O documento apresenta um roteiro para uma aula sobre o documentário Ônibus 174. Ele discute a estrutura do documentário, suas premissas de produção, o processo de coleta de imagens e entrevistas, e aspectos estéticos da narrativa.
2. 22
ž “Ônibus 174” – Parte 1 (10’)
ž Estrutura de documentário
ž “Ônibus 174” – Parte 2 (25’)
ž Fórmula editorial e detalhes da produção
ž “Ônibus 174” – Parte final (10’)
Roteiro da aula
4. 44
ž Documentário:
ž Olhar pessoal do documentarista, uma obra autoral
ž Assume sua subjetividade (“interpretação”)
ž Baseado no ponto de vista do autor
ž Parte de premissas próprias e possui estética particular
ž Reportagem de TV:
ž Tenta formular um “retrato completo” do fato
ž Apresenta diferentes pontos de vista – “imparcialidade”
ž Imagens “confirmam” o que é dito pelo jornalista e pelos
entrevistados
ž Regras de “noticiabilidade” definem o conteúdo do telejornal
Documentário X Reportagem de TV
Leonardo COELHO ROCHA, “O caso Ônibus 174: Entre o documentário e o telejornal” (2003)
5. 55
ž Bill Nichols define quatro modalidades de representação
possíveis no documentário, de acordo com os elementos
narrativos:
ž Documentário Expositivo
ž Documentário de Observação
ž Documentário Reflexivo
ž Documentário Interativo
O documentário segundo Nichols
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)
6. 66
ž Bill Nichols define quatro modalidades de representação
possíveis no documentário, de acordo com os elementos
narrativos:
ž Documentário Expositivo
ž Documentário de Observação
ž Documentário Reflexivo
ž Documentário Interativo
O documentário segundo Nichols
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)
- O texto (em off) é elemento
narrativo dominante
- A locução fornece uma
explicação “didática” para as
imagens mostradas na tela
- As imagens são evidência
irrefutável da narrativa
- Esse documentário tem um
efeito persuasivo e é utilizado
em filmes institucionais e de
propaganda
7. 77
ž Bill Nichols define quatro modalidades de representação
possíveis no documentário, de acordo com os elementos
narrativos:
ž Documentário Expositivo
ž Documentário de Observação
ž Documentário Reflexivo
ž Documentário Interativo
O documentário segundo Nichols
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)
- O autor não interfere nos
acontecimentos
- Não há comentários,
entrevistas, legendas ou
reconstruções
- O som é captado diretamente
do ambiente
- As pessoas falam entre si e
não para a câmara
- Revela a experiência vivida e
o cotidiano do que se filmou
8. 88
ž Bill Nichols define quatro modalidades de representação
possíveis no documentário, de acordo com os elementos
narrativos:
ž Documentário Expositivo
ž Documentário de Observação
ž Documentário Reflexivo
ž Documentário Interativo
O documentário segundo Nichols
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)
- Documentário procura expor
o seu próprio processo de
construção
- O interesse não está no
mundo histórico, mas na forma
como o documentário se
apresenta ao espectador
- Ser reflexivo é estruturar um
produto de modo que
produtor, processo e filme
sejam um todo coerente
9. 99
ž Documentário “construído” a partir da interação do autor
com as pessoas que participam no filme
ž É sustentado pelas entrevistas, que podem ser
apresentadas ao espectador como como diálogos,
confissões, monólogos, testemunhos, interrogatórios
ž A voz em off, quando utilizada, nunca é sobreposta às dos
entrevistados
ž Ao final, entrevistas refletem o ponto de vista do autor
sobre os acontecimentos retratados no filme
ž “Ônibus 174” é um documentário interativo
Documentário Interativo (Nichols)
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)
10. 1010
Ônibus 174 – 2ª parte
Candelária (5’)
Histórico policial (3’)
Morte da mãe (4’)
Ação policial (6’)
Reféns (7’)
11. 1111
ž Antes de começar, o documentarista tem uma visão
diferente da mídia normal (questiona o “senso comum”)
ž Padilha podia ter optado por contar a história de um
policial ou da refém morta (Geísa, a principal vítima)
ž Um lead da época dizia: “Um menino de rua entrou no
ônibus, encontrou a assistente social que cuidava de
meninos de rua e a matou”
ž “Seria um lead maravilhoso, se fosse verdadeiro”
ž O autor propõe-se a contar a história do sequestro a partir
da história do protagonista, Sandro do Nascimento
‘Ônibus 174’: Premissas
12. 1212
ž A história do Sandro “é capaz de gerar lições sobre o
Estado brasileiro, sobre como se vive no limite da miséria,
como um menino de rua é tratado pelas instituições,
como ele descamba para a criminalidade”
ž “Ônibus 174” trabalha com dois eixos de história:
ž A cronologia do acontecimento policial
ž A vida do sequestrador
ž “Um eixo explica o outro. À medida que entendo como foi
a vida dele, a relação dele com o Estado, entendo quem
ele é e por que faz e fala as coisas daquela forma no
ônibus”
‘Ônibus 174’: Premissas
13. 1313
ž Até então, nenhum veículo (impresso ou TV) tinha falado
com a família do Sandro
ž Padilha foi o primeiro a entrevistá-los – a tia e a mãe
adotiva, única que esteve presente ao enterro
ž Encontrou a família “numa linha” de um documento
judicial sobre Sandro
ž O depoimento de Luiz Eduardo Soares, ex-secretário
Nacional de Segurança, ajuda a construir o “roteiro”
ž O ex-secretário defende a tese da “invisibilidade” dos
meninos de rua perante a sociedade
‘Ônibus 174’: Premissas
14. 1414
ž Imagens de TV: Globo (20h de gravação, com 4 câmeras);
Record (4h); Band (40 min.)
ž Imagens da CET-Rio
ž Padilha fez cópias das fitas, assistiu todas as imagens e
começou entender o que tinha acontecido no ônibus
ž Acabou “comprando” apenas 50 minutos para usar na
edição final do filme (maior custo de toda a produção)
ž Custo de produção: R$ 800 mil
ž Tempo de produção: 1 ano e meio
Matéria-prima
15. 1515
ž A partir das imagens, Padilha identificou os policiais e as
reféns que mais interagiram com o sequestrador
ž Um detetive e um ex-policial buscaram documentos “oficiais”
sobre Sandro (elaboraram um dossiê de 187 páginas)
ž Enquanto o detetive e o advogado traçaram um “mapa” da
vida do Sandro, a partir dos documentos...
ž ...o editor Felipe Lacerda, co-roteirista do filme, fazia um
“mapa” cronológico do sequestro, editando as imagens de TV
ž Com os dois “mapas”, Padilha e Lacerda foram à ilha de
edição para montar o material juntos
Processo de produção
16. 1616
ž Havia uma enorme censura da cúpula de segurança do RJ -
enquanto Garotinho foi governador, a polícia não falou
ž Policial do BOPE fala com voz distorcida e rosto coberto
ž Capitão Rodrigo Pimentel aparece na tela pois tinha sido
exonerado da Corporação – depois de mostrar no
“Fantástico” como deveria ser o tiro do sniper
ž Após eleita, governadora Benedita da Silva autorizou as
entrevistas da polícia
ž O capitão André Batista dá entrevista e explica a ação do
BOPE e da polícia no episódio
Processo de produção
17. 1717
ž Narrativa fundamentada nas entrevistas e nas imagens de TV
ž As falas dos entrevistados praticamente “constroem” todo o
fio narrativo, sendo umas encadeadas às outras
ž O diretor não identifica os entrevistados; cabe ao espectador
decifrar quem são eles
ž Não há narração; a voz em off é usada somente para a leitura
de documentos prisionais ou judiciais sobre Sandro
ž Embora o diretor não apareça na tela, sua presença é
percebida nos olhares para trás da câmera, durante as
entrevistas
“Opção estética”
19. 1919
Leonardo COELHO ROCHA (UniBH), “O caso Ônibus 174: Entre o
documentário e o telejornal” (2003)
Gazeta Mercantil, Entrevista com José Padilha (2002)
Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in
documentary” (1991)
PADILHA, José. Ônibus 174 (2002).
Referências