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1
Scale-
				Ups
no Brasil
AS EMPRESAS QUE VÃO TIRAR
O PAÍS DA CRISE (E O QUE VOCÊ
PRECISA SABER SOBRE ELAS)
2
Índice
Afinal, o que são Scale-ups?.............................................. 4
O que mais você precisa saber sobre as Scale-ups?.... 7
São empresas grandes enquanto pequenas .................. 9
ExistemScale-upsdoOiapoqueaoChuí,literalmente.....11
	 O Caso da OilCheck ....................................................... 16
	 O Caso da CERS ............................................................ 17
Ter patente não é garantia de crescimento.................... 18
	 O Caso do Grupo Trigo .................................................. 23
	 O Caso da Techno Logys................................................ 24
Scale-ups são boas pagadoras de impostos...................25
	 O Caso do Grupo Prepara.............................................. 32
	 O Caso da Casa do Construtor....................................... 33
Scale-ups estão em todos os setores..............................34
	 O Caso da Uatt?............................................................ 39
	 O Caso da Clearsale ...................................................... 40
O tempo é um aliado do crescimento..............................41
	 O Caso da ABC da Construção ...................................... 46
	 O Caso da Escola 24hs.................................................. 47
Homens são maioria a frente de Scale-ups...................48
	 O Caso da Dermage ...................................................... 53
O Caso da Acesso Digital ............................................... 54
Tercomquemcompartilharosonhoajudaacrescer.......55
	 O Caso da Beleza Natural ............................................. 59
	 O Caso da TecVerde ...................................................... 60
Para saber mais sobre Scale-ups.......................................61
Como chegamos aos resultados (metodologia)..........63
4
O caminho para que o Brasil recupere sua capacidade
de produzir riqueza e gerar emprego passa por nos-
sos empreendedores. No entanto, apenas abrir uma
empresa ou ter um micro negócio não é suficiente
para que os empreendedores tenham alto impacto na
sociedade. É preciso fazê-los crescer!
Este estudo pretende analisar de perto as Scale-ups
brasileiras. Elas são empresas que crescem muito,
pelo menos 20% ao ano, por três anos consecutivos
(em número de funcionários ou receita).
De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 35.000
Scale-ups, menos de 1% do total de empresas do país.
E, apesar disso, elas são responsáveis por quase 60%
dos novos empregos gerados nos últimos anos (o
equivalente à 3,3 milhões de empregos).
Afinal, o que são
Scale-ups?
Scale-Ups | O que são
“São os empreendedores que
vão salvar o Brasil”.
Jorge Paulo Lemann
5
Enquanto uma Scale-up contrata1
, em média, 31,3 no-
vos funcionários por ano, a média do restante das
empresas é de apenas 0,34 funcionário. É 100 vezes
menos!
As Scale-ups também são responsáveis por mais de
R$ 250 bilhões em valor adicionado ao PIB (equiva-
lente a quase 5% do total).
Scale-Ups | O que são
SCALE-UPS CONTRATAM
100 VEZES MAIS
QUE O RESTANTE
DAS EMPRESAS
1
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/empreendedorismo/2012/
default.shtm; acesso: 10/08/2015
6
Com todo esse potencial de geração de
empregos e renda, as Scale-ups serão
peças fundamentais na recuperação
econômica do país.
O sonho grande da Endeavor é que te-
nhamos 100.000 dessas empresas até
2030, ou seja, praticamente triplicar o
número atual.
Para chegarmos lá, a primeira coisa que
devemos fazer é entender as Scale-ups!
À medida que conhecemos mais sobre
elas, em que setores e cidades estão, e
quais as características de seus empre-
endedores, por exemplo, podemos dis-
cutir com mais profundidade quais es-
tratégias tomar para multiplicarmos o
crescimento das empresas e, com isso,
acelerar a recuperação do país.
Scale-Ups | O que são
6
7
O que mais você precisa
saber sobre as Scale-ups
7
8
A Endeavor, organização mundial
de fomento ao empreendedorismo,
e a Neoway, empresa especialista
em Big Data, analisaram milhões de
dados e criaram este estudo inédito.
Agora, todos podem entender mais
sobre as empresas que vão tirar o
Brasil da crise!
Scale-Ups | O que mais você precisa saber
8
9
São empresas grandes
enquanto pequenas
10
14,57%
40,45%
37,08%
4,31% 3,60%
10-24
Funcionários
50-249
Funcionários
250-499
Funcionários
Acima de 500
Funcionários
25-49
Funcionários
40%
35%
25%
15%
5%
30%
20%
10%
0%
Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que Scale-ups não são apenas
grandes empresas. Ao contrário, 92% são pequenas e médias (PMEs)!
Assim como os exemplos que você verá a frente, Scale-ups são empresas em
que os empreendedores lideram ativamente seus negócios, trabalhando
todos os dias para alcançar um sonho grande.
Eles querem fazer a diferença.
E estão fazendo!
Scale-ups | São empresas grandes enquanto pequenas
Scale-ups em relação ao número de funcionários
Pequenas empresas Grandes empresasMédias empresas
10
11
ExistemScale-ups
doOiapoqueaoChuí,
literalmente
11
12
Você sabe o que Chopinzinho (PR), Conta-
gem (MG) e Recife (PE) têm em comum?
Todas são sedes de Scale-ups. A boa notícia:
elas não estão sozinhas! O Brasil tem mais de
5,5 mil cidades, e mais da metade delas (ou
2.806, exatamente) são sedes dessas empre-
sas que crescem muito.
Literalmente, existem Scale-ups do Oiapoque
(AP) ao Chui (RS).
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
13
É claro que os maiores centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm os maiores
números absolutos de Scale-ups. Mas para os que pensavam ser preciso estar em uma
grande cidade para desenvolver uma empresa, pensem de novo: cidades como estas,
com menos de 500.000 habitantes, são sedes de quase 60% das Scale-ups do país.
31%
9,18%
18,7%
10,17% 9,91%
7,34%
13,55%
% do total de Scale-ups, por tamanho da cidade
acima de
1MI
500 mil
a
1MI
100 mil
a
200 mil
50 mil
a
100 mil
25 mil
a
50 mil
abaixo de
25 mil
200 mil
a
500 mil
13
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
14
Não é necessário estar em uma grande ci-
dade para empreender uma Scale-up, mas
aparentemente estar perto de uma pode
trazer muitas vantagens. Cidades que são
parte de regiões metropolitanas, como Con-
tagem, têm proporcionalmente as maiores
taxas de Scale-ups do país.
No final das contas, como mostrou uma
outra pesquisa da Endeavor, para quem
sonha grande o importante é ter acesso a
grandes mercados (e aí uma região metro-
politana pode fazer diferença), seja lá onde
você abra a empresa.
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
15
3,06%
2,98%
2,54%
2,85%
2,57%
2,82%
5,02%
2,5%
2.700.0002.025.0001.350.000675.00000
2,0%
2,9%
3,8%
4,6%
5,5%
População
DensidadedeScale-ups
3,16%
Maiores densidades
(entre 100 mil e 200 mil))
Maiores densidades
(entre 200mil e 500mil)
Maiores densidades
(entre 500mil e 1MI)
Maiores densidades
(Acima de 1MI)
Algumas das maiores densidades de Scale-ups encontram-se, por exemplo, em
Guarulhos (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), Duque de Caxias (RJ), Aparecida de
Goiânia (GO), Camaçari (BA), Ananindeua (PA) e Contagem (MG).
Ananindeua
Aparecida
de
Goiânia
Jaboatão
de
Guararapés
Duque
de
Caxias
Guarulhos
Recife
Manaus
Fortaleza
Contagem
15
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
Principais densidades de Scale-ups, por faixas de população
16
Contagem está a 21 km da capital de Mi-
nas Gerais, na região metropolitana de
Belo Horizonte. Nessa cidade com cerca
de 380 mil habitantes, entre quase 300
Scale-ups, uma se destaca.
Antes de fundar a Oilcheck, Carlos Alves,
formado em mecânica e com carreira na
área de análise de óleo, nunca havia pen-
sado em empreender. Até conhecer Luis
Milani, que distribuía filtros de uma em-
presa australiana no Brasil. Começaram o
negócio em um guardanapo e foram finan-
ciados por um grande cliente que acredi-
tou no sonho grande dos empreendedo-
res: ser a melhor solução em sistemas de
análises de óleo do mercado. Pra chegar
lá, dobraram a empresa a cada ano e hoje
vendem até para a África. Nunca saíram
de Contagem.
De Contagem
para o mundo
Carlos Henrique Alves
e Luis Gustavo Milani
exportam até para a África
sem sair de Contagem.
O caso da OilCheck
16
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
17
Depois de passar em um concurso para procurador do trabalho,
Renato Saraiva se mudou do Rio de janeiro para o Recife. Nas ho-
raslivres,davaaulasparaquemqueria,assimcomoele,passarem
um bom concurso público. Logo se tornou um professor bastante
popular.
Inspirado por encontrar um jeito de levar suas aulas a cada vez
mais alunos, Renato contratou um operador de câmera que pu-
dessegravarsuasaulasemsuagaragemesubirosvídeosemum
sitepróprio.Dentrodeumano,areceitavindadealunosquepaga-
vampeloconteúdoonlinejáhaviaultrapassado500mildólares.
OsucessoprecocedosvídeosfezcomqueRenatotransformasse
suagaragememumestúdioprofissional,ondeoutrosprofessores
também pudessem gravar. Nascia o Complexo Educacional Rena-
to Saraiva (de onde veio o atual nome da empresa, CERS), que
hojeéresponsávelporprepararquaseumterçodosaprovadosno
examedaOAB.
Renato se mudou para Pernambuco por causa de um concurso
público,ehojeestáàfrentedeumadas1.000Scale-upsdoRecife.
Renato Saraiva criou
a CERS numa garagem do
Recife e hoje prepara quase
1/3 dos aprovados na OAB.
A sala de aula do
Recife em que cabe
o Brasil inteiro
O caso da CERS
17
Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
18
Ter patente não é
garantia de crescimento
18
19
Em junho de 2012, a Coca-Cola começou a ser ven-
dida em Myanmar, na Ásia, e passou a estar presente
em absolutamente todos os países. Dificilmente você
conhece alguém que nunca tenha tomado sequer um
gole de Coca.
O que talvez poucos saibam é que a fórmula do refri-
gerante nunca foi patenteada! Ela é um segredo in-
dustrial, guardado literalmente por 86 anos em um
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
Créditodaimagem:phloxii/Shutterstock.com
cofre de banco. A fórmula é apenas uma parte do
verdadeiro “segredo”: o principal é como conseguiu
se tornar uma das marcas mais valiosas do mundo.
Assim como a Coca-Cola, a grande maioria das Sca-
le-ups brasileiras também não depende de patentes
para crescer: só 139 delas têm essa proteção, menos
de 0,27% do total.
19
20
Mais do que isso, esse tipo de diferencial no Brasil é coisa de gente grande. Dos mais de
16 milhões de CNPJs do país, só 2.264 têm patentes (0,01% do total!), sendo que, em
média, essas empresas têm 1.326 funcionários, quase 100x mais que a média geral.
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
Empresas
com patente
Total das empresas
(com e sem patentes)
Empresas com 1 ou
mais funcionários
1.960 (100%) 2.692.406 (100%)
Empresas com 10 ou
mais funcionários
1.653 (84,3%) 548.183 (20,36%)
Scale-Ups 130 (7,1%) 51.044 (1,9%)
Média de funcionários 1.326 14
20
21
Ao mesmo tempo, o ritmo de crescimento das poucas empresas com patentes é
ainda menor do que aquelas sem esse tipo de propriedade intelectual: as médias
nos últimos três anos são 0,89% e 1,56%, respectivamente.
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
Proporção de empresas, por faixas de crescimento e registros no INPI
45,52%
49,36%
40,72% 13,76%
42,18% 8,46%
Decrescimento
0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 %
Crescimento entre 0% e 20% a.a. Crescimento acima de 20% a.a.
Total das
empresas*
Empresas com ao
menos 1 patente
*Inclui todas as empresas com 10 ou mais funcionários, em 2011 (com e sem patentes)
22
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
Esses números apontam que, mais além da
baixíssima capacidade de inovação do em-
preendedor brasileiro, existe ainda um desa-
fio adicional: transformar patentes obtidas
(algo que leva em média 8 anos) em fontes
de vantagem competitiva e receita.
A pesquisa e desenvolvimento das empresas
só se transforma em inovação de fato quan-
do “sai do papel” e gera receitas – e não é
preciso, necessariamente, uma patente para
isso, como mostram os empreendedores do
Grupo Trigo e da Techno Logys.
23
Eduardo e Mario já eram amigos e empreendedores de
longa data em 1999. Juntos, haviam aberto diversos res-
taurantes, todos de alto padrão e badalados, mas pouco
escaláveis. O sonho grande deles era criar um restaurante
que aliasse boa comida e bom serviço, mas a um preço
acessível. Sabiam também que deveria ser uma franquia,
com chances maiores de crescer muito e rápido. Nascia
então o Spoleto.
À primeira vista, o negócio era muito pouco disruptivo.
Mas eles tinham seus diferenciais: o cliente poderia per-
sonalizar o seu prato, escolhendo a massa e os ingredien-
tes na hora - algo inovador para o final dos anos 90. Mas
o principal, na verdade, era a longa experiência no setor
(com muitos fracassos, inclusive) e uma alta capacidade de
execução. Prova disso é o crescimento, desde então mui-
to acima da média: em um ano, foram cinco restaurantes
abertos. Em três, 30! Hoje, são mais de 300 lojas só dessa
marca, já que o Spoleto se transformou no Grupo Trigo,
que reúne também as redes Domino’s Pizza e Koni Store.
E tudo isso sem uma única patente.
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
O caso do Grupo Trigo
A inovação em um
prato de comida
Eduardo Ourívio e Mário
Chady nunca tiveram uma
patente, mas transformaram
o fast-food brasileiro
23
24
Enquanto brincava de Lego com seu filho, o engenheiro Valerio
Dornelles se deu conta de que poderia criar um tijolo diferente -
peças de diversos formatos que pudessem se encaixar umas às
outras. Ali, na sala de casa, nascia a Techno Logys.
Quando criou a empresa, ele não tinha noção da inovação que
tinha em mãos, e licenciou o produto para uma outra empresa
sem pensar em registrar uma patente. Como ele mesmo diz, a
empresa cresceu quando foi além do “Lego de verdade” e criou
uma solução completa para a construção civil.
Comfocoeminovarsempre,háalgunsanosaTechnoLogyscriou
um novo produto para facilitar o transporte de argamassa. Dife-
rentedaprimeiravez,Valeriodecidiupatentearaideia.Agora,está
criandoumanovaempresa(umspin-off)focadaemlevaressaso-
luçãoparaumoutropatamar.
Com e sem patente, de inovação em inovação, de tijolo em tijolo,
Valerio já emprega mais de 400 pessoas e as suas invenções já
ajudaramaergueratéasparedesdaVila dos Atletas nas Olim-
píadas do Rio. E pensar que tudo começou em uma brincadeira
de criança.
Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento
O caso da Techno Logys
O Lego que construiu
a Vila Olímpica
Valério Dornelles só
começou a se preocupar
com patentes quando
inovava há muitos anos.
24
25
Scale-ups são boas
pagadoras de impostos
25
26
Não é novidade dizer que pagar impostos
no Brasil é uma tarefa complexa, dado o já
famoso sistema tributário brasileiro. Mas,
ainda que com críticas, para a maioria das
pequenas empresas há o Simples Nacional,
que unifica oito impostos em uma única guia
de pagamento.
De fato, os dados mostram que o Simples
parece ser mesmo mais simples. E bom para
a arrecadação.
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
27
Cerca de 27% das empresas que optam pelo Simples Nacional apresentam
problemas com o pagamento de impostos, pouco quando comparado aos mais
de 50% das não-optantes.
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
Saúde tributária, de acordo com opção tributária
19,39%
27,79%
29,68% 31,29% 10,68% 8,95%
45,13% 22,49%
1,72%
2,87%
Verde (todos os impostos
foram pagos)
0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 %
Laranja Azul Cinza Vermelho ( nenhum imposto foi pago)
Não optantes
pelo Simples
Nacional (SN)
Optantes
pelo SN
Piora na saúde tributária, medida em função dos créditos tributários da empresa
27
28
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
46,74%
44,15%
38,31%
43,40%
10,24%
9,98%
4,71%
2,46%
Faixas de crescimento, por opção tributária
Abaixo de 0%
0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 %
Entre 0% e 20%a.a. Entre 20% e 40%a.a. Acima de 40%a.a.
Não optantes
pelo SN
Optantes
pelo SN
Mais do que isso, o gráfico mostra que existem exemplos de que é
possível crescer optando ou não pelo Simples Nacional.
29
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
Opção tributária, por faixas de crescimento
42,27%
52,73%
Total
45,85%
54,12%
Decrescimento
50,39%
49,61%
Crescimento entre
0% e 20% a.a.
42,90%
52,10%
Crescimento entre
20% e 30% a.a.
43,85%
56,15%
Crescimento entre
30% e 40% a.a.
31,85%
68,15%
Acima de
40% a.a.
Não optantes pelo SN Optantes pelo SN
Por outro lado, as Scale-ups que optam por utilizá-lo encaram um desafio: quando
atingem o teto do sistema, de R$ 3,6 milhões de faturamento, são obrigadas a abandoná-lo e
optar pelo sistema baseado no lucro presumido ou real (algo que o Ministro das
Micro e Pequenas Empresas, Afif Domingos, batizou de “complicado”).
Resultado: à medida que crescem, as empresas têm de optar por deixar o Simples Nacional
(como mostra o gráfico), e lidar com o aumento na carga e complexidade tributária consequente.
29
30
Ao mesmo tempo, é excelente para o país que as empresas cresçam.
Além de um impacto gigante na geração de empregos e riqueza,
elas também são ótimas pagadoras de impostos.
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
Saúde tributária, de acordo com tipo de empresa
39,54%
24,31%
37,79% 17,40%
3,43%
1,83%
38,72% 26,14%
5,39%
Verde (todos os impostos
foram pagos)
0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 %
Laranja Azul Cinza Vermelho ( nenhum imposto foi pago)
Total das
Scale-ups
Total das
empresas
5,44%
Piora na saúde tributária, medida em função dos créditos tributários da empresa
31
Esse é o desafio para o país:
quando as empresas crescem
muito (em geral, boas paga-
doras), elas têm de abando-
nar o Simples (um sistema de
tributação menos complexo).
A solução? Como disse o pró-
prio Ministro Afif, o país pre-
cisa de um sistema tributário
em que as empresas possam
crescer sem medo, que com-
bine, portanto, crescimento e
menos complexidade.
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
31
32
Rogério Gabriel fundou a Prepara Cursos em 2004, especializada
em ensino profissionalizante. Em 2010, já era a maior empresa do
segmentonopaísemnúmerodeunidades.Tambémmaisoumenos
nessa época, Rogério teve de fazer as contas e tomar uma decisão:
qualsistemadetributaçãoescolher.JápróximoaotetodoSimples(à
épocadeR$2,4milhões),asopçõeseramabrirváriosCNPJseconti-
nuarnosistemafacilitadoouencararodesafiodoLucroPresumido,
maiscomplexoecaro.
Para não virar uma “salada”, como ele mesmo diz, escolheu a se-
gunda opção. Mas não foi fácil: um ano antes, durante o planeja-
mento estratégico, previu que o custo tributário e o quanto paga-
ria para a contabilidade (até hoje terceirizada) aumentaria muito
assim que optasse por sair do Simples, “do dia pra noite”. Apesar
deconcordarqueasmicroepequenasempresasdevamrecebero
benefício,Rogériodizque“setivessemumatransiçãomaissuave,
poderiamterinvestidomaisemoutrasáreaseexpandidoaopera-
çãoaindamaisrápido”.
O mesmo dilema de Rogério é hoje enfrentado por seus franquea-
dos,que,muitasvezessemamesmaestrutura,acabamoptandopor
nãocrescerou“abrir”váriosCNPJs.DesafiodosfranqueadosdeRo-
gérioedemilharesdepequenosempreendedoresbrasileiros.
O caso do Grupo Prepara
Planejamento para
crescer sem medo
Ao decidir crescer, Rogério
se planejou para arcar
com os custos da
transição do Simples.
32
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
33
Altino Júnior e Expedito Arena sempre gostaram da cons-
trução civil. Fizeram um curso técnico na área, começaram
a trabalhar em algumas obras e juntaram dinheiro para pa-
gar a faculdade de engenharia. Formados, abriram uma pe-
quena construtora, mas mudaram o foco quando enxerga-
ram que o aluguel de máquinas tinha muito mais potencial.
Abriram então a Casa do Construtor, primeiro com duas
lojas próprias e, com o plano de escalar o negócio, partiram
também para o modelo de franquias.
Desdeoinício,estaremdiacomasobrigaçõesfiscaissemprefoi
uma condição. Quando começaram a crescer aceleradamente,
registraramalgumaslojasemnomedosfilhos.Maslogoperce-
beram que para realizar o sonho de criar um negócio gigante,
deveriam consolidar todas as empresas em um único cadastro
- afinal, se quisessem ter centenas de lojas, seria um problema
dependerdetertambémcentenasdefilhos!
Hoje,sãoumadasempresasdointeriorpaulistaquemaiscres-
cem.Apesardeaindanãoseremumaempresagigante,sãoau-
ditados todos os anos - e sempre sem qualquer ressalva! Pra
atingirosonhode1.000lojasaté2020,nãoqueremternenhum
passivo tributário lá na frente. Fácil não vai ser, mas impostos é
quenãovãoimpedir.
O caso da Casa do Construtor
Fazendo a mudança
com a casa em obras
Altino e Expedito hoje são
até auditados, mas tiveram
que se reorganizar na
velocidade do crescimento.
33
Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
34
Scale-ups estão
em todos os setores
35
Scale-ups | Estão em todos os setores
Caminhando pelas ruas de qualquer cidade brasileira, é
bastante comum encontrar uma loja de roupas e um mer-
cadinho. Essas empresas fazem parte do varejo, o maior
setor da economia do país, com impressionantes 6 mi-
lhões de CNPJs, ou 40% do total, aproximadamente.
Ao continuar essa caminhada, você possivelmente passa-
rá por um restaurante e uma obra de um prédio ou casa,
respectivamente dos setores de alimentação e construção
civil. Apesar de bem menores que o varejo, esses setores
estão entre os mais representativos da economia, respec-
tivamente nas segunda e quarta colocações em número
de empresas com ao menos 1 funcionário no Brasil.
36
Scale-ups | Estão em todos os setores
Sendo dois dos setores mais representativos da economia brasileira, não surpreende o
fato de o varejo e a construção civil também representarem a maior parte das Scale-
ups, em número absolutos. A boa notícia, é que as Scale-ups estão em todos os setores,
do varejo à indústria tecnológica, da construção civil aos transportes!
Varejo
Alojamento/Alimentação
Serv. Administrativos
Ind. da Construção
Bens de Consumo
Transporte
Ser. Profissionais e Técnicos
Atacado
Serv. Diversos
Serv. de Saúde
Ind. Digital
Outros
45%
40%
35%
25%
15%
5%
30%
20%
10%
0%
Proporção de empresas em relação ao total, por setor
20,83%
6,98% 9,12%
13,29%
9,87%
6,61%
3,38% 5,54%
1,95%
1,96%
1,29%
19,18%
41,57%
8,38%
6,23%
6,01%
5,86%
5,31%
4,56%
4,28%
3,05%
2,75%
0,77%
11,23%
Scale-ups Empresas com +1 funcionário
36
37
Quando olhamos para os números pro-
porcionais, por outro lado, alguns seto-
res se destacam. Além de ser o quarto
setor com mais empresas, a construção
civil também tem o maior número de
Scale-ups, proporcionalmente3
. Cerca
de uma em cada cinco empresas desse
setor cresce aceleradamente.
Proporções muito parecidas acontecem
com os serviços administrativos (com-
posto em grande parte por empresas
que prestam serviços para outras em-
presas) e a indústria digital (em geral,
empresas ligadas à tecnologia).
Scale-ups | Estão em todos os setores
3
Considerando as empresas que em 2011 tinham pelo
menos 10 funcionários.
37
38
Densidade de Scale-ups, por setor
E se em números absolutos o varejo domina (com 20% do total de Scale-ups e 40%
do total de empresas), proporcionalmente está no lado oposto. Se olharmos para a
densidade de Scale-ups em cada setor, o varejo tem uma relação de uma Scale-up em cada
nove empresas, uma das mais baixas entre todos os setores.
Scale-ups | Estão em todos os setores
Ind. da Construção
Serv. Administrativos
Ind. Digital
Transporte
Serv. de Saneamento
Serv. de Educação
Produtos de Agropecuária
Bens de Consumo
Mineração
Serv. de Alojamento/ Alimentação
Varejo
Outros
18%
16%
14%
10%
6%
2%
12%
8%
4%
0%
22,41%
19,19%
17,82%
16,29%
16,20%
15,91%
15,78%
14,46%
13,41%
13,34%
11,71%
11,95%
10,90%
20%
38
39
Com 13 anos no mercado, a Uatt? leva o slogan da
empresa realmente ao pé da letra: espalhar coisas
boas por aí.
Em 2002, com um espírito empreendedor e criati-
vo, R$ 8 mil guardados de uma viagem e outros R$
10 mil cedidos por sua avó, Rafael Biasotto omeçou
a criar e fabricar luminárias, porta–retratos e aces-
sórios feitos de plástico. Depois, passou a diversifi-
car os produtos, utilizando outros materiais, como
tecidos, papel e metal. A Uatt? então passou a fa-
bricar e revender seus presentes em todo o país.
Já com alguma estrutura, em 2008, depois de fa-
zer uma pesquisa de mercado, mudaram toda a
identidade da marca, apostando no gesto de pre-
sentear com emoções, cores e alegria. Em seguida
abriram duas lojas próprias. Depois começaram a
franquear. Hoje, já são mais 70 lojas e 5.000 pon-
tos de venda. E o sonho é enorme: um presente
para cada brasileiro.
Scale-ups | Estão em todos os setores
O caso da Uatt?
Presente em
todo o varejo
Rafael Biasotto começou
na sala de casa e hoje tem
lojas em todo Brasil.
39
40
Antesdesedescobrirempreendedor,Pedro Chiamulerapas-
souboapartedavidaatuandoemumaáreabastantediferente:
aspistasatletismo.Nasprovasde110e400metroscomobstá-
culos,elefoiàduasOlimpíadas(Barcelona/92eAtlanta/96)e
cinco Campeonatos Mundiais, além de ter sido recordista Sul-
-Americano.
A carreira no esporte o levou a San Diego, nos Estados Uni-
dos, onde conseguiu uma bolsa para atletas e se formou em
Ciências da Computação. Com o diploma nas mãos, decidiu
abandonaroesporte,retornaraoBrasiletrabalharnaáreade
tecnologia.NaC&A,foioresponsávelpelodesenvolvimentodo
sistemadegestãodefraudesdaempresa.
Lá,percebeuqueoutrasempresasdee-commercenãosabiam
comogerirseusriscoseprecisavamdealguémparaoferecera
soluçãocompleta.FoiaíquefundouaClearsale,em2001,edes-
deentãovemdominandoosetordetecnologiacontrafraudes.
Depois de duas Olimpíadas e dois Mundiais como atleta, mais
de400funcionáriose2.000clientescomoempreendedor,Pe-
dronãovêahoradeatingiroutrostítulos.
O caso da Clearsale
Medalha de ouro
na tecnologia
Pedro saiu das pistas de
atletismo para empreender
no ramo de tecnologia.
Scale-ups | Estão em todos os setores
40
41
O tempo é um aliado
do crescimento
41
42
O tempo é um aliado
do crescimento
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
Quando pensamos numa empresa que está
crescendo a taxas muito acima da média,
costumamos lembrar das empresas jovens, com
pouca experiência, e que possuem algum produto
inovador, que rapidamente se torna tendência. O
Facebook é um dos grandes exemplos de empresas
que conseguiram se tornar gigantes numa escala
de meses, ao invés de anos. Mas empresas jovens,
na verdade, são a exceção entre scale-ups.
EMPRESAS JOVENS
SÃO A EXCEÇÃO
ENTRE SCALE-UPS
43
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
O fato é que a média de idade de uma Scale-up brasileira é de 14 anos e a maioria delas
(57,33%) são empresas com mais de uma década de vida. Na prática, é mais comum
encontrar empresas com mais de 26 anos de experiência (12,46%) do que aquelas que
possuem até 5 anos de mercado (12,29%).
30,48%
23,75%
12,46%
Porcentagem de Scale-ups em relação ao tempo de existência
3 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 25 anos > 26 anos
12,29%
21,02%
44
Um dos possíveis insights que esses dados podem
apontar é que a experiência de mercado das em-
presas pode ser um dos fatores-chave para o cresci-
mento, mesmo sendo possível perceber altas taxas
de crescimento em qualquer momento da vida da
empresa, e não somente nos primeiros anos de vida.
Não é só a idade das empresas que importa. Ao que
tudo indica, a experiência dos empreendedores tam-
bém conta pontos para o crescimento das scale-ups.
Enquanto a média de idade dos empreendedores, no
geral, é de 45 anos, entre as scale-ups, essa média
sobe para 47 anos. Ou seja, empreendedores jovens
também são minoria, e mais ainda entre as Scale-
-ups, o que só reforça a importância da experiência
para empreender.
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
44
45
Empreendedores com idade superior a 49 anos representam 43,9% do grupo de scale-ups,
enquanto ocupam apenas 37,5% do grupo geral de empreendedores. Porém, entre os mais
jovens, a situação se inverte, já que 7,44% dos empreendedores no geral possuem menos
de 28 anos e, entre o grupo de scale-ups, eles são apenas 5,5%. Pelo menos no que diz
respeito à Scale-ups, idade faz diferença.
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
0 %
76 +
66 - 75
59 - 65
54 - 58
49 - 53
44 - 48
39 - 43
34 - 38
29 - 33
24 - 28
19 - 23
0 - 18
2 % 4 % 6 % 8 % 10 % 12 % 14 %
Empreendedores de Scale-ups Empreendedores - Total
Pirâmide etária dos empreendedores, por faixa de idade
45
46
Provavelmente, existe uma loja de materiais de construção
no seu bairro. Mas não como as do grupo ABC da Cons-
trução. Hoje liderada por Tiago, da 3ª geração da famí-
lia Moura Mendonça, a empresa passou grande parte dos
seus mais de 50 anos como uma loja tradicional sem mui-
tas perspectivas de crescimento.
Quando Tiago assumiu, decidiu sonhar grande e logo bus-
cou maneiras de inovar. Tinha um desafio em mãos: como
crescer em um mercado gigante, mas dominado por em-
presas pequenas e ainda muito informal?
Decidiu reinventar o modelo de negócio com foco no clien-
te e na criação de valor. Fez isso tornando a rede umas das
maiores especialista em acabamentos do setor, com dife-
renciação e serviços para os clientes na ponta.
Nos últimos 2 anos, foram mais de 30 novas lojas entre
aberturas de novas unidades, mudanças de ponto e refor-
mas completas. Nos últimos 12 meses, o crescimento supe-
ra 30%, mesmo com a crise econômica. A história, e prin-
cipalmente o futuro da ABC, era algo que o avô de Tiago
não sonhava meio século atrás. Mas está só começando!
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
O caso da ABC da Construção
50 anos em 5
Tiago Mendonça
revolucionou o negócio
iniciado pelo avô.
46
47
Experiência é um dos maiores atributos do fundador da
Escola 24 horas, Severino Felix da Silva. Nascido numa
família humilde migrante da Paraíba, ainda jovem se mu-
dou sozinho do Paraná para o Rio de Janeiro para procurar
novas oportunidades de trabalho. Começou como auxiliar
de arquivista, mas logo pediu demissão por não aceitar ter
sido xingado de “burro” pelo chefe. Depois, foi contratado
por um laboratório farmacêutico para ser office-boy, aos
23 anos, em 1978. Depois de vários outros trabalhos, ge-
renciou por oito anos uma divisão de livros técnicos em
uma editora. Tudo isso antes de se tornar empreendedor.
Foi na editora que teve a ideia de montar uma escola de
informática, em 1990 - o seu primeiro negócio, aos 35 anos.
Nos primeiros anos, a empresa foi um grande sucesso,
mas, como o preço dos computadores começava a ser mui-
to menor que no início da década, Severino imaginou que
poderia abrir na internet uma escola que nunca fechasse.
Hoje, a Escola 24 Horas atende mais de 500 mil alunos por
mês com aulas de reforço online, contando sempre com a
experiência de seu fundador.
Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento
O caso da Escola 24hs
O tempo
da educação
Felix demorou muito
tempo para abrir uma
escola que nunca fecha
47
48
Homens são maioria a
frente de Scale-ups
48
49
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
Comparar estatísticas entre homens e
mulheres pode ser um tabu, e não se chega
a uma conclusão muito clara sobre o motivo
delas acontecerem.
No campo dos empreendedores, os homens
são a maioria, e entre as Scale-Ups as
diferenças só aumentam.
HÁ DUAS VEZES MAIS
HOMENS QUE MULHERES A
FRENTE DE SCALE-UPS
50
Seis em cada dez empreendedores são homens. Nas scale-ups,
essa relação é ainda maior: dois empreendedores para uma
empreendedora, o que mostra que a disparidade aumenta entre
empresas com alto desempenho.
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
67,00%
65,11%
61,34%
59,33%
33,00%
34,89%
38,66%
40,67%
Scale-up 2011-14
10+ Funcionários
1+ Funcionários
Todas as empresas
0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 %
Proporção de homens e mulheres de acordo com o porte da empresa
Homens Mulheres
50
51
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
O universo empreendedor era, até muito pouco tempo
atrás, eminentemente masculino. Ainda são minoria as
empreendedoras que se destacam e quebram as barrei-
ras de preconceito, conseguindo levar suas empresas a
outros patamares.
Alguns estudos apontam que o “estilo” feminino de ges-
tão, que em geral prioriza as pessoas e o bem-estar do
ambiente de trabalho, pode significar um crescimento
mais lento, mas mais constante ao longo do tempo. Mas
ainda são necessárias muitas análises para se chegar a
uma resposta definitiva sobre por que há menos mulhe-
res a frente de empresas de alto crescimento no país.
51
52
O desafio das empreendedoras é fazer suas em-
presas crescerem sem perder os valores, e exis-
tem muitos exemplos de que isso é possível, como
o de Luiza Helena Trajano e o Magazine Luiza,
com suas mais de 700 lojas, e o de Sônia Hess,
empreendedora da Dudalina, a maior camisaria da
América Latina.
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
53
Rio de Janeiro, 1978. Numa época em que não era nada comum
usar protetor solar na cidade maravilhosa, a então recém-formada
em bioquímica Lisabeth Braun inaugurava com sua sócia a pri-
meira farmácia de manipulação focada em dermatologia do Rio.
Contrariando o forte preconceito da época contra mulheres que
decidiam empreender, as duas ignoraram os costumes da época e
seguiramemfrente.Paraseterumaideia,odivórcionoBrasilsóti-
nhasidolegalizadoumanoantesdaaberturadaempresa.Assócias
superaramoestigmadaépocaedesenvolveramjuntasumnegócio
de sucesso até 1990, quando Lisabeth enxergou a possibilidade de
criar um negócio ainda mais promissor. Se separou da sócia para
inaugurar a Dermage, uma marca que aliava o serviço de farmácia
demanipulaçãocomavendadecosméticosparapele.
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
Hoje, a empresa possui no país 35 lojas (entre próprias e
franquias), além de parcerias com farmácias e perfumarias
multimarcas em todo o território nacional, sobretudo nos
estados do Rio e São Paulo. A linha Dermage possui mais
de 100 produtos para rosto, corpo e cabelos, além de prote-
toressolaresemaquiagem-todosproduzidosemlaborató-
rios próprios, com tecnologia de ponta e matéria-prima de
última geração, como o filtro solar de fator de proteção 99.
Hoje,assimcomousarprotetorsolarsetornoualgocomum,
ver empresas de sucesso lideradas por mulheres, como é a
Dermage,tambémdeixoudeseralgotãoraro.
Empreendedorismo na pele
das mulheres brasileiras
Lisabeth e Ilana Braun
criaram uma indústria
de dermocosméticos
especializada na pele da
mulher brasileira
O caso da Dermage
53
54
Diego Martins sempre foi um sonhador. Ao começar a
trabalhar em grandes empresas, percebeu que boa parte
das pessoas ali não era feliz no lugar onde passavam a
maioria do dia. Inspirado por uma visita ao Google, deci-
diu criar uma empresa que tentasse aliar inovação com
um bom ambiente de trabalho para os seus colaborado-
res (algo raro entre homens, como mostram estudos).
Isso tudo antes mesmo de ter ideia do que o negócio
seria! Com a ajuda do sócio financeiro Rui Jordão, criou
a Acesso Digital, especializada na gestão eletrônica de
documentos para empresas. Logo no início da empresa,
Paulo Alencastro tornou-se sócio de Diego e contribuiu
com o negócio pela sua grande experiência anterior
numa empresa de telecomunicações.
Além de inovar com um serviço que até então não era
oferecido, Diego conseguiu realizar seu sonho de ter
uma empresa em que as pessoas se sentissem felizes.
Os números deixam isso claro: com um crescimento mé-
dio de 70% ao ano desde 2011, a empresa também já é
classificada como a 3ª melhor empresa de TI da Améri-
ca Latina para se trabalhar.
Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
O caso da Acesso Digital
Acesso à
felicidade
Diego Martins e
Paulo Alencastro são
empreendedores que
sempre sonharam
com a felicidade de
seus colaboradores.
54
55
Ter com quem
compartilhar o
sonho ajuda a crescer
55
56
Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer
Um dos maiores desafios dos empreendedores
é a falta de alguém para dividir as dores e vi-
tórias do dia a dia do negócio. É comum em-
preendedores se sentirem confusos sobre qual
caminho seguir e sobre o que priorizar. Geral-
mente os que são ótimos com pessoas, talvez
não sejam experts em finanças. Os com perfil
de vendas, geralmente não se dão tão bem com
controles operacionais, e assim por diante.
Sócios servem justamente para compartilhar
visões e competências distintas sobre um mes-
mo negócio. Essa mistura de saberes pode fa-
zer com que decisões e estratégias do negócio
sejam mais assertivas.
AS SCALE-UPS TEM O
DOBRO DO NÚMERO
DE SÓCIOS
57
Essa provavelmente é a explicação para o fato de Scale-ups terem,
em média, o dobro do número de sócios em comparação com a média
geral das empresas brasileiras.
Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer
1,61
2,32
Média de sócios por empresa
Todas as empresas Empresas com 1 ou
mais funcionários
Empresas com 10 ou
mais funcionários
Scale-ups
1,18
2,1
57
58
Não só pelo maior número de
sócios, mas pela qualidade e
diversidade da sociedade, é
possível gerar múltiplas visões
em torno do negócio, que não
só produzem melhores decisões,
como também mais crescimento
para os negócios.
Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer
58
59
Zica Assis começou a trabalhar aos nove anos para sustentar
seusirmãosmaisnovoscomoempregadadomésticaevendedo-
ranaTijuca,noRio.Elanuncaestavafelizcomseucabelo,muito
crespo e “armado”, o que a fazia perder até alguns trabalhos.
Como não conseguia comprar nada que deixasse seu cabelo
como queria, fez um curso de cabelereira e começou a fabricar
nasuaprópriacasafórmulasexperimentaisdeumnovoproduto
para cabelos crespos. Depois de alguns anos e várias fórmulas
que resultavam apenas na queda do seu cabelo, Zica chegou a
uma composição que dava brilho e reduzia o volume dos seus
cachos.ElaentãoconvenceuomaridoavenderseuFusca,oúni-
cobemdafamília,paraabriroprimeirosalãoBelezaNatural.Em
poucotempo,asfilasdeclientespassaramaserconstantes.
Apesar do sucesso, o crescimento acelerado veio com a
chegada deumasóciacomqualidadescomplementaresàs
deZica. Antesdasociedade,aos14anosLeila Veleztraba-
lhou em um restaurante McDonald’s. Foi dela a ideia de se
inspirarnarededefast-foodparadeixarosalãocomforma-
to mais parecido com uma linha de produção, aumentando
suacapacidadedeatendimento,massemperderasimpatia
eofocoemaumentaraautoestimadasclientes.Hojejásão
mais de 30 unidades em operação, com mais de dois mil
colaboradores.Númerosqueaindadevemaumentarmuito,
já que a dupla tem um plano de expansão para chegar em
120lojasnospróximos4anos.
Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer
A fórmula da autoestima
As sócias Leila Velez e Zica
Assis aproveitam o melhor
de cada uma e levam
autoestima para milhares
de mulheres.
O caso do Beleza Natural
59
60
Caio e Beto cresceram acompanhando as cons-
trutoras das suas famílias e já tinham a vonta-
de de modernizar o setor. Eles conheceram Lu-
cas na faculdade de engenharia civil, que teve
a mesma vontade enquanto estagiava na área.
Antes de empreenderem juntos, os 3 ainda ti-
veram experiências fora do Brasil, quando co-
nheceram as inovações da construção nos EUA,
Canadá e Alemanha.
Com experiência na bagagem, em 2009 funda-
ram a Tecverde com o objetivo de tornar a cons-
Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer
trução civil mais industrializada e sustentável. Das
viagens importaram a tecnologia de construção em
woodframe. Utilizando a técnica, hoje a empresa cons-
trói casas com até 90% menos desperdício e 80%
menos emissões de CO2. No dia a dia do negócio, os
jovens empreendedores se complementam: enquan-
to Lucas está focado no setor fabril da empresa, Beto
responde pelo comercial e Caio toca a gestão como
um todo. A empresa cresce a ponto de dobrar seu fa-
turamento todos os anos, e desde a faculdade os três
empreendedores tomam cerveja e decisões juntos.
Amizade que virou inovação
Amigos de faculdade, Caio
Bonatto, Lucas Maceno e
Beto Justus são sócios em
uma das empresas que
mais cresce no Brasil
O caso da TecVerde
60
61
Para saber mais
sobre Scale-ups
61
62
Para Governos e stakeholders:
O Índice de Cidades Empreende-
doras analisa 14 capitais brasi-
leiras, apresenta um framework
e diversas melhores práticas
sobre como Governos podem
impulsionar suas Scale-ups
Para empreendedores:
5 conselhos valiosos
sobre como se trans-
formar a sua empresa
em uma Scale-up
Para a mídia:
O estudo Estatísticas do Em-
preendedorismo, feito pelo
IBGE em parceria com a Endea-
vor, apresenta outros detalhes
sobre o impacto das empresas
de alto crescimento
Scale-ups |Para saber mais
62
Já existem outros eBooks e pesquisas com foco em entender mais
sobre o universo das Scale-ups:
63
Como chegamos
nestes resultados
(metodologia)
63
64
Scale-Ups | Como chegamos nestes resultados
64
Endeavor e Neoway analisaram diversas fontes de
dados públicos e de parceiros para compor a base
de dados final, entre elas:
- RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego;
- CAGED, do Ministério do Trabalho e Emprego;
- PNAD, do IBGE;
- Dados de Certidões Negativas, da Receita Federal;
- Registros do Instituto Nacional de Propriedade In-
telectual;
- Certidão de Nascimento;
- Entre outras.
Todos as bases foram analisadas até, no máximo,
31/12/2014.
A partir do cruzamento dessas e outras informa-
ções, foi criada uma ferramenta utilizando Big Data
e visualização de dados que agregam e facilitam a
análise das informações.
Para analisar o crescimento das empresas foram
utilizados dois critérios:
- A empresa deveria ter ao menos 10 funcionários
em 31/12/2011 - todas as empresas fundadas depois
dessa data, portanto, não são contabilizadas na me-
dição de crescimento;
- A natureza jurídica das entidades deveria ser “em-
presarial”, ou seja, todas aquelas contempladas no
grupo 2 da Tabela de Natureza Jurídica de 2014, da
Comissão Nacional de Classificação.
65
Sobre a Neoway
A Neoway desenvolve tecnologias inovadoras
que ajudam empresas a fazer mais com menos.
Especializada em Big Data, a empresa foca na
área de Inteligência de Mercado, com solução
para Vendas (geração de leads e gestão de time
de vendas), e nas áreas de prevenção a perdas,
complience e recuperação de ativos.
www.neoway.com.br
Scale-ups | Como chegamos nestes resultados?
66
Sobre a Endeavor
A Endeavor é uma organização global sem fins
lucrativos de fomento a empreendedorismo de
alto impacto. No Brasil desde 2000, atua para
multiplicar o número de empreendedores de
alto crescimento e criar um ambiente de negó-
cios melhor para o país. Para isso, seleciona e
apoia os melhores empreendedores, compar-
tilha suas histórias e aprendizados, e promove
estudos para entender e direcionar o ecossiste-
ma empreendedor brasileiro. Só em 2014, aju-
dou a gerar mais de R$ 2 bilhões em receitas
e 20.000 empregos diretos através de progra-
mas de apoio a empreendedores; e a inspirar e
capacitar mais de 3 milhões de brasileiros com
conteúdos do Portal Endeavor e cursos educa-
cionais presenciais e a distância.
www.endeavor.org.br
Scale-ups | Como chegamos nestes resultados?
Endeavor - Scale-Ups no Brasil
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Empreender Na Crise
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Matriz de Maturidade Estratégica
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Endeavor - Scale-Ups no Brasil

  • 1. 1 Scale- Ups no Brasil AS EMPRESAS QUE VÃO TIRAR O PAÍS DA CRISE (E O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ELAS)
  • 2. 2
  • 3. Índice Afinal, o que são Scale-ups?.............................................. 4 O que mais você precisa saber sobre as Scale-ups?.... 7 São empresas grandes enquanto pequenas .................. 9 ExistemScale-upsdoOiapoqueaoChuí,literalmente.....11 O Caso da OilCheck ....................................................... 16 O Caso da CERS ............................................................ 17 Ter patente não é garantia de crescimento.................... 18 O Caso do Grupo Trigo .................................................. 23 O Caso da Techno Logys................................................ 24 Scale-ups são boas pagadoras de impostos...................25 O Caso do Grupo Prepara.............................................. 32 O Caso da Casa do Construtor....................................... 33 Scale-ups estão em todos os setores..............................34 O Caso da Uatt?............................................................ 39 O Caso da Clearsale ...................................................... 40 O tempo é um aliado do crescimento..............................41 O Caso da ABC da Construção ...................................... 46 O Caso da Escola 24hs.................................................. 47 Homens são maioria a frente de Scale-ups...................48 O Caso da Dermage ...................................................... 53 O Caso da Acesso Digital ............................................... 54 Tercomquemcompartilharosonhoajudaacrescer.......55 O Caso da Beleza Natural ............................................. 59 O Caso da TecVerde ...................................................... 60 Para saber mais sobre Scale-ups.......................................61 Como chegamos aos resultados (metodologia)..........63
  • 4. 4 O caminho para que o Brasil recupere sua capacidade de produzir riqueza e gerar emprego passa por nos- sos empreendedores. No entanto, apenas abrir uma empresa ou ter um micro negócio não é suficiente para que os empreendedores tenham alto impacto na sociedade. É preciso fazê-los crescer! Este estudo pretende analisar de perto as Scale-ups brasileiras. Elas são empresas que crescem muito, pelo menos 20% ao ano, por três anos consecutivos (em número de funcionários ou receita). De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 35.000 Scale-ups, menos de 1% do total de empresas do país. E, apesar disso, elas são responsáveis por quase 60% dos novos empregos gerados nos últimos anos (o equivalente à 3,3 milhões de empregos). Afinal, o que são Scale-ups? Scale-Ups | O que são “São os empreendedores que vão salvar o Brasil”. Jorge Paulo Lemann
  • 5. 5 Enquanto uma Scale-up contrata1 , em média, 31,3 no- vos funcionários por ano, a média do restante das empresas é de apenas 0,34 funcionário. É 100 vezes menos! As Scale-ups também são responsáveis por mais de R$ 250 bilhões em valor adicionado ao PIB (equiva- lente a quase 5% do total). Scale-Ups | O que são SCALE-UPS CONTRATAM 100 VEZES MAIS QUE O RESTANTE DAS EMPRESAS 1 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/empreendedorismo/2012/ default.shtm; acesso: 10/08/2015
  • 6. 6 Com todo esse potencial de geração de empregos e renda, as Scale-ups serão peças fundamentais na recuperação econômica do país. O sonho grande da Endeavor é que te- nhamos 100.000 dessas empresas até 2030, ou seja, praticamente triplicar o número atual. Para chegarmos lá, a primeira coisa que devemos fazer é entender as Scale-ups! À medida que conhecemos mais sobre elas, em que setores e cidades estão, e quais as características de seus empre- endedores, por exemplo, podemos dis- cutir com mais profundidade quais es- tratégias tomar para multiplicarmos o crescimento das empresas e, com isso, acelerar a recuperação do país. Scale-Ups | O que são 6
  • 7. 7 O que mais você precisa saber sobre as Scale-ups 7
  • 8. 8 A Endeavor, organização mundial de fomento ao empreendedorismo, e a Neoway, empresa especialista em Big Data, analisaram milhões de dados e criaram este estudo inédito. Agora, todos podem entender mais sobre as empresas que vão tirar o Brasil da crise! Scale-Ups | O que mais você precisa saber 8
  • 10. 10 14,57% 40,45% 37,08% 4,31% 3,60% 10-24 Funcionários 50-249 Funcionários 250-499 Funcionários Acima de 500 Funcionários 25-49 Funcionários 40% 35% 25% 15% 5% 30% 20% 10% 0% Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que Scale-ups não são apenas grandes empresas. Ao contrário, 92% são pequenas e médias (PMEs)! Assim como os exemplos que você verá a frente, Scale-ups são empresas em que os empreendedores lideram ativamente seus negócios, trabalhando todos os dias para alcançar um sonho grande. Eles querem fazer a diferença. E estão fazendo! Scale-ups | São empresas grandes enquanto pequenas Scale-ups em relação ao número de funcionários Pequenas empresas Grandes empresasMédias empresas 10
  • 12. 12 Você sabe o que Chopinzinho (PR), Conta- gem (MG) e Recife (PE) têm em comum? Todas são sedes de Scale-ups. A boa notícia: elas não estão sozinhas! O Brasil tem mais de 5,5 mil cidades, e mais da metade delas (ou 2.806, exatamente) são sedes dessas empre- sas que crescem muito. Literalmente, existem Scale-ups do Oiapoque (AP) ao Chui (RS). Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
  • 13. 13 É claro que os maiores centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm os maiores números absolutos de Scale-ups. Mas para os que pensavam ser preciso estar em uma grande cidade para desenvolver uma empresa, pensem de novo: cidades como estas, com menos de 500.000 habitantes, são sedes de quase 60% das Scale-ups do país. 31% 9,18% 18,7% 10,17% 9,91% 7,34% 13,55% % do total de Scale-ups, por tamanho da cidade acima de 1MI 500 mil a 1MI 100 mil a 200 mil 50 mil a 100 mil 25 mil a 50 mil abaixo de 25 mil 200 mil a 500 mil 13 Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
  • 14. 14 Não é necessário estar em uma grande ci- dade para empreender uma Scale-up, mas aparentemente estar perto de uma pode trazer muitas vantagens. Cidades que são parte de regiões metropolitanas, como Con- tagem, têm proporcionalmente as maiores taxas de Scale-ups do país. No final das contas, como mostrou uma outra pesquisa da Endeavor, para quem sonha grande o importante é ter acesso a grandes mercados (e aí uma região metro- politana pode fazer diferença), seja lá onde você abra a empresa. Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
  • 15. 15 3,06% 2,98% 2,54% 2,85% 2,57% 2,82% 5,02% 2,5% 2.700.0002.025.0001.350.000675.00000 2,0% 2,9% 3,8% 4,6% 5,5% População DensidadedeScale-ups 3,16% Maiores densidades (entre 100 mil e 200 mil)) Maiores densidades (entre 200mil e 500mil) Maiores densidades (entre 500mil e 1MI) Maiores densidades (Acima de 1MI) Algumas das maiores densidades de Scale-ups encontram-se, por exemplo, em Guarulhos (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), Duque de Caxias (RJ), Aparecida de Goiânia (GO), Camaçari (BA), Ananindeua (PA) e Contagem (MG). Ananindeua Aparecida de Goiânia Jaboatão de Guararapés Duque de Caxias Guarulhos Recife Manaus Fortaleza Contagem 15 Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente Principais densidades de Scale-ups, por faixas de população
  • 16. 16 Contagem está a 21 km da capital de Mi- nas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte. Nessa cidade com cerca de 380 mil habitantes, entre quase 300 Scale-ups, uma se destaca. Antes de fundar a Oilcheck, Carlos Alves, formado em mecânica e com carreira na área de análise de óleo, nunca havia pen- sado em empreender. Até conhecer Luis Milani, que distribuía filtros de uma em- presa australiana no Brasil. Começaram o negócio em um guardanapo e foram finan- ciados por um grande cliente que acredi- tou no sonho grande dos empreendedo- res: ser a melhor solução em sistemas de análises de óleo do mercado. Pra chegar lá, dobraram a empresa a cada ano e hoje vendem até para a África. Nunca saíram de Contagem. De Contagem para o mundo Carlos Henrique Alves e Luis Gustavo Milani exportam até para a África sem sair de Contagem. O caso da OilCheck 16 Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
  • 17. 17 Depois de passar em um concurso para procurador do trabalho, Renato Saraiva se mudou do Rio de janeiro para o Recife. Nas ho- raslivres,davaaulasparaquemqueria,assimcomoele,passarem um bom concurso público. Logo se tornou um professor bastante popular. Inspirado por encontrar um jeito de levar suas aulas a cada vez mais alunos, Renato contratou um operador de câmera que pu- dessegravarsuasaulasemsuagaragemesubirosvídeosemum sitepróprio.Dentrodeumano,areceitavindadealunosquepaga- vampeloconteúdoonlinejáhaviaultrapassado500mildólares. OsucessoprecocedosvídeosfezcomqueRenatotransformasse suagaragememumestúdioprofissional,ondeoutrosprofessores também pudessem gravar. Nascia o Complexo Educacional Rena- to Saraiva (de onde veio o atual nome da empresa, CERS), que hojeéresponsávelporprepararquaseumterçodosaprovadosno examedaOAB. Renato se mudou para Pernambuco por causa de um concurso público,ehojeestáàfrentedeumadas1.000Scale-upsdoRecife. Renato Saraiva criou a CERS numa garagem do Recife e hoje prepara quase 1/3 dos aprovados na OAB. A sala de aula do Recife em que cabe o Brasil inteiro O caso da CERS 17 Scale-ups | Existem do Oiapoque ao Chuí, literalmente
  • 18. 18 Ter patente não é garantia de crescimento 18
  • 19. 19 Em junho de 2012, a Coca-Cola começou a ser ven- dida em Myanmar, na Ásia, e passou a estar presente em absolutamente todos os países. Dificilmente você conhece alguém que nunca tenha tomado sequer um gole de Coca. O que talvez poucos saibam é que a fórmula do refri- gerante nunca foi patenteada! Ela é um segredo in- dustrial, guardado literalmente por 86 anos em um Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento Créditodaimagem:phloxii/Shutterstock.com cofre de banco. A fórmula é apenas uma parte do verdadeiro “segredo”: o principal é como conseguiu se tornar uma das marcas mais valiosas do mundo. Assim como a Coca-Cola, a grande maioria das Sca- le-ups brasileiras também não depende de patentes para crescer: só 139 delas têm essa proteção, menos de 0,27% do total. 19
  • 20. 20 Mais do que isso, esse tipo de diferencial no Brasil é coisa de gente grande. Dos mais de 16 milhões de CNPJs do país, só 2.264 têm patentes (0,01% do total!), sendo que, em média, essas empresas têm 1.326 funcionários, quase 100x mais que a média geral. Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento Empresas com patente Total das empresas (com e sem patentes) Empresas com 1 ou mais funcionários 1.960 (100%) 2.692.406 (100%) Empresas com 10 ou mais funcionários 1.653 (84,3%) 548.183 (20,36%) Scale-Ups 130 (7,1%) 51.044 (1,9%) Média de funcionários 1.326 14 20
  • 21. 21 Ao mesmo tempo, o ritmo de crescimento das poucas empresas com patentes é ainda menor do que aquelas sem esse tipo de propriedade intelectual: as médias nos últimos três anos são 0,89% e 1,56%, respectivamente. Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento Proporção de empresas, por faixas de crescimento e registros no INPI 45,52% 49,36% 40,72% 13,76% 42,18% 8,46% Decrescimento 0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 % Crescimento entre 0% e 20% a.a. Crescimento acima de 20% a.a. Total das empresas* Empresas com ao menos 1 patente *Inclui todas as empresas com 10 ou mais funcionários, em 2011 (com e sem patentes)
  • 22. 22 Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento Esses números apontam que, mais além da baixíssima capacidade de inovação do em- preendedor brasileiro, existe ainda um desa- fio adicional: transformar patentes obtidas (algo que leva em média 8 anos) em fontes de vantagem competitiva e receita. A pesquisa e desenvolvimento das empresas só se transforma em inovação de fato quan- do “sai do papel” e gera receitas – e não é preciso, necessariamente, uma patente para isso, como mostram os empreendedores do Grupo Trigo e da Techno Logys.
  • 23. 23 Eduardo e Mario já eram amigos e empreendedores de longa data em 1999. Juntos, haviam aberto diversos res- taurantes, todos de alto padrão e badalados, mas pouco escaláveis. O sonho grande deles era criar um restaurante que aliasse boa comida e bom serviço, mas a um preço acessível. Sabiam também que deveria ser uma franquia, com chances maiores de crescer muito e rápido. Nascia então o Spoleto. À primeira vista, o negócio era muito pouco disruptivo. Mas eles tinham seus diferenciais: o cliente poderia per- sonalizar o seu prato, escolhendo a massa e os ingredien- tes na hora - algo inovador para o final dos anos 90. Mas o principal, na verdade, era a longa experiência no setor (com muitos fracassos, inclusive) e uma alta capacidade de execução. Prova disso é o crescimento, desde então mui- to acima da média: em um ano, foram cinco restaurantes abertos. Em três, 30! Hoje, são mais de 300 lojas só dessa marca, já que o Spoleto se transformou no Grupo Trigo, que reúne também as redes Domino’s Pizza e Koni Store. E tudo isso sem uma única patente. Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento O caso do Grupo Trigo A inovação em um prato de comida Eduardo Ourívio e Mário Chady nunca tiveram uma patente, mas transformaram o fast-food brasileiro 23
  • 24. 24 Enquanto brincava de Lego com seu filho, o engenheiro Valerio Dornelles se deu conta de que poderia criar um tijolo diferente - peças de diversos formatos que pudessem se encaixar umas às outras. Ali, na sala de casa, nascia a Techno Logys. Quando criou a empresa, ele não tinha noção da inovação que tinha em mãos, e licenciou o produto para uma outra empresa sem pensar em registrar uma patente. Como ele mesmo diz, a empresa cresceu quando foi além do “Lego de verdade” e criou uma solução completa para a construção civil. Comfocoeminovarsempre,háalgunsanosaTechnoLogyscriou um novo produto para facilitar o transporte de argamassa. Dife- rentedaprimeiravez,Valeriodecidiupatentearaideia.Agora,está criandoumanovaempresa(umspin-off)focadaemlevaressaso- luçãoparaumoutropatamar. Com e sem patente, de inovação em inovação, de tijolo em tijolo, Valerio já emprega mais de 400 pessoas e as suas invenções já ajudaramaergueratéasparedesdaVila dos Atletas nas Olim- píadas do Rio. E pensar que tudo começou em uma brincadeira de criança. Scale-ups | Ter patente não é garantia de crescimento O caso da Techno Logys O Lego que construiu a Vila Olímpica Valério Dornelles só começou a se preocupar com patentes quando inovava há muitos anos. 24
  • 26. 26 Não é novidade dizer que pagar impostos no Brasil é uma tarefa complexa, dado o já famoso sistema tributário brasileiro. Mas, ainda que com críticas, para a maioria das pequenas empresas há o Simples Nacional, que unifica oito impostos em uma única guia de pagamento. De fato, os dados mostram que o Simples parece ser mesmo mais simples. E bom para a arrecadação. Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
  • 27. 27 Cerca de 27% das empresas que optam pelo Simples Nacional apresentam problemas com o pagamento de impostos, pouco quando comparado aos mais de 50% das não-optantes. Scale-ups | São boas pagadoras de impostos Saúde tributária, de acordo com opção tributária 19,39% 27,79% 29,68% 31,29% 10,68% 8,95% 45,13% 22,49% 1,72% 2,87% Verde (todos os impostos foram pagos) 0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 % Laranja Azul Cinza Vermelho ( nenhum imposto foi pago) Não optantes pelo Simples Nacional (SN) Optantes pelo SN Piora na saúde tributária, medida em função dos créditos tributários da empresa 27
  • 28. 28 Scale-ups | São boas pagadoras de impostos 46,74% 44,15% 38,31% 43,40% 10,24% 9,98% 4,71% 2,46% Faixas de crescimento, por opção tributária Abaixo de 0% 0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 % Entre 0% e 20%a.a. Entre 20% e 40%a.a. Acima de 40%a.a. Não optantes pelo SN Optantes pelo SN Mais do que isso, o gráfico mostra que existem exemplos de que é possível crescer optando ou não pelo Simples Nacional.
  • 29. 29 Scale-ups | São boas pagadoras de impostos Opção tributária, por faixas de crescimento 42,27% 52,73% Total 45,85% 54,12% Decrescimento 50,39% 49,61% Crescimento entre 0% e 20% a.a. 42,90% 52,10% Crescimento entre 20% e 30% a.a. 43,85% 56,15% Crescimento entre 30% e 40% a.a. 31,85% 68,15% Acima de 40% a.a. Não optantes pelo SN Optantes pelo SN Por outro lado, as Scale-ups que optam por utilizá-lo encaram um desafio: quando atingem o teto do sistema, de R$ 3,6 milhões de faturamento, são obrigadas a abandoná-lo e optar pelo sistema baseado no lucro presumido ou real (algo que o Ministro das Micro e Pequenas Empresas, Afif Domingos, batizou de “complicado”). Resultado: à medida que crescem, as empresas têm de optar por deixar o Simples Nacional (como mostra o gráfico), e lidar com o aumento na carga e complexidade tributária consequente. 29
  • 30. 30 Ao mesmo tempo, é excelente para o país que as empresas cresçam. Além de um impacto gigante na geração de empregos e riqueza, elas também são ótimas pagadoras de impostos. Scale-ups | São boas pagadoras de impostos Saúde tributária, de acordo com tipo de empresa 39,54% 24,31% 37,79% 17,40% 3,43% 1,83% 38,72% 26,14% 5,39% Verde (todos os impostos foram pagos) 0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 % Laranja Azul Cinza Vermelho ( nenhum imposto foi pago) Total das Scale-ups Total das empresas 5,44% Piora na saúde tributária, medida em função dos créditos tributários da empresa
  • 31. 31 Esse é o desafio para o país: quando as empresas crescem muito (em geral, boas paga- doras), elas têm de abando- nar o Simples (um sistema de tributação menos complexo). A solução? Como disse o pró- prio Ministro Afif, o país pre- cisa de um sistema tributário em que as empresas possam crescer sem medo, que com- bine, portanto, crescimento e menos complexidade. Scale-ups | São boas pagadoras de impostos 31
  • 32. 32 Rogério Gabriel fundou a Prepara Cursos em 2004, especializada em ensino profissionalizante. Em 2010, já era a maior empresa do segmentonopaísemnúmerodeunidades.Tambémmaisoumenos nessa época, Rogério teve de fazer as contas e tomar uma decisão: qualsistemadetributaçãoescolher.JápróximoaotetodoSimples(à épocadeR$2,4milhões),asopçõeseramabrirváriosCNPJseconti- nuarnosistemafacilitadoouencararodesafiodoLucroPresumido, maiscomplexoecaro. Para não virar uma “salada”, como ele mesmo diz, escolheu a se- gunda opção. Mas não foi fácil: um ano antes, durante o planeja- mento estratégico, previu que o custo tributário e o quanto paga- ria para a contabilidade (até hoje terceirizada) aumentaria muito assim que optasse por sair do Simples, “do dia pra noite”. Apesar deconcordarqueasmicroepequenasempresasdevamrecebero benefício,Rogériodizque“setivessemumatransiçãomaissuave, poderiamterinvestidomaisemoutrasáreaseexpandidoaopera- çãoaindamaisrápido”. O mesmo dilema de Rogério é hoje enfrentado por seus franquea- dos,que,muitasvezessemamesmaestrutura,acabamoptandopor nãocrescerou“abrir”váriosCNPJs.DesafiodosfranqueadosdeRo- gérioedemilharesdepequenosempreendedoresbrasileiros. O caso do Grupo Prepara Planejamento para crescer sem medo Ao decidir crescer, Rogério se planejou para arcar com os custos da transição do Simples. 32 Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
  • 33. 33 Altino Júnior e Expedito Arena sempre gostaram da cons- trução civil. Fizeram um curso técnico na área, começaram a trabalhar em algumas obras e juntaram dinheiro para pa- gar a faculdade de engenharia. Formados, abriram uma pe- quena construtora, mas mudaram o foco quando enxerga- ram que o aluguel de máquinas tinha muito mais potencial. Abriram então a Casa do Construtor, primeiro com duas lojas próprias e, com o plano de escalar o negócio, partiram também para o modelo de franquias. Desdeoinício,estaremdiacomasobrigaçõesfiscaissemprefoi uma condição. Quando começaram a crescer aceleradamente, registraramalgumaslojasemnomedosfilhos.Maslogoperce- beram que para realizar o sonho de criar um negócio gigante, deveriam consolidar todas as empresas em um único cadastro - afinal, se quisessem ter centenas de lojas, seria um problema dependerdetertambémcentenasdefilhos! Hoje,sãoumadasempresasdointeriorpaulistaquemaiscres- cem.Apesardeaindanãoseremumaempresagigante,sãoau- ditados todos os anos - e sempre sem qualquer ressalva! Pra atingirosonhode1.000lojasaté2020,nãoqueremternenhum passivo tributário lá na frente. Fácil não vai ser, mas impostos é quenãovãoimpedir. O caso da Casa do Construtor Fazendo a mudança com a casa em obras Altino e Expedito hoje são até auditados, mas tiveram que se reorganizar na velocidade do crescimento. 33 Scale-ups | São boas pagadoras de impostos
  • 35. 35 Scale-ups | Estão em todos os setores Caminhando pelas ruas de qualquer cidade brasileira, é bastante comum encontrar uma loja de roupas e um mer- cadinho. Essas empresas fazem parte do varejo, o maior setor da economia do país, com impressionantes 6 mi- lhões de CNPJs, ou 40% do total, aproximadamente. Ao continuar essa caminhada, você possivelmente passa- rá por um restaurante e uma obra de um prédio ou casa, respectivamente dos setores de alimentação e construção civil. Apesar de bem menores que o varejo, esses setores estão entre os mais representativos da economia, respec- tivamente nas segunda e quarta colocações em número de empresas com ao menos 1 funcionário no Brasil.
  • 36. 36 Scale-ups | Estão em todos os setores Sendo dois dos setores mais representativos da economia brasileira, não surpreende o fato de o varejo e a construção civil também representarem a maior parte das Scale- ups, em número absolutos. A boa notícia, é que as Scale-ups estão em todos os setores, do varejo à indústria tecnológica, da construção civil aos transportes! Varejo Alojamento/Alimentação Serv. Administrativos Ind. da Construção Bens de Consumo Transporte Ser. Profissionais e Técnicos Atacado Serv. Diversos Serv. de Saúde Ind. Digital Outros 45% 40% 35% 25% 15% 5% 30% 20% 10% 0% Proporção de empresas em relação ao total, por setor 20,83% 6,98% 9,12% 13,29% 9,87% 6,61% 3,38% 5,54% 1,95% 1,96% 1,29% 19,18% 41,57% 8,38% 6,23% 6,01% 5,86% 5,31% 4,56% 4,28% 3,05% 2,75% 0,77% 11,23% Scale-ups Empresas com +1 funcionário 36
  • 37. 37 Quando olhamos para os números pro- porcionais, por outro lado, alguns seto- res se destacam. Além de ser o quarto setor com mais empresas, a construção civil também tem o maior número de Scale-ups, proporcionalmente3 . Cerca de uma em cada cinco empresas desse setor cresce aceleradamente. Proporções muito parecidas acontecem com os serviços administrativos (com- posto em grande parte por empresas que prestam serviços para outras em- presas) e a indústria digital (em geral, empresas ligadas à tecnologia). Scale-ups | Estão em todos os setores 3 Considerando as empresas que em 2011 tinham pelo menos 10 funcionários. 37
  • 38. 38 Densidade de Scale-ups, por setor E se em números absolutos o varejo domina (com 20% do total de Scale-ups e 40% do total de empresas), proporcionalmente está no lado oposto. Se olharmos para a densidade de Scale-ups em cada setor, o varejo tem uma relação de uma Scale-up em cada nove empresas, uma das mais baixas entre todos os setores. Scale-ups | Estão em todos os setores Ind. da Construção Serv. Administrativos Ind. Digital Transporte Serv. de Saneamento Serv. de Educação Produtos de Agropecuária Bens de Consumo Mineração Serv. de Alojamento/ Alimentação Varejo Outros 18% 16% 14% 10% 6% 2% 12% 8% 4% 0% 22,41% 19,19% 17,82% 16,29% 16,20% 15,91% 15,78% 14,46% 13,41% 13,34% 11,71% 11,95% 10,90% 20% 38
  • 39. 39 Com 13 anos no mercado, a Uatt? leva o slogan da empresa realmente ao pé da letra: espalhar coisas boas por aí. Em 2002, com um espírito empreendedor e criati- vo, R$ 8 mil guardados de uma viagem e outros R$ 10 mil cedidos por sua avó, Rafael Biasotto omeçou a criar e fabricar luminárias, porta–retratos e aces- sórios feitos de plástico. Depois, passou a diversifi- car os produtos, utilizando outros materiais, como tecidos, papel e metal. A Uatt? então passou a fa- bricar e revender seus presentes em todo o país. Já com alguma estrutura, em 2008, depois de fa- zer uma pesquisa de mercado, mudaram toda a identidade da marca, apostando no gesto de pre- sentear com emoções, cores e alegria. Em seguida abriram duas lojas próprias. Depois começaram a franquear. Hoje, já são mais 70 lojas e 5.000 pon- tos de venda. E o sonho é enorme: um presente para cada brasileiro. Scale-ups | Estão em todos os setores O caso da Uatt? Presente em todo o varejo Rafael Biasotto começou na sala de casa e hoje tem lojas em todo Brasil. 39
  • 40. 40 Antesdesedescobrirempreendedor,Pedro Chiamulerapas- souboapartedavidaatuandoemumaáreabastantediferente: aspistasatletismo.Nasprovasde110e400metroscomobstá- culos,elefoiàduasOlimpíadas(Barcelona/92eAtlanta/96)e cinco Campeonatos Mundiais, além de ter sido recordista Sul- -Americano. A carreira no esporte o levou a San Diego, nos Estados Uni- dos, onde conseguiu uma bolsa para atletas e se formou em Ciências da Computação. Com o diploma nas mãos, decidiu abandonaroesporte,retornaraoBrasiletrabalharnaáreade tecnologia.NaC&A,foioresponsávelpelodesenvolvimentodo sistemadegestãodefraudesdaempresa. Lá,percebeuqueoutrasempresasdee-commercenãosabiam comogerirseusriscoseprecisavamdealguémparaoferecera soluçãocompleta.FoiaíquefundouaClearsale,em2001,edes- deentãovemdominandoosetordetecnologiacontrafraudes. Depois de duas Olimpíadas e dois Mundiais como atleta, mais de400funcionáriose2.000clientescomoempreendedor,Pe- dronãovêahoradeatingiroutrostítulos. O caso da Clearsale Medalha de ouro na tecnologia Pedro saiu das pistas de atletismo para empreender no ramo de tecnologia. Scale-ups | Estão em todos os setores 40
  • 41. 41 O tempo é um aliado do crescimento 41
  • 42. 42 O tempo é um aliado do crescimento Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento Quando pensamos numa empresa que está crescendo a taxas muito acima da média, costumamos lembrar das empresas jovens, com pouca experiência, e que possuem algum produto inovador, que rapidamente se torna tendência. O Facebook é um dos grandes exemplos de empresas que conseguiram se tornar gigantes numa escala de meses, ao invés de anos. Mas empresas jovens, na verdade, são a exceção entre scale-ups. EMPRESAS JOVENS SÃO A EXCEÇÃO ENTRE SCALE-UPS
  • 43. 43 Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento O fato é que a média de idade de uma Scale-up brasileira é de 14 anos e a maioria delas (57,33%) são empresas com mais de uma década de vida. Na prática, é mais comum encontrar empresas com mais de 26 anos de experiência (12,46%) do que aquelas que possuem até 5 anos de mercado (12,29%). 30,48% 23,75% 12,46% Porcentagem de Scale-ups em relação ao tempo de existência 3 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 25 anos > 26 anos 12,29% 21,02%
  • 44. 44 Um dos possíveis insights que esses dados podem apontar é que a experiência de mercado das em- presas pode ser um dos fatores-chave para o cresci- mento, mesmo sendo possível perceber altas taxas de crescimento em qualquer momento da vida da empresa, e não somente nos primeiros anos de vida. Não é só a idade das empresas que importa. Ao que tudo indica, a experiência dos empreendedores tam- bém conta pontos para o crescimento das scale-ups. Enquanto a média de idade dos empreendedores, no geral, é de 45 anos, entre as scale-ups, essa média sobe para 47 anos. Ou seja, empreendedores jovens também são minoria, e mais ainda entre as Scale- -ups, o que só reforça a importância da experiência para empreender. Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento 44
  • 45. 45 Empreendedores com idade superior a 49 anos representam 43,9% do grupo de scale-ups, enquanto ocupam apenas 37,5% do grupo geral de empreendedores. Porém, entre os mais jovens, a situação se inverte, já que 7,44% dos empreendedores no geral possuem menos de 28 anos e, entre o grupo de scale-ups, eles são apenas 5,5%. Pelo menos no que diz respeito à Scale-ups, idade faz diferença. Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento 0 % 76 + 66 - 75 59 - 65 54 - 58 49 - 53 44 - 48 39 - 43 34 - 38 29 - 33 24 - 28 19 - 23 0 - 18 2 % 4 % 6 % 8 % 10 % 12 % 14 % Empreendedores de Scale-ups Empreendedores - Total Pirâmide etária dos empreendedores, por faixa de idade 45
  • 46. 46 Provavelmente, existe uma loja de materiais de construção no seu bairro. Mas não como as do grupo ABC da Cons- trução. Hoje liderada por Tiago, da 3ª geração da famí- lia Moura Mendonça, a empresa passou grande parte dos seus mais de 50 anos como uma loja tradicional sem mui- tas perspectivas de crescimento. Quando Tiago assumiu, decidiu sonhar grande e logo bus- cou maneiras de inovar. Tinha um desafio em mãos: como crescer em um mercado gigante, mas dominado por em- presas pequenas e ainda muito informal? Decidiu reinventar o modelo de negócio com foco no clien- te e na criação de valor. Fez isso tornando a rede umas das maiores especialista em acabamentos do setor, com dife- renciação e serviços para os clientes na ponta. Nos últimos 2 anos, foram mais de 30 novas lojas entre aberturas de novas unidades, mudanças de ponto e refor- mas completas. Nos últimos 12 meses, o crescimento supe- ra 30%, mesmo com a crise econômica. A história, e prin- cipalmente o futuro da ABC, era algo que o avô de Tiago não sonhava meio século atrás. Mas está só começando! Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento O caso da ABC da Construção 50 anos em 5 Tiago Mendonça revolucionou o negócio iniciado pelo avô. 46
  • 47. 47 Experiência é um dos maiores atributos do fundador da Escola 24 horas, Severino Felix da Silva. Nascido numa família humilde migrante da Paraíba, ainda jovem se mu- dou sozinho do Paraná para o Rio de Janeiro para procurar novas oportunidades de trabalho. Começou como auxiliar de arquivista, mas logo pediu demissão por não aceitar ter sido xingado de “burro” pelo chefe. Depois, foi contratado por um laboratório farmacêutico para ser office-boy, aos 23 anos, em 1978. Depois de vários outros trabalhos, ge- renciou por oito anos uma divisão de livros técnicos em uma editora. Tudo isso antes de se tornar empreendedor. Foi na editora que teve a ideia de montar uma escola de informática, em 1990 - o seu primeiro negócio, aos 35 anos. Nos primeiros anos, a empresa foi um grande sucesso, mas, como o preço dos computadores começava a ser mui- to menor que no início da década, Severino imaginou que poderia abrir na internet uma escola que nunca fechasse. Hoje, a Escola 24 Horas atende mais de 500 mil alunos por mês com aulas de reforço online, contando sempre com a experiência de seu fundador. Scale-ups | O tempo é um aliado do crescimento O caso da Escola 24hs O tempo da educação Felix demorou muito tempo para abrir uma escola que nunca fecha 47
  • 48. 48 Homens são maioria a frente de Scale-ups 48
  • 49. 49 Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups Comparar estatísticas entre homens e mulheres pode ser um tabu, e não se chega a uma conclusão muito clara sobre o motivo delas acontecerem. No campo dos empreendedores, os homens são a maioria, e entre as Scale-Ups as diferenças só aumentam. HÁ DUAS VEZES MAIS HOMENS QUE MULHERES A FRENTE DE SCALE-UPS
  • 50. 50 Seis em cada dez empreendedores são homens. Nas scale-ups, essa relação é ainda maior: dois empreendedores para uma empreendedora, o que mostra que a disparidade aumenta entre empresas com alto desempenho. Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups 67,00% 65,11% 61,34% 59,33% 33,00% 34,89% 38,66% 40,67% Scale-up 2011-14 10+ Funcionários 1+ Funcionários Todas as empresas 0 % 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 % 70 % 80 % 90 % 100 % Proporção de homens e mulheres de acordo com o porte da empresa Homens Mulheres 50
  • 51. 51 Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups O universo empreendedor era, até muito pouco tempo atrás, eminentemente masculino. Ainda são minoria as empreendedoras que se destacam e quebram as barrei- ras de preconceito, conseguindo levar suas empresas a outros patamares. Alguns estudos apontam que o “estilo” feminino de ges- tão, que em geral prioriza as pessoas e o bem-estar do ambiente de trabalho, pode significar um crescimento mais lento, mas mais constante ao longo do tempo. Mas ainda são necessárias muitas análises para se chegar a uma resposta definitiva sobre por que há menos mulhe- res a frente de empresas de alto crescimento no país. 51
  • 52. 52 O desafio das empreendedoras é fazer suas em- presas crescerem sem perder os valores, e exis- tem muitos exemplos de que isso é possível, como o de Luiza Helena Trajano e o Magazine Luiza, com suas mais de 700 lojas, e o de Sônia Hess, empreendedora da Dudalina, a maior camisaria da América Latina. Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups
  • 53. 53 Rio de Janeiro, 1978. Numa época em que não era nada comum usar protetor solar na cidade maravilhosa, a então recém-formada em bioquímica Lisabeth Braun inaugurava com sua sócia a pri- meira farmácia de manipulação focada em dermatologia do Rio. Contrariando o forte preconceito da época contra mulheres que decidiam empreender, as duas ignoraram os costumes da época e seguiramemfrente.Paraseterumaideia,odivórcionoBrasilsóti- nhasidolegalizadoumanoantesdaaberturadaempresa.Assócias superaramoestigmadaépocaedesenvolveramjuntasumnegócio de sucesso até 1990, quando Lisabeth enxergou a possibilidade de criar um negócio ainda mais promissor. Se separou da sócia para inaugurar a Dermage, uma marca que aliava o serviço de farmácia demanipulaçãocomavendadecosméticosparapele. Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups Hoje, a empresa possui no país 35 lojas (entre próprias e franquias), além de parcerias com farmácias e perfumarias multimarcas em todo o território nacional, sobretudo nos estados do Rio e São Paulo. A linha Dermage possui mais de 100 produtos para rosto, corpo e cabelos, além de prote- toressolaresemaquiagem-todosproduzidosemlaborató- rios próprios, com tecnologia de ponta e matéria-prima de última geração, como o filtro solar de fator de proteção 99. Hoje,assimcomousarprotetorsolarsetornoualgocomum, ver empresas de sucesso lideradas por mulheres, como é a Dermage,tambémdeixoudeseralgotãoraro. Empreendedorismo na pele das mulheres brasileiras Lisabeth e Ilana Braun criaram uma indústria de dermocosméticos especializada na pele da mulher brasileira O caso da Dermage 53
  • 54. 54 Diego Martins sempre foi um sonhador. Ao começar a trabalhar em grandes empresas, percebeu que boa parte das pessoas ali não era feliz no lugar onde passavam a maioria do dia. Inspirado por uma visita ao Google, deci- diu criar uma empresa que tentasse aliar inovação com um bom ambiente de trabalho para os seus colaborado- res (algo raro entre homens, como mostram estudos). Isso tudo antes mesmo de ter ideia do que o negócio seria! Com a ajuda do sócio financeiro Rui Jordão, criou a Acesso Digital, especializada na gestão eletrônica de documentos para empresas. Logo no início da empresa, Paulo Alencastro tornou-se sócio de Diego e contribuiu com o negócio pela sua grande experiência anterior numa empresa de telecomunicações. Além de inovar com um serviço que até então não era oferecido, Diego conseguiu realizar seu sonho de ter uma empresa em que as pessoas se sentissem felizes. Os números deixam isso claro: com um crescimento mé- dio de 70% ao ano desde 2011, a empresa também já é classificada como a 3ª melhor empresa de TI da Améri- ca Latina para se trabalhar. Scale-ups | Homens são maioria a frente de Scale-ups O caso da Acesso Digital Acesso à felicidade Diego Martins e Paulo Alencastro são empreendedores que sempre sonharam com a felicidade de seus colaboradores. 54
  • 55. 55 Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer 55
  • 56. 56 Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer Um dos maiores desafios dos empreendedores é a falta de alguém para dividir as dores e vi- tórias do dia a dia do negócio. É comum em- preendedores se sentirem confusos sobre qual caminho seguir e sobre o que priorizar. Geral- mente os que são ótimos com pessoas, talvez não sejam experts em finanças. Os com perfil de vendas, geralmente não se dão tão bem com controles operacionais, e assim por diante. Sócios servem justamente para compartilhar visões e competências distintas sobre um mes- mo negócio. Essa mistura de saberes pode fa- zer com que decisões e estratégias do negócio sejam mais assertivas. AS SCALE-UPS TEM O DOBRO DO NÚMERO DE SÓCIOS
  • 57. 57 Essa provavelmente é a explicação para o fato de Scale-ups terem, em média, o dobro do número de sócios em comparação com a média geral das empresas brasileiras. Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer 1,61 2,32 Média de sócios por empresa Todas as empresas Empresas com 1 ou mais funcionários Empresas com 10 ou mais funcionários Scale-ups 1,18 2,1 57
  • 58. 58 Não só pelo maior número de sócios, mas pela qualidade e diversidade da sociedade, é possível gerar múltiplas visões em torno do negócio, que não só produzem melhores decisões, como também mais crescimento para os negócios. Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer 58
  • 59. 59 Zica Assis começou a trabalhar aos nove anos para sustentar seusirmãosmaisnovoscomoempregadadomésticaevendedo- ranaTijuca,noRio.Elanuncaestavafelizcomseucabelo,muito crespo e “armado”, o que a fazia perder até alguns trabalhos. Como não conseguia comprar nada que deixasse seu cabelo como queria, fez um curso de cabelereira e começou a fabricar nasuaprópriacasafórmulasexperimentaisdeumnovoproduto para cabelos crespos. Depois de alguns anos e várias fórmulas que resultavam apenas na queda do seu cabelo, Zica chegou a uma composição que dava brilho e reduzia o volume dos seus cachos.ElaentãoconvenceuomaridoavenderseuFusca,oúni- cobemdafamília,paraabriroprimeirosalãoBelezaNatural.Em poucotempo,asfilasdeclientespassaramaserconstantes. Apesar do sucesso, o crescimento acelerado veio com a chegada deumasóciacomqualidadescomplementaresàs deZica. Antesdasociedade,aos14anosLeila Veleztraba- lhou em um restaurante McDonald’s. Foi dela a ideia de se inspirarnarededefast-foodparadeixarosalãocomforma- to mais parecido com uma linha de produção, aumentando suacapacidadedeatendimento,massemperderasimpatia eofocoemaumentaraautoestimadasclientes.Hojejásão mais de 30 unidades em operação, com mais de dois mil colaboradores.Númerosqueaindadevemaumentarmuito, já que a dupla tem um plano de expansão para chegar em 120lojasnospróximos4anos. Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer A fórmula da autoestima As sócias Leila Velez e Zica Assis aproveitam o melhor de cada uma e levam autoestima para milhares de mulheres. O caso do Beleza Natural 59
  • 60. 60 Caio e Beto cresceram acompanhando as cons- trutoras das suas famílias e já tinham a vonta- de de modernizar o setor. Eles conheceram Lu- cas na faculdade de engenharia civil, que teve a mesma vontade enquanto estagiava na área. Antes de empreenderem juntos, os 3 ainda ti- veram experiências fora do Brasil, quando co- nheceram as inovações da construção nos EUA, Canadá e Alemanha. Com experiência na bagagem, em 2009 funda- ram a Tecverde com o objetivo de tornar a cons- Scale-ups | Ter com quem compartilhar o sonho ajuda a crescer trução civil mais industrializada e sustentável. Das viagens importaram a tecnologia de construção em woodframe. Utilizando a técnica, hoje a empresa cons- trói casas com até 90% menos desperdício e 80% menos emissões de CO2. No dia a dia do negócio, os jovens empreendedores se complementam: enquan- to Lucas está focado no setor fabril da empresa, Beto responde pelo comercial e Caio toca a gestão como um todo. A empresa cresce a ponto de dobrar seu fa- turamento todos os anos, e desde a faculdade os três empreendedores tomam cerveja e decisões juntos. Amizade que virou inovação Amigos de faculdade, Caio Bonatto, Lucas Maceno e Beto Justus são sócios em uma das empresas que mais cresce no Brasil O caso da TecVerde 60
  • 61. 61 Para saber mais sobre Scale-ups 61
  • 62. 62 Para Governos e stakeholders: O Índice de Cidades Empreende- doras analisa 14 capitais brasi- leiras, apresenta um framework e diversas melhores práticas sobre como Governos podem impulsionar suas Scale-ups Para empreendedores: 5 conselhos valiosos sobre como se trans- formar a sua empresa em uma Scale-up Para a mídia: O estudo Estatísticas do Em- preendedorismo, feito pelo IBGE em parceria com a Endea- vor, apresenta outros detalhes sobre o impacto das empresas de alto crescimento Scale-ups |Para saber mais 62 Já existem outros eBooks e pesquisas com foco em entender mais sobre o universo das Scale-ups:
  • 64. 64 Scale-Ups | Como chegamos nestes resultados 64 Endeavor e Neoway analisaram diversas fontes de dados públicos e de parceiros para compor a base de dados final, entre elas: - RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego; - CAGED, do Ministério do Trabalho e Emprego; - PNAD, do IBGE; - Dados de Certidões Negativas, da Receita Federal; - Registros do Instituto Nacional de Propriedade In- telectual; - Certidão de Nascimento; - Entre outras. Todos as bases foram analisadas até, no máximo, 31/12/2014. A partir do cruzamento dessas e outras informa- ções, foi criada uma ferramenta utilizando Big Data e visualização de dados que agregam e facilitam a análise das informações. Para analisar o crescimento das empresas foram utilizados dois critérios: - A empresa deveria ter ao menos 10 funcionários em 31/12/2011 - todas as empresas fundadas depois dessa data, portanto, não são contabilizadas na me- dição de crescimento; - A natureza jurídica das entidades deveria ser “em- presarial”, ou seja, todas aquelas contempladas no grupo 2 da Tabela de Natureza Jurídica de 2014, da Comissão Nacional de Classificação.
  • 65. 65 Sobre a Neoway A Neoway desenvolve tecnologias inovadoras que ajudam empresas a fazer mais com menos. Especializada em Big Data, a empresa foca na área de Inteligência de Mercado, com solução para Vendas (geração de leads e gestão de time de vendas), e nas áreas de prevenção a perdas, complience e recuperação de ativos. www.neoway.com.br Scale-ups | Como chegamos nestes resultados?
  • 66. 66 Sobre a Endeavor A Endeavor é uma organização global sem fins lucrativos de fomento a empreendedorismo de alto impacto. No Brasil desde 2000, atua para multiplicar o número de empreendedores de alto crescimento e criar um ambiente de negó- cios melhor para o país. Para isso, seleciona e apoia os melhores empreendedores, compar- tilha suas histórias e aprendizados, e promove estudos para entender e direcionar o ecossiste- ma empreendedor brasileiro. Só em 2014, aju- dou a gerar mais de R$ 2 bilhões em receitas e 20.000 empregos diretos através de progra- mas de apoio a empreendedores; e a inspirar e capacitar mais de 3 milhões de brasileiros com conteúdos do Portal Endeavor e cursos educa- cionais presenciais e a distância. www.endeavor.org.br Scale-ups | Como chegamos nestes resultados?