Este documento resume a carta pastoral da 2a Conferência Teológica da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica. Ele discute a identidade metodista e enfatiza a importância de manter as tradições teológicas e culturais do metodismo, como atos de piedade e obras de misericórdia. Também aborda a diversidade, ecumenismo e papel dos cultos na Igreja Metodista.
1. Carta Pastoral e Conciliar da
2ª Conferência Teológica
da Igreja Metodista na
Quinta Região Eclesiástica
N
o dia 11 de novembro de 2005 aconteceu, na cidade de Piracicaba-SP, a 2a Conferência
Teológica da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica. Esse evento antecedeu o
XXXVII Concílio Regional. Leigos e leigas, clérigos e clérigas refletiram sobre a nossa
eclesiologia, ou seja, o jeito de ser da Igreja Metodista. A reflexão resultou nesta carta que apresentamos às
igrejas locais. Temos certeza de que, devidamente divulgada e estudada, esta carta muito contribuirá para
o fortalecimento das marcas essenciais do metodismo.
O reverendo Rui de Souza Josgrilberg, reitor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, no
Mosaico Apoio Pastoral (no 13, jan/jun/2005), afirma: “Não podemos ser cristãos sem história; trazemos
conosco o jeito de sermos, nós metodistas, cristãos. Não se trata de nenhum ufanismo confessional
em detrimento de outra igreja ou outra confissão. Mas há, gostemos ou não, uma tradição teológica e
cultural a partir da qual falamos”.
Diante disso, é necessário que haja conscientização de que, se há em nós o desejo de continuar sendo
conhecidos como metodistas, temos que manter as marcas essenciais do nosso modo de ser igreja, nossa
eclesiologia. Somos uma comunidade pluralista, de experiências diversas; a manutenção de nossa tradição
teológica e cultural fará com que tenhamos unidade na diversidade.
Devemos lembrar que temos como missão “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar
a santidade bíblica sobre toda a terra” (John Wesley). Atos 2.42–47 é o nosso referencial e nosso alicerce
para sermos uma comunidade de fato; só assim poderemos cumprir o lema de sermos: “Comunidade
Missionária a Serviço do Povo”.
A seguir, alguns pontos que nos ajudam nesta caminhada de testemunho do Evangelho, mediante
a Igreja Metodista.
VIVÊNCIA DA IDENTIDADE METODISTA: O NOSSO “MODO DE SER IGREJA”.
a) Atos de Piedade e Obras de Misericórdia. Essas são ênfases importantes na doutrina metodista.
A leitura e estudo da bíblia, a oração, o jejum, a participação na Santa Ceia e no Culto se caracterizam
como Atos de Piedade. As Obras de Misericórdia são aquelas relacionadas ao amor e serviço ao próximo. É
importante ressaltar estas práticas na vida dos metodistas.
b) Dons e Ministérios. A Igreja Metodista optou por assumir o modo bíblico de servir por meio de
Dons e Ministérios, e não exclusivamente a estrutura de cargos. Isso resultou numa abertura com a qual
cada irmão ou irmã pode exercitar o seu dom num ministério para o qual se sente chamado/a. A Igreja não
deve abandonar este caminho. Temos que lutar para que nossos membros não se deixem dominar pelo
espírito egoísta deste mundo, que leva as pessoas a viverem para si mesmas, preocupando-se apenas com
seus problemas, mas que, a exemplo do profeta Isaías, se coloquem disponíveis para o serviço, fazendo
realidade a afirmação: “Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).
c) Diversidade. Somos uma Igreja plural. Ela acolhe as diferenças, procurando viver a unidade na
diversidade, esta é uma das características que atestam nossa fidelidade ao espírito do Evangelho de
acolher, Cristo. No entanto, não devemos usar o conceito de pluralidade para, em nosso meio, acolher
práticas e símbolos que são incoerentes com o nosso modo de ser Igreja. Isso não significa que devamos
desvalorizar os símbolos litúrgicos que nos caracterizam como “metodistas” (temos boa orientação nos
Anuários Litúrgicos editados pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista). É preciso combater a
2. intolerância no seio de nossas comunidades, pois ela não possibilita o diálogo; antes, gera o conflito
e, conseqüentemente, a divisão.
d) Os modismos – a questão da sã doutrina. Hoje, o que percebemos é que se propaga uma religião
de mercado que usa a mídia como meio de disseminação. Não é nossa missão competir com ela; esta não
é nossa opção. Devemos ter como centro de nossa prática o amor cristão que é mais procedimento do que
sentimento. O entusiasmo, o pacifismo, a unidade, a santidade, o respeito, o perdão, a honestidade, o
compromisso e o amor devem ser algo concreto em nosso meio. A Igreja deve adaptar-se aos novos tempos
sem abandonar a sua essência. Essa servirá de parâmetro para que a identidade metodista seja mantida em
meio à proliferação de inadequados movimentos religiosos. Somos comunidade de resistência e vanguarda,
sem medo, em que o bispo, a bispa, os pastores e pastoras são orientadores/as da sã doutrina.
ASPECTOS DO CULTO, QUANDO CELEBRADO POR METODISTAS
Precisamos conscientizar os membros de nossa igreja a serem missionários e missionárias em potencial,
utilizando para isso o culto como meio de despertamento para a missão. O povo metodista, dentro do
espírito de Dons e Ministérios, Comunidade Missionária a Serviço do Povo, conclama os irmãos e irmãs
a vivenciarem nossa fé, atos de piedade, na dinâmica da tradição e simbologia wesleyana/metodista. Aqui
somos chamados a trabalhar nossa rica hinologia, nossos símbolos e nosso potencial teológico. Os aspectos
de nosso culto devem expressar a igreja comprometida com a libertação e celebração da vida.
A ECUMENICIDADE DA IGREJA
O movimento metodista, desde os seus primórdios, valorizou e incentivou o diálogo ecumênico. A
postura teológica ecumênica do “povo chamado metodista”, portanto, está fundamentada na fidelidade à
sua própria história e à Palavra de Deus. Não é possível ser metodista sem ser ecumênico.
O que é, para nós metodistas, o ecumenismo? Ser ecumênico é aprender a viver e conviver com
outras denominações cristãs, respeitando e valorizando os aspectos fundamentais de sua teologia, de sua
eclesiologia e de sua prática pastoral. Isso não significa, é claro, que não tenhamos a nossa própria teologia, a
nossa eclesiologia e o nosso “modo de ser igreja”. Significa, simplesmente, que estamos sinceramente abertos
ao fecundo e produtivo diálogo com outras confissões cristãs. Na verdade, as divisões denominacionais
expressam a fragilidade e o egoísmo provenientes do pecado humano.
Como Igreja Metodista somos chamados, no espírito do Evangelho de Jesus Cristo, a celebrar a unidade
cristã por meio dos Atos de Piedade e das Obras de Misericórdia. E o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor
e Salvador, ora por nós: “Assim como Tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a
favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na Verdade. Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a
fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.19–21).
CONCLUSÃO
Esperamos que esta carta ajude aos irmãos e irmãs na caminhada missionária e na reflexão sobre nossa
comunidade e seu modo de ser, wesleyano e metodista. Conclamamos os pastores e as pastoras, leigos e
leigos a discutirem estes conteúdo em suas igrejas locais.
Fraternalmente em Cristo.
Revmo. Bispo João Alves de Oliveira Filho.
Bispo da Igreja Metodista na Quinta Região Eclesiástica
Piracicaba, 14 de novembro de 2.005
[Esta carta foi aprovada pelo plenário do 37º. Concílio Regional da
Igreja Metodista da Quinta Região Eclesiástica em 15/11/2005]