O documento resume a obra Senhora de José de Alencar, incluindo informações sobre a vida do autor, a estrutura da obra em quatro partes, e os principais eventos da narrativa, que descreve a vingança de Aurélia contra Fernando após ele tê-la abandonado no passado para se casar com outra por dinheiro.
3. Biografia
Nasceu em Messejana, na época um município vizinho a Fortaleza. A família
transferiu-se para a capital do Império, Rio de Janeiro, e José de
Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução
Elementar.
Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de
São Paulo, começando o curso de Direito em 1846. Fundou, na época, a
revista Ensaios Literários, onde publicou artigos.
Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no
Correio Mercantil. Em 1856 publica o primeiro romance, Cinco
Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em 1857
que alcançará notoriedade. Estes romances foram publicados todos em
jornais e só depois em livros. José de Alencar foi mais longe nos romances
que completam a trilogia indianista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
4. Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo
depois consultor do mesmo.
Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre
militando pelo Partido Conservador.
Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de
1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D.
Pedro II não o escolhido por ser muito jovem ainda.
Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém
não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela
tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de
Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.
5. Classificação dos Romances
Os romances de José de Alencar são classificados de acordo com seus
determinados enredos. Há 4 tipos:
Indianistas: Valorizam e idealizam os indígenas. O índio é caracterizado tanto como um ser
com perfeita harmonia junto a natureza como possuidor dos valores cavaleirescos
medievais. O Guarani, Iracema e Ubirajara são seus principais representantes.
Regionalistas: Procuram apresentar as características típicas das diversas regiões culturais
do país. O maior representante de tal tipo é O Guarani.
Históricos: Romanceia sob eventos históricos. Representado por As Minas de Prata e A
Guerra dos Mascates.
Urbanos: Contemporâneos, retratando os costumes da sociedade. Nas histórias de amor
mesclam-se o estudo psicológico e a crítica social aos burgueses. Trabalharemos Senhora
como representante.
6. Obra
Romances:
Cinco Minutos Iracema O Tronco do Ipê O Sertanejo
Melchior As Minas de Prata A Guerra dos Senhora
(1° Volume) Mascates (2 Vol.)
A Viuvinha Iracema Til Encarnação
O Guarani As Minas de Prata Sonhos D’Ouro
(2° Volume)
Lucíola O Gaúcho Alfarrábios
Diva A Pata da Gazela Ubirajara
7. Teatro
• O crédito, 1857
• Verso e reverso, 1857
• O Demônio Familiar, 1857
• As asas de um anjo, 1858
• Mãe, 1860
• A expiação, 1867
• O jesuíta, 1875
8. Crônicas
Ao Correr da Pena, 1784
Autobiografia
Como e Porque Sou Escritor, 1783
Crítica e Polêmica
• Cartas sobre a confederação dos tamoios, 1856
• Ao imperador: cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo, 1865
• Ao povo: cartas políticas de Erasmo, 1866
• O sistema representativo, 1866
10. Características Gerais da Obra
Senhora
Autor José de Alencar
Narração 3ª Pessoa, onisciente
Publicação 1875, em folhetim
Divisão Além da divisão em capítulos,
há também a divisão em 4
partes: Preço, Quitação, Posse
e Resgate
12. Primeira Parte: Preço
Aurélia Camargo aparece como um nova estrela, que raiou no céu
fluminense. Jovem, bela, extremamente rica, vive cercada de admiradores, a
quem trata com um desprezo satânico, avaliando cada um pelo preço de sua
cotação no rol dos que pretendem contrair com ela a empresa nupcial.
A extrema graça e a sensualidade, a inteligência brilhante, a nobreza de
alma que se percebem em Aurélia não condizem com a ironia, o sarcasmo e
o escárnio presentes em seus atos, principalmente quando relacionados ao
dinheiro.
Morando num palacete em Laranjeiras em companhia de uma parenta
afastada, D. Firmina Mascarenhas, e tendo como tutor o tio, Senhor
Lemos, é na verdade Aurélia quem decide a sua vida, apesar de ter entre l8
e l9 anos.
13. A principal ação desta primeira parte do romance começa quando Aurélia
pede ao tio que ofereça ao jovem Fernando Seixas, recém-chegado na corte
após uma longa viagem ao Nordeste, a sua mão em casamento.
Entretanto, Fernando não deve saber a identidade da pretendente e além
disso a quantia do dote proposto deve ser irrecusável: cem contos de réis ou
mais, se necessário.
A habilidade mercantil de Lemos, que chega a ser caricata, e a péssima
situação financeira de Fernando - moço elegante mas pobre, que gastou o
espólio deixado pelo pai e que precisava restituí-lo à família para a compra
do enxoval da irmã - fazem com que deem certo os planos de Aurélia.
14. Fernando, envergonhado por aceitar um casamento de conveniência, é
apresentado à futura esposa e descobre ser ela uma antiga paixão, a maior
de sua vida, que abandonara pelo dote de trinta contos de réis de outra
moça, Adelaide Amaral, filha de um empregado da Alfândega.
Assim, Fernando acredita estar unido amor e fortuna quando se casa com
Aurélia, que nada demonstra de suas intenções até consumar-se a
cerimônia.
Na noite de núpcias, recolhidos ao rico aposento das Laranjeiras destinado
aos noivos, Aurélia desacata Fernando e a comédia daquele casamento,
afirmando ser ela uma mulher traída e ele um homem vendido.
Termina, assim, a primeira parte do romance.
15. Segunda Parte: Quitação
Aqui há um flashback, um retorno a acontecimentos anteriores da vida de
ambos os protagonistas, o que explica ao leitor o procedimento cruel de
Aurélia em relação a Fernando.
Dois anos antes do casamento singular, vivia Aurélia com a
mãe, pobre, enferma e viúva, D. Emília Camargo. A história desta mulher é
trágica e exemplarmente romântica: quando moça, apaixonara-se por um
estudante, Pedro de Souza Camargo, filho ilegítimo de um rico
fazendeiro, que por não ter sido oficialmente reconhecido pelo pai é
recusado como pretendente de Emília. Ela, então, abandona a família e
secretamente casa-se com Pedro, passando a ser considerada morta pelos
parentes, que ignoravam a união.
16. Lourenço Camargo, ao receber notícia de que o filho morava com uma
rapariga, manda chamá-lo e o prende na fazenda. Pedro era fraco e não foi
capaz de relatar ao pai que se casara.
Vivem, então, os esposos, separados e marginalizados por doze
anos, recebendo Emília eventualmente a visita de Pedro, a quem tudo
perdoava pelo amor e com quem teve dois filhos: Emílio e Aurélia.
Quando Lourenço Camargo tenta forçar o casamento de Pedro com uma
rica herdeira, este se desespera e é acometido de uma febre cerebral, que o
mata. Emília escreve ao sogro, que sem a prova do casamento não acredita
em suas palavras, mandando-lhe de forma rude e seca um conto de réis.
17. O irmão de Aurélia, Emílio, frágil e pouco desenvolto para o trabalho, de
espírito curto e tardio e irresoluto como o pai, consegue a profissão de
caixeiro de um corretor de fundos.
No entanto, é Aurélia, viva e inteligente, quem trabalha por ele. Um
resfriado o mata, acentuando o desamparo das duas mulheres. Emília , que
pressente a própria morte, passa a pressionar a filha para que esta, sempre
fechada dentro de casa, arrume um bom casamento.
Nesta situação de aparecer na janela para chamar a atenção dos
homens, situação que abominava, Aurélia conhece e se apaixona por
Fernando Seixas. Por ele, recusa outros pretendentes, inclusive Eduardo
Abreu, moço rico e dos mais distintos da corte.
18. Embora tivesse chegado a pedir a mão de Aurélia, devido à insistência de
Emília em conhecer-lhe as intenções, Fernando a abandona, pelos motivos
que já conhecemos.
Nesta ocasião, Lourenço Camargo, o avô de Aurélia, fica sabendo de toda a
verdade sobre o filho. Visita então a nora e a neta, reconhece a ambas e
deixa nas mãos de Aurélia um testamento.
Emília e Lourenço falecem, Aurélia transforma-se numa rica herdeira, a
herdeira universal dos bens do avô, e começa assim a vingar-se da
sociedade que tanto a maltratara.
A vingança culmina com a conversa entre ela - mulher traída - e Fernanda
Seixas – homem vendido - em plena câmara nupcial.
19. Terceira Parte: Posse
Em Posse assistimos à punição que Aurélia infringe a Fernando e à
reabilitação dele, seduzido pela grandeza e pelo fascínio de Aurélia.
Fiel à palavra dada, o moço reage, com resignação e firmeza que não
possuía, aos maus tratos da mulher, que tudo faz para humilhá-lo ao mesmo
tempo que em alguns momentos não consegue esconder que ainda o ama
20. Quarta Parte: Resgate
Nesta parte intensificam-se os caprichos e as contradições do
comportamento de Aurélia, ora ferina, mordaz, insaciável na sua sede de
vingança, ora ciumenta, doce, apaixonada.
Intensifica-se também a transformação de Fernando, que não usufrui da
riqueza de Aurélia, tornando-se modesto nos trajes, assíduo na repartição
onde trabalhava, e assim adquirindo, sem perder a elegância, uma
dignidade de caráter que nunca tivera.
No final, Fernando, um ano após o casamento, negocia com Aurélia o seu
resgate. Devolve-lhe os vinte contos de réis, que correspondiam ao
adiantamento do montante total do dote com o qual possibilitava o
casamento da irmã, e mais o cheque que Aurélia lhe dera, de oitenta contos
de réis, na noite de núpcias.
21. Separam-se, então, a esposa traída e o marido comprado, para se
reencontrarem os amantes, a última recusa de Seixas sendo debelada
quando Aurélia lhe mostra o testamento que fizera, quando casaram,
revelando-lhe o seu amor e destinando-lhe toda a sua fortuna.
O enredo deste romance mostra claramente a mistura de elementos
romanescos e da realidade.