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ANÁLISE DA ESTRUTURA E CONTEÚDO DOS POEMAS

Soneto De Separação (Vinícius de Moraes)= Forma fixa: Soneto (2 quartetos e 2 tercetos)

De/ re/pen/te/ do/ ri/so/ fez/-se o/ pran/(to) A
Si/len/ci/o/so e/ bran/co/ co/mo a/ bru/(ma) B
E/ das/ bo/cas/ u/ni/das/ fez/-se a es/pu/(ma) B
E/ das/ mãos/ es/pal/ma/das/ fez/-se o es/pan/(to) A

De/ re/pen/te/ da/ cal/ma/ fez/-se o/ ven/to
Que/ dos/ o/lhos/ des/fez/ a úl/ti/ma/ cha/ma
E /da/ pai/xão/ fez/-se o/ pres/sen/ti/men/to
E/ do/ mo/men/to i/mó/vel/ fez/-se o/ dra/ma


De/ re/pen/te/ não/ mais/ que/ de/ re/pen/te
Fez/-se /de/ tris/te o/ que/ se/ fez/ a/man/te
E/ de/ so/zi/nho o/ que/ se/ fez/ con/ten/te


Fez/-se/ do a/mi/go/ pró/xi/mo/, dis/tan/te
Fez/-se/ da/ vi/da u/ma a/ven/tu//ra er/ran/te
De/ re/pen/te/, não/ mais/ que/ de/ re/pen/te.


•Versos decassílabos (medida nova); tradicionais.

•ABBA: interpoladas/opostas. (disposição)

•A (pranto/espanto)= rima pobre (qualidade); B (bruma/espuma)=rima pobre

•Quanto à tonicidade= (graves/femininas paroxítona)

•Diferenciar sílabas gramaticais de sílabas métricas/poéticas.

•Decassílabos/10 sílabas métricas/Medida nova.

•Plano   de conteúdo: temática da separação e o sofrimento do eu lírico em relação à
pessoa amada.
•O soneto lírico amoroso de Vinicius de Moraes, “Soneto de separação”, dialoga com uma
das mais importantes tradições da poesia lírica (caracterizada, essencialmente, por
manifestar a subjetividade do eu lírico, expressando-lhe os sentimentos, as emoções, o
mundo interior).
•      De um modo geral, a musicalidade é um elemento fundamental no texto lírico.
Vinícius de Moraes explora recursos poéticos no plano da sonoridade, do ritmo e das figuras
de linguagens e versos decassílabos (dez sílabas poéticas em toda a sua estrutura) e um
variado jogo rimático que compreende as rimas ABBA CDCD EFE FFE. A ocorrência da
aliteração ( repetição constante de um mesmo fonema consonantal) entre palavras
(“espuma”, “espalmadas”, “espanto”) e a assonância (repetição constante das vogais /e/
e /o/ no decorrer do soneto)consistem nos principais recursos empregados pelo artista
para alcançar a referida sonoridade.

•Na primeira estrofe, o eu lírico enfatiza o trauma da “separação” através da expressão
“De repente”, que aponta uma mudança súbita: da segurança para a insegurança; do certo
para o incerto(instabilidades face ao inesperado). A antítese, figura de linguagem que se
constrói a partir de oposição de ideias (“riso/pranto”), estabelece o contraditório entre o
passado e o presente. Antes, tudo era bom; havia o riso, o beijo... O presente é ruim;
pranto, espanto... A partir deste ponto, fica nítida a sensação de que as relações amorosas
podem ser fugazes e imprevisíveis. Perceba que Vinícius também emprega outros recursos
de linguagem como a comparação (atribuir características de um ser a outro, em virtude
de uma determinada semelhança; há uso de termo comparativo – como, igual a ,
semelhante a, etc.): “Silencioso e branco como a bruma”(imagem de algo que se esgarça e
se dispersa, assim como a palavra “espuma”). Se fosse uma metáfora, seria colocado o
verso assim: O pranto é a bruma.

•Na segunda estrofe, o eu lírico vivencia um conflito que atinge seu ápice num
determinado momento do poema, através do verso 8: “E do momento imóvel fez-se o
drama” ( drama: palavra que conota esse clímax). A imagem da “chama” simbolizando a
sensualidade e a finitude do amor, do ir e vir das relações amorosas, intensas mas não
eternas, pode ser considerada o traço típico desse poeta, que dessa forma contribui com a
proposta modernista de aprimorar a experiência poética da experiência vivida.
•Na terceira estrofe, o eu lírico acentua o aspecto temporal do poema: “De repente, não
mais que de repente”. Neste contexto, a expressão atenua o espanto causado pela
separação, isto é, o fato de tudo ter sido destruído num repente. Trata-se da “separação”
que desencadeia, inevitavelmente, uma angústia ante a solidão. O poeta coloca como
antíteses as palavras “triste”/amante, sozinho/ contente”, demonstrando a importância da
correspondência no amor.

•Há o recurso estilístico denominado paralelismo/anáfora; isto é, a repetição de palavras no
início de vários versos.

•Na quarta estrofe, o eu lírico atormenta-se, impotentemente, diante de um fato
consumado: sem o amor, perdem-se o sentido e a direção da vida (“Fez-se da vida uma
aventura errante”). O emprego de um único tempo (pretérito perfeito do indicativo),
representado pelo verbo fazer (fez/desfez), esboça que o fato (separação) já ocorreu e,
portanto, é uma ação acabada, visto como algo irreversível.
•Repare que o poema centra-se em seguidas antíteses que realçam a mudança de situação
provocada pela perda ( o segundo membro da antítese sempre traz uma conotação de dor,
de infelicidade: “próximo/distante”). Outro aspecto que chama a atenção é a valorização do
momento, a força do destino (ou do acaso) que muda a nossa vida “De repente” ( locução
adverbial empregada seis vezes no poema, utilizada para demonstrar a forma imprevista
como as ações ocorreram), quando não há mais esperança de reencontro.


PROFUNDAMENTE (MANUEL BANDEIRA) Versos livres (diferentes métricas)

Ver página 21/livro didático (análise do conteúdo).

Quan/do on/tem/ a/dor/me/ci (7 sílabas métricas) Redondilha maior/heptassílabo.
Na/ noi/te/ de/ São/ Jo/ão/ (7 sílabas métricas) Medida velha
Ha/via a/le/gri/a e/ ru/mor/ (7 sílabas métricas)
Vo/zes/ can/ti/gas/ e/ ri/sos (7 sílabas métricas)
Ao/ pé/ das/ fo/guei/ras/ a/ce/(sas). (8 sílabas métricas) octossílabo
No/ me/io/ da/ noi/te/ des/per/tei/(9 sílabas métricas) (eneassílabo)
Não/ ou/vi/ mais/ vo/zes/ nem/ ri/(sos) (8 sílabas métricas)
A/pe/nas/ ba/lões/ (5 sílabas métricas)/ Redondilha menor/pentassílabo/ Medida velha
Pas/sa/vam/ er/ran/(tes) (5 sílabas métricas)/ Redondilha menor
Si/len/cio/sa/men/(te)
A/pe/nas/ de/ vez/ em/ quan/(do)
O/ ruí/do/ de um/ bon/(de)
Cor/ta/va o/ si/lên/(cio)
Co/mo um/ tú/(nel). (trissílabo)
On/de es/ta/vam/ os/ que há/ pou/(co)
Dan/ça/(vam) (dissílabo)
Can/ta/(vam)
E/ ri/(am)
Ao/ pé/ das/ fo/guei/ras/ a/ce/(sas)?




— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Pro/fun/da/men/(te). (Tetrassílabo)

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Ro/(as) (monossílabo)
On/de es/tão/ to/dos/ e/(les)? (hexassílabos)




— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.




Meninos carvoeiros (Temática social/denúncia da realidade social/ trabalho infantil)
Manuel Bandeira


Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!


E vão tocando os animais com um relho1 enorme.


Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem2 é toda remendada.
Os carvões caem.


(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
— Eh, carvoero!


Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles. (prosopopeia/metáfora)
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis! (comparação)


—Eh, carvoero!


Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
Petrópolis, 1921




1 Chicote.


2 Sacos feitos com material de aniagem, derivado do sisal.

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Nota ii separação e profundamente ok

  • 1. ANÁLISE DA ESTRUTURA E CONTEÚDO DOS POEMAS Soneto De Separação (Vinícius de Moraes)= Forma fixa: Soneto (2 quartetos e 2 tercetos) De/ re/pen/te/ do/ ri/so/ fez/-se o/ pran/(to) A Si/len/ci/o/so e/ bran/co/ co/mo a/ bru/(ma) B E/ das/ bo/cas/ u/ni/das/ fez/-se a es/pu/(ma) B E/ das/ mãos/ es/pal/ma/das/ fez/-se o es/pan/(to) A De/ re/pen/te/ da/ cal/ma/ fez/-se o/ ven/to Que/ dos/ o/lhos/ des/fez/ a úl/ti/ma/ cha/ma E /da/ pai/xão/ fez/-se o/ pres/sen/ti/men/to E/ do/ mo/men/to i/mó/vel/ fez/-se o/ dra/ma De/ re/pen/te/ não/ mais/ que/ de/ re/pen/te Fez/-se /de/ tris/te o/ que/ se/ fez/ a/man/te E/ de/ so/zi/nho o/ que/ se/ fez/ con/ten/te Fez/-se/ do a/mi/go/ pró/xi/mo/, dis/tan/te Fez/-se/ da/ vi/da u/ma a/ven/tu//ra er/ran/te De/ re/pen/te/, não/ mais/ que/ de/ re/pen/te. •Versos decassílabos (medida nova); tradicionais. •ABBA: interpoladas/opostas. (disposição) •A (pranto/espanto)= rima pobre (qualidade); B (bruma/espuma)=rima pobre •Quanto à tonicidade= (graves/femininas paroxítona) •Diferenciar sílabas gramaticais de sílabas métricas/poéticas. •Decassílabos/10 sílabas métricas/Medida nova. •Plano de conteúdo: temática da separação e o sofrimento do eu lírico em relação à pessoa amada.
  • 2. •O soneto lírico amoroso de Vinicius de Moraes, “Soneto de separação”, dialoga com uma das mais importantes tradições da poesia lírica (caracterizada, essencialmente, por manifestar a subjetividade do eu lírico, expressando-lhe os sentimentos, as emoções, o mundo interior). • De um modo geral, a musicalidade é um elemento fundamental no texto lírico. Vinícius de Moraes explora recursos poéticos no plano da sonoridade, do ritmo e das figuras de linguagens e versos decassílabos (dez sílabas poéticas em toda a sua estrutura) e um variado jogo rimático que compreende as rimas ABBA CDCD EFE FFE. A ocorrência da aliteração ( repetição constante de um mesmo fonema consonantal) entre palavras (“espuma”, “espalmadas”, “espanto”) e a assonância (repetição constante das vogais /e/ e /o/ no decorrer do soneto)consistem nos principais recursos empregados pelo artista para alcançar a referida sonoridade. •Na primeira estrofe, o eu lírico enfatiza o trauma da “separação” através da expressão “De repente”, que aponta uma mudança súbita: da segurança para a insegurança; do certo para o incerto(instabilidades face ao inesperado). A antítese, figura de linguagem que se constrói a partir de oposição de ideias (“riso/pranto”), estabelece o contraditório entre o passado e o presente. Antes, tudo era bom; havia o riso, o beijo... O presente é ruim; pranto, espanto... A partir deste ponto, fica nítida a sensação de que as relações amorosas podem ser fugazes e imprevisíveis. Perceba que Vinícius também emprega outros recursos de linguagem como a comparação (atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança; há uso de termo comparativo – como, igual a , semelhante a, etc.): “Silencioso e branco como a bruma”(imagem de algo que se esgarça e se dispersa, assim como a palavra “espuma”). Se fosse uma metáfora, seria colocado o verso assim: O pranto é a bruma. •Na segunda estrofe, o eu lírico vivencia um conflito que atinge seu ápice num determinado momento do poema, através do verso 8: “E do momento imóvel fez-se o drama” ( drama: palavra que conota esse clímax). A imagem da “chama” simbolizando a sensualidade e a finitude do amor, do ir e vir das relações amorosas, intensas mas não eternas, pode ser considerada o traço típico desse poeta, que dessa forma contribui com a proposta modernista de aprimorar a experiência poética da experiência vivida. •Na terceira estrofe, o eu lírico acentua o aspecto temporal do poema: “De repente, não mais que de repente”. Neste contexto, a expressão atenua o espanto causado pela separação, isto é, o fato de tudo ter sido destruído num repente. Trata-se da “separação” que desencadeia, inevitavelmente, uma angústia ante a solidão. O poeta coloca como antíteses as palavras “triste”/amante, sozinho/ contente”, demonstrando a importância da correspondência no amor. •Há o recurso estilístico denominado paralelismo/anáfora; isto é, a repetição de palavras no início de vários versos. •Na quarta estrofe, o eu lírico atormenta-se, impotentemente, diante de um fato consumado: sem o amor, perdem-se o sentido e a direção da vida (“Fez-se da vida uma aventura errante”). O emprego de um único tempo (pretérito perfeito do indicativo), representado pelo verbo fazer (fez/desfez), esboça que o fato (separação) já ocorreu e, portanto, é uma ação acabada, visto como algo irreversível.
  • 3. •Repare que o poema centra-se em seguidas antíteses que realçam a mudança de situação provocada pela perda ( o segundo membro da antítese sempre traz uma conotação de dor, de infelicidade: “próximo/distante”). Outro aspecto que chama a atenção é a valorização do momento, a força do destino (ou do acaso) que muda a nossa vida “De repente” ( locução adverbial empregada seis vezes no poema, utilizada para demonstrar a forma imprevista como as ações ocorreram), quando não há mais esperança de reencontro. PROFUNDAMENTE (MANUEL BANDEIRA) Versos livres (diferentes métricas) Ver página 21/livro didático (análise do conteúdo). Quan/do on/tem/ a/dor/me/ci (7 sílabas métricas) Redondilha maior/heptassílabo. Na/ noi/te/ de/ São/ Jo/ão/ (7 sílabas métricas) Medida velha Ha/via a/le/gri/a e/ ru/mor/ (7 sílabas métricas) Vo/zes/ can/ti/gas/ e/ ri/sos (7 sílabas métricas) Ao/ pé/ das/ fo/guei/ras/ a/ce/(sas). (8 sílabas métricas) octossílabo No/ me/io/ da/ noi/te/ des/per/tei/(9 sílabas métricas) (eneassílabo) Não/ ou/vi/ mais/ vo/zes/ nem/ ri/(sos) (8 sílabas métricas) A/pe/nas/ ba/lões/ (5 sílabas métricas)/ Redondilha menor/pentassílabo/ Medida velha Pas/sa/vam/ er/ran/(tes) (5 sílabas métricas)/ Redondilha menor Si/len/cio/sa/men/(te) A/pe/nas/ de/ vez/ em/ quan/(do) O/ ruí/do/ de um/ bon/(de) Cor/ta/va o/ si/lên/(cio) Co/mo um/ tú/(nel). (trissílabo) On/de es/ta/vam/ os/ que há/ pou/(co) Dan/ça/(vam) (dissílabo) Can/ta/(vam) E/ ri/(am) Ao/ pé/ das/ fo/guei/ras/ a/ce/(sas)? — Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Pro/fun/da/men/(te). (Tetrassílabo) Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci.
  • 4. Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Ro/(as) (monossílabo) On/de es/tão/ to/dos/ e/(les)? (hexassílabos) — Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. Meninos carvoeiros (Temática social/denúncia da realidade social/ trabalho infantil) Manuel Bandeira Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade.
  • 5. — Eh, carvoero! E vão tocando os animais com um relho1 enorme. Os burros são magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvão de lenha. A aniagem2 é toda remendada. Os carvões caem. (Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.) — Eh, carvoero! Só mesmo estas crianças raquíticas Vão bem com estes burrinhos descadeirados. A madrugada ingênua parece feita para eles. (prosopopeia/metáfora) Pequenina, ingênua miséria! Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis! (comparação) —Eh, carvoero! Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado, Encarapitados nas alimárias, Apostando corrida, Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados. Petrópolis, 1921 1 Chicote. 2 Sacos feitos com material de aniagem, derivado do sisal.