1. Jejuando gostos artísticos
No livro “Um artista da fome” de Franz Kafka, ele conta a história de um artista
que passava seu tempo jejuando. Sua arte era passar o tempo sem comer ou beber
absolutamente nada. A partir disto, eram realizados espetáculos bastante vistosos,
onde ele era visto como o artista da fome.
Nesta história, Kafka nos trás um assunto que nos remete a pensá-lo de
diferentes formas: o jejum. Apesar de o autor nos trazer da forma mais convencional
a palavra jejuar, ela me faz pensar como seria jejuar na área que estamos
trabalhando. Sendo da área da música, pensei: o que seria jejuar na música?A partir
desta idéia construí uma proposta sobre o livro em relação à música.
Muitas pessoas geralmente gostam de um estilo de arte, um ou alguns estilos
musicais e se remetem a ouvir (ou ver, ou ler) somente eles. Mas quantas vezes
essas pessoas procuraram ouvir algo diferente, a procura de novos gostos
musicais? Quantas pessoas já procuraram entender as músicas e a cultura de um
estilo musical antes de criticá-la?
Geralmente nossos gostos artísticos começam a partir de uma influência, seja
por alguém da família ou amigos. Algo no qual eles gostam e nós passamos a gostar
também por achar legal.
No entanto, a partir dessa idéia de jejuar, proponho que as pessoas jejuem de
seus gostos artísticos – por um tempo determinado pela própria pessoa. Por
exemplo: se a pessoa ouve mais um estilo musical, ela deverá deixar de ouvir este
estilo por um tempo (jejuar), para procurar novos; ou se lê somente determinados
tipos de livros, procurarem novos autores, outros tipos de leituras.
Essa proposta tem como objetivo ampliar o conhecimento artístico e despertar
novos gostos. No livro, o artista da fome afirma que jejuava porque não havia
encontrado algo que ele gostasse. No entanto jejuar de nossos gostos artísticos não
vai nos afastar do que gostamos, e sim dar a oportunidade de surgir novos gostos.
Patrick da Costa Silva (Pibid/Capes/Uergs)