- O ensino de medicina teve início de forma informal através da relação mestre-discípulo, com os discípulos aprendendo habilidades dos seus mestres. A primeira instituição de ensino médico foi a Escola de Salerno no século IX.
- As universidades surgiram na Idade Média a partir do século XII como uma extensão dos colégios episcopais, onde se ensinavam as sete artes liberais. Faculdades de medicina passaram a fazer parte das universidades.
- O Relatório Flexner de 1910 reform
3. História do Ensino de Medicina: Primórdios
Relação mestre-discípulo
A preocupação com a preparação profissional daqueles que cuidam
da saúde da população é uma constante na história da humanidade
Em épocas remotas, nas tribos primitivas, os candidatos à função de
pajé eram selecionados e treinados
Em seus primórdios, o ensino da atividade de curar começou de maneira informal -
treinamento profissional orientado por um prático - os discípulos aprendiam as
habilidades profissionais na relação com seus mestres
Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis?. Rev. bras. educ. med. 2008; 32 (3): 363-373.
4. O ensino médico no Ocidente só foi institucionalizado na Baixa Idade
Média, pela Escola de Salerno, que alcançou fama mundial, e para onde
afluíam estudantes de todas as nações
Há referências ao ensino da medicina em Salerno já no século IX, porém
sua institucionalização só ocorreu em 1075, quando os estudantes
aprovados passaram a receber licença para exercer a medicina
História do Ensino de Medicina: Escola de Salerno
5. A partir do século XII, a Escola de
Salerno estabeleceu um currículo
regular e passou a receber auxílio
financeiro dos governantes
Os preceitos da Escola de Salerno foram
amplamente divulgados pelo Regimen
Sanitatis Salernitanum, que se baseava em
Galeno e Hipócrates
História do Ensino de Medicina: Escola de Salerno
6. A educação médica em Salerno começou nos mosteiros, resultando em associação entre ensino
médico e hospitais da Igreja. Como é que Salerno, uma escola fundada por monges, foi capaz
de promover o desenvolvimento das futuras universidades europeias?
A conexão com o mosteiro e as tradições beneditinas promoveram o desenvolvimento intelectual em uma
atmosfera liberal, admitindo-se estudantes de todas as origens, incluindo mulheres, na escola
O clima ameno em Salerno contribuiu para o desenvolvimento da escola de medicina - Os viajantes e a nobreza
vieram se recuperar de várias doenças e a agregação dos doentes em Salerno atraiu muitos médicos gregos, árabes
e judeus
A localização geográfica no sul da Itália - A escola estava localizada no meio de um vale elevado, com vista para a
cidade de Salerno, a sudeste de Nápoles, próxima dos remanescentes da cultura grega, que promoveu o
aprendizado de mestres antigos, como Hipócrates e Aristóteles
História do Ensino de Medicina: Escola de Salerno
7. As universidades foram um legado da Idade Média à civilização ocidental -
surgiram na Europa Cristã, aproximadamente nos séculos XII e XIII
A palavra latina UNIVERSITAS foi inicialmente empregada a partir do século XII
para designar uma corporação de professores e alunos, que se subdividiu
depois em ramos: a de leis e a de artes e medicina
Somente a partir do século XIV, UNIVERSITAS passou a designar também a própria
instituição, tal como hoje se entende
História do Ensino de Medicina: Surgimento das
universidades
8. As universidades nasceram de uma iniciativa da Igreja como uma extensão dos
colégios episcopais – onde estudantes aprendiam o domínio das sete artes
liberais, base da educação durante a Idade Média; os eixos programáticos de
estudos, além dos professores – eram integrantes da Igreja
Apesar da origem clerical, a Escola de Salerno passou a ser o primeiro centro
medieval de Medicina laica, com caráter docente e assistencial
História do Ensino de Medicina
9. Foi na chamada “Idade das Trevas”, a Idade Média, que surgiu a maior
contribuição intelectual para o mundo: o sistema universitário - A universidade foi
um fenômeno totalmente novo na história da Europa – não houve universidades
antes dessa época
Depois da Escola de Salerno, surgiram as universidades de Bolonha, em 1158 (a
primeira Universidade do mundo Ocidental); Paris, em 1200; Cambridge, em 1209;
Pádua, em 1222; Nápoles, em 1224; Toulouse, em 1229; nestas escolas, seguiam-
se os conhecimentos de Galeno e Avicena
História do Ensino de Medicina: Surgimento das universidades
10. As universidades nasceram de uma iniciativa da Igreja como uma
extensão dos colégios episcopais – onde estudantes aprendiam o
domínio das sete artes liberais, base da educação durante a Idade
Média; os eixos programáticos de estudos, além dos professores,
eram integrantes da Igreja
As faculdades de Medicina das universidades europeias do século XIII
foram as encarregadas de resgatar a herança da Escola de Salerno,
que englobava a melhor da tradição da medicina grega, assim como
textos alimentados nas fontes da medicina árabe e bizantina
História do Ensino de Medicina
11. A partir do século XVI e da inauguração do período
renascentista, em que o homem passou a ser o centro do
universo, houve grande avanço no estudo da anatomia
A continuidade das descobertas, os avanços da Medicina na Idade Moderna, a
consolidação do hospital como locus privilegiado de prática, de ensino e de
aprendizagem e as mudanças nas técnicas do ensino médico conferiam à Medicina o
caráter de conhecimento que busca a cura ou, pelo menos, a minimização do
sofrimento, dentro dos cânones da racionalidade, da objetividade e da cientificidade.
Configurava-se, assim, o modelo da ciência médica moderna – o modelo biomédico
História do Ensino de Medicina
Batista NA. Et al. Educação Médica no Brasil: Docência Em Formação - Ensino Superior. São Paulo: Cortez, 2015
12. - Século XIX: “Segunda Revolução Científica”, análoga à do século XVII - criou novos
cânones de verdades que romperam com os fundamentos do conhecimento dos séculos
anteriores; até então, as principais inquietações dos cientistas se concentravam em teologia,
humanismo e filosofia
Predominou nas escolas médicas dos Estados Unidos e do Brasil, o modelo anatomoclínico
francês na primeira metade do século XIX, e depois tornou-se predominante o modelo
germânico, que introduziu as disciplinas laboratoriais e a anatomopatologia
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação
Oswaldo Cruz. 2009.
História do Ensino de Medicina
13. Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação
Oswaldo Cruz. 2009.
Na segunda metade do século XIX, havia uma situação desordenada no ensino
de medicina, que piorou com o número crescente de escolas médicas
As faculdades não dispunham de laboratórios nem de uma tradição de pesquisa e
as disciplinas podiam ser cursadas em qualquer sequência; o corpo docente não
tinha controle sobre seus aprendizes, e as normas educativas eram flexíveis demais
A duração do curso variava entre as escolas; 96% das escolas médicas exigiam três
de curso
História do Ensino de Medicina
14. Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação
Oswaldo Cruz. 2009.
Passou a ocorrer uma intervenção reformadora oriunda das universidades e
inspirada na Alemanha, que havia criado uma tradição de ensino universitário
secular
O principal apoio desta reforma geral foi a faculdade de medicina da
Universidade Johns Hopkins, fundada em 1893 em Baltimore, com um programa
de quatro anos, arraigado nas ciências básicas e na prática hospitalar da
medicina
História do Ensino de Medicina
15. Em 1903, a American Medical Association (AMA) criou um conselho de educação médica,
encarregado da inspeção e da avaliação das escolas médicas nos EUA, cujo relatório de 1907
evidenciou uma variabilidade de tipos de formação médica
A Carneggie Foundation foi convidada pela AMA a realizar uma pesquisa independente, que por
sua vez contratou Abrahan Flexner, pedagogo não médico, tendo Flexner considerado a Faculdade
de Medicina Johns Hopkins o modelo ideal de formação médica
Flexner visitou, então, todas as escolas médicasnorte-americanas, preparando o relatório que
resultou em uma profunda reforma do ensino médico americano e canadense, com reflexos no
ensino médico da América Latina
S. a., S. d. Maxwell-Puc-Rio. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/4328/4328_5.PDF
História do Ensino de Medicina
16. Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação
Oswaldo Cruz. 2009.
Após ter visitado 155 faculdades de Medicina nos EUA e Canadá, Flexner
concluiu que apenas cinco delas tinham condições de formar médicos
Flexner recomendou reduzir o número e melhorar a qualidade das escolas,
propondo um modelo de curso que foi adotado inicialmente nos Estados
Unidos e, logo depois, em grande parte do mundo
Com o Relatório Flexner, houve redução do número de escolas médicas - em
1915, o número de escolas havia se reduzido para 95
História do Ensino de Medicina
17. O “modelo flexneriano” é visto como uma incorporação pelas faculdades
brasileiras de medicina, ao longo dos anos 1950 e 1960, das reformas do ensino
médico norte-americano a partir do Relatório Flexner
O Relatório Flexner foi encomendado devido às constatações da American
Medical Association sobre a precariedade das escolas médicas norte-
americanas entre as últimas décadas do século XIX e o início do XX
História do Ensino de Medicina
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação Oswaldo
Cruz. 2009.
18. “Relatório Flexner”: determinou uma série de modificações nos currículos médicos,
baseando-se em determinados pressupostos ideológicos para a Medicina
Mecanicismo (o homem é comparável a uma máquina)
Biologicismo (predominância da natureza biológica das doenças)
Unicausalidade, com exclusão dos aspectos sociais
Superespecialização do médico
Tecnificação crescente do ato médico
Ênfase na doença e na medicina curativa
Cenário de práticas predominantemente hospitalar
Segmentação do curso em ciclos básico e profissional
História do Ensino de Medicina
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação Oswaldo
Cruz. 2009.
19. “O modelo flexneriano começou a ser implantado no Brasil na
década de 40, influenciando os novos cursos de Medicina,
Odontologia e Enfermagem, além de reformular os cursos já
existentes. Paradoxalmente, o rápido e contínuo desenvolvimento
científico-tecnológico conduziu o modelo flexneriano ao topo e o
derrubou do mesmo. Os crescentes gastos, o consumo
desenfreado das possibilidades de diagnóstico e tratamento em
contraste com a escassez de recursos para o custeio são pontos
marcantes à derrocada deste modelo, principalmente em países
pobres ou em desenvolvimento” (p.552)
González AD, Almeida MJ. Movimentos de mudança na formação em saúde: da medicina comunitária às diretrizes curriculares. Physis Revista de Saúde Coletiva 2010; 20 (2): 551-570
História do Ensino de Medicina
20. A introdução do “Estado de Bem-Estar Social” nos países europeus e, principalmente, a
Medicina Social na Inglaterra, impulsionaram aos Estados Unidos a repensar e discutir a
questão da assistência médica
O “Movimento Preventivista” e a “Medicina Integral” surgiram nos Estados Unidos e na
América Latina ainda na década de 1950 (no Brasil, a partir da década de 60) e foram bases
para as mudanças no ensino
Houve surgimento dos departamentos de Medicina Preventiva, por forte influência da
Organização Pan-Americana de Saúde que, na década de 1950 passou a se interessar pelo
ensino médico, ao considerar a educação latino-americana desarticulada da prevenção
González AD, Almeida MJ. Movimentos de mudança na formação em saúde: da medicina comunitária às diretrizes curriculares. Physis Revista de Saúde Coletiva 2010; 20 (2): 551-570
História do Ensino de Medicina
21. No início dos anos 1970, foi elaborado um informe para os Estados Unidos e Canadá, pela Carneggie Commission
of Higher Education, chamado de “Integração Docente-Assistencial (IDA)”, que postulava uma redefinição geral do
ensino médico norte-americano, no sentido de formar o “médico generalista” ou “de família e daecomunidade”
Com a implantação dos programas de Integração Docente Assistencial (IDA), definidos pela Organização Pan-
Americana da Saúde (Opas) nos anos 1980, procurou-se priorizar a atenção primária à saúde, tendo como meta
"saúde para todos no ano 2000“ (Conferência de Alma-Ata)
Passou-se a preconizar uma articulação entre as instituições de educação e o sistema de saúde,
levando a mudanças no currículo das faculdades de Medicina e demais áreas da saúde
Gonçalves MB, Benevides-Pereira AMT. Considerações sobre o ensino médico no Brasil: consequências afetivo-emocionais nos estudantes. Rev. bras. educ. med 2009; 33 (3): 482-493.
História do Ensino de Medicina
22. Os programas de IDA, embora reconhecidos como de valor inestimável para as escolas médicas e para o sistema de
saúde, não foram praticados em sua plenitude, e as mudanças resultantes de sua implantação foram pequenas
Em 1985, surgiram os programas UNI, projetados para a América Latina e que definiram “Uma Nova Iniciativa” na
formação de profissionais da saúde: união com a comunidade.
A UNI visava à integração escola x serviço x comunidade, reunindo os estudos epidemiológicos, a interdisciplinaridade, o
trabalho em equipe multiprofissional e a utilização do serviço como cenário de ensino e aprendizagem
O projeto foi implementado em poucas escolas médicas, com alguns avanços nas mudanças curriculares, mas a
participação de docentes e profissionais da saúde ainda foi escassa
Gonçalves MB, Benevides-Pereira AMT. Considerações sobre o ensino médico no Brasil: consequências afetivo-emocionais nos estudantes. Rev. bras. educ. med 2009; 33 (3): 482-493.
História do Ensino de Medicina
23. O primeiro curso de Medicina no Brasil foi criado em fevereiro de 1808 em Salvador, após a chegada da família real
portuguesa na Bahia; em abril de 1808, criou-se a segunda escola médica do país, a Escola de Anatomia e Cirurgia no Rio
de Janeiro
As escolas da Bahia e do Rio eram "escolas de cirurgia", pois formavam cirurgiões e não médicos, pois estes continuavam
a se formar na Europa, sobretudo em Portugal - O curso tinha duração de quatro anos
Entre 1812 e 1815, ocorreram as primeiras reformas dessas duas escolas médicas, que passaram a ser chamadas
Academias Médico-Cirúrgicas, e a duração dos cursos foi ampliada para cinco anos
Em 1822, com a passagem do Brasil a Império, surgem os médicos formados nas escolas nacionais; D Pedro I firma a lei
que estabelece a autonomia dessas escolas, concedendo-lhes o direito de diplomar seus alunos, que até 1822 recebiam
diplomas de Portugal, mesmo tendo se graduado nas escolas brasileiras
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação O
swaldo Cruz. 2009.
História do Ensino de Medicina no Brasil
24. 1832, as duas escolas de medicina existentes no Brasil foram transformadas em Faculdades
de Medicina, adotando as regras e programas da Escola Médica de Paris, com cursos com e
duração de seis anos; a terceira escola médica brasileira só surgiu 90 anos depois, na
República, em 1899 (Rio Grande do Sul), fazendo com que o Brasil tivesse até o início do
século XX, apenas três escolas médicas
A influência francesa foi marcante no ensino médico no Brasil: todo o material escolar -
livros, métodos, regulamentos, programas, leituras - era importado da França e
eminentemente teórico; o modelo pedagógico adotado até então era marcado pelo
academicismo francês, mas a pesquisa era influenciada pela escola alemã
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. 2009.
História do Ensino de Medicina no Brasil
25. As reformas sucessivas e o tempo fizeram com que este modelo
baseado nas escolas europeias fosse totalmente substituído pelo
modelo americano, que passou a ser hegemônico no início do
século XX
1915: novos rumos para o ensino médico no Brasil e aumento de
três para dez escolas médicas; as escolas médicas no Brasil, que
eram isoladas até 1930, quando foi criada, então, a primeira
universidade brasileira, a Universidade de São Paulo
Guimarães MRC. Os catedráticos de clínica médica e as propostas de reforma do ensino médico no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Tese - Doutorado em História das Ciências e da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. 2009.
História do Ensino de Medicina no Brasil
26. - 1911 - Desoficialização do ensino no país - Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental,
na República (Lei Rivadávia) – firmava a a criação do ensino livre e particular no Brasil
- Com a Lei Rivadávia, as escolas superiores passaram a ser autônomas em relação ao
governo federal no que dizia respeito ao seu sustento econômico e organização
estatutária
- Em consequência, houve grande aumento da criação de faculdades particulares, com
aparecimento de diversas instituições que tinham por único fim “negociar diplomas”
- 1915- Reforma Maximiliano - Governo de Venceslau Brás - restabeleceu a ordem no
campo educacional
História do Ensino de Medicina - Brasil
Abreu Júnior, JMC. A Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará: da fundação à federalização 1919-1950. Rev Pan-Amaz Saude 2010; 1(4):11-16
27. O ensino superior, a partir das décadas de 60 e 70, sofre uma importante
inflexão com um boom de universidades e vagas verificado entre 1965 e 1975
Até 1970 foram criadas 43 novas escolas médicas sendo, a maioria delas, de
iniciativa privada, com subsídios governamentais
Houve uma verdadeira explosão de escolas médicas, com uma tendência à
concentração no Sul e Sudeste e uma inversão na relação público-privada
Pierantoni CR, Varella TC, França T. A formação médica: capacidade regulatória de estados nacionais e demanda dos sistemas de saúde. Disponível em: http://www.obsnetims.org.br/upload
ed/16_5_2013__0_A_formacao_medica.pdf
História do Ensino de Medicina - Brasil
28. Houve simultaneamente grande expansão do número de vagas nas escolas
existentes, e novas escolas médicas foram sendo criadas de forma indiscriminada
Em 1930, existiam no Brasil 12 escolas médicas, todas públicas; entre 1930 e
1960, foram fundadas mais 19, em sua maioria públicas
Em 1964, existiam 37 cursos de Medicina, dos quais 81% eram públicos, sendo
24 em universidades federais e seis em estaduais
Gonçalves MB, Benevides-Pereira AMT. Considerações sobre o ensino médico no Brasil: consequências afetivo-emocionais nos estudantes. Rev. bras. educ. med 2009; 33 (3): 482-493.
História do Ensino de Medicina no Brasil
29. Gonçalves MB, Benevides-Pereira AMT. Considerações sobre o ensino médico no Brasil: consequências afetivo-emocionais nos estudantes. Rev. bras. educ. med 2009; 33 (3): 482-493.
Década de 1960 - industrialização no país - desencadeia-se a criação acelerada de novas
escolas: Em apenas cinco anos, criaram-se 35 escolas, chegando-se ao final do século XX
com 113 escolas médicas
O crescimento dos cursos de Medicina ocorreu, especialmente, nas décadas de 1970 e
1990, vinculado à expansão da rede privada de ensino e, trazendo para a agenda uma
crescente preocupação com a qualidade da formação dos egressos
A oferta de vagas nas escolas privadas cresceu 98,9%, enquanto nas públicas apenas 15%
História do Ensino de Medicina no Brasil
30. Gonçalves MB, Benevides-Pereira AMT. Considerações sobre o ensino médico no Brasil: consequências afetivo-emocionais nos estudantes. Rev. bras. educ. med 2009; 33 (3): 482-493.
Atualmente (2017) há 294 escolas médicas em atividade no Brasil; as escolas
privadas já são maioria: 164; 78 federais, 34 estaduais e 16 municipais
Considerando-se o número de cursos de Medicina em relação à população e comparando
o Brasil com outros países, o maior número de cursos de Medicina do mundo ocorre aqui
(China - 150 escolas para 1,3 bilhão de habitantes; Índia - 202 cursos para 1,07 bilhão de
habitantes; Estados Unidos - 125 cursos para 278 milhões de habitantes
História do Ensino de Medicina no Brasil
31.
32. Há mais de 50 anos o ensino médico encontra-se sob crítica recorrente em todo o mundo
No Brasil, especialmente nas últimas duas décadas, têm ocorrido análises e debates pelos profissionais
da área e pela sociedade em geral sobre a qualidade do ensino de medicina
Existe um consenso quanto à necessidade de reformulação de determinados aspectos da formação
médica com vistas a uma satisfação das demandas assistenciais atuais
Estudos e avaliações do ensino médico no Brasil contemporâneo, contudo, mostram que a maioria dos
cursos de Medicina se encontra ainda organizada de acordo com as proposições do Relatório Flexner
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
33. Segunda metade da década de 1970 no Brasil – Surgiu o Movimento
Sanitário
A partir da realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986,
desenhou-se, então, o projeto de construção de um sistema público de
saúde pautado em uma concepção ampliada de saúde e no lema –
“Saúde como direito de todos e dever do Estado”
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
34. Aprovação da nova constituição em 1988 e criação do SUS – propiciaram a criação do Programa Saúde da
Família (PSF) na década de 1990 - o Ministério da Saúde define o PSF como a estratégia inicial de
reorientação do modelo assistencial
A expansão do PSF trouxe a necessidade de se buscar uma prática clínica ampliada e integradora das
dimensões biopsicossociais do adoecimento e capaz de promover o cuidado em saúde mediante o trabalho
de uma equipe multidisciplinar
Uma constatação se evidenciou: as faculdades de Medicina não estavam formando o tipo de profissional que
a sociedade necessitava – foi imprescindível adotar medidas voltadas à formação e à capacitação desse
profissional por meio da viabilização de mudanças na graduação para atender os interesses apontados por
um novo modelo de atenção à saúde
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
35. 1991: Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Conselho Federal de Medicina (CFM) e mais nove
instituições relacionadas à profissão médica constituíram a Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação
das Escolas Médicas (Cinaem) com a finalidade de avaliar a educação médica e fomentar o aperfeiçoamento
do Sistema de Saúde
Cinaem - Segunda fase - Identificação de questões importantes: necessidade de mudança dos métodos
pedagógicos, do sistema de avaliação docente e discente e da proposta curricular
Cinaem – Terceira fase – 1998 - “Transformação do Ensino Médico no Brasil” - adesão significativa das escolas
médicas do país para um movimento de mudanças cujo objetivo maior seria o real atendimento das
necessidades de saúde da população
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
36. Após um longo processo de discussão e de negociação, foram homologadas em 2001, pelo
Conselho Nacional de Educação, as Diretrizes Curriculares do Ensino Médico, tendo como
eixo norteador o papel social do aparelho formador
Premissas das novas diretrizes: integração entre teoria e prática, pesquisa e ensino, e entre
conteúdos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais do processo saúde-doença; inserção
precoce dos estudantes em atividades nos serviços de saúde, com ênfase na atenção
primária; estímulo à participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento;
formação médica humanista, generalista, crítica e reflexiva
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
37. Ensino centrado no processo de trabalho e no princípio da integralidade das ações em saúde
A inserção do aluno na realidade social e sanitária da população
A diversificação dos cenários de aprendizagem – comunidade, família, unidades básicas de saúde
Deslocamento do hospital como único espaço de aprendizagem
A perspectiva da formação em saúde inserida na transdisciplinaridade e na intersetorialidade
A valorização das dimensões psicossocial e antropológica do adoecer
Nogueira MI. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev. bras. educ. med. 2009; 33 (2):
262-270.
História do Ensino de Medicina no Brasil
Questões primordiais definidoras de uma nova concepção para a política de formação de
recursos humanos para o SUS
38.
39. A medicina teve suas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) aprovadas no final de 2001 e, já em 2002,
por meio da parceria entre os Ministérios da Saúde e Educação e a Organização Pan-americana da Saúde,
foi lançado o Programa de Incentivo a Mudanças Curriculares nos Cursos de Medicina (PROMED)
O PROMED fortalecia o movimento de mudança na formação médica e contou com a
participação ativa da Associação Brasileira de Educação Médica e da Rede Unida
2005 – criação do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
(PRÓ-SAÚDE) para os cursos de Medicina, mas também para os de enfermagem e odontologia;
2010 – Criação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde)
González AD, Almeida MJ. Movimentos de mudança na formação em saúde: da medicina comunitária às diretrizes curriculares. Physis Revista de Saúde Coletiva 2010; 20 (2): 551-570
História do Ensino de Medicina no Brasil
40. A Faculdade de Medicina da Paraíba foi fundada em 1950 - Faculdade de Medicina,
Odontologia e Farmácia do Estado da Paraíba – centro da cidade – Rua das Trincheiras
A autorização de funcionamento do Curso de Medicina foi assinada pela Presidência
da República em 1951, e o Curso de Medicina foi reconhecido oficialmente pelo
Governo Federal em 1955
Em 1955 foi fundada a Universidade da Paraíba, com a agregação dos cursos de
Medicina, de Odontologia e de Farmácia; primeira turma de Médicos formados na
Paraíba: 15 de dezembro de 1957
História do Ensino de Medicina na Paraíba
41. 1960: federalização da Universidade da Paraíba – criação da Universidade
Federal da Paraíba, composta pela Faculdade de Medicina e outras nove
faculdades - neste processo de fusão das instituições, a Faculdade de
Medicina contribuiu com cerca de 40% do acervo de bens que constituíram o
patrimônio da nova Universidade
2012: Centro de Ciências Médicas - o curso de medicina do Centro de
Ciências da Saúde (CCS), que foi um dos primeiros a constituírem a
instituição, foi a base para a criação de uma outra instância político-
administrativa, o Centro de Ciências Médicas (CCM)
História do Ensino de Medicina na Paraíba