingenuidade. É
natural e óbvio, que uma transcrição em uma época na qual a escrita
era rudimentar, contenha modificações ou omissões. Não é nenhuma
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heresia admitir tal realidade. A negação desse facto, é uma decisão
movida por puro sentimento de medo.
Em áreas desprovidas de linguagem escrita, as mensagens e verdades
cosmológicas evoluíram para mitos, transmitidas oralmente. Em alguns
casos, acreditava-se que as verdades divinas, interpretadas em
simbolismo arquétipo não deveriam, não poderiam ser colocadas em
palavras escritas.
As informações daquele tempo foram importantíssimas para a evolução
espiritual da humanidade, mas agora não são necessariamente
aplicáveis de todo, e para todos, nos tempos atuais. Devemos então
destruir todos os textos antigos e não os usarmos mais? Não. Foram
úteis, enquanto necessários. Existem, porém, muitos deles que ainda
estão ocultos e quando forem encontrados farão a ligação da nossa
biologia ao funcionamento da Terra e, ao funcionamento do sistema
solar! Eles mostrarão relações entre o nosso ADN e a geologia do
planeta; a Unicidade com Tudo o Que É. Tudo tem o seu tempo e tudo é
apropriado.
Terá Deus mudado ao longo das Eras?
Ao estudarmos as civilizações de várias épocas, entendemos como Deus
foi apresentado de diversas maneiras na história. Deus sempre agiu em
conformidade com as perceções daqueles que estavam a viver naquela
determinada época; a modalidade da história, escrita por quem
representava a modalidade epocal. Em função desses escritos,
rotularam e compartimentaram Deus. Alguns desses tempos, que
vamos chamar nos próximos capítulos de os “experts”, utilizaram o
protótipo: “o Deus daquela época era terrível! Quando o povo se
comportava mal, ele distribuía castigos severos. Ainda bem que hoje Ele
mudou de tática”.
Mas Deus nunca muda. Deus é o Tudo e o Todo. Nunca houve
mudanças na energia de Deus. Então como explicar as ações de Deus
do Antigo Testamento? E o Deus de hoje? Parecem ser muito distintos!
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O que estamos a constatar é uma mudança humana drástica! Não é
Deus que muda, mas a perceção que temos DELE, através das
mudanças de consciência da humanidade, que criam mudanças
profundas no que é percebido como realidade. Deus utiliza sempre a
linguagem da aparência e da observação do ponto de vista do ser
humano em determinado período da evolução da consciência. A própria
Bíblia comprova isso. O Deus do Velho Testamento, chamado o “Deus
da Lei” que parecia distribuir castigos severos, agiu conforme o limite de
uma consciência primitiva, em evolução, porém no Novo Testamento,
com a dispensação do amor, a sua ação parecia ser muito mais branda.
Na velha consciência, conhecida como a “dispensação da lei”, o que foi
relatado nas escrituras identificava a forma que se percebia, através dos
filtros (alienação) da realidade dos tempos. O que se escreveu, foi o que
os humanos da época, pensavam sobre Deus, enquanto escreviam
sobre a experiência vivida. Tudo o que experienciaram, transmitiram da
melhor forma que puderam, mas dentro de uma capacidade
dimensional limitada que era o quanto lhes permitia a Grande
Alienação Coletiva. A forma como conseguiam experimentá-la, assim a
“sentiram” e a transformaram em verdade.
Realmente estamos em novos tempos. Mas Deus não é um Deus novo,
porque a Sua energia hoje é a mesma desde quando tudo foi criado.
Deus não mudou, pelo contrário somos nós humanos que mudamos! O
véu da alienação está a rasgar-se. Alguns de nós estão na fase de
descoberta – alguns até estão a ter perceções interdimensionais em
Unidade com Deus! É, um tempo assombroso, que tem a capacidade de
ligar a humanidade com aquilo que os Mestres nos disseram que era
possível, ou seja, Todas As Coisas São Possíveis em Unidade Com
Deus.
Através da Ciência da Autorrealização, estamos a começar a
acordar do nosso Sonho Alienado
Foram escritos centenas de livros nestas últimas décadas sobre o
método de cuidar dos seres humanos, enquanto estes estavam no seu
sonho alienado… mais, eis que nós começamos a despertar lentamente!
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Agora esses livros criados para os seres adormecidos, já não são mais
necessários! Muitos de nós estamos a despertar para um novo
paradigma de espiritualidade. As velhas fórmulas para os “adormecidos
na alienação” já não servem. Está a acontecer um despertar para uma
nova espiritualidade neste planeta, e que irá além de qualquer coisa que
já se tenha visto antes. A analogia é: a consciência da humanidade foi
adormecida e alienada por período demasiado longo. A parte que se
manteve no sonho ilusório, refere-se á consciência de que o ser humano
seja, também espiritual e um poderoso cocriador. Essa parte
permaneceu escondida dentro do sonho, mesmo quando pensávamos
que estávamos acordados. Durante esse período de sonho alienado,
começou a ser desenvolvida uma metodologia – um protocolo para dar
assistência aos que estão adormecidos no seu sonho alienado, e agora
ele está disponível para todos, eu chamo-lhe A Ciência da
Autorrealização, mas tem outros nomes tais como; Autoconhecimento,
Iluminação, Despertar, Vedanta.
Essa metodologia tornou-se em instruções espirituais, para ajudar o
humano que está envolvido no sonho alienado, assim ele vai sendo
circundado de atenção, sendo assistido em todas as funções corporais,
na alimentação física e mental, dando-lhe tranquilidade para o seu
lento despertar.
A modalidade dessa assistência foi escrita em livros, tábuas e
pergaminhos, muitos dos quais foram descobertos em cavernas e zonas
inóspitas, depois de terem desaparecido por longos tempos. Os métodos
são definitivos e funcionaram sempre. Assim os humanos que ião
despertando do sonho alienado, foram sendo protegidos dentro da sua
dualidade e assistidos, de maneira a não perderem essa chama de
espiritualidade durante todo esse tempo em que mantiveram escondida
a sua verdadeira potencialidade espiritual, que é uma parte intrínseca
dele próprio. Então, agora, a consciência do humano que estava no seu
sonho alienado começa a despertar e a descobrir a sua verdadeira
essência e a divindade que habita nele. Aquelas instruções foram úteis
enquanto permaneceu “indefeso no sonho alienado”; tal como a
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analogia do leite materno, que para as crianças é necessário para a sua
nutrição e crescimento, mas quando se cresce, o leite materno já não
serve. Torna-se inadequado para o crescimento. Mas não precisar mais
do leite não quer dizer anular a sua eficácia durante o período
necessário.
Foi útil enquanto era preciso. Agora já não é. Os aspetos divinos daquilo
que nós eramos, realmente estão a mudar. Alguns livros sacros mais
elevados, já não nos servem como no passado. Eles foram bem escritos
inspirados ou canalizados, mas para um humano diferente do de hoje.
Agora seria como reescrever a história. As novas escrituras serão
“circulares”, escrituras do Novo Agora. Isso significa que todos nos
tornaremos metafísicos? Obviamente que não! Isso nunca acontecerá,
nem deve acontecer. Estamos a falar de uma qualidade adicional de
sabedoria para todas as culturas e todas as doutrinas. Muitas crenças
que atualmente parecem sólidas como rocha, nos seus dogmas da velha
espiritualidade, hão de mudar para se ajustar a assuntos planetários,
tais como; excesso de população, comércio, e mais tolerância entre
inimigos. Isso são as coisas que vamos ver num futuro próximo.
Podemos constatar que as antigas doutrinas, já não soam para os
jovens como necessárias ou verdadeiras. Eles veem-nas como algo
decadente, antigo. As religiões organizadas terão forçosamente de
mudar, algumas até deixarão as mitologias que ensinaram por milhares
de anos. Começarão a voltar-se para os temas fundamentais e
descobrirão a verdade (e a verdade os libertará), e voltarão a atrair
seguidores. Serão apresentadas novas ideias sobre Deus que farão mais
sentido para as novas gerações. As organizações religiosas continuarão
a existir, mas o seu núcleo terá muito mais integridade do que já
tiveram, esse será o tempo do Grande Despertar.
Muitas coisas que pensamos ser sagradas e reais, são mitologia, mas a
maioria dos religiosos não os aceita como tal. A história do Céu e do
Inferno é algo que veio direto das mitologias e da mente humana. Como
é possível imaginar um campo de batalha com um grupo de anjos
mortos? Muitos dirão que “as escrituras dizem que houve guerra entre
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os anjos”. A escritura diz? Deus escreveu isso ou foi um ser humano?
Nós humanos, colocamos em Deus todos os nossos próprios traços,
para que as coisas façam sentido para nós. As escrituras atestam que
houve um conflito gigantesco no Céu, o qual justificou as guerras na
Terra. Esta é uma descrição da egocentricidade humana não de Deus. É
o humano que coloca os seus próprios limites numa energia que
encerra o Todo de Tudo, e a criação de Tudo.
A história está coberta de conflitos humanos. A mitologia insinua que
Deus, para ter o comando, teve de escalar alguma montanha de vitórias
e de guerra, a fim de se tornar o que É. Use a sua intuição divina e veja
se isto realmente faz sentido, ou se, simplesmente é a parte humana
projetada no Ser Maior? Mesmo alguns Mestres espirituais usaram a
metáfora para interpretar o que eles mal compreendiam das maiores
histórias da criação que na altura precisava-se ouvir. Nem tudo é como
nós pensamos que é. A maioria das pessoas acredita que esta realidade
é tal como se apresenta, não consegue nem por um momento sair do
seu sonho alienado, da sua ilusão da realidade, mas nos próximos
capítulos vamos analisar uma a uma, as dez ilusões que governam a
nossa mundividência, todos nós fabricamos diariamente outras
pequenas ilusões, mas estas dez que vamos descrever são as que
alimentam A Grande Alienação Coletiva.
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Capítulo II
A Crença Na Necessidade
A Primeira Grande Ilusão: A Necessidade é Real
Consideramos na Ciência da Autorrealização que esta não só é a
primeira Crença/Ilusão, mas como a maior de todas. Pois é baseado
nesta crença ilusória que a humanidade assentou todas as outras.
Tudo o que experimentamos na vida, ou tudo o que sentimos a cada
momento, está enraizado nesta ideia e nas nossas reflexões sobre ela.
A necessidade é algo que não pode existir na mente de Deus. Deus só
necessitaria de algo se Deus exigisse um determinado resultado. Deus é
o que cria todos os resultados.
Se Deus necessitasse de alguma coisa para criar um resultado, aonde a
obteria? Se nada existe para além de Deus. Deus é Tudo, O Que É,
Tudo O Que Foi e Tudo O Que Será. Não existe nada que não seja Deus.
Para compreendermos melhor esta ideia vamos utilizar a palavra “Vida”
em vez da palavra “Deus”. As duas palavras são intermutáveis,
portanto, não alterarão o sentido; melhorarão apenas a nossa
compreensão. Então vejamos:
Nada do que é, não é Vida. Se a Vida necessitasse de algo para produzir
um resultado, onde o obteria? Nada existe para além da Vida. A Vida é
Tudo O Que É, e Tudo o Que Foi, e Tudo o Que Será.
Deus não necessita que aconteça nada exceto o que está a acontecer. O
Universo não necessita que aconteça nada exceto o que está a
acontecer. É esta a natureza das coisas. É assim que elas são, não
como nós as imaginamos, como acreditamos, como nos foram
ensinadas ou levados a acreditar.
Criamos na nossa imaginação alienada a crença da necessidade pela
nossa experiência de necessitarmos de coisas para sobrevivermos, pois
tudo ao nosso redor parece confirmar essa suposição. Mas vamos supor
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que não nos importávamos de viver ou morrer. Então do que
necessitaríamos, de absolutamente nada.
E suponhamos hipoteticamente que era impossível não vivermos. Então
do que necessitaríamos? De absolutamente, Nada.
Eis então uma verdade difícil de aceitarmos por não acreditarmos nela,
porque, contraria a nossa crença: é impossível não sobrevivermos. Pois
não podemos deixar de viver. Não é uma questão de se viveremos ou
não, mas de como vamos viver. Ou seja, que forma assumiremos? Qual
será a nossa experiência?
No entanto a nossa sobrevivência está garantida. Deus deu-nos a Vida
Eterna, e mesmo as religiões mais conservadoras são unanimes neste
ponto, e Deus nunca nos vai retirar essa condição! Pois Deus só dá
nunca tira.
Outras questões serão necessariamente postas em consideração, O.k.,
mas a sobrevivência é uma coisa e a felicidade é outra. Imaginamos que
necessitamos de “alguma coisa” para sobreviver com felicidade, que só
podemos ser verdadeiramente felizes em determinadas condições. Não é
verdade, “mais uma crença”, mas nós convencemo-nos de que era
verdade. E dado que somos os cocriadores da nossa realidade, essa
convicção produz a experiência, experienciamos a vida dessa forma e na
nossa fértil imaginação alienada, imaginamos um Deus que deve
experienciar também assim a Vida, dessa forma.
Contudo, isso não é mais verdadeiro em relação a Deus do que a nós, a
única diferença é que Deus sabe isso, porque sabe quem é e nós não!
Quando nós por fim, através do Caminho da Autorrealização,
soubermos isso, seremos como Deus, o que não será nada de
extraordinário, uma vez que “somos Seus filhos”. Então teremos
dominado a Vida e toda a nossa realidade se modificará.
Mais um grande segredo para reflexão: a felicidade não é criada como
resultado de certas condições. Certas condições são criadas como
resultado da felicidade. Esta é uma afirmação tão importante que
merece ser repetida.
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A felicidade não é criada como resultado de certas condições. Certas
condições são criadas como resultado da felicidade.
Esta frase mantém-se igualmente verdadeira para todos os outros
estados do ser.
O amor não é criado como resultado de certas condições. Certas
condições são criadas como resultado do amor.
A compaixão não é criada como resultado de certas condições. Certas
condições são criadas como resultado da compaixão.
Substituamos qualquer estado de ser que possamos imaginar ou
conceber. Continua a ser verdade que o Ser que precede a experiência e
que a produz. Deveríamos usar as situações acima referidas e fazer
delas mantras que deveriam ser repetidas centenas, milhares de vezes,
até tornarem-se verdade no nosso subconsciente.
Pois por o não termos compreendido até hoje, imaginamos que certas
coisas devem ocorrer para que sejamos felizes, e imaginamos também
um Deus para quem o mesmo é verdadeiro.
Nem paramos para refletir que se Deus é a Causa Primeira, o que pode
ocorrer que Deus não causasse antes de mais? E se Deus é Todo-
Poderoso, o que pode ocorrer sem que Deus decida que ocorra?
Será que é possível ocorrer algo que Deus não possa impedir? E se
Deus optar por não o impedir, a ocorrência em si não é algo que Deus
escolha? Claro que é.
Mas porque iria Deus decidir que ocorressem coisas que O fizessem
infeliz? A resposta ultrapassa a nossa capacidade de aceitação racional.
Nada faz Deus infeliz. Mas para conseguimos acreditar nisso exigiria de
nós que acreditássemos num Deus sem necessidades, sem juízos, e não
conseguimos imaginar um Deus assim, porque não foi esse o Deus que
nos ensinaram e que nos fizeram acreditar. Não é o Deus das nossas
crenças.
A razão pela qual não conseguimos imaginar um Deus assim, é por não
conseguirmos imaginar um humano assim, é de mais para a nossa
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alienação! É de mais para a nossa compreensão! Não acreditamos que
possamos viver dessa maneira, assim não conseguimos imaginar um
Deus que é Maior do que nós.
Quando acreditarmos que podemos viver dessa maneira, ao mudarmos
as nossas crenças, saberemos tudo o que existe para saber, sobre Deus.
E não as “tretas” com que os “experts” nos convenceram.
Saberemos que o nosso segundo raciocínio estava correto. Deus não é
maior que nós. Como poderia sê-lo? Pois Deus É O Que Nós Somos e
nós somos O Que Deus É. Mas nós garantidamente, somos muito
maiores do que pensamos.
Existem mestres que estão no planeta neste momento que o sabem. E
esses mestres provêm de muitas tradições, religiões e culturas, mas
todos eles têm uma coisa em comum.
Jamais deixam que alguma coisa os torne infelizes.
Na verdade, nos primeiros tempos do nosso processo evolucionário, a
maior parte dos seres humanos, não se encontravam nesse nível da
mestria.
Naquela época a única pretensão era evitar a infelicidade ou a dor,
mecanismo primário do nosso cérebro límbico, e procurar o prazer. A
perceção desses nossos antepassados era demasiado limitada para que
percebessem que a dor não tinha forçosamente de provocar infelicidade
e assim a sua estratégia de vida foi construída em volta de um conceito
que mais tarde foi descrito como o Princípio do Prazer. Procuravam o
que lhes dava prazer e afastavam-se do que os privava do prazer ou que
lhe causasse dor. E foi assim que nasceu a primeira grande
Crença/Ilusão, a ideia de que a Necessidade é Real. Foi o primeiro
passo para a Grande Alienação Coletiva.
Na verdade, a necessidade não existe. É ficção, uma crença. Na
realidade nós não precisamos de nada para sermos felizes. A felicidade
é um estado de espírito.
Tal como o é ainda hoje, esse conceito não estava ao alcance dos nossos
antepassados primitivos. Por sentirem que precisavam de determinadas
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coisas para serem felizes, partiram do princípio de que o mesmo se
aplicava a toda a Vida que mais tarde vieram a entender como um
Poder Superior, um poder que sucessivas gerações concetualizaram
como um ser vivo referido por uma grande variedade de nomes, entre os
quais Alá, Iavé, Javé, Jeová, a Fonte, Deus, ou o Criador.
Não foi difícil aos nossos antepassados primitivos conceber um poder
que lhes era superior. Na verdade, foi necessário, eles precisavam de
uma explicação para as coisas que aconteciam e estavam
constantemente fora do seu controlo, que não compreendiam.
O erro deles não foi terem imaginado que existia algo como Deus (que é
o poder, e a energia combinadas de Tudo O Que É), mas presumiram
que esse Poder Total e Energia Completa poderia necessitar do que quer
que fosse; que Deus estava de alguma forma, dependente de alguma
coisa ou alguém para se sentir feliz ou satisfeito, completo ou realizado.
E para apaziguar essa necessidade desse Poder Superior, justificaram a
razão dos “sacrifícios” inclusive humanos, que lhe eram oferecidos.
A partir dessa criação de um Deus dependente, as pessoas geraram
uma História Cultural baseada em crenças, em que Deus tem um
programa, ou seja, existem coisas que Deus quer e necessita que
ocorram, e formas sob as quais têm de ocorrer para que Deus seja feliz.
Essa era a Lei.
A humanidade reduziu esta História Cultural a um mito que se
transformou na ideia que ainda prevalece: seja feita a Vossa Vontade.
A ideia dos nossos antepassados de que Deus tinha necessariamente
uma Vontade, forçou-os a tentar calcular qual que a Vontade de Deus.
Essa busca rapidamente demonstrou que não existia um entendimento
universal sobre esta crença, daí o provérbio “cada cabeça sua
sentença”. E se nem todos sabiam, ou estavam de acordo quanto ao que
era a Vontade de Deus, nem todos poderiam estar a fazer a Vontade de
Deus, como era lógico, principalmente os que não estavam a fazer as
coisas à maneira daqueles que diziam que a deles é que era a certa.
Esses, os “mais entendidos” utilizavam este raciocínio para explicar por
que razão as vidas de algumas pessoas pareciam resultar melhor que a
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de outras. Então forçaram uma nova questão ainda mais inteligente.
Como era possível que alguém não fizesse a Vontade de Deus, se Deus
era Deus?
Os nossos antepassados, daquela altura sabiam que a um nível
subconsciente muito profundo, que havia uma imperfeição naquela
Primeira Grande Crença, do que a ideia da necessidade era falsa, mas
que não podiam prescindir dessa crença, isso seria abrir mão de algo
que sustentava as suas “realidades”.
Em vez de verem a crença como uma ilusão, e a usarem para o objetivo
a que se destinava, que era cultivarem uma confiança inabalável de que
Deus satisfaria todas as suas necessidades, preferiram alimentar a
ilusão dessa ignorância e acharam que tinham de melhorar a
imperfeição, e para reparar a primeira crença, foi criada uma Segunda
Grande Crença, para colmatar a imperfeição da primeira.
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Capítulo III
A Crença No Fracasso
A Segunda Grande Ilusão: O Fracasso É Real
A crença de que a Vontade de Deus não podia ser feita (presumindo que
Deus a tem), contraria tudo o que nós julgávamos saber sobre Deus,
uma vez que Deus é Todo-Poderoso, Omnipresente, o Ser Supremo, o
Criador, mas os nossos antepassados longínquos acolheram a ideia
entusiasticamente, quando esta, lhes foi proposta pelos “experts”.
Isso produziu a crença altamente improvável, mas muito poderosa de
que Deus pode falhar. Que Deus pode desejar alguma coisa de nós e
não o conseguir. Poder aspirar a alguma coisa de nós e não a receber.
Que Deus possa necessitar de alguma coisa de nós e não a ter.
Em suma, a Vontade de Deus pode ser contrariada por nós, (até se
inventou o diabo para o justificar).
Esta nova ilusão criou a crença altamente improvável de que Deus pode
falhar nas suas pretensões. Esta ilusão era uma interpretação (crença),
bastante forçada, pois até as perceções limitadas daquelas mentes
humanas conseguiam detetar a contradição. Mas a humanidade possui
uma imaginação rica e consegue estender a credibilidade ao limite com
uma facilidade espantosa. Não só conseguimos imaginar um Deus com
necessidades, como um Deus que não consegue preencher as Suas
próprias necessidades.
Mas como o conseguiram fazer? Simples, recorreram à projeção,
projetaram-se no seu Deus daqueles tempos. E com essa capacidade ou
qualidade de Ser que imputaram a Deus, desviaram-na diretamente
para a própria experiência factual.
Por os nossos antepassados remotos terem constatado que podiam não
conseguir obter todas as coisas de que imaginavam precisar para serem
felizes, consideraram que o mesmo se aplicava a Deus, naturalmente.
48. Dar Valor Ao Nada
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Foi a partir dessa crença que foi introduzido na História Cultural o
ensinamento de que o desfecho da vida era duvidoso. Pode resultar ou
não.
Os nossos antepassados ao acrescentar a dúvida de como a vida
decorreria e a Deus não conseguir preencher as suas necessidades,
produziu nesses humanos primitivos a primeira confrontação com a
emoção mais destrutiva dentro de todas as emoções humanas, o medo.
Antes dos nossos antepassados conceberem a crença de um Deus cuja
vontade nem sempre era cumprida, eles desconheciam o medo. Não
existia nada a recear. Deus controlava tudo, Deus era Todo Poder, Todo
Maravilha e Glória e tudo estava bem no mundo deles, o que podia
correr mal?
Mas então alguns “experts” tiveram a ideia de que talvez Deus poderia
querer mais alguma coisa e não o conseguir. Deus poderia querer que
todos os seus filhos regressassem a Si nos Céus, mas os seus filhos,
pelas suas próprias ações, podiam impedir que isso acontecesse.
Mas essa ideia também forçava a credibilidade e mais uma vez, a mente
humana percebeu que havia uma contradição. Como podiam as
criações de Deus frustrar o Criador quando, Criador e criações eram
um só? Como poderia estar em dúvida o desfecho da vida, se Aquele,
que produziu o desfecho, e, Aquele que o experienciava eram o mesmo?
Era evidente que existia claramente, uma contradição, uma imperfeição
nesta Segunda Ilusão que insinuava que a ideia do Fracasso era falsa,
mas os nossos antepassados sabiam, inconscientemente, que não
podiam prescindir desta crença senão algo muito vital chegaria ao fim.
Então em vez de verem a crença como uma ilusão e a utilizarem para o
efeito a que se destinava, acharam que deveriam sofisticar a
imperfeição. E para sofisticar a imperfeição da Segunda Ilusão, criaram
uma Terceira Ilusão e “refinaram” essa crença.