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Meditação diária de Falar com Deus
Francisco Fernández Carvajal
TEMPO COMUM. TRIGÉSIMO DOMINGO. CICLO A
55. CRIADOS PARA A ALEGRIA
– O Senhor quer discípulos alegres. Para alcançar a felicidade, o que é preciso “não é uma vida
cómoda, mas um coração enamorado”.
– O primeiro mandamento e a alegria.
– Levar a alegria aos que Deus colocou perto da nossa vida.
I. A ANTÍFONA DE ENTRADA da Missa1 convida-nos à alegria e aponta-nos o
caminho para encontrá-la: Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor. Buscai o
Senhor e o seu poder, procurai sempre a sua face. Quando não procuramos a Deus, é
impossível estarmos contentes. A tristeza nasce do egoísmo, da ânsia de
compensações, do descuido das coisas de Deus e das dos nossos irmãos os homens...,
em resumo, de estarmos preocupados apenas com as nossas coisas.
No entanto, o Senhor criou-nos para a alegria. Quanto mais para junto de Si nos
chama, mais alegres nos quer. Já no Antigo Testamento se anuncia: Não temas, terra
de Judá, exulta e alegra-te, porque o Senhor vai fazer grandes coisas [...]. E vós, filhos
de Sião, exultai e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque Ele vos dá as chuvas no
tempo oportuno e faz cair chuvas copiosas sobre vós, as prematuras e as tardias de
como dantes2.
Para nós, cristãos, a alegria é uma verdadeira necessidade. Quando a alma está
alegre, abre-se e ganha asas para voar para Deus e para exceder-se no serviço aos
outros; um coração alegre está mais perto de Deus, dispõe-se a levar a cabo grandes
tarefas e é estímulo para os seus irmãos. Por isso São Paulo repetia aos primeiros
cristãos: Alegrai-vos sempre no Senhor; repito, alegrai-vos 3. Por outro lado, no meio
das grandes contradições que se abatiam sobre eles, a alegria era a sua fortaleza e o
melhor meio de atraírem os outros à fé.
A tristeza não resulta das dificuldades ou sofrimentos mais ou menos graves, mas de
se deixar de olhar para Jesus. São Tomás ensina que este mal da alma é um verdadeiro
vício causado pelo desordenado amor de si próprio e é causa de muitos outros males4.
É como uma planta que, atingida na raiz pela praga, só produz frutos amargos. A tristeza
ocasiona muitas faltas de caridade.
“O que é preciso para conseguir a felicidade não é uma vida cómoda, mas um
coração enamorado”5, pois a alegria é o primeiro efeito do amor, e a tristeza o fruto
estéril do egoísmo, da falta de amor, numa palavra. “A tristeza move à ira e à irritação, e
assim percebemos que, quando estamos tristes, facilmente nos incomodamos e nos
irritamos por qualquer coisa; mais ainda: a tristeza enche o homem de suspeitas e de
malícia, e algumas vezes perturba-o de tal maneira que parece que o deixa sem domínio
próprio e fora de si”6.
A alma entristecida cai com facilidade no pecado e fica sem forças para o bem;
caminha com certeza para a derrota. Assim como a traça corrói o vestido, e o caruncho
a madeira, assim a tristeza prejudica o coração do homem7. Se alguma vez sentimos
que esta doença da alma nos ronda ou já se introduziu em nós, examinemos onde está
colocado o nosso coração.
“«Laetetur cor quaerentium Dominum» – Alegre-se o coração dos que procuram o
Senhor.
“ – Luz, para que investigues os motivos da tua tristeza”8.
Como é difícil estar triste – mesmo no meio da dor, da pobreza, da doença... –
quando de verdade se caminha com o olhar posto no Senhor e se é generoso naquilo
que Ele nos pede nas diversas situações, algumas talvez humanamente difíceis! Como
São Paulo, poderemos sempre dizer: Estou cheio de consolação, inundado de alegria no
meio de todas as nossas tribulações9. Se na nossa vida realmente procuramos o
Senhor, nada poderá tirar-nos a paz e a alegria. A dor purificará a alma e as próprias
penas se converterão em gozo.
II. LAETETUR COR quaerentium Dominum...- Alegre-se o coração dos que procuram
o Senhor.
O Evangelho da Missa deste domingo10 convida à alegria, porque é um apelo ao
amor. O mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude “não é
diferente da caridade, mas um certo acto e efeito seu”11. Por isso, um dos elementos
mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é verificarmos o nível de
alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever, no trato com os outros, à
hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades.
Quando os fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram qual era o principal
mandamento da lei, Jesus respondeu-lhes: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu
coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser. O segundo é semelhante a ele:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É disto que precisamos: de procurar o rosto de
Deus com tudo o que temos e somos, e de servir o nosso próximo, abrindo-nos a ele e
esquecendo-nos de nós mesmos, fugindo da preocupação obsessiva pelo conforto,
abandonando a nossa vaidade e orgulho, colocando o olhar longe de nós mesmos...,
amando.
Muitos pensam que serão mais felizes quando possuírem mais coisas, quando forem
mais admirados..., e se esquecem de que só necessitamos de “um coração enamorado”.
E nenhum amor pode saciar o nosso coração – que foi feito por Deus para alcançar a
sua plenitude nos bens eternos – se vier a faltar o Amor com maiúscula. Os outros
amores limpos – se não forem limpos, não serão amor – só adquirem o seu verdadeiro
sentido quando se procura o Senhor sobre todas as coisas. É por isso que nem o
egoísta, nem o invejoso, nem quem tem colocada a sua alma nos bens da terra... podem
saborear a alegria que Jesus prometeu aos seus discípulos12, porque não saberão
amar, no sentido mais profundo e nobre da palavra. “Quando é perfeito, o amor tem esta
força: leva-nos a esquecer o nosso próprio contentamento para contentar Aquele a
quem amamos. E verdadeiramente é assim, porque, ainda que sejam grandíssimos os
trabalhos, se nos afiguram doces quando percebemos que contentamos a Deus”13.
Todas as dificuldades e tribulações são suportáveis pela mão do Senhor.
III. SENHOR, MINHA ROCHA, MEU REFÚGIO, meu escudo, minha força de
salvação, meu baluarte... Eu te amo, Senhor, Tu és a minha fortaleza14, rezamos ao
Senhor com as palavras do Salmo responsorial.
N’Ele encontramos a segurança e tudo aquilo de que precisamos, como também a
alegria e a paz em qualquer situação. Por isso, não deixemos nunca de procurá-lo,
diariamente, num trato pessoal e íntimo. A estabilidade da nossa alegria depende disso.
A alegria e a paz que bebemos nessa fonte inesgotável que é Cristo, temos de levá-
las aos que Deus colocou mais perto de nós, isto é, aos nossos lares, que nunca devem
ser tristes nem tenebrosos, nem tensos pelas incompreensões e egoísmos, mas
“luminosos e alegres”15, como foi aquele em que Jesus viveu com Maria e José.
Quando se diz em linguagem figurada que esta ou aquela casa “parece um inferno”,
vem-nos logo à mente um lar sem amor, sem alegria, sem Cristo. Um lar cristão deve ser
alegre, porque nele está o Senhor que o preside, e porque ser discípulo seu significa,
entre outras coisas, viver essas virtudes humanas e sobrenaturais a que está tão
intimamente unida a alegria: generosidade, cordialidade, espírito de sacrifício, simpatia,
empenho por tornar mais amável a vida de todos...
Temos também de levar esta alegria serena, resultado de um trato diário com o
Senhor, ao nosso lugar de trabalho, às relações com os clientes, aos que nos perguntam
que direcção devem tomar numa cidade que lhes é desconhecida... São muitos os que
se encontram tristes e inquietos e que precisam, antes de mais nada, de ver a alegria
que o Senhor nos deixou para se porem também eles a caminho. Quantas pessoas não
descobriram o caminho que conduz a Deus através da alegria cristã feita vida num
companheiro de trabalho, num amigo...!
Esta felicidade cristã é também o estado de ânimo necessário para cumprirmos as
nossas obrigações. E quanto mais elevadas forem, tanto mais deverá elevar-se a nossa
alegria16; quanto maiores forem as nossas responsabilidades (pais, sacerdotes,
superiores, professores...), tanto maior será também a obrigação de termos essa alegria
para comunicá-la. O rosto do Senhor devia resplandecer sempre de alegria, e a sua paz
manifestou-se mesmo na sua Paixão e Morte. Também nesses momentos quis dar-nos
exemplo, para que o imitássemos se alguma vez o caminho da nossa vida se torna
íngreme.
O recurso à nossa Mãe Santa Maria – Causa nostrae laetitiae, Causa da nossa
alegria – permitir-nos-á encontrar facilmente o caminho da paz e da felicidade
verdadeiras, se alguma vez o perdemos. Compreenderemos imediatamente que esse
caminho que conduz à alegria é o mesmo que leva a Deus.
(1) Sal 104, 34; Antífona de entrada da Missa do trigésimo domingo do Tempo Comum, ciclo A; (2) Joel 2,
21-23; (3) Fil 4, 4; (4) cfr. São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 28, a. 4; (5) São Josemaría
Escrivá, Sulco, n. 795; (6) São Gregório Magno, Moralia, 1, 31, 31; (7) Prov 25, 20; (8) São Josemaría
Escrivá, Caminho, n. 666; (9) 2 Cor 7, 4; (10) Mt 22, 34-40; (11) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-
II, q. 28, a. 3; (12) cfr. Jo 16, 22; (13) Santa Teresa, Fundações, 5, 10; (14) Sal 17, 2-4; 47; 51; Salmo
responsorial da Missa do trigésimo domingo do Tempo Comum, ciclo A; (15) cfr. São Josemaría Escrivá, É
Cristo que passa, n. 22; (16) cfr. P. A. Reggio, Espíritu sobrenatural y buen humor, pág. 24.

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  • 1. Meditação diária de Falar com Deus Francisco Fernández Carvajal TEMPO COMUM. TRIGÉSIMO DOMINGO. CICLO A 55. CRIADOS PARA A ALEGRIA – O Senhor quer discípulos alegres. Para alcançar a felicidade, o que é preciso “não é uma vida cómoda, mas um coração enamorado”. – O primeiro mandamento e a alegria. – Levar a alegria aos que Deus colocou perto da nossa vida. I. A ANTÍFONA DE ENTRADA da Missa1 convida-nos à alegria e aponta-nos o caminho para encontrá-la: Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor. Buscai o Senhor e o seu poder, procurai sempre a sua face. Quando não procuramos a Deus, é impossível estarmos contentes. A tristeza nasce do egoísmo, da ânsia de compensações, do descuido das coisas de Deus e das dos nossos irmãos os homens..., em resumo, de estarmos preocupados apenas com as nossas coisas. No entanto, o Senhor criou-nos para a alegria. Quanto mais para junto de Si nos chama, mais alegres nos quer. Já no Antigo Testamento se anuncia: Não temas, terra de Judá, exulta e alegra-te, porque o Senhor vai fazer grandes coisas [...]. E vós, filhos de Sião, exultai e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque Ele vos dá as chuvas no tempo oportuno e faz cair chuvas copiosas sobre vós, as prematuras e as tardias de como dantes2. Para nós, cristãos, a alegria é uma verdadeira necessidade. Quando a alma está alegre, abre-se e ganha asas para voar para Deus e para exceder-se no serviço aos outros; um coração alegre está mais perto de Deus, dispõe-se a levar a cabo grandes tarefas e é estímulo para os seus irmãos. Por isso São Paulo repetia aos primeiros cristãos: Alegrai-vos sempre no Senhor; repito, alegrai-vos 3. Por outro lado, no meio das grandes contradições que se abatiam sobre eles, a alegria era a sua fortaleza e o melhor meio de atraírem os outros à fé.
  • 2. A tristeza não resulta das dificuldades ou sofrimentos mais ou menos graves, mas de se deixar de olhar para Jesus. São Tomás ensina que este mal da alma é um verdadeiro vício causado pelo desordenado amor de si próprio e é causa de muitos outros males4. É como uma planta que, atingida na raiz pela praga, só produz frutos amargos. A tristeza ocasiona muitas faltas de caridade. “O que é preciso para conseguir a felicidade não é uma vida cómoda, mas um coração enamorado”5, pois a alegria é o primeiro efeito do amor, e a tristeza o fruto estéril do egoísmo, da falta de amor, numa palavra. “A tristeza move à ira e à irritação, e assim percebemos que, quando estamos tristes, facilmente nos incomodamos e nos irritamos por qualquer coisa; mais ainda: a tristeza enche o homem de suspeitas e de malícia, e algumas vezes perturba-o de tal maneira que parece que o deixa sem domínio próprio e fora de si”6. A alma entristecida cai com facilidade no pecado e fica sem forças para o bem; caminha com certeza para a derrota. Assim como a traça corrói o vestido, e o caruncho a madeira, assim a tristeza prejudica o coração do homem7. Se alguma vez sentimos que esta doença da alma nos ronda ou já se introduziu em nós, examinemos onde está colocado o nosso coração. “«Laetetur cor quaerentium Dominum» – Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor. “ – Luz, para que investigues os motivos da tua tristeza”8. Como é difícil estar triste – mesmo no meio da dor, da pobreza, da doença... – quando de verdade se caminha com o olhar posto no Senhor e se é generoso naquilo que Ele nos pede nas diversas situações, algumas talvez humanamente difíceis! Como São Paulo, poderemos sempre dizer: Estou cheio de consolação, inundado de alegria no meio de todas as nossas tribulações9. Se na nossa vida realmente procuramos o Senhor, nada poderá tirar-nos a paz e a alegria. A dor purificará a alma e as próprias penas se converterão em gozo. II. LAETETUR COR quaerentium Dominum...- Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor. O Evangelho da Missa deste domingo10 convida à alegria, porque é um apelo ao amor. O mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude “não é
  • 3. diferente da caridade, mas um certo acto e efeito seu”11. Por isso, um dos elementos mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é verificarmos o nível de alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever, no trato com os outros, à hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades. Quando os fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram qual era o principal mandamento da lei, Jesus respondeu-lhes: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser. O segundo é semelhante a ele: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É disto que precisamos: de procurar o rosto de Deus com tudo o que temos e somos, e de servir o nosso próximo, abrindo-nos a ele e esquecendo-nos de nós mesmos, fugindo da preocupação obsessiva pelo conforto, abandonando a nossa vaidade e orgulho, colocando o olhar longe de nós mesmos..., amando. Muitos pensam que serão mais felizes quando possuírem mais coisas, quando forem mais admirados..., e se esquecem de que só necessitamos de “um coração enamorado”. E nenhum amor pode saciar o nosso coração – que foi feito por Deus para alcançar a sua plenitude nos bens eternos – se vier a faltar o Amor com maiúscula. Os outros amores limpos – se não forem limpos, não serão amor – só adquirem o seu verdadeiro sentido quando se procura o Senhor sobre todas as coisas. É por isso que nem o egoísta, nem o invejoso, nem quem tem colocada a sua alma nos bens da terra... podem saborear a alegria que Jesus prometeu aos seus discípulos12, porque não saberão amar, no sentido mais profundo e nobre da palavra. “Quando é perfeito, o amor tem esta força: leva-nos a esquecer o nosso próprio contentamento para contentar Aquele a quem amamos. E verdadeiramente é assim, porque, ainda que sejam grandíssimos os trabalhos, se nos afiguram doces quando percebemos que contentamos a Deus”13. Todas as dificuldades e tribulações são suportáveis pela mão do Senhor. III. SENHOR, MINHA ROCHA, MEU REFÚGIO, meu escudo, minha força de salvação, meu baluarte... Eu te amo, Senhor, Tu és a minha fortaleza14, rezamos ao Senhor com as palavras do Salmo responsorial. N’Ele encontramos a segurança e tudo aquilo de que precisamos, como também a alegria e a paz em qualquer situação. Por isso, não deixemos nunca de procurá-lo, diariamente, num trato pessoal e íntimo. A estabilidade da nossa alegria depende disso.
  • 4. A alegria e a paz que bebemos nessa fonte inesgotável que é Cristo, temos de levá- las aos que Deus colocou mais perto de nós, isto é, aos nossos lares, que nunca devem ser tristes nem tenebrosos, nem tensos pelas incompreensões e egoísmos, mas “luminosos e alegres”15, como foi aquele em que Jesus viveu com Maria e José. Quando se diz em linguagem figurada que esta ou aquela casa “parece um inferno”, vem-nos logo à mente um lar sem amor, sem alegria, sem Cristo. Um lar cristão deve ser alegre, porque nele está o Senhor que o preside, e porque ser discípulo seu significa, entre outras coisas, viver essas virtudes humanas e sobrenaturais a que está tão intimamente unida a alegria: generosidade, cordialidade, espírito de sacrifício, simpatia, empenho por tornar mais amável a vida de todos... Temos também de levar esta alegria serena, resultado de um trato diário com o Senhor, ao nosso lugar de trabalho, às relações com os clientes, aos que nos perguntam que direcção devem tomar numa cidade que lhes é desconhecida... São muitos os que se encontram tristes e inquietos e que precisam, antes de mais nada, de ver a alegria que o Senhor nos deixou para se porem também eles a caminho. Quantas pessoas não descobriram o caminho que conduz a Deus através da alegria cristã feita vida num companheiro de trabalho, num amigo...! Esta felicidade cristã é também o estado de ânimo necessário para cumprirmos as nossas obrigações. E quanto mais elevadas forem, tanto mais deverá elevar-se a nossa alegria16; quanto maiores forem as nossas responsabilidades (pais, sacerdotes, superiores, professores...), tanto maior será também a obrigação de termos essa alegria para comunicá-la. O rosto do Senhor devia resplandecer sempre de alegria, e a sua paz manifestou-se mesmo na sua Paixão e Morte. Também nesses momentos quis dar-nos exemplo, para que o imitássemos se alguma vez o caminho da nossa vida se torna íngreme. O recurso à nossa Mãe Santa Maria – Causa nostrae laetitiae, Causa da nossa alegria – permitir-nos-á encontrar facilmente o caminho da paz e da felicidade verdadeiras, se alguma vez o perdemos. Compreenderemos imediatamente que esse caminho que conduz à alegria é o mesmo que leva a Deus. (1) Sal 104, 34; Antífona de entrada da Missa do trigésimo domingo do Tempo Comum, ciclo A; (2) Joel 2, 21-23; (3) Fil 4, 4; (4) cfr. São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 28, a. 4; (5) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 795; (6) São Gregório Magno, Moralia, 1, 31, 31; (7) Prov 25, 20; (8) São Josemaría
  • 5. Escrivá, Caminho, n. 666; (9) 2 Cor 7, 4; (10) Mt 22, 34-40; (11) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II- II, q. 28, a. 3; (12) cfr. Jo 16, 22; (13) Santa Teresa, Fundações, 5, 10; (14) Sal 17, 2-4; 47; 51; Salmo responsorial da Missa do trigésimo domingo do Tempo Comum, ciclo A; (15) cfr. São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 22; (16) cfr. P. A. Reggio, Espíritu sobrenatural y buen humor, pág. 24.