"Coisa" é um termo depreciativo para se referir a seres humanos. Embora a produtividade seja importante, os funcionários não devem ser tratados apenas como máquinas ou recursos, mas como pessoas com dignidade e necessidades. O sucesso a longo prazo de uma empresa depende do equilíbrio entre os objetivos econômicos e o bem-estar dos trabalhadores.
5. livro05_01-05
07.08.06
SUMÁRIO
10:47
Page 3
Apresentação ............................................................................. 5
Capítulo 1
Ser humano não é fácil .............................................................. 6
Capítulo 2
De coisa a gente ...................................................................... 12
Capítulo 3
Seleção de pessoas ................................................................. 34
Capítulo 4
Como manter pessoas ............................................................. 62
Capítulo 5
Como atrair pessoas ................................................................ 80
Capítulo 6
Questões para reflexão ............................................................ 90
Sobre o autor ........................................................................... 94
Referências .............................................................................. 95
6. 07.08.06
10:47
Page 4
Como entender o mercado
Como planejar o próximo passo
Como vender seu peixe
Como gerenciar pessoas
Como cuidar de seu dinheiro
Como deixar as contas em dia
Como garantir a eficiência
Como motivar sua equipe
A publicar
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A publicar
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Publicado
livro05_01-05
Como usar a matemática financeira
A publicar
Coleção Gestão Empresarial
Como ser um empreendedor de sucesso
7. livro05_01-05
07.08.06
10:47
APRESENTAÇÃO
Page 5
O que faz um funcionário dar certo e encaixar “como uma luva”
numa empresa? Qual a solução para a rotatividade de pessoas?
A satisfação e a motivação das pessoas extrapolam os limites
da remuneração, e há muito o que você pode fazer em vez de
entregar tudo ao departamento de Recursos Humanos.
Como gerenciar pessoas – Recursos Humanos é um livro
que trata de relacionamentos humanos em ambiente de trabalho
e aponta caminhos para seu pessoal ser mais feliz, o que se
reverte em benefícios diversos para a própria empresa.
Tudo de uma forma clara, com uma linguagem simples e, ao
mesmo tempo, envolvente.
A Coleção Gestão Empresarial foi especialmente desenvolvida
para auxiliá-lo a aprimorar a gestão de seus negócios. Elaborados
e supervisionados por especialistas, os livros visam proporcionar
conhecimento em Finanças, Contabilidade, Marketing, Recursos
Humanos, Planejamento Estratégico e em muitos outros temas
fundamentais para a administração eficaz do negócio próprio.
8. livro05_06-11
6
1
25.07.06
18:11
Page 6
SER HUMANO NÃO É FÁCIL
O que queremos para nós
é o mesmo que pedimos aos
outros? Como competição
e cooperação podem andar
de mãos dadas?
mãos, temos de levar um humano
é de um bom par de braços e
relações sociais. Desejamos, enfim,
nos dê segurança e fortaleça as
Almejamos um bom ambiente, que
“Quando o que mais necessitamos
cheio de vontades junto.”
um trabalho em si dignificante,
à auto-estima por intermédio de
de de nosso potencial e de reforço
desenvolvimento em toda plenitu-
forma de auto-realização, de
Encaramos o trabalho como uma
de braços e mãos.
mais do que sermos um bom par
esperamos do trabalho é muito
citação como esta. Afinal, o que
Humanos, sobre pessoas, com uma
começar um livro sobre Recursos
Parece bem pouco inspirador
(Frase atribuída a Henry Ford)
um bom salário, que garanta a
não estaríamos aqui.
outros. Isso é natural. Se não fosse,
do que o que diz respeito aos
nos diz respeito mais importante
Tendemos a considerar tudo o que
fim, concordamos com a citação?
trabalho alheio? Ou será que, por
nas mesmas coisas com relação ao
lho dos outros? Será que pensamos
nosso trabalho. E quanto ao traba-
Tudo isso é muito bom para o
dões e responsabilidades.
mentos, nossas habilidades, apti-
melhor, que são nossos conheci-
que valorize o que temos de
satisfação de nossas necessidades.
9. 18:11
Page 7
cavernas”, ficando sempre por últi-
caminho do “bom samaritano das
seu ou meu tivesse escolhido o
passado longínquo, um ancestral
Imagine se, em algum lugar do
cumpriu papel importante.
tória evolutiva, essa característica
explica-se porque, ao longo da his-
aos dos outros – nosso egoísmo –
damos a nossos anseios em relação
não. Assim, a importância que
estar certo ou errado, ter moral ou
é de nossa natureza. Não significa
Ser natural quer dizer apenas que
do de julgamento nem de valor.
Se você duvida, lembre-se da últi-
– em diferentes graus, é claro.
dários e cooperativos por natureza
todos competitivos, egoístas, soli-
bém cumpriu seu papel. Somos
mos intuir que a cooperação tam-
tempo ainda estamos aqui, pode-
ples. Porém, como depois de tanto
de-cooperação não é tarefa sim-
egoísmo-competição e solidarieda-
fácil viver em sociedade. Equilibrar
conflitos nos grupos. Nunca foi
Naturalmente sempre existiram
acabam isolados.
se enquadram nas normas
em grupos, e aqueles que não
Somos animais sociais, vivemos
Competição e cooperação
25.07.06
mo – na coleta de frutas, na divi-
Ser natural não traz nenhum senti-
livro05_06-11
são da caça ou, principalmente, na
ma reunião de condomínio ou de
7
corte às mulheres. Muito provavel-
pais de alunos de que participou.
Naturalmente sempre
existiram conflitos nos
grupos. Nunca foi fácil viver
em sociedade. Equilibrar
egoísmo-competição e
solidariedade-cooperação
não é tarefa simples.
mente, esse indivíduo geraria poucos descendentes ou nenhum e um
de nós dois não estaria aqui.
Por outro lado, se esse mesmo
ancestral tivesse decidido ser o
“ganancioso das cavernas”, por
sua inabilidade social e incapacidade cooperativa, também, provavelmente, não deixaria muitos
descendentes.
10. livro05_06-11
muito maior do que pelo “osso”.
pelo “filé mignon” sempre foi
rio não é diferente. A competição
No que tange ao trabalho, o cená-
que podemos chamar de acordo.
senso, chegam ao final com algo
nha” e, com um mínimo de bom
“puxando a brasa para sua sardi-
– começam com cada parte
mesmo entre um indivíduo e outro
resse individual e o coletivo – e
quais exista conflito entre o inte-
Praticamente todas as reuniões nas
outros grupos – ou para atacá-los.
defender seu grupo de ameaças de
homens também se juntavam para
saíam para a caça e a coleta. Os
crianças enquanto os homens
res, as mulheres cuidavam das
No tempo dos caçadores e coleto-
membros de um grupo.
cutado para a sobrevivência dos
são do trabalho que devia ser exe-
homem, já existia uma certa divi-
ontem. Desde que o homem é
O trabalho não foi inventado
Ao trabalho!
Page 8
Levar cada um a roer os “ossos”
Tudo isso ocorreu muito antes de
18:11
necessários para fazer jus a uma
existirem designações como donas
25.07.06
distribuição justa do “filé mignon”
de casa, empregadas domésticas,
8
é o segredo do sucesso do trabalho
agricultores ou exércitos.
aumentamos drasticamente nossa
mos; voamos e viajamos ao espaço;
devastamos o mundo em que vive-
nha-céus, pirâmides; guerreamos e
mos monumentos, catedrais, arra-
Formamos estados e nações, ergue-
metrópoles e megalópoles.
des maiores, até que chegamos às
para pequenas cidades e para cida-
depois, para aldeias, em seguida,
Passamos de grupos para tribos,
em grupo.
Devemos estar sempre
cientes de que, ainda
que o “ser humano
não seja fácil”, é na
capacidade de lidar com
nossos semelhantes que
reside o segredo do sucesso
ou o fracasso de qualquer
empreendimento.
11. livro05_06-11
25.07.06
18:11
Page 9
Construímos e destruímos num
9
equilíbrio dinâmico entre competição e cooperação, egoísmo e
altruísmo, “eu” e “nós”. Uma eterna disputa por mais “filé mignon”
e menos “osso”, pela “parte que
nos cabe nesse latifúndio”.1
escala, ainda vivenciamos todas
vezes inglórias. Em maior ou menor
lho infantil e aposentadorias muitas
e que engloba exploração de traba-
alcançar remunerações mais dignas,
partiu de salários “de fome” até
cinco a seis dias por semana, que
evoluiu para jornadas de 8 horas de
diárias e sete dias por semana e
formou em jornadas de 16 horas
para semi-escravidão, que se trans-
migrou de regimes de escravidão
Tudo como fruto do trabalho que
empresas maiores que estados.
empreendimentos planetários,
genoma humano; criamos
expectativa de vida e deciframos o
Empreitada humana
essas práticas, mesmo as considera-
quer empreendimento.
do sucesso ou o fracasso de qual-
semelhantes que reside o segredo
capacidade de lidar com nossos
humano não seja fácil”, é na
cientes de que, ainda que o “ser
Portanto, Devemos estar sempre
competitividade e cooperação.
regamos essas características de
seres humanos, nós, como tais, car-
cia, as empresas são formadas por
dúvida de que, em última instân-
empresa moderna. Como não resta
sa são as relações de trabalho na
Particularmente o que nos interes-
caber a cada um.
que cabe ou deveria, em tese,
puta ao longo da história nem o
julgar os protagonistas dessa dis-
Nosso objetivo neste livro não é
das primitivas e desumanas.
12. livro05_06-11
10
25.07.06
18:11
Page 10
Mais ossos ou mais filés
A frase de – ou atribuída a –
Henry Ford, precursor da indústria automobilística, mostra um
tanto quanto friamente a “importância” do trabalhador em uma
fábrica. Ele é um recurso como
outro qualquer, uma coisa tal
conseqüente queda vertiginosa
aumento de produtividade e a
Não há como negar o estupendo
Americana no início do século XX.
expulso da Associação Comercial
Ford foi taxado de “comunista” e
tos fora de época, o fundador da
adquirir um”. Por seus pensamen-
automóvel deve ter condições de
trabalhadora: “Quem produz um
vel – deveria ser acessível à classe
final de sua indústria – o automó-
salários, defendia que o produto
montagem, além de pagar bons
lembrar que o “pai” da linha de
Ford por essa afirmação, devemos
te. Porém, antes de maldizermos
titivamente e de maneira eficien-
deveria cumprir suas tarefas repe-
do trabalhador.
muito tempo antes, de alienação
autêntico comunista, chamara,
ao que Karl Marx, este sim um
e o produto final de seu trabalho,
tanciamento entre o trabalhador
Por outro lado, é inegável o dis-
nada de trabalho.
constantemente ao longo da jor-
uma determinada peça – repetida
processo – como o encaixe de
sável por uma pequena etapa do
qual cada trabalhador era respon-
para a linha de montagem, na
tava um veículo do início ao fim,
um grupo de trabalhadores mon-
lo de produção artesanal, no qual
gurou-se a transição de um mode-
tos de Ford. Baseados nele confi-
móveis com o advento dos concei-
qual uma máquina, um ativo que
nos custos da produção de auto-
13. livro05_06-11
25.07.06
18:11
Page 11
Diferentemente de um artesão
que dominava cada etapa da produção do começo ao fim, o trabalhador industrial só dominaria
uma ínfima parcela do todo.
Feliz e gradativamente, como
veremos a seguir, essa redução do
ser humano a sua capacidade física e motora não durou para sempre. Parte do “filé mignon” foi a
obtenção de trabalhos dignos e a
utilização da capacidade intelectual de que dispomos.
Paradoxalmente, ao “explorar”
mais a capacidade intelectual do
que a física dos trabalhadores,
acabou sobrando mais “filé” para
todo mundo.
E, já que começamos com Ford,
terminemos com ele:
“As empresas precisam ter o
lucro como objetivo, do contrário,
elas morrem. Mas, se uma
empresa é orientada apenas
para ter lucro, (...) também
morrerá, porque não terá mais
nenhum motivo para existir”.2
O que você viu no capítulo 1
1 > O equilíbrio entre os interesses próprios e os alheios.
2 > O trato humano como fator determinante para o sucesso de um negócio.
3 > O conceito de trabalho físico e intelectual ao longo do século XX.
11
14. livro05_12-33
12
2
25.07.06
18:12
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DE COISA A GENTE
Por que os funcionários não
podem ser tratados como
máquinas de produção? Qual
a importância de diferenciar
satisfação de motivação?
gem, da produção em massa, do
moderna – das linhas de montaprovocativa crônica que se segue.
“Recursos Humanos”, como na
carinhosamente apelidado de
Desde os primórdios da empresa
surgimento das grandes corpora-
como outro qualquer, e passou a
“coisa”, um “recurso produtivo”
o ser humano deixou de ser uma
do último século, paulatinamente,
Por incrível que pareça, ao longo
tual das empresas atuais.
to, detentores do capital intelec-
nos trabalhadores do conhecimen-
e mãos” do tempo de Henry Ford
Foi uma transformação dos “braços
sou por uma grande transição.
tratado no processo produtivo pas-
ra como o ser humano era visto e
das até os dias de hoje –, a manei-
quarta geração dos Coisa.
para geração. Nosso Coisa é da
coisa de pai para filho de geração
coisa velha. Assim é a família Coisa,
dias, quando terminará como uma
sempre uma coisa até o fim de seus
uma coisinha, é uma coisa e será
coisinha feia – que importa! – foi
no era coisinha? Coisinha fofa ou
do Coisa, será que quando peque-
coisa igual, onde já se viu? Coitado
alguma coisa está errada. Nunca vi
Coisa estranha chamar-se Coisa,
Ele se chama Coisa, que coisa!
Um homem chamado Coisa
ções e suas estruturas hierarquiza-
ser “gente”, apesar de ainda ser
15. 18:12
Page 13
camente a mesma coisa. Um Coisa
A vida dos três primeiros foi prati-
Bisneto, o nosso Coisa.
teve o Coisa Neto, pai do Coisa
orgulhou de ser coisa, tanto que
Coisa Filho, hoje avô, também se
Coisa, pelo menos, é alguma coisa.
ma, é apenas Júnior, enquanto
Júnior. E Júnior não é coisa nenhu-
Júnior correria o risco de virar
Filho a Coisa Júnior porque Coisa
teve o Coisa Filho. Preferiu Coisa
vô, gostou tanto de ser coisa que
que ter alguma coisa na cabeça se
coisa nenhuma na cabeça. “Para
que era coisa de quem não tinha
digo, causou estranheza. Diziam
No início a coisa do Coisa coisou,
ram ao ter o primeiro Coisa.
Seu Humano e Dona Humana fize-
no meio empresarial, e foi isso que
ele é uma coisa muito importante
antever o futuro e se antecipar a
sas. Hoje em dia, essa coisa de
vel e inexplicavelmente, seriam coi-
ças entre as coisas, todos, inexorá-
explicar, não haveria mais diferen-
alguma coisa que não podiam
te, acreditavam que um dia, por
25.07.06
nasce, cresce, arranja um trabalho
O primeiro Coisa, hoje finado bisa-
livro05_12-33
para fazer sempre a mesma coisa,
não serve para coisa nenhuma?”,
13
conhece uma Coisa com quem se
argumentava Seu Humano.
Um Coisa nasce, cresce,
arranja um trabalho para
fazer sempre a mesma coisa,
conhece uma Coisa com
quem se casa, faz aquela
coisa, e tem um outro ou
outra Coisa. Assim vai se
passando a coisa que
perpetua os Coisa.
casa, faz aquela coisa, e tem um
outro ou outra Coisa.
Assim vai se passando a coisa que
perpetua os Coisa.
Foi no tempo do bisavô Coisa que
tudo começou. Seu pai, Seu
Humano, e sua mãe, Dona
Humana, perceberam que essa
coisa de ser gente, de ser humano,
era coisa da boca pra fora que não
levava a coisa nenhuma. Eles vislumbravam uma coisa no horizon-
16. livro05_12-33
eficientemente a mesma coisa. Não
fazendo cada vez melhor e mais
que sabia fazer, passou a vida
numa empresa para fazer as coisas
nar especialista numa coisa. Entrou
vida. Realizou seu sonho ao se tor-
uma coisa para ser alguma coisa na
primeiro Coisa resolveu estudar
Seguindo seus valiosos conselhos, o
haviam feito a coisa certa.
ro Coisa provar que seus pais
Não demorou muito para o primei-
Um Coisa de sucesso
mais coisas. O Coisa, então, além
coisa na vida. Era preciso saber
lista em uma coisa para ser alguma
não bastava ser apenas um especia-
segundo Coisa descobriu que já
Mas, com o passar do tempo, o
a de seu pai.
Filho, foi quase a mesma coisa que
vida do segundo coisa, o Coisa
essa coisa da mudança. Assim, a
dizer que a única coisa constante é
mudam o tempo todo. Chegam a
mesmo que continuem coisas,
Nesse nosso mundo, as coisas,
Page 14
sem antes conhecer uma Coisa,
de sua especialidade, foi se interes-
18:12
coisa estranha essa coisa de coinci-
sando em aprender outras coisas.
25.07.06
dência, com quem passou toda sua
Tinha gente que confundia essa
14
vida e teve o segundo Coisa.
coisa de saber um pouco de cada
coisa e acabava não sabendo nada
de coisa nenhuma. Foi aí que a
superioridade dos Coisa sobre essa
gente foi comprovada. Sendo uma
coisa, ele nunca se confundiu com
essa coisa. Ele sabia que essa coisa
de generalista significava saber
muito bem alguma coisa – sua
especialidade – e se aperfeiçoar em
várias outras coisas.
O segundo Coisa foi um sucesso!
17. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Page 15
sua trajetória profissional.
Acontece que o terceiro Coisa, o
Coisa Neto, que tomou muito cuidado para ser Coisa e não Neto,
estava muito bem preparado para
ser alguma coisa.
15
Ele sabia que a coisa da moda num
futuro bem próximo seria a coisa
mundo. A coisa da eficiência foi
feitas já não era a melhor coisa do
somente as coisas que deviam ser
Coisa. Até que um belo dia, fazer
ninguém era mais produtivo que o
Ele fazia as coisas eficientemente e
sas que deviam ser feitas.
não fazia outra coisa além das coi-
coisa e tal no trabalho, nosso Coisa
de coisas humanas, espirituais e
perdendo tempo com discussões
Enquanto aquela gente toda ficava
Sabendo o que dizem por aí,
que todo homem tem seu
preço, o Coisa, com seu
raciocínio matemático,
finalmente matou a charada.
Cortou preço com preço e
chegou a “homem = coisa”!
substituída pela coisa da eficácia, e
um valor chamado preço.
Coisa percebeu que toda coisa tem
truindo suas coisas. O terceiro
outras coisas. E, assim, vai cons-
coisas como salário, benefícios e
coisas como o conhecimento por
o Coisa da Empresa Tal. Ele troca
empresa como sobrenome, em ser
ções duradouras, em adotar a
pensa mais naquela coisa de liga-
quer outra coisa. O Coisa não
mais importante do que ser qual-
ça. Para ele, ser coisa era muito
se abalar com uma coisa na cabe-
do conhecimento. E lá foi ele, sem
o segundo Coisa acabou esquecido
Sabendo o que dizem por aí, que
Foi um tempo difícil para os Coisa.
Coisas como salários e benefícios
como qualquer coisa.
Justamente agora que o terceiro
a “homem = coisa”!
Cortou preço com preço e chegou
tico, finalmente matou a charada.
Coisa, com seu raciocínio matemá-
todo homem tem seu preço, o
Coisa se preparava para começar
18. livro05_12-33
16
25.07.06
18:12
Aprendendo a ser gente
Page 16
Anos depois, o terceiro Coisa
decifrara o enigma do velho Coisa
e, assim como seu avô, concluiu
que nesse mundo coisificado não
existe saída a não ser virar coisa.
Enquanto os outros vão aos trancos e barrancos tentando ser
alguma coisa diferente de coisa, o
Coisa, sendo apenas uma coisa,
vai se mostrando muito mais
Acontece que, num belo dia, o
tudo e todos a seu redor.
Coisa e sua filosofia coisificando
O tempo foi passando, com os
precisa desta coisa de final feliz.
ria terminar assim, toda história
Entretanto, essa coisa não pode-
“Filosofia dos Coisa”.
ceira geração consecutiva à
do que nunca poderia ter sido
“Filosofia dos Gente”, é a junção
“gentificado”, que, na nova
luta por um mundo corporativo
mentor de um movimento que
der a ser gente”. Hoje ele é o
ser diferente. Os Coisa vão apren-
rou: “Daqui pra frente tudo vai
palavra, mudou de nome e decla-
E o quarto Coisa, cumprindo sua
Num belo dia, o quarto
Coisa, que ainda era uma
coisinha, desandou a falar.
Não dizia coisa com coisa, é
verdade, mas dava para
compreender que se tratava
de uma coisa incoerente,
alguma coisa como: “Papai,
mamãe, quando eu crescer,
eu vou ser gente!!!”
quarto Coisa, que ainda era uma
separado, “gente e significado”.3
adaptado, fazendo coro pela ter-
coisinha, desandou a falar. Não
mamãe, quando eu crescer, eu
te, alguma coisa como: “Papai,
se tratava de uma coisa incoeren-
mas dava para compreender que
tante pertinente às condições dos
insight de Seu Humano seria bas-
geros e na licença poética, o
Com o devido desconto nos exa-
Trabalho seqüencial
dizia coisa com coisa, é verdade,
vou ser gente!!!”.
19. 18:12
Page 17
de alfinetes.
divisão do trabalho em um fábrica
mostrava ao mundo o exemplo da
Riqueza das Nações, de 1776,
obra clássica de Adam Smith, A
Muito antes de Henry Ford, a
tagem do início do século XX.
nessa tarefa.
de, tornando-se um especialista
cesso na qual tem mais habilida-
estiver cumprindo a parte do pro-
– principalmente se cada um deles
isoladamente, é muitíssimo maior
à dos mesmos quatro trabalhando
quatro juntos, quando comparada
A capacidade de produção dos
Explosão de produtividade
25.07.06
A idéia era absurdamente simples:
trabalhadores nas linhas de mon-
livro05_12-33
suponhamos que para fabricar um
Some-se à divisão do trabalho
17
alfinete sejam necessárias as
e à especialização a economia
2. Cortar o fio.
1. Esticar o fio de arame.
seguintes etapas:
3. Afiar a ponta.
de produtividade.
desse modo, uma “explosão”
uma tarefa e outra. Obtém-se,
ladamente, perderia ao alternar
do tempo que cada um deles, iso-
4. Colar a cabeça do alfinete.
Por mais habilidoso que fosse o
artesão, sua produção diária não
seria grande coisa. Agora, imaginemos quatro operários trabalhando sequencialmente:
1. O primeiro estica o fio.
2. O segundo corta o fio.
3. O terceiro afia.
4. O quarto cola a cabeça
do alfinete.
20. livro05_12-33
Do século XVIII ao início do século
Novos sistemas de gestão
gente de pessoas, organizadas do
ao fim, mas de um grande contin-
sanalmente uma tarefa do início
Page 18
XXI, os processos de produção
modo mais eficiente possível, para
18:12
evoluíram, culminando com a
atingir níveis de produtividade
25.07.06
esteira móvel na fabricação de
jamais alcançados.
18
automóveis. Com ela, os trabalha-
De certa forma, fica claro o por-
fábrica de alfinetes.
cluído, como em uma imensa
mente até o automóvel ser con-
devem ser montadas sequencial-
predeterminada, as peças que
ra carrega, em uma velocidade
suas tarefas, enquanto uma estei-
tos, executando repetidamente
problemas nas operações fabris:
Taylor listou alguns dos principais
Científica”. Brilhante engenheiro,
“Princípios de Administração
Winslow Taylor lançou os
cada atividade. Em 1911, Frederick
coberta do tempo “ótimo” para
uma linha de montagem foi a des-
O primeiro segredo do sucesso em
Problemas à vista
dores permanecem em seus pos-
quê da frase de Henry Ford – ele
sem desvio os mesmos movimen-
“quase máquinas” que repetissem
lidades com o trabalhador.
clara da divisão de suas responsabi-
• A administração não tinha noção
precisava de “coisas” ou de
tos. Como naquela época não
contentar com esses “difíceis”
rar o desempenho do trabalhador.
• Não havia incentivo para melho-
existiam robôs, Ford teve de se
seres humanos.
• Muitos trabalhadores não
A nova realidade produtiva despertou a necessidade de novos sis-
cupriam suas responsabilidades.
• As decisões dos administradores
temas de gestão.
Afinal, já não se tratava de
pequenos grupos realizando arte-
21. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Page 19
eram subjetivas, baseadas na intui-
• Os gerentes pareciam ignorar
travam aptidão.
em tarefas para as quais não mos-
• Os trabalhadores eram colocados
departamentos da empresa.
• Não existia integração entre os
ção e no palpite.
Por outro lado, no sistema por
que a excelência no desempenho
para eles próprios quanto para a
peça produzida, quando se regis-
significaria recompensas tanto
mão-de-obra.
19
• Havia conflitos entre capatazes e
dores diminuíam o valor por peça
cativo da produção, os administra-
trava um aumento muito signifioperários a respeito da quantidade
produzida para pagar menos.
lhadores não obtinham grandes
No regime de salário fixo, os traba-
peça produzida.
salário fixo e a remuneração por
dois padrões para o pagamento: o
mignon”, naquele tempo existiam
Voltando à nossa disputa pelo “filé
da produção.
vantagens em produzir mais do que
Qual seria o valor justo?
nistração da produtividade.
fator fundamental para a admi-
A questão salarial emergia como
que em um nível superior.
garantisse mais rendimentos do
em um nível baixo, mas que lhes
propositadamente, a produção
apoio dos sindicatos, mantinham,
Assim, os trabalhadores, com o
eles mesmos julgavam adequado.
22. livro05_12-33
20
25.07.06
18:12
Tarefas cronometradas
Page 20
Dinte dessa explosiva questão,
Taylor propôs um método para
eliminar a diminuição do valor
pago por peça. Ele argumentou
que deveria partir da administração a descoberta de tempo necessário para que um trabalhador,
em sua dedicação plena, completasse sua tarefa, e, assim por diante, para todas as tarefas do processo produtivo.
O valor por peça produzida seria
definido com base nesse ponto
ótimo de produção. Dessa forma,
o trabalhador se veria compelido
a dar o máximo de si para assegurar uma remuneração razoável.
Satisfação e motivação
para o trabalho são
aspectos distintos e têm
origens diferentes nas
organizações. A satisfação
– ou insatisfação – está
relacionada com os
fatores ligados às
condições de trabalho.
Foram criados, assim, os chamados “Estudos de Tempos e
Movimentos”, que consistiam
basicamente em dividir cada tarefa em seus movimentos básicos,
cronometrá-la e registrá-la.
É uma prática – um processo chamado pilotagem ou confecção
da peça-piloto – que qualquer
oficina de costura ou confecção
faz hoje em dia sem qualquer
dificuldade.
23. 18:12
Page 21
as ao longo das linhas de monta-
às tarefas disponíveis, organizou-
os trabalhadores mais adequados
partes mais simples, selecionou
Ele desmembrou o trabalho em
Taylor deu início à sua revolução.
filmagem e régua de cálculo,
humano. É uma ênfase no que
cesso de “coisificação” do ser
remuneração, trata-se de um pro-
garanta níveis satisfatórios de
mente determinado, por mais que
repetidamente em ritmo previa-
Sem dúvida, executar tarefas
empresarial da época.
ao empirismo, ao amadorismo
mostrar uma alternativa viável
25.07.06
gem e desenvolveu sistemas
Com um cronômetro, câmera de
livro05_12-33
de remuneração de modo que
Frederick Herzberg, quase meio
21
os trabalhadores fizessem jus a
século depois, chamou de fatores
de “redução” do ser humano do
muito mais consagrado pela idéia
Infelizmente, Taylor tornou-se
processo produtivo?
de incremento de eficiência ao
máximo que ele pudesse oferecer
remunerá-lo de acordo com o
registrar o trabalho de Taylor, e
a desmembrar, cronometrar e
empresário ou industrial se dispôs
mal a ninguém, será que algum
Como um pouco de ironia não faz
Casa de ferreiro, espeto de pau!
Satisfação e motivação
seu salário.
que pelo caráter inovador de
de trabalho.
humanos e o próprio ambiente
colegas, políticas de recursos
do chefe, relacionamento com
como salário, estilo de supervisão
– chamados de fatores higiênicos,
ligados às condições de trabalho
está relacionada com os fatores
A satisfação – ou insatisfação –
organizações.
e têm origens diferentes nas
trabalho são aspectos distintos
satisfação e motivação para o
De acordo com Herzberg,
fator motivacional.
muito pouca ênfase em qualquer
higiênicos – e, em contrapartida,
alguém que ao menos tentou
24. livro05_12-33
22
25.07.06
18:12
Page 22
Ainda que possa gerar satisfação,
e o sentido de realização de algo
orgulho e sentimento de prestígio
mento pelo trabalho bem-feito, o
de de crescimento, o reconheci-
da responsabilidade, a oportunida-
conteúdo do trabalho, o exercício
Fatores motivacionais envolvem o
não promove motivação.
empregados e empregadores são
interesses fundamentais dos
ria das pessoas acredita que os
ção de eficiência máxima. A maio-
volvimento de homem à sua condi-
mais importante, significa o desen-
salários mais altos mas também, e
empregado significa não apenas
“A prosperidade máxima de cada
Veja o que Taylor pensava:
importante. Nas próprias palavras
antagônicos. A administração cien-
cuidar bem dos fatores higiênicos
de Herzberg:
“Ambiente de trabalho produz
dos dois são idênticos”.5
pio que os verdadeiros interesses
tífica, no entanto, tem por princísatisfação ou insatisfação com o
próprio ambiente, mas não motivação para o trabalho. Apenas o trabalho em si e seu conteúdo produzem motivação para o trabalho”.4
Levando em consideração a chamada “Teoria dos Dois Fatores”, de
Herzberg, por mais que o foco na
questão salarial, em conjunto com
a redução das jornadas, fosse um
aspecto de muitíssima importância
no princípio do século XX, ainda
faltaria algo fundamental para
assegurar a motivação no trabalho.
25. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Fazer mais do mesmo
Page 23
Podemos dizer que o primeiro
Coisa, aquele que “ entrou numa
empresa para fazer as coisas que
sabia fazer, passou a vida fazendo
cada vez melhor e mais eficientemente a mesma coisa”, estaria em
Os Coisa não teriam problema
mento de planejamento”.
fábrica e centralizada no departa-
de cerebral deve ser removida da
cada ao propor que “toda ativida-
Taylor mostra sua opinião equivo-
em sintonia ainda maior quando
crescimento pessoal. Ambos estão
sintonia entre ganho material e
Ambos são guiados pela estreita
que científico. Entretanto, tudo o
conhecimento mais empírico do
ainda eram incipientes e de
white collars (colarinhos brancos),
cargos de “administração”, os
das discussões; segundo porque os
balhadores e eram o tema central
nham o maior contingente de tra-
século XX, os blue collars compu-
primeiro porque, no princípio do
lars (colarinhos azuis). Explica-se:
23
algum com isso. Afinal, como argu-
que foi desenvolvido e aplicado à
Trabalho era trabalho, e
fazer a mesma coisa mais
eficientemente era a regra
do jogo, fosse apertar um
parafuso, fosse elaborar
um relatório.
mentara Seu Humano, “para que
produção que se relaciona à defi-
perfeita sintonia com Taylor.
ter alguma coisa na cabeça se não
nição de tarefas e determinação
rico pelo gerenciamento das pes-
to a ênfase de nosso passeio histó-
Como deu para notar, por enquan-
Colarinhos brancos e azuis
serve para coisa nenhuma?”.
soas tem sido nos trabalhadores
elaborar um relatório.
fosse apertar um parafuso, fosse
cientemente era a regra do jogo,
e fazer a mesma coisa mais efi-
escritórios. Trabalho era trabalho,
cução foi “exportado” para os
do tempo requerido para sua exe-
do “chão de fábrica”, os blue col-
26. livro05_12-33
nal, mal se podia esperar que os
as várias tarefas especializadas (afi-
mento. O primeiro era coordenar
máquinas com perfeito funciona-
para transformar as fábricas em
desempenhavam dois papéis vitais
truções do proprietário. Eles
autômatos que executavam as ins-
não eram simplesmente sargentos
“No mundo de Taylor, os gerentes
rentes e, acima de tudo, planejar
rar o comportamento dos concor-
regular o sistema inteiro, monito-
elite, cujo trabalho era projetar e
da pirâmide taylorista ficava a
tação, e assim por diante. No alto
cialistas em contabilidade, contra-
aplicado aos gerentes: havia espe-
da divisão do trabalho também era
sua entediante rotina. O princípio
poderiam facilmente se cansar de
Page 24
próprios trabalhadores entendescom antecedência.”6
18:12
sem como sua especialidade se
Seria de se esperar que, se em
25.07.06
encaixava no conjunto da emprealgum lugar da organização os
24
sa); o segundo era monitorar e
cérebros fossem bem-vindos, só
andaram de mãos dadas.
rismo e poder coercitivo” sempre
“comando e controle” e “autorita-
dece quem tem juízo”. Como se vê,
Ou seja, “manda quem pode, obe-
execução para quem é mandado.
para quem manda, obediência e
subordinados. Comando e controle
o que deveria ser feito por seus
determinar, comandar e controlar
o dos dirigentes, restringir-se-ia a
gerência, bem menos cerebral que
Assim, o papel da supervisão e da
poderia ser no topo da pirâmide.
motivar os trabalhadores, que
O trabalhador era mais ou
menos como uma máquina,
que era ligada com o cartão
de ponto pela manhã,
trabalhava regulada pelo
comando do supervisor
durante o dia e era desligada
ao final da tarde pelo cartão
de ponto. Por seu trabalho,
essa “máquina” recebia o
montante necessário para
sua manutenção.
27. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Máquina de trabalho
Page 25
O trabalhador era mais ou menos
como uma máquina, que era ligada
com o cartão de ponto pela
manhã, trabalhava regulada pelo
comando do supervisor durante o
dia e era desligada ao final da
sua manutenção ao longo de sua
recebia o montante necessário para
as pessoas na organização sejam
encontrar um meio de permitir que
25
vida útil. Deveria também se sentir
tratadas como indivíduos (...).
revisadas. Teremos agora que
tarde pelo cartão de ponto.
feliz por estar sendo utilizada
Temos que encarar isto”.7
Por seu trabalho, essa “máquina”
em sua capacidade máxima (Seu
Humano deve estar se divertindo
E indo mais longe:
nárias, como a do psicólogo norte-
do! Vozes dissonantes e revolucio-
Felizmente nem tudo estava perdi-
Auto-realização
com isso).
americano Abraham Maslow, con-
nosso guia e modelo o ser humano
em breve, possamos usar como
o cavaleiro, o místico (...). Talvez,
isso; o santo, o herói, o cavalheiro,
nossa cultura abriu mão de tudo
tiveram seu modelo, seu ideal. Mas
“Todas as eras que não a nossa
testaram e influenciaram definiti-
em total crescimento e em proces-
cas baseadas em padronização, que
“Não tenho dúvida de que as práti-
vamente as práticas vigentes:
funcionaram nas grandes organiza-
expressa livremente”.8
vimento, cuja natureza interna se
estão alcançando o total desenvol-
humano cujas potencialidades
so de auto-realização. Um ser
ções, precisam ser modificadas e
28. livro05_12-33
as “relações humanas”9: o psicólo-
desajustados” que inventaram
por intermédio de “dois criativos
lho e motivação dos trabalhadores
discussão sobre ambiente de traba-
de gerenciamento – entrou na
uma das mais famosas no estudo
atualmente reconhecida como
a Universidade de Harvard –
rígidos da administração científica,
antes, em resposta aos princípios
Maslow não estava sozinho. Anos
Mais do que dinheiro
Mayo e Roethlisberger conduziram,
ao pensamento administrativo,
Na contribuição mais importante
por sua relação com os colegas.
no grupo (fator motivacional) e
influenciado por sua importância
econômico (fator higiênico), é
gados, além da promessa de ganho
que o comportamento dos empre-
Os dois pesquisadores destacaram
e racional.
rente do homem econômico (coisa)
taram veementemente a visão cor-
informal nas empresas, eles contes-
Page 26
go Elton Mayo e o filósofo
em parceria com a Western Eletric,
18:12
Fritz Roethlisberger.
os experimentos de Hawtorne, des-
25.07.06
Como dois dos pioneiros a enfaticritos a seguir.
26
zar a importância da organização
foram submetidas a mais de dez períodos
Nessas condições controladas, as mulheres
relés telefônicos com 40 peças diferentes.
analisado. A função das operárias era montar
a produção medida e o comportamento delas
qual o trabalho era rigorosamente monitorado,
fábrica e agrupadas em uma sala, dentro da
Cinco mulheres foram retiradas do chão de
jornada de trabalho.
vam os intervalos de descanso, reduzia-se a
constantemente e, à medida que se aumenta-
mentos, a produtividade das operárias cresceu
produção. No primeiro ano e meio de experi-
fadiga constituía o principal fator a limitar a
hipótese inicial dos pesquisadores era que a
ção da jornada e da semana de trabalho. A
duração das pausas para repouso e na dura-
Sala de testes de montagem de relés na Western Eletric em 192710
experimentais, que variavam no número e na
29. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Page 27
importância. As condições do lar
podem afetar o desempenho do
27
trabalhador. Contudo, um supervisor capaz de ouvir e não falar
pode, em muitos casos, compensar
quase completamente essas
pelos dois estudiosos chegou a con-
A equipe de Harvard capitaneada
Conclusões do estudo
influências deprimentes.
clusões importantes que eu não
na remuneração. Resultado: a pro-
segundo grupo só teve aumento
forem ruins. No experimento, um
demais condições de trabalho
mulam a produtividade se as
• Incentivos monetários não esti-
hesitaria em validá-las hoje.
• As condições de trabalho têm
do grupo original.
mas não em medida comparável à
dutividade melhorou um pouco,
mais impacto sobre a produção do
que o número de dias de trabalho
• O resultado mais surpreendente
ção. Notou-se relação entre a con-
deprimido que se reflete na produ-
criar um espírito empolgado ou
• Influências externas tendem a
durante a semana.
dição emocional das mulheres e a
trabalhadoras estavam responden-
aumentou! Porém, parece que as
Mais uma vez a produtividade
horas sem pausas para repouso.
voltaram à semana original de 48
rimentos quando os pesquisadores
apareceu próximo ao fim dos expe-
regularidade da produção.
• O método do supervisor é o
físicas do trabalho.
experimento do que às condições
do mais ao impacto positivo do
único fator externo de maior
30. livro05_12-33
ção. Os pesquisadores intuíram que
ainda não demonstravam satisfa-
Entretanto, Mayo e Roethlisberger
adversas? Que surpresa!”.
funciona mesmo em condições
orelha”: “Tratar gente como gente
tas pessoas com “a pulga atrás da
experimentos ainda deixariam mui-
duvido de que os resultados desses
Quase oitenta anos depois, não
Mais e mais experiências
importante traria, contudo, as
Outra experiência igualmente
supervisores do experimento.
torná-los mais parecidos com os
de vinte anos. O objetivo era
teve início em 1936 e duraria mais
namento para supervisores, que
embarcar em um programa de trei-
cos”, tiveram a sabedoria de
mentação com “supervisores típi-
Em vez de realizar outra experi-
resultado do experimento.
Page 28
os supervisores do experimento
maiores contribuições a respeito da
18:12
não se comportavam como supervi-
relevância e da influência da orga-
25.07.06
sores típicos e que, por esse motinização informal.
28
vo, poderiam ter influenciado o
produção. Não foi o que aconteceu. Em vez
nar os demais para manter um nível elevado de
trabalhadores mais eficientes fossem pressio-
eles ganhariam. Imaginava-se que, assim, os
mais componentes fossem finalizados, mais
de peça para o grupo de modo que, quanto
dos de acordo com um sistema de pagamento
eletricistas e inspetores. Todos eram remunera-
dores de três grupos ocupacionais: soldadores,
A sala de observação reunia quatorze trabalha-
que cada operário ocupava no grupo.
nos próprios padrões de justiça e na posição
nar a produção de cada trabalhador, embasada
organização informal responsável por determi-
pesquisadores descobriram que existia uma
dos ao ostracismo por seus companheiros. Os
menos do que o acordo tácito, eram condena-
a norma, produzindo muito mais ou muito
dução “justa”. Os trabalhadores que violassem
trabalhadores consideravam uma cota de pro-
norma de produção alicerçada naquilo que os
Sala de observação da bancada de ligações na Western Eletric11
disso, o grupo estabeleceu informalmente uma
31. 18:12
Page 29
Em algum lugar, entre o autorita-
metas traçadas pela organização.
dos objetivos individuais ou das
tante do que alcançar o máximo
objetivos comuns era mais impor-
pante do grupo e compartilhar
dos experimentos: ser um partici-
Trocando em miúdos o resultado
se trabalhadora. A disputa por
por melhores condições para a clas-
homenagem àqueles que lutaram
Unidos, o Dia do Trabalhador em
todo, à exceção dos Estados
Nasceu naquela data no mundo
mortes.
história: prisões, espancamentos e
em confronto com a polícia. Fim da
nada de 13 horas diárias entraram
res em greve pela redução da jor-
25.07.06
rismo do comando e controle e a
Por melhores condições
livro05_12-33
anarquia da autogestão, residia o
mais “filé” e menos “osso” nem
29
melhor do gerenciamento de pessempre foi, digamos, amigável.
O resultado dos
experimentos: ser um
participante do grupo e
compartilhar objetivos
comuns era mais importante
do que alcançar o máximo
dos objetivos individuais
ou das metas traçadas pela
organização. Em algum
lugar, entre o autoritarismo
do comando e controle e a
anarquia da autogestão,
residia o melhor do
gerenciamento de pessoas.
soas, e – contradizendo a “Filosofia
dos Coisa” – as pessoas queriam ser
mais do que uma coisa qualquer.
Nas palavras de Elton Mayo:12
“Enquanto o comércio se especializar em métodos de negócios que
não levem em consideração a natureza humana e os motivos sociais,
poderemos esperar greves e sabotagem com acompanhamentos normais da indústria”.
Em tempo, quase cinqüenta anos
antes, em 1o de maio de 1886, em
um evento conhecido como
Massacre de Chicago, trabalhado-
32. livro05_12-33
pre, porém, se houvesse um golpe
tenham sido enterrados para sem-
que os princípios de Taylor
científica. Não podemos afirmar
que a turma da administração
ganhou muito mais adeptos do
tos das “relações humanas”
O grupo que defendia os concei-
Golpe de misericórdia
gem, o trabalhador era tanto
no conceito de linha de monta-
Não era novidade para ele que,
montagem.
crítico implacável da linha de
americano Peter Drucker, outro
empresarial: era a voz do norte-
começou a ser ouvida no meio
como o “pai” da administração
alguém que acabaria reconhecido
Page 30
de misericórida, este teria sido
mais eficiente quanto mais seme-
18:12
desferido em apoio dos inteleclhante a uma máquina e menos
25.07.06
tuais aos humanistas. Obras literáhumano fosse.
30
rias como Admirável Mundo
Novo, de Aldous Huxley, escrito
em 1932, e 1984, de George
Orwell, escrito em 1948, e produções cinematográficas como
Tempos Modernos, de Charles
Chaplin, produzido em 1936,
traduziram de modo sombrio
um mundo dominado pela produção em massa, pela administração
científica e pela redução do
indivíduo a um mero dente de
engrenagem numa enorme
máquina industrial.
Produção em equipe
Décadas depois, uma nova voz de
33. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Page 31
Entretanto, Drucker alegava que a
monotonia da produção nas linhas
de montagem, que as transformava
em um processo ineficiente, poderia ser resumida em dois pontos
principais: primeiro, a linha de produção precisava se ajustar à velocidade do membro mais lento;
segundo, os trabalhadores nunca
tinham a satisfação de vislumbrar o
produto acabado.
31
tória da administração com três
autogestão, Drucker marcou a his-
pe, que beiravam o modelo de
de técnicas de produção em equi-
os chamados trabalhadores do
do por trabalhadores esclarecidos –
do industrial deveria ser substituí-
braçal. Assim, o antigo proletaria-
mento, em vez de sua capacidade
Os trabalhadores deveriam
ser valorizados por suas
idéias e seu conhecimento,
em vez de sua capacidade
braçal. Assim, o antigo
proletariado industrial
deveria ser substituído por
trabalhadores esclarecidos –
os chamados trabalhadores
do conhecimento.
conceitos fundamentais que norconhecimento.
Defensor de células de produção e
tearam os profissionais responsáveis pela gestão de pessoas:
1. Trabalhadores do conhecimento.
instruídos; daí a importância do
verdade, são seus trabalhadores
“A matéria-prima de um país, na
2. Empowerment.
treinamento e da educação. Em
trário dos conceitos vigentes, os
De acordo com Drucker e ao con-
Trabalhador com idéias
3. Administração por objetivos.
trabalhadores deveriam ser valori-
país, ou então sair do caminho.”13
rar o estoque de conhecimento do
deveriam se concentrar em melho-
barata no exterior, os governos
moribundas de mão-de-obra mais
vez de tentar defender indústrias
zados por suas idéias e seu conheci-
34. livro05_12-33
tram muito mais potencial para o
Trabalhadores esclarecidos demons-
métodos de comando e controle.
administração científica e seus
soco na boca do estômago da
um duro golpe, um verdadeiro
conhecimento, Drucker desfechava
Ao defender os trabalhadores do
Drucker brindou a administração
a verdade da gestão empresarial.
o autoritarismo e a anarquia reside
abordamos, em algum lugar entre
rem anarquia. Entretanto, como já
balhadores do conhecimento suge-
autogestão, empowerment e tra-
Aparentemente, conceitos como
O melhor dos mundos
Page 32
trabalho em equipe, necessitam de
de empresas com seu, provavel-
18:12
menos supervisão e dispõem de
mente, mais famoso instrumento
25.07.06
maior capacidade intelectual e
de gestão: a administração por
32
aptidão para trabalhar em sistemas
objetivos (APO).
de dos produtos e para implemen-
promover o incremento na qualida-
vas aos processos produtivos, para
esclarecidos para propor alternati-
melhor do que os trabalhadores
para sua base. Afinal, ninguém
lidade descesse do alto da pirâmide
por Drucker para que a responsabi-
poder a alguém –, sistema proposto
empowerment – algo como dar
formavam a base do chamado
Os trabalhadores do conhecimento
Poder com responsabilidade
de autogestão.
tar melhorias. Empowerment signi-
pação nos lucros e resultados.
temas de bonificação e de partici-
ções, podendo estar vinculada a sis-
mento estratégico das organiza-
o principal instrumento de alinha-
formais. A APO constituiria, assim,
chefes e subordinados em reuniões
com prazos determinados entre
abaixo, discutidas em conjunto,
desdobradas em cascata, pirâmide
nha-se valorizado; as metas foram
co e intelectual da direção manti-
tração científica. O papel estratégi-
da escola humanista e da adminis-
equilíbrio entre os melhores pontos
Com a APO, Drucker buscou o
fica poder com responsabilidade.
35. livro05_12-33
25.07.06
18:12
Page 33
Agente do conhecimento
Encerramos nosso passeio pelas
teorias e práticas da administração
de empresas. Como deu para notar,
em última instância, elas se confundem com gestão de pessoas.
Ao longo do último século, pudemos perceber a clara transição da
“coisificação” do ser humano para
seu papel determinante de agente
do conhecimento pela metamorfose da figura do trabalhador – de
figurante a protagonista do processo e do progresso empresarial. E,
finalmente, a transformação definitiva de coisa para gente.
Assim, daqui para frente, vamos
tratar de seres humanos, tratar de
pessoas, tratar de gente, de como
atrair, contratar, como desenvolver
e como manter gente. Os “Coisa”
que nos perdoem.
O que você viu no capítulo 2
1 > A história da família Coisa, uma paródia da coisificação do ser humano.
2 > Os conceitos científicos que tratavam
o trabalhador como peça de engrenagem.
3 > A importância da satisfação e da motivação para a realização profissional.
4 > O avanço no pensamento de gestão
de pessoas com as idéias de Drucker.
33
36. livro05_34-61
34
3
25.07.06
18:13
Page 34
SELEÇÃO DE PESSOAS
Onde buscar o profissional
mais adequado a uma vaga?
Além de pedir currículo, do que
mais é preciso dispor para
fazer a escolha certa?
Por que será que em muitas empre-
que não passam de... Máquinas!
tadores – peças importantes, mas
máquinas comuns, como os compu-
de vulto que nos referimos. São
complexas e investimentos de gran-
ta. Mas não é nem a máquinas
entre a prosperidade e a bancarro-
sua aquisição pode ser a diferença
mos, cuja decisão errada quanto
representam investimentos altíssi-
inquestionável. Muitas vezes,
Máquinas são importantes, isto é
ser humano?
do que com a contratação de um
da compra de uma máquina
dos com a análise e a viabilidade
mais tempo e se toma mais cuida-
proporcionalmente maior.
soas, parece que o cuidado é des-
assunto seja a contratação de pes-
mente se encontra por aí, caso o
quando comparado ao que comu-
patrimônio da empresa. Contudo,
nha precaução e com tal zelo pelo
Concordo plenamente com tama-
gosta de jogar dinheiro fora.
te, não há dúvida. Afinal, ninguém
Toda essa preocupação é proceden-
rede de assistência técnica etc.
preferidas, qualidade esperada,
de, preço, fornecedores e marcas
dado em especificações, capacida-
Quase sempre há um extremo cui-
durante sua vida útil.
madas ou determinadas a fazer
sas, ainda hoje, gasta-se muito
Elas vão executar o que são progra-
37. 18:13
Page 35
contratado. Coisas são compradas,
melhor ser comprado do que ser
os “Coisa” estariam com a razão: é
Mas, se é – que pena! –, outra vez
funcionam assim, tanto melhor!
Se em sua empresa as coisas não
passos importantes para contratar
Neste capítulo, detalharemos os
é, o cargo a ser preenchido.
vamos iniciar com seu produto, isto
çar pelo mesmo roteiro. Ou seja,
quadas à organização deve come-
para a contratação de pessoas ade-
ting de um produto, a preparação
boração da estratégia de marke-
25.07.06
pessoas são contratadas. E, para
Qualidade em primeiro lugar
livro05_34-61
que sejam contratadas, em primeipessoas. São eles:
35
ro lugar devem ser atraídas.
pura e simples de uma oportunida-
taxas de desemprego, a oferta
historicamente marcado por altas
É incontestável que, em um país
da reputação empresarial.
por intermédio do gerenciamento
5. Entrevistas.
de testes.
4. Dinâmica de grupo e aplicação
3. Triagem de currículos.
comunicação.
2. Definição do público-alvo e
1. Descrição do cargo.
Trataremos da atração de pessoas
de de trabalho já é por si só um
6. Integração.
A oferta pura e simples
de uma oportunidade de
trabalho já é por si só um
atrativo e tanto. Porém, o que
nos interessa como empresa
– e como empresários – é
qualidade e não quantidade
de pessoas interessadas.
atrativo e tanto. Porém, o que nos
interessa como empresa – e como
empresários – é qualidade e não
quantidade de pessoas interessadas no que temos a oferecer.
Passo a passo
Da mesma forma como a identificação do público-alvo e a escolha
da mídia adequada para a comunicação são fundamentais para a ela-
38. livro05_34-61
mais detalhado for o perfil do
ocupar a posição. Em suma, quanto
poder decisório atribuído a quem
nível de responsabilidade e de
quantidade de subordinados e o
como, o nível de complexidade, a
empresa: o que deve ser feito e
nar a importância do cargo para a
tempo necessário a fim de determi-
car os profissionais aptos. Invista o
cargo é fundamental para identifi-
O detalhamento criterioso do
1. Descrição do cargo
a melhor maneira de nos comuni-
alvo, a próxima etapa é determinar
Uma vez estabelecido o público-
necessárias para ocupar o cargo.
tenham as habilidades e aptidões
seu produto ou serviço e que
empresa, que se identifiquem com
lhem dos valores e das práticas da
composto daqueles que comparti-
valores. O público-alvo deve ser
comum a todos os cargos são os
Para começar, o denominador
e comunicação
2. Definição do público-alvo
Page 36
cargo, mais específico você poderá
carmos com esse público. De acor-
18:13
ser na identificação dos candidatos.
do com o cargo, uma primeira – e
25.07.06
Com o “produto” em mãos, avan-
fundamental – decisão tem de ser
36
çamos ao público-alvo.
tomada: a oportunidade deve ser
oferecida a alguém da empresa,
por meio do recrutamento interno,
ou a um profissional de fora da
empresa, por meio do recrutamento externo? O recrutamento interno, que não necessariamente
envolve uma promoção, é um processo relativamente mais rápido.
Porém, tanto uma quanto outra
opção têm vantagens e desvantagens, conforme o quadro a seguir.
39. livro05_34-61
25.07.06
18:13
Promoção da lealdade
Possibilidade de carreira
Motivação para os funcionários
Rapidez e economia
–
+
+
+
+
+
+
+
+
–
–
–
–
–
–
Page 37
Valor à “prata da casa”
–
+
37
Recrutamento Recrutamento
interno
externo
Espírito sadio de competição
Promoção de novas idéias –
visão de fora
Renovação do capital intelectual
–
–
Impacto da opção
Experiência de outras empresas
+
por um lado, um incentivo à leal-
Potencial conflito de interesses
A decisão é sua
dade dos funcionários, por outro, a
–
Definitivamente a opção pelo
falta de gente nova, de novas
+
recrutamento interno ou externo
idéias e de novos conceitos pode
Geração de descontentamento
não é simples. Se, por um lado, a
“empacar” a organização com o
+
experiência de um profissional
que é conhecido como “a síndrome
–
oriundo de outras empresas pode
do sempre fizemos assim”.
Promoção da mudança
ser extremamente salutar para sua
Com base nessas considerações,
+
organização, por outro, essa esco-
chega-se à conclusão de que nin-
+
lha frustra, ao menos potencial-
guém melhor do que você para
Confiabilidade (menor risco)
mente, os planos de carreira dos
definir, com relação a cada cargo, a
+
funcionários que se julgavam aptos
melhor opção: buscar seu futuro
–
a ocupar a posição. Se a valoriza-
ocupante dentro ou fora de casa.
Frustração de expectativas
ção da chamada “prata da casa” é,
40. livro05_34-61
Para evitar problemas como esse,
Page 38
Recrutamento interno
que certamente geram desconten-
18:13
Se a decisão para o preenchimento
tamento para os não selecionados,
25.07.06
do cargo for por meio do recrutaas informações sobre definição do
38
mento interno, as alternativas de
cargo, responsabilidades e conheci-
outro, corre-se o risco de receber
dade a todos os funcionários, por
democrática ao “abrir” a oportuni-
um lado, é uma opção bastante
dro de avisos da empresa. Se, por
vaga pode ser anunciada no qua-
comunicação interna, uma nova
eles avaliam também os eventuais
funcionário. Durante esse processo,
cial de desenvolvimento de cada
diretores debatem sobre o poten-
cionários, no qual os gerentes e
cesso formal de avaliação de fun-
Muitas empresas mantêm um pro-
• Avaliação de potencial
tante detalhadas.
mentos necessários devem ser bas-
comunicação são:
• Quadro de avisos
ofertas de muitas pessoas ainda
candidatos para a própria substitui-
Assim como outros instrumentos de
não preparadas para o cargo.
ção. Assim, a cada nova oportunidade, o banco de dados de potenciais profissionais é sempre levado
em consideração.
• Indicação interna
Em empresas que não mantêm um
banco de dados de potenciais profissionais, os gerentes e supervisores são uma ótima fonte de consulta sobre a capacidade de cada funcionário. É verdade que ninguém
41. livro05_34-61
25.07.06
18:13
Page 39
continue assim – uma empresa extremamente
toda”, pensei. Como a AGA era – e espero que
mim. “Oba! Outros planos, eu estou com a bola
financeiro havia reservado outros planos para
Voltei ao RH e me informaram que o diretor
Perguntei a meu gerente, mas ele nada sabia.
intrigado porque ninguém havia me consultado.
posição. Fiquei lisonjeado e, ao mesmo tempo,
de Marketing havia sugerido meu nome para a
orçamento e acabei descobrindo que o gerente
informar sobre a faixa salarial para incluir no
contratar uma pessoa. Fui ao RH procurar me
notei que o departamento de Marketing iria
tando o orçamento anual da empresa quando
como dizem, a “minha cara”. Eu estava mon-
descobri que havia uma oportunidade que era,
Foi por acaso que, quando trabalhava na AGA,
esconda de seus funcionários os planos que
Com base nessa experiência, eu diria: não
vertical, mas que, de qualquer forma, adorei.
ção. Foi mais uma mudança horizontal do que
nenhum deles representou uma grande promo-
em São Paulo. Sobre os casos internos,
encarar um parque de diversões: o Playcenter,
segmento. Deixei uma indústria química para
Mudei não só de ares como de cidade e de
certo dia fiz parte de um recrutamento externo.
ainda fui recrutado para outro projeto. Até que
zado e acabei mudando de ares. Depois disso,
caminho preferiria seguir. Deu certo. Fui autori-
Marketing. Era necessário para decidir por qual
ser entrevistado pelo gerente e pelo diretor de
cabeça. Não resisti e pedi para que pudesse
para Marketing estava “martelando” minha
Acontece que a mudança de ares de Finanças
Já aconteceu comigo, mas eu forcei a barra
aberta, fui perguntar ao diretor financeiro que
39
funcionário. Segundo, o próprio
você tem para o futuro deles. Afinal, eles são os
gosta de ficar sem um bom funcio-
gerente ou supervisor tem a perder
planos eram esses que não tinham chegado a
nário, porém, se o egoísmo preva-
porque, ao manter uma pessoa em
maiores interessados e os únicos que podem
lecer sobre a cooperação, há uma
uma posição aquém de sua capaci-
meu conhecimento. Ele me explicou que eram
perda dupla. Primeiro, porque a
dade, fatalmente vai despertar um
fazer de seus planos realidade.
empresa sai prejudicada com a
ambiente de insatisfação.
bons planos e um belo futuro me aguardava.
subutilização do potencial de um
42. livro05_34-61
indicação de funcionários,
podem ser banco de currículos,
externa, os canais de consulta
interno. No caso da seleção
em conjunto com o recrutamento
É possível usar esta modalidade
Recrutamento externo
um cargo é aberto, a consulta
banco de dados. Uma vez que
modo a facilitar a pesquisa no
pelo candidato e formatado de
um formulário a ser preenchido
conosco”. Em geral, trata-se de
da internet o canal “Trabalhe
empresas mantêm em sua página
Page 40
anúncios em faculdades ou
ao banco de dados é o primeiro
18:13
escolas, anúncios em jornais ou
passo para a identificação de
25.07.06
revistas, agências de recrutamencandidatos potenciais.
40
to (os head hunters) e os
próprios concorrentes.
• Banco de currículos
É comum os departamentos de
RH receberem dezenas de currículos todos os dias. Além dos envelopes por correio, chegam por email aos borbotões. Empresas
mais organizadas procuram classificar os currículos mais atrativos
para futuras seleções. Porém, o
destino da esmagadora maioria é
mesmo a lata de lixo. A enxurrada de currículos está para as
empresas como as propagandas
que você recebe em casa sem ter
a mínima idéia de quem “vendeu” seu endereço. Determinadas
43. livro05_34-61
25.07.06
18:13
Page 41
ficar se elas eram compatíveis com as reque-
minhas características preponderantes e veri-
outras. O objetivo do teste era identificar
em questões muito parecidas umas com as
que você tem de enumerar suas preferências
de entrevistas e por um teste daqueles em
incluíssem no processo. Passei por uma série
cuidar da contratação, sugeriram que me
empresa especializada em recrutamento para
bem. Como eles já haviam contratado uma
ta de RH me entrevistar. Tudo correu muito
meu currículo. Ele pediu, então, para a analis-
Corantes da ICI, e o diretor se lembrou de
uma vaga para controller da Divisão de
sões? Acontece que no final de 1993 surgiu
to e relacionamento em um parque de diver-
ter aprendido tudo o que sei sobre atendimen-
conceituoso. Afinal, o que haveria de mal em
esse pessoal de RH pode ser um pouco pre-
em um parque de diversões – vez por outra,
quando viu que meu último trabalho tinha sido
analista me confessou que quase o jogou fora
divisão o guardasse. Tempos depois, a própria
vez, pediu para que a analista de RH de sua
o para um conhecido de meu pai que, por sua
culo não foi parar na lata de lixo da ICI. Enviei-
Por uma destas ironias do destino, meu currí-
suas necessidades.
certificar de que ela realmente compreendeu
de head hunter – que é bem útil –, procure se
mim. Assim, se você contratar uma empresa
aquele, mas parecia feito sob medida para
marketeiro. Nunca tinha visto um cargo como
almejava, acabei contratado como controller
bem a empresa e o que seu cliente realmente
alternativa. Mas como ele não conhecia muito
head hunter, fui classificado como a última
plinada, da concentração e da análise. Para o
mento do que para o lado da produção disci-
lado da criação, da intuição e do relaciona-
características estavam muito mais para o
ia ter para ninguém. Não deu outra: minhas
procurando um profissional diferenciado, não
outro lado, pensei que, se eles estivessem
a empresa quanto eu sairíamos perdendo. Por
forjá-lo apenas para parecer que fosse? Tanto
não fosse adequado, por que haveria de tentar
a pena tentar mentir no teste. Se meu perfil
metódico. Mesmo assim, julgava que não valia
costuma ser mais introspectivo, analítico e
com o de um controller do tipo contador, que
chances, porque meu perfil jamais bateria
simples. Pela auto-avaliação, eu não tinha
seria o resultado, porque sua lógica era muito
decorrer do teste eu já sabia exatamente qual
Head hunter: também já fui selecionado, mas foi por pouco
ridas pelo cargo. Sem falsa modéstia, no
41
44. livro05_34-61
teza, no entanto, de que é muito
não é outra questão. Tenha a cer-
candidato vai ser aprovado ou
participante e importante. Se o
motivador. O funcionário se sente
em “sua” empresa é, por si só,
julga competente para trabalhar
fissional poder indicar outro que
keting. O simples fato de um pro-
propaganda boca a boca do mar-
Em RH é o correspondente da
• Indicação de funcionários
a fim de evitar uma avalanche de
precisam ser bastante detalhados
Anúncios em escolas e faculdades
o interesse dos melhores alunos.
sentar a empresa e, assim, atrair
destacam profissionais para apre-
mente anunciar em uma escola,
mais longe e, em vez de simples-
Existem empresas que vão ainda
estágio ou o primeiro emprego.
recém-formados conseguem um
É assim que muitos formandos e
• Anúncios em faculdades e escolas
Page 42
pouco provável que bons funcio-
currículos que não atendem ao
18:13
nários indiquem alguém com
perfil do cargo. É um meio indica-
25.07.06
potencial de arranhar sua imagem
do para buscar estagiários ou
42
perante a empresa. Funcionários
profissionais em início de carreira.
o domínio de línguas estrangei-
necessária, a formação superior e
que em detalhes a experiência
Por mais que no anúncio especifi-
aqui você terá de sobra.
que você espera é quantidade,
uma montanha de currículos. Se o
prepare-se para ser soterrado por
emprego em meios impressos,
Ao publicar um anúncio de
• Anúncios em jornais e revistas
conhecem tanto a empresa como
os amigos que têm. Por isso, são
uma ótima fonte a quem recorrer.
O simples fato de um
profissional poder indicar
outro que julga competente
para trabalhar em “sua”
empresa é, por si só,
motivador. O funcionário
se sente participante
e importante.
45. livro05_34-61
25.07.06
18:13
Page 43
mente tentadora. A empresa e seus executivos
uma empresa norte-americana era financeira-
proposta que me fizeram para eu mudar para
Aconteceu comigo. Trabalhava na BASF, e a
versas, testes e entrevistas com o cliente.
foi escolhido, depois de ter passado por con-
última hora de um processo para o qual você
head hunter, eu sei a receita. Basta desistir na
algum candidato quer se queimar com um
Uma curiosidade que vale o conselho: se
casamento no altar, bem na hora do “sim”.
noiva, ou melhor, um noivo, que desistiu do
seu tempo e esforço, e eu fui como uma
culpo, em hipótese alguma. Eles investiram
que sei onde foi parar meu currículo. Não os
São Paulo nunca mais me procurou. Suponho
das maiores empresas de recrutamento de
arrependo da decisão. Mas, depois disso, uma
trabalho até hoje – falou mais alto. Não me
quem eu trabalhava – algumas com quem
decisão, a lealdade com as pessoas com
Receita para “queimar” o filme no caça-talentos
também me pareceram bons. Na hora da
ras, há sempre aqueles que julgam que estão só um pouquinho
menos preparados do que a posição exige. O problema é que muitos fazem isso.
Sem mencionar os candidatos que
“atiram para todos os lados” e os
que portam currículos universais,
que parecem servir a tudo.
Em revistas de circulação
dirigida, a seleção é mais criteriosa. Quanto mais segmentada for
a publicação, mais específico
pode ser o anúncio – e mais
compatíveis deverão ser os
currículos recebidos.
43
46. livro05_34-61
44
25.07.06
18:13
• Agências de recrutamento
Page 44
Os head hunters – ou caçadores de
talentos – integram empresas especializadas em “buscar” o funcionário que você procura. O primeiro
passo é descrever o cargo a ser
preenchido e as características
necessárias ao candidato: habilidades, aptidões, atitudes, conhecimento, formação e experiência. De
posse dessas informações, a empresa de recrutamento sai à caça do
candidato que mais se assemelhe
ao perfil encomendado. Boas
serem entrevistados. Se nenhum
concordado de candidatos para
empresas apresentam um número
cargo. Depois da seleção prévia, as
centual sobre o salário anual do
– em geral, corresponde a um per-
organização arca com esses custos
entrevistas prévias. É claro que a
separação dos currículos e das
forem necessárias, da análise e
enormes –, dos anúncios, quando
– elas mantêm bancos de dados
da pesquisa em banco de currículos
negócio com profundidade.
empresa contratada conhecer seu
normalmente não há tempo de a
candidatos. A desvantagem é que
suem na identificação e seleção de
empresas é a experiência que pos-
por contrato. A vantagem dessas
determinado tempo concordado
não fique na organização por
busca, caso o candidato contratado
tamento, que se garanta outra
menos nas boas empresas de recru-
tratado, também é de praxe, pelo
zero. Mas, se algum deles for con-
empresas de head hunter cuidam
deles agradar, volta-se à estaca
47. 18:13
Page 45
imaginar, não existe nada de anti-
Diferentemente do que você pode
entre eles formação escolar e expe-
tos aspectos igualmente simples,
ples desde que se considerem cer-
É um processo relativamente sim-
3. Triagem de currículos
25.07.06
ético em contratar funcionários de
• Concorrentes. Por que não?
livro05_34-61
empresas da concorrência. Pense
riência profissional.
45
bem: concorrentes já disputam
mesmo pode acontecer com você e
mercado em que você atua. O
dade de um profissional com o
aproveitar a vivência e a familiari-
de outras organizações, mas de
tão de querer descobrir segredos
decisão. Não se trata de uma ques-
corrente, deixe que ele tome a
funcionário de uma empresa con-
você tem a oferecer é atrativo ao
melhores funcionários? Se o que
mais adequados... Por que não os
social, uma ótima gerente de
bom administrador; e uma cientista
ta financeiro; um economista, um
plo, pode se tornar um bom analis-
didato: um engenheiro, por exem-
à flexibilidade da formação do can-
casos extremos, mas preste atenção
quanto à especialidade. Descarte os
cargo tanto em relação ao nível
com a formação requerida para o
raras exceções, deve ser compatível
A formação do candidato, salvo
Formação escolar
mercados, clientes, fornecedores
sua empresa. Para evitar o assédio,
Recursos Humanos.
Descarte os casos extremos,
mas preste atenção à
flexibilidade da formação do
candidato: um engenheiro,
por exemplo, pode se tornar
um bom analista financeiro.
trate de cuidar bem de sua equipe.
Joio do trigo
Depois de pôr em prática as técnicas de recrutamento interno e
externo, é de se imaginar que existam diversos candidatos à disposição. A tarefa, a partir de agora, é
separar o joio do trigo.
48. livro05_34-61
da formação do aluno depende de
desempate – uma expressiva parte
essa informação para critérios de
candidato se formou, mas reserve
da instituição de ensino na qual o
Leve em consideração a qualidade
são muitas vezes utilizados para
rar candidatos, mas esses termos
internet. Não se trata de desmasca-
o computador para navegar na
falar outro idioma e somente usar
apenas um ano, não saber ler nem
ter cursado o ensino superior por
Page 46
sua dedicação e determinação e
ocultar a falta de conhecimento
18:13
não do nome da escola ou faculdaou um nível insuficiente para o
25.07.06
de. Fique bem atento à descrição
cargo pretendido.
46
de cursos complementares – aqui, o
“incompleto”, conhecimentos
didato com curso universitário
“básico” ou “noções de”. Um can-
do com os termos, “incompleto”,
quantidade. Tome bastante cuida-
cador de estabilidade ou instabili-
sional em cada empresa é um indi-
quem diga que o tempo do profis-
com o cargo é fundamental. Há
Mais uma vez, a compatibilidade
Experiência profissional
que vale é a qualidade e não a
“básicos” de uma língua estrangei-
dade. É uma questão polêmica e
se adaptar a um novo emprego.
uma rotina e terá dificuldades para
o profissional estará “viciado” em
de dez anos em uma organização,
outros consideram que, com mais
mente se for na mesma função;
sa significa acomodação, principal-
mais de cinco anos em uma empre-
Afinal, para alguns, permanecer
determinante para a seleção.
não deve funcionar como fator
ra e “noções de informática” pode
Cada profissional tem sua
história, suas ambições e
suas razões para mudar
ou permanecer em um
emprego. No final das
contas, o importante é que
a experiência do candidato
seja capaz de gerar algo
novo para a empresa.
49. livro05_34-61
25.07.06
18:13
Page 47
Outros imaginam que mudar de
empresa a cada cinco anos é sinal
de ambição, de vontade de crescer,
enquanto outros encaram essas
mudanças como um sinal de deslealdade ou instabilidade.
Certamente não é possível generalizar, porque cada profissional tem
sua história, suas ambições e suas
razões para mudar ou permanecer
em um emprego.
seja capaz de gerar algo novo para
aplicação de testes
47
a empresa, independentemente se
Este é um passo opcional e depen-
4. Dinâmica de grupo e
No final das contas, o importante é
o profissional em questão “rodou”
de, necessariamente, da complexi-
que a experiência do candidato
por muitos lugares ou se manteve
dade do cargo, da quantidade e do
dependendo da quantidade de
etapa, que pode ser entrevistas ou,
–, é hora de partir para a próxima
por uma empresa de recrutamento
zação – se você não tiver optado
que mais interessam à sua organi-
avaliar o comportamento dos can-
Por meio da dinâmica, busca-se
profissionais em início de carreira.
seleção de estagiários, trainees e
te, mais comumente aplicado na
É um exercício bastante interessan-
Dinâmica de grupo
da empresa.
perfil dos candidatos e do tamanho
fixo nos últimos tempos.
Próxima etapa
candidatos, outro processo de tria-
didatos perante o grupo.
Depois da separação dos currículos
gem para afunilar a seleção.
50. livro05_34-61
como um pedaço de espelho, um
Segue-se uma lista com dez itens,
sobrevivência”?
para aumentar sua chance de
oferecidos, quais deles elegeriam
importância, cinco destes dez itens
tunidade de escolher, em ordem de
no meio do mar e tivessem a opor-
fossem abandonados em um bote
ao grupo. Por exemplo: “Se vocês
tão fictícia ou real é apresentada
Na dinâmica de grupo, uma ques-
os intolerantes, os agressivos e os
preferem se omitir, os tolerantes e
dem a liderar o grupo, outras que
Existem aquelas pessoas que ten-
o comportamento dos candidatos.
porativo, logo surgem pistas sobre
Nessa miniatura de Big Brother cor-
nham a atividade.
ou três especialistas que acompa-
A discussão é observada por dois
chegar a uma conclusão.
te um tempo predeterminado para
Em seguida, o grupo debate duran-
Page 48
cobertor, dez potes de comida desi-
passivos, os educados e os mal-edu-
18:13
dratada, cinco metros de lona plás-
cados, os que “rosnam e mostram
25.07.06
tica e um estojo de primeiros socor-
os dentes” e os que “metem o
48
ros, entre outras opções.
rabo entre as pernas”.
O objetivo desse exercício não é
que o grupo escolha corretamente
os cinco itens. Serve, na verdade,
para que as pessoas se exponham,
mostrem como costumam agir em
uma discussão coletiva para a
tomada de uma decisão.
Ao final, os “olheiros” trocam
entre si as percepções que tiveram
sobre cada participante e selecionam aqueles que possuem o perfil
mais apropriado.
51. 18:13
Page 49
tos dos “casos” aplicados já são
individuais, elaborados sob medida
ção dos candidatos são os testes
Outra técnica para refinar a sele-
Aplicação de testes
25.07.06
conhecidos dos candidatos, e diver-
Um pequeno empecilho é que mui-
livro05_34-61
sas empresas se especializaram em
para o perfil desejado.
49
ministrar cursos para explicar como
tomam o lugar dos candidatos
teatro, sobre o qual personagens
mica se transforme num palco de
das pessoas e faz com que a dinâ-
vio compromete a espontaneidade
numa dinâmica. Esse preparo pré-
guas estrangeiras como o Inglês.
aplicam testes de domínio de lín-
do candidato. Algumas empresas
tivo medir o conhecimento técnico
aplicar testes que tenham por obje-
Se você julgar conveniente, poderá
• Testes específicos
o candidato deve se comportar
reais na representação.
cialistas concluem que, se a árvore tem raiz,
rista sabe do que estou falando. Daí, os espe-
uma árvore – quem possui carteira de moto-
daqueles que pedem para você desenhar
micas de grupo e por testes psicotécnicos,
mente no início da carreira, passei por dinâ-
desses testes. Em várias ocasiões, principal-
dato não se sinta ridicularizado ao fazer um
seleção. É fundamental também que o candi-
devem ficar claros para o responsável pela
quem elabora os testes, e seus objetivos
É preciso levar em conta a seriedade de
alguém me convencer de sua serventia.
saberia explicar. Aliás, haja argumentos para
conhecer o perfil de um profissional, eu não
Como eles podem servir de instrumento para
dessa categoria um autêntico “besteirol”.
larmente, considero testes psicotécnicos
Uau, nunca me senti tão criativo! Eu, particu-
alguma coisa a partir daqueles palitinhos.
desenhados, e o candidato deveria desenhar
em uma folha de papel havia três palitos
por diante. Já fiz até um teste que era assim:
flores e folhas, é, no mínimo, prolixo; e assim
chão, é um lunático; se desenhar cheia de
Estudo de caso para aplicação de testes
você se prende às coisas; se desenhar sem o
52. livro05_34-61
raciocínio lógico, psicotécnicos e de
aplicação de testes, como os de
Existem empresas especializadas na
• Testes de perfil psicológico
acordo com as características indivi-
ficados em tipos psicológicos de
Estes, por sua vez, podem ser classi-
dio de alguns comportamentos.
sam suas preferências por intermé-
Page 50
perfil psicológico.
duais, os hábitos e as iniciativas.
18:14
Um teste interessante é o Meyer
Pela classificação de Jung, existem
25.07.06
Brigs Type Indicator (MBTI) – um
16 tipos psicológicos representados
50
modelo baseado nas teorias do psipela combinação de atitudes e rea-
Reação 2
cólogo Carl Jung (1875-1961),
Reação 1
Introvertido (I)
ções, como mostra a tabela abaixo.
Atitude
Extrovertido (E)
Intuitivo (N)
segundo o qual as pessoas expres-
Energia
Sensitivo (S)
paciente.
Atenção
Esse método não é aplicado para
• INFJ: idealista, determinado,
Racional-pensador (T)
julgar se uma pessoa é boa ou má,
profundo.
Emotivo-sentimental (F)
mas para indicar o perfil preponde-
• INTJ: lógico, firme, independente.
Decisão
rante de cada uma.
• ISTP: analítico, adaptável, prático.
Filosófico-julgador (J)
Segundo o teste, a combinação de
• ISFP: modesto, sensível,
Perceptivo (P)
cada atitude com a respectiva rea-
espontâneo.
Vivência
ção define os 16 perfis.
• INFP: adaptável, discreto, criativo.
• ISTJ: sistemático, realista,
São eles:
organizado.
persuasivo.
• ESTP: pragmático, rápido,
independente.
• INTP: teórico, reservado,
• ISFJ: detalhista, tradicional,
53. livro05_34-61
25.07.06
18:14
Page 51
• ESFP: sociável, cooperativo,
tolerante.
• ENFP: curioso, incansável,
independente.
• ENTP: adaptável, analítico,
estratégico.
• ESTJ: decidido, objetivo,
eficiente.
• ESFJ: cooperativo, sociável,
tradicional.
• ENFJ: idealista, entusiasmado,
prestativo.
• ENTJ: lógico, crítico, estratégico.
Para a identificação do perfil, é
aplicado um teste por um profis-
também foi o preponderante em
Por incrível que pareça, esse perfil
estilo comando e controle.
cas mais rígidas e com gestão ao
apresentam estruturas hierárqui-
encontrado em organizações que
organizado) é o mais comumente
O perfil ISTJ (sistemático, realista,
do profissional adequado ao
até aqui – é identificar o perfil
outras ferramentas mostradas
de um teste como esse – e das
de que a questão mais importante
central deste capítulo, lembre-se
Para não perder o foco do tema
as considerações fazem sentido.
51
um estudo num convento.
cargo e às necessidades de
pelo exército e pelo clero, ambas
sional qualificado que, posterior-
Se lembrarmos que a hierarquia
sua organização.
mente, analisa os resultados.
organizacional foi influenciada
54. livro05_34-61
QI (quociente de inteligência).
aos aplicados para medição de
Esses testes são muito semelhantes
por um consultor francês.
teste de raciocínio lógico aplicado
seleção da AGA, passei por um
Certa vez, durante o processo de
com outros testes, inclusive o MBTI.
vou descrever minha experiência
de grupo e aplicação de testes –,
Para encerrar o passo 4 – Dinâmica
MBTI – Caso real
dade não sei o quanto um teste
orgulhoso do desempenho, na ver-
um resultado diverso. Apesar de
uma outra seqüência significasse
tas me estimulou. Provavelmente
certo. Até a seqüência das pergun-
diferente. Naquele dia, tudo deu
se o teste hoje, o resultado seria
mo que, sem dúvida, se eu repetis-
do” ou “rei da cocada preta”, afir-
Antes que você me taxe de “meti-
Felizmente, foi o que aconteceu.
teza de que havia feito tudo certo.
Page 52
Lembro-me com clareza de que, à
como esse diz alguma coisa a res-
18:14
medida que lia as questões, elas
peito de alguém.
25.07.06
me pareciam bastante coerentes e
Quando deixei a BASF, meu pacote
52
fáceis. Terminei o exame com a cer-
de saída incluía a oportunidade de
outplacement (recolocação) por
uma empresa especializada.
A recolocação é uma prática bastante comum nas grandes empresas como forma de retribuição aos
serviços prestados. Funciona mais
ou menos assim: você nos ajudou,
nós não precisamos mais de você,
mas queremos retribuir, ajudandoo a procurar um novo trabalho.
Como parte do processo de recolocação, descobri pelo teste do MBTI
55. livro05_34-61
25.07.06
18:14
Page 53
A recolocação é uma prática
bastante comum nas
grandes empresas como
forma de retribuição aos
serviços prestados. Funciona
mais ou menos assim: você
nos ajudou, nós não precisamos mais de você, mas queremos retribuir, ajudando-o a
procurar um novo trabalho.
que meu perfil é o de um ENTP
• Têm grande habilidade na solu-
53
ção de situações novas e desafiantes, porém podem ser negligentes
com tarefas rotineiras.
• Apresentam diversos interesses.
• Apresentam facilidade em
encontrar razões lógicas para o
que querem.
Para não parecer que sou “legal”
demais, vou mostrar as possíveis
armadilhas que posso enfrentar
mais de cinco anos depois do teste,
comigo e, lendo os resultados hoje,
características de fato coincidiram
e percepção moderados. Algumas
intuição muito clara e pensamento
estratégico), com extroversão leve,
e dificuldade de concentração.
zindo, dificuldade em cair na real)
fatores realistas e imediatos (tradu-
• Pode apresentar negligência de
alheias.
• Pode ignorar as contribuições
• Pode ignorar a realidade.
com meu perfil:
acredito que diversas observações
• Pode sobrecarregar-se.
(adaptável, analítico,
sobre meu perfil seguem válidas.
Apresento, a seguir, o sumário de
Em resumo, é assim que o MBTI
habilidades.
• Rápidos, criativos e com muitas
minha avaliação:
• São companhias agradáveis, sem-
ver a seguir.
tos selecionados. É o que vamos
para a entrevista com os candida-
testes e seleções, só nos resta partir
funciona. Bom, depois de tantos
pre atentos e sinceros.
56. livro05_34-61
Page 54
Vamos considerar os itens a serem
18:14
5. Entrevistas
abordados em uma entrevista e
25.07.06
Antes de iniciar este passo, vamos
analisá-los um a um. A saber:
54
recapitular o que vimos até agora.
seleção: a entrevista com os candi-
Agora, chegou a última etapa da
camos alguns testes.
lizamos a dinâmica de grupo e apli-
triagem de currículos. Por fim, rea-
cação; em seguida, realizamos a
público-alvo e os canais de comuni-
ção do cargo; depois, definimos o
primeiro preparamos uma descri-
• Feedback.
• Remuneração.
• Outros entrevistadores.
• Perguntas tradicionais.
• Primeiro contato verbal.
• Qualidade do entrevistador.
• Postura.
• Traje.
• Apresentação da empresa.
• Pontualidade mútua.
Para selecionar um candidato ideal,
datos que melhor se encaixaram no
perfil desejado.
Pontualidade mútua
O que vale para um, vale para
outro. Há quem propositadamente
faça o candidato esperar só para
analisar sua reação. Deixá-lo mais
nervoso ou apreensivo não leva a
nada. Atrasar-se para a entrevista
fará com que você seja percebido
como não pontual em vez de atarefado. É engraçada a tendência de
taxarmos o atraso do candidato
como negligência e considerarmos
nossa impontualidade como “ossos
do ofício”.
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Apresentação da empresa
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Antes de mais nada, apresente a
empresa ao candidato. Conte a história dela, fale sobre seus valores,
comente seus planos de desenvolvimento. Venda sua empresa e a
importância do cargo. É essencial
que o pretendente à vaga esteja
familiarizado com o negócio para
que possa otimizar sua contribuição
durante a entrevista. Se sua organização mantém site na internet ou
dato informar-se, pelo menos o
em jornais e revistas, cabe ao candi-
sapatos e jamais meias brancas. Se
cretas, cintos combinando com os
nos sóbrios, gravatas de cores dis-
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Cá entre nós, o que é
preferível: uma pessoa que
se mostre como realmente
é ou que interprete um papel
que não é o dela? Como
diriam os jogadores de
futebol, treino é treino, jogo
é jogo. Entrevista é treino,
dia-a-dia é jogo! Cabe a
cada um se adaptar ou não
ao estilo da organização.
mínimo necessário, sobre ela antes
você dá valor às fantasias durante
já serviu como tema de reportagens
da entrevista. Mesmo assim, não
as entrevistas, desconfie de todos
dos, saias não muito curtas ou ter-
dar às mulheres decotes comporta-
entrevistados costumam recomen-
manuais de boas maneiras para
no momento da entrevista. Os
tância ao traje do(a) candidato(a)
Há quem atribua demasiada impor-
Traje
deixe de vender sua empresa.
ninhos e maquiagem leve. Já para
ou não ao estilo da organização.
jogo! Cabe a cada um se adaptar
Entrevista é treino, dia-a-dia é
treino é treino, jogo é jogo.
diriam os jogadores de futebol,
papel que não é o dela? Como
realmente é ou que interprete um
uma pessoa que se mostre como
cá entre nós, o que é preferível:
com o padrão dos manuais. Agora,
aqueles que não forem de acordo
os homens, o conselho é vestir ter-
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Postura
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Lembre-se sempre de que as pessoas
que vão ser entrevistadas podem, ao
menos potencialmente, estar mais
nervosas do que quem as está entrevistando. É preciso dar o devido
desconto às condições enfrentadas
pelo candidato.
Há quem argumente que os profissionais que se saem bem em uma
entrevista e demonstram estar mais
calmos possuem maior capacidade
para trabalhar sob pressão. Isso não
pode ser tomado como regra.
dato cruzasse os braços em determi-
não verbal e esperava que o candi-
alguns desses manuais de linguagem
científicos de postura. Se você leu
demasiadamente a padrões pseudo-
Do mesmo modo, não se prenda
em virtude da entrevista.
soa está nervosa momentaneamente
nervosismo quando notar que a pes-
Assim, atribua pouca importância ao
vivência do dia-a-dia na empresa.
modo diametralmente oposto à
se portar em uma entrevista de
contratado por sua empresa.
relação à possibilidade de ele ser
o famoso “brilho nos olhos” – em
que ele se expressa e o entusiasmo –
pelo candidato, a sinceridade com
atenção à empatia que você sente
todos esses “sinais”, procure prestar
esquerda no bolso... Mais do que
em seguida, se colocou a mão
coçou a orelha e ajeitou o cabelo
jeito e não de outro, se a pessoa
porta, se os olhos piscaram de um
estão voltados para você ou para a
o julgue por isso. Nem se os pés
Existem candidatos que conseguem
nado momento e ele não o fez, não
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ser que o entrevistado tenha uma idéia apro-
estão no céu naquele exato instante. Pode até
vendidos por dia no mundo ou quantos aviões
tou ao candidato quantos hambúrgueres são
durante certa entrevista um executivo pergun-
respondê-las. Não se espante se souber que
deles de articular um raciocínio lógico para
aos candidatos a fim de avaliar a capacidade
cutivos fazer as perguntas mais estapafúrdias
uns tempos para cá, virou moda entre os exe-
Acredite: há bons e maus entrevistadores. De
Perguntas estúpidas, respostas cretinas.
mente aquelas que não estão em terra”.
mundo, as que estão voando agora são exata-
toda a frota de aeronaves existentes no
segunda pergunta, a resposta poderia ser: “De
a Índia”. É uma resposta lógica. Quanto à
tes por dia em todos os países do mundo fora
número de pessoas que entram em lanchone-
uma resposta relativista: “Creio que 70% do
sem molho?”. Poderia também se sair com
questão com outra pergunta: “Com molho ou
mente provocador poderia devolver a primeira
Dispense perguntas que não levam a lugar nenhum
ximada das respostas. Mas não significa que
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Entrevistar um estagiário envolve
“Pegadinhas” como essas combinam mais
Qualidade do entrevistador
um nível de exigência diverso do
saiba pelos próprios méritos, pois ele pode ter
É fundamental garantir a presença
de um gerente, que, por sua vez, é
com programas de televisão e não com entre-
de um entrevistador gabaritado
diferente do de um diretor.
“chutado” muito bem. Afinal, perguntas como
para a tarefa. Uma das piores situa-
Portanto, garanta que a entrevista
vistas de emprego. Existe uma certa dose de
ções é perceber que o encarregado
seja conduzida por alguém que
essas têm tal nível de especificidade que pou-
da entrevista não dispõe da quali-
possa, de fato, questionar com pro-
humilhação nesse tipo de conduta, como se
dade necessária para conduzir a
priedade o entrevistado. Além da
cos saberiam responder, a não ser o próprio
atividade com o candidato. É uma
capacidade de avaliação, é uma
fosse para mostrar quem está no comando.
questão delicada e que depõe con-
questão de respeito.
entrevistador. Um candidato criativo ou ligeira-
tra a empresa.
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teúdo do currículo e perguntar
entrevistador pode explorar o con-
Com o candidato mais à vontade, o
não ser invasivo.
mendável observar os limites para
social, os hobbies. Porém, é reco-
cas sobre a família dele, a vida
a atividade com perguntas genéri-
tações, o entrevistador pode iniciar
“quebrar o gelo” após as apresen-
perfil do cargo a oferecer. Para
Deve-se sempre ter em mente o
Primeiro contato verbal
ra deve ser ouvir mais do que falar,
consumidor consciente. Sua postu-
dor tem de se comportar como um
ção para a empresa, o entrevista-
“vender seu peixe” e sua capacita-
Como é o candidato que precisa
outros dados.
tidade de subordinados, entre
departamentos ou áreas e a quan-
decisório, a relação com outros
anteriores, enfocando o poder
sua função atual ou as funções
importante levantar detalhes sobre
tos à realidade de sua empresa. É
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objetivamente sobre cada uma de
e precisa procurar saber detalhes
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suas realizações e sua capacitação
de tudo que pode ser interessante
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técnica. Deve pedir para que o prepara a empresa.
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tendente ao cargo associe seus fei-
tranqüilo porque nenhum funcionário que real-
em consideração como todas as outras. Fique
palavra final, mas sua opinião deve ser levada
motivadora. O funcionário não precisa dar a
boa idéia. Além de democrática, é uma atitude
poderá vir a ser o chefe deles? Pode ser uma
nados que entrevistem aquele candidato que
Você já pensou em pedir aos futuros subordi-
características de um bom vendedor.
Provavelmente, ele saberá identificar as
entreviste um candidato à área comercial.
mais inovador seria solicitar a um cliente que
de ensiná-los coisas novas. Um passo ainda
cia e conhecimento e que tenham potencial
pessoas que possam agregar mais experiên-
mente, eles estarão mais preocupados com as
sa irá escolher um chefe bonzinho. Certa-
Quem mais poderia entrevistar um candidato?
mente se preocupe com o sucesso da empre-
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também pelo RH ou o responsável
por essa função, caso sua empresa
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disponha dessa área especializada.
De acordo com a quantidade de
níveis hierárquicos que existem na
organização, o superior do superior
também deve entrevistá-lo.
mento, a autocrítica e a disposição
gar a sinceridade, o autoconheci-
dos candidatos. Eles procuram jul-
fortes (virtudes) e fracos (defeitos)
perguntar a respeito dos pontos
Muitos entrevistadores gostam de
Perguntas tradicionais
Há empresas que incluem no rotei-
de cada um em melhorar o que
do, o ambiente não precisa se asse-
didato saiba que está sendo julga-
mesmo tempo. Por mais que o can-
feitas com muitas pessoas ao
no mesmo dia, mas evite que sejam
As entrevistas podem ser marcadas
seu cotidiano.
candidato escolhido irá lidar em
ou seja, as pessoas com as quais o
ro das entrevistas os futuros pares,
não considera satisfatório.
melhar a uma corte de julgamento.
Como é o candidato que
precisa “vender seu peixe”
e sua capacitação para a
empresa, o entrevistador tem
de se comportar como um
consumidor consciente.
Sua postura deve ser ouvir
mais do que falar.
Se você, como dono do negócio, se
sente bem com essas perguntas,
peça ao entrevistador que siga em
frente com elas.
Outros entrevistadores
Quanto mais pessoas de sua organização avaliarem o candidato,
melhor. No mínimo o pretendente
ao cargo deve ser entrevistado
pelo futuro superior imediato e
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Remuneração
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As entrevistas não devem ser palco
para leilões. Considere a faixa salarial e a estrutura de benefícios
como predefinidas, mas não deixe
de mencioná-las.
É claro que certo grau de flexibilidade – desde que não interfira na
política salarial ou de benefícios –
negociação com valores muito bai-
Além do mais, se você iniciar a
serão necessários pequenos ajustes.
te a oferecer. Assim, no máximo,
próxima do que você tem realmen-
oferta deve ser sempre bastante
salarial indecorosa. A primeira
Evite começar com uma proposta
alcançar um denominador comum.
um candidato sem resposta.
questão de respeito, jamais deixe
pação é outra boa alternativa. Por
e assinada agradecendo a partici-
mais adequado. Uma carta nominal
ção final. O contato telefônico é o
os candidatos envolvidos na sele-
ção, entre em contato com todos
Seja qual for o resultado da avalia-
Feedback
pode ser de grande utilidade para
xos e se vir obrigado a aumentá-lo
6. Integração
substancialmente, transmitirá a
impressão de que tentou explorar
Finalmente você finalizou o proces-
no ninho.
menos por um tempo, um estranho
recém-contratado se sinta, ao
sa. É natural que o funcionário
lheu o novo profissional da empre-
so de seleção de candidatos e esco-
ou subavaliar o candidato.
Seja qual for o resultado da
avaliação, entre em contato
com todos os candidatos
envolvidos na seleção final.
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Uma boa maneira de encurtar esse
período incômodo de aclimatação
é estabelecer um processo formal
de acolhimento de novos funcionários. Pode incluir conversas com os
pares, apresentações sobre a
empresa e sua cultura, participação
em reuniões de outras áreas e até
indicação de um profissional com
mais tempo de casa para auxiliá-lo
na fase de integração.
Tudo depende do tamanho da
organização, do número de funcionários e do nível de complexidade
de suas operações. Quanto maior a
empresa, mais cuidadoso deve ser
o processo de integração. Em
empresas pequenas, um bom batepapo pode ser suficiente.
Agora que já sabemos como contratar pessoas, vamos nos preocupar em como desenvolver e manter
as pessoas nas organizações, o
tema do próximo capítulo.
O que você viu no capítulo 3
1 > O processo para selecionar um profissional para determinado cargo.
2 > A importância de definir as especificações do cargo e o tipo de candidato.
3 > A forma de realizar a triagem de currículos e a seleção refinada de pretendentes.
4 > As dicas para conduzir uma eficiente e
objetiva entrevista de emprego.
61
64. livro05_62-79
62
4
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COMO MANTER PESSOAS
Por que o salário é fundamental
mas não é tudo? Como criar
um ambiente de cooperação?
Afinal, o que é importante para
o funcionário ser feliz?
Tão importante quanto contratar
as pessoas adequadas para sua
empresa é cuidar para que elas
permaneçam no emprego, corres-
Acredito que a melhor maneira de
capítulo deste livro.
Coisa”, personagem do segundo
um salário, como fazia o “Terceiro
conhecimento ou habilidade por
que uma relação de troca de
são participantes de algo maior do
cipalmente, quando percebem que
constante desenvolvimento e, prin-
nhecidas, bem remuneradas, em
tem importantes, motivadas, reco-
ligadas às empresas quando se sen-
De modo geral, pessoas continuam
dutivas e demonstrem satisfação.
comum, por uma causa maior.
tas a lutar por um objetivo em
um chamariz para pessoas dispos-
que a cooperação também não é
tiza mais a competição interna do
Além disso, uma cultura que enfa-
algo além de uma relação de troca.
ção para aqueles que anseiam por
“coisas” não desperta muita atra-
os funcionários não passam de
Como vimos, uma cultura na qual
por aqui”.
“o jeito pelo qual fazemos as coisas
rial, que pode ser traduzida como
capítulo seja pela cultura empresa-
pondam às expectativas, sejam pro-
começarmos a abordagem deste
65. 18:14
Page 63
Um pouco de competição, claro,
mesma organização.
peração entre as pessoas de uma
pode ensinar bastante sobre coo-
Prisioneiro”, uma história que
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não faz mal a ninguém. Acredito,
Cooperação interna
livro05_62-79
no entanto, que todos devem con-
te para competir externamente.
do mercado. Cooperar internamen-
sa dentro do ambiente selvagem
garantir a sobrevivência da empre-
espírito competitivo no intuito de
incomunicáveis em celas separadas.
e Cicrano, foram presos e mantidos
Dois suspeitos de um furto, Fulano
roteiro. Vamos a uma delas.
Há muitas variações sobre esse
”Dilema do Prisioneiro”
63
Foi desse modo que as sociedades
Não havia prova contra eles, e a
centrar a maior parte do natural
se desenvolveram, e é assim que as
única maneira de incriminá-los era
Teoria dos Jogos
empresas podem se desenvolver.
No primeiro capítulo, abordamos
separadamente, ambos receberam
seriam libertados. Interrogados
dos dois confessasse o furto,
um delatar o outro. Se nenhum
tanto nossa tendência natural à
a mesma proposta.
Todos devem concentrar a
maior parte do natural
espírito competitivo no
intuito de garantir a
sobrevivência da empresa
dentro do ambiente selvagem
do mercado. Cooperar
internamente para
competir externamente.
competição quanto à cooperação.
Nessa linha de raciocínio, creio ser
oportuno uma breve introdução a
uma área da teoria econômica
que, na década de 1950, buscava
analisar as tendências ao egoísmo
ou à cooperação – é a chamada
Teoria dos Jogos14, criada pelo
matemático húngaro John Von
Neumann (1903-1957).
O exemplo mais célebre dessa teoria é conhecido como “Dilema do
66. livro05_62-79
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Page 64
• Se ambos traírem um ao outro, a
64
A proposta feita aos dois suspeitos
pena para os dois é de um ano de
• Se nenhum dos dois confessar,
mútua – PT).
detenção (punição pela traição
foi a seguinte:
• Se um deles trair e entregar o
um prêmio por sua colaboração
ambos são libertados (recompensa
outro, além da liberdade, ganha
com a justiça. O outro fica preso
pela cooperação – RC).
O QUE FULANO FAZ
COLABORA
Fulano é libertado e
Ambos são libertados. recebe prêmio. Cicrano
fica preso.
TRAI
(tentação a trair – TT).
DECISÃO
COLABORA
Decisão tentadora
ele permanece preso, enquanto o
cooperado com o outro. Resultado:
Ambos ficam presos.
Individualmente, o melhor para o
outro é libertado. Chamamos isso
Cicrano é libertado e
recebe prêmio. Fulano
fica preso.
preso é trair o colega, ser libertado
de ficar com o diploma de otário
TRAI
e ainda levar a recompensa.
(DO) na mão.
A esse resultado chamamos de tentação a trair (TT).
O pior que pode acontecer indivi-
pela traição mútua (PT).
ambos. O contrário é a punição
mútua (RC) resulta na libertação de
A recompensa pela cooperação
dualmente é um ser traído após ter
Pior cenário
Cooperação mútua
Enquanto isso, o outro fica preso.
O QUE CICRANO FAZ