O documento discute os desafios de fornecer pré-natal eficaz para gestantes imigrantes bolivianas na região de Brás, Pari e Belenzinho em São Paulo. As gestantes bolivianas tiveram impacto negativo nos indicadores de pré-natal devido a diferenças culturais, início tardio do pré-natal e baixa adesão. Ações foram implementadas para melhorar o acesso e compreensão do pré-natal para essa população.

1. A importância dos Sistemas de Informação para
Avaliação de Indicadores de Pré-Natal junto a
gestantes imigrantes bolivianas da região Brás, Pari
e Belenzinho

2. Introdução
Em junho/15 a OSS-SPDM/PAIS assumiu através de contrato de gestão as
unidades da região Brás, Pari e Belenzinho, essa região é reduto de
imigrantes, em maioria Boliviana. O Contrato de Gestão possui alguns
indicadores de qualidade e entre eles, dois referentes ao acompanhamento
de pré-natal. Foi apontada pelas unidades baixa adesão dessa população de
estrangeiros ao pré-natal.

3. Objetivo do Estudo
Avaliar se as gestantes estrangeiras impactaram no resultado dos indicadores
que preveem 07 consultas ou mais e exames- 2VDRL, 2HIV, 2 Urina I, 2
Glicemias, 1 Hepatite B.

4. Metodologia
Identificação das gestantes que não alcançaram o resultado esperado através
de planilha nominal extraída do Sistema BI/Mãe Paulistana.
Avaliação da nacionalidade das gestantes cadastradas no sistema de
informação municipal SIGA/Saúde do CNS.
Levantamento das características culturais relacionadas ao pré-natal e parto
nos países de origem das gestantes estrangeiras.

5. Resultados
Pesquisas demonstram a diferença do acesso ao pré-natal e conceitos
culturais entre o Brasil e a Bolívia. A média da taxa de cuidados de pré-natal
por profissional medicamente treinado é de 85,6% no Brasil e 65,1% na
Bolívia. Os partos assistidos por profissional também demonstram importante
diferença entre esses países sendo 87,7% e 56,7% a média respectivamente.
Outro fator importante é a preferência pelo parto normal, na Bolívia, devido a
recuperação mais rápida propiciar retorno mais rápido ao trabalho. Cabe
ressaltar também que no Brasil, o empregador desses imigrantes tem papel
relevante na indicação do serviço de saúde, pois é a partir de sua orientação
que as gestantes iniciam acompanhamento nas unidades de saúde.

6. Resultados
Foram realizadas avaliações de dois períodos para cada indicador.
- Indicador de consultas (gestantes com 07 ou mais consultas) períodos de
DPP de outubro a dezembro de 2015 e de abril a junho de 2016.
Em relação ao primeiro período 61 das 198 gestantes avaliadas não
contemplaram o previsto, sendo 34,42% estrangeiras: Dessas 13% iniciaram o
pré-natal com mais de 25 semanas, 18% eram estrangeiras com baixa adesão
ao pré-natal (faltosas) e 3,27% mudaram da área de abrangência da unidade.
Em relação ao segundo período 89 das 291 gestantes avaliadas não
contemplaram o previsto sendo 42,69% estrangeiras: Dessas 23,59% eram
estrangeiras que iniciaram o pré-natal com mais de 25 semanas, 12,35% eram
estrangeiras com baixa adesão ao pré-natal (faltosas) e 6,74% estrangeiras
que mudaram da área de abrangência das unidades avaliadas.

7. Resultados
- Indicador de exames das gestantes com períodos de DPP de novembro/15 a
janeiro de 2016 e de abril a junho de 2016 (com os exames mínimos previstos
2VDRL, 2HIV, 02 Urina I, 02 Glicemia, 01 Hepatite B).
Em relação ao primeiro período 52 das 198 gestantes avaliadas não
realizaram o mínimo previsto, sendo 67% estrangeiras. Destas 48% iniciaram
tardiamente o pré-natal, 15,38% eram estrangeiras que não tiveram adesão
ao pré-natal satisfatória e 3,8% mudaram de domicílio durante o período de
pré-natal. No segundo período 65 das 259 gestantes avaliadas não realizaram
os exames previstos, sendo 32,30% estrangeiras: Destas 08 (38,46%) iniciaram
o pré-natal com mais de 25 semanas, 12 (18,46%) não aderiram ao pré-natal
(faltosas) e 01 mudou-se no período do pré-natal.

8. Considerações Finais
Pode-se concluir que as gestantes estrangeiras, embora em menor número
que as brasileiras no universo de gestantes que fizeram pré-natal nos
referidos serviços, impactam no alcance dos indicadores previstos pelo
Contrato de Gestão, evidenciando o desafio de realização de um pré-natal
efetivo para essa população.

9. Encaminhamentos
Foram apresentados os resultados aos gestores e colaboradores dos serviços
de saúde onde foram discutidas as dificuldades relacionadas a cultura,
entendimento do idioma e a complexidade de se ausentarem do trabalho
para as consultas. Iniciou-se então ações de enfrentamento:
Sensibilização e treinamento dos profissionais que atuam direta ou
indiretamente com imigrantes referente à universalidade, acesso, cuidados de
saúde e políticas municipais para imigrantes; Identificar na UBS profissionais
que falam outros idiomas; Roda de conversa com profissionais referente à sua
percepção sobre acesso e cuidado de saúde oferecido aos imigrantes,
identificando os entraves no processo acolhimento e assistência a essa
população

10. Encaminhamentos
Roda de conversa com imigrantes referente à sua percepção sobre acesso e
cuidado de saúde, independente do gênero, idade, nacionalidade; Identificar
no território, com apoio do Conselho Gestor, os representantes dos diversos
grupos étnicos
Essas ações podem facilitar não só o acesso das gestantes às consultas de pré-
natal como também ao acesso integral à saúde de todos os imigrantes.

11. Referências
Saúde Soc. São Paulo, v.22, n.2, p.351-364, 2013: Acesso dos imigrantes
bolivianos aos serviços públicos de saúde na cidade de São Paulo1Bolivian
immigrants’ access to public health services in the city of São Paulo
SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde: Disponível em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/saude_da_mulh
er/index.php?p=5678 Acesso em: 09 de jan. 2017