O documento discute as diferenças entre espaços rurais e urbanos e como as áreas urbanas têm evoluído. Descreve como o crescimento populacional, a mobilidade e a difusão de atividades econômicas contribuem para a transformação do espaço. Também explica como as cidades são caracterizadas por alta densidade, tráfego, concentração de serviços e como surgem diferentes áreas funcionais dentro das cidades.
1. ÁREAS URBANAS
Espaço rural: predomínio de atividades do sector primário, ocupação do solo predominantemente agrícola
Espaço urbano: Predomínio de atividades do sector secundário e terciário
Fatores que contribuem para alteração do espaço:
O crescimento urbano;
Aumento da mobilidade;
Difusão espacial da população
Difusão espacial das atividades económicas
Difusão de um modo de vida
Cidade (caraterísticas):
Muita ocupação humana e densidade de construção
Tráfego intenso
Grande concentração de atividades económicas
Equipamentos sociais e culturais
Predomínio de atividades do setor terciário, inclusivamente serviços administrativos, sociais e
políticos
Centro multifuncional, com funções raras e vulgares
Modo de vida urbano:
Elevados padrões de conforto dos cidadãos
O tipo de atividade profissional (terciário sobretudo)
As características das habitações
Maior concentração de pessoas
As diferenças de conceitos:
Centro urbano – associa-se unicamente a um critério ligado a um determinado número de habitantes.
Cidade – associa o critério ligado ao número de habitantes, mas acresce ainda um carácter funcional
(predomínio de atividades dos sectores secundário e terciário), político, administrativo, oferta de
determinados bens e serviços e existência de determinados equipamentos.
Entre os critérios mais utilizados para definir cidade, destacam-se o demográfico, o funcional e o jurídico-
administrativo.
Critério demográfico (população absoluta) –Cada país, determina um número mínimo de habitantes, a partir
do qual um aglomerado pode ser considerado cidade. No entanto, este critério varia de país para país, não
permitindo portanto, estabelecer comparações universais. Nas cidades, o valor da densidade populacional é
2. elevado. Contudo, este critério também não é universal, registando-se disparidades muito grandes de país
para país.
Critério funcional (distribuição da população ativa por sectores de atividade) – Este critério tem em conta a
influência exercida pela cidade sobre as áreas envolvente e o tipo de atividades a que a população se dedica,
que devem ser maioritariamente dos sectores secundário e terciário. Muitas cidades do interior e das
regiões autónomas apesar de terem um número de habitantes relativamente reduzido, desempenham
funções importantes e estabelecem relações de interdependência com a sua área envolvente.
Critério jurídico-administrativo – Aplica-se às cidades definidas por decisão legislativa. São exemplos as
capitais de distrito e as cidades criadas por vontade régia, como forma de incentivar o povoamento, de
recompensar serviços prestados ou de garantir a defesa de regiões de fronteira.
Alguns dados comuns às cidades (elementos essenciais à morfologia urbana):
Existência de equipamentos sociais e culturais (hospitais, escolas, transportes públicos, cinemas,
teatros).
Forte concentração de imóveis.
Preço elevado do solo
Movimento intenso de pessoas e veículos.
Exerce influência económica, cultural, social e político-administrativa na área envolvente, de acordo
com a importância das sua funções, à escala local, regional, nacional ou internacional.
Portugal mais urbano
Em Portugal aumentou a taxa de urbanização, devido principalmente à alteração do método de cálculo e
também como resultado da revolução verificada nos transportes, que veio melhorar as acessibilidades em
todo o território nacional. Nos últimos anos a população aumentou em quase todos os centros urbanos e foi
bastante acentuado em torno das cidades de Lisboa e Porto. O crescimento dos subúrbios e o
despovoamento dos centros de algumas cidades podem ser explicados por alterações associadas aos
transportes. Também, regra geral, a renda locativa aumenta de forma proporcional ao aumento da
acessibilidade dos lugares.
Áreas Funcionais – Áreas específicas com características próprias e com uma certa homogeneidade.
Organizadas em função da renda locativa - preço do solo o qual diminui à medida que aumenta a distância
relativamente ao centro. Assim, o preço dos terrenos urbanos diminui do centro para a periferia.
Depende de vários fatores:
Acessibilidade - transportes e vias de comunicação
Características ambientais
Características socioeconómicas da população residente
Planos de urbanização
Segregação funcional: Separação das diversas áreas de uma cidade em função do valor do solo.
Consequentemente empurra as atividades menos rendíveis e as classes mais pobres para as periferias das
cidades e para os espaços ambientalmente menos agradáveis.
3. A diferenciação funcional
As áreas funcionais que compõem a cidade são:
Área Central, Baixa ou CBD- Área da cidade que devido à sua acessibilidade, constitui a área de
eleição das atividades terciárias, com destaque para as de nível superior (sedes de várias empresas,
Administração Pública - ministérios, câmara, tribunais... - concentração de comércio especializado
sobretudo de bens raros, trânsito muito intenso, muito movimento de população, grande
competição pelo espaço, o que eleva o preço do solo, assim como ao desenvolvimento de edifícios
em altura)
Área residencial- Ocupam grande parte do espaço urbano. Apresentam grande multiplicidade de
formas e de aspetos, que são o reflexo do nível socioeconómico dos seus habitantes. A variação do
preço do solo urbano é um dos fatores que contribui para a segregação social
Área industrial- Área exterior ao perímetro urbano de expansão da indústria e a instalação de novas
unidades industriais. A grande necessidade de vastos espaços; o elevado preço do solo; a
intensidade e congestionamento de trânsito na cidade e a dificuldade de estacionamento; a elevada
poluição sonora e atmosférica são fatores que têm condicionado a expansão da indústria no interior
do perímetro urbano:
Periferia ou subúrbios- o grande dinamismo da cidade vai sucessivamente consumindo o seu espaço
interior. Quando a procura ultrapassa a oferta, o preço do solo e das construções “dispara”,
começando a excluir aqueles que não têm capacidade económica para fazer face aos grandes
aumentos que se vão registando. Assiste-se à saída de alguns habitantes (segregação social) e de
certas funções (segregação funcional) para a periferia da cidade (subúrbios).
O centro é uma área em forte expansão, principalmente ao longo das principais vias de acesso rodoviário, e
com tendência para a descentralização funcional: surgem novas centralidades, para outras áreas da cidade
onde há espaço disponível (ex: Parque das Nações). Isto está relacionado com:
O elevado congestionamento funcional;
A escassez de espaço, que leva à especulação fundiária;
Congestionamento do centro: ruas estreitas e saturação de acessos;
Dificuldades de estacionamento, o que faz diminuir as acessibilidades
Novas áreas terciárias aparecem em áreas periféricas da cidade...
• Fase de crescimento centrífugo (desconcentralização urbana em direção às áreas periféricas),
oposto de fase centrípeta (concentração da população e das atividades económicas nos centros
urbanos)
Assim a cidade entra numa fase de desconcentração facilitando a descentralização.
4. Suburbanização
Subúrbio – espaço geográfico resultante do crescimento da cidade – fase centrífuga – cuja atividade está
fortemente ligada à cidade.
Fatores de crescimento:
Crescimento da população
Desenvolvimento dos transportes
Preço do solo mais barato
Fuga aos problemas urbanos.
Rurbanização
Implantação dispersa da habitação urbana em meio rural
Baixas densidades médias de ocupação e alteração constante da estrutura fundiária
Atividade agrícola, cada vez mais instável, devido à urbanização crescente
Abandono progressivo da agricultura
Implantação de unidades industriais
Incremento da atividade comercial
Problemas da expansão urbana:
Intensificação dos movimentos pendulares (aumento de despesas, de tempo de deslocações, de
stress, congestionamento do trânsito, dificuldades de estacionamento...)
Congestionamento do sistema de transportes urbanos e suburbanos;
Aumento do consumo de combustível e da poluição atmosférica;
Desordenamento do espaço, devido ao rápido crescimento e a bairros de habitação precária, sem
arruamentos e saneamento básico;
Área Metropolitana é uma extensa área formada por vários centros urbanos (cidade e seus subúrbios),
entre os quais se estabelecem relações de interdependência. Tem uma grande concentração de população e
de atividades económicas.
Fatores de formação de Áreas Urbanas:
Grande crescimento demográfico da cidade, dos seus subúrbios e de áreas periurbanas,
acompanhado por um grande crescimento espacial que lhe é inerente
Descentralização industrial
Terciarização da economia
Desenvolvimento das redes e meios de transporte
Problemas urbanos:
Bairros clandestinos (Bairros de “lata”)
Habitações degradadas, em áreas mais antigas
Escassez de espaços verdes
Saturação de infraestruturas
5. Pressão ambiental
Trânsito, estacionamento, poluição atmosférica e sonora (devido ao aumento dos movimentos
pendulares)
Desemprego
Aumento da pobreza
Aumento de conflitos, racismo, xenofobia
Insegurança
Aumento da criminalidade