Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
1. 14 www.diariodominho.pt SEGUNDA-FEIRA, 23 de abril de 2012 Diário do Minho
ENTREVISTA
“ “
Entrevista Diário do Minho / Rádio FF à Junta de Freguesia de Merelim S. Pedro
As pessoas têm boa qualidade de vida em Merelim
DR
Continuamos a publicação das entrevistas com as Juntas de
Freguesia do Concelho de Braga em colaboração com o progra-
ma “Periscópio” da Rádio FF. Cabe hoje a vez à freguesia de
Merelim S. Pedro. Os autarcas revelam particular orgulho com
o seu trabalho no campo cultural, com a sua capacidade de
mobilizar os merelinenses para a participação cívica e com a
atenção prestada às pessoas mais idosas.
A entrevista pode ser ouvida integralmente no site da Rádio
FF, www.facfil.braga.ucp.pt
LUÍSA MAGALHÃES (LM) – SR. RI- RF – Sim, o secretário da junta, o
CARDO FERREIRA, MUITO BEM VIN- meu amigo Armindo. Se calhar, é
DO AO PROGRAMA PERISCÓPIO ele a pessoa mais indicada para fa-
DA RÁDIO FF. O SEU TRABALHO lar da educação. Foi professor du-
À FRENTE DESTA JUNTA DE FRE- rante muitos anos e portanto tem
GUESIA ENVOLVE VÁRIAS INICIA-
uma grande experiência.
TIVAS. UMA DELAS TENHO-A AQUI
À MÃO. É “A FREGUESIA EM MO-
VIMENTO” – BOLETIM INFORMATI- Armindo Oliveira (AO) – Acabei
VO QUE JÁ VAI NO SEU NÚMERO a minha carreira aqui mesmo, em
NOVE. VÊ-SE UMA GRANDE PREO- Merelim S. Pedro. “Santos da casa
CUPAÇÃO COM COMUNICAR AQUI- não fazem milagres” diz o povo,
LO QUE SE FAZ. HÁ QUANTO TEM- mas fui muito acarinhado. Acho
PO ESTÁ A TRABALHAR NA JUN- que deixei uma marca bastante
TA DE MERELIM S. PEDRO? QUER forte nos alunos, de modo a senti-
CONTAR O QUE TEM FEITO E O QUE rem a escola como qualquer coisa
VAI FAZER A SEGUIR? especial, à qual podem chamar tal-
Ricardo Ferreira (RF) – Já esta- vez de primeira casa. Cada aluno
mos envolvidos neste projeto des- meu era um filho meu. Isto orien-
de novembro de 2009, quando fo- tava toda a minha estratégia. Ricardo Ferreira elogia mobilização de freguesias
ram as últimas autárquicas. Tive-
mos várias iniciativas. Uma delas é LM – O QUE SE VIA NA GERAÇÃO
ANTERIOR DOS PROFESSORES ERA nome de Panoias, não é de Panoias. RF – Mas não só as pessoas en- gastou milhões desnecessariamen-
esse boletim informativo, trimes-
ESTE EMPENHO EM FAZER DA ESCO- É de Merelim S. Pedro. dinheiradas. As menos endinhei- te, há escolas que precisam de ser
tral, onde damos voz às pessoas e radas também apostaram, muitas requalificadas com pouco dinheiro.
LA UMA FAMÍLIA, NO SENTIDO DE
passamos toda a informação que LM – HÁ, PORTANTO, UMA SE- vezes sem poderem. Não queremos luxos, não queremos
DAR APOIO A QUEM NÃO TEM, DE
diz respeito à freguesia. CRIAR SUPORTE EDUCATIVO A QUEM QUÊNCIA DE TRABALHO QUE NÃO mármores, queremos uma esco-
TEM DIFICULDADE EM TÊ-LO FORA É APENAS DETERMINADA PELA LE- LM – É FUNDAMENTAL A QUALIDA- la que vá ao encontro dos alunos.
LM – DENTRO DO PROGRAMA DE DISSO. SERÁ QUE A BASE DE APOIO GISLAÇÃO. DE DE TRABALHO DAS ESCOLAS E Ainda ontem, foi lá um perito em
TRABALHO, QUAIS SÃO AS PRIORI- FAMILIAR É DEFICITÁRIA? AO – Merelim tem uma histó- DOS SEUS PROFESSORES.
DADES EM RELAÇÃO AO QUE ESTÁ
higiene, saúde e segurança no tra-
AO – Em Merelim as pessoas es- ria. A história económica de Me- RF – Sem dúvida. Uma das nos- balho e verificou que a escola de
AINDA EM PROJETO?
tão empenhadas em construir um relim baseia-se muito numa ati- sas grandes apostas é mesmo essa. Merelim S. Pedro padece de cons-
RF – A nível cultural e social, penso futuro sólido. Estão conscientes vidade que eram os tachinhas e trangimentos assinaláveis.
que já atingimos um patamar muito que a escola tem um valor signi- os telheiros. Faziam telha, as té- _______________________________________
ficativo na formação e qualificação gulas, como diziam os romanos.
elevado. Agora é para consolidar. A
nível estruturante, não temos tido
grandes obras porque a situação fi-
dos filhos. Os pais apostam na es-
cola, sabem que é uma alavanca, a
A partir daí, o empreendedoris-
mo da gente de Merelim levou-a
a ser feirantes. Não havia feira
“
Há desempregados, como
LM – JÁ TÊM UM PLANO DE
OBRAS?
AO – A escola está para ser re-
nanceira não está bem. chave do sucesso dos filhos. É por em todo o lado. Há pessoas qualificada desde 2008 ou 2009. O
isso que em Merelim temos muitos nenhuma em que uma boa per-
com rendimento mínimo, projeto já existe na Câmara, mas
LM – NO TRABALHO SOCIAL, COMO licenciados. Deve ser a freguesia centagem de feirantes não fosse
mas, se calhar, contam-se não há maneira de sair do papel.
É QUE FUNCIONA MERELIM S. PE- que tem mais licenciados. de Merelim. O comércio enrique-
pelos dedos de uma mão Chove lá dentro, tem as janelas
DRO? ceu as famílias. Mas não ficaram ainda de madeira, o frio é imen-
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LM – QUANTAS PESSOAS TEM A FRE- só pelo enriquecimento económi- so, o polivalente e a cozinha não
RF – A nível das pessoas mais jo- GUESIA, QUANTOS VOTANTES? co. Estendeu-se ao enriquecimen- estão bem dimensionados, o piso
vens, temos uma IPSS de Apoio à
RF – Perto de dois mil. to cultural e educacional. Os pais Apostar realmente na qualidade das com areia levanta muito pó. Te-
Família, temos a escola, temos a
sabiam que a atividade de feiran- escolas. Aí é que está o futuro da mos uma coisa boa na escola, que
pré, EB1… LM – E QUAL É A ESTRUTURA ES- te era efémera. Então apostaram freguesia, do concelho, do país. é uma cantina escolar e a IPSS,
COLAR? na escola. Passaram a mensagem
LM – O SR. RICARDO FERREIRA duas entidades fabulosas.
AO – Temos uma EB1/JI, ligada ao aos filhos que a escola é coisa sé- AO – Neste ponto, tenho muita
TROUXE O SEU SECRETÁRIO PARA
FALAR SOBRE AQUILO QUE É O agrupamento de escolas de Mos- ria, exige sacrifícios, estudo, mui- mágoa relativamente à minha es- LM – GOSTAVA DE ABORDAR O
TRABALHO DE UM SECRETÁRIO NA teiro e Cávado. Depois da primá- to trabalho. Foi esta vertente que cola. Enquanto o país assiste ao ACOMPANHAMENTO À TERCEI-
JUNTA DE FREGUESIA. QUER APRE- ria, vão para uma EB2/3 que é em tornou Merelim uma freguesia mo- episódio constrangedor da em- RA IDADE E A FAMÍLIAS EM CA-
SENTÁ-LO? Merelim também. Embora tenha o delar a nível académico. presa pública Parque Escolar que RÊNCIA.
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Os passeios de idosos não são passeios de farnel
DM
RF – Em Merelim não existem de Ucanha, a única ponte fortifi- NAR UMA COZINHA, UMA COZINHA
assim tantas famílias carenciadas. cada onde está presente a marca COM PEÇAS DE COBRE ONDE CABE
Existem casos, mas não é um pro- da portagem que se pagava para UMA PESSOA INTEIRA.
blema com que se depare em qual- passar. Temos a festa dos idosos, RF – Ainda quanto a passeios, este
quer esquina. Há desempregados, que é a festa de Natal, com artis- ano vai haver outra visita ao Dou-
como em todo o lado. Há pes- tas convidados, com almoço para ro. Vamos descê-lo.
soas com rendimento mínimo, mas o qual todos os idosos de Mere-
se calhar contam-se pelos dedos lim são convidados graciosamen- AO – Temos que falar num gru-
de uma mão. Apoio aos mais ido- te. Procuramos dar aos idosos o po de que o Ricardo aqui falou,
sos, realmente não existe em Me- lugar que devem ter na comuni- mas foi ao de leve. As rusgas e
relim, mas existem freguesias em dade, porque são pessoas válidas, as marchas merecem uma salva
redor que dão esse apoio. com experiência, com valor. Tudo de palmas. Parabéns. Esta gente,
o que nós fazemos vem no bole- de facto, é fabulosa. Participam
AO – Em Merelim, não há uma tim informativo que é uma pedra- agora nas festividades do S. João,
mancha de pobreza assinalável. À da no charco em Merelim, é um grupo entusiasmante e de
população mais velha é a família uma empatia…
que dá apoio. Em Merelim não há RF – No dia do almoço de Natal,
casos de abandono de idosos. a partir da tarde, abre-se a jun- LM – E A ADESÃO É ÓTIMA.
ta de freguesia a toda a comuni- RF – Grupos de teatro, marchas,
LM – E DELINQUÊNCIA? dade onde vão os artistas partici- as rusgas, ranchos, cantar as janei-
AO – Há o pequeno vandalismo, par, com a colaboração das Super ras. Não existiam, lá está. Nós aju-
partir um candeeiro, um banco… Avós, com peças de teatro e ar- damos todas estas vertentes cultu-
mas, normalmente, são pessoas de tistas da terra que colaboram gra- rais a ter pernas para andar. Jun-
outras freguesias que vêm provo- ciosamente. tar os Merelinenses, uni-los. O ca-
car desacatos. minho é por aí.
AO – Temos também a escola de
LM – O TECIDO EMPRESARIAL, A dança, a escola de concertinas, a LM – PORTANTO, O QUE FEZ ESTA
ÁREA DE SERVIÇOS, DE TRABALHO escola de viola. E outras apostas JUNTA, FACE ÀS DIFICULDADES BU-
EM MERELIM, COMO É QUE OS DES- virão. Para as pessoas que gostam ROCRÁTICAS, POLÍTICAS, FINAN-
CREVEM? de cartas temos o torneio de sueca CEIRAS, ECONÓMICAS, ETC., ETC.,
RF – Fábricas não existem. É mais que é muito interessante. E com FOI ENCONTRAR O CAMINHO PARA
CONTRARIAR A DEPRESSÃO. VA-
serviços e comércio. Forneciam pica-no-chão incluído.
MOS AGORA À REFORMA DAS AU-
muita mão de obra qualificada para TARQUIAS. O QUE É QUE VAI ACON-
as metalurgias, Pachancho, Onça, RF – Está a esquecer o magus- TECER COM O NOVO MAPA AUTÁR-
Sarotos… As pessoas têm boa qua- to da freguesia que costuma cor- QUICO? EU SEI QUE ELE ESTÁ COM-
lidade de vida em Merelim. rer muito bem. PLETAMENTE RECUSADO, NEM SE-
QUER SE PENSA NISSO. O MELHOR
Ricardo Ferreira Promete mais dinamismo
LM – VÊ-SE PELA VOSSA PUBLICA- LM – QUER DIZER, MERELIM TEM É PENSAR POSITIVO?
ÇÃO QUE HÁ MUITA PARTICIPAÇÃO, ATIVIDADES SOCIAIS E CULTURAIS RF – Acho que o melhor é dei-
TANTO NA ASSEMBLEIA COMO NA o alheamento total. Não havia ab- participação em todas as ativida- TODOS OS MESES. xar ver o que vai dar. Houve pri-
ÁREA CULTURAL. solutamente nada. Quando tomá- des que tivemos. AO – Há meses em que temos meiro o livro verde, depois outro
RF – Sem dúvida. Desde 2009, mos o poder autárquico, apostámos mais do que uma atividade. Va- documento que saiu há um mês,
criámos várias iniciativas. Reati- no homem, no merelinense. Quan- LM – TAMBÉM ORGANIZAM PAS-
mos agora a Fátima, no dia 1 de e agora o presidente da ANAFRE
vámos a tradição dos Maios que to a obras, sabíamos que, por ser- SEIOS PARA IDOSOS.
maio. Inicialmente ia um carro e já publicamente dizer que poderá
há muitos anos não era posta em mos um partido diferente do ca- AO – Mas não se limitam a visitar um autocarro. Agora já estão três haver alterações. Não sei qual vai
prática. Vai ser o terceiro concur- marário, íamos ter dificuldades. A uma cidade. Têm sempre uma com- autocarros cheios. São à volta de ser o fim disto.
so e tem havido uma adesão fan- Câmara iria, não digo fazer boico- 150 pessoas que vão todas comer
tástica. Estamos a falar à volta te à nossa junta, mas não iria co- no mesmo hotel. LM – SIM, MAS É PRECISO MAN-
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de duzentas habitações que ade- laborar em nada. TER ESTE ESPÍRITO DE MERELIM.
riram o ano passado. Depois tam-
bém já vamos para a terceira edi-
ção da “Caminhada 24 Horas Sem
LM – PORTANTO, A JUNTA VIROU
O BICO AO PREGO E ENTROU POR
“
Temos também a escola
RF – Marcamos antecipadamente
um hotel, um bom restaurante. Os
passeios de idosos não são passeios
SEJA ONDE FOR, SEJA COMO FOR,
SEJA COM QUE MAPA FOR, É PARA
CONTINUAR.
ONDE AS PESSOAS ADERIRAM EM de dança, a escola de RF – Sem dúvida. Ainda relativa-
Fumo”, que este ano se vai realizar de farnel. Normalmente veem-se os
MASSA.
em setembro. Tem sido uma ini- concertinas, a escola de idosos com o farnel atrás. Em Me- mente à questão anterior, é muito
ciativa lindíssima, à volta de três AO – Hoje temos uma freguesia viola. E outras apostas relim não se passa isso. importante referir que todos estes
mil quilómetros feitos em 24 horas, mobilizada. Tornar uma freguesia virão. Para as pessoas que eventos que temos realizado, deve-
em grupos de uma hora, no par- alheada numa freguesia altamen- gostam de cartas temos AO – Quando fomos a Óbidos eles mo-los também a um grupo extra-
que da freguesia, que tem à volta te participativa é um trabalho no- o torneio de sueca que é ficaram encantados. ordinário de apoio às atividades cul-
de 600 metros. Os grupos andam tório. Temos, como disse o presi- muito interessante. E com turais. É um grupo de várias ten-
uma hora e depois passam a ou- dente, a caminhada 24 horas, um pica-no-chão incluído LM – FORAM AO FESTIVAL DE CHO- dências políticas. Temos indivíduos
tro grupo o testemunho, que é a acontecimento único no concelho. _______________________________________ COLATE? que faziam parte da APU, do PS,
Chave de S. Pedro. Isto dia e noi- No final, como prémio, todos são do PSD. O grupo cultural é o espe-
AO – Não, mas antes passámos
te, sem parar. convidados a saborear um porco lho da freguesia. Não há marginali-
no Mosteiro de Alcobaça, fomos
assado no parque. Fazemos ques- ponente cultural: um museu, uma zação de ninguém. Todos são con-
visitar todo o Convento e de fac-
LM – E TÊM TAMBÉM AS DATAS LI- tão de serem 24 horas sem fumar. basílica, um convento, uma adega vidados a participar. Temos gente
TÚRGICAS, AS FESTIVIDADES.
to é delicioso.
No dia da Comunidade,10 de ju- cooperativa. Neste último fomos a sublime no sentido do objetivo co-
AO – O maior acontecimento da nho, fazemos a recolha de todos Lamego, à Senhora do Remédios, LM – A COZINHA DE ALCOBAÇA mum que é valorizar Merelim. Es-
freguesia é a festa da comunida- os acontecimentos em Merelim e visitámos as Caves da Murganhei- É UMA COISA IMPRESSIONANTE. tão lá todos a colaborar connosco,
de, a 10 de junho. Quando che- passamo-la num videowall. As pes- ra, o convento de Salzedas, da Or- QUER DIZER, PARA PESSOAS QUE à volta de 15 pessoas. E consegui-
gámos à freguesia, em 2009, era soas tomam consciência da sua dem de Cister, a Ponte Medieval SABEM COMO É QUE PODE FUNCIO- ram mobilizar a freguesia.