2. Havia uma índia que
acabara de dar a luz
na tribo katô. O pajé
karu Bempô, olhou
com amor aquela
criança que acabara
de nascer. Escolheu
para ser sua
sucessora, educaria
na tradição de seu
povo e na religião.
3. O menino seria o
herdeiro e o guardião da
cultura milenar. Seus pais
ficaram muito contentes
ao saber da notícia. Por
meio de um sonho os
espíritos disseram ao
pajé como seria o nome
daquele indiozinho,
kaxi’’, assim seria o nome
dele. Ele era uma criança
feliz, brincava
muito,pescava, nadava ,
fazia artesanato, mas
nunca esquecia que era
uma criança especial.
4. Kaxi participava das
conversas no fim de
tarde entre os homens
da tribo. Desde criança
ouvia com atenção a
história do contato do
homem branco e o
índio. A ganância do
homem para se
apoderar das riquezas
que havia no chão
sagrado do povo
Munduruku sempre
resultava em desgraça
para a tribo.
5. Ao longo que crescia
o pajé dava a kaxi
todas as instruções e
aprendia sobre as
tradições e rituais.
Ele foi se tornando
um espírito de
sabedoria e um
grande guerreiro.
6. Ao sair para caçar, resolveu
ir sozinho porque fazia
parte da tradição.
Lembrou dos ensinamentos
do pajé que disse: “ Para
ser um bom pajé precisa
saber sonhar! ”
7. Deitado na rede para
descansar da longa
caminhada o pequeno pajé
dormiu. Como se karu
Bempô estivesse ali e
dissesse: “Este é seu
momento!’’Naquele
instante, encontrou seu
padrinho mestre que foi
guiando pelos caminhos do
sonho. Kaxi viu o homem e
as máquinas destruindo
árvores, cavando o chão,
tirando a beleza do solo, a
poluição dos rios, viu na
sociedade um lugar de
morte e dor.
8. Kaxi acordou depois de
algumas horas, o cansaço
passou, mas a fome não.
Tudo isso não representava
nada para ele, pois sabia da
sua missão a cumprir junto
do seu povo. Kaxi ficou
satisfeito por ter aprendido a
sonhar e interpretar o que
sonhara. Ao se alimentar e
conseguir uma caça tinha
que votar à tribo, e então a
missão estava cumprida.
Portanto, iniciava outra bem
mais difícil a de conduzir seu
povo rumo ao futuro e à sua
sobrevivência.