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CLASSICISMO/ASPECTOS RELEVANTES

•   Marco inicial = retorno do poeta Francisco de Sá de Miranda da Itália com as
    ideias renascentistas/humanistas (Petrarca), em 1527 (século XVI). Era
    Clássica/Moderna. Movimento das Grandes Navegações e ampliação do império
    lusitano ultramarino. Usou medida nova e velha com um pé no passado e outro
    no presente (bifrontismo). Liberdade individual renascentista X crítica aos
    costumes, à ambição (face conservadora moralista).

•   Antropocentrismo prevalecia nesse período histórico-literário.

•   Produção cultural (poetas e artistas) passa a ser realizada, em grande parte,
    pelos filhos dos pequenos comerciantes, sob a proteção e patrocínio dos
    mecenas (encomendam textos de filósofos e poetas para montar suas
    bibliotecas).

•   Filhos dos ricos comerciantes são mais numerosos nas universidades do
    que os membros da nobreza de sangue. A cultura é sinônimo de ascensão
    e qualificação social.

•   Retomada dos conceitos da Antiguidade Clássica e do conceito aristotélico da
    mimese (imitação da realidade).

•   Período que privilegia o racionalismo, vinculado ao mundo real, palpável, e dá
    as bases para a Ciência Moderna (menos emotiva/subjetiva a linguagem;
    prevalece a Objetividade/ A Razão).

•   Tendência à Universalidade (novos horizontes/expansão comercial).

•   Em vez de o indivíduo esperar pela providência divina, procura observar a
    natureza, documentar e analisar o que vê (racionalidade/ciência/perspectiva
    universalista).

•   Os poemas do Classicismo giram em torno da : A) temática amorosa ( em
    que o eu lírico manifesta um puro amor, de absoluta devoção à mulher amada,
    dona de uma beleza perfeita); B) ou bucólica (em que a natureza é
    caracterizada como espaço em que a harmonia, a simplicidade e o equilíbrio são
    expressão de felicidade). C) Carpe diem – do poeta latino Horácio-
    (literalmente, “cantar o dia”, aproveitar intensamente o dia, o momento presente,
    da juventude, porque o futuro trará a velhice, a morte)
•   Petrarca e o “Doce estilo novo” – doce, porque eram versos decassílabos,
    considerados pelo poeta mais musicais que os de sete sílabas métricas.
    Influenciou Camões. Poemas mais filosóficos, reflexivos, analítico.

•   Soneto= forma fixa predominante. Há também odes e elegias, cantigas, etc.

•   Figuras de linguagem: uso de antíteses, paradoxos, metáforas, sinestesia,
    personificação, etc.

•   Renascimento e valorização dos feitos/esforços individuais e dos valores
    gregos e latinos (a perfeição, o Belo, o equilíbrio, proporção, harmonia,
    etc.)

•   Equilíbrio, ainda, da visão teocêntrica e antropocêntrica, em muitas obras do
    período (amor platônico/distante X amor real/carnal/próximo= Camões Lírico, por
    exemplo.).

LUÍS VAZ DE CAMÕES

Lírica camoniana (poesia).

•   A obra lírica de Camões é constituída de poemas feitos na medida velha e na
    medida nova (Doce estilo novo/versos decassílabos). A medida velha obedece
    a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou
    maior, respectivamente). São composições com um mote (um tema) que se
    desenvolve em glosas/voltas (desenvolvimento do tema, assunto).

•   Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas à tradição clássica.
    São eles:

•   • Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e
    dois tercetos);

•   • Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril);

•   • Elegias (composições que expressam tristeza);

•   • Canções (composições curtas);

•   • Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos);

•   • Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).
O amor, na poesia lírica de Camões, aparece como um sentimento que leva o
homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece
como um sentimento contraditório pela própria natureza. De um lado, ele é
manifestação do espírito (platônico); de outro, é manifestação carnal (real). Para
Camões, o amor deve ser experimentado, e não apenas intelectualizado. Em sua
poesia lírica, o poeta passa a ideia de que o amor só vale a pena quando é complexo,
e contraditório. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia
popular medieval, já nos de média nova aproxima-se de grandes vultos clássicos como o
italiano Petrarca, por exemplo.

    •   Escreveu odes, elegias, éclogas e sonetos (destaque, grandiosidade).

    •   Em medida velha, utilizou redondilhas, e os poemas eram muitas vezes
        compostos           por   mote       (motivo,    tema,   assunto)   e   voltas   ou   glosas
        (desenvolvimento do tema).



        •   Exemplos de Poesias Líricas de Camões:

        DESCALÇA VAI PARA A FONTE (Medida Velha)



        (Mote)

            1   2   3   4     5    6     7     X        (heptassílabos/ redondilha maior)
        Des/cal/ça/ vai/ pa/ra a /fon/(te)
        Lianor, pela verdura;
        Vai fermosa, e não segura.


        (Voltas ou glosas)

        Leva na cabeça o pote,
        Os textos nas mãos de prata,
        Cinta de fina escarlata,
        Sainho de chamalote;
        Trás a vasquinha de cote,
        Mais Branco que a neve pura;
        Vai fermosa, e não segura.


        Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o entrançado,
     Fita de cor de encarnado,
     Tão linda que o mundo espanta.
     Chove nela graça tanta,
     Que dá graça à fermosura:
     Vai fermosa, e não segura.




•   SONETOS: domínio absoluto da Medida Nova (decassílabos)



•   A parte mais representativa das poesias líricas camonianas são os seus
    sonetos – todo em versos decassílabos – e que apresenta um verdadeiro ideário do
    amor.

•   Temáticas camonianas preferidas: A) o desconcerto do mundo, B) as mudanças
    constantes das estações e das pessoas, C) o sofrimento amoroso.

     A) O desconcerto do Mundo (Não é soneto. Exemplo de tema.). Na
     abordagem desse tema, Camões procura demonstrar que aquilo que é observado
     não corresponde necessariamente à realidade, o que pode levar ao equívoco. A
     base do desconcerto é a falta de lógica.




     Ao desconcerto do Mundo



      1     2   3   4   5   6    7   (Medida velha= versos heptassílabos/ 7 sílabas métricas)

     Os/ bons/ vi/ sem/pre/ pas/sar/

     No Mundo graves tormentos;

     E pera mais me espantar,

     Os maus vi sempre nadar

     Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim

O bem tão mal ordenado,

Fui mau, mas fui castigado.

Assim que, só pera mim,

Anda o Mundo concertado. .                               (Luís de Camões)



Correm turvas as águas deste rio (SONETO= 2 quartetos e dois tercetos) (página 126)




 1   2   3    4      5   6   7       8    9 10 X             (Medida Nova=
decassílabos)

Cor/rem/ tur/vas/ as/ á/guas/ des/te/ ri/(o),

Que as do céu e as do monte as enturbaram;

Os campos florescidos se secaram,


Passou o Verão, passou o ardente Estio,

Ũas cousas por outras se trocaram;

Os fementidos Fados já deixaram

Do mundo o regimento, ou desvario.


Tem o tempo sua ordem já sabida;

O mundo, não; mas anda tão confuso,
Que parece que dele Deus se esquece.                           (Luís de Camões)



B) As mudanças constantes- o mundo é dinâmico, para Camões; o ser humano e a
natureza estão sujeitos a constantes modificações. Mas, enquanto as mudanças da
natureza são previsíveis (estações do ano), as mudanças sofridas pelas pessoas pelas
pessoas não o são (imprevisíveis), o que pode trazer tristeza e sofrimento.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. (página 126)



 1   2   3       4  5     6   7    8     9 10 X                          (decassílabos)
Mu/dam/-se os/ tem/pos/, mu/dam/-se as/ von/ta/(des,)
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,
Diferente em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.



O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.       (Qualidade de Manto/canto=
pobre)


E, afora esta mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de amor espanto,
Que não se muda já como soía.                                (Luís de Camões)



C) O sofrimento amoroso – conflito entre amor material (profano, desejos da
carne) e o amor idealizado (puro, idealizado, platônico), capaz de conduzir o
indivíduo à realização plena. Quando o sentimento amoroso é a expressão de um
desejo, a mulher é caracterizada como impiedosa, cruel. Quando tratado de
modo espiritual, a mulher é idealizada, perfeição absoluta, e a contemplação
é suficiente para o eu lírico; reproduz, assim, a visão filosófica resgatada da
Antiguidade e renomeada no Renascimento de neoplatonismo.



Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste



Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste A

Quem não deixara nunca de querer-te!      B   (Disposição=
interpoladas/opostas)

Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, B

Tão asinha esta vida desprezaste!    A



Como já pera sempre te apartaste

De quem tão longe estava de perder-te?

Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?



     Nem falar-te somente a dura Morte

     Me deixou, que tão cedo o negro manto    (Tonicidade=
     femininas)

     Em teus olhos deitado consentiste!



     Oh mar! Oh céu! Oh minha escura sorte!

     Que pena sentirei que valha tanto,

     Que inda tenha por pouco viver triste?         (Luís de Camões)




Alma minha gentil, que te partiste




Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.



Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.



     E se vires que pode merecer-te

     Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,



     Roga a Deus, que teus anos encurtou,

     Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

     Quão cedo de meus olhos te levou.

                                                     Luís de Camões




Transforma-se o amador na cousa amada (página 127)= amor idealizado, puro.




Transforma-se o amador na cousa amada,

Por virtude do muito imaginar;

Não tenho logo mais que desejar,

Pois em mi[m] tenho a parte desejada.




Se nela está minha alma transformada,

Que mais deseja o corpo de alcançar?

Em si somente pode descansar,

Pois consigo tal alma está liada. (unida)




     Mas esta linda e pura semideia,   (semideusa)

     Que, como o acidente em seu sujeito,

     Assi[m] com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;

        [E] o vivo e puro amor de que sou feito,

        Como matéria simples busca a forma.

                        (Luís de Camões)




  Amor é fogo que arde sem se ver(antítese e paradoxo)


  Amor é fogo que arde sem se ver;
  É ferida que dói e não se sente;
  É um contentamento descontente;
  É dor que desatina sem doer;

  É   um não querer mais que bem querer;
  É   solitário andar por entre a gente;
  É   nunca contentar-se de contente;
  É   cuidar que se ganha em se perder;

        É querer estar preso por vontade;
        É servir a quem vence, o vencedor;
        É ter com quem nos mata lealdade.

        Mas como causar pode seu favor
        Nos corações humanos amizade,
        Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                                                                    Luís de Camões



      Poesia épica de Camões (Epopeia):

      Os Lusíadas

      Forma/Estrutura: A mais importante epopeia em língua portuguesa teve como
modelo literário a Ilíada e a Odisseia, do poeta grego Homero. Camões compôs "Os
Lusíadas" em 10 cantos, divididos em 1.102 estrofes regulares de 8 versos cada
uma, totalizando em 8.816 versos.

      Todas as estrofes tem o mesmo esquema rítmico: ABABABCC, ou seja, rimas
cruzadas em 6 versos e emparelhada em dois, também conhecida como oitava real. São
versos decassílabos heroicos e o poema se organiza em:
•   • Proposição do assunto (canto 1, estrofe 1 - 3) - enaltece o povo lusitano e
         menospreza (tira o brilho) o povo grego e troiano/ e do Latino. Cultura pagã (deuses em
         Os Lusíadas= Marte, Vênus, Febo, etc.).

     • Invocação às Tágides, musas do rio Tejo. (canto 1, estrofes 4 - 5)

     • Dedicatórias a D. Sebastião, rei de Portugal. (canto 1, estrofes 6-18)

     • Narração da viagem de Vasco da Gama (estrofes 19/Canto I até estrofe 144/Canto X)

     • Epílogo, contendo um fecho dramático a respeito da cobiça e o episódio da Ilha dos
Amores (estrofes 145 e 156 do Canto X). O poeta pede às musas que calem a voz de sua lira, pois
se encontra desiludido com uma pátria que já não merece ter suas glórias louvadas.

     ENREDO:
Canto I – Inicia-se a narração com a armada de Vasco da Gama já a caminho de
Moçambique. Ocorre, no Olimpo, o Concílio dos deuses: Baco é contra a viagem; Vênus e
Marte são a favor. Marte propõe que Mercúrio guie os portugueses. Baco instrui o rei de
Moçambique contra os portugueses, mas Vasco da Gama prossegue até Mombaça (o
Quênia).

     Canto II – Baco continua as suas manobras, instigando os mouros contra os
lusitanos. Vênus intercede Juno a Júpiter, que prever glória aos portugueses. Mercúrio
aparece num sonho de Vasco da Gama e o aconselha a ir para Melinde. Lá, o navegante
começa a contar ao rei história de Portugal.

     Canto III – Fazem parte do relato ao monarca de Melinde os episódios de Egas
Moniz, o da batalha do Salado e o do Inês de Castro.

     Canto IV – Prossegue a história de Portugal, estando em foco a ascensão do Mestre
de Avis e o episódio do velho do Restelo: um ancião que aparece na praia do Restelo,
advertindo os portugueses sobre os perigos provocados pela vaidade e desejo de fama.

     Canto V – Vasco Da gama continua narrando ao rei de Melinde sobre como navegou
perigosamente pela costa africana. Em foco, o Fogo de Santelmo, a tromba marítima e o
episódio do Gigante Adamastor, figura mítica que personifica o Cabo das Tormentas, mais
tarde chamado de Cabo da Boa Esperança.

     Canto VI – A frota deixa Melinde rumo às Índias. Baco pede ajuda a Netuno, Deus
do mar contra os portugueses. Éolo - Deus dos ventos – desencadeia uma tempestade,
mas Vênus intervém e manda as ninfas seduzirem os ventos. A esquadra chega a Calicut
(na Índia).
Canto VII – Descrição da Índia. Desembarque e entrevista com o Samorim (rei
Hindu). O catual (regedor) visita a frota e pede a Paulo da Gama que explique os
significados das Bandeiras.

     Canto VIII - Explicação detalhada de Paulo da Gama sobre os grandes vultos de
Portugal. Baco, em sonho, instruiu um sacerdote mulçumano contra os portugueses.
Vasco da Gama é preso e trocado por mercadorias.

     Canto IX – Os catuais tentam retardar a volta da frota, mas a armada parte. Vênus
resolve compensar os lusitanos e ordena a Cupido e à Fama que preparem a Ilha dos
Amores. As ninfas lá se instalam e Tétis, deusa dos oceanos, recepciona os portugueses.

     Canto X – Banquete no palácio de Tétis, que apresenta a Vasco da Gama a
"máquina do mundo", que é a descrição do universo e da Terra.



     CAMÕES E SUAS OBRAS:

     Além de Os Lusíadas, apenas pequena parte de sua obra foi publicada em vida;
três pequenas peças líricas em livros alheios: a ode "Aquele único exemplo", nos
Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia, de Garcia da Orta (de 1563);
a alegria "Depois que Magalhães teve tecida"; e o soneto "Vós, ninfas de gantética
espessura", nas páginas preliminares do livro História da Província de Santa Cruz a que
vulgarmente chamam de Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo (1576). A totalidade da
obra dramática (Anfitriões, Filodemo e Alto d`el rei Seleuco), quase toda a lírica e as
cartas são de publicação póstuma. Profundo Conhecedor tanto do estilo poético latino
quanto das trovas e cantigas populares, praticou todos os gêneros poéticos. Fez versos
tradicionais, em redondilha, com cinco ou sete sílabas, e cultivou todos os gêneros
clássicos: a écloga de Virgílio, a ode de Horácio, a canção e o soneto de Petrarca, a
alegria, etc. e foi primeiro poeta português a escrever uma epopeia clássica. A obra
lírica de Camões – típico representante na Renascença portuguesa – oscila entre dois
polos: a atitude espontânea, em que o poeta da vazão a sua experiência íntima, e a
postura puramente artística, com que pretende desligar-se do clima emocional, atingindo
pleno domínio da forma. Na segunda, Camões revela-se um artesão sutil e delicado;
ordenando imagens em antítese e paradoxos, antecipou-se à explosão barroca.

     O Poeta – Camões/Sua Vida

     Sua bibliografia é obscura. Filho de nobres empobrecidos não se sabe se nasceu em
Lisboa ou em Coimbra, embora tenha feito seus estudos em Coimbra. Também não sabem
o ano em que nasceu, se foi em 1517, 1524 ou 1525. Por volta e 1542, encontrava-se em
Lisboa, onde frequentava círculos palacianos e, provavelmente, o próprio paço. Exilado no
Ribatejo devido ao seu romance com Catarina de Ataíde, viajou até Ceuta, para participar
da guerra. De regresso a Lisboa em 1549 ou 1550, feriu com espada um certo Gonçalo
Borges, sendo preso por essa razão nos calabouços do Tronco. Libertado em 1553,
embarcou para a Índia a bordo da nau São Bento. Participou de varias expedições à costa
de Calabar, mar Vermelho e golfo Pérsico. Em 1557, ou 1558, foi para Macau, onde talvez
tenha exercido o cargo de provedor de defuntos e ausentes. Por motivos ignorados, foi
obrigado a retornar a Goa, sob prisão. A nau em que viajava naufragou em frente ao golfo
de Tonquim, e Camões alcançou a nado o rio Mekong, salvando o manuscrito de Os
Lusíadas, já em fase avançada de produção. Sua amada Dinamene morre nesse
naufrágio. Chegou a Goa em fins de 1559 até 1567, quando embarcou para Portugal. O
capitão da nau, porém, deixou o poeta nas costas de Moçambique onde Diogo do Couto
foi encontra-lo paupérrimo e vivendo da caridade dos amigos. Conduzido a Portugal em
fins de 1569 ou inicio de 1570, fixou-se em Lisboa. Em 1571, obteve licença da Inquisição
para publicar seu livro, Os Lusíadas, que só saíram em 1572. Nesse ano, um alvará de
D.Sebastião concedeu-lhe uma tença anual de 15.000 réis, durante um período de três
anos. Em 10 de junho de 1580, morreu num hospital na mais completa miséria.




                         HUMANISMO/ASPECTOS RELEVANTES

     •   Santa Inquisição (Período Medieval/fogueira).

     •   Movimento de Reforma e Contra-Reforma (Martinho Lutero).

     •   Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno): equilíbrio entre teocentrismo e
         antropocentrismo (sugere a salvação, valores morais e religiosos e critica a
         ganância, o desejo de ter ao invés de ser, vinculada aos bens materiais. O Bem e
         o Mal; a Terra e o Céu= visão bifrontícia). Morrer pó Cristo/ Santa Madre Igreja
         (Cavaleiros).

     •   Alegorias em Gil Vicente. Crítica aos indivíduos, não à Igreja (instituição).

     •   Público no Humanismo (trovas e canções), praticamente o mesmo das cantigas
         trovadorescas: os nobres.

     •   Revolução de Avis (1383-1385)= consolidou o Estado Nacional português.
•   Figuras de linguagem: uso de metonímias (a parte pelo todo: boca, coração,
    olhos, mãos, etc.), metáforas, sinestesia, personificação, etc.

•   Poesia palaciana dissociada da música. Passa a ser declamada, recitada, falada.
    Padrão formal rigoroso, diferente das cantigas trovadorescas. Uso de redondilhas
    (medida velha/musicalidade). Compilada em 1516 por Garcia de Resende, no
    Cancioneiro Geral.

•   Mote e glosas/voltas.

•   Ainda aparece o sofrimento amoroso (coita de amor do Trovadorismo), em
    muitos poemas. Intertextualidade.

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Classicismo nota de aula biografia

  • 1. CLASSICISMO/ASPECTOS RELEVANTES • Marco inicial = retorno do poeta Francisco de Sá de Miranda da Itália com as ideias renascentistas/humanistas (Petrarca), em 1527 (século XVI). Era Clássica/Moderna. Movimento das Grandes Navegações e ampliação do império lusitano ultramarino. Usou medida nova e velha com um pé no passado e outro no presente (bifrontismo). Liberdade individual renascentista X crítica aos costumes, à ambição (face conservadora moralista). • Antropocentrismo prevalecia nesse período histórico-literário. • Produção cultural (poetas e artistas) passa a ser realizada, em grande parte, pelos filhos dos pequenos comerciantes, sob a proteção e patrocínio dos mecenas (encomendam textos de filósofos e poetas para montar suas bibliotecas). • Filhos dos ricos comerciantes são mais numerosos nas universidades do que os membros da nobreza de sangue. A cultura é sinônimo de ascensão e qualificação social. • Retomada dos conceitos da Antiguidade Clássica e do conceito aristotélico da mimese (imitação da realidade). • Período que privilegia o racionalismo, vinculado ao mundo real, palpável, e dá as bases para a Ciência Moderna (menos emotiva/subjetiva a linguagem; prevalece a Objetividade/ A Razão). • Tendência à Universalidade (novos horizontes/expansão comercial). • Em vez de o indivíduo esperar pela providência divina, procura observar a natureza, documentar e analisar o que vê (racionalidade/ciência/perspectiva universalista). • Os poemas do Classicismo giram em torno da : A) temática amorosa ( em que o eu lírico manifesta um puro amor, de absoluta devoção à mulher amada, dona de uma beleza perfeita); B) ou bucólica (em que a natureza é caracterizada como espaço em que a harmonia, a simplicidade e o equilíbrio são expressão de felicidade). C) Carpe diem – do poeta latino Horácio- (literalmente, “cantar o dia”, aproveitar intensamente o dia, o momento presente, da juventude, porque o futuro trará a velhice, a morte)
  • 2. Petrarca e o “Doce estilo novo” – doce, porque eram versos decassílabos, considerados pelo poeta mais musicais que os de sete sílabas métricas. Influenciou Camões. Poemas mais filosóficos, reflexivos, analítico. • Soneto= forma fixa predominante. Há também odes e elegias, cantigas, etc. • Figuras de linguagem: uso de antíteses, paradoxos, metáforas, sinestesia, personificação, etc. • Renascimento e valorização dos feitos/esforços individuais e dos valores gregos e latinos (a perfeição, o Belo, o equilíbrio, proporção, harmonia, etc.) • Equilíbrio, ainda, da visão teocêntrica e antropocêntrica, em muitas obras do período (amor platônico/distante X amor real/carnal/próximo= Camões Lírico, por exemplo.). LUÍS VAZ DE CAMÕES Lírica camoniana (poesia). • A obra lírica de Camões é constituída de poemas feitos na medida velha e na medida nova (Doce estilo novo/versos decassílabos). A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um mote (um tema) que se desenvolve em glosas/voltas (desenvolvimento do tema, assunto). • Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas à tradição clássica. São eles: • • Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos); • • Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril); • • Elegias (composições que expressam tristeza); • • Canções (composições curtas); • • Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos); • • Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).
  • 3. O amor, na poesia lírica de Camões, aparece como um sentimento que leva o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece como um sentimento contraditório pela própria natureza. De um lado, ele é manifestação do espírito (platônico); de outro, é manifestação carnal (real). Para Camões, o amor deve ser experimentado, e não apenas intelectualizado. Em sua poesia lírica, o poeta passa a ideia de que o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de média nova aproxima-se de grandes vultos clássicos como o italiano Petrarca, por exemplo. • Escreveu odes, elegias, éclogas e sonetos (destaque, grandiosidade). • Em medida velha, utilizou redondilhas, e os poemas eram muitas vezes compostos por mote (motivo, tema, assunto) e voltas ou glosas (desenvolvimento do tema). • Exemplos de Poesias Líricas de Camões: DESCALÇA VAI PARA A FONTE (Medida Velha) (Mote) 1 2 3 4 5 6 7 X (heptassílabos/ redondilha maior) Des/cal/ça/ vai/ pa/ra a /fon/(te) Lianor, pela verdura; Vai fermosa, e não segura. (Voltas ou glosas) Leva na cabeça o pote, Os textos nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamalote; Trás a vasquinha de cote, Mais Branco que a neve pura; Vai fermosa, e não segura. Descobre a touca a garganta,
  • 4. Cabelos de ouro o entrançado, Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura: Vai fermosa, e não segura. • SONETOS: domínio absoluto da Medida Nova (decassílabos) • A parte mais representativa das poesias líricas camonianas são os seus sonetos – todo em versos decassílabos – e que apresenta um verdadeiro ideário do amor. • Temáticas camonianas preferidas: A) o desconcerto do mundo, B) as mudanças constantes das estações e das pessoas, C) o sofrimento amoroso. A) O desconcerto do Mundo (Não é soneto. Exemplo de tema.). Na abordagem desse tema, Camões procura demonstrar que aquilo que é observado não corresponde necessariamente à realidade, o que pode levar ao equívoco. A base do desconcerto é a falta de lógica. Ao desconcerto do Mundo 1 2 3 4 5 6 7 (Medida velha= versos heptassílabos/ 7 sílabas métricas) Os/ bons/ vi/ sem/pre/ pas/sar/ No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos.
  • 5. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado. . (Luís de Camões) Correm turvas as águas deste rio (SONETO= 2 quartetos e dois tercetos) (página 126) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X (Medida Nova= decassílabos) Cor/rem/ tur/vas/ as/ á/guas/ des/te/ ri/(o), Que as do céu e as do monte as enturbaram; Os campos florescidos se secaram, Passou o Verão, passou o ardente Estio, Ũas cousas por outras se trocaram; Os fementidos Fados já deixaram Do mundo o regimento, ou desvario. Tem o tempo sua ordem já sabida; O mundo, não; mas anda tão confuso, Que parece que dele Deus se esquece. (Luís de Camões) B) As mudanças constantes- o mundo é dinâmico, para Camões; o ser humano e a natureza estão sujeitos a constantes modificações. Mas, enquanto as mudanças da natureza são previsíveis (estações do ano), as mudanças sofridas pelas pessoas pelas pessoas não o são (imprevisíveis), o que pode trazer tristeza e sofrimento. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. (página 126) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X (decassílabos) Mu/dam/-se os/ tem/pos/, mu/dam/-se as/ von/ta/(des,)
  • 6. Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferente em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. (Qualidade de Manto/canto= pobre) E, afora esta mudar-se cada dia, Outra mudança faz de amor espanto, Que não se muda já como soía. (Luís de Camões) C) O sofrimento amoroso – conflito entre amor material (profano, desejos da carne) e o amor idealizado (puro, idealizado, platônico), capaz de conduzir o indivíduo à realização plena. Quando o sentimento amoroso é a expressão de um desejo, a mulher é caracterizada como impiedosa, cruel. Quando tratado de modo espiritual, a mulher é idealizada, perfeição absoluta, e a contemplação é suficiente para o eu lírico; reproduz, assim, a visão filosófica resgatada da Antiguidade e renomeada no Renascimento de neoplatonismo. Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste A Quem não deixara nunca de querer-te! B (Disposição= interpoladas/opostas) Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, B Tão asinha esta vida desprezaste! A Como já pera sempre te apartaste De quem tão longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te
  • 7. Que não visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura Morte Me deixou, que tão cedo o negro manto (Tonicidade= femininas) Em teus olhos deitado consentiste! Oh mar! Oh céu! Oh minha escura sorte! Que pena sentirei que valha tanto, Que inda tenha por pouco viver triste? (Luís de Camões) Alma minha gentil, que te partiste Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te Algu~a cousa a dor que me ficou
  • 8. Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou. Luís de Camões Transforma-se o amador na cousa amada (página 127)= amor idealizado, puro. Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mi[m] tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está liada. (unida) Mas esta linda e pura semideia, (semideusa) Que, como o acidente em seu sujeito, Assi[m] com a alma minha se conforma,
  • 9. Está no pensamento como ideia; [E] o vivo e puro amor de que sou feito, Como matéria simples busca a forma. (Luís de Camões) Amor é fogo que arde sem se ver(antítese e paradoxo) Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões Poesia épica de Camões (Epopeia): Os Lusíadas Forma/Estrutura: A mais importante epopeia em língua portuguesa teve como modelo literário a Ilíada e a Odisseia, do poeta grego Homero. Camões compôs "Os Lusíadas" em 10 cantos, divididos em 1.102 estrofes regulares de 8 versos cada uma, totalizando em 8.816 versos. Todas as estrofes tem o mesmo esquema rítmico: ABABABCC, ou seja, rimas cruzadas em 6 versos e emparelhada em dois, também conhecida como oitava real. São versos decassílabos heroicos e o poema se organiza em:
  • 10. • Proposição do assunto (canto 1, estrofe 1 - 3) - enaltece o povo lusitano e menospreza (tira o brilho) o povo grego e troiano/ e do Latino. Cultura pagã (deuses em Os Lusíadas= Marte, Vênus, Febo, etc.). • Invocação às Tágides, musas do rio Tejo. (canto 1, estrofes 4 - 5) • Dedicatórias a D. Sebastião, rei de Portugal. (canto 1, estrofes 6-18) • Narração da viagem de Vasco da Gama (estrofes 19/Canto I até estrofe 144/Canto X) • Epílogo, contendo um fecho dramático a respeito da cobiça e o episódio da Ilha dos Amores (estrofes 145 e 156 do Canto X). O poeta pede às musas que calem a voz de sua lira, pois se encontra desiludido com uma pátria que já não merece ter suas glórias louvadas. ENREDO: Canto I – Inicia-se a narração com a armada de Vasco da Gama já a caminho de Moçambique. Ocorre, no Olimpo, o Concílio dos deuses: Baco é contra a viagem; Vênus e Marte são a favor. Marte propõe que Mercúrio guie os portugueses. Baco instrui o rei de Moçambique contra os portugueses, mas Vasco da Gama prossegue até Mombaça (o Quênia). Canto II – Baco continua as suas manobras, instigando os mouros contra os lusitanos. Vênus intercede Juno a Júpiter, que prever glória aos portugueses. Mercúrio aparece num sonho de Vasco da Gama e o aconselha a ir para Melinde. Lá, o navegante começa a contar ao rei história de Portugal. Canto III – Fazem parte do relato ao monarca de Melinde os episódios de Egas Moniz, o da batalha do Salado e o do Inês de Castro. Canto IV – Prossegue a história de Portugal, estando em foco a ascensão do Mestre de Avis e o episódio do velho do Restelo: um ancião que aparece na praia do Restelo, advertindo os portugueses sobre os perigos provocados pela vaidade e desejo de fama. Canto V – Vasco Da gama continua narrando ao rei de Melinde sobre como navegou perigosamente pela costa africana. Em foco, o Fogo de Santelmo, a tromba marítima e o episódio do Gigante Adamastor, figura mítica que personifica o Cabo das Tormentas, mais tarde chamado de Cabo da Boa Esperança. Canto VI – A frota deixa Melinde rumo às Índias. Baco pede ajuda a Netuno, Deus do mar contra os portugueses. Éolo - Deus dos ventos – desencadeia uma tempestade, mas Vênus intervém e manda as ninfas seduzirem os ventos. A esquadra chega a Calicut (na Índia).
  • 11. Canto VII – Descrição da Índia. Desembarque e entrevista com o Samorim (rei Hindu). O catual (regedor) visita a frota e pede a Paulo da Gama que explique os significados das Bandeiras. Canto VIII - Explicação detalhada de Paulo da Gama sobre os grandes vultos de Portugal. Baco, em sonho, instruiu um sacerdote mulçumano contra os portugueses. Vasco da Gama é preso e trocado por mercadorias. Canto IX – Os catuais tentam retardar a volta da frota, mas a armada parte. Vênus resolve compensar os lusitanos e ordena a Cupido e à Fama que preparem a Ilha dos Amores. As ninfas lá se instalam e Tétis, deusa dos oceanos, recepciona os portugueses. Canto X – Banquete no palácio de Tétis, que apresenta a Vasco da Gama a "máquina do mundo", que é a descrição do universo e da Terra. CAMÕES E SUAS OBRAS: Além de Os Lusíadas, apenas pequena parte de sua obra foi publicada em vida; três pequenas peças líricas em livros alheios: a ode "Aquele único exemplo", nos Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia, de Garcia da Orta (de 1563); a alegria "Depois que Magalhães teve tecida"; e o soneto "Vós, ninfas de gantética espessura", nas páginas preliminares do livro História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam de Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo (1576). A totalidade da obra dramática (Anfitriões, Filodemo e Alto d`el rei Seleuco), quase toda a lírica e as cartas são de publicação póstuma. Profundo Conhecedor tanto do estilo poético latino quanto das trovas e cantigas populares, praticou todos os gêneros poéticos. Fez versos tradicionais, em redondilha, com cinco ou sete sílabas, e cultivou todos os gêneros clássicos: a écloga de Virgílio, a ode de Horácio, a canção e o soneto de Petrarca, a alegria, etc. e foi primeiro poeta português a escrever uma epopeia clássica. A obra lírica de Camões – típico representante na Renascença portuguesa – oscila entre dois polos: a atitude espontânea, em que o poeta da vazão a sua experiência íntima, e a postura puramente artística, com que pretende desligar-se do clima emocional, atingindo pleno domínio da forma. Na segunda, Camões revela-se um artesão sutil e delicado; ordenando imagens em antítese e paradoxos, antecipou-se à explosão barroca. O Poeta – Camões/Sua Vida Sua bibliografia é obscura. Filho de nobres empobrecidos não se sabe se nasceu em Lisboa ou em Coimbra, embora tenha feito seus estudos em Coimbra. Também não sabem
  • 12. o ano em que nasceu, se foi em 1517, 1524 ou 1525. Por volta e 1542, encontrava-se em Lisboa, onde frequentava círculos palacianos e, provavelmente, o próprio paço. Exilado no Ribatejo devido ao seu romance com Catarina de Ataíde, viajou até Ceuta, para participar da guerra. De regresso a Lisboa em 1549 ou 1550, feriu com espada um certo Gonçalo Borges, sendo preso por essa razão nos calabouços do Tronco. Libertado em 1553, embarcou para a Índia a bordo da nau São Bento. Participou de varias expedições à costa de Calabar, mar Vermelho e golfo Pérsico. Em 1557, ou 1558, foi para Macau, onde talvez tenha exercido o cargo de provedor de defuntos e ausentes. Por motivos ignorados, foi obrigado a retornar a Goa, sob prisão. A nau em que viajava naufragou em frente ao golfo de Tonquim, e Camões alcançou a nado o rio Mekong, salvando o manuscrito de Os Lusíadas, já em fase avançada de produção. Sua amada Dinamene morre nesse naufrágio. Chegou a Goa em fins de 1559 até 1567, quando embarcou para Portugal. O capitão da nau, porém, deixou o poeta nas costas de Moçambique onde Diogo do Couto foi encontra-lo paupérrimo e vivendo da caridade dos amigos. Conduzido a Portugal em fins de 1569 ou inicio de 1570, fixou-se em Lisboa. Em 1571, obteve licença da Inquisição para publicar seu livro, Os Lusíadas, que só saíram em 1572. Nesse ano, um alvará de D.Sebastião concedeu-lhe uma tença anual de 15.000 réis, durante um período de três anos. Em 10 de junho de 1580, morreu num hospital na mais completa miséria. HUMANISMO/ASPECTOS RELEVANTES • Santa Inquisição (Período Medieval/fogueira). • Movimento de Reforma e Contra-Reforma (Martinho Lutero). • Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno): equilíbrio entre teocentrismo e antropocentrismo (sugere a salvação, valores morais e religiosos e critica a ganância, o desejo de ter ao invés de ser, vinculada aos bens materiais. O Bem e o Mal; a Terra e o Céu= visão bifrontícia). Morrer pó Cristo/ Santa Madre Igreja (Cavaleiros). • Alegorias em Gil Vicente. Crítica aos indivíduos, não à Igreja (instituição). • Público no Humanismo (trovas e canções), praticamente o mesmo das cantigas trovadorescas: os nobres. • Revolução de Avis (1383-1385)= consolidou o Estado Nacional português.
  • 13. Figuras de linguagem: uso de metonímias (a parte pelo todo: boca, coração, olhos, mãos, etc.), metáforas, sinestesia, personificação, etc. • Poesia palaciana dissociada da música. Passa a ser declamada, recitada, falada. Padrão formal rigoroso, diferente das cantigas trovadorescas. Uso de redondilhas (medida velha/musicalidade). Compilada em 1516 por Garcia de Resende, no Cancioneiro Geral. • Mote e glosas/voltas. • Ainda aparece o sofrimento amoroso (coita de amor do Trovadorismo), em muitos poemas. Intertextualidade.