2. ESTRUTURA DO EXAME PSIQUIÁTRICO
• eixo longitudinal – linha de vida do paciente.
• eixo transversal – verificação do estado
mental.
3. ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Objetivos: formulação de diagnóstico
planejamento terapêutico
Anamneses + exame psíquico (exame do estado mental)
Avalição física: doenças cardiovasculares, HIV/AIDS, obesidade, uso de álcool e drogas, menopausa, efeitos colaterais dos
medicamentos, disfunções na tireoide, deficiência de vitaminas...
Condução da entrevista vai depender:
• da personalidade, estado mental e emocional, capacidade cognitiva do paciente;
• Contexto e local da entrevista
• Objetivos da entrevista (diagnóstico, orientação, pesquisa, psicoterapia, etc)
• Personalidade do entrevistador
EVITAR: postura rígida, fria; falsa intimidade, comentários valorativos ou de julgamentos, entrevistas prolixas..
Não é a quantidade de tempo com o paciente que mais conta, mas a qualidade da atenção
5. ROTEIRO DE ANAMNESE
1 - Identificação: nome, sexo, idade, estado civil,
grupo étnico, naturalidade, procedência, profissão,
religião, telefone para contato. Registrar local de
encaminhamento, nome dos acompanhantes e grau
de parentesco.
2 - Queixa principal ou motivo do encaminhamento
(História da moléstia atual):
• Quando e como se iniciou a doença.
• Fatores precipitantes.
• O impacto da doença sobre o paciente.
• Sono, peso, apetite, funcionamento sexual.
• Drogas ou álcool.
6. 3 - História pessoal e familiar
Pré-natal; nascimento; infância; adolescência; idade adulta;onde e
com quem vive.
Relacionamento (amigos, familiares, vizinhança, conjugal, etc)
Trabalho; situação sócio-econômica; lazer
Doenças anteriores, hospitalizações; história de crises
convulsivas, comportamento explosivo imotivado.
Medicamentos que esteja usando e que já utilizou.
Consumo de substâncias tóxicas.
Personalidade pré-mórbida.
Informações sobre pais, irmãos, esposa, filhos.
História de transtorno mental na família.
7. EXAME DO ESTADO MENTAL
Somatório das observações e das impressões no momento do
exame.
Avaliação do estado atual do paciente.
Finalidade: diagnóstico e evolução face à terapêutica instituída.
Informações obtidas durante exame do estado mental
usadas com:
história do paciente.
descrição do problema apresentado.
informações obtidas com a família e/ou outros profissionais.
9. 1 - APARÊNCIA GERAL - observar o paciente globalmente
a) Idade aparente.
b) Modo de vestir-se.
c) Asseio.
d) Postura.
e) Expressões faciais.
f) Contato visual.
g) Estado geral de saúde e nutrição.
h) Defeitos e peculiaridades físicas (hereditários, congênitos e
adquiridos).
Obs: Avaliação já se inicia antes da entrevista.
10. 2 – ESTADO DE CONSCIÊNCIA (NEUROLÓGICO)
“O todo psíquico momentâneo” a realidade naquele momento.
Determina e facilita as demais.
- LUCIDEZ: acordado – consciência plena – capacidade de entender as
informações.
- OBNUBILAÇÃO: acordado, porém, sonolento e não atento – não entende bem
(alterna excitação e irritabilidade).
- TORPOR: em sono, exceto quando estimulado (resposta leve).
- COMA: não pode ser acordado – Inconsciente.
Não tem estímulo.
- ESTADO CREPUSCULAR: estados confusionais
pós-ictais.
nos pacientes epiléticos – funções da memória,
atenção e orientação prejudicadas.
- CONFUSÃO: (álcool, drogas, AVC, demência, etc.).
11. 3 – ATENÇÃO
Capacidade de concentração da atividade psíquica sobre os
estímulos que a solicitam, sejam estes internos ou externos.
Hiperprosexia – atenção aumentada.
Hipoprosexia - atenção diminuída.
Aprosexia – ausência de atenção.
- Tenacidade: capacidade de persistência num mesmo tópico.
- Atenção espontânea: é passiva, involuntária, automática,
instintiva ou reflexa.
- Atenção voluntária: é ativa.
- Distraibilidade: facilmente desviável - estímulos insignificantes.
12. NÍVEL DE CONCENTRAÇÃO
Observar o nível de distração do paciente.
Cálculos simples – 2x3 ou 21 + 7.
Subtrair séries de 3 a partir de 20.
Contar de 1 a 20 rapidamente.
Dizer meses do ano e dias da semana em ordem inversa.
13. 4 - ORIENTAÇÃO
- Indicador sensível de patologia mental, geralmente de
natureza orgânica.
Deve-se pesquisá-la em relação a:
Tempo – alopsíquica (dia; mês; ano).
Espaço – alopsíquica (lugar; cidade; estado).
Pessoa – autopsíquica.
14. Orientação autopsíquica
-Saber o próprio nome; reconhecer as pessoas; saber
com quem está falando.
-Despersonalização: alteração na percepção de si próprio
(sensação de que o corpo ou algumas de suas partes não
formam uma unidade).
-Desrealização: alteração na percepção do meio ambiente
(alteração insólita no tamanho ou forma dos objetos).
-Perda do sentimento de existência: partes do corpo não
existem: “não tenho mais estômago”; “retiraram o meu
cérebro”; “estou completamente vazio”; “eu estou morto”.
15. -Perda do controle da atividade do “eu” e do limite
entre o “eu” e o mundo externo (impressão de não
controlar suas funções psíquicas).
-Seus pensamentos, fala e movimentos, são feitos,
controlados ou influenciados por pessoas ou aparelhos.
-Sentem que lhe roubaram o pensamento,
introduzindo-lhes idéias que não são suas.
- Impressão de “pensar alto”.
16. 5 – SENSOPERCEPÇÃO
Alterações perceptivas nos sistemas sensórios.
-Ilusões: percepções deformadas do objeto. Os estímulos são
erroneamente interpretados.
-Alucinações: percepções sensoriais enganosas, que não estão
associadas com estímulos reais. O estímulo provém do interior
do indivíduo.
18. 6 – MEMÓRIA
Capacidade em registrar, reter,
relembrar (arquivar) e reconhecer “informações”.
Neste processo entram em função: sensopercepção, atenção e
afetividade.
Memória remota: (onde e como nasceu, nome das escolas que
freqüentou, data do casamento, idade dos membros da família ...).
Problema na avaliação: confabulação.
Memória recente: (recordar eventos das últimas 24h, pedir para que
recorde 3 palavras – objeto, cor, endereço).
Memória imediata: (-5 minutos - repetir uma série de números em
ordem crescente ou decrescente em um intervalo de 10 segundos).
19. 7 – AFETO E HUMOR
AFETO – manifestação externa da resposta emocional do paciente a eventos –
sinal observável. É a maneira como aparece para os outros.
HUMOR – estado emocional de longa duração, interno, não dependente de
estímulos externos – sintoma relatado. É como está se sentindo.
Quanto a modulação do afeto:
-Hipermodulação: varia demais – ri fácil, chora fácil.
-Hipomodulação: rigidez da afetividade.
20. - Distimia – forma leve do transtorno depressivo maior.
- Ciclotimia – forma leve do transtorno bipolar II (depressão
leve e hipomania).
- Euforia: alegria exagerada; exaltação.
- Depressão: tristeza exagerada; culpa; desvalia.
- Dissociação ideoafetiva: (discrepância entre o conteúdo do
pensamento e o afeto exteriorizado).
- Ambivalência afetiva: presença simultânea de dois
sentimentos opostos.
- Embotamento afetivo: que não demonstra, é para dentro.
- Estabilidade: afetividade normal – eutimia (grego -
eu=normal; timo=humor) - estabilidade afetiva. Variações
súbitas de um estado para outro - labilidade.
21.
22.
23. • Fase pé-linguística do pensamento
- Utilização de instrumento
- Inteligência prática
Fase pré-intelectual da linguagem
- Alívio emocional
- Função socila
• Pensamento verbal e linguagem racional
- Transformação do biológico em sócio-histórico
Linguagem
Pensamento
24.
25. Definições ´básicas:
1.Conceitos: se formam através das representações Ex: cadeira - objeto de 4 pés utilizado para sentar).
B.Generalização: é a síntese de diversos fenômenos (cadeira de criança, trabalho e restaurante: são todas
cadeiras).
2.Juízos: relação entre 2 conceitos (“cadeira” + “utilidade” = cadeira é útil para sentar.
*conceito é a palavra, juízo é a frase.
3 Raciocínio: processo de formar juízos. E tal situação gera outros juízos.
Processo de pensar:
1.Curso: velocidade e ritmo do pensamento.
2.Forma: arquitetura básica - como se desenvolvem os pensamentos.
3.Conteúdo: temas predominantes, assuntos de interesse.
26. PENSAMENTO
Capacidade de organizar ideias de forma, curso e conteúdo
harmônico com as necessidades individuais e circunstanciais.
Pensamento normal: apresenta constância, organização e
continuidade.
É sinal de conteúdo mental.
Só é possível conhecer a produção do pensamento através da
linguagem.
Em geral o pensamento determina a fala.
27. Alterações:
Forma - Se tem nexo; e se há relação de coisas ou ideias entre si.
- Lógico
- Ilógico
- Coerente
- Incoerente
28. Processo – maneira como realiza, executa, se comporta.
Perseveração: persistência de uma resposta a um estímulo prévio, após um novo
estímulo ter sido apresentado.
Salada de palavras: mistura de palavras, ininteligível a comunicação.
Verbigeração: repetição indefinida de termos e de frases carentes de sentidos entre
elas.
Intelectualização: utilização de conceitos e termos intelectuais e afetivamente
neutros.
Neologismo: criação de palavras novas geralmente por meio da condensação de outras,
que apresentam significados especiais e particulares para um determinado paciente.
29. Fluxo - relativo ao curso do pensamento
-Circunstancialidade: “divaga” sobre detalhes desnecessários e pensamento
inapropriados antes de atingir a idéia central.
-Tangencialidade: o fim nunca é alcançado – fica próximo do que seria sua meta.
-Bloqueio: o pensamento (idéia) em desenvolvimento repentinamente para (esqueci o que
eu ia dizer).
-Velocidade: lento, acelerado.
-Fuga de idéias: muda rapidamente (ambiente).
-Prolixidade: incapaz de sintetizar um relato (é necessário interromper).
32. CONTEÚDO
Sobre o que a pessoa fala, mensagem que o indivíduo quer passar, é importante identificar o
tema predominante.
Tema predominante:
-Perseguição (querem me envenenar)
-Grandeza (rei de todos os seres humanos)
-Místico (forte base religiosa)
-Somáticos (emitir odor fétido, abrigar parasitas)
-Referência (alguém na TV está falando de mim)
-Ruína (crença que vive na miséria)
33. Delírio – Crença falsa que surge sem qualquer estímulo externo
apropriado e que se mantém inflexível frente a razão. Não é
compartilhada pelos outros membros do grupo sóciocultural e
educacional do paciente e não facilmente modificáveis.
Os delírios são descritos em função de seu grau de
organização:
-Delírio sistematizado: bem construído, numa lógica interna.
Relacionado a um único tema.
-Delírio não sistematizado: Envolve vários temas, é mais
desorganizado e pouco convincente, conteúdos variam de
momento para momento.
34. Delírio de ideação paranóide
(perseguição, traição, espionagem)
Delírio de referência
(todos o observam e falam sobre ele)
Delírio de grandeza ou megalomania
(ser rico, poderoso, possuir habilidades
e talentos especiais)
Delírio religioso
(se acha uma divindade; tem contato com
Deus)
35. Delírio somático
(infestado por insetos, parte do corpo mal formada)
Irradiação do pensamento
(pensamento está sendo irradiado para o exterior, subtraído ou "chupado"
por algo do exterior)
Inserção de pensamentos
(pessoas inserem pensamentos na sua mente)
36. 9 - LINGUAGEM
Conjunto de sinais utilizados para expressar sentimentos e
pensamentos.
-Bradilalia: da velocidade da fala
-Taquilalia ou verborréia: velocidade da fala
-Mutismo: inibição da fala
-Verbigeração: repete a sílaba ou a palavra
37. 10 – CONAÇÃO (COMPORTAMENTO MOTOR)
Maneira como o paciente se mostra, atua, se apresenta - sintomas
freqüentemente associados à síndromes psicóticas: desorganização do
comportamento; agitação psicomotora; maneirismos; estereotipias; ecopraxia
(imitação patológica dos movimentos de uma pessoa por outra); negativismos;
obediência automática; flexibilidade cérea (pessoa moldada em uma posição e
se mantém); comportamento bizarro (esquisito); atos perseverativos
(persistentes); catatonia.
38. 11 - CAPACIDADE INTELECTUAL
Observar vocabulário, sua propriedade e nível de complexidade, e
a capacidade de articular conceitos, de abstrair e generalizar.
Capacidade de abstração (separação): explicação de provérbios
(do que já se sabe, do que é popular)
Melhor um pássaro na mão do que dois voando
De grão em grão a galinha enche o papo
Quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras.
Nível de educação abaixo da 8ª série
bicicleta e ônibus (meios de transporte)
maçã e pera (frutas)
televisão e jornal (notícias/informações)
39. 12 - INSIGHT
Capacidade do paciente de compreender a natureza de seu problema ou
doença.
O que o paciente pensa sobre sua situação atual?
O que o paciente quer que os outros, incluindo o próprio profissional, façam
a respeito?
40. REFERÊNCIAS
• KAPLAN, H.I.; SADOCK, B.J.; GREEB, J.A.
Compêndio de psiquiatria. Porto Alegre,
Artes Médicas, 2003.
• SADOCK, B.J.; SADOCK, V.A. Compêndio de
psiquiatria: ciência do comportamento e
psiquiatria clínica. 9ªed. Porto Alegre (RS):
Artemd; 2007.
• STUART, G.W.; LARAIA, M.T. Enfermagem
Psiquiátrica – princípios e práticas. Porto
Alegre, Artemed Editora, 2001.
• TAYLOR CM. Fundamentos de enfermagem
psiquiátrica de Mereness. Porto Alegre,
Artes Médicas, 1992.
• ZUARDI, A.W.; LOUREIRO, S.R. Semiologia
psiquiátrica. Medicina, v.29, p.44-53, 1996.