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A CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica é uma revista independente e transdisciplinar que tem por objectivo reunir estudiosos, tradutores, especialistas, clientes e outros profissionais que trabalham com a tradução nas áreas das Ciências Exactas e Naturais, Engenharias e Tecnologias, Ciências da Saúde, Ciências Jurídicas, Economia e Localização de e para a língua portuguesa em toda a sua diversidade. 
A CONFLUÊNCIAS é uma publicação em formato electrónico, de acesso livre e gratuito. 
COLABORADORES. 
Comissão de Redacção. 
Ana Hermida Ruibal (Portugal) Edite Prada (Portugal) 
Eliene Zlatkin (Brasil) Ida Rebelo (Brasil) 
Isabel Coutinho Monteiro (Portugal) Steve Dyson (Portugal) 
Vicky Hartnack (Portugal) 
Comissão Científica. 
Amparo Hurtado Albir (Espanha) Ana Julia Perrotti-Garcia (Brasil) 
André Antunes Soares de Camargo (Brasil) Antonio Augusto Gorni (Brasil) 
Artur Portela (Portugal) Carlos Castilho Pais (Portugal) 
Christianne Nord (Alemanha) Conceição Carvalho (Macau) 
Diva Cardoso de Camargo (Brasil) Eduardo Lopes d’Oliveira (Portugal) 
Enilde Faulstich (Brasil) Fernando A. Navarro (Espanha) 
Fernando Ferreira-Alves (Portugal) Francisco José Magalhães (Portugal) 
Heloisa Gonçalves Barbosa (Brasil) Hermínio Duarte-Ramos (Portugal) 
Jacques Pélage (França) Jacques Vissoky (Brasil) 
João Roque Dias (Portugal) Jorge Cruz (Portugal) 
José Antonio Sabio Pinilla (Espanha) Manuel Gomes da Torre (Portugal) 
Margarita Correia (Portugal) M.ª Manuela Fernández Sánchez (Espanha) 
M. Teresa Cabré (Espanha) Oscar Diaz Fouces (Espanha) 
Pedro Coral Costa (Portugal) Ricardo Muñoz Martín (Espanha) 
Rodolfo Alpízar Castillo (Cuba) Rute Costa (Portugal) 
Sonia Collina (Estados Unidos da América) Steve Dyson (Portugal) 
Virgínia Matos (Portugal) Vivina Figueiredo (Portugal) 
FICHA TÉCNICA. 
Directora. Rosário Durão. Directora-Adjunta. Manuela Paiva. Assessora. Isabel Nogueira. 
Periodicidade. Semestral (Maio e Novembro). 
Entidade Proprietária e Editor. Maria do Rosário Frade Durão. 
Contribuinte N.º. 152 886 486. 
Morada e Sede de Redacção. Rua Jorge Colaço, 35, 4.º Esq. – 1700-252 Lisboa – Portugal. 
Telefone. +(351)218 408 731 ou +(351)936 294 337. 
Página da Internet. <www.confluencias.net>. 
Correio-e. confluencias@confluencias.net. 
ISSN. 1645-9350. 
© CONFLUÊNCAS – Revista de Tradução Científica e Técnica. I
1 
Editorial 3 
Cartas à CONFLUÊNCIAS 6 
Artigos e Comunicações 
Tradução e Localização 
Jacques PELAGE 
Les défis de la traduction juridique 8 
Oscar DIAZ FOUCES 
A Localização de Páginas da Internet na Formação de Tradutores 16 
Vicky HARTNACK 
Short Terms, Long Search: Trying to Make Sense of Abbreviations 53 
Terminologia e Lexicologia 
Ana Julia PERROTTI-GARCIA 
Reflexões sobre as Qualidades de Um Bom Glossário Técnico: 
Limites e Limitações 68 
Ida REBELO 
Léxico, Regras e Idiossincrasias 77 
Entrevista 
Entrevista a Jacques VISSOKY. Médico-Tradutor Brasileiro 88 
Notas e Apontamentos 
Maria João B. REIS 
Traduzindo Fitness na Teoria da Complexidade 93 
Maria José FIGUEIREDO 
Uma Dificuldade de Tradução Filosófica 95 
Rosário DURÃO 
Temos Uma Disciplina 97 
Glossários 
André Antunes Soares de CAMARGO 
Vocabulário Jurídico do Direito de Empresa no Novo 
Código Civil Brasileiro 99 Hermínio DR 
Confluência Polissémica na Terminologia Gráfica 105 
Recensões Críticas e Resumos de Teses e Dissertações 
Jorge CRUZ 
Medicina e Farmácia em 11 Línguas 115 
Ana Hermida RUIBAL 
Diccionario español-portugués/português-espanhol de 
términos comerciales, económicos y jurídicos 117 
Relatórios de Eventos e Actividades 
Chrys CHRYSTELLO 
«3.o Colóquio Anual Internacional da Lusofonia» 120 
Rosário DURÃO E Manuela PAIVA 
Duas Acções de Formação: «Seminário de Terminologia e Terminografia» e 
«A Localização de Páginas da Internet» 122 
Manuela PAIVA 
«Entrega do Prémio de Tradução Científica e Técnica – 2004» 124 
Ângela RODRIGUES 
«VI Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa» 126 
Notas sobre os Autores 129 
ÍNDICE
3 
Iniciamos aqui uma nova proposta editorial. 
Um espaço de CONFLUÊNCIAS. 
Um fórum de todos os agentes do universo da tradução – académicos, tradutores, clientes, especialistas... 
Um veículo de saberes e experiências da tradução – científica, técnica, tecnológica... 
Um lugar em português e outras línguas sobre a tradução de e para a língua portuguesa – de Portugal, do Brasil e de todos os outros países ou territórios onde se traduz de português ou para português ... 
Um sítio de reflexão, diálogo, incentivo – de todos nós, para todos nós... 
Estas são as grandes orientações da CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica, publicação que acompanha o esboço de uma tendência para se falar da tradução especializada e para se criarem conteúdos sobre tradução especializada, fazendo-o, singularmente, do ponto de vista da língua portuguesa. 
O contexto não podia ser melhor. Um mundo onde tudo adquire contornos globais torna o conhecimento e a sua transmissão em todas as línguas e entre todas as línguas a matéria-prima mais valiosa. Aumentam as exigências aos tradutores, aos formadores, aos investigadores. Diversifica-se o entendimento e a prática da tradução. Começa-se a normalizar a profissão. Melhora-se a formação dos tradutores, abrindo-a às realidades profissionais. Investiga-se a tradução em todas as suas dimensões. 
São numerosas, pois, as oportunidades que se nos apresentam. Por isso, dedicámos este número 1 da semestral CONFLUÊNCIAS ao tema «Desafios e Perspectivas da Tradução Científica e Técnica». 
E, de facto, os artigos que nela publicamos espelham bem a latitude dos mesmos. Jacques Pélage situa os desafios da tradução jurídica ao nível do conceito, dos tradutores e das situações que a envolvem, apontando-lhe boas, mas variáveis, perspectivas. 
CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
4 
Para Oscar Diaz Fouces, a localização é uma das melhores expressões de um novo momento histórico, sendo o conhecimento e ensino da tradução de páginas da Internet um grande desafio das instituições de ensino superior e, naturalmente, uma excelente oportunidade para as novas gerações que desejam fazer da tradução um meio de vida. 
Já Vicky Hartnack mostra como a tradução de siglas, acrónimos e abreviaturas em textos económicos e financeiros escritos em português é um desafio constante para os tradutores, devido a fenómenos como o empréstimo de designações estrangeiras ou a coexistência com outras equivalentes na nossa língua, apontando diversas estratégias para a sua resolução. 
E porque a relação entre a Tradução, a Terminologia e a Lexicologia é estreita, publicamos os artigos de Ana Julia Perrotti-Garcia, que enumera as características dos bons glossários, que tão necessários são aos tradutores de Ciências e Tecnologias, e de Ida Rebelo, que transporta para a criação de novas palavras o processo de decisão que atravessa todo o acto de traduzir. 
E como a CONFLUÊNCIAS se propôs, ela mesma, o desafio – talvez o mais arriscado – de congregar muitas vozes nas suas páginas, destacamos o percurso que levou o médico Jacques Vissoky à tradução de Medicina e o seu convite implícito para que a formação de tradutores contemple, mais amiúde, esta área do conhecimento. 
Sublinhamos também os apontamentos de Maria João B. Reis e Maria José Figueiredo, que dão conta da utilidade de material de referência numa terceira língua e de quanto a tradução de Filosofia se aproxima do rigor, tradicionalmente associado às Ciências e Tecnologias. 
Chamamos, ainda, a atenção para os glossários que ora se publicam, um no âmbito do Direito, o outro sobre Terminologia Gráfica, dos nossos colaboradores André Antunes Soares de Camargo e Hermínio DR. 
E porque a divulgação do que se vai escrevendo e realizando em torno da tradução é a melhor forma de a consolidar e aprofundar, publicamos aqui recensões a dois dicionários e relatos de alguns eventos e acções de formação. 
Não menos importante para o florescer de uma área do conhecimento e da experiência prática é o diálogo crítico em seu redor. Este foi o motivo da secção «Cartas à CONFLUÊNCIAS», que, neste número inaugural, contém os comentários de alguns dos nossos colaboradores à ideia da revista, mas que esperamos venha a tornar-se um espaço onde as reacções e contributos dos nossos leitores aos conteúdos da revista tenham um lugar cativo. 
O objectivo principal deste número 1 foi, pois, contribuir para lançar o debate sobre a tradução científica e técnica, especialmente de e para a língua portuguesa. A sua continuidade depende de todos nós.
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Não gostaríamos de concluir este editorial sem agradecer às pessoas que tão amavelmente se disponibilizaram a escrever para a revista, e a todas as que têm ajudado a tornar a CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica um nome conhecido de alguns. 
Um agradecimento muito especial à extraordinária equipa editorial, particularmente ao Prof. Doutor Francisco José Magalhães, pela amizade e apoio constante, e ao Prof. Doutor Carlos Castilho Pais, pelo seu optimismo e exemplo de dinamismo. À União Latina também, nas pessoas da Dr.a Maria Renée Gomes e do Dr. Daniel Prado, o nosso muito obrigada pelo valioso contributo que deram, alojando as nossas páginas no seu sítio durante os seus primeiros meses de vida. 
Por um futuro auspicioso, feito de muitas vozes e de muitos universos... 
ROSÁRIO DURÃO
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Congratulo-me com a iniciativa que, amavelmente, traz ao meu conhecimento. O panorama das publicações na área da tradução técnica é, como sabe, paupérrimo. Uma iniciativa editorial desta natureza reveste-se, pois, do maior interesse. [...] tenho de me confessar deliciada com a ideia da Revista. 
Virgínia Matos 
Tradutora independente de Biologia, Biotecnologia e Medicina 
Antes de mais, saúdo a sua iniciativa para criar uma revista que acolha opiniões sobre a tradução em Portugal. De facto, durante muito tempo, foi negado à tradução (tanto ao seu ensino como à sua prática) o estatuto de disciplina académica. Os (órgãos) universitários olhavam com suspeita para uma actividade que, bem vistas as coisas, estava na base dos conhecimentos que lhes chegavam quando gerados em línguas estranhas e aos quais nunca teriam acesso se a tradução não tivesse intervindo. Depois, quando as universidades e outras instituições de ensino superior começaram a investir na formação de tradutores, foram os tradutores praticantes, na maior parte dos casos sem preparação específica, que viam mal aqueles que iam saindo das escolas com uma formação (necessariamente básica) em tradução. Suponho que esta segunda dificuldade ainda não foi totalmente ultrapassada devido à existência de um inaceitável corporativismo retrógrado. 
Serve este arrazoado para lhe dizer que o surgimento de uma revista que divulgue o que se vai fazendo em tradução é algo para festejar. 
Manuel Gomes da Torre 
Professor Catedrático 
Fundador do primeiro curso de Licenciatura em Tradução em instituições portuguesas de ensino superior, fundador e criador do Mestrado em Estudos de Tradução 
De fato, infelizmente muito pouco foi feito na área de traduções técnicas para a língua portuguesa. No Brasil, lamentavelmente, isso vem sendo «resolvido» com a incorporação de termos técnicos estrangeiros à língua, já que falta um mecanismo de padronização de ampla aceitação. Isso ocorre inclusive com termos de amplo uso, como os da área de informática. Daí a importância desta iniciativa... 
António Augusto Gorni 
Engenheiro de Materiais e editor-técnico da revista Plástico Industrial, professor no Departamento de Metalurgia da UniFEI-Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana 
CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004 
Enviar correspondência para: 
cartas@confluencias.net
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As publicações sobre tradução em língua portuguesa – quase sempre tratam de tradução literária e realmente há muito que investigar em Portugal sobre as traduções não-literárias para poderem/podermos formar melhor os futuros tradutores licenciados e termos, consequentemente, traduções de melhor qualidade em Portugal. 
Ana Hermida Ruibal 
Tradutora independente e doutoranda em Tradução e Linguística. 
Sim, li o blurb e, de facto, acho o projecto interessante e inovador. [...] É a responsabilidade de todos nós fazermos sair uma publicação de qualidade. 
Vicky Hartnack 
Tradutora e Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 
Como director de Panace@: Revista de Medicina y Traducción, ya en su quinto año y con 16 números publicados, me apresuro a enviar os mis mejores deseos de éxito. Además de publicaciones hermanas por su contenido, Panace@ y CONFLUÊNCIAS son también hermanas de origen, pues escribo desde suelo ibérico. 
Fernando Navarro 
Médico-Tradutor e Director da revista Panace@
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LES DÉFIS DE LA TRADUCTION JURIDIQUE 
JACQUES PELAGE 
Chercheur-formateur 
Résumé d’Article: 
La traduction juridique est un défi pour le traducteur, d’une part, parce qu’il s’agit d’une notion aux frontières incertaines, d’autre part, parce que le contenu et le niveau des connaissances requises doivent répondre à des besoins divers, et, enfin, parce que les perspectives qui s’offrent aux traducteurs juridiques sont réelles mais doivent être appréciées en fonction de diverses situations. Les textes juridiques sont des normes ou des discours sur les normes. Or celles-ci peuvent s’appliquer à des domaines autres que le droit. La notion de texte juridique est donc marquée du sceau de la relativité, ce qui a une incidence sur le contenu et le niveau des connaissances nécessaires au traducteur. 
Une connaissance des disciplines juridiques est nécessaire au traducteur juridique occasionnel, au traducteur juridique spécialisé et au traducteur assermenté, pour comprendre les discours, pour les réexprimer correctement, mais aussi pour avoir un regard critique sur les sources documentaires. 
En outre, certaines disciplines relèvent de la culture générale, tandis que d’autres appartiennent à des secteurs très spécialisés : d’où des niveaux de technicité variables chez les traducteurs. Les perspectives de la traduction juridique doivent être envisagées dans plusieurs cadres d’exercice de la profession et en fonction du statut des langues en présence dans un cadre donné. 
Les traducteurs lusophones ont certainement une carte à jouer car, tant au Portugal qu’au Brésil, le droit a assimilé des apports étrangers et son étude constitue en soi une ouverture sur d’autres systèmes juridiques. 
Mots-Clés: 
Traduction juridique; Discours juridique; Connaissance spécialisée. 
CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
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Resumo: 
São vários os motivos pelos quais a tradução jurídica constitui um desafio para os tradutores: a imprecisão do próprio conceito, o facto de o conteúdo e nível de conhecimentos exigidos do tradutor variarem segundo a natureza das soliticações e a necessidade de interpretar as perspectivas reais que se oferecem ao tradutor à luz das mais diversas situações. Os textos jurídicos são normas legais, ou discursos sobre normas legais, que, por se reportarem frequentemente a outras áreas do conhecimento, relativizam a noção de «texto jurídico», reflectindo-se no tipo e nível de conhecimentos do tradutor. 
Os tradutores jurídicos — dos ocasionais aos especializados e ajuramentados — devem conhecer todas as áreas do direito, pois só assim saberão compreender e reexprimir os textos correctamente e avaliar as fontes documentais de forma crítica. Por outro lado, se algumas áreas do direito exigem apenas uma boa cultura geral, outras há cujo grau de especialização não dispensa um tradutor verdadeiramente especializado, o que significa que não se pode falar de um tradutor jurídico padrão, mas, antes, de tradutores jurídicos com diferentes níveis de competência técnica. 
As perspectivas da tradução jurídica são também variadas, diferindo segundo os modos de exercer a profissão e o estatuto de cada língua. Os tradutores lusófonos, por exemplo, têm um papel importante a desempenhar, tanto em Portugal, como no Brasil, porque os seus sistemas jurídicos assimilaram conceitos vindos de outros e porque o estudo dos seus próprios sistemas depende da abertura aos outros. 
Palavras-Chave: 
Tradução jurídica; Discurso jurídico; Conhecimento especializado. 
Abstract: 
Legal translation presents a number of challenges. First, the very concept of “legal translation” is ill- defined. Second, the content and level of understanding required to do the job must accommodate a range of needs. And lastly, the prospects open to legal translators, though real, must be interpreted in relation to a range of situations. 
Legal documents are rules of law, or discourses thereon, which often cover areas other than law. The concept of the legal document is thus unavoidably relative, which, in turn, affects the content and level of understanding required of the translator. 
Like the specialist, sworn and occasional legal translators need to know about various legal fields if they are to understand the discourse and re-express it correctly while keeping their critical guard up when using documentary resources. And whereas certain types of work require general knowledge, others demand truly specialised knowledge. As a result, the type of work determines the technical competence required of the translator. 
The outlook for legal translation needs to be considered in relation to the various ways of exercising the profession and according to the status of the languages involved. Translators working into or out of Portuguese certainly have a role to play, be it in Portugal or Brazil, as their legal systems adopt concepts from abroad, which means that studying these systems means reaching out to others. 
Keywords: 
Legal translation; Legal discourse; Specialized knowledge.
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Danica Seleskovitch, qui fut à l’origine de la théorie interprétative en traduction et de l’école dite de Paris, disait parfois qu’il faut bien distinguer les problèmes de la traduction des problèmes des traducteurs. Certes, on ne peut tracer une frontière étanche entre les deux, et on note que Danica elle- même a fort bien expliqué que la pratique de l’interprétation de conférence est un bon observatoire des phénomènes de transfert interculturel. Pour montrer que le traductologue doit, cependant, prendre du recul par rapport aux faits de traduction, elle rappelait aussi que ce n’est pas en théorisant sur les accidents d’avion que l’aéronautique a progressé. C’était, sans doute, une façon de montrer les limites des écrits qui se contentent de gloser sur des erreurs de traduction. Mon propos, aujourd’hui, est surtout orienté vers les problèmes des traducteurs et les compétences qui leur sont nécessaires pour aborder la traduction juridique, un défi permanent. Comme d’habitude, mon optique sera plus technique que linguistique. 
Tout d’abord, je me livrerai à quelques réflexions sur la notion de traduction juridique (I), puis j’exposerai mes idées sur le contenu et le niveau des connaissances requises chez le traducteur juridique (II), pour, enfin, livrer au lecteur quelques considérations relatives aux perspectives de la traduction juridique (III). 
I. Quelques reflexions sur la notion de traduction juridique 
Ne revenons pas sur les caractéristiques du « langage du droit » dans les différents systèmes juridiques, car ils ont été abondamment exposés par les spécialistes de la linguistique et du droit comparé. Rappelons seulement que le traducteur ne travaille pas sur des langues, mais sur des discours. Il doit, par conséquent, être familiarisé avec les différentes formes de discours existant dans les systèmes dans le cadre desquels sont produits les textes qui lui sont soumis : discours du législateur, du juge, du jurisconsulte, du praticien, pour reprendre une classification habituelle. Toutefois, la question se pose de savoir si la traduction juridique se limite à la traduction de discours juridiques ou si elle peut dépasser ce cadre. C’est la nature même du Droit qui impose cette question. En effet, il a une double particularité : celle d’édicter des normes, d’une part, celle de régir tous les domaines de l’activité humaine, d’autre part. Evidemment, ceci peut être déterminant dans le choix du traducteur. 
I. 1. Textes énonçant le droit 
Les textes qui énoncent le droit sont des discours normatifs ou des discours sur les normes. Dans la première catégorie entrent les textes législatifs, textes de loi au sens formel, ou réglementaires, des « lois » au sens fonctionnel, à savoir des décrets ou des arrêtés, qui émanent du pouvoir exécutif. On peut y rattacher certaines décisions de justice, car le juge ne se contente pas toujours de dire le droit : il le crée, par exemple dans le système de Common Law dont la cohérence se fonde sur la règle du précédent, ou encore en droit administratif français, construit en partie sur la jurisprudence du Conseil d’Etat. Le discours normatif, au sens large, peut donc être l’oeuvre du parlement, du pouvoir
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exécutif, ou du judiciaire. Mais les contrats, qui sont « la loi des parties », peuvent également être considérés comme des normes privées. 
Tous ces textes sont a priori juridiques, notamment parce qu’ils obéissent généralement à des règles de forme propres au domaine juridique : par exemple, en droit français, rédaction subdivisée en articles dans la loi, existence de visas dans un règlement, organisation en attendus dans une décision de justice. 
Dans un sens plus large, on doit, selon moi, inclure dans cette catégorie les textes émanant de la doctrine et même ceux des commentateurs et des vulgarisateurs qui font connaître le droit. Le critère de la juridicité d’un texte devient alors un objet relevant de ce que l’on appelle les grandes branches du droit privé – droit de la famille, des obligations, des biens, des successions, droit commercial, droit du travail –, du droit public – droit constitutionnel, droit administratif, droit international public, finances publiques –, et du droit pénal. A noter que le découpage du droit en branches n’est pas le même dans tous les systèmes. 
Toutefois, les discours sur les normes n’ont pas les effets de droit qui sont le propre des textes normatifs. 
I. 2. Textes ayant des effets de droit 
Doit-on, pour autant, considérer comme juridiques, du point de vue strict de la traduction, tous les textes qui produisent un effet de droit ? Concrètement, une loi relative à la recherche sur les embryons est-elle plus juridique que médicale ? La réponse ne va pas de soi. En effet, les lois et les règlements peuvent, dans le monde moderne, régir des activités agricoles, industrielles ou commerciales : ils ne sont donc pas juridiques par leur contenu. C’est pourquoi j’ai souvent parlé de textes mixtes, dans lesquels la dominante peut ne pas être le droit, en dépit d’un caractère normatif évident. 
En bref, certains textes sont juridiques par leur forme, leur contenu et leurs effets. D’autres ne remplissent pas ces trois conditions, ce qui amènera les donneurs d’ouvrage à réfléchir sur le choix du traducteur. La notion de traduction juridique doit donc être envisagée suivant ces quelques réflexions sommaires : la traduction juridique, stricto sensu, est la traduction des textes qui relèvent des domaines couverts par les branches du droit dans un système juridique donné, qu’il s’agisse de discours normatifs ou de discours sur les normes. Elle peut éventuellement porter sur tout texte produisant un effet de droit, mais il y a lieu alors de s’interroger sur le domaine d’activité visé ainsi que sur la nature et le dosage des compétences à mettre en oeuvre dans l’opération traduisante. D’ailleurs dans certaines cultures, les rites sociaux ou la religion couvrent des domaines couverts par le droit : ainsi, un texte peut devenir juridique dans une société, alors qu’il ne l’était pas à l’origine. 
La notion de texte juridique est donc marquée du sceau de la relativité.
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II. Contenu et niveau des connaissances requises chez le traducteur 
Tout d’abord, il y a lieu de distinguer le traducteur juridique occasionnel, du traducteur juridique spécialisé et du traducteur assermenté. Pratiquement tous les traducteurs sont amenés à traduire des textes juridiques au sens large : un traducteur technique sera confronté à un contrat ; un traducteur littéraire trouvera dans une oeuvre le déroulement de procès. Cela n’a rien d’étonnant, car le droit d’un pays fait naturellement partie de la composante culturelle que tout traducteur doit pouvoir prendre en considération. En outre, le droit, comme d’ailleurs la science, fait partie jusqu’à un certain degré de technicité de la culture générale de l’homme moderne. Soyons catégorique : il ne faut pas choisir le métier de traducteur si l’on est allergique au droit, qui, répétons-le, imprègne toutes les activités humaines du monde moderne ; il ne faut pas non plus s’offusquer de voir un ingénieur traduire un texte dit juridique mais à dominante technique. Ce sera un traducteur juridique occasionnel, à moins qu’il n’entreprenne de se spécialiser dans le droit. 
Quant au traducteur juridique spécialisé, il doit être un initié, c’est-à-dire maîtriser les concepts, la terminologie et l’organisation de la matière du droit dans les système de la langue d’arrivée et de celle de départ. Le traducteur assermenté, quant à lui, doit avoir ce profil, mais il a parfois à établir une traduction certifiée d’un texte non juridique : son rôle est celui d’un expert chargé de mettre sa compétence à la disposition d’autorités administratives ou judiciaires. 
On voit donc que les connaissances requises en traduction juridique sont variables. Je précise que ces connaissances peuvent être élevées sans être pour autant sanctionnées par un des diplômes nécessaires aux spécialistes du droit que sont les juristes. Mais l’expérience ne doit pas faire oublier le recours à la connaissance, nécessaire même aux traducteurs chevronnés dès lors qu’ils refusent l’à-peu-près. 
II. 1. La raison d’être des connaissances juridiques 
On sait que les connaissances des langues ne suffisent pas pour exercer la profession de traducteur. La compréhension complète d’un texte n’est possible que si l’on connaît le domaine traité ; la connaissance de ce domaine permet également la réexpression fidèle dans la langue d’arrivée du discours compris. Disons, par parenthèse, que l’approche technique de l’initié garantit des performances plus rapides que l’approche linguistique, car le langage spécialisé s’acquiert en même temps que la spécialité elle- même : le médecin, l’ingénieur et le juriste n’ont pas besoin d’un enseignement à base linguistique pour s’exprimer dans leurs domaines de compétence. 
Toutefois, cela ne signifie pas qu’ils ne commettent pas de fautes de langue dans leur propre spécialité. C’est pourquoi, par exemple, les spécialistes de la linguistique et de la stylistique juridiques insistent toujours sur des erreurs qui se répètent chez les praticiens du droit : en français, on ne doit pas dire que la loi « stipule », car elle « dispose » ; « conjointement et solidairement » recèle une contradiction ; « termes et conditions » ne correspond pas à l’anglais « terms and conditions ».
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En bref, le traducteur juridique doit connaître le droit, non seulement pour bien comprendre le texte et en restituer le sens, mais encore pour avoir un regard critique sur les solutions proposées par les dictionnaires et les manuels de toutes sortes, dont beaucoup mériteraient de subir le même sort que la bibliothèque de Cervantes. Il faut également se méfier des traductions antérieures, car certaines erreurs se transmettent de traduction en traduction, grâce, notamment, aux outils informatiques. 
II. 2. Le contenu des connaissances requises en traduction, à la lumière de la pratique 
Evidemment, on n’en sait jamais trop, mais le pragmatisme amène à conseiller au traducteur non-juriste de ne pas se disperser. Il me semble que tout dépend de la sphère dans laquelle le praticien va exercer ses talents : dans les organisations internationales et les institutions communautaires, il doit avoir une bonne connaissance des institutions et des traités. Mais je ne pense pas que le traducteur libéral ait souvent à utiliser de telles connaissances : pour lui, la priorité revient aux droits des contrats, des biens, des sociétés, du commerce international. Quant à l’expert auprès des tribunaux, il doit avoir des idées claires sur l’organisation judiciaire et les procédures. 
Certaines connaissances juridiques doivent faire partie de la culture générale de tous les traducteurs : contour des branches du droit dans un système donné, bases du droit constitutionnel, théorie générale des obligations. D’autres ne sont indispensables que dans certaines formes de traduction spécialisée : régimes matrimoniaux, droit des successions, sûretés, par exemple. 
Enfin, le niveau de technicité des textes signifie que le degré de compétence des traducteurs est également variable. Au niveau le plus élevé, le traducteur doit pouvoir collaborer avec le juriste à l’étude d’un dossier en langue étrangère. Dans la pratique, il est souvent fait appel, dans ce cas, à un juriste dit linguiste, mais le résultat n’est garanti que s’il s’est réellement formé à l’exercice de la profession de traducteur. 
III. Quelques considérations sur les perspectives de la traduction juridique 
Il faut se garder des considérations trop générales, car plusieurs situations sont à examiner. Ainsi, il faut tenir compte du cadre dans lequel s’effectue la traduction (relations internationales, cadre européen), du donneur d’ouvrage (organisme public, juridiction, ou particulier), de la portée juridique de la traduction (texte faisant foi, ou simple information), des langues en présence (statut dans un cadre donné). Ceci peut aboutir à distinguer plusieurs sous-marchés de la traduction juridique, ce qui implique des contraintes différentes pour le traducteur. Au risque de me tromper, ce dont le lecteur voudra bien m’excuser, je vais m’en tenir à l’exemple de la traduction de portugais.
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III. 1. Le cadre de la traduction 
Le portugais est une des langues les plus parlées dans le monde, et les relations culturelles et économiques dans cette langue sont importantes. D’où un besoin réel de bonnes traductions juridiques vers cette langue ou à partir d’elle. Toutefois, il semble que ce soit le portugais du Brésil qui pèse le plus dans ces relations, d’où la nécessité de se documenter sur le droit brésilien, dans son ensemble, sans se contenter de s’interroger sur les institutions politiques. 
En Europe, le portugais, important comme langue de culture, se heurte au poids économique et institutionnel de l’anglais, du français et de l’allemand. Il ne semble pas destiné à devenir une langue-pivot dans l’Union Européenne. Mais cette situation peut se transformer en avantage pour les traducteurs lusophones, dont le niveau dans les trois langues citées est généralement élevé. En effet, le droit civil, tant au Portugal qu’au Brésil, a été influencé successivement par le droit français et par le droit allemand, ce qui donne au traducteur des possibilités d’approche comparative que n’ont pas, dans la plupart des cas, les germanophones et les francophones. Enfin, il existe en portugais d’excellents ouvrages destinés aux praticiens du droit : traités et formulaires juridiques, notamment. Il y a là des outils fort utiles pour ceux qui traduisent vers le portugais. 
Aussi bien à Bruxelles, qu’à Luxembourg ou à Strasbourg, les traducteurs juridiques portugais ont des atouts à faire valoir. D’une manière plus générale, en particulier sur les marchés privés, ils ont leur place s’ils possèdent de bonnes connaissances des droits allemand, anglais et français. 
III. 2. Le statut des langues 
C’est une question à avoir à l’esprit dans le choix des combinaisons linguistiques. Des langues européennes ont le statut de langue officielle dans le cadre des Nations Unies : l’anglais, l’espagnol et le français. A la Chambre de Commerce Internationale, dont le siège est à Paris, les deux langues de base sont l’anglais et le français. Dans les Institutions européennes, ces deux langues sont aussi au premier rang. Si la domination de l’anglais est nette dans les domaines économique et technique, le français marque encore le système juridique européen en cours de création. 
Les Lusophones qui ont le courage d’approfondir le droit de Common Law et le droit français ont une carte unique à jouer, car, en dehors de la traduction proprement dite, les besoins ne manquent pas dans des domaines voisins, tel celui de la terminologie. A noter que la documentation juridique en anglais et en français est abondante et d’accès facile. Toutefois, les dictionnaires et formulaires bilingues sont à manier avec précaution. J’en parle avec d’autant plus de liberté que c’est un terrain sur lequel je me suis moi-même aventuré.
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Conclusion 
La traduction juridique est un défi parce que les perspectives d’activité pour les traducteurs me semblent réelles. Je me permets de dire que les écoles de traducteurs ont pris du retard en la matière, parce que deux tendances antagonistes s’y sont manifestées : l’une consistant à voir dans la traduction juridique une forme de traduction générale dans laquelle une vague teinture juridique pourrait suffire, l’autre y voyant un domaine réservé aux juristes en raison d’une technicité réelle bien que non visible à l’oeil nu. A l’inverse, trop de juristes ont cru qu’il suffisait de quelques connaissances en langues étrangères pour traduire. 
Or le seul moyen pour les traducteurs de s’adapter aux différents cadres institutionnels, et aux divers donneurs d’ouvrages, est de bien maîtriser l’organisation des principales familles de droit, les concepts et la phraséologie des langues de travail, bref d’avoir une véritable culture juridique. Les juristes doivent aussi jouer un rôle à la périphérie de la traduction, notamment en terminologie, à condition qu’ils prennent conscience du fait que la traduction est une authentique spécialité.
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A LOCALIZAÇÃO DE PÁGINAS DA INTERNET NA FORMAÇÃO DE TRADUTORES 
OSCAR DIAZ FOUCES 
Universidade de Vigo 
Para o Francisco Magalhães, 
Coração de Leão 
Resumo: 
Este artigo caracteriza sinteticamente o espaço académico da localização de páginas da Internet a partir do papel social que corresponde a essa actividade e das principais circunstâncias profissionais que ela envolve. 
Palavras-Chave: 
Localização; Tradução; Páginas da Internet; Conteúdos electrónicos; Formação académica 
Abstract: 
This paper presents a brief analysis of website localization in the academic world considering the activity’s social role and the main characteristics of the profession. 
Keywords: 
Localization; Translation; Web pages; Electronic content; Academic training. 
PRELIMINAR (QUASE) DESNECESSÁRIO 
Os teóricos das Ciências Sociais distinguem habitualmente três «revoluções» no mundo ocidental, começando pela Revolução Industrial que, no século XIX, trouxe mudanças fundamentais como a substituição da sociedade de castas pela sociedade de classes, o deslocamento maciço das populações do campo para as cidades, a sua integração no caos da organização industrial e o correspondente choque psicológico. Já no século XX, esta revolução iria sofrer um processo de aceleração histórica que 
CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
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coincidiu com o extraordinário desenvolvimento tecnológico, nomeadamente, das (tele)comunicações. Este processo receberia uma nova dinâmica com as crises energéticas dos anos 60 e 70, acompanhando o alvor da sociedade pós-moderna (ou, por outras palavras, da sociedade «da informação») que caracterizou o último quartel do século XX e os primeiros anos do XXI, ainda agora encetado (v. Lucas, García & Ruiz 1999). 
Entre as características desta nova era, encontra-se o aumento da mobilidade - social, física e psicológica - que abalou os modelos de organização social tradicionais e transformou a «comunicação» na palavra de ordem. É, hoje, um lugar-comum afirmar que uma pessoa tem acesso a mais informação num só dia do que alguém nascido nos primeiros anos do século XVIII, em toda a sua vida. 
A possibilidade de transmitir informações de forma maciça e virtual para o mundo inteiro (embora sujeita às limitações impostas pelas várias formas de censura ideológica e os muito menos subtis constrangimentos económicos) está directamente relacionada com a criação, pela primeira vez, na história da Humanidade, de uma área de intercâmbio comercial, baseada no mercado livre, e de âmbito global. Não será por acaso que nos referimos a este fenómeno pelo nome de «globalização». Um dos traços mais relevantes desta nova dinâmica é o processo, também maciço, de alargamento das redes de comunicação, cujo símbolo (e suporte) maior é a Internet. 
A importância deste fenómeno até pode ser quantificada. Atente-se, por exemplo, a estes dados: 
«Según un estudio de la Universidad de California, Berkeley (Lyman y Varian, 2000), en la web hay unos 550.000 millones de documentos (95% de ellos abiertos al público), y la información on line está creciendo a un ritmo de 7,3 millones de páginas web al día. [...] La producción anual de información en todo el mundo y bajo diversas formas es de 1500 millones de gygabites, de los cuales el 93% se produjo en formato digital durante el año 1999.» (Castells 2001, 108) 
A eficácia do processo de comunicação numa rede de transmissão de informações que abrange todo o planeta implica, obviamente, a presença de conteúdos próprios e de estratégias de comunicação ad hoc. A mais evidente é a necessidade de optimizar esses conteúdos para atingir o público-alvo da forma mais eficaz. Dado que esse público é, por definição, heterogéneo quanto à sua origem, a planificação atenta dos elementos linguístico-culturais das mensagens e das informações parece ser uma necessidade premente. 
O facto de o inglês ser, actualmente, «a língua» universal da comunicação não parece ser incompatível, por enquanto, com a tendência para a especialização linguística dos produtos que circulam na rede, nomeadamente (mas não só) os produtos informáticos. Na verdade, detecta-se uma tendência crescente nesse sentido. Num interessante texto de divulgação publicado na versão digital de The Atlantic Monthly, em Novembro de 2000 («What Global Language?» <http://www.theatlantic.com/ issues/2000/11/wallraff3.htm>), Barbara Wallraff afirmava:
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«According to one estimate that has been widely repeated over the past few years, 80 percent of what’s available on the Internet is in English. Some observers, however, have recently been warning that this may have been the high-water mark. It’s not that English-speakers are logging-off — au contraire — but that people are increasingly logging on, to search out or create content in their own languages. As the newsletter that The English Company prepared for the British Council asserted in September of 1998, “Non English Speakers are the Fastest Growing Group of New Internet Users”.» 
O aumento da diversificação linguística dos produtos e conteúdos informáticos desencadeou um conjunto de dinâmicas económicas e linguístico-culturais que têm hoje designações específicas. Na gíria técnica, é habitual apelidar «internacionalização» (do inglês internationalisation, abreviado como I18N) ao processo de criar produtos e depurá-los de forma a poderem ser consumidos em qualquer parte do mundo por um teórico público-alvo global. Reserva-se ainda a etiqueta de «localização» (do inglês localisation, L10N) para o processo complementar de adaptação linguístico-cultural dos produtos, em função de cada mercado. 
DA REDE ÀS UNIVERSIDADES 
Este conjunto de processos e dinâmicas apresenta-se como um quadro bastante interessante para os profissionais da mediação linguística – não sendo por acaso que as áreas da tradução e da interpretação se tornaram objecto de especial atenção nos últimos tempos. 
O período subsequente à Segunda Grande Guerra coincidiu com o (re)nascimento do interesse pela tradução, tendo-se multiplicado os centros universitários de formação de tradutores e intérpretes. Por motivos óbvios, essa rede foi especialmente profícua nas estruturas multiestatais, nomeadamente na Europa, cujo potencial económico é indiscutível, podendo investir uma parte significativa do orçamento comunitário na perpetuação - e garante – do actual statu quo (multi)linguístico dentro das fronteiras da União Europeia. 
Recorde-se, a propósito, que, entre 1996 e 1999, o Conselho da Europa desenvolveu o Programa MLIS (Multilingual Information Society Program) que, graças a um orçamento de 15 milhões de euros, promoveu a diversidade linguística, o acesso à informação, a optimização do uso das novas tecnologias e o estímulo à criação de serviços multilingues (1). O relatório final da avaliação foi realizado pela ECOTEC Research and Consulting Ltd., entre Dezembro de 1999 e Junho de 2000, apresentando, no capítulo reservado às conclusões e recomendações (capítulo 7), um conjunto de prioridades que reproduzimos a seguir, salientando a terceira:
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«However, multilingualism within the EU has a special significance because of the strong nexus of economic, cultural and political issues involved. In the light of the evaluation findings there is a strong case for incorporating the following priorities in future programmes: 
. Priority 1 The need to stimulate demand for language services applying ICT. It is especially important to find ways to support SME in defining and implementing language strategies. Identifying good practice and stimulating interaction between resource holders, users and tool developers can assist this. 
. Priority 2 The need for some infrastructure and technical issues, IPR, standards, terminology etc. 
. Priority 3 The need to encourage the localisation of the Internet. This, however, is not only an EU issue. Localisation is likely to take place and there are not evident market failures. 
. Priority 4 The need to improve multilingual access to public sector information.» (ECOTEC 2000) 
Podemos completar estes dados com as informações de um segundo relatório, patrocinado pela Comissão Europeia, o SPICE-PREP II Report on eContent Localisation, vocacionado, neste caso, para a análise do impacto e difusão dos «conteúdos electrónicos» (e-contents). De entre os aspectos positivos da avaliação, salienta-se que: «Localisation services are a potential source of new skills and employment growth in all sectors related to eContent publishing» (EPS Ltd. & Equipe Consortium Ltd. 2000). Já agora, e embora este artigo não pretenda ser ele mesmo «localizado» para um ambiente nacional específico, dado que a revista que o acolhe é portuguesa e o autor é cidadão do Estado espanhol, não podemos deixar de salientar que o mesmo relatório estabelece a capacidade que os diversos Estados europeus têm de criar conteúdos electrónicos, utilizando como critérios a profundidade da localização dos sítios da Internet e a contagem das línguas utilizadas. A classificação diz que: «Lowest levels of localisation effectiveness (below the European average) are found in Germany, Greece, Poland, Austria, Spain, Hungary, Italy and Portugal.» Pouparemos, por ora, outros comentários. 
Na sequência das observações anteriores, parece-nos que a tradução de páginas e sítios da Internet devia ocupar um lugar de destaque nos programas académicos das instituições universitárias que formam os novos mediadores linguísticos. O relatório SPICE-PREP II a que aludimos não hesitou em recomendar que os Estados-membros da UE: 
«Promote the development of a programme of training and certification of translators to work in eContent localisation via appropriate education, employment and industry ministries and in collaboration with relevant translators’ professional bodies.»
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Porém, a realidade parece afastar-se ainda muito desse objectivo. A maior parte dos guias e manuais académicos vocacionados para a tradução parece continuar de costas voltadas para este universo profissional, aparentemente tão aliciante. Longe das explicações simplistas, que apontariam o dedo à paralisia do mundo académico, alguns dados ajudam-nos a esclarecer este ponto. Segundo os elementos fornecidos por M. Castells (2001), em finais de 1995 – que foi o primeiro ano de uso generalizado da Internet (World Wide Web) – havia cerca de dezasseis milhões de utentes no mundo. No início de 2001, havia mais de quatrocentos milhões. Em 2005, é provável que se atinjam os mil milhões de utentes, e os dois mil milhões em 2010. Estamos, então, apenas no início de um fenómeno extraordinário que o mesmo autor designa como «Galáxia Internet», parafraseando a Galáxia Gutenberg a que se referiu Marshall McLuhan. 
Valerá a pena considerar ainda um outro factor. Em 1997, Brian Harris fez um levantamento dos centros universitários de formação de tradutores e intérpretes em todo o mundo. Embora o trabalho contenha algumas imprecisões e omissões, é útil para se formular uma opinião geral. Por exemplo, é fácil notar que praticamente um em cada dois centros só foi criado depois de 1980. Por outras palavras, a formação universitária em tradução e interpretação é ainda recente (muito, quando comparada com outros cursos). A área académica é, portanto, nova, e o próprio sucesso da Internet também o é. Portanto, este não parece ser um mau momento para incorporar nos planos de estudos desta nova área, que acompanha o novo milénio globalizado, a localização de material da rede, com toda a importância que ela merece. 
ENSINAR A TRADUZIR PARA A INTERNET 
O estabelecimento de qualquer novo espaço académico que vise uma formação aplicada começa, necessariamente, por caracterizar o âmbito pretendido, a partir da definição das actividades a que diz respeito. Do nosso ponto de vista, essa definição deve incluir a função social pretendida, a que até aqui fizemos referência, e também as circunstâncias profissionais que a acompanham. Estas últimas devem contemplar ainda as aptidões que deverão ser desenvolvidas, bem como as estratégias formativas que terão de conduzir a esse objectivo docente. Tentaremos apresentar todos estes elementos nas alíneas a seguir. 
Nos bastidores da rede 
Uma boa forma de começar será pelo mais evidente. Olhemos, então, para os objectos de trabalho. A FIGURA 1 apresenta a imagem de uma página da Internet – a do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (<http://www.ivp.pt>).
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FIGURA 1. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. 
A FIGURA 1 é a captura da imagem do ecrã de um computador, na qual se vê um dos muitos programas de navegação da Internet. Este tipo de «programa informático» (software) permite aos utentes acederem às informações que outras pessoas colocaram na rede e, até, interagirem com elas. O exemplo mais conhecido para o ambiente Microsoft Windows – o padrão dominante do mercado – é o Internet Explorer (utilizado nesta captura). O maior concorrente do Explorer foi o Netscape, que foi o programa hegemónico antes ser substituído pelo Mozilla (http://www.mozilla.org), uma versão em «código aberto» (open source), que, juntamente com outros programas de navegação menos usados, como o Opera (<http://www.opera.com>), o Konqueror (habitual nas distribuições Linux, como o Mozilla, o Galeon e o Opera for Linux) ou o Jaguar (próprio do ambiente Apple), provavelmente não ultrapassam 10% das preferências dos utentes da rede. 
Para a maior parte das pessoas, esta imagem (FIGURA 1) corresponde ao que elas desejam saber acerca do funcionamento da Internet. Ou seja, do mesmo modo que, por via de regra, ninguém se coloca dúvidas relativamente ao funcionamento dos cartões multibanco quando pretende levantar dinheiro ou realizar pequenas operações de gestão, também não é habitural as pessoas interrogarem-se acerca da maneira como funcionam as páginas da Internet. Esta é, porém, uma questão que faz muito sentido para os técnicos que desenvolvem estes produtos e para todas as pessoas que trabalham com as páginas da Internet: gestores de projecto, técnicos de marketing, publicitários, designers e também, é claro, tradutores/localizadores. 
O que é que todas estas pessoas vêem «por detrás» da tela do computador? Com ligeiras diferenças, elas vêem algo semelhante a isto:
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FIGURA 2. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (código-fonte). 
Esta captura mostra o que se vê depois de carregarmos na opção «Exibir código-fonte» no menu do programa de navegação: uma série de códigos esquisitos, alternados com texto mais fácil de reconhecer, mas... nada de imagens, nada de cores, nada de caixas de diálogo, nada de música ou de qualquer elemento aliciante que habitualmente encontramos nas páginas da Internet. 
Na FIGURA 2, deparamo-nos com um texto redigido numa linguagem própria, ou, para ser mais exacto, um texto «marcado» com um sistema próprio: a HyperText Markup Language, também conhecida por HTML. O HTML não é uma linguagem de programação. É, simplesmente, um sistema que permite «formatar» as informações da linguagem natural de maneira a adequá-las a determinadas solicitações. Por outras palavras, de modo a que o programa de navegação que interpreta o código as mostre da forma como pretendemos. Tomando um exemplo muito simples: para conseguir que a tela do nosso computador exiba um texto em negrito no programa de navegação, devemos fornecer-lhe as regras de formatação que ele deve aplicar sobre o texto «puro». Com o HTML, utilizaríamos um sistema de «marcas» que, colocadas antes e imediatamente a seguir ao texto, conseguiriam o efeito visado. Neste caso concreto, para obtermos o resultado que pretendemos, deveríamos escrever a linha que vem a seguir num editor de texto (por exemplo, o Notepad do Windows) e, depois, arquivar o novo documento, escolhendo, em «Guardar como...», a opção HTML: 
<B>Isto é um texto em negrito</B> 
EXEMPLO 1.
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Se abrirmos o novo arquivo a partir do programa de navegação, o ecrã mostrar-nos-á apenas esta frase: 
Isto é um texto em negrito 
EXEMPLO 1B. 
O texto que ficou entre as duas marcas passou a estar formatado de acordo com as convenções HTML e as marcas do código-fonte deixaram de ser exibidas. Neste caso, o <B> (do inglês bold) indicava o início da aplicação do atributo «negrito» sobre um trecho de texto e a marca </B> o fim da aplicação desse formato. O elemento «/», que precede o símbolo que designa o atributo pretendido, indica convencionalmente, em HTML, o fim da aplicação desse atributo. Todo o texto a seguir, portanto, já não possui a característica com que «marcámos» a nossa frase. Daí, a referência que fizemos ao facto de o HTML ser um sistema de marcação, e não uma linguagem (de programação) em sentido estrito. 
O HTML nasceu a partir do Standard Generalized Markup Language (SGML), o padrão ISO 8879 para definir o formato e a estrutura de documentos electrónicos. O SGML é, na realidade, uma metalinguagem que permite definir linguagens mais específicas, como é o caso do próprio HTML. 
As primeiras versões do HTML (HTML 1 e HTML 2) foram desenvolvidas pela Internet Engineering Task Force (IETF), que se integrou no World Wide Web Consortium (W3C), do qual também fazem parte as empresas com maior presença na rede (Microsoft, Sun, IBM, Netscape, Adobe...). Este consórcio trabalha a partir de uma série de «Recomendações» que contêm indicações acerca dos padrões de determinados tipos de documentos. Antes das «Recomendações», porém, existem as «Notas», que são propostas sugeridas por organizações e em torno das quais podem ser constituídos «Grupos de Trabalho». Estes «Grupos de Trabalho» podem elaborar «Propostas-Rascunho» (Working Drafts) a partir das «Notas». As «Propostas-Rascunho» podem converter-se em «Propostas de Recomendação» e estas, por sua vez, nas «Recomendações» finais a que nos referimos (cf. <http://www.w3.org>, algumas das quais estão traduzidas em português europeu e/ou brasileiro). 
O W3C aprovou a versão 3.2 do HTML em 1997 e, a seguir, a 4.0. O HTML 3.2 é também conhecido como «estático» por apenas permitir um tipo de interacção com os visitantes: a hiperligação a outros documentos. Já as recomendações HTML 4.0 são os alicerces do HTML «dinâmico» (Dynamic HTML ou DHTML), pois: introduzem novas marcas e atributos que dão suporte às «folhas de estilo em cascata» (Cascading Style Sheets, CSS); permitem homogeneizar a aplicação de formatos e estilos a um mesmo documento ou em documentos diferentes (cf. a Directiva «Conselhos para fazer sítios web acessíveis», Web Accessibility Initiative em <http://www.w3.org/WAI/References/QuickTips/qt.pt.htm>); dão suporte às linguagens de instruções, como veremos adiante; e permitem recorrer a programas exteriores, applets (ou «aplicaçõezinhas», que são pequenos programas escritos em Java e executados dentro de uma página da Internet) ou controlos ActiveX, bem como utilizar recursos multimédia e bases de dados. Estes últimos elementos tornam as páginas da Internet muito mais interactivas.
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Também em 1997, o W3C publicou as primeiras recomendações para o Extensible Markup Language (XML), criado a partir do SGML (em certa medida, o XML é uma versão simplificada do SGML). O XML é uma metalinguagem que permite gerar novas linguagens, como o HTML (na verdade, ele permite definir marcas específicas para as aplicações). O XML permite definir as estruturas dos documentos, mas não a sua representação/formatação (2), como acontece com o Extensive HiperText Markup Language (XHTML), que foi desenvolvido a partir do XML e que está vocacionado para a criação de documentos bem estruturados e a aplicação de formatos. O XHTML é, em certa medida, a linguagem HTML à qual se aplicaram as normas XML. 
As novas versões dos programas de navegação da Internet já permitem processar os documentos criados segundo as especificações XML. Contudo, o número de utentes (em termos absolutos) que trabalham com as versões anteriores dos programas de navegação e com páginas que seguem as anteriores especificações HTML ainda é vastíssimo. 
Palavras e coisas: nem tudo dá nas vistas 
Podemos criar páginas da Internet – das versões mais básicas até às mais sofisticadas – utilizando uma aplicação tão simples como o Notepad do Windows, ou qualquer outro editor de características semelhantes que nos permita trabalhar com o código HTML. A estrutura mais elementar de uma página da Internet envolve a especificação da versão de HTML utilizada, conhecida como o «prólogo» do documento (na FIGURA 2, era <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN”>), seguida do documento estrito (entre os símbolos <HTML> e </HTML>), o qual inclui o cabeçalho (entre os símbolos <HEAD> e </HEAD>) e o corpo (entre os símbolos <BODY> e </BODY>). Na prática, o HTML 3.2 (que é muito menos «estrito» do que o XML) até permite prescindir das especificações HTML, HEAD e BODY. No exemplo que colocamos a seguir propomos, porém, uma estrutura mais ortodoxa: 
<!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 3.2 Final//EN”> 
<HTML> 
<HEAD> 
<TITLE>Um exemplo muito simples</TITLE> 
</HEAD> 
<BODY> 
<B>Isto é um texto em negrito</B> 
</BODY> 
</HTML> 
EXEMPLO 2. 
A primeira linha do exemplo indica que estamos perante um documento em HTML e que estamos a utilizar a «Declaração de Tipo de Documento» (DTD) que corresponde ao HTML 3.2 Final, em língua
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inglesa. A seguir, delimitamos o documento com as marcas <HTML> e </HTML>. Dentro delas, temos a secção correspondente ao cabeçalho, delimitado por <HEAD> e </HEAD>. Neste exemplo, incluímos também um título para o documento. Podíamos ter incluído outro tipo de explicações no cabeçalho, destacadas com marcas META (um tipo de símbolo que não é preciso delimitar com uma segunda marca para encerrar o processo) que se utilizam habitualmente para destacar as informações que irão ser interpretadas pelos robôs-indexadores dos motores de busca da Internet. Por exemplo: 
<META name=”keywords” lang=”eng” 
content=”translation,localisation,websites,webpages”> 
EXEMPLO 2B. 
Uma declaração como esta indicaria aos indexadores que, na nossa página, é possível encontrar informações sobre os assuntos especificados como «content». 
No corpo do documento, entre as marcas <BODY> e </BODY>, reproduzimos o exemplo que utilizamos acima. Se guardarmos, agora, o novo documento em HTML e deixarmos que um programa de navegação o interprete, veremos novamente esta frase no ecrã do nosso computador: 
Isto é um texto em negrito 
EXEMPLO 2C. 
Com efeito, as indicações incluídas no cabeçalho do nosso documento (o título e as palavras-chave) não são exibidas pelos programas de navegação (se não seleccionarmos a opção «exibir código-fonte», o que não faz muito sentido na consulta habitual das páginas da Internet). Verificamos, assim, que nem todo o texto de um documento é visível, se não desejarmos ver o código-fonte, ou se não utilizarmos programas de criação e edição de páginas e sítios da Internet bastante mais eficazes como o Dreamweaver, FrontPage, HomeSite ou NetObjects Fusion, para citarmos apenas alguns dos mais populares. Parece-nos que os futuros tradutores devem tomar isto em consideração. A localização de uma página da Internet deve permitir, por exemplo, que ela seja indexada pelos motores de busca «também» a partir de palavras-chave na língua-alvo. 
Na imagem que encontramos a seguir vemos como é que um desses editores, mais concretamente, o NetObjects Fusion 7, interpreta o exemplo proposto na FIGURA 1.
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FIGURA 3. 
Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, editada com o NetObjects Fusion 7. 
Este tipo de programas permite distinguir claramente o texto das imagens e, consequentemente, o texto que pode ser editado no processador do próprio programa (ou de outros programas) e aquele que só pode ser editado em modo gráfico. No mesmo exemplo, os botões «Comentários/Sugestões» ou «Sugira este site» fazem parte de imagens, não podendo ser editados como sucessões de caracteres num processador de textos (como acontece com o trecho «A TAP Air Portugal e o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto oferecem-lhe agora um passeio aos sabores do Norte»). 
Num parágrafo anterior, referimo-nos à possibilidade de criar páginas da Internet mais interactivas do que a simples apresentação de dados, através do HTML dinâmico, ou DHTML. Na prática, o DHTML é uma combinação de HTML com a JavaScript, uma linguagem de programação que esteve associada à Netscape, mas que, hoje, é suportada por quase todos os programas de navegação. Com esta linguagem, podemos escrever pequenas sequências de instruções que fazem com que as páginas tenham alguma versatilidade a partir de elementos bastante simples, como as mensagens em janelas, os formulários, as senhas de acesso e os botões, e de outros mais complexos, como a gestão de arquivos no disco rígido local (por exemplo, os cookies, ou «testemunhas», que as páginas visitadas utilizam para armazenar as preferências dos utentes). 
Partindo ainda do mesmo exemplo, acrescentamos, destacadas em negrito, as linhas de uma pequena sequência de instruções que faz com que apareça uma janela com um botão contendo a mensagem «Carregue aqui para ver o texto». Depois de carregar, o ecrã mostrará a frase que já conhecemos.
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<!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 3.2 Final//EN”> 
<HTML> 
<HEAD> 
<TITLE>Um exemplo muito simples</TITLE> 
<SCRIPT LANGUAGE=”JavaScript”> 
<!-- 
alert(“Carregue aqui para ver o texto”); 
// --> 
</SCRIPT> 
</HEAD> 
<BODY> 
<B>Isto é um texto em negrito</B> 
</BODY> 
</HTML> 
EXEMPLO 3. 
É evidente que nem todas as sequências de instruções são tão simples. Como afirmámos, os exemplos podem ser muito mais sofisticados (como acontece com o código-fonte da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, que vimos acima). Em <http://www.brainjar.com>, por exemplo, os leitores podem ver alguns espantosos exemplos de trabalho com JavaScript. 
Dizíamos acima que, actualmente, todos os programas de navegação conseguem interpretar o código JavaScript. Na realidade, porém, esta afirmação não é exacta. A Microsoft dispõe de uma versão própria, o Jscript, e, infelizmente, existem diversas versões de cada um deles, com diversos graus de incompatibilidade. A Associação Europeia de Fabricantes de Computadores (ECMA, <http://www.ecma- international.org>) já redigiu uma especificação sobre um padrão unificado, o ECMAScript. Porém, o facto de este misturar o JavaScript e o HTML, que também tem mais do que uma versão e diversos tipos de incompatibilidade em relação aos programas de navegação utilizados, faz com que a programação nesta área contenha alguns problemas particularmente delicados. 
As pessoas que nunca traduziram uma página da Internet começaram, certamente, a aperceber-se de que este processo supõe algo mais do que a simples versão para a língua-alvo do texto que surge no ecrã, cortando-o e colando-o no processador de texto. A tradução (ou localização) de material da Internet implica lidar com texto «puro» dos mais variados temas, juntamente com o código HTML, sequências de instruções, arquivos gráficos (JPEG, GIF, PNG, etc.) e elementos dinâmicos como: as animações multimédia criadas com o Macromedia Flash (<http://www.macromediaflash.com>), que é capaz de integrar, em pequenos clips («pequenos filmes»), o texto com desenho vectorial e até arquivos
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de som WAV (comprimidos em formato MP3 para poupar espaço); as apresentações em arquivos de vídeo digital (MOV, AVI, ou os novos «reis» do vídeo digital baseados no padrão MPEG4, que já integra os reprodutores pessoais: o DivX e o XviD, entre outros); a documentação em arquivos RTF, PostScript ou em documentos pré-formatados (Portable Document Format - PDF)... Por outras palavras, a tradução/localização de páginas e sítios da Internet implica ter de lidar com todo o tipo de material que se encontra na rede. 
Novas ferramentas para novas encomendas 
Seria uma grande ingenuidade esperar que uma única pessoa fosse capaz de satisfazer todo e qualquer tipo de encomendas de tradução de páginas da Internet. Além disso, convém não esquecer que a temática dos sítios susceptíveis de gerar encomendas profissionais é sempre especializada, de modo que os «meros conteúdos» das páginas (independentemente dos aspectos técnicos) revelam um nível de exigência bastante elevado. 
Quanto aos aspectos técnicos, vimos que podem estar relacionados com o tratamento do próprio código, ou com o processamento do material gráfico estático, dos elementos audiovisuais e de efeitos multimédia. A combinação de conhecimentos avançados em todas estas áreas com um alto nível de rigor profissional ultrapassa, claramente, os objectivos mais generalistas dos cursos universitários de formação de tradutores, até nas previsões de reforma do Processo de Bolonha (no que diz respeito à Europa Ocidental). 
Nada nos impede, porém, de tentar apetrechar os estudantes com uma visão panorâmica do processamento deste tipo de encomendas, das estratégias mais elementares para geri-las e do uso de algumas das ferramentas essenciais para enfrentá-las. 
Num trabalho recente, Daniel Gouadec (2003, 529-530) propõe um interessante modelo da estrutura geral das encomendas de localização de páginas da Internet. Para os nossos fins, julgamos suficiente a listagem sintética que reproduzimos a seguir:
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Ciclo operativo 
1. Recepção e gestão da encomenda. 
. Análise da encomenda (conteúdos e características). 
. Detalhes sobre a encomenda e negociação (consultas, orçamento). 
. Obtenção dos conteúdos (se eles não tiverem sido fornecidos directamente). 
. Classificação dos conteúdos (texto, código HTML, vídeos, bases de dados, etc.). 
2. Organização dos recursos humanos. 
. Distribuição da encomenda (por conteúdos, por características, etc.). 
. Planificação/temporalização do fluxo de trabalho. 
3. Organização dos recursos materiais. 
. Obtenção, análise e distribuição de documentação (amostras, catálogos, audiovisuais...). 
. Obtenção, preparação e distribuição dos recursos reutilizáveis (memórias de tradução, glossários terminológicos, etc.). 
4. Tradução / Localização. 
5. Controlo de qualidade. 
. Controlo da qualidade linguística (pontuação, redacção, estilo). 
. Controlo da homogeneidade (harmonia de escolhas). 
. Controlo da adaptação cultural. 
6. Integração dos conteúdos. 
7. Avaliação. 
. Verificação global. 
. (Re)início do ciclo operativo, quando aplicável. 
8. Entrega da encomenda. 
. Gestão da contabilidade (facturação, fiscalidade, arquivo de clientes). 
. Gestão do material gerado para utilização futura (bases de dados, memórias e gestores terminológicos). 
TABELA 1. 
Esta listagem, embora necessariamente superficial e incompleta, irá servir de guia para os parágrafos seguintes, que descrevem o panorama geral do nosso objecto profissional e académico. Para já, é importante reter que a tradução/localização de sítios da Internet envolve uma importante quantidade de processos de natureza diversa (tradução de texto, tradução/legendagem de vídeo digital, design gráfico, contabilidade, gestão de projectos, adaptação cultural, para referir apenas alguns). Como antes apontámos, não nos parece lógico supor que uma única pessoa seja capaz de satisfazer todo e qualquer tipo de encomendas de tradução de páginas da Internet (3). Porém, também é verdade que há profissionais que resolvem, eles mesmos, encomendas menos complexas. Por outro lado, como também apontámos, julgamos que é uma atitude prudente a de procurar dotar os estudantes de uma visão global do processo, de modo a facilitar-lhes a eventual inserção num ponto do fluxo de trabalho. Nos parágrafos seguintes, propomo-nos oferecer algumas indicações básicas neste sentido.
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Para começar, definimos, de modo intuitivo, um «sítio» de rede como o conjunto de uma série de páginas da Internet organizadas em pastas (as «directorias») que se relacionam entre si através de ligações hipertextuais. Idealmente, as páginas têm uma estrutura e uma aparência uniformes (eventualmente, mediante o uso de folhas de estilo – arquivos CSS – que permitem a sua homogeneização estilística), e podem remeter para documentos de características diferentes (documentação PDF ou RTF, vídeos, arquivos sonoros, etc.). Uma encomenda de tradução pode consistir apenas na tradução do texto «puro» fornecido pelo cliente, a qual será, posteriormente, inserida no sítio pelos técnicos de informática. Esta é a hipótese mais simples, que não requer qualquer tipo de conhecimentos técnicos para além daqueles que têm que ver com os conteúdos a traduzir. 
Porém, até este tipo de encomenda parte de uma necessidade inicial que qualquer profissional notará imediatamente: a geração de um orçamento prévio, que servirá como fonte para a facturação final. Na hipótese do texto «puro», a contagem de palavras não parece difícil, já que qualquer processador de texto (por exemplo, o popular – não quanto ao preço – Microsoft Word) consegue realizar esta tarefa ao carregarmos na opção «Contar palavras» no (sub)menu «Ferramentas». Uma aparente dificuldade tem a ver com a contagem de palavras em arquivos PDF. Mas, neste caso, se não dispusermos de um programa específico (o Adobe Acrobat <http://www.adobe.com> é o melhor exemplo), bastará cortar o texto e colá-lo no ecrã do Word para se fazer a contagem. 
A elaboração de orçamentos para arquivos HTML é que requer outro tipo de ferramentas (4), das quais nós salientamos o Aquino WebBudget. 
FIGURA 4. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, processada pelo Aquino WebBudget 2.51, com uma contagem das palavras do texto que devem ser traduzidas.
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Na FIGURA 4 mostramos a captura do ecrã do computador a processar a página que estamos a utilizar como exemplo. O WebBudget 2.51 permitia realizar uma contagem apurada do texto a traduzir, distinguindo claramente as marcas, os caracteres com/sem espaços ou o texto JavaScript. A partir destes dados, poderíamos ainda (carregando em «Process») obter um orçamento a partir de qualquer preço por palavra/linha/carácter estabelecido por nós (bem como a unidade monetária: euros, dólares, etc.), pronto para imprimir e/ou exportar para diversos formatos (HTML, RTF, entre outros). Alguns tradutores até utilizavam este programa shareware (ou «suporte lógico partilhado», um programa de livre cópia para avaliação, que pressupõe o registo e pagamento em caso de utilização prolongada) para traduzir pequenas encomendas, limitando-se a substituir o texto original pelo texto traduzido e guardando o novo documento. Recentemente, a Aquino lançou o WebBudget XP, que aumentou as funções de gestão e, também, de tradução de páginas e sítios da rede. 
FIGURA 5. 
Orçamento elaborado pelo Aquino WebBudget 2.51, a partir da contagem anterior de palavras. 
Na página da Internet da Aquino (<http://www.webbudget.com>), podemos descarregar um interessante programa freeware (ou «suporte lógico gratuito», programa distribuído, gratuitamente, através da Internet), o Aquino FreeBudget, que permite efectuar uma contagem apurada de diversos tipos de arquivos, excepto os PDF e HTML, e gerar orçamentos em diversos formatos. Para os tipos de documentos com que não consegue trabalhar, existem alternativas como o TotalAssistant (<http://www.surefiresoftware.com/totalassistant>). 
A elaboração do orçamento pode referir-se apenas ao texto puro, às páginas (ou o sítio completo) em suporte físico, mas também à operação que Daniel Gouadec inclui na sua listagem, denominada «aspiração» ou descarga do sítio da rede. Felizmente, o número de clientes de FTP e de programas de navegação off- line («não em linha») é já bastante significativo (WebReaper <http://www.webreaper.net> ; WinHTTrack e
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WebHTTrack <http://www.httrack.com> para Windows 9x/NT/2000/XP e Linux/Unix, respectivamente...), pelo que os profissionais contam com um bom leque de ferramentas para descarregar, sem dificuldade, a estrutura completa de um sítio da rede para o disco rígido, de modo a poderem trabalhar à vontade com todos os arquivos. No artigo citado, Daniel Gouadec destacava um outro programa bem conhecido, o programa de navegação off-line WebCopier (<http://www.maximumsoft.com/products/wc_windows/overview.html>). Na prática, a automatização dos processos faz com que essa «aspiração» não apresente mais dificuldades do que cortar e colar pastas entre duas janelas do ambiente Windows. 
O orçamento poderá também contemplar a localização de um outro elemento bastante característico dos conteúdos electrónicos, conforme referimos acima: as imagens. Felizmente, hoje também podemos encontrar programas capazes de analisar os diferentes arquivos a tratar com programas de design mais específicos (no caso de oferecermos nós próprios este tipo de serviços), como o AdobePhotoshop. No capítulo dos programas que permitem analisar os pormenores dos diferentes tipos de imagens do projecto, podemos citar o GIA - Globalization Image Assistant <http://www.ImageGlobalization.com>. A seguir, mostramos uma captura desse programa, a processar as ilustrações da página que temos vindo a utilizar como exemplo. 
FIGURA 6. Imagens da página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, 
processadas pelo Globalization Image Assistant GIA 1.8.1. 
O GIA consegue preparar relatórios pormenorizados, em que se podem incluir as principais características das imagens (como as dimensões, o tamanho e o tipo de arquivo), o texto original e o texto-alvo e, a partir destes, a contagem de palavras. Também identifica as imagens multiframe (múltiplas imagens captadas simultaneamente), incluindo as animações GIF. Além disso, permite incluir comentários específicos relativos à natureza das imagens. Alguns destes vêm já pré-definidos, como vemos no
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revista de tradução científica e técnica 
menu contextual da FIGURA 6, dizendo respeito, por exemplo, ao carácter etnocêntrico ou ofensivo das imagens. Com todos estes dados, é possível gerar documentos em formato Word ou Excel para fornecer aos designers, ao cliente, ou para alimentar o nosso próprio fluxo de trabalho, se pertencermos a uma agência que ofereça serviços globais de localização. 
O W3C sugere, relativamente à internacionalização das páginas da Internet, que se facilite também a localização das imagens. Uma boa estratégia a seguir pelos fornecedores de conteúdos electrónicos é a de trabalhar a partir de camadas editáveis independentemente. No exemplo anterior, seria possível criar uma imagem única a partir da sobreposição de duas imagens prévias, uma delas mostrando o cacho de uvas e a outra exibindo o texto «Bem-vindo ao Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto». Desse modo, o tradutor/localizador teria apenas que mudar o texto da segunda. Infelizmente, o número de gestores de conteúdos de rede que seguem estes conselhos é ainda pouco significativo, embora se preveja que, no futuro próximo, estes conselhos sejam respeitados, facilitando o trabalho de criação de conteúdos multilingues e de localização. 
O núcleo central dos projectos de tradução/localização de páginas da Internet é, sem dúvida, a tradução do texto, que surge misturado com o código HTML ou em arquivos para descarga, nomeadamente em formato RTF ou PDF. Assumimos que todos os tradutores dispõem de um programa ou conjunto de aplicações que consegue trabalhar com o formato RTF. Na hipótese de não contarem com o Adobe Acrobat para criar e alterar os documentos PDF (o Acrobat Reader é um progrma shareware que apenas permite a sua leitura), dispõem de alternativas em código aberto, como o Xpdf (<http://www.xpdf. com>), ou freeware, como o pdf995 (<http://www.pdf995.com/download.html>). 
Quanto ao texto que vem misturado com o código HTML, o problema é mais grave. Qualquer alteração acidental das marcas de código tem consequências imprevisíveis na integridade do sítio. Embora assumamos que os profissionais e os aprendentes têm conhecimentos básicos do código HTML, não esperamos que tenham um conhecimento exaustivo (e actualizado!) das convenções que afectam fundamentalmente uma área profissional tão especializada como é a da criação do apoio técnico para os conteúdos electrónicos. 
Uma revolução relativamente recente no trabalho dos tradutores foi a introdução, no fluxo de trabalho profissional, dos programas que gerem as «memórias de tradução», os dispositivos informáticos capazes de armazenar pares de segmentos textuais equivalentes que resultam do processo de tradução, ou então do «alinhamento de textos», quer dizer, do emparelhamento de segmentos de traduções prévias ou de textos paralelos. Pode consultar-se, em linha, uma boa descrição deste tipo de dispositivos e da sua utilidade na prática profissional em Webb. 
Um programa útil para traduzir páginas da Internet deve combinar a capacidade de isolar o texto puro das marcas de código com a possibilidade de gerar e (re)utilizar memórias de tradução. Provavelmente, o padrão na última destas áreas continua a ser definido ainda hoje pela Trados (<http://www.trados. com>). Há vários anos que a Trados distribui no mercado, com grande êxito, produtos que simplificam o trabalho dos profissionais da tradução, pois combinam memórias, gestão terminológica, alinhamento de texto, tradução de recursos e executáveis, apresentações ou arquivos de folhas de cálculo, e a
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revista de tradução científica e técnica 
tradução de texto marcado (HTML ou os formatos nativos de QuarkXPress, PageMaker ou Ventura). O TagEditor é, mais concretamente, a aplicação que utilizamos para esta última função. 
FIGURA 7. Ambiente de trabalho no TagEditor 5.5.2.257, 
a exibir as marcas para o texto da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. 
Outra função interessante do TagEditor é a capacidade de exibir os resultados das traduções e confrontá-los com a página original. Esta possibilidade é especialmente útil, por exemplo, nas ocasiões em que o espaço ocupado pelas palavras de cada uma das línguas é diferente (devido ao número de letras), podendo alterar a formatação da página e interferir com elementos extratextuais, como as imagens. A FIGURA 8 exemplifica esta função, mostrando a versão original à esquerda e a versão parcialmente traduzida à direita. 
FIGURA 8. Ambiente de trabalho no TagEditor 5.5.2.257, a exibir em modo WYSIWYG 
as versões original e parcialmente traduzida para espanhol (atente-se na coluna da direita) 
da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
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Outro programa que combina a gestão das encomendas (distinguindo texto e imagens e permitindo a contagem de palavras e arquivos gráficos), o isolamento do texto a traduzir, ocultando as «marcas» (tags), e que permite utilizar uma memória de tradução autónoma é o CatsCradle, que tem, além disso, a vantagem de ser freeware (<http://www.stormdance.freeserve.co.uk>). 
FIGURA 9. Ambiente de trabalho e contagem de palavras e gráficos a traduzir a partir da função «Catálogo» do CatsCradle 2.8, com a página do exemplo anterior. 
Na imagem do ecrã da FIGURA 9, vemos o módulo de tradução do CatsCradle em duas colunas, com o texto original à esquerda e a tradução à direita (nesta captura, o texto apresenta-se ainda por traduzir). Em sobreimpressão, aparece uma descrição da página que deverá ser traduzida (o «Catálogo»), com a contagem das palavras e dos gráficos com que iremos trabalhar na localização. Repare-se que o programa apresenta unicamente os segmentos de texto que devem ser traduzidos, ocultando as marcas. O CatsCradle inclui também uma memória de tradução e um gestor terminológico, que permitem reutilizar os segmentos que já foram traduzidos em novas traduções. A memória utiliza um sistema de cores (azul e verde) para identificar os segmentos traduzidos e deixa ao utilizador a liberdade de escolher o momento em que ela pode ser actualizada. 
O CatsCradle consegue trabalhar em modo WYSIWYG (What You See Is What You Get). A opção «Navegador em tempo real» permite exibir no ecrã os resultados parciais da tradução, tal como ela irá ficar.
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FIGURA 10. Página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, capturada 
e importada com CatsCradle 2.8, pronta para ser traduzida (em modo WYSIWYG). 
O CatsCradle tem ainda uma outra capacidade interessante que é a de abrir um editor de instruções para localizar os applets em JavaScript que possam estar inseridos nas páginas, como aconteceu no nosso EXEMPLO 3. 
FIGURA 11. O editor de instruções do CatsCradle 2.8 a ser utilizado para traduzir 
o código JavaScript inserido no Exemplo 3.
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A versão XP do Aquino WebBudget combina três possibilidades: a de gerar orçamentos a partir da contagem de palavras e de imagens, o isolamento do texto a traduzir e uma aplicação para descarregar sítios completos. 
FIGURA 12. O Aquino WebBudget XP a preparar um orçamento para a tradução da página do 
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. 
A tradução de páginas da Internet também pode envolver o trabalho com clips de vídeo, que tanto podem estar inseridos na página, como ser oferecidos para descarga. Um dos formatos mais habituais é o MOV, nativo da QuickTime (<http://www.apple.com>), que concorre com outros tipos de arquivo, como o ASF da Microsoft, o AVI (Audio Video Interleave), o RealMedia, o Xvid e o DivX (os novos MPEG4, que concorrem com o padrão de compressão MPEG2 que encontramos nos DVD convencionais). O trabalho com vídeo digital conta, felizmente, com um número importante de ferramentas shareware e freeware (ligeiramente menos para o ASF, que não é um formato livre), que permitem resolver as encomendas mais simples, já que as mais complexas ultrapassam, habitualmente, as capacidades dos tradutores independentes e das pequenas agências de tradução. O SubtitleWorkshop (<http://urusoft.co.nr>) é um programa shareware que permite legendar o vídeo digital, bem como exportar o resultado para os formatos mais habituais. Embora não consiga trabalhar com arquivos MOV, é possível convertê-los em outros tipos de arquivos com os quais se pode trabalhar a partir de programas de distribuição livre, como as RAD Video Tools (<http://www.radgametools.com>). Com este programa (que é, na realidade, um conjunto de aplicações) ou com outras ferramentas (cf. <http://www.doom9.org>), podemos também misturar vídeos com arquivos de áudio diferentes («multiplexá-los») (se tiverem sido fornecidos pelo cliente), acrescentar/modificar legendas, etc. Alguns dos formatos de áudio mais comuns são o AC3 (para Dolby Digital), os mais leves MP3 e OGG (o OGG é em código aberto) e o mais pesado WAV.
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FIGURA 13. O clip de vídeo Libre, de Joaquín Oristrell (<http://www.haymotivo.com>), 
a correr no programa de legendagem Subtitle Workshop 2.03. 
Um factor habitualmente menosprezado na formação de tradutores, mas que nós não queremos deixar de lado, tem a ver com a operação com que abrimos esta epígrafe: a gestão das encomendas, do ponto de vista profissional, que inclui a criação de orçamentos, as estratégias de fidelização dos clientes e o fluxo de trabalho. Habitualmente, a tradução de sítios da Internet faz parte de encomendas que ultrapassam o carácter pontual. Na prática, as empresas do comércio electrónico necessitam de contar com actualizações periódicas dos conteúdos multilingues das suas páginas. Obviamente, nenhuma delas estará disposta a remunerar as actualizações das páginas, mantendo os preços das primeiras traduções. A reciclagem de material traduzido (e, portanto, o uso de memórias de tradução a que já nos referimos) é praticamente inevitável nestes casos, devendo a gestão de orçamentos e a facturação adequar-se a este facto. 
Os profissionais encontram, hoje, no mercado, produtos vocacionados especificamente para a sua actividade profissional que permitem gerir o ciclo de trabalho, calcular orçamentos e aplicar descontos a partir da utilização de ferramentas de tradução assistida. Um bom exemplo deste tipo de produtos é o Translation Office 3000 (<http://www.translation3000.com>), um conjunto de aplicações e de bases de dados relacionadas que permite administrar, com eficácia, pequenos trabalhos de tradução.
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FIGURA 14. Janela de inserção do perfil dos clientes no Translation Office 3000 v.7. 
Temos vindo a apresentar algumas das ferramentas essenciais ao trabalho dos tradutores/localizadores das páginas da Internet. Dadas as características deste trabalho e a magnitude do tema (a casuística é praticamente impossível de delimitar), não pretendemos fazer mais do que mencionar brevemente as circunstâncias profissionais que envolvem as encomendas e que nos permitem caracterizar as fases da sua reprodução em ambiente de sala de aula. No artigo de D. Gouadec, a que nos referimos, o autor citava um produto informático bastante interessante: o WordFast (<http://www.champollion. net>). Trata-se de um conjunto de macroinstruções desenvolvidas para trabalhar em conjunto com o Microsoft Office (em combinação com as +Tools, que podem descarregar-se na mesma localização como produto freeware) e que são capazes de reproduzir, a um custo reduzidíssimo, muitas das funções de outros programas comerciais. Alguns dos programas que aqui apresentámos, como o CatsCradle, partilham essa mesma característica, por ser nossa convicção que a formação de tradutores deve incluir, não só o conhecimento das ferramentas mais habituais no desempenho profissional, como também o desenvolvimento do espírito crítico em relação à supremacia, aparentemente inquestionável, dos programas comerciais mais (re)conhecidos e a procura de alternativas que permitem poupar recursos. Trata-se, por outras palavras, de adquirir a capacidade de optimizar a gestão profissional. 
Por este motivo, na nossa óptica, a formação de tradutores deve incluir, necessariamente (e não apenas na área da localização de conteúdos electrónicos), uma referência aos programas de código aberto. Neste momento, existem várias alternativas à hegemonia do ambiente Microsoft Windows, baseadas no sistema operativo Linux, relacionado com a licença GNU (<http://www.gnu.org>), que permite realizar um número ilimitado de cópias dos produtos que adquirimos (ou que obtemos directamente da Internet), modificá-las e adequá-las às nossas necessidades, redistribuí-las ou até vendê-las novamente, sem estarmos a cometer uma ilegalidade.
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Embora a tradução ainda não seja uma área privilegiada na criação e na difusão de programas especialmente concebidos para o sistema operativo Linux, já existem algumas excepções (v. uma boa mostra em <http://www.linuxfortranslators.org>). Na verdade, um tradutor pode começar a sua actividade profissional, de forma eficaz e sem grande necessidade de reciclar os seus conhecimentos, com uma distribuição como a Mandrake (<http://www.mandrakelinux.com/pt>), que corre também em língua portuguesa (já existem produtos criados em Portugal, como a Caixa Mágica 
<http://www.caixamagica.pt/pag/a_index.php>, que lançou, recentemente, a versão Desktop 8.1 Pro). Para os não-iniciados, há uma excelente distribuição, que corre sem instalação a partir de um CD-ROM, o Kurumin (a ISO do CD-ROM pode descarregar-se a partir de <http://www.guiadohardware.info>), que foi criado no Brasil por Carlos Morimoto e que é baseado na Knoppix (<http://www.knoppix.org>), que já foi (re)organizada no Kalango (<http://www.kalango.org>). Há também diversos editores de texto capazes de processar, com eficácia, textos em HTML, DHTML e XTM, como o Quanta 
(<http://quanta.sourceforge.net>), o BlueFish (<http://sourceforge.net/projects/bluefish>) ou o NVU (<http://www.nvu.com>). A Linux é uma magnífica plataforma para gerir servidores da Internet a partir do Apache (<http://www.apache.org>), que também conta com uma versão para Microsoft Windows. Uma das ferramentas de criação de páginas dinâmicas mais usadas no mundo (senão mesmo a mais usada), que é também um produto em código aberto, é o PHP (<http://www.php.net>). 
O ambiente Linux dispõe de um magnífico programa para trabalhar com arquivos gráficos, para editar imagens, botões e até animações: o Gimp (<http://www.gimp.org>). A jóia da coroa dos programas de código aberto é o OpenOffice (<http://www.openoffice.org>), um conjunto de aplicações com prestações equivalentes às do Microsoft Office, que lançou recentemente a versão 1.1 (tem também uma versão paralela, de carácter comercial, o StarOffice), que até exporta directamente arquivos em formato PDF. O mundo dos programas de código aberto merece ser conhecido pelos tradutores, merecendo, também, ser apresentado nas aulas: é só experimentar, conferir e escolher a cada momento a opção que melhor se adapta às nossas necessidades. 
FIGURA 15. O programa de edição de páginas da Internet, Quanta 3.1, 
correndo na distribuição Mandrake 9.1, com o gerenciador de ambiente Gnome 2.2, 
a editar a página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
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Naturalmente, os programas de código aberto são muito mais do que uma ferramenta informática de baixo custo: eles são a expressão última de uma nova filosofia, de um modo diferente de entender a Sociedade Global que nos rodeia. O acesso maciço às novas tecnologias da informação e da comunicação tem nos programas de código aberto um instrumento de democratização fundamental, como se constata pela leitura deste trecho de um relatório recente de The Internet Society para a UNESCO (Maxwell ed. 2000): 
«The impact of open source software in less developed countries can result in: 
• Easy access to software products. Open source software can be easily available for individuals and companies in less developed countries. 
• Cost-effective transfer of software technology. Developed countries can make cost-effective contributions to less emerging economies by helping them to adopt free software technologies. Since there is no royalty or per-copy fees, the cost of this transfer is really low for the contributor country. Contributions can be focused in training, localization and contextualization with a great multiplier factor. 
• Direct access to software technology. Emerging economies can be granted access to leading edge software technologies without having to pay expensive royalties.» 
A notícia recente (16.02.2004) da existência de uma equipa de trabalho no Ruanda a localizar a OpenOffice para kynyarwanda, a língua maioritária do país, que ainda não tem palavras para designar os computadores (v. <http://news.com.com/2102-7344_3-5159179.html?tag=st.util.print>), é suficientemente reveladora. Contudo, as recomendações do relatório não são válidas apenas para os países do Terceiro Mundo. No estado espanhol, na Comunidade Autónoma da Extremadura, a Junta de Extremadura lançou um ambicioso programa de inserção maciça dos cidadãos extremenhos na Sociedade da Informação (v. <http://www.nccintegrared.org>), baseado no uso de uma distribuição que foi desenvolvida para esse efeito em 2002, a LinEx, que contém conjuntos de aplicações (processador de texto, apresentações, finanças), programas para gerir a ligação à Internet (navegador, IRC – Internet Relay Chat [sistema de conversação multiutilizador, em directo], correio electrónico) e actividades relacionadas com o lazer, como vídeos, música e jogos. O último exemplo que citaremos vem de França, mais concretamente, do Programme Gouvernamental ADELE – Plan Strategique de l’Administration Électronique (P2AE) 2004-2007 do Ministère de la Fonction Publique, de la Réforme de l’État et de l’Aménagement du Territoire, Secrétariat d’État à la Réforme de l’État (<http://www.adae.gouv.fr/ article.php3?id_ article=315>). Vejamos o que nele se diz (5):
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« b) Instaurer une véritable politique d’emploi des logiciels 
Les ministres de l’Union européenne, réunis à Côme les 7 et 8 juillet 2003, ont encouragé leurs administrations à utiliser des standards ouverts. Par ailleurs, ils ont pris note de l’intérêt croissant pour l’utilisation des logiciels libres dans les administrations publiques. 
L’objectif du gouvernement français n’est pas d’imposer un recours systématique aux logiciels libres et aux standards ouverts dans l’administration, mais de veiller à ce que l’ensemble de l’offre – y compris celle reposant sur le logiciel libre – soit prise en compte au moment du choix, l’interopérabilité et la mutualisation devant rester les principes fondateurs de ce choix. 
Les bénéfices de l’emploi des logiciels libres pour les systèmes d’information des administrations de l’État et des services publics sont en effet de plusieurs ordres : 
– Accéder à un patrimoine considérable de logiciels souvent de qualité et conformes aux normes ; 
– Maîtriser le rapport coût total de la solution/adéquation aux besoins, par le renforcement de la concurrence, afin de maintenir ce ratio à un niveau le plus bas possible ; 
– Maîtriser les logiciels eux-mêmes et pouvoir s’assurer de leur pérennité. Cet argument prend une résonance particulière dans des domaines touchant à la sécurité tels que l’authentification et l’identité du citoyen ou ceux relatifs à l’intégrité, à la confidentialité et à l’accessibilité des données au cours du temps; 
– Capitaliser les nombreux développements réalisés par et pour l’administration afin de faire bénéficier rapidement l’ensemble des administrations d’un logiciel d’intérêt général développé pour une entité administrative donnée. 
Pour qu’existe une véritable concurrence entre différents fournisseurs, y compris sur les postes de travail et les logiciels de bureautique, l’ADAE étudiera avec les départements ministériels l’opportunité de faire migrer sur des solutions «libres» une partie des postes de travail des agents de l’État.»
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FIGURA 16. O programa de design gráfico Gimp 1.2.3 e o processador de textos do OpenOffice 1.1 correndo na distribuição Mandrake 9.1, com o gerenciador de ambiente Gnome 2.2. 
UMA PROPOSTA DE PROGRAMAÇÃO DOCENTE 
Como avançámos acima, o propósito deste artigo não era apresentar todos os casos que envolvem a tradução de páginas da Internet. Este tipo de trabalho daria, com certeza, para um volume monográfico que, no entanto, não deixaria de ser incompleto. Felizmente, a criatividade humana não tem limites. Os conteúdos da Internet são um exemplo excelente dessa mesma criatividade, reflectindo as suas características. Contudo, as informações anteriores oferecem uma primeira impressão da tarefa que nos propomos descrever. 
No início deste texto, salientámos a necessidade de descrever um novo espaço académico, tendo presentes a sua função social e características profissionais, bem como as estratégias de formação adoptadas, de forma a adequá-las aos objectivos da formação. É sobre este último aspecto que nos detemos a seguir. 
Tendo presentes as sugestões de Gouadec (2003, 529-530), propomos os momentos de formação que constam desta lista:
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TABELA 2. 
Qualquer proposta de organização de um curso académico apresenta um certo grau de subjectividade, e esta que nós apontamos não tem intenção de escapar a essa contingência. Prescindimos, para começar, de mais pormenores relativamente ao tipo de curso. A localização de páginas da Internet (ou, se preferirmos, de «conteúdos electrónicos») tanto pode constituir seminários específicos, como integrar-se em programas de carácter mais generalista (por exemplo, Solà 2003, 81-82). O plano que propomos admite, portanto, diversos graus de profundidade de tratamento, pois, além do factor tempo, haveria outras questões a considerar (de que nós prescindimos) como as que Jean Quirion (2003, 555- 556) menciona a propósito da localização dos programas informáticos: 
Ciclo prático 
1. Criação de conteúdos electrónicos (I). 
A construção e a edição de páginas e sítios de rede. Linguagens de instruções, sistemas de marcação e bases de dados. 
3. Planificação e gestão de conteúdos electrónicos. Internacionalização e localização: conceitos e padrões. 
2. Criação de conteúdos electrónicos (II). 
Arquivos de texto. Gestão terminológica e utilização de memórias de tradução. 
3. Criação de conteúdos electrónicos (III). 
Arquivos de imagem e material audiovisual. 
4. Localização de conteúdos electrónicos (I). Análise e gestão das encomendas. 
5. Localização de conteúdos electrónicos (II). 
Resolução global das encomendas. 
6. Localização de conteúdos electrónicos (III). Controlo de qualidade e avaliação (testing). 
Ciclo teórico 
1. Introdução. A rede Internet. Sítios de rede, páginas da Internet e suportes para os conteúdos electrónicos 
2. Fundamentos da comunicação intercultural. 
3. Planificação e gestão de conteúdos electrónicos. Internacionalização e localização: conceitos e padrões.
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  • 1.
  • 2. A CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica é uma revista independente e transdisciplinar que tem por objectivo reunir estudiosos, tradutores, especialistas, clientes e outros profissionais que trabalham com a tradução nas áreas das Ciências Exactas e Naturais, Engenharias e Tecnologias, Ciências da Saúde, Ciências Jurídicas, Economia e Localização de e para a língua portuguesa em toda a sua diversidade. A CONFLUÊNCIAS é uma publicação em formato electrónico, de acesso livre e gratuito. COLABORADORES. Comissão de Redacção. Ana Hermida Ruibal (Portugal) Edite Prada (Portugal) Eliene Zlatkin (Brasil) Ida Rebelo (Brasil) Isabel Coutinho Monteiro (Portugal) Steve Dyson (Portugal) Vicky Hartnack (Portugal) Comissão Científica. Amparo Hurtado Albir (Espanha) Ana Julia Perrotti-Garcia (Brasil) André Antunes Soares de Camargo (Brasil) Antonio Augusto Gorni (Brasil) Artur Portela (Portugal) Carlos Castilho Pais (Portugal) Christianne Nord (Alemanha) Conceição Carvalho (Macau) Diva Cardoso de Camargo (Brasil) Eduardo Lopes d’Oliveira (Portugal) Enilde Faulstich (Brasil) Fernando A. Navarro (Espanha) Fernando Ferreira-Alves (Portugal) Francisco José Magalhães (Portugal) Heloisa Gonçalves Barbosa (Brasil) Hermínio Duarte-Ramos (Portugal) Jacques Pélage (França) Jacques Vissoky (Brasil) João Roque Dias (Portugal) Jorge Cruz (Portugal) José Antonio Sabio Pinilla (Espanha) Manuel Gomes da Torre (Portugal) Margarita Correia (Portugal) M.ª Manuela Fernández Sánchez (Espanha) M. Teresa Cabré (Espanha) Oscar Diaz Fouces (Espanha) Pedro Coral Costa (Portugal) Ricardo Muñoz Martín (Espanha) Rodolfo Alpízar Castillo (Cuba) Rute Costa (Portugal) Sonia Collina (Estados Unidos da América) Steve Dyson (Portugal) Virgínia Matos (Portugal) Vivina Figueiredo (Portugal) FICHA TÉCNICA. Directora. Rosário Durão. Directora-Adjunta. Manuela Paiva. Assessora. Isabel Nogueira. Periodicidade. Semestral (Maio e Novembro). Entidade Proprietária e Editor. Maria do Rosário Frade Durão. Contribuinte N.º. 152 886 486. Morada e Sede de Redacção. Rua Jorge Colaço, 35, 4.º Esq. – 1700-252 Lisboa – Portugal. Telefone. +(351)218 408 731 ou +(351)936 294 337. Página da Internet. <www.confluencias.net>. Correio-e. confluencias@confluencias.net. ISSN. 1645-9350. © CONFLUÊNCAS – Revista de Tradução Científica e Técnica. I
  • 3. 1 Editorial 3 Cartas à CONFLUÊNCIAS 6 Artigos e Comunicações Tradução e Localização Jacques PELAGE Les défis de la traduction juridique 8 Oscar DIAZ FOUCES A Localização de Páginas da Internet na Formação de Tradutores 16 Vicky HARTNACK Short Terms, Long Search: Trying to Make Sense of Abbreviations 53 Terminologia e Lexicologia Ana Julia PERROTTI-GARCIA Reflexões sobre as Qualidades de Um Bom Glossário Técnico: Limites e Limitações 68 Ida REBELO Léxico, Regras e Idiossincrasias 77 Entrevista Entrevista a Jacques VISSOKY. Médico-Tradutor Brasileiro 88 Notas e Apontamentos Maria João B. REIS Traduzindo Fitness na Teoria da Complexidade 93 Maria José FIGUEIREDO Uma Dificuldade de Tradução Filosófica 95 Rosário DURÃO Temos Uma Disciplina 97 Glossários André Antunes Soares de CAMARGO Vocabulário Jurídico do Direito de Empresa no Novo Código Civil Brasileiro 99 Hermínio DR Confluência Polissémica na Terminologia Gráfica 105 Recensões Críticas e Resumos de Teses e Dissertações Jorge CRUZ Medicina e Farmácia em 11 Línguas 115 Ana Hermida RUIBAL Diccionario español-portugués/português-espanhol de términos comerciales, económicos y jurídicos 117 Relatórios de Eventos e Actividades Chrys CHRYSTELLO «3.o Colóquio Anual Internacional da Lusofonia» 120 Rosário DURÃO E Manuela PAIVA Duas Acções de Formação: «Seminário de Terminologia e Terminografia» e «A Localização de Páginas da Internet» 122 Manuela PAIVA «Entrega do Prémio de Tradução Científica e Técnica – 2004» 124 Ângela RODRIGUES «VI Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa» 126 Notas sobre os Autores 129 ÍNDICE
  • 4. 3 Iniciamos aqui uma nova proposta editorial. Um espaço de CONFLUÊNCIAS. Um fórum de todos os agentes do universo da tradução – académicos, tradutores, clientes, especialistas... Um veículo de saberes e experiências da tradução – científica, técnica, tecnológica... Um lugar em português e outras línguas sobre a tradução de e para a língua portuguesa – de Portugal, do Brasil e de todos os outros países ou territórios onde se traduz de português ou para português ... Um sítio de reflexão, diálogo, incentivo – de todos nós, para todos nós... Estas são as grandes orientações da CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica, publicação que acompanha o esboço de uma tendência para se falar da tradução especializada e para se criarem conteúdos sobre tradução especializada, fazendo-o, singularmente, do ponto de vista da língua portuguesa. O contexto não podia ser melhor. Um mundo onde tudo adquire contornos globais torna o conhecimento e a sua transmissão em todas as línguas e entre todas as línguas a matéria-prima mais valiosa. Aumentam as exigências aos tradutores, aos formadores, aos investigadores. Diversifica-se o entendimento e a prática da tradução. Começa-se a normalizar a profissão. Melhora-se a formação dos tradutores, abrindo-a às realidades profissionais. Investiga-se a tradução em todas as suas dimensões. São numerosas, pois, as oportunidades que se nos apresentam. Por isso, dedicámos este número 1 da semestral CONFLUÊNCIAS ao tema «Desafios e Perspectivas da Tradução Científica e Técnica». E, de facto, os artigos que nela publicamos espelham bem a latitude dos mesmos. Jacques Pélage situa os desafios da tradução jurídica ao nível do conceito, dos tradutores e das situações que a envolvem, apontando-lhe boas, mas variáveis, perspectivas. CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
  • 5. 4 Para Oscar Diaz Fouces, a localização é uma das melhores expressões de um novo momento histórico, sendo o conhecimento e ensino da tradução de páginas da Internet um grande desafio das instituições de ensino superior e, naturalmente, uma excelente oportunidade para as novas gerações que desejam fazer da tradução um meio de vida. Já Vicky Hartnack mostra como a tradução de siglas, acrónimos e abreviaturas em textos económicos e financeiros escritos em português é um desafio constante para os tradutores, devido a fenómenos como o empréstimo de designações estrangeiras ou a coexistência com outras equivalentes na nossa língua, apontando diversas estratégias para a sua resolução. E porque a relação entre a Tradução, a Terminologia e a Lexicologia é estreita, publicamos os artigos de Ana Julia Perrotti-Garcia, que enumera as características dos bons glossários, que tão necessários são aos tradutores de Ciências e Tecnologias, e de Ida Rebelo, que transporta para a criação de novas palavras o processo de decisão que atravessa todo o acto de traduzir. E como a CONFLUÊNCIAS se propôs, ela mesma, o desafio – talvez o mais arriscado – de congregar muitas vozes nas suas páginas, destacamos o percurso que levou o médico Jacques Vissoky à tradução de Medicina e o seu convite implícito para que a formação de tradutores contemple, mais amiúde, esta área do conhecimento. Sublinhamos também os apontamentos de Maria João B. Reis e Maria José Figueiredo, que dão conta da utilidade de material de referência numa terceira língua e de quanto a tradução de Filosofia se aproxima do rigor, tradicionalmente associado às Ciências e Tecnologias. Chamamos, ainda, a atenção para os glossários que ora se publicam, um no âmbito do Direito, o outro sobre Terminologia Gráfica, dos nossos colaboradores André Antunes Soares de Camargo e Hermínio DR. E porque a divulgação do que se vai escrevendo e realizando em torno da tradução é a melhor forma de a consolidar e aprofundar, publicamos aqui recensões a dois dicionários e relatos de alguns eventos e acções de formação. Não menos importante para o florescer de uma área do conhecimento e da experiência prática é o diálogo crítico em seu redor. Este foi o motivo da secção «Cartas à CONFLUÊNCIAS», que, neste número inaugural, contém os comentários de alguns dos nossos colaboradores à ideia da revista, mas que esperamos venha a tornar-se um espaço onde as reacções e contributos dos nossos leitores aos conteúdos da revista tenham um lugar cativo. O objectivo principal deste número 1 foi, pois, contribuir para lançar o debate sobre a tradução científica e técnica, especialmente de e para a língua portuguesa. A sua continuidade depende de todos nós.
  • 6. 5 Não gostaríamos de concluir este editorial sem agradecer às pessoas que tão amavelmente se disponibilizaram a escrever para a revista, e a todas as que têm ajudado a tornar a CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica um nome conhecido de alguns. Um agradecimento muito especial à extraordinária equipa editorial, particularmente ao Prof. Doutor Francisco José Magalhães, pela amizade e apoio constante, e ao Prof. Doutor Carlos Castilho Pais, pelo seu optimismo e exemplo de dinamismo. À União Latina também, nas pessoas da Dr.a Maria Renée Gomes e do Dr. Daniel Prado, o nosso muito obrigada pelo valioso contributo que deram, alojando as nossas páginas no seu sítio durante os seus primeiros meses de vida. Por um futuro auspicioso, feito de muitas vozes e de muitos universos... ROSÁRIO DURÃO
  • 7. 6 Congratulo-me com a iniciativa que, amavelmente, traz ao meu conhecimento. O panorama das publicações na área da tradução técnica é, como sabe, paupérrimo. Uma iniciativa editorial desta natureza reveste-se, pois, do maior interesse. [...] tenho de me confessar deliciada com a ideia da Revista. Virgínia Matos Tradutora independente de Biologia, Biotecnologia e Medicina Antes de mais, saúdo a sua iniciativa para criar uma revista que acolha opiniões sobre a tradução em Portugal. De facto, durante muito tempo, foi negado à tradução (tanto ao seu ensino como à sua prática) o estatuto de disciplina académica. Os (órgãos) universitários olhavam com suspeita para uma actividade que, bem vistas as coisas, estava na base dos conhecimentos que lhes chegavam quando gerados em línguas estranhas e aos quais nunca teriam acesso se a tradução não tivesse intervindo. Depois, quando as universidades e outras instituições de ensino superior começaram a investir na formação de tradutores, foram os tradutores praticantes, na maior parte dos casos sem preparação específica, que viam mal aqueles que iam saindo das escolas com uma formação (necessariamente básica) em tradução. Suponho que esta segunda dificuldade ainda não foi totalmente ultrapassada devido à existência de um inaceitável corporativismo retrógrado. Serve este arrazoado para lhe dizer que o surgimento de uma revista que divulgue o que se vai fazendo em tradução é algo para festejar. Manuel Gomes da Torre Professor Catedrático Fundador do primeiro curso de Licenciatura em Tradução em instituições portuguesas de ensino superior, fundador e criador do Mestrado em Estudos de Tradução De fato, infelizmente muito pouco foi feito na área de traduções técnicas para a língua portuguesa. No Brasil, lamentavelmente, isso vem sendo «resolvido» com a incorporação de termos técnicos estrangeiros à língua, já que falta um mecanismo de padronização de ampla aceitação. Isso ocorre inclusive com termos de amplo uso, como os da área de informática. Daí a importância desta iniciativa... António Augusto Gorni Engenheiro de Materiais e editor-técnico da revista Plástico Industrial, professor no Departamento de Metalurgia da UniFEI-Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004 Enviar correspondência para: cartas@confluencias.net
  • 8. 7 As publicações sobre tradução em língua portuguesa – quase sempre tratam de tradução literária e realmente há muito que investigar em Portugal sobre as traduções não-literárias para poderem/podermos formar melhor os futuros tradutores licenciados e termos, consequentemente, traduções de melhor qualidade em Portugal. Ana Hermida Ruibal Tradutora independente e doutoranda em Tradução e Linguística. Sim, li o blurb e, de facto, acho o projecto interessante e inovador. [...] É a responsabilidade de todos nós fazermos sair uma publicação de qualidade. Vicky Hartnack Tradutora e Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Como director de Panace@: Revista de Medicina y Traducción, ya en su quinto año y con 16 números publicados, me apresuro a enviar os mis mejores deseos de éxito. Además de publicaciones hermanas por su contenido, Panace@ y CONFLUÊNCIAS son también hermanas de origen, pues escribo desde suelo ibérico. Fernando Navarro Médico-Tradutor e Director da revista Panace@
  • 9. 8 LES DÉFIS DE LA TRADUCTION JURIDIQUE JACQUES PELAGE Chercheur-formateur Résumé d’Article: La traduction juridique est un défi pour le traducteur, d’une part, parce qu’il s’agit d’une notion aux frontières incertaines, d’autre part, parce que le contenu et le niveau des connaissances requises doivent répondre à des besoins divers, et, enfin, parce que les perspectives qui s’offrent aux traducteurs juridiques sont réelles mais doivent être appréciées en fonction de diverses situations. Les textes juridiques sont des normes ou des discours sur les normes. Or celles-ci peuvent s’appliquer à des domaines autres que le droit. La notion de texte juridique est donc marquée du sceau de la relativité, ce qui a une incidence sur le contenu et le niveau des connaissances nécessaires au traducteur. Une connaissance des disciplines juridiques est nécessaire au traducteur juridique occasionnel, au traducteur juridique spécialisé et au traducteur assermenté, pour comprendre les discours, pour les réexprimer correctement, mais aussi pour avoir un regard critique sur les sources documentaires. En outre, certaines disciplines relèvent de la culture générale, tandis que d’autres appartiennent à des secteurs très spécialisés : d’où des niveaux de technicité variables chez les traducteurs. Les perspectives de la traduction juridique doivent être envisagées dans plusieurs cadres d’exercice de la profession et en fonction du statut des langues en présence dans un cadre donné. Les traducteurs lusophones ont certainement une carte à jouer car, tant au Portugal qu’au Brésil, le droit a assimilé des apports étrangers et son étude constitue en soi une ouverture sur d’autres systèmes juridiques. Mots-Clés: Traduction juridique; Discours juridique; Connaissance spécialisée. CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
  • 10. 9 Resumo: São vários os motivos pelos quais a tradução jurídica constitui um desafio para os tradutores: a imprecisão do próprio conceito, o facto de o conteúdo e nível de conhecimentos exigidos do tradutor variarem segundo a natureza das soliticações e a necessidade de interpretar as perspectivas reais que se oferecem ao tradutor à luz das mais diversas situações. Os textos jurídicos são normas legais, ou discursos sobre normas legais, que, por se reportarem frequentemente a outras áreas do conhecimento, relativizam a noção de «texto jurídico», reflectindo-se no tipo e nível de conhecimentos do tradutor. Os tradutores jurídicos — dos ocasionais aos especializados e ajuramentados — devem conhecer todas as áreas do direito, pois só assim saberão compreender e reexprimir os textos correctamente e avaliar as fontes documentais de forma crítica. Por outro lado, se algumas áreas do direito exigem apenas uma boa cultura geral, outras há cujo grau de especialização não dispensa um tradutor verdadeiramente especializado, o que significa que não se pode falar de um tradutor jurídico padrão, mas, antes, de tradutores jurídicos com diferentes níveis de competência técnica. As perspectivas da tradução jurídica são também variadas, diferindo segundo os modos de exercer a profissão e o estatuto de cada língua. Os tradutores lusófonos, por exemplo, têm um papel importante a desempenhar, tanto em Portugal, como no Brasil, porque os seus sistemas jurídicos assimilaram conceitos vindos de outros e porque o estudo dos seus próprios sistemas depende da abertura aos outros. Palavras-Chave: Tradução jurídica; Discurso jurídico; Conhecimento especializado. Abstract: Legal translation presents a number of challenges. First, the very concept of “legal translation” is ill- defined. Second, the content and level of understanding required to do the job must accommodate a range of needs. And lastly, the prospects open to legal translators, though real, must be interpreted in relation to a range of situations. Legal documents are rules of law, or discourses thereon, which often cover areas other than law. The concept of the legal document is thus unavoidably relative, which, in turn, affects the content and level of understanding required of the translator. Like the specialist, sworn and occasional legal translators need to know about various legal fields if they are to understand the discourse and re-express it correctly while keeping their critical guard up when using documentary resources. And whereas certain types of work require general knowledge, others demand truly specialised knowledge. As a result, the type of work determines the technical competence required of the translator. The outlook for legal translation needs to be considered in relation to the various ways of exercising the profession and according to the status of the languages involved. Translators working into or out of Portuguese certainly have a role to play, be it in Portugal or Brazil, as their legal systems adopt concepts from abroad, which means that studying these systems means reaching out to others. Keywords: Legal translation; Legal discourse; Specialized knowledge.
  • 11. 10 Danica Seleskovitch, qui fut à l’origine de la théorie interprétative en traduction et de l’école dite de Paris, disait parfois qu’il faut bien distinguer les problèmes de la traduction des problèmes des traducteurs. Certes, on ne peut tracer une frontière étanche entre les deux, et on note que Danica elle- même a fort bien expliqué que la pratique de l’interprétation de conférence est un bon observatoire des phénomènes de transfert interculturel. Pour montrer que le traductologue doit, cependant, prendre du recul par rapport aux faits de traduction, elle rappelait aussi que ce n’est pas en théorisant sur les accidents d’avion que l’aéronautique a progressé. C’était, sans doute, une façon de montrer les limites des écrits qui se contentent de gloser sur des erreurs de traduction. Mon propos, aujourd’hui, est surtout orienté vers les problèmes des traducteurs et les compétences qui leur sont nécessaires pour aborder la traduction juridique, un défi permanent. Comme d’habitude, mon optique sera plus technique que linguistique. Tout d’abord, je me livrerai à quelques réflexions sur la notion de traduction juridique (I), puis j’exposerai mes idées sur le contenu et le niveau des connaissances requises chez le traducteur juridique (II), pour, enfin, livrer au lecteur quelques considérations relatives aux perspectives de la traduction juridique (III). I. Quelques reflexions sur la notion de traduction juridique Ne revenons pas sur les caractéristiques du « langage du droit » dans les différents systèmes juridiques, car ils ont été abondamment exposés par les spécialistes de la linguistique et du droit comparé. Rappelons seulement que le traducteur ne travaille pas sur des langues, mais sur des discours. Il doit, par conséquent, être familiarisé avec les différentes formes de discours existant dans les systèmes dans le cadre desquels sont produits les textes qui lui sont soumis : discours du législateur, du juge, du jurisconsulte, du praticien, pour reprendre une classification habituelle. Toutefois, la question se pose de savoir si la traduction juridique se limite à la traduction de discours juridiques ou si elle peut dépasser ce cadre. C’est la nature même du Droit qui impose cette question. En effet, il a une double particularité : celle d’édicter des normes, d’une part, celle de régir tous les domaines de l’activité humaine, d’autre part. Evidemment, ceci peut être déterminant dans le choix du traducteur. I. 1. Textes énonçant le droit Les textes qui énoncent le droit sont des discours normatifs ou des discours sur les normes. Dans la première catégorie entrent les textes législatifs, textes de loi au sens formel, ou réglementaires, des « lois » au sens fonctionnel, à savoir des décrets ou des arrêtés, qui émanent du pouvoir exécutif. On peut y rattacher certaines décisions de justice, car le juge ne se contente pas toujours de dire le droit : il le crée, par exemple dans le système de Common Law dont la cohérence se fonde sur la règle du précédent, ou encore en droit administratif français, construit en partie sur la jurisprudence du Conseil d’Etat. Le discours normatif, au sens large, peut donc être l’oeuvre du parlement, du pouvoir
  • 12. 11 exécutif, ou du judiciaire. Mais les contrats, qui sont « la loi des parties », peuvent également être considérés comme des normes privées. Tous ces textes sont a priori juridiques, notamment parce qu’ils obéissent généralement à des règles de forme propres au domaine juridique : par exemple, en droit français, rédaction subdivisée en articles dans la loi, existence de visas dans un règlement, organisation en attendus dans une décision de justice. Dans un sens plus large, on doit, selon moi, inclure dans cette catégorie les textes émanant de la doctrine et même ceux des commentateurs et des vulgarisateurs qui font connaître le droit. Le critère de la juridicité d’un texte devient alors un objet relevant de ce que l’on appelle les grandes branches du droit privé – droit de la famille, des obligations, des biens, des successions, droit commercial, droit du travail –, du droit public – droit constitutionnel, droit administratif, droit international public, finances publiques –, et du droit pénal. A noter que le découpage du droit en branches n’est pas le même dans tous les systèmes. Toutefois, les discours sur les normes n’ont pas les effets de droit qui sont le propre des textes normatifs. I. 2. Textes ayant des effets de droit Doit-on, pour autant, considérer comme juridiques, du point de vue strict de la traduction, tous les textes qui produisent un effet de droit ? Concrètement, une loi relative à la recherche sur les embryons est-elle plus juridique que médicale ? La réponse ne va pas de soi. En effet, les lois et les règlements peuvent, dans le monde moderne, régir des activités agricoles, industrielles ou commerciales : ils ne sont donc pas juridiques par leur contenu. C’est pourquoi j’ai souvent parlé de textes mixtes, dans lesquels la dominante peut ne pas être le droit, en dépit d’un caractère normatif évident. En bref, certains textes sont juridiques par leur forme, leur contenu et leurs effets. D’autres ne remplissent pas ces trois conditions, ce qui amènera les donneurs d’ouvrage à réfléchir sur le choix du traducteur. La notion de traduction juridique doit donc être envisagée suivant ces quelques réflexions sommaires : la traduction juridique, stricto sensu, est la traduction des textes qui relèvent des domaines couverts par les branches du droit dans un système juridique donné, qu’il s’agisse de discours normatifs ou de discours sur les normes. Elle peut éventuellement porter sur tout texte produisant un effet de droit, mais il y a lieu alors de s’interroger sur le domaine d’activité visé ainsi que sur la nature et le dosage des compétences à mettre en oeuvre dans l’opération traduisante. D’ailleurs dans certaines cultures, les rites sociaux ou la religion couvrent des domaines couverts par le droit : ainsi, un texte peut devenir juridique dans une société, alors qu’il ne l’était pas à l’origine. La notion de texte juridique est donc marquée du sceau de la relativité.
  • 13. 12 II. Contenu et niveau des connaissances requises chez le traducteur Tout d’abord, il y a lieu de distinguer le traducteur juridique occasionnel, du traducteur juridique spécialisé et du traducteur assermenté. Pratiquement tous les traducteurs sont amenés à traduire des textes juridiques au sens large : un traducteur technique sera confronté à un contrat ; un traducteur littéraire trouvera dans une oeuvre le déroulement de procès. Cela n’a rien d’étonnant, car le droit d’un pays fait naturellement partie de la composante culturelle que tout traducteur doit pouvoir prendre en considération. En outre, le droit, comme d’ailleurs la science, fait partie jusqu’à un certain degré de technicité de la culture générale de l’homme moderne. Soyons catégorique : il ne faut pas choisir le métier de traducteur si l’on est allergique au droit, qui, répétons-le, imprègne toutes les activités humaines du monde moderne ; il ne faut pas non plus s’offusquer de voir un ingénieur traduire un texte dit juridique mais à dominante technique. Ce sera un traducteur juridique occasionnel, à moins qu’il n’entreprenne de se spécialiser dans le droit. Quant au traducteur juridique spécialisé, il doit être un initié, c’est-à-dire maîtriser les concepts, la terminologie et l’organisation de la matière du droit dans les système de la langue d’arrivée et de celle de départ. Le traducteur assermenté, quant à lui, doit avoir ce profil, mais il a parfois à établir une traduction certifiée d’un texte non juridique : son rôle est celui d’un expert chargé de mettre sa compétence à la disposition d’autorités administratives ou judiciaires. On voit donc que les connaissances requises en traduction juridique sont variables. Je précise que ces connaissances peuvent être élevées sans être pour autant sanctionnées par un des diplômes nécessaires aux spécialistes du droit que sont les juristes. Mais l’expérience ne doit pas faire oublier le recours à la connaissance, nécessaire même aux traducteurs chevronnés dès lors qu’ils refusent l’à-peu-près. II. 1. La raison d’être des connaissances juridiques On sait que les connaissances des langues ne suffisent pas pour exercer la profession de traducteur. La compréhension complète d’un texte n’est possible que si l’on connaît le domaine traité ; la connaissance de ce domaine permet également la réexpression fidèle dans la langue d’arrivée du discours compris. Disons, par parenthèse, que l’approche technique de l’initié garantit des performances plus rapides que l’approche linguistique, car le langage spécialisé s’acquiert en même temps que la spécialité elle- même : le médecin, l’ingénieur et le juriste n’ont pas besoin d’un enseignement à base linguistique pour s’exprimer dans leurs domaines de compétence. Toutefois, cela ne signifie pas qu’ils ne commettent pas de fautes de langue dans leur propre spécialité. C’est pourquoi, par exemple, les spécialistes de la linguistique et de la stylistique juridiques insistent toujours sur des erreurs qui se répètent chez les praticiens du droit : en français, on ne doit pas dire que la loi « stipule », car elle « dispose » ; « conjointement et solidairement » recèle une contradiction ; « termes et conditions » ne correspond pas à l’anglais « terms and conditions ».
  • 14. 13 En bref, le traducteur juridique doit connaître le droit, non seulement pour bien comprendre le texte et en restituer le sens, mais encore pour avoir un regard critique sur les solutions proposées par les dictionnaires et les manuels de toutes sortes, dont beaucoup mériteraient de subir le même sort que la bibliothèque de Cervantes. Il faut également se méfier des traductions antérieures, car certaines erreurs se transmettent de traduction en traduction, grâce, notamment, aux outils informatiques. II. 2. Le contenu des connaissances requises en traduction, à la lumière de la pratique Evidemment, on n’en sait jamais trop, mais le pragmatisme amène à conseiller au traducteur non-juriste de ne pas se disperser. Il me semble que tout dépend de la sphère dans laquelle le praticien va exercer ses talents : dans les organisations internationales et les institutions communautaires, il doit avoir une bonne connaissance des institutions et des traités. Mais je ne pense pas que le traducteur libéral ait souvent à utiliser de telles connaissances : pour lui, la priorité revient aux droits des contrats, des biens, des sociétés, du commerce international. Quant à l’expert auprès des tribunaux, il doit avoir des idées claires sur l’organisation judiciaire et les procédures. Certaines connaissances juridiques doivent faire partie de la culture générale de tous les traducteurs : contour des branches du droit dans un système donné, bases du droit constitutionnel, théorie générale des obligations. D’autres ne sont indispensables que dans certaines formes de traduction spécialisée : régimes matrimoniaux, droit des successions, sûretés, par exemple. Enfin, le niveau de technicité des textes signifie que le degré de compétence des traducteurs est également variable. Au niveau le plus élevé, le traducteur doit pouvoir collaborer avec le juriste à l’étude d’un dossier en langue étrangère. Dans la pratique, il est souvent fait appel, dans ce cas, à un juriste dit linguiste, mais le résultat n’est garanti que s’il s’est réellement formé à l’exercice de la profession de traducteur. III. Quelques considérations sur les perspectives de la traduction juridique Il faut se garder des considérations trop générales, car plusieurs situations sont à examiner. Ainsi, il faut tenir compte du cadre dans lequel s’effectue la traduction (relations internationales, cadre européen), du donneur d’ouvrage (organisme public, juridiction, ou particulier), de la portée juridique de la traduction (texte faisant foi, ou simple information), des langues en présence (statut dans un cadre donné). Ceci peut aboutir à distinguer plusieurs sous-marchés de la traduction juridique, ce qui implique des contraintes différentes pour le traducteur. Au risque de me tromper, ce dont le lecteur voudra bien m’excuser, je vais m’en tenir à l’exemple de la traduction de portugais.
  • 15. 14 III. 1. Le cadre de la traduction Le portugais est une des langues les plus parlées dans le monde, et les relations culturelles et économiques dans cette langue sont importantes. D’où un besoin réel de bonnes traductions juridiques vers cette langue ou à partir d’elle. Toutefois, il semble que ce soit le portugais du Brésil qui pèse le plus dans ces relations, d’où la nécessité de se documenter sur le droit brésilien, dans son ensemble, sans se contenter de s’interroger sur les institutions politiques. En Europe, le portugais, important comme langue de culture, se heurte au poids économique et institutionnel de l’anglais, du français et de l’allemand. Il ne semble pas destiné à devenir une langue-pivot dans l’Union Européenne. Mais cette situation peut se transformer en avantage pour les traducteurs lusophones, dont le niveau dans les trois langues citées est généralement élevé. En effet, le droit civil, tant au Portugal qu’au Brésil, a été influencé successivement par le droit français et par le droit allemand, ce qui donne au traducteur des possibilités d’approche comparative que n’ont pas, dans la plupart des cas, les germanophones et les francophones. Enfin, il existe en portugais d’excellents ouvrages destinés aux praticiens du droit : traités et formulaires juridiques, notamment. Il y a là des outils fort utiles pour ceux qui traduisent vers le portugais. Aussi bien à Bruxelles, qu’à Luxembourg ou à Strasbourg, les traducteurs juridiques portugais ont des atouts à faire valoir. D’une manière plus générale, en particulier sur les marchés privés, ils ont leur place s’ils possèdent de bonnes connaissances des droits allemand, anglais et français. III. 2. Le statut des langues C’est une question à avoir à l’esprit dans le choix des combinaisons linguistiques. Des langues européennes ont le statut de langue officielle dans le cadre des Nations Unies : l’anglais, l’espagnol et le français. A la Chambre de Commerce Internationale, dont le siège est à Paris, les deux langues de base sont l’anglais et le français. Dans les Institutions européennes, ces deux langues sont aussi au premier rang. Si la domination de l’anglais est nette dans les domaines économique et technique, le français marque encore le système juridique européen en cours de création. Les Lusophones qui ont le courage d’approfondir le droit de Common Law et le droit français ont une carte unique à jouer, car, en dehors de la traduction proprement dite, les besoins ne manquent pas dans des domaines voisins, tel celui de la terminologie. A noter que la documentation juridique en anglais et en français est abondante et d’accès facile. Toutefois, les dictionnaires et formulaires bilingues sont à manier avec précaution. J’en parle avec d’autant plus de liberté que c’est un terrain sur lequel je me suis moi-même aventuré.
  • 16. 15 Conclusion La traduction juridique est un défi parce que les perspectives d’activité pour les traducteurs me semblent réelles. Je me permets de dire que les écoles de traducteurs ont pris du retard en la matière, parce que deux tendances antagonistes s’y sont manifestées : l’une consistant à voir dans la traduction juridique une forme de traduction générale dans laquelle une vague teinture juridique pourrait suffire, l’autre y voyant un domaine réservé aux juristes en raison d’une technicité réelle bien que non visible à l’oeil nu. A l’inverse, trop de juristes ont cru qu’il suffisait de quelques connaissances en langues étrangères pour traduire. Or le seul moyen pour les traducteurs de s’adapter aux différents cadres institutionnels, et aux divers donneurs d’ouvrages, est de bien maîtriser l’organisation des principales familles de droit, les concepts et la phraséologie des langues de travail, bref d’avoir une véritable culture juridique. Les juristes doivent aussi jouer un rôle à la périphérie de la traduction, notamment en terminologie, à condition qu’ils prennent conscience du fait que la traduction est une authentique spécialité.
  • 17. 16 A LOCALIZAÇÃO DE PÁGINAS DA INTERNET NA FORMAÇÃO DE TRADUTORES OSCAR DIAZ FOUCES Universidade de Vigo Para o Francisco Magalhães, Coração de Leão Resumo: Este artigo caracteriza sinteticamente o espaço académico da localização de páginas da Internet a partir do papel social que corresponde a essa actividade e das principais circunstâncias profissionais que ela envolve. Palavras-Chave: Localização; Tradução; Páginas da Internet; Conteúdos electrónicos; Formação académica Abstract: This paper presents a brief analysis of website localization in the academic world considering the activity’s social role and the main characteristics of the profession. Keywords: Localization; Translation; Web pages; Electronic content; Academic training. PRELIMINAR (QUASE) DESNECESSÁRIO Os teóricos das Ciências Sociais distinguem habitualmente três «revoluções» no mundo ocidental, começando pela Revolução Industrial que, no século XIX, trouxe mudanças fundamentais como a substituição da sociedade de castas pela sociedade de classes, o deslocamento maciço das populações do campo para as cidades, a sua integração no caos da organização industrial e o correspondente choque psicológico. Já no século XX, esta revolução iria sofrer um processo de aceleração histórica que CONFLUÊNCIAS - Revista de Tradução Científica e Técnica, N.o 1, Nov. 2004
  • 18. 17 coincidiu com o extraordinário desenvolvimento tecnológico, nomeadamente, das (tele)comunicações. Este processo receberia uma nova dinâmica com as crises energéticas dos anos 60 e 70, acompanhando o alvor da sociedade pós-moderna (ou, por outras palavras, da sociedade «da informação») que caracterizou o último quartel do século XX e os primeiros anos do XXI, ainda agora encetado (v. Lucas, García & Ruiz 1999). Entre as características desta nova era, encontra-se o aumento da mobilidade - social, física e psicológica - que abalou os modelos de organização social tradicionais e transformou a «comunicação» na palavra de ordem. É, hoje, um lugar-comum afirmar que uma pessoa tem acesso a mais informação num só dia do que alguém nascido nos primeiros anos do século XVIII, em toda a sua vida. A possibilidade de transmitir informações de forma maciça e virtual para o mundo inteiro (embora sujeita às limitações impostas pelas várias formas de censura ideológica e os muito menos subtis constrangimentos económicos) está directamente relacionada com a criação, pela primeira vez, na história da Humanidade, de uma área de intercâmbio comercial, baseada no mercado livre, e de âmbito global. Não será por acaso que nos referimos a este fenómeno pelo nome de «globalização». Um dos traços mais relevantes desta nova dinâmica é o processo, também maciço, de alargamento das redes de comunicação, cujo símbolo (e suporte) maior é a Internet. A importância deste fenómeno até pode ser quantificada. Atente-se, por exemplo, a estes dados: «Según un estudio de la Universidad de California, Berkeley (Lyman y Varian, 2000), en la web hay unos 550.000 millones de documentos (95% de ellos abiertos al público), y la información on line está creciendo a un ritmo de 7,3 millones de páginas web al día. [...] La producción anual de información en todo el mundo y bajo diversas formas es de 1500 millones de gygabites, de los cuales el 93% se produjo en formato digital durante el año 1999.» (Castells 2001, 108) A eficácia do processo de comunicação numa rede de transmissão de informações que abrange todo o planeta implica, obviamente, a presença de conteúdos próprios e de estratégias de comunicação ad hoc. A mais evidente é a necessidade de optimizar esses conteúdos para atingir o público-alvo da forma mais eficaz. Dado que esse público é, por definição, heterogéneo quanto à sua origem, a planificação atenta dos elementos linguístico-culturais das mensagens e das informações parece ser uma necessidade premente. O facto de o inglês ser, actualmente, «a língua» universal da comunicação não parece ser incompatível, por enquanto, com a tendência para a especialização linguística dos produtos que circulam na rede, nomeadamente (mas não só) os produtos informáticos. Na verdade, detecta-se uma tendência crescente nesse sentido. Num interessante texto de divulgação publicado na versão digital de The Atlantic Monthly, em Novembro de 2000 («What Global Language?» <http://www.theatlantic.com/ issues/2000/11/wallraff3.htm>), Barbara Wallraff afirmava:
  • 19. 18 «According to one estimate that has been widely repeated over the past few years, 80 percent of what’s available on the Internet is in English. Some observers, however, have recently been warning that this may have been the high-water mark. It’s not that English-speakers are logging-off — au contraire — but that people are increasingly logging on, to search out or create content in their own languages. As the newsletter that The English Company prepared for the British Council asserted in September of 1998, “Non English Speakers are the Fastest Growing Group of New Internet Users”.» O aumento da diversificação linguística dos produtos e conteúdos informáticos desencadeou um conjunto de dinâmicas económicas e linguístico-culturais que têm hoje designações específicas. Na gíria técnica, é habitual apelidar «internacionalização» (do inglês internationalisation, abreviado como I18N) ao processo de criar produtos e depurá-los de forma a poderem ser consumidos em qualquer parte do mundo por um teórico público-alvo global. Reserva-se ainda a etiqueta de «localização» (do inglês localisation, L10N) para o processo complementar de adaptação linguístico-cultural dos produtos, em função de cada mercado. DA REDE ÀS UNIVERSIDADES Este conjunto de processos e dinâmicas apresenta-se como um quadro bastante interessante para os profissionais da mediação linguística – não sendo por acaso que as áreas da tradução e da interpretação se tornaram objecto de especial atenção nos últimos tempos. O período subsequente à Segunda Grande Guerra coincidiu com o (re)nascimento do interesse pela tradução, tendo-se multiplicado os centros universitários de formação de tradutores e intérpretes. Por motivos óbvios, essa rede foi especialmente profícua nas estruturas multiestatais, nomeadamente na Europa, cujo potencial económico é indiscutível, podendo investir uma parte significativa do orçamento comunitário na perpetuação - e garante – do actual statu quo (multi)linguístico dentro das fronteiras da União Europeia. Recorde-se, a propósito, que, entre 1996 e 1999, o Conselho da Europa desenvolveu o Programa MLIS (Multilingual Information Society Program) que, graças a um orçamento de 15 milhões de euros, promoveu a diversidade linguística, o acesso à informação, a optimização do uso das novas tecnologias e o estímulo à criação de serviços multilingues (1). O relatório final da avaliação foi realizado pela ECOTEC Research and Consulting Ltd., entre Dezembro de 1999 e Junho de 2000, apresentando, no capítulo reservado às conclusões e recomendações (capítulo 7), um conjunto de prioridades que reproduzimos a seguir, salientando a terceira:
  • 20. 19 «However, multilingualism within the EU has a special significance because of the strong nexus of economic, cultural and political issues involved. In the light of the evaluation findings there is a strong case for incorporating the following priorities in future programmes: . Priority 1 The need to stimulate demand for language services applying ICT. It is especially important to find ways to support SME in defining and implementing language strategies. Identifying good practice and stimulating interaction between resource holders, users and tool developers can assist this. . Priority 2 The need for some infrastructure and technical issues, IPR, standards, terminology etc. . Priority 3 The need to encourage the localisation of the Internet. This, however, is not only an EU issue. Localisation is likely to take place and there are not evident market failures. . Priority 4 The need to improve multilingual access to public sector information.» (ECOTEC 2000) Podemos completar estes dados com as informações de um segundo relatório, patrocinado pela Comissão Europeia, o SPICE-PREP II Report on eContent Localisation, vocacionado, neste caso, para a análise do impacto e difusão dos «conteúdos electrónicos» (e-contents). De entre os aspectos positivos da avaliação, salienta-se que: «Localisation services are a potential source of new skills and employment growth in all sectors related to eContent publishing» (EPS Ltd. & Equipe Consortium Ltd. 2000). Já agora, e embora este artigo não pretenda ser ele mesmo «localizado» para um ambiente nacional específico, dado que a revista que o acolhe é portuguesa e o autor é cidadão do Estado espanhol, não podemos deixar de salientar que o mesmo relatório estabelece a capacidade que os diversos Estados europeus têm de criar conteúdos electrónicos, utilizando como critérios a profundidade da localização dos sítios da Internet e a contagem das línguas utilizadas. A classificação diz que: «Lowest levels of localisation effectiveness (below the European average) are found in Germany, Greece, Poland, Austria, Spain, Hungary, Italy and Portugal.» Pouparemos, por ora, outros comentários. Na sequência das observações anteriores, parece-nos que a tradução de páginas e sítios da Internet devia ocupar um lugar de destaque nos programas académicos das instituições universitárias que formam os novos mediadores linguísticos. O relatório SPICE-PREP II a que aludimos não hesitou em recomendar que os Estados-membros da UE: «Promote the development of a programme of training and certification of translators to work in eContent localisation via appropriate education, employment and industry ministries and in collaboration with relevant translators’ professional bodies.»
  • 21. 20 Porém, a realidade parece afastar-se ainda muito desse objectivo. A maior parte dos guias e manuais académicos vocacionados para a tradução parece continuar de costas voltadas para este universo profissional, aparentemente tão aliciante. Longe das explicações simplistas, que apontariam o dedo à paralisia do mundo académico, alguns dados ajudam-nos a esclarecer este ponto. Segundo os elementos fornecidos por M. Castells (2001), em finais de 1995 – que foi o primeiro ano de uso generalizado da Internet (World Wide Web) – havia cerca de dezasseis milhões de utentes no mundo. No início de 2001, havia mais de quatrocentos milhões. Em 2005, é provável que se atinjam os mil milhões de utentes, e os dois mil milhões em 2010. Estamos, então, apenas no início de um fenómeno extraordinário que o mesmo autor designa como «Galáxia Internet», parafraseando a Galáxia Gutenberg a que se referiu Marshall McLuhan. Valerá a pena considerar ainda um outro factor. Em 1997, Brian Harris fez um levantamento dos centros universitários de formação de tradutores e intérpretes em todo o mundo. Embora o trabalho contenha algumas imprecisões e omissões, é útil para se formular uma opinião geral. Por exemplo, é fácil notar que praticamente um em cada dois centros só foi criado depois de 1980. Por outras palavras, a formação universitária em tradução e interpretação é ainda recente (muito, quando comparada com outros cursos). A área académica é, portanto, nova, e o próprio sucesso da Internet também o é. Portanto, este não parece ser um mau momento para incorporar nos planos de estudos desta nova área, que acompanha o novo milénio globalizado, a localização de material da rede, com toda a importância que ela merece. ENSINAR A TRADUZIR PARA A INTERNET O estabelecimento de qualquer novo espaço académico que vise uma formação aplicada começa, necessariamente, por caracterizar o âmbito pretendido, a partir da definição das actividades a que diz respeito. Do nosso ponto de vista, essa definição deve incluir a função social pretendida, a que até aqui fizemos referência, e também as circunstâncias profissionais que a acompanham. Estas últimas devem contemplar ainda as aptidões que deverão ser desenvolvidas, bem como as estratégias formativas que terão de conduzir a esse objectivo docente. Tentaremos apresentar todos estes elementos nas alíneas a seguir. Nos bastidores da rede Uma boa forma de começar será pelo mais evidente. Olhemos, então, para os objectos de trabalho. A FIGURA 1 apresenta a imagem de uma página da Internet – a do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (<http://www.ivp.pt>).
  • 22. 21 FIGURA 1. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. A FIGURA 1 é a captura da imagem do ecrã de um computador, na qual se vê um dos muitos programas de navegação da Internet. Este tipo de «programa informático» (software) permite aos utentes acederem às informações que outras pessoas colocaram na rede e, até, interagirem com elas. O exemplo mais conhecido para o ambiente Microsoft Windows – o padrão dominante do mercado – é o Internet Explorer (utilizado nesta captura). O maior concorrente do Explorer foi o Netscape, que foi o programa hegemónico antes ser substituído pelo Mozilla (http://www.mozilla.org), uma versão em «código aberto» (open source), que, juntamente com outros programas de navegação menos usados, como o Opera (<http://www.opera.com>), o Konqueror (habitual nas distribuições Linux, como o Mozilla, o Galeon e o Opera for Linux) ou o Jaguar (próprio do ambiente Apple), provavelmente não ultrapassam 10% das preferências dos utentes da rede. Para a maior parte das pessoas, esta imagem (FIGURA 1) corresponde ao que elas desejam saber acerca do funcionamento da Internet. Ou seja, do mesmo modo que, por via de regra, ninguém se coloca dúvidas relativamente ao funcionamento dos cartões multibanco quando pretende levantar dinheiro ou realizar pequenas operações de gestão, também não é habitural as pessoas interrogarem-se acerca da maneira como funcionam as páginas da Internet. Esta é, porém, uma questão que faz muito sentido para os técnicos que desenvolvem estes produtos e para todas as pessoas que trabalham com as páginas da Internet: gestores de projecto, técnicos de marketing, publicitários, designers e também, é claro, tradutores/localizadores. O que é que todas estas pessoas vêem «por detrás» da tela do computador? Com ligeiras diferenças, elas vêem algo semelhante a isto:
  • 23. 22 FIGURA 2. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (código-fonte). Esta captura mostra o que se vê depois de carregarmos na opção «Exibir código-fonte» no menu do programa de navegação: uma série de códigos esquisitos, alternados com texto mais fácil de reconhecer, mas... nada de imagens, nada de cores, nada de caixas de diálogo, nada de música ou de qualquer elemento aliciante que habitualmente encontramos nas páginas da Internet. Na FIGURA 2, deparamo-nos com um texto redigido numa linguagem própria, ou, para ser mais exacto, um texto «marcado» com um sistema próprio: a HyperText Markup Language, também conhecida por HTML. O HTML não é uma linguagem de programação. É, simplesmente, um sistema que permite «formatar» as informações da linguagem natural de maneira a adequá-las a determinadas solicitações. Por outras palavras, de modo a que o programa de navegação que interpreta o código as mostre da forma como pretendemos. Tomando um exemplo muito simples: para conseguir que a tela do nosso computador exiba um texto em negrito no programa de navegação, devemos fornecer-lhe as regras de formatação que ele deve aplicar sobre o texto «puro». Com o HTML, utilizaríamos um sistema de «marcas» que, colocadas antes e imediatamente a seguir ao texto, conseguiriam o efeito visado. Neste caso concreto, para obtermos o resultado que pretendemos, deveríamos escrever a linha que vem a seguir num editor de texto (por exemplo, o Notepad do Windows) e, depois, arquivar o novo documento, escolhendo, em «Guardar como...», a opção HTML: <B>Isto é um texto em negrito</B> EXEMPLO 1.
  • 24. 23 Se abrirmos o novo arquivo a partir do programa de navegação, o ecrã mostrar-nos-á apenas esta frase: Isto é um texto em negrito EXEMPLO 1B. O texto que ficou entre as duas marcas passou a estar formatado de acordo com as convenções HTML e as marcas do código-fonte deixaram de ser exibidas. Neste caso, o <B> (do inglês bold) indicava o início da aplicação do atributo «negrito» sobre um trecho de texto e a marca </B> o fim da aplicação desse formato. O elemento «/», que precede o símbolo que designa o atributo pretendido, indica convencionalmente, em HTML, o fim da aplicação desse atributo. Todo o texto a seguir, portanto, já não possui a característica com que «marcámos» a nossa frase. Daí, a referência que fizemos ao facto de o HTML ser um sistema de marcação, e não uma linguagem (de programação) em sentido estrito. O HTML nasceu a partir do Standard Generalized Markup Language (SGML), o padrão ISO 8879 para definir o formato e a estrutura de documentos electrónicos. O SGML é, na realidade, uma metalinguagem que permite definir linguagens mais específicas, como é o caso do próprio HTML. As primeiras versões do HTML (HTML 1 e HTML 2) foram desenvolvidas pela Internet Engineering Task Force (IETF), que se integrou no World Wide Web Consortium (W3C), do qual também fazem parte as empresas com maior presença na rede (Microsoft, Sun, IBM, Netscape, Adobe...). Este consórcio trabalha a partir de uma série de «Recomendações» que contêm indicações acerca dos padrões de determinados tipos de documentos. Antes das «Recomendações», porém, existem as «Notas», que são propostas sugeridas por organizações e em torno das quais podem ser constituídos «Grupos de Trabalho». Estes «Grupos de Trabalho» podem elaborar «Propostas-Rascunho» (Working Drafts) a partir das «Notas». As «Propostas-Rascunho» podem converter-se em «Propostas de Recomendação» e estas, por sua vez, nas «Recomendações» finais a que nos referimos (cf. <http://www.w3.org>, algumas das quais estão traduzidas em português europeu e/ou brasileiro). O W3C aprovou a versão 3.2 do HTML em 1997 e, a seguir, a 4.0. O HTML 3.2 é também conhecido como «estático» por apenas permitir um tipo de interacção com os visitantes: a hiperligação a outros documentos. Já as recomendações HTML 4.0 são os alicerces do HTML «dinâmico» (Dynamic HTML ou DHTML), pois: introduzem novas marcas e atributos que dão suporte às «folhas de estilo em cascata» (Cascading Style Sheets, CSS); permitem homogeneizar a aplicação de formatos e estilos a um mesmo documento ou em documentos diferentes (cf. a Directiva «Conselhos para fazer sítios web acessíveis», Web Accessibility Initiative em <http://www.w3.org/WAI/References/QuickTips/qt.pt.htm>); dão suporte às linguagens de instruções, como veremos adiante; e permitem recorrer a programas exteriores, applets (ou «aplicaçõezinhas», que são pequenos programas escritos em Java e executados dentro de uma página da Internet) ou controlos ActiveX, bem como utilizar recursos multimédia e bases de dados. Estes últimos elementos tornam as páginas da Internet muito mais interactivas.
  • 25. 24 Também em 1997, o W3C publicou as primeiras recomendações para o Extensible Markup Language (XML), criado a partir do SGML (em certa medida, o XML é uma versão simplificada do SGML). O XML é uma metalinguagem que permite gerar novas linguagens, como o HTML (na verdade, ele permite definir marcas específicas para as aplicações). O XML permite definir as estruturas dos documentos, mas não a sua representação/formatação (2), como acontece com o Extensive HiperText Markup Language (XHTML), que foi desenvolvido a partir do XML e que está vocacionado para a criação de documentos bem estruturados e a aplicação de formatos. O XHTML é, em certa medida, a linguagem HTML à qual se aplicaram as normas XML. As novas versões dos programas de navegação da Internet já permitem processar os documentos criados segundo as especificações XML. Contudo, o número de utentes (em termos absolutos) que trabalham com as versões anteriores dos programas de navegação e com páginas que seguem as anteriores especificações HTML ainda é vastíssimo. Palavras e coisas: nem tudo dá nas vistas Podemos criar páginas da Internet – das versões mais básicas até às mais sofisticadas – utilizando uma aplicação tão simples como o Notepad do Windows, ou qualquer outro editor de características semelhantes que nos permita trabalhar com o código HTML. A estrutura mais elementar de uma página da Internet envolve a especificação da versão de HTML utilizada, conhecida como o «prólogo» do documento (na FIGURA 2, era <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 4.0 Transitional//EN”>), seguida do documento estrito (entre os símbolos <HTML> e </HTML>), o qual inclui o cabeçalho (entre os símbolos <HEAD> e </HEAD>) e o corpo (entre os símbolos <BODY> e </BODY>). Na prática, o HTML 3.2 (que é muito menos «estrito» do que o XML) até permite prescindir das especificações HTML, HEAD e BODY. No exemplo que colocamos a seguir propomos, porém, uma estrutura mais ortodoxa: <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 3.2 Final//EN”> <HTML> <HEAD> <TITLE>Um exemplo muito simples</TITLE> </HEAD> <BODY> <B>Isto é um texto em negrito</B> </BODY> </HTML> EXEMPLO 2. A primeira linha do exemplo indica que estamos perante um documento em HTML e que estamos a utilizar a «Declaração de Tipo de Documento» (DTD) que corresponde ao HTML 3.2 Final, em língua
  • 26. 25 inglesa. A seguir, delimitamos o documento com as marcas <HTML> e </HTML>. Dentro delas, temos a secção correspondente ao cabeçalho, delimitado por <HEAD> e </HEAD>. Neste exemplo, incluímos também um título para o documento. Podíamos ter incluído outro tipo de explicações no cabeçalho, destacadas com marcas META (um tipo de símbolo que não é preciso delimitar com uma segunda marca para encerrar o processo) que se utilizam habitualmente para destacar as informações que irão ser interpretadas pelos robôs-indexadores dos motores de busca da Internet. Por exemplo: <META name=”keywords” lang=”eng” content=”translation,localisation,websites,webpages”> EXEMPLO 2B. Uma declaração como esta indicaria aos indexadores que, na nossa página, é possível encontrar informações sobre os assuntos especificados como «content». No corpo do documento, entre as marcas <BODY> e </BODY>, reproduzimos o exemplo que utilizamos acima. Se guardarmos, agora, o novo documento em HTML e deixarmos que um programa de navegação o interprete, veremos novamente esta frase no ecrã do nosso computador: Isto é um texto em negrito EXEMPLO 2C. Com efeito, as indicações incluídas no cabeçalho do nosso documento (o título e as palavras-chave) não são exibidas pelos programas de navegação (se não seleccionarmos a opção «exibir código-fonte», o que não faz muito sentido na consulta habitual das páginas da Internet). Verificamos, assim, que nem todo o texto de um documento é visível, se não desejarmos ver o código-fonte, ou se não utilizarmos programas de criação e edição de páginas e sítios da Internet bastante mais eficazes como o Dreamweaver, FrontPage, HomeSite ou NetObjects Fusion, para citarmos apenas alguns dos mais populares. Parece-nos que os futuros tradutores devem tomar isto em consideração. A localização de uma página da Internet deve permitir, por exemplo, que ela seja indexada pelos motores de busca «também» a partir de palavras-chave na língua-alvo. Na imagem que encontramos a seguir vemos como é que um desses editores, mais concretamente, o NetObjects Fusion 7, interpreta o exemplo proposto na FIGURA 1.
  • 27. 26 FIGURA 3. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, editada com o NetObjects Fusion 7. Este tipo de programas permite distinguir claramente o texto das imagens e, consequentemente, o texto que pode ser editado no processador do próprio programa (ou de outros programas) e aquele que só pode ser editado em modo gráfico. No mesmo exemplo, os botões «Comentários/Sugestões» ou «Sugira este site» fazem parte de imagens, não podendo ser editados como sucessões de caracteres num processador de textos (como acontece com o trecho «A TAP Air Portugal e o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto oferecem-lhe agora um passeio aos sabores do Norte»). Num parágrafo anterior, referimo-nos à possibilidade de criar páginas da Internet mais interactivas do que a simples apresentação de dados, através do HTML dinâmico, ou DHTML. Na prática, o DHTML é uma combinação de HTML com a JavaScript, uma linguagem de programação que esteve associada à Netscape, mas que, hoje, é suportada por quase todos os programas de navegação. Com esta linguagem, podemos escrever pequenas sequências de instruções que fazem com que as páginas tenham alguma versatilidade a partir de elementos bastante simples, como as mensagens em janelas, os formulários, as senhas de acesso e os botões, e de outros mais complexos, como a gestão de arquivos no disco rígido local (por exemplo, os cookies, ou «testemunhas», que as páginas visitadas utilizam para armazenar as preferências dos utentes). Partindo ainda do mesmo exemplo, acrescentamos, destacadas em negrito, as linhas de uma pequena sequência de instruções que faz com que apareça uma janela com um botão contendo a mensagem «Carregue aqui para ver o texto». Depois de carregar, o ecrã mostrará a frase que já conhecemos.
  • 28. 27 <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 3.2 Final//EN”> <HTML> <HEAD> <TITLE>Um exemplo muito simples</TITLE> <SCRIPT LANGUAGE=”JavaScript”> <!-- alert(“Carregue aqui para ver o texto”); // --> </SCRIPT> </HEAD> <BODY> <B>Isto é um texto em negrito</B> </BODY> </HTML> EXEMPLO 3. É evidente que nem todas as sequências de instruções são tão simples. Como afirmámos, os exemplos podem ser muito mais sofisticados (como acontece com o código-fonte da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, que vimos acima). Em <http://www.brainjar.com>, por exemplo, os leitores podem ver alguns espantosos exemplos de trabalho com JavaScript. Dizíamos acima que, actualmente, todos os programas de navegação conseguem interpretar o código JavaScript. Na realidade, porém, esta afirmação não é exacta. A Microsoft dispõe de uma versão própria, o Jscript, e, infelizmente, existem diversas versões de cada um deles, com diversos graus de incompatibilidade. A Associação Europeia de Fabricantes de Computadores (ECMA, <http://www.ecma- international.org>) já redigiu uma especificação sobre um padrão unificado, o ECMAScript. Porém, o facto de este misturar o JavaScript e o HTML, que também tem mais do que uma versão e diversos tipos de incompatibilidade em relação aos programas de navegação utilizados, faz com que a programação nesta área contenha alguns problemas particularmente delicados. As pessoas que nunca traduziram uma página da Internet começaram, certamente, a aperceber-se de que este processo supõe algo mais do que a simples versão para a língua-alvo do texto que surge no ecrã, cortando-o e colando-o no processador de texto. A tradução (ou localização) de material da Internet implica lidar com texto «puro» dos mais variados temas, juntamente com o código HTML, sequências de instruções, arquivos gráficos (JPEG, GIF, PNG, etc.) e elementos dinâmicos como: as animações multimédia criadas com o Macromedia Flash (<http://www.macromediaflash.com>), que é capaz de integrar, em pequenos clips («pequenos filmes»), o texto com desenho vectorial e até arquivos
  • 29. 28 de som WAV (comprimidos em formato MP3 para poupar espaço); as apresentações em arquivos de vídeo digital (MOV, AVI, ou os novos «reis» do vídeo digital baseados no padrão MPEG4, que já integra os reprodutores pessoais: o DivX e o XviD, entre outros); a documentação em arquivos RTF, PostScript ou em documentos pré-formatados (Portable Document Format - PDF)... Por outras palavras, a tradução/localização de páginas e sítios da Internet implica ter de lidar com todo o tipo de material que se encontra na rede. Novas ferramentas para novas encomendas Seria uma grande ingenuidade esperar que uma única pessoa fosse capaz de satisfazer todo e qualquer tipo de encomendas de tradução de páginas da Internet. Além disso, convém não esquecer que a temática dos sítios susceptíveis de gerar encomendas profissionais é sempre especializada, de modo que os «meros conteúdos» das páginas (independentemente dos aspectos técnicos) revelam um nível de exigência bastante elevado. Quanto aos aspectos técnicos, vimos que podem estar relacionados com o tratamento do próprio código, ou com o processamento do material gráfico estático, dos elementos audiovisuais e de efeitos multimédia. A combinação de conhecimentos avançados em todas estas áreas com um alto nível de rigor profissional ultrapassa, claramente, os objectivos mais generalistas dos cursos universitários de formação de tradutores, até nas previsões de reforma do Processo de Bolonha (no que diz respeito à Europa Ocidental). Nada nos impede, porém, de tentar apetrechar os estudantes com uma visão panorâmica do processamento deste tipo de encomendas, das estratégias mais elementares para geri-las e do uso de algumas das ferramentas essenciais para enfrentá-las. Num trabalho recente, Daniel Gouadec (2003, 529-530) propõe um interessante modelo da estrutura geral das encomendas de localização de páginas da Internet. Para os nossos fins, julgamos suficiente a listagem sintética que reproduzimos a seguir:
  • 30. 29 Ciclo operativo 1. Recepção e gestão da encomenda. . Análise da encomenda (conteúdos e características). . Detalhes sobre a encomenda e negociação (consultas, orçamento). . Obtenção dos conteúdos (se eles não tiverem sido fornecidos directamente). . Classificação dos conteúdos (texto, código HTML, vídeos, bases de dados, etc.). 2. Organização dos recursos humanos. . Distribuição da encomenda (por conteúdos, por características, etc.). . Planificação/temporalização do fluxo de trabalho. 3. Organização dos recursos materiais. . Obtenção, análise e distribuição de documentação (amostras, catálogos, audiovisuais...). . Obtenção, preparação e distribuição dos recursos reutilizáveis (memórias de tradução, glossários terminológicos, etc.). 4. Tradução / Localização. 5. Controlo de qualidade. . Controlo da qualidade linguística (pontuação, redacção, estilo). . Controlo da homogeneidade (harmonia de escolhas). . Controlo da adaptação cultural. 6. Integração dos conteúdos. 7. Avaliação. . Verificação global. . (Re)início do ciclo operativo, quando aplicável. 8. Entrega da encomenda. . Gestão da contabilidade (facturação, fiscalidade, arquivo de clientes). . Gestão do material gerado para utilização futura (bases de dados, memórias e gestores terminológicos). TABELA 1. Esta listagem, embora necessariamente superficial e incompleta, irá servir de guia para os parágrafos seguintes, que descrevem o panorama geral do nosso objecto profissional e académico. Para já, é importante reter que a tradução/localização de sítios da Internet envolve uma importante quantidade de processos de natureza diversa (tradução de texto, tradução/legendagem de vídeo digital, design gráfico, contabilidade, gestão de projectos, adaptação cultural, para referir apenas alguns). Como antes apontámos, não nos parece lógico supor que uma única pessoa seja capaz de satisfazer todo e qualquer tipo de encomendas de tradução de páginas da Internet (3). Porém, também é verdade que há profissionais que resolvem, eles mesmos, encomendas menos complexas. Por outro lado, como também apontámos, julgamos que é uma atitude prudente a de procurar dotar os estudantes de uma visão global do processo, de modo a facilitar-lhes a eventual inserção num ponto do fluxo de trabalho. Nos parágrafos seguintes, propomo-nos oferecer algumas indicações básicas neste sentido.
  • 31. 30 Para começar, definimos, de modo intuitivo, um «sítio» de rede como o conjunto de uma série de páginas da Internet organizadas em pastas (as «directorias») que se relacionam entre si através de ligações hipertextuais. Idealmente, as páginas têm uma estrutura e uma aparência uniformes (eventualmente, mediante o uso de folhas de estilo – arquivos CSS – que permitem a sua homogeneização estilística), e podem remeter para documentos de características diferentes (documentação PDF ou RTF, vídeos, arquivos sonoros, etc.). Uma encomenda de tradução pode consistir apenas na tradução do texto «puro» fornecido pelo cliente, a qual será, posteriormente, inserida no sítio pelos técnicos de informática. Esta é a hipótese mais simples, que não requer qualquer tipo de conhecimentos técnicos para além daqueles que têm que ver com os conteúdos a traduzir. Porém, até este tipo de encomenda parte de uma necessidade inicial que qualquer profissional notará imediatamente: a geração de um orçamento prévio, que servirá como fonte para a facturação final. Na hipótese do texto «puro», a contagem de palavras não parece difícil, já que qualquer processador de texto (por exemplo, o popular – não quanto ao preço – Microsoft Word) consegue realizar esta tarefa ao carregarmos na opção «Contar palavras» no (sub)menu «Ferramentas». Uma aparente dificuldade tem a ver com a contagem de palavras em arquivos PDF. Mas, neste caso, se não dispusermos de um programa específico (o Adobe Acrobat <http://www.adobe.com> é o melhor exemplo), bastará cortar o texto e colá-lo no ecrã do Word para se fazer a contagem. A elaboração de orçamentos para arquivos HTML é que requer outro tipo de ferramentas (4), das quais nós salientamos o Aquino WebBudget. FIGURA 4. Página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, processada pelo Aquino WebBudget 2.51, com uma contagem das palavras do texto que devem ser traduzidas.
  • 32. 31 Na FIGURA 4 mostramos a captura do ecrã do computador a processar a página que estamos a utilizar como exemplo. O WebBudget 2.51 permitia realizar uma contagem apurada do texto a traduzir, distinguindo claramente as marcas, os caracteres com/sem espaços ou o texto JavaScript. A partir destes dados, poderíamos ainda (carregando em «Process») obter um orçamento a partir de qualquer preço por palavra/linha/carácter estabelecido por nós (bem como a unidade monetária: euros, dólares, etc.), pronto para imprimir e/ou exportar para diversos formatos (HTML, RTF, entre outros). Alguns tradutores até utilizavam este programa shareware (ou «suporte lógico partilhado», um programa de livre cópia para avaliação, que pressupõe o registo e pagamento em caso de utilização prolongada) para traduzir pequenas encomendas, limitando-se a substituir o texto original pelo texto traduzido e guardando o novo documento. Recentemente, a Aquino lançou o WebBudget XP, que aumentou as funções de gestão e, também, de tradução de páginas e sítios da rede. FIGURA 5. Orçamento elaborado pelo Aquino WebBudget 2.51, a partir da contagem anterior de palavras. Na página da Internet da Aquino (<http://www.webbudget.com>), podemos descarregar um interessante programa freeware (ou «suporte lógico gratuito», programa distribuído, gratuitamente, através da Internet), o Aquino FreeBudget, que permite efectuar uma contagem apurada de diversos tipos de arquivos, excepto os PDF e HTML, e gerar orçamentos em diversos formatos. Para os tipos de documentos com que não consegue trabalhar, existem alternativas como o TotalAssistant (<http://www.surefiresoftware.com/totalassistant>). A elaboração do orçamento pode referir-se apenas ao texto puro, às páginas (ou o sítio completo) em suporte físico, mas também à operação que Daniel Gouadec inclui na sua listagem, denominada «aspiração» ou descarga do sítio da rede. Felizmente, o número de clientes de FTP e de programas de navegação off- line («não em linha») é já bastante significativo (WebReaper <http://www.webreaper.net> ; WinHTTrack e
  • 33. 32 WebHTTrack <http://www.httrack.com> para Windows 9x/NT/2000/XP e Linux/Unix, respectivamente...), pelo que os profissionais contam com um bom leque de ferramentas para descarregar, sem dificuldade, a estrutura completa de um sítio da rede para o disco rígido, de modo a poderem trabalhar à vontade com todos os arquivos. No artigo citado, Daniel Gouadec destacava um outro programa bem conhecido, o programa de navegação off-line WebCopier (<http://www.maximumsoft.com/products/wc_windows/overview.html>). Na prática, a automatização dos processos faz com que essa «aspiração» não apresente mais dificuldades do que cortar e colar pastas entre duas janelas do ambiente Windows. O orçamento poderá também contemplar a localização de um outro elemento bastante característico dos conteúdos electrónicos, conforme referimos acima: as imagens. Felizmente, hoje também podemos encontrar programas capazes de analisar os diferentes arquivos a tratar com programas de design mais específicos (no caso de oferecermos nós próprios este tipo de serviços), como o AdobePhotoshop. No capítulo dos programas que permitem analisar os pormenores dos diferentes tipos de imagens do projecto, podemos citar o GIA - Globalization Image Assistant <http://www.ImageGlobalization.com>. A seguir, mostramos uma captura desse programa, a processar as ilustrações da página que temos vindo a utilizar como exemplo. FIGURA 6. Imagens da página da Internet do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, processadas pelo Globalization Image Assistant GIA 1.8.1. O GIA consegue preparar relatórios pormenorizados, em que se podem incluir as principais características das imagens (como as dimensões, o tamanho e o tipo de arquivo), o texto original e o texto-alvo e, a partir destes, a contagem de palavras. Também identifica as imagens multiframe (múltiplas imagens captadas simultaneamente), incluindo as animações GIF. Além disso, permite incluir comentários específicos relativos à natureza das imagens. Alguns destes vêm já pré-definidos, como vemos no
  • 34. 33 revista de tradução científica e técnica menu contextual da FIGURA 6, dizendo respeito, por exemplo, ao carácter etnocêntrico ou ofensivo das imagens. Com todos estes dados, é possível gerar documentos em formato Word ou Excel para fornecer aos designers, ao cliente, ou para alimentar o nosso próprio fluxo de trabalho, se pertencermos a uma agência que ofereça serviços globais de localização. O W3C sugere, relativamente à internacionalização das páginas da Internet, que se facilite também a localização das imagens. Uma boa estratégia a seguir pelos fornecedores de conteúdos electrónicos é a de trabalhar a partir de camadas editáveis independentemente. No exemplo anterior, seria possível criar uma imagem única a partir da sobreposição de duas imagens prévias, uma delas mostrando o cacho de uvas e a outra exibindo o texto «Bem-vindo ao Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto». Desse modo, o tradutor/localizador teria apenas que mudar o texto da segunda. Infelizmente, o número de gestores de conteúdos de rede que seguem estes conselhos é ainda pouco significativo, embora se preveja que, no futuro próximo, estes conselhos sejam respeitados, facilitando o trabalho de criação de conteúdos multilingues e de localização. O núcleo central dos projectos de tradução/localização de páginas da Internet é, sem dúvida, a tradução do texto, que surge misturado com o código HTML ou em arquivos para descarga, nomeadamente em formato RTF ou PDF. Assumimos que todos os tradutores dispõem de um programa ou conjunto de aplicações que consegue trabalhar com o formato RTF. Na hipótese de não contarem com o Adobe Acrobat para criar e alterar os documentos PDF (o Acrobat Reader é um progrma shareware que apenas permite a sua leitura), dispõem de alternativas em código aberto, como o Xpdf (<http://www.xpdf. com>), ou freeware, como o pdf995 (<http://www.pdf995.com/download.html>). Quanto ao texto que vem misturado com o código HTML, o problema é mais grave. Qualquer alteração acidental das marcas de código tem consequências imprevisíveis na integridade do sítio. Embora assumamos que os profissionais e os aprendentes têm conhecimentos básicos do código HTML, não esperamos que tenham um conhecimento exaustivo (e actualizado!) das convenções que afectam fundamentalmente uma área profissional tão especializada como é a da criação do apoio técnico para os conteúdos electrónicos. Uma revolução relativamente recente no trabalho dos tradutores foi a introdução, no fluxo de trabalho profissional, dos programas que gerem as «memórias de tradução», os dispositivos informáticos capazes de armazenar pares de segmentos textuais equivalentes que resultam do processo de tradução, ou então do «alinhamento de textos», quer dizer, do emparelhamento de segmentos de traduções prévias ou de textos paralelos. Pode consultar-se, em linha, uma boa descrição deste tipo de dispositivos e da sua utilidade na prática profissional em Webb. Um programa útil para traduzir páginas da Internet deve combinar a capacidade de isolar o texto puro das marcas de código com a possibilidade de gerar e (re)utilizar memórias de tradução. Provavelmente, o padrão na última destas áreas continua a ser definido ainda hoje pela Trados (<http://www.trados. com>). Há vários anos que a Trados distribui no mercado, com grande êxito, produtos que simplificam o trabalho dos profissionais da tradução, pois combinam memórias, gestão terminológica, alinhamento de texto, tradução de recursos e executáveis, apresentações ou arquivos de folhas de cálculo, e a
  • 35. 34 revista de tradução científica e técnica tradução de texto marcado (HTML ou os formatos nativos de QuarkXPress, PageMaker ou Ventura). O TagEditor é, mais concretamente, a aplicação que utilizamos para esta última função. FIGURA 7. Ambiente de trabalho no TagEditor 5.5.2.257, a exibir as marcas para o texto da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. Outra função interessante do TagEditor é a capacidade de exibir os resultados das traduções e confrontá-los com a página original. Esta possibilidade é especialmente útil, por exemplo, nas ocasiões em que o espaço ocupado pelas palavras de cada uma das línguas é diferente (devido ao número de letras), podendo alterar a formatação da página e interferir com elementos extratextuais, como as imagens. A FIGURA 8 exemplifica esta função, mostrando a versão original à esquerda e a versão parcialmente traduzida à direita. FIGURA 8. Ambiente de trabalho no TagEditor 5.5.2.257, a exibir em modo WYSIWYG as versões original e parcialmente traduzida para espanhol (atente-se na coluna da direita) da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
  • 36. 35 Outro programa que combina a gestão das encomendas (distinguindo texto e imagens e permitindo a contagem de palavras e arquivos gráficos), o isolamento do texto a traduzir, ocultando as «marcas» (tags), e que permite utilizar uma memória de tradução autónoma é o CatsCradle, que tem, além disso, a vantagem de ser freeware (<http://www.stormdance.freeserve.co.uk>). FIGURA 9. Ambiente de trabalho e contagem de palavras e gráficos a traduzir a partir da função «Catálogo» do CatsCradle 2.8, com a página do exemplo anterior. Na imagem do ecrã da FIGURA 9, vemos o módulo de tradução do CatsCradle em duas colunas, com o texto original à esquerda e a tradução à direita (nesta captura, o texto apresenta-se ainda por traduzir). Em sobreimpressão, aparece uma descrição da página que deverá ser traduzida (o «Catálogo»), com a contagem das palavras e dos gráficos com que iremos trabalhar na localização. Repare-se que o programa apresenta unicamente os segmentos de texto que devem ser traduzidos, ocultando as marcas. O CatsCradle inclui também uma memória de tradução e um gestor terminológico, que permitem reutilizar os segmentos que já foram traduzidos em novas traduções. A memória utiliza um sistema de cores (azul e verde) para identificar os segmentos traduzidos e deixa ao utilizador a liberdade de escolher o momento em que ela pode ser actualizada. O CatsCradle consegue trabalhar em modo WYSIWYG (What You See Is What You Get). A opção «Navegador em tempo real» permite exibir no ecrã os resultados parciais da tradução, tal como ela irá ficar.
  • 37. 36 FIGURA 10. Página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, capturada e importada com CatsCradle 2.8, pronta para ser traduzida (em modo WYSIWYG). O CatsCradle tem ainda uma outra capacidade interessante que é a de abrir um editor de instruções para localizar os applets em JavaScript que possam estar inseridos nas páginas, como aconteceu no nosso EXEMPLO 3. FIGURA 11. O editor de instruções do CatsCradle 2.8 a ser utilizado para traduzir o código JavaScript inserido no Exemplo 3.
  • 38. 37 A versão XP do Aquino WebBudget combina três possibilidades: a de gerar orçamentos a partir da contagem de palavras e de imagens, o isolamento do texto a traduzir e uma aplicação para descarregar sítios completos. FIGURA 12. O Aquino WebBudget XP a preparar um orçamento para a tradução da página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. A tradução de páginas da Internet também pode envolver o trabalho com clips de vídeo, que tanto podem estar inseridos na página, como ser oferecidos para descarga. Um dos formatos mais habituais é o MOV, nativo da QuickTime (<http://www.apple.com>), que concorre com outros tipos de arquivo, como o ASF da Microsoft, o AVI (Audio Video Interleave), o RealMedia, o Xvid e o DivX (os novos MPEG4, que concorrem com o padrão de compressão MPEG2 que encontramos nos DVD convencionais). O trabalho com vídeo digital conta, felizmente, com um número importante de ferramentas shareware e freeware (ligeiramente menos para o ASF, que não é um formato livre), que permitem resolver as encomendas mais simples, já que as mais complexas ultrapassam, habitualmente, as capacidades dos tradutores independentes e das pequenas agências de tradução. O SubtitleWorkshop (<http://urusoft.co.nr>) é um programa shareware que permite legendar o vídeo digital, bem como exportar o resultado para os formatos mais habituais. Embora não consiga trabalhar com arquivos MOV, é possível convertê-los em outros tipos de arquivos com os quais se pode trabalhar a partir de programas de distribuição livre, como as RAD Video Tools (<http://www.radgametools.com>). Com este programa (que é, na realidade, um conjunto de aplicações) ou com outras ferramentas (cf. <http://www.doom9.org>), podemos também misturar vídeos com arquivos de áudio diferentes («multiplexá-los») (se tiverem sido fornecidos pelo cliente), acrescentar/modificar legendas, etc. Alguns dos formatos de áudio mais comuns são o AC3 (para Dolby Digital), os mais leves MP3 e OGG (o OGG é em código aberto) e o mais pesado WAV.
  • 39. 38 FIGURA 13. O clip de vídeo Libre, de Joaquín Oristrell (<http://www.haymotivo.com>), a correr no programa de legendagem Subtitle Workshop 2.03. Um factor habitualmente menosprezado na formação de tradutores, mas que nós não queremos deixar de lado, tem a ver com a operação com que abrimos esta epígrafe: a gestão das encomendas, do ponto de vista profissional, que inclui a criação de orçamentos, as estratégias de fidelização dos clientes e o fluxo de trabalho. Habitualmente, a tradução de sítios da Internet faz parte de encomendas que ultrapassam o carácter pontual. Na prática, as empresas do comércio electrónico necessitam de contar com actualizações periódicas dos conteúdos multilingues das suas páginas. Obviamente, nenhuma delas estará disposta a remunerar as actualizações das páginas, mantendo os preços das primeiras traduções. A reciclagem de material traduzido (e, portanto, o uso de memórias de tradução a que já nos referimos) é praticamente inevitável nestes casos, devendo a gestão de orçamentos e a facturação adequar-se a este facto. Os profissionais encontram, hoje, no mercado, produtos vocacionados especificamente para a sua actividade profissional que permitem gerir o ciclo de trabalho, calcular orçamentos e aplicar descontos a partir da utilização de ferramentas de tradução assistida. Um bom exemplo deste tipo de produtos é o Translation Office 3000 (<http://www.translation3000.com>), um conjunto de aplicações e de bases de dados relacionadas que permite administrar, com eficácia, pequenos trabalhos de tradução.
  • 40. 39 FIGURA 14. Janela de inserção do perfil dos clientes no Translation Office 3000 v.7. Temos vindo a apresentar algumas das ferramentas essenciais ao trabalho dos tradutores/localizadores das páginas da Internet. Dadas as características deste trabalho e a magnitude do tema (a casuística é praticamente impossível de delimitar), não pretendemos fazer mais do que mencionar brevemente as circunstâncias profissionais que envolvem as encomendas e que nos permitem caracterizar as fases da sua reprodução em ambiente de sala de aula. No artigo de D. Gouadec, a que nos referimos, o autor citava um produto informático bastante interessante: o WordFast (<http://www.champollion. net>). Trata-se de um conjunto de macroinstruções desenvolvidas para trabalhar em conjunto com o Microsoft Office (em combinação com as +Tools, que podem descarregar-se na mesma localização como produto freeware) e que são capazes de reproduzir, a um custo reduzidíssimo, muitas das funções de outros programas comerciais. Alguns dos programas que aqui apresentámos, como o CatsCradle, partilham essa mesma característica, por ser nossa convicção que a formação de tradutores deve incluir, não só o conhecimento das ferramentas mais habituais no desempenho profissional, como também o desenvolvimento do espírito crítico em relação à supremacia, aparentemente inquestionável, dos programas comerciais mais (re)conhecidos e a procura de alternativas que permitem poupar recursos. Trata-se, por outras palavras, de adquirir a capacidade de optimizar a gestão profissional. Por este motivo, na nossa óptica, a formação de tradutores deve incluir, necessariamente (e não apenas na área da localização de conteúdos electrónicos), uma referência aos programas de código aberto. Neste momento, existem várias alternativas à hegemonia do ambiente Microsoft Windows, baseadas no sistema operativo Linux, relacionado com a licença GNU (<http://www.gnu.org>), que permite realizar um número ilimitado de cópias dos produtos que adquirimos (ou que obtemos directamente da Internet), modificá-las e adequá-las às nossas necessidades, redistribuí-las ou até vendê-las novamente, sem estarmos a cometer uma ilegalidade.
  • 41. 40 Embora a tradução ainda não seja uma área privilegiada na criação e na difusão de programas especialmente concebidos para o sistema operativo Linux, já existem algumas excepções (v. uma boa mostra em <http://www.linuxfortranslators.org>). Na verdade, um tradutor pode começar a sua actividade profissional, de forma eficaz e sem grande necessidade de reciclar os seus conhecimentos, com uma distribuição como a Mandrake (<http://www.mandrakelinux.com/pt>), que corre também em língua portuguesa (já existem produtos criados em Portugal, como a Caixa Mágica <http://www.caixamagica.pt/pag/a_index.php>, que lançou, recentemente, a versão Desktop 8.1 Pro). Para os não-iniciados, há uma excelente distribuição, que corre sem instalação a partir de um CD-ROM, o Kurumin (a ISO do CD-ROM pode descarregar-se a partir de <http://www.guiadohardware.info>), que foi criado no Brasil por Carlos Morimoto e que é baseado na Knoppix (<http://www.knoppix.org>), que já foi (re)organizada no Kalango (<http://www.kalango.org>). Há também diversos editores de texto capazes de processar, com eficácia, textos em HTML, DHTML e XTM, como o Quanta (<http://quanta.sourceforge.net>), o BlueFish (<http://sourceforge.net/projects/bluefish>) ou o NVU (<http://www.nvu.com>). A Linux é uma magnífica plataforma para gerir servidores da Internet a partir do Apache (<http://www.apache.org>), que também conta com uma versão para Microsoft Windows. Uma das ferramentas de criação de páginas dinâmicas mais usadas no mundo (senão mesmo a mais usada), que é também um produto em código aberto, é o PHP (<http://www.php.net>). O ambiente Linux dispõe de um magnífico programa para trabalhar com arquivos gráficos, para editar imagens, botões e até animações: o Gimp (<http://www.gimp.org>). A jóia da coroa dos programas de código aberto é o OpenOffice (<http://www.openoffice.org>), um conjunto de aplicações com prestações equivalentes às do Microsoft Office, que lançou recentemente a versão 1.1 (tem também uma versão paralela, de carácter comercial, o StarOffice), que até exporta directamente arquivos em formato PDF. O mundo dos programas de código aberto merece ser conhecido pelos tradutores, merecendo, também, ser apresentado nas aulas: é só experimentar, conferir e escolher a cada momento a opção que melhor se adapta às nossas necessidades. FIGURA 15. O programa de edição de páginas da Internet, Quanta 3.1, correndo na distribuição Mandrake 9.1, com o gerenciador de ambiente Gnome 2.2, a editar a página do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
  • 42. 41 Naturalmente, os programas de código aberto são muito mais do que uma ferramenta informática de baixo custo: eles são a expressão última de uma nova filosofia, de um modo diferente de entender a Sociedade Global que nos rodeia. O acesso maciço às novas tecnologias da informação e da comunicação tem nos programas de código aberto um instrumento de democratização fundamental, como se constata pela leitura deste trecho de um relatório recente de The Internet Society para a UNESCO (Maxwell ed. 2000): «The impact of open source software in less developed countries can result in: • Easy access to software products. Open source software can be easily available for individuals and companies in less developed countries. • Cost-effective transfer of software technology. Developed countries can make cost-effective contributions to less emerging economies by helping them to adopt free software technologies. Since there is no royalty or per-copy fees, the cost of this transfer is really low for the contributor country. Contributions can be focused in training, localization and contextualization with a great multiplier factor. • Direct access to software technology. Emerging economies can be granted access to leading edge software technologies without having to pay expensive royalties.» A notícia recente (16.02.2004) da existência de uma equipa de trabalho no Ruanda a localizar a OpenOffice para kynyarwanda, a língua maioritária do país, que ainda não tem palavras para designar os computadores (v. <http://news.com.com/2102-7344_3-5159179.html?tag=st.util.print>), é suficientemente reveladora. Contudo, as recomendações do relatório não são válidas apenas para os países do Terceiro Mundo. No estado espanhol, na Comunidade Autónoma da Extremadura, a Junta de Extremadura lançou um ambicioso programa de inserção maciça dos cidadãos extremenhos na Sociedade da Informação (v. <http://www.nccintegrared.org>), baseado no uso de uma distribuição que foi desenvolvida para esse efeito em 2002, a LinEx, que contém conjuntos de aplicações (processador de texto, apresentações, finanças), programas para gerir a ligação à Internet (navegador, IRC – Internet Relay Chat [sistema de conversação multiutilizador, em directo], correio electrónico) e actividades relacionadas com o lazer, como vídeos, música e jogos. O último exemplo que citaremos vem de França, mais concretamente, do Programme Gouvernamental ADELE – Plan Strategique de l’Administration Électronique (P2AE) 2004-2007 do Ministère de la Fonction Publique, de la Réforme de l’État et de l’Aménagement du Territoire, Secrétariat d’État à la Réforme de l’État (<http://www.adae.gouv.fr/ article.php3?id_ article=315>). Vejamos o que nele se diz (5):
  • 43. 42 « b) Instaurer une véritable politique d’emploi des logiciels Les ministres de l’Union européenne, réunis à Côme les 7 et 8 juillet 2003, ont encouragé leurs administrations à utiliser des standards ouverts. Par ailleurs, ils ont pris note de l’intérêt croissant pour l’utilisation des logiciels libres dans les administrations publiques. L’objectif du gouvernement français n’est pas d’imposer un recours systématique aux logiciels libres et aux standards ouverts dans l’administration, mais de veiller à ce que l’ensemble de l’offre – y compris celle reposant sur le logiciel libre – soit prise en compte au moment du choix, l’interopérabilité et la mutualisation devant rester les principes fondateurs de ce choix. Les bénéfices de l’emploi des logiciels libres pour les systèmes d’information des administrations de l’État et des services publics sont en effet de plusieurs ordres : – Accéder à un patrimoine considérable de logiciels souvent de qualité et conformes aux normes ; – Maîtriser le rapport coût total de la solution/adéquation aux besoins, par le renforcement de la concurrence, afin de maintenir ce ratio à un niveau le plus bas possible ; – Maîtriser les logiciels eux-mêmes et pouvoir s’assurer de leur pérennité. Cet argument prend une résonance particulière dans des domaines touchant à la sécurité tels que l’authentification et l’identité du citoyen ou ceux relatifs à l’intégrité, à la confidentialité et à l’accessibilité des données au cours du temps; – Capitaliser les nombreux développements réalisés par et pour l’administration afin de faire bénéficier rapidement l’ensemble des administrations d’un logiciel d’intérêt général développé pour une entité administrative donnée. Pour qu’existe une véritable concurrence entre différents fournisseurs, y compris sur les postes de travail et les logiciels de bureautique, l’ADAE étudiera avec les départements ministériels l’opportunité de faire migrer sur des solutions «libres» une partie des postes de travail des agents de l’État.»
  • 44. 43 FIGURA 16. O programa de design gráfico Gimp 1.2.3 e o processador de textos do OpenOffice 1.1 correndo na distribuição Mandrake 9.1, com o gerenciador de ambiente Gnome 2.2. UMA PROPOSTA DE PROGRAMAÇÃO DOCENTE Como avançámos acima, o propósito deste artigo não era apresentar todos os casos que envolvem a tradução de páginas da Internet. Este tipo de trabalho daria, com certeza, para um volume monográfico que, no entanto, não deixaria de ser incompleto. Felizmente, a criatividade humana não tem limites. Os conteúdos da Internet são um exemplo excelente dessa mesma criatividade, reflectindo as suas características. Contudo, as informações anteriores oferecem uma primeira impressão da tarefa que nos propomos descrever. No início deste texto, salientámos a necessidade de descrever um novo espaço académico, tendo presentes a sua função social e características profissionais, bem como as estratégias de formação adoptadas, de forma a adequá-las aos objectivos da formação. É sobre este último aspecto que nos detemos a seguir. Tendo presentes as sugestões de Gouadec (2003, 529-530), propomos os momentos de formação que constam desta lista:
  • 45. 44 TABELA 2. Qualquer proposta de organização de um curso académico apresenta um certo grau de subjectividade, e esta que nós apontamos não tem intenção de escapar a essa contingência. Prescindimos, para começar, de mais pormenores relativamente ao tipo de curso. A localização de páginas da Internet (ou, se preferirmos, de «conteúdos electrónicos») tanto pode constituir seminários específicos, como integrar-se em programas de carácter mais generalista (por exemplo, Solà 2003, 81-82). O plano que propomos admite, portanto, diversos graus de profundidade de tratamento, pois, além do factor tempo, haveria outras questões a considerar (de que nós prescindimos) como as que Jean Quirion (2003, 555- 556) menciona a propósito da localização dos programas informáticos: Ciclo prático 1. Criação de conteúdos electrónicos (I). A construção e a edição de páginas e sítios de rede. Linguagens de instruções, sistemas de marcação e bases de dados. 3. Planificação e gestão de conteúdos electrónicos. Internacionalização e localização: conceitos e padrões. 2. Criação de conteúdos electrónicos (II). Arquivos de texto. Gestão terminológica e utilização de memórias de tradução. 3. Criação de conteúdos electrónicos (III). Arquivos de imagem e material audiovisual. 4. Localização de conteúdos electrónicos (I). Análise e gestão das encomendas. 5. Localização de conteúdos electrónicos (II). Resolução global das encomendas. 6. Localização de conteúdos electrónicos (III). Controlo de qualidade e avaliação (testing). Ciclo teórico 1. Introdução. A rede Internet. Sítios de rede, páginas da Internet e suportes para os conteúdos electrónicos 2. Fundamentos da comunicação intercultural. 3. Planificação e gestão de conteúdos electrónicos. Internacionalização e localização: conceitos e padrões.