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A Balança                                      VOLUME III



                                     18 DE MAIO DE 2011




                                    INTERPRETAÇÃO DO DIR EITO E STF

   A segunda palestra da         ratificou que o juiz deve       ção 3044. Nesses casos, o         juízes!”
segunda noite da VI Sema-        decidir não pelo senso de       STF utilizou e aplicou a pau-       Após o pronunciamento
na do Direito, um dos mo-        justiça, mas de acordo com      ta da proporcionalidade e         do Ministro Eros Grau, o
mentos mais aguardados           o direito. A interpretação      da razoabilidade, mesmo os        professor Falcão falou so-
pelos participantes, foi so-     não só observa o texto,         atos sendo considerados           bre o princípio da inesgota-
bre “A interpretação do          mas também a realidade          inconstitucionais.                bilidade do sentido e sobre
Direito e o STF”.                social.                            Encerrando seu discurso,       a interpretação da lei. Posi-
   O professor Glauco Filho        Citou Lassale, segundo o      o ministro aposentado co-         cionou-se contra a decisão
cumprimentou os pales-           qual a Constituição escrita,    mentou que caminhamos             do STF sobre o reconheci-
trantes e os ouvintes. Em        para ser boa e duradoura,       pelos limites da inseguran-       mento da união estável de
seguida, deu a palavra ao        deveria refletir, necessaria-   ça. Estão decidindo não           pessoas do mesmo sexo.
professor Raimundo Fal-          mente, os fatores reais de      segundo princípios, mas de        Respondendo a uma per-
cão, que fez uma breve           poder existentes na socie-      acordo com valores. É a           gunta, o professor Eros
explanação apresentando o        dade. Expôs também a fra-       tirania dos valores. Eros         Grau falou que a súmula
Ministro aposentado do           se do estadista francês         Grau discordou da decisão         vinculante tornou-se um
STF, Prof. Dr. Eros Grau.        Charles de Gaulle, que se-      do STF sobre o reconheci-         texto normativo e passou a
   O Ministro Eros Grau inici-   gundo o qual a Constituição     mento da união estável de         ser interpretada conforme
ou seu pronunciamento            é um envelope. O que está       pessoas do mesmo sexo.            cada caso.
afirmando que as sessões         no envelope surge do dina-      Para ele, o tribunal nesse
do STF não podem ser um          mismo da vida política soci-    caso teve atuação de poder                      Saullo Oliveira
espetáculo midiático: a          al. O direito é plástico.       constituinte derivado. Aca-
decisão jurídica é um ofício       Alertou sobre os casos da     bou o pronunciamento di-
e não um espetáculo.             ADIN 2240 e da Reclama-         zendo: “Tenho medo dos
   No que diz respeito à in-
terpretação, ele asseverou
que interpretar é transfor-
mar uma coisa em outra.
Na interpretação do direito,
os juízes transformam tex-
tos de leis em normas jurí-
dicas. A norma é resultado
da interpretação e é produ-
zida pelo intérprete. Confor-
me Eros Grau, a interpreta-
ção é uma prudência, é um
saber prático, não é uma
ciência.
   Outro pronunciamento
marcante do ministro foi a
afirmação de que tem base
marxista, mas defende o
direito positivo, a legalida-
de é o último instrumento
de defesa dos oprimidos.
   Uma das frases mais em-
blemáticas de Eros Grau
foi: “Não há relação entre
direito e justiça. Os juízes
não fazem justiça, mas
tomam decisões jurídicas.
A ética do direito positivo é
a da legalidade e da Consti-
tuição. Justiça está para
filósofos e padres.”. Ele        (Raimundo Falcão, Glauco Barreira, Eros Grau e Wagner Barreira)
A BALANÇA                                                                                          Página 2


TRIBUTAÇÃO INDIRETA E SUAS CONTRADIÇÕES
  O ilustre palestrante Hugo      ção pelo sujeito ativo. O        dimento predominante no           Em seguida, o palestrante
de Brito principia explican-      renomado jurista cita, ain-      STF não admite a restitui-      Carlos César Sousa Cintra
do o que vem a ser um tri-        da, que todo tributo tenda       ção de impostos indiretos,      alega que o problema cita-
buto indireto, isto é, aquele     a ser repassado a terceiro,      que o contribuinte de direito   do por Hugo de Brito se dá
que não vem explicitado na        reforçando a importância         pagou, ainda que inconsti-      devido à predominância do
Nota Fiscal, cujo valor, em-      do assunto em destaque           tucionais ilegais e indevidos   interesse público sobre o
butido no preço final do          para a seara jurídica. Dian-     por outra razão, sob o argu-    privado e lança a dúvida se
produto, é repassado ao           te disso, ele afirmou ser o      mento de que a repetição        o repasse é válido como
consumidor.       Reforça a       maior problema existente         de ind éb it o i n c a-         justificativa ou seria neces-
idéia de que os contribuin-       hodiernamente no que con-        su proporcionaria enriqueci-    sária uma norma de direito
tes de direito e de fato são      cerne ao imposto indireto a      mento ilícito ao contribuinte   para regular a situação.
pessoas diferentes, sendo         repetição do indébito tribu-     de direito que já o repassou    Reitera, por fim, que o pa-
este o que suporta finan-         tário, ou seja, a devolução,     ao contribuinte de fato. Ele    gamento dos impostos mes-
ceiramente o ônus tributá-        pelo Estado, das importân-       finda sua explanação dei-       mo diante da inadimplência
rio e aquele o representan-       cias indevidamente recolhi-      xando a seguinte indaga-        é esdrúxulo.
te legal da pessoa obrigada       das a título de tributo, ou      ção: “Porque isso acontece
ao pagamento da presta-           em função deste. O enten-        no Brasil, e só no Brasil?”                 Deborah Castro

CONTROLE JUDICIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
O insigne palestrante,         te.                               ficou-se devido à omissão do
Gustavo Brígido Bezerra,       Fato importante nessa con-        Estado.
primeiramente, disserta        textualização é o surgimento      Ele enfatizou, ainda, que a
acerca da divisão do con-      do Estado Social e, em decor-     responsabilidade do Estado
trole da Administração         rência deste, a origem das        por ação e omissão, devido à
Pública. Esse controle se      Políticas Públicas, necessá-      decisão recente da ADPF 45
divide em Administrativo,      rias para a efetivação dos        pelo STF, passou a ser objeti-
ou interno, também co-         direitos fundamentais, como       va.
nhecido como autotutela,       vida, saúde, educação, que o      Por último, ele tece comentá-               “Ninguém
no qual a própria admi-        Estado tinha que garantir a       rios reforçando a necessidade               aguenta mais
nistração é responsável        todos, indistintamente. Assim     de parcerias, através de dele-
pela fiscalização de seus      sendo, a implementação des-       gações, entre a iniciativa pú-              um processo
atos. Além desse, têm-se       sas políticas pressupõe o con-    blica e a privada, pois as ver-             de 10 ou 15
o Legislativo, como o que      trole de sua execução.            bas públicas se fazem insufi-
ocorre quando da instau-       Outro ponto abordado na re-       cientes para a concretização                anos”
ração de uma CPI               ferida palestra foi o de que a    dos direitos fundamentais a
(Comissão Parlamentar          cobrança do Judiciário desses     toda a população.
de Inquérito), e o Judicial,   direitos fundamentais e, con-
foco da discussão vigen-       sequentemente, da eficácia                      Deborah Castro
                               das Políticas Públicas intensi-

                O NOVO CPC E SUA PARTE GERAL
   Iniciou-se a primeira palestra    na do incidente de desconside-
da noite com lamentável ausên-       ração da personalidade jurídica
cia do Prof. Marcelo Guerra, que     e do agigantamento dos pode-
estava doente. Substituindo-o,       res do magistrado.
tivemos a ilustre presença do          O Prof. Mendes nos contou um
Prof. Sidney Guerra, ao lado de      pouco sobre a índole do home-
Juvêncio Vasconcelos e Francis-      nageado e se ateve às tutelas
co de Assis Filgueira Mendes,        de urgência, criticando a letar-
ambos Professores da Casa.           gia da comunidade jurídica em
   A palestra gravitou ao redor      se preparar para as alterações.
das alterações que serão incluí-       O Prof. Sidney, concordando
das pelo futuro CPC.                 com os outros palestrantes,
   O Prof. Juvêncio abordou a        defendeu a necessidade de um
nova divisão dos livros do Códi-     novel CPC, dizendo: “Ninguém
go de Processo Civil, bipartindo-    mais aguenta um processo de
se o Livro I (do Processo de Co-     10 ou 15 anos”.                  (Sidney Guerra, Juvêncio Vasconcelos e Francisco Mendes)
nhecimento) e inexistindo o livro
III (do Processo Cautelar) Tam-                          Diogo Portela
bém comentou sobre a discipli-
VOLUME III                                                                                       Página 3



CULTURA
  A organização da VI         jornal. Os trabalhos arran-
Semana do Direito, como       caram comentários elogi-
todos sabem, fica a cargo     osos de pessoas conheci-
dos alunos da FD, distri-     das no mundo literário,
buídos em comissões.          tais como o escritor e
Este ano está sendo dife-     aluno desta Casa, Edir
rente, pois a VI SD foi       Paixão.
agraciada com a estreia         Estão expostas fotogra-
da comissão de interven-      fias relacionadas às pa-
ção cultural, que é res-      lestras ocorridas durante
ponsável pelo árduo tra-      a Semana.
balho de dar a importân-        Finalmente, a parte
cia merecida à cultura        musical não deixou a
nesse evento de tama-         desejar. Durante os dois
nha magnitude.                primeiros dias da SD,
  Com a importância de        ocorreram amostras mu-
mostrar o verdadeiro ta-      sicais. Os verdadeiros
                                                            (Rosa mato agita o começo da noite do dia 17)
lento, às vezes escondi-      protagonistas foram a
do, dos estudantes da         banda Vintaged (segunda
Faculdade, foi promovido      -feira) e o cantor-poeta-     ritmo cearense, sua cul-                  “É por entender
o I Concurso Cultural, do     trovador Rosa Mato            tura e seus costumes.
qual os textos dos partici-   (terça-feira), que homena-                                              que a Semana do
pantes estão sendo pos-       geou a musicalidade e o                Renata Freitajljs
tos diariamente neste                                                                                 Direito tem
                                                                                                      caráter
CULTURA                                                                                               complementar na
                                                                                                      formação do
Na manhã de ontem, a          presentando o Grupo G-        Franco: “ é por entender                  acadêmico que
Rádio FM Universitária        TEIA, o Profº. Flávio Gon-    que a Semana do Direito
                                                                                                      procuramos
107,9 reservou o progra-      çalves e o estudante Ar-      tem caráter complemen-
ma Rádio Debate à VI          tur Carvalho.                 tar na formação do aca-                   contemplar as
Semana do Direito da
                              Foram abordadas algu-
                                                            dêmico que procuramos                     mais diversas
UFC, com ênfase nas                                         contemplar as mais diver-                 temáticas em
                              mas das temáticas presti-
oficinas a serem promovi-                                   sas temáticas em evidên-
                              giadas pela programação                                                 evidência em
das pelo grupo G-TEIA                                       cia em nossa sociedade.”
                              da Semana, quais sejam
sobre Direitos Humanos.                                                                               nossa sociedade”
                              as soluções extrajudiciais
Representando o Centro
                              de conflitos, o exame de
Acadêmico Clóvis Bevilá-
qua e a Comissão Organi-
                              ordem, a importância de                              Divulgação
                              se discutir direitos das
zadora do evento, esteve
                              minorias e questões rele-
presente o acadêmico
                              vantes relacionadas à
Raphael Franco Castelo
                              ecologia.
Branco, Diretor de Comu-
nicação da entidade. Re-      Nas palavras de Raphael



                    Divulgação
 O Cinedebate ocorrerá na sexta-feira (20/05), a par-
 tir das 14h, com a exposição de dois filmes simulta-
 neamente, com os filmes: “Uma Onda no Ar” e a “A
 Dama de Ferro”                                                                                   (Minicurso de Perícia Criminal)
A BALANÇA                                                                                Página 4


                    CRÔNICA                                                        POESIA
                                 A despeito de minhas                     Questão ambiental
Feliz Aniversário              súplicas mais inconscien-
        MICROSOFT              tes (ou nem tanto), o dia
  Meia-noite.     Ligações,    avança rápido. Almoço em
mensagens       eletrônicas,   família, ligações, cumpri-                  O VERDE DA MATA
recados virtuais, clamam       mentos, culminam com                        O VERDE DA MATA
por atenção como se fos-       uma festa surpresa à noite;
                                                                           O VERDE. DA MATA
sem as únicas, ou, pelo        festas essas que sempre
                               abominei, mas que no fun-                   O VERDE DA MATA
menos, as primeiras mani-
festações daquele dia.         do estava na expectativa                    O VERDE DA MATA
  Sou uma pessoa avessa        de que fosse realizada.                     O VERDE DÁ MATA
à celebrações, especial-         Ao olhar a sala povoada                   O VERDE. DA MATA
mente aniversários. Na         de tantas pessoas queri-                    O VERDE DÁ MATA
verdade, não me sinto          das, felizes de estarem ali,                O VERDE. DA MATA
confortável em celebrar        compartilhando       comigo                 O VERDE DA MATA
ocasiões em que eu seja        esse momento, comendo,
                               bebendo, enfim, divertindo-
                                                                           O VERDE DA MATA
de alguma forma “um dos”
ou “o” homenageado. Não        se, regozijo-me. De repen-                  O VERDE DA MATA
aprecio receber tanta aten-    te, ouço um “bip”. Volto à                  O VERDE DA MATA
ção, pelo menos é o que        realidade. Faço o movi-                     O VERDE DA MATA
digo para mim mesmo.           mento natural em busca do                   O VÊRDE DA MATA
  Dito isso, não é com total   relógio no meu pulso e                      O VERDE DA MATA
espanto que me vejo ansi-      constato que é meia-noite.                  O VERDE DA MATA
oso e lisonjeado por tais        Exatamente vinte e qua-
                                                                           O VERDE DA MATA
demonstrações de carinho.      tro horas depois, o dia já
Algumas um tanto efusivas      não é mais meu. Volto a                     O VERDE DA MATA
demais; outras, longas         ser uma pessoa comum                        O VERDE DA MATA
demais; às vezes, falsas       (na verdade, nunca deixei                              ?
demais. Porém, apesar de       de sê-lo), com meus pro-
tentar não ceder à esses       blemas, inquietações, e                      O VERDE DA MATA
artifícios com os quais o      passo a sentir o peso da                     O VERDE DA MATA
nosso ego insiste em nos       idade comprimindo meus
atentar, capitulo. Sinto-me    ossos, assim como a espe-                        O VERDE DA MA
querido, respeitado, até       rança de que no próximo
mesmo adorado, e, como         ano voltarei a ter um dia só
uma criança, rogo para         meu comprime meu peito.
que esse dia não termine                                                                  Marwil Gomes Praciano
nunca.                              Victor Hugo Siqueira




       Arte gráfica                           Edição final                  Fotografia
       Diogo Portela                          Diogo Portela                 Rebecca Lustosa
       Isaac Rodrigues                                                      Letícia Brito




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Jornal A Balança SD 18/05/11

  • 1. A Balança VOLUME III 18 DE MAIO DE 2011 INTERPRETAÇÃO DO DIR EITO E STF A segunda palestra da ratificou que o juiz deve ção 3044. Nesses casos, o juízes!” segunda noite da VI Sema- decidir não pelo senso de STF utilizou e aplicou a pau- Após o pronunciamento na do Direito, um dos mo- justiça, mas de acordo com ta da proporcionalidade e do Ministro Eros Grau, o mentos mais aguardados o direito. A interpretação da razoabilidade, mesmo os professor Falcão falou so- pelos participantes, foi so- não só observa o texto, atos sendo considerados bre o princípio da inesgota- bre “A interpretação do mas também a realidade inconstitucionais. bilidade do sentido e sobre Direito e o STF”. social. Encerrando seu discurso, a interpretação da lei. Posi- O professor Glauco Filho Citou Lassale, segundo o o ministro aposentado co- cionou-se contra a decisão cumprimentou os pales- qual a Constituição escrita, mentou que caminhamos do STF sobre o reconheci- trantes e os ouvintes. Em para ser boa e duradoura, pelos limites da inseguran- mento da união estável de seguida, deu a palavra ao deveria refletir, necessaria- ça. Estão decidindo não pessoas do mesmo sexo. professor Raimundo Fal- mente, os fatores reais de segundo princípios, mas de Respondendo a uma per- cão, que fez uma breve poder existentes na socie- acordo com valores. É a gunta, o professor Eros explanação apresentando o dade. Expôs também a fra- tirania dos valores. Eros Grau falou que a súmula Ministro aposentado do se do estadista francês Grau discordou da decisão vinculante tornou-se um STF, Prof. Dr. Eros Grau. Charles de Gaulle, que se- do STF sobre o reconheci- texto normativo e passou a O Ministro Eros Grau inici- gundo o qual a Constituição mento da união estável de ser interpretada conforme ou seu pronunciamento é um envelope. O que está pessoas do mesmo sexo. cada caso. afirmando que as sessões no envelope surge do dina- Para ele, o tribunal nesse do STF não podem ser um mismo da vida política soci- caso teve atuação de poder Saullo Oliveira espetáculo midiático: a al. O direito é plástico. constituinte derivado. Aca- decisão jurídica é um ofício Alertou sobre os casos da bou o pronunciamento di- e não um espetáculo. ADIN 2240 e da Reclama- zendo: “Tenho medo dos No que diz respeito à in- terpretação, ele asseverou que interpretar é transfor- mar uma coisa em outra. Na interpretação do direito, os juízes transformam tex- tos de leis em normas jurí- dicas. A norma é resultado da interpretação e é produ- zida pelo intérprete. Confor- me Eros Grau, a interpreta- ção é uma prudência, é um saber prático, não é uma ciência. Outro pronunciamento marcante do ministro foi a afirmação de que tem base marxista, mas defende o direito positivo, a legalida- de é o último instrumento de defesa dos oprimidos. Uma das frases mais em- blemáticas de Eros Grau foi: “Não há relação entre direito e justiça. Os juízes não fazem justiça, mas tomam decisões jurídicas. A ética do direito positivo é a da legalidade e da Consti- tuição. Justiça está para filósofos e padres.”. Ele (Raimundo Falcão, Glauco Barreira, Eros Grau e Wagner Barreira)
  • 2. A BALANÇA Página 2 TRIBUTAÇÃO INDIRETA E SUAS CONTRADIÇÕES O ilustre palestrante Hugo ção pelo sujeito ativo. O dimento predominante no Em seguida, o palestrante de Brito principia explican- renomado jurista cita, ain- STF não admite a restitui- Carlos César Sousa Cintra do o que vem a ser um tri- da, que todo tributo tenda ção de impostos indiretos, alega que o problema cita- buto indireto, isto é, aquele a ser repassado a terceiro, que o contribuinte de direito do por Hugo de Brito se dá que não vem explicitado na reforçando a importância pagou, ainda que inconsti- devido à predominância do Nota Fiscal, cujo valor, em- do assunto em destaque tucionais ilegais e indevidos interesse público sobre o butido no preço final do para a seara jurídica. Dian- por outra razão, sob o argu- privado e lança a dúvida se produto, é repassado ao te disso, ele afirmou ser o mento de que a repetição o repasse é válido como consumidor. Reforça a maior problema existente de ind éb it o i n c a- justificativa ou seria neces- idéia de que os contribuin- hodiernamente no que con- su proporcionaria enriqueci- sária uma norma de direito tes de direito e de fato são cerne ao imposto indireto a mento ilícito ao contribuinte para regular a situação. pessoas diferentes, sendo repetição do indébito tribu- de direito que já o repassou Reitera, por fim, que o pa- este o que suporta finan- tário, ou seja, a devolução, ao contribuinte de fato. Ele gamento dos impostos mes- ceiramente o ônus tributá- pelo Estado, das importân- finda sua explanação dei- mo diante da inadimplência rio e aquele o representan- cias indevidamente recolhi- xando a seguinte indaga- é esdrúxulo. te legal da pessoa obrigada das a título de tributo, ou ção: “Porque isso acontece ao pagamento da presta- em função deste. O enten- no Brasil, e só no Brasil?” Deborah Castro CONTROLE JUDICIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS O insigne palestrante, te. ficou-se devido à omissão do Gustavo Brígido Bezerra, Fato importante nessa con- Estado. primeiramente, disserta textualização é o surgimento Ele enfatizou, ainda, que a acerca da divisão do con- do Estado Social e, em decor- responsabilidade do Estado trole da Administração rência deste, a origem das por ação e omissão, devido à Pública. Esse controle se Políticas Públicas, necessá- decisão recente da ADPF 45 divide em Administrativo, rias para a efetivação dos pelo STF, passou a ser objeti- ou interno, também co- direitos fundamentais, como va. nhecido como autotutela, vida, saúde, educação, que o Por último, ele tece comentá- “Ninguém no qual a própria admi- Estado tinha que garantir a rios reforçando a necessidade aguenta mais nistração é responsável todos, indistintamente. Assim de parcerias, através de dele- pela fiscalização de seus sendo, a implementação des- gações, entre a iniciativa pú- um processo atos. Além desse, têm-se sas políticas pressupõe o con- blica e a privada, pois as ver- de 10 ou 15 o Legislativo, como o que trole de sua execução. bas públicas se fazem insufi- ocorre quando da instau- Outro ponto abordado na re- cientes para a concretização anos” ração de uma CPI ferida palestra foi o de que a dos direitos fundamentais a (Comissão Parlamentar cobrança do Judiciário desses toda a população. de Inquérito), e o Judicial, direitos fundamentais e, con- foco da discussão vigen- sequentemente, da eficácia Deborah Castro das Políticas Públicas intensi- O NOVO CPC E SUA PARTE GERAL Iniciou-se a primeira palestra na do incidente de desconside- da noite com lamentável ausên- ração da personalidade jurídica cia do Prof. Marcelo Guerra, que e do agigantamento dos pode- estava doente. Substituindo-o, res do magistrado. tivemos a ilustre presença do O Prof. Mendes nos contou um Prof. Sidney Guerra, ao lado de pouco sobre a índole do home- Juvêncio Vasconcelos e Francis- nageado e se ateve às tutelas co de Assis Filgueira Mendes, de urgência, criticando a letar- ambos Professores da Casa. gia da comunidade jurídica em A palestra gravitou ao redor se preparar para as alterações. das alterações que serão incluí- O Prof. Sidney, concordando das pelo futuro CPC. com os outros palestrantes, O Prof. Juvêncio abordou a defendeu a necessidade de um nova divisão dos livros do Códi- novel CPC, dizendo: “Ninguém go de Processo Civil, bipartindo- mais aguenta um processo de se o Livro I (do Processo de Co- 10 ou 15 anos”. (Sidney Guerra, Juvêncio Vasconcelos e Francisco Mendes) nhecimento) e inexistindo o livro III (do Processo Cautelar) Tam- Diogo Portela bém comentou sobre a discipli-
  • 3. VOLUME III Página 3 CULTURA A organização da VI jornal. Os trabalhos arran- Semana do Direito, como caram comentários elogi- todos sabem, fica a cargo osos de pessoas conheci- dos alunos da FD, distri- das no mundo literário, buídos em comissões. tais como o escritor e Este ano está sendo dife- aluno desta Casa, Edir rente, pois a VI SD foi Paixão. agraciada com a estreia Estão expostas fotogra- da comissão de interven- fias relacionadas às pa- ção cultural, que é res- lestras ocorridas durante ponsável pelo árduo tra- a Semana. balho de dar a importân- Finalmente, a parte cia merecida à cultura musical não deixou a nesse evento de tama- desejar. Durante os dois nha magnitude. primeiros dias da SD, Com a importância de ocorreram amostras mu- mostrar o verdadeiro ta- sicais. Os verdadeiros (Rosa mato agita o começo da noite do dia 17) lento, às vezes escondi- protagonistas foram a do, dos estudantes da banda Vintaged (segunda Faculdade, foi promovido -feira) e o cantor-poeta- ritmo cearense, sua cul- “É por entender o I Concurso Cultural, do trovador Rosa Mato tura e seus costumes. qual os textos dos partici- (terça-feira), que homena- que a Semana do pantes estão sendo pos- geou a musicalidade e o Renata Freitajljs tos diariamente neste Direito tem caráter CULTURA complementar na formação do Na manhã de ontem, a presentando o Grupo G- Franco: “ é por entender acadêmico que Rádio FM Universitária TEIA, o Profº. Flávio Gon- que a Semana do Direito procuramos 107,9 reservou o progra- çalves e o estudante Ar- tem caráter complemen- ma Rádio Debate à VI tur Carvalho. tar na formação do aca- contemplar as Semana do Direito da Foram abordadas algu- dêmico que procuramos mais diversas UFC, com ênfase nas contemplar as mais diver- temáticas em mas das temáticas presti- oficinas a serem promovi- sas temáticas em evidên- giadas pela programação evidência em das pelo grupo G-TEIA cia em nossa sociedade.” da Semana, quais sejam sobre Direitos Humanos. nossa sociedade” as soluções extrajudiciais Representando o Centro de conflitos, o exame de Acadêmico Clóvis Bevilá- qua e a Comissão Organi- ordem, a importância de Divulgação se discutir direitos das zadora do evento, esteve minorias e questões rele- presente o acadêmico vantes relacionadas à Raphael Franco Castelo ecologia. Branco, Diretor de Comu- nicação da entidade. Re- Nas palavras de Raphael Divulgação O Cinedebate ocorrerá na sexta-feira (20/05), a par- tir das 14h, com a exposição de dois filmes simulta- neamente, com os filmes: “Uma Onda no Ar” e a “A Dama de Ferro” (Minicurso de Perícia Criminal)
  • 4. A BALANÇA Página 4 CRÔNICA POESIA A despeito de minhas Questão ambiental Feliz Aniversário súplicas mais inconscien- MICROSOFT tes (ou nem tanto), o dia Meia-noite. Ligações, avança rápido. Almoço em mensagens eletrônicas, família, ligações, cumpri- O VERDE DA MATA recados virtuais, clamam mentos, culminam com O VERDE DA MATA por atenção como se fos- uma festa surpresa à noite; O VERDE. DA MATA sem as únicas, ou, pelo festas essas que sempre abominei, mas que no fun- O VERDE DA MATA menos, as primeiras mani- festações daquele dia. do estava na expectativa O VERDE DA MATA Sou uma pessoa avessa de que fosse realizada. O VERDE DÁ MATA à celebrações, especial- Ao olhar a sala povoada O VERDE. DA MATA mente aniversários. Na de tantas pessoas queri- O VERDE DÁ MATA verdade, não me sinto das, felizes de estarem ali, O VERDE. DA MATA confortável em celebrar compartilhando comigo O VERDE DA MATA ocasiões em que eu seja esse momento, comendo, bebendo, enfim, divertindo- O VERDE DA MATA de alguma forma “um dos” ou “o” homenageado. Não se, regozijo-me. De repen- O VERDE DA MATA aprecio receber tanta aten- te, ouço um “bip”. Volto à O VERDE DA MATA ção, pelo menos é o que realidade. Faço o movi- O VERDE DA MATA digo para mim mesmo. mento natural em busca do O VÊRDE DA MATA Dito isso, não é com total relógio no meu pulso e O VERDE DA MATA espanto que me vejo ansi- constato que é meia-noite. O VERDE DA MATA oso e lisonjeado por tais Exatamente vinte e qua- O VERDE DA MATA demonstrações de carinho. tro horas depois, o dia já Algumas um tanto efusivas não é mais meu. Volto a O VERDE DA MATA demais; outras, longas ser uma pessoa comum O VERDE DA MATA demais; às vezes, falsas (na verdade, nunca deixei ? demais. Porém, apesar de de sê-lo), com meus pro- tentar não ceder à esses blemas, inquietações, e O VERDE DA MATA artifícios com os quais o passo a sentir o peso da O VERDE DA MATA nosso ego insiste em nos idade comprimindo meus atentar, capitulo. Sinto-me ossos, assim como a espe- O VERDE DA MA querido, respeitado, até rança de que no próximo mesmo adorado, e, como ano voltarei a ter um dia só uma criança, rogo para meu comprime meu peito. que esse dia não termine Marwil Gomes Praciano nunca. Victor Hugo Siqueira Arte gráfica Edição final Fotografia Diogo Portela Diogo Portela Rebecca Lustosa Isaac Rodrigues Letícia Brito Estamos na web! visemanadodireitoufc.blogspot.com Realização Patrocínio Margarida Livros